Javali
Originário do Norte de África e sudoeste da Ásia. A sua área de distribuição estende-se
pelos sete continentes. Assistimos nos últimos anos a um crescer progressivo das suas
populações, temos o exemplo da península ibérica onde vislumbramos o seu aumento,
mesmo em locais onde há muito não eram avistados.
Esta expansão deve-se ao facto de ter ocorrido uma mudança na paisagem das zonas de
montanha e das regiões agrícolas (o êxodo das populações rurais para as grandes
cidades, acarretou o abandono progressivo das práticas agrícolas, muitas vezes
tornando-se mais favoráveis para o javali), mas também à sua grande capacidade de
adaptação ás diversas condições, à sua biologia reprodutiva e alimentar, ao aumento de
comida nas zonas agrícolas e ao decréscimo dos seus principais predadores (Canis lúpus
(Lobo), Lynx sp. (lince) e Aquilla chrysaetos (água real)).
Nome comum: Javali
Outras designações: Porco-montês, javardo, porcobravo
Peso: 250 Kg macho, e 150 Kg a fêmea
Comprimento: 1 – 1,5 metros
Altura máxima do garrote: 1 metro
Troféu bastante apreciado pelos caçadores, é actualmente (graças ao aumento das suas
populações), uma das principais, senão mesmo a principal, espécie de Caça Maior de
muitas regiões da Europa. Em Portugal é comum em quase todo o território Português,
onde existe uma população resultante do cruzamento entre o javali e o porco doméstico.
Pertencentes à
família dos
suídeos, têm
pêlo
acastanhado
quando
adulto,
e
listados em
juvenis (preto
e castanhoamarelado)
que servem
de protecção
contra
predadores,
escurecendo
com a idade. Nos adultos o pêlo é forte e costuma partir nas pontas (têm dois tipos de
pêlos, uns mais rijos (as cerdas) e outros mais macios).
Têm por norma como duração de vida 20 a 25 anos, embora no estado selvagem não
costume viver tanto tempo. De hábitos nocturnos, podem ser avistado com frequência
ao nascer do sol e ao fim do dia, na altura da reprodução, ou quando existe fraca
disponibilidade alimentar (os animais são obrigados a percorrer maiores distâncias).
Os javalis são animais de grande constituição física, perfil afilado e de membros fortes e
ágeis. Os machos adultos podem chegar aos 250 Kg, enquanto as fêmeas raramente
ultrapassam os 150 Kg. O dimorfismo sexual tem maior notabilidade nas classes etárias
mais velhas.
Na maxila superior possui dois dentes salientes (“amoladeiras”), e na inferior possui
dois dentes de maiores dimensões (as navalhas ou navalheiros).
A sua gestação dura
cerca de quatro
meses, uma fêmea
pode ter 8 a 10
leitões, embora o
número médio
se situe entre os 3 a 6,
sendo
uma
protectora, a fêmea
esconde a sua
ninhada em zonas de
densos
matagais.
As diferenças na fertilidade das fêmeas podem ser explicadas por factores fisiológicos e
pela idade das fêmeas (normalmente as primeiras ninhadas são sempre menores), mas
também pela densidade populacional, pelo fotoperíodo e pela qualidade e
disponibilidade de alimento. Os nascimentos são condicionados pelas condições
climatéricas, na Península Ibérica nascem no começo da Primavera, aproveitando os
novos rebentos. Nas zonas onde existe alimento em abundância e com Inverno ameno,
os nascimentos podem ocorrer mais cedo.
Animal omnívoro, a
sua alimentação vária de
local para local, e
durante o tempo. É
imensa e bastante
diversificada. A base da
sua alimentação é de
origem vegetal, que é
composta por plantas,
frutos (castanha, bolotas
e azeitonas), insectos,
moluscos,
pequenos
mamíferos, ovos de
aves e até algumas vezes
carne
em
decomposição.
A
componente animal sendo menor complementa a vegetal, pois é rica em proteínas. Em
suma, pode-se proferir que em resposta a variações quer espaciais quer temporais na
variabilidade e abundância de alimento, o javali come aquilo que o meio lhe oferecer.
Como curiosidade, estes animais percorrem grandes deslocações (podendo chegar aos
250km) para encontrarem o alimento que deseja, e aqui está o segredo para o sucesso
desta espécie.
Tem
como
peculiaridade
alimentar-se, entre
outras,
de
plantas agrícolas
(preferências
pelo milho (Zea
mays),
sendo
esta a cultura em
que se verificam
os maiores prejuízos, mas também encontramos prejuízos nas vinhas, nos cereais, nas
pastagens, (revolvendo a terra (foçando e deixando marcas bem características)), sendo
responsável por danos avultados na produção agrícola. Os estragos atingem maior
dimensão na Primavera e Outono, uma boa parte dos estragos são resultado do
atropelamento e
destruição quando
estes se deslocam
e desenterram as
plantas para se
alimentar das raízes.
Através de vários
estudos, verifica-se
que na Primavera
e Outono os danos
efectuados
por
estes animais são
mais avultados.
Com densidades que rondam a ordem dos 10 animais por 100 hectares. A sua área de
acção pode variar entre os 4 e os 22 Km2, e em zonas de caça pode chegar aos 26 Km2.
Apesar de não demarcarem um território, parecem ter preferência por certos locais de
dormida (descanso ou reprodução) que mantém ao longo de vários anos.
Para manter a sua pele livre de parasitas costuma tomar banhos de lama (chafurdar) em
locais que podem facilmente ser identificados, roçando-se de seguida nas árvores
próximas. Os banhos na lama têm várias funções para os javalis, uma delas é regular a
temperatura corporal, outra é o importante papel nas relações sociais da espécie.
Durante a época do cio os banhos na lama são reservados quase exclusivamente aos
machos adultos. Estes banhos ajudam a manter os odores corporais sob um substrato
estável (camada de barro aderido ao pêlo).
Andam geralmente em grupos (varas) liderados pelas fêmeas, constituídos pela fêmea e
sua prole, podem também pertencer às varas um ou dois machos mais jovens
(abandonando o grupo quando atingem a idade sub-adulta, normalmente expulsos pela
fêmea reprodutora ou pelo macho dominante), podendo juntar-se a um macho mais
velho (solitário) passando a designar-se por escudeiros. Contudo, os grandes machos
passam a maior parte do tempo sozinhos.
A gestão das populações desta espécie é importantíssima, pois tem um contributo
essencial, quer na manutenção do tipo de zonas florestais mediterrâneas, quer na
conservação do habitat de outras espécies que correm risco de extinção (águia-imperial
e lobo). Cabe às entidades de gestão cinegética a escolha do número de acções
cinegéticas, de caçadores e cães que nelas participam, de modo a controlar a pressão
cinegética. É necessário garantir bons resultados na época de caça mas também ter
sempre em mente o futuro, pois não podemos por em risco a reprodução da espécie
(quer em quantidade quer em qualidade).
Desde dos tempos em que foram pintados nas paredes das grutas há mais de 20 mil anos
e dos tempos em que os Gauleses o escolheram para o adorar como símbolo da força,
coragem e supremacia, o javali faz parte do quotidiano da civilização humana.
Fonte: CONFAGRI
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Javali Originário do Norte de África e sudoeste da Ásia. A sua área