PLANO DE CARREIRA Rosangela Ferreira Leal Fernandes* As mudanças no cenário político, econômico, social e ambiental das últimas décadas vêm exigindo uma mudança de postura das organizações e dos profissionais em relação ao material humano nas empresas. O lema do final do século XX era “Ninguém é insubstituível”. Esse tipo de mentalidade forçou os profissionais de alto desempenho a ampliarem suas redes de contato e se aperfeiçoarem constantemente para manterem sua empregabilidade e garantirem a auto-sustentabilidade num mundo que exige ganhos cada vez mais elevados para manter a sobrevivência. Esse quadro vem transformando o planejamento de carreira, no oxigênio, o atrativo das grandes organizações para atrair, integrar, desenvolver, comprometer e reter novos talentos com a finalidade de promover a expansão e desenvolvimento da empresa, através do máximo aproveitamento do patrimônio humano para conquistar novos mercados, desenvolver novos produtos e promover a qualidade e eficácia com o objetivo de aumentar o lucro e produtividade. Acreditamos que o desenvolvimento do indivíduo, se traduz por sua capacidade de assumir responsabilidade, em níveis crescentes de responsabilidade; e de fazer escolhas correta em meio a incertezas, carreira é um caminho em constante construção e evolução em meio mutante em transformação. Trata-se de um processo de interação e coragem entre o empregado e a organização visando atender os objetivos, interesses e necessidades de ambas as partes. A empresa precisa ampliar sua participação no mercado, multiplicar o seu patrimônio financeiro, vencer a concorrência e tornar-se uma referência, senão a única, uma excelente opção diante de um mercado cada vez mais competitivo. O empregado almeja desenvolver-se profissionalmente, aumentar sua empregabilidade, multiplicar suas reservas financeiras para poder custear uma educação de qualidade para os filhos, * Profa. Psicóloga, Especialista - CRP 08/02706, [email protected] adquirir o imóvel e carro dos seus sonhos viajar, continuar estudando, entre outras coisas. É uma gestão compartilhada, sendo o indivíduo é o maior responsável, é um pensamento equivocado pensar que a empresa é a responsável. O objetivo do plano de carreiras é atrair, motivar, comprometer e reter talentos que sejam capazes de ampliar o volume e a qualidade dos negócios da empresa e estejam alinhados com a missão, visão e valores da empresa, a fim de promover sua expansão e desenvolvimento e estabelecer sua liderança no mercado. O plano de carreiras reconhece os recursos humanos como o maior patrimônio da empresa e fator decisivo na manutenção e aquisição do patrimônio financeiro. É o alinhamento das competências e as exigências organizacionais. As novas lideranças compreendem que enquanto a autoridade está nas mãos da cúpula estratégica, composta pelos diretores, gerentes e supervisores, o poder está nas mãos da grande massa de humana no chão de fábrica. Quando essa massa está satisfeita com a empresa a que serve, veste a camisa, trabalha com vontade e entusiasmo e não mede esforços para melhor servir. Quando está infeliz, contrariada, boicota todos os processos, mesmo que de forma inconsciente, comprometendo a marca da empresa, a qualidade dos produtos e serviços, resultando em grandes perdas para a organização. O velho paradigma favorecia a promoção por tempo de casa. O empregado trabalhava para ganhar o salário no final do mês e seu objetivo maior era permanecer na empresa até a aposentadoria. O novo paradigma exige um comportamento mais arrojado por parte dos empregados que buscam oportunidades de crescimento profissional. Se a empresa não investe nos seus talentos, esses contratam um head Hunter para conseguir uma colocação em uma organização que lhe ofereça essas oportunidades. O gestor dos novos tempos precisa estar atento aos talentos que estão calados, produzindo pouco, e questionar a sua própria atitude em relação a esses funcionários. Deve antes oferecer oportunidades constantes de crescimento profissional, identificar, e antecipar-se às necessidades dos colaboradores para atrair, reter e motivar os melhores talentos e manter a organização em excelentes condições de competitividade. Para alcançar e trilhar uma carreira tem-se que estabelecer objetivos e metas, muitas pessoas acabam dificultando sua meta, porque ela é realizada em curto prazo, e objetivos a médio e longo prazo para chegar ao objetivo tem que ir fechando e concluindo metas. Existem algumas vertentes importantíssimas para traçar campos e estabelecer metas, sendo as mais importantes e mais trabalhadas são: Profissional, Pessoal, Familiar e Financeiro. Todas as metas tem que ser SMART, quer dizer que tem que ser: específica, mensurável, alcançável, relevante e temporal. A grande questão reside no fato que a vida é um conjunto complexo de fatores que passam pela essência humana, que a realização plena só ocorre quando realizamos e desenvolvemos principalmente o nosso lado profissional e pessoal. Assim ter plano de carreira tem sua grande importância, pois leva o indivíduo desenvolver seus vários papeis como indivíduo de uma sociedade em plena transformação, descobrir sua vocação é que nos fará felizes e prazerosos na prática de nossas atividades. Há fortes indicadores de que as pessoas estão planejando melhor suas carreiras hoje que no passado. Paradoxalmente, aumentaram as dúvidas e as incertezas sobre a carreira. Com os avanços vertiginosos na ciência, o surgimento de novas tecnologias que mudam até a forma de pensar e as transformações no mundo corporativo, estão surgindo muitas profissões novas num ritmo que não conseguimos acompanhar. E, infelizmente, grande parte dos jovens não tem condições de sequer obter informações sobre profissões que poderiam atraí-lo. Só depois de começar a frequentar um curso superior é que muitos estudantes descobrem que queriam outra coisa na vida. Mesmo depois da formatura, muitos desistem de trabalhar na área objeto do curso de graduação, e buscam espaço em outra carreira. O planejamento da carreira, portanto, é um desafio a qualquer momento da vida. O importante é que, desde cedo, se abram para os jovens todas as janelas do mundo. Embora o plano de carreira seja essencial para uma trajetória de sucesso, há diversos imprevistos no meio do caminho que podem desviar seu percurso. Esses imprevistos, que podem ser de diversas naturezas, como o atrito com o chefe ou uma crise econômica nacional, podem mesmo fazer com que as metas estabelecidas não sejam atingidas. E é justamente por isso que eles devem ser considerados no plano de carreira. Ao considerar os imprevistos, o profissional tem melhores condições de lidar com o fato de não ter conquistado sua meta. Como é muito provável que ao longo de uma carreira aconteça imprevistos, o profissional não deve pensar em seguir a risca o plano de carreira que elaborou. Ele deve estar sempre analisando a dinâmica do mercado, observando as oportunidades e ir ajustando seu plano à medida que novos elementos forem conhecidos. O plano de carreira é útil para dar uma visão estratégica da carreira, definindo metas e objetivos que se deseja atingir, porém, o “como” chegar até lá pode mudar muito. Isso quer dizer que, ao analisar a situação atual e ao observar que a empresa não te dará a posição, pense no objetivo maior e reajuste seu plano considerando outras empresas. O plano deve ser revisto de tempos em tempo, principalmente, quando algum evento externo acontece. Mas se mesmo com tais revisões o profissional chegar ao prazo estabelecido sem ter atingido determinado objetivo, é o momento de analisar o que deu errado e tomar algumas decisões. Decidir, por exemplo, se quer ficar na empresa ou procurar outra oportunidade. Essa mudança implica em assumir riscos, pois nada garante que na outra empresa será diferente, mas faz mais sentido do que se acomodar em um lugar que não oferece perspectivas e não te ajudará a conquistar suas metas. Os planos de carreiras são muito úteis na trajetória profissional, porém, é preciso considerar que ele deve ser flexível e que a carreira do profissional está nas mãos dele e não da empresa. Se seu trabalho atual não oferece o que você procura, a postura correta é buscar um lugar que ofereça e não culpar a empresa. O funcionário deve ser responsável por sua carreira. Para um planejamento de carreira, a realização de uma Avaliação Psicológica torna-se decisiva, visto que norteará todo o processo a ser desenvolvido com o profissional, especificando as características psicológicas a serem desenvolvidas para ele possa futuramente ascender numa hierarquia com sucesso. REFERÊNCIAS BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação nas Organizações. São Paulo: Atlas, 1997. CARVALHO, M.P. Plano de Carreira: Empregabilidade. São Paulo: Universidade Presbiteria Mackenzie, artigo, 2004. DUTRA, Joel Souza. Administração de Carreiras: uma proposta para pensar a administração de pessoas. Atlas, São Paulo, 1996. HOLLAND, John, apud Crainer, Stuart. Grandes Pensadores da Administração. Rio de Janeiro: Editora Futura, 2000. SCHEIN, Edgard, apud Crainer, Stuart. Grandes Pensadores da Administração. Rio de Janeiro: Editora Futura, 2000.