Fórum "O Papel dos Portos de Aveiro e
Figueira da Foz no Desenvolvimento
Regional
e
no
reforço
da
competitividade do Centro"
Exmas. Senhoras e Exmos. Senhores,
Não é novidade, mas convém ser lembrado: O Porto de Aveiro é parte
integrante e absolutamente determinante de um conjunto de
infraestruturas indispensáveis ao bom desempenho económico da
Região Centro.
Por entre as latas vantagens competitivas que apresenta destacaria:
1º A sua localização num dos principais corredores logísticos de
ligação de Portugal à Europa (Aveiro-Vilar Formoso-SalamancaValladollid-Irun);
2º A sua grande capacidade instalada em termos de cais especializados
e de terraplenos (resulta do inicio de exploração dos novos terminais
especializados de granéis sólidos, líquidos, de carga ro-ro e
contentorizada e da ampliação do terminal polivalente);
3º A sua grande reserva de espaço destinado à instalação de unidades
logísticas e industriais no porto, a qual corresponde, em grosso modo,
à sua Zona de Actividades Logísticas e Industriais (integrada na Rede
Nacional de Plataformas Logísticas).
No entanto o Porto de Aveiro é também uma empresa. Pública e,
felizmente para a economia da região e para o país enquanto seu
acionista, extremamente profissional, competente e bem sucedida.
Gostava de deixar claro que falamos de uma empresa com uma
estratégia de crescimento bem definida e sustentada e que soube ir de
encontro às necessidades mais prementes do tecido empresarial que
serve.
Tal realidade não está certamente dissociada do facto do próprio Plano
Estratégico que o porto de Aveiro delineou até 2015, ter sido
elaborado precisamente com a participação activa da Comunidade
Portuária de Aveiro que serve, e que aqui tenho a honra de
representar.
Talvez também por isso, esta estratégia de crescimento não está
contaminada por bairrismos ultrapassados, por vanidades comuns aos
tempos de hoje, da tradicional necessidade de fazer obra apenas com
intuito de...exibir obra. Pelo contrário, os resultados atingidos nos mais
variados domínios, atestam o seu êxito.
Partindo da análise global dos fluxos de mercadorias intra europeus,
constata-se que a quota de mercado do transporte marítimo tem
grande potencial de crescimento, por contrapartida a uma
necessária redução da quota de mercado do transporte rodoviário. O
impacto ambiental, económico e social e a necessidade de
concretização da política europeia para o sector dos transportes e
energia, são hoje e serão certamente no futuro elementos fortemente
catalisadores desta realidade.
É assim facilmente dedutível, e por isso, por diversas vezes e por
diversos intervenientes, identificado que há uma oportunidade clara e
tangível para o crescimento dos Portos em geral e do Porto de Aveiro
em particular, cuja concretização depende sobretudo da sua
capacidade em oferecer serviços competitivos no âmbito das cadeias
logísticas europeias.
Antevimos tais oportunidades de crescimento no Plano Estratégico do
Porto de Aveiro que conjuntamente elaboramos. A sua Visão para o
horizonte de 2015, traduz na exata medida a ambição que o norteou:
“O porto de Aveiro será um dos mais dinâmicos e competitivos portos
da Faixa Atlântica da Península Ibérica no transporte de curta e
média distância, e possuirá um amplo pólo de desenvolvimento logístico
e industrial.”
Foram então definidos objectivos estratégicos: O porto de Aveiro
deveria rapidamente alargar o seu hinterland até à região de Castela e
Leão e realizar a sua capacidade de reserva, melhorando a sua oferta
de serviços portuários.
Foram por fim definidas as linhas de actuação futuras do porto, as
quais contemplam medidas destinadas ao reforço das vantagens
competitivas do porto e minimização dos seus constrangimentos.
Mas ainda não tínhamos inovado.
Identificar tendências e oportunidades não é difícil, delinear Planos
Estratégicos tão pouco é desafiante. É a capacidade de implementar
aquilo que foi delineado, é a determinação de passar das palavras aos
atos, que verdadeiramente distingue as organizações e no limite
determinam o seu sucesso ou insucesso.
O Porto de Aveiro foi capaz de o fazer e de forma exemplar. O Porto
está hoje muito diferente do que era ainda há bem poucos anos.
Totalmente alinhado com a sua visão e com os seus objectivos, o porto
logrou a:
 Construção de um Terminal Especializado para a
Movimentação de Granéis Sólidos
 Construção de um Terminal Especializado para a
movimentação de Granéis Líquidos e Parque Logístico
Adjacente
 Construção da 3ª fase da Via de cintura Portuária
 Construção do ramal ferroviário de ligação do porto de
Aveiro à Linha do Norte e ligações ferroviárias internas
 Construção da Plataforma Logística de Aveiro-Pólo de
Cacia, e o
 Projecto de melhoria das acessibilidades marítimas do
porto de Aveiro
O projecto de prolongamento em 200m do molhe norte corresponde à
fase II do projecto de melhoria das acessibilidades marítimas, tendo a
fase I consistido na criação de um novo canal de acesso externo dos
navios ao porto, com fundos à cota de -12,5. Este projecto (fase I e fase
II) insere-se na linha de orientação estratégica “Melhoria dos Acessos”,
concorrendo para os objectivos estratégicos de melhoria da oferta
portuária e do de realização da capacidade de reserva do porto, isto é,
para a fixação de actividades logísticas e industriais na sua plataforma
logística;
Após concluída a fase I do projecto de melhoria das acessibilidades
marítimas, este projecto, que já se encontra em andamento, com obras
já no terreno, visa a criação das condições de abrigo do novo canal
contra a agitação e as correntes marítimas, assegurando maior
fiabilidade quanto aos seus serviços prestados. Em termos globais,
espera-se que o porto passe a oferecer, com grande fiabilidade,
condições para ser escalado por navios de maior dimensão, ou seja
até -10,5 metros de calado, bem como melhores condições de
segurança na realização das manobras de entrada e saída dos navios;
Prevê-se que o porto aumente o seu patamar de competitividade
em novos segmentos de mercado, como seja na oferta de serviços
regulares de SSS de carga contentorizada e de carga ro-ro. Prevêse igualmente um reforço dos serviços “tramping” (não regulares)
de granéis sólidos e líquidos decorrentes da possibilidade do porto
poder ser escalado por navios de maior dimensão;
Prevê-se, assim, que a execução do prolongamento do molhe norte
potencie um crescimento, no seu ano cruzeiro, da actividade do
porto em cerca de 1 milhão de toneladas, do qual 0,8 milhões de
toneladas correspondem a fluxos gerados por unidades logísticas e/ou
industrias fixadas no porto, sendo portanto fluxos de “projecto”.
Exmos. Senhores,
esta é a realidade insofismável do actual Porto de Aveiro e nós somos a
voz que atesta o sucesso da mesma. Percebam portanto a nossa
estranheza, a nossa desconfiança e a nossa insegurança quando se
veicula a possibilidade de uma mudança tão radical, de uma de perda
de autonomia tão significativa e de uma centralização tão
desnecessária quanto inoportuna da sua gestão.
Precisamos que nos elucidem. Precisamos que nos transmitam
claramente de que forma o nosso plano estratégico pode ser
melhorado e valorizado pelas alterações que propõem. Necessitamos
de perceber que vantagens competitivas passaremos a dispor
aplicando as soluções que parecem querer aplicar. Urge que possamos
transmitir todas as consequências negativas que antevemos que daí
advirão para a nossa realidade económica.
Não conseguimos entender como é que uma alteração tão profunda em
todo o sistema portuário continental possa ser feita sem o contributo e
à revelia das Comunidades Portuárias que o compõem.
Desculpem a dureza nas palavras, mas o que aqui se discute é
demasiado importante para que me permita a uma retórica mais
circunstancial e menos assertiva. Aceitamos, louvamos e agradecemos,
como acredito que todos os portugueses conscientes, que se altere o
que está mal, que se combata o despesismo, que se corte nas gorduras
do Estado e que se acabe de vez com interesses instalados e
clientelismos bloqueadores do crescimento e desenvolvimento do país.
Mas não podemos deixar de criticar e sobretudo alertar de forma
veemente para aventuras políticas, com ou sem pretexto troikiano, que
ameaçam o exemplar funcionamento dos portos portugueses e com ele
a competitividade das empresas que dirigimos.
A este propósito, é bom não esquecer que ainda no ano passado, e no
seu conjunto, os portos foram responsáveis pela entrega de milhões de
euros ao Estado em dividendos. É bom não esquecer que os Portos têm
as suas contas equilibradas atestando a responsabilidade das suas
administrações e que vêm sintonizando a sua acção com as
necessidades mais prementes das comunidades portuárias que
servem.
Por tudo isto, e vou concluir, saúdo vivamente esta iniciativa, de nos
juntarmos aqui todos hoje para relembrar a quem de direito que um
porto não é apenas o seu Conselho de Administração, os seus
funcionários ou as suas infra-estruturas.
É do nosso ponto de vista, absolutamente inadmissível, que não se
procure ouvir os diferentes stakeholders dos Portos em geral e do
Porto de Aveiro em particular, que não se procure perceber a sua
realidade específica, que não se queira entender e potenciar as suas
forças e eventualmente ajudar a minimizar as suas debilidades e apoiar
nos desafios que se lhe apresentam mas sobretudo não castrar as
oportunidades que exemplarmente soube e continuará a criar.
Concluo relembrando o discurso recorrente sobre a importância do
Mar para uma estratégia de crescimento sustentado do nosso País de
sua Excelência, o Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco
Silva. Um porto é um elo fulcral nesta cadeia logística que não pode
emperrar e que sobretudo não se compadece com aventuras
congeminadas em laboratório. O que aqui está em causa é
absolutamente determinante para a competitividade das nossas
empresas e por inerência para o sucesso do árduo projeto que Portugal
tem em mãos.
Recusar ouvir, impedir o contributo de todas as partes, menosprezar o
esforço de conciliação de posições, bloquear a construção de uma
solução de consenso, não só poderá significar um retrocesso em muito
daquilo que hoje de bem se faz nos Portos Portugueses, como pior
ainda, pôr em causa tudo o que de bem também se está a fazer noutras
áreas da atividade económica e da gestão da fazenda pública.
Lanço então desde aqui um apelo, precisamente ao Governo, que
conhece a obra que aqui tem sido feita e conhece muitíssimo bem a
importância dos portos na batalha das exportações.
Se outros se recusam incompreensivelmente a nos ouvir quando
apenas queremos contribuir para a melhor solução possível, pedimos
ao Governo que nos receba em audiência por forma a lhe podermos de
viva voz transmitir todas as nossas preocupações e através da sua
indispensável intervenção contribuir para o sucesso dos nossos portos,
das nossas empresas, do nosso país.
Através de um diálogo construtivo, evitemos contribuir para a
consubstanciação de um erro histórico que, estou certo, perdurará de
forma irreparável no tempo e de forma transversal à economia.
Ainda há tempo, mas é definitivamente agora, o momento!
Muito obrigado.
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Apresentação 4 - Conselho Empresarial do Centro