ÁGUA DE COCO EXPLODE A NÍVEL MUNDIAL
Nº 127 › Mensal › Abril 2013 › 2.20# (IVA incluído)
João Pedro
Rodrigues
Presidente da EMPET
Décio Martins
Presidente da CCRGS
José Caetano
e Maria João Barbosa
Diretores da Ricardo & Barbosa
A todo
o gás
Nuno Afonso Moreira, Presidente da Goldenergy
(Grupo Dourogás), aposta em levar o gás natural
a todo o país
Abril 2013 | País €conómico › 1
› GRANDE ENTREVISTA
José Caetano e Maria João Barbosa, diretores da Ricardo & Barbosa
«O México é agora a nossa
grande frente externa»
Criada a 1 de Abril de 1978 (está neste momento a comemorar 35 anos de vida),
a Ricardo & Barbosa, com sede em São Pedro da Cova, concelho de Gondomar, é
uma das maiores referências nacionais no fabrico de ferramentas de alta precisão
destinadas às indústrias Automóvel, Eletrónica e Aeronáutica. Face à recessão
económica que afeta Portugal e a Europa, esta empresa decidiu há anos atrás seguir
o rumo da internacionalização, como a melhor forma de reequilibrar o seu negócio,
estando atualmente presente em mais de vinte países espalhados pelo Mundo. Ainda
recentemente e fruto de uma parceria com um dos seus principais clientes, deu entrada
no mercado do México, através de Juárez, cidade que tem a maior concentração mundial
de fábricas associadas ao setor de cablagens automóveis e onde foram encontradas
as condições adequadas para a instalação da sua fábrica. Entrevistados pela País
€conómico, José Caetano, diretor geral, e Maria João Barbosa, diretora financeira
de Ricardo & Barbosa revelaram que este «é um percurso de paixão, construído com
Conhecimento, Dignidade e Seriedade», que muito deve às figuras de Sérgio dos Santos
Barbosa e Ricardo Moreira da Silva, que há precisamente 35 anos atrás deram início a
J
este projeto que tem agora no México a sua grande frente externa.
Texto › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
á lá vai o tempo em que Portugal era
o mercado preferencial da Ricardo &
Barbosa. Mas algumas crises e recessões económicas então ocorridas atiraram
o mercado nacional para um interesse relativamente secundário. Para sobreviver e
poder relançar de novo o seu negócio, esta
empresa de São Pedro da Cova, à semelhança do que aconteceu com milhares de
outras empresas portuguesas, considerou
na sua estratégia uma prioridade: A Internacionalização, que hoje se constata que
foi o melhor rumo a seguir.
Nos tempos que decorrem não é fácil
encontrarem-se muitas empresas como a
Ricardo & Barbosa, que ao longo dos seus
35 anos de existência tem assinalado um
crescimento sustentável, muito embora
(como sublinhou José Caetano), tivesse
que enfrentar de permeio algumas dificuldades. «Há uns anos a esta parte (mais
vincadamente a partir de 2008/2009 que
a Europa está a debater-se com sérias di-
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ficuldades, e isso refletiu-se no dia-a-dia
da nossa empresa. Com o trabalho a escassear em Portugal, tivemos que nos voltar para mercados do Leste da Europa e
África do Norte (Marrocos e Tunísia), e fomos conquistando a pouco e pouco outros
mercados, nomeadamente no Brasil. Hoje
em dia o processo de internacionalização
Ricardo Silva e Sérgio Barbosa, fundadores da Ricardo & Barbosa
da Ricardo & Barbosa estende-se a mais
de vinte países, a maior parte deles mercados com fortes tradições na Indústria
Automóvel», referiu José Caetano que em
Julho próximo completa 5 anos ao serviço
desta empresa, onde há um ano e meio
exerce o cargo de diretor-geral.
Ver o México como
uma oportunidade
A ideia da internacionalização para o mercado mexicano teve início em Londres,
quando a Ricardo & Barbosa participou
no “Mexico´s Aerospace Industry Conferece”, para que fora convidada.
Em 2009, e com a crise bem visível na
Europa, a Ricardo & Barbosa já exportava para o México a partir da sua fábrica
de São Pedro da Cova. Foi contactada por
um grande cliente, uma multinacional da
indústria automóvel, que procurava um
fornecedor alternativo aos fornecedores
locais, recebendo então um convite para
produzir no México. «Com a crise que
afligiu a Europa em 2008 e 2009 a nossa faturação baixou quase 30 por cento
e consequência desse contratempo tivemos de nos voltar para outros mercados,
de modo a compensar as perdas na Europa, e um deles foi o México», justificou
José Caetano.
Lembrar que a América Latina é um mercado com grande interesse para as empresas portuguesas. O México é hoje a 14ª
economia mundial, e em 2011 foi o 11º
mercado de exportação para Portugal e o
4º fora da Europa. É uma alternativa aos
atuais destinos de exportação dos bens e
serviços portugueses, pelo seu crescimento económico, pelo volume das importações e pela complementaridade com a
oferta portuguesa.
Ciudad Juárez é uma boa aposta
Como já se disse a internacionalização
da Ricardo & Barbosa no mercado me-
xicano deu-se em 2009, com base numa
sucessão de acontecimentos que culminou com a instalação de uma fábrica em
Ciudad Juárez, no norte central do México, na fronteira com El Paso, Texas, EUA,
curiosamente uma zona onde por vezes
a segurança é ameaçada pelos cartéis no
narcotráfico. Este facto não parece preocupar José Caetano que aos jornalistas da
P€ disse estar tranquilo. «Temos todo o
cuidado necessário, mas não temos nenhum medo», respondeu sem hesitar o
diretor geral da Ricardo & Barbosa.
«Ir para Ciudad Juárez foi uma ideia
bem recebida por nós, dado ser uma cidade com muitas tradições neste tipo de
serviços. Tínhamos as portas abertas em
termos de logística e mão-de-obra especializada, em termos de escolas de formação técnica e universidades, e igualmente por se tratar de um centro com
fortes tradições na indústria automóvel.
Tudo isto pesou imenso na nossa deci-
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› GRANDE ENTREVISTA
são», sublinhou José Caetano, para dizer
que neste momento dois dos seus empregados já terminaram numa universidade
de Ciudad Juárez uma licenciatura em
“Operadores de Máquina”, estando agora a fazer um estágio profissional. «Esta
parceria é muito importante para nós,
porque permite aos nossos colaboradores aprofundarem e valorizarem o seu
know-how, que por sua vez trás benefícios à própria empresa», lembrou ainda
José Caetano.
Muita atenta a esta conversa estava Maria
João Barbosa, diretora financeira e filha de
Sérgio dos Santos Barbosa, um dos fundadores desta empresa. Ela e mais o irmão
e o primo prestam serviço na Ricardo &
Barbosa, empresa que neste momento
emprega 135 pessoas. «Não escondo o
orgulho que tenho por este projeto, que
afinal de contas traduz um dos sonhos
do meu pai. Tento acompanhar de perto a evolução positiva da empresa, mas
também não escondo as fases em que
as dificuldades mais se fizeram notar e
que foram sendo ultrapassadas mercê
do trabalho e da responsabilidade desta
equipa, que em 2009 era composta por
95 pessoas e que hoje totaliza 135 pes-
soas, 20 por cento das quais licenciadas»,
destacou Maria João Barbosa, que não esquece o contributo que seu pai, e o sócio
continuam a dar ao projeto. «Embora tenham hoje mais de 70 anos, continuam
a querer estar presentes nos destinos da
empresa. E nós estamos sempre atentos
aos seus conselhos, à sua experiência,
porque eles propiciam-nos ensinamentos valiosos para o futuro», enalteceu a
diretora financeira da Ricardo & Barbosa,
empresa que em Portugal está certificada
com a ISO 9001:2008 e a ISO 14001:2004,
e que no México acaba de obter a certificação ISO 9001:2008.
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A SOFID – Sociedade para o Financiamento e Desenvolvimento assinou recentemente com a Ricardo & Barbosa um
contrato de financiamento para o projeto
desta empresa no México, e cuja primeira
operação se traduziu num financiamento de EUR 0,9 milhões, do investimento
global de cerca de EUR 2,5 milhões destinados fundamentalmente à aquisição de
equipamento industrial e de transporte.
Tanto José Caetano como Maria João Barbosa tiveram nesta entrevista palavras
elogiosas sobre o modo como todo este
processo decorreu. «Com lisura e com
muita transparência», reconheceram
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› GRANDE ENTREVISTA
ambos, para em seguida deixarem através
do presidente da SOFID, Diogo de Araújo
e diretor de risco, Dr Francisco Faria, um
agradecimento pela forma como este mesmo processo foi conduzido.
«Foi uma experiência muito positiva, e o
apoio foi precioso para nós».
A Ricardo & Barbosa, SA é uma sociedade
de direito mexicano e o seu projeto terá,
naturalmente, repercussões positivas na
balança comercial mexicana, contribuindo deste modo para o alargamento da
oferta de peças mecânicas de precisão no
país.
Esta unidade já criou 18 postos de trabalho diretos, com uma elevada componen-
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te de formação especializada, sendo que
(como já se disse) o recurso a fornecedores e estrutura local irá contribuir igualmente para o desenvolvido local.
Crescer 30 por cento em 2013
Com um volume de negócios que em 2012
atingiu os 6.5 milhões de euros e que em
2013 deverá crescer 30 por cento, a Ricardo & Barbosa prevê atingir em 2013, nos
seus negócios no México, uma faturação
de 5,5 milhões de USD. «São resultados
que nos dão otimismo e que revelam
bem que neste momento a internacionalização foi o melhor passo que demos, já
que o Mercado Externo representa neste
momento mais de 80 por cento do valor
das nossas vendas», elucidou Maria João
Barbosa, que tal como José Caetano deixariam uma mensagem de esperança no
final deste país.
«Uma empresa com os nossos pergaminhos não pode ignorar o mercado
nacional, e está sempre disponível para
o servir. Devido à situação de crise que
fragilizou enormemente o mercado
interno, tivemos que encontrar novas
saídas para salvaguardarmos a vida da
empresa e os que nela trabalham. Mas
não esquecemos o mercado português,
onde queremos continuar por muitos
mais anos». ‹
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