XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al V-076 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO LAGO GUAÍBA (RIO GRANDE DO SUL, BRASIL) COMO SUPORTE PARA A GESTÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA Maria Mercedes Bendati(1) Bióloga, com especialização em Biogeografia e Análise Ambiental (Universität des Saarlandes, Alemanha) e mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do FOTOGRAFIA Sul. Desenvolve atualmente projetos de pesquisa na área de saneamento ambiental junto à NÃO Divisão de Pesquisa, do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Porto Alegre). Miriam Suzana Rodrigues Schwarzbach DISPONÍVEL Engenheira Civil, com mestrado em Recursos Hídricos e Saneamento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Chefe do Setor de Pesquisa da Divisão de Pesquisa do Departamento Municipal de Água e Esgotos. Carmem Rosália Marodin Maizonave Bióloga, especialista em Ecologia Humana pela Universidade do Rio dos Sinos. Atua na Divisão de Pesquisa do Departamento Municipal de Água e Esgotos, onde desenvolve atividades de pesquisa na Área de Saneamento. Liliana Bitencourt Almeida Química, com especialização em Engenharia Civil de Saneamento Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Chefe da Seção de Pesquisa Aplicada da Divisão de Pesquisa do Departamento Municipal de Água e Esgotos. Marilda Lurdes Bringhenti Química, especialista em Química Ambiental, Controle de Qualidade e Processos de Tratamento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Desenvolve atualmente projetos de pesquisa na Área de Saneamento e na implementação de metodologias analíticas instrumentais. Endereço(1): Departamento Municipal de Água e Esgotos/Divisão de Pesquisa - Rua Barão do Cerro Largo, 600 Porto Alegre - RS - CEP: 90850-110 - Brasil - Tel: (51) 218-9830 - Fax: (51) 218-9849 - e-mail: [email protected] RESUMO A avaliação da qualidade da água do Lago Guaíba, localizado junto à região metropolitana de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul (Brasil), objetiva a determinação da condição das suas águas, como subsídio para a atuação do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica no processo de enquadramento. Foi utilizada uma rede de 24 pontos de amostragem, analisados entre 1998 e 2000. As características consideradas foram pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, fosfato total, turbidez, sólidos totais, nitrato e coliformes fecais. Para interpretação dos resultados destas análises foi aplicado o índice de qualidade de água (IQA) do National Sanitation Foundation (NSF), com as modificações sugeridas por COMITESINOS (1990), e a legislação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). A análise dos dados demonstra que os dois métodos aplicados apresentam resultados equivalentes, embora no caso do fosfato total os valores obtidos para o Guaíba parecem indicar que o limite da legislação seja muito restritivo, já que foi ultrapassado em praticamente todas as amostragens. O Lago Guaíba, apesar de receber elevada carga de resíduos, ainda tem regiões de qualidade de água igual a “Bom” (IQA) que, abstraindo a concentração de fosfato total, apresentam condição predominante de classe 1 e 2 (CONAMA). As zonas do lago situadas junto às áreas de maior densidade populacional são as mais degradadas, estando na condição de classe 4 (CONAMA) e apresentando qualidade de “Regular” a “Muito Ruim” (IQA). Recomenda-se a continuidade dos monitoramentos de qualidade da água, bem como o desenvolvimento de outros estudos mais específicos, a fim de subsidiar a atuação dos órgãos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, com o objetivo de preservar e recuperar as águas do Lago Guaíba para os seus diversos usos. O presente estudo também discute a necessidade de reavaliação do limite estabelecido pela Resolução 20 do CONAMA para o fosfato total. PALAVRAS-CHAVE: Qualidade da Água, Bacia Hidrográfica, Gerenciamento, Monitoramento, Condição. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al INTRODUÇÃO A bacia hidrográfica do Lago Guaíba possui uma área de 2.253 Km2 e apresenta uma população estimada de 1 milhão de habitantes, 96% dos quais residentes em área urbana. Ela inclui, parcial ou totalmente, os municípios de Barra do Ribeiro, Canoas, Cerro Grande do Sul, Eldorado do Sul, Guaíba, Mariana Pimentel, Nova Santa Rita, Sentinela do Sul, Sertão Santana, Tapes, Triunfo, Viamão e a capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. As atividades econômicas predominantes na região são o comércio, os serviços e a indústria e, na porção sul, a agricultura, especialmente o cultivo de arroz. O Lago Guaíba apresenta uma área de 470 Km2, numa extensão de 50 Km de comprimento e com largura variável entre 900 m e 19 km. Este lago, que armazena um volume aproximado de 1,5 bilhões de metros cúbicos de água (DMAE, 1981), localiza-se entre 29°55’ e 30°24’ de latitude Sul e entre 51°01’ e 51°20’ de longitude Oeste. Nele deságuam diretamente os rio das bacias hidrográficas do Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí, cujas áreas de drenagem somadas são iguais a 82439 Km2, ocupando aproximadamente 1/3 da área do Estado. Estes rios, quando desembocam no lago, formam o Delta do Jacuí, o qual possui uma área de 47,18 Km2. A Figura 1 apresenta a localização da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba. Figura 1 – Localização da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba no estado do Rio Grande do Sul. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al Além de ser fonte de abastecimento público para uma população que supera 1 milhão de habitantes, o Lago Guaíba é uma importante via de navegação que liga a região central do estado com a Lagoa dos Patos, a qual deságua no oceano Atlântico junto ao porto de Rio Grande. Algumas regiões deste lago são também utilizadas para recreação de contato primário, pesca, irrigação e como habitat de espécies. Da mesma forma, é inegável a influência do Guaíba como fonte de lazer, turismo e de harmonia paisagística, muito valorizada pela comunidade. Este manancial recebe, diariamente, elevada carga de resíduos domésticos e industriais dos municípios da bacia, o que vem comprometendo a qualidade das suas águas. A busca de soluções visando a melhoria da qualidade das águas do Guaíba determinou a mobilização da comunidade e dos órgãos governamentais para a criação, através de Decreto Estadual, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba, com sede no Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre (DMAE), que utiliza o Guaíba como fonte de abastecimento para fornecimento de água potável para cerca de 97% da população de Porto Alegre. Este Comitê está, atualmente, realizando estudos para o enquadramento das águas do Guaíba, etapa necessária à efetiva implantação do Sistema de Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul. A avaliação da qualidade das águas do Guaíba tem sido realizada desde a década de 70, com a publicação de vários trabalhos sobre o assunto. O presente estudo utilizou como subsídio os resultados do programa de monitoramento realizado pelo DMAE em 24 pontos de amostragem de água no Guaíba, entre os anos de 1998 e 2000. A análise e interpretação destes dados possibilitou a determinação da condição atual de qualidade das águas do lago, visando dar subsídios para a atuação do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba na elaboração da proposta de enquadramento de suas águas. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES A Resolução n° 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), de 18 de junho de 1986, define enquadramento como “estabelecimento do nível de qualidade (classe) a ser alcançado e/ou mantido em um segmento de corpo d’água ao longo do tempo.” O artigo 19 da Lei n.º 10.350, de 30 de dezembro de 1994, que estabelece a Política Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul, determina que é atribuição dos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica “ propor ao órgão competente o enquadramento dos corpos de água da bacia hidrográfica em classes de uso e conservação.” Para definir uma proposta de enquadramento do curso d’água é essencial o conhecimento prévio da condição atual do mesmo. O artigo 2o da Resolução 20 do CONAMA define condição como sendo a “qualificação do nível de qualidade apresentado por um segmento de corpo d’água, num determinado momento, em termos dos usos possíveis com segurança adequada.” Este trabalho visa determinar a condição atual do Lago Guaíba, a fim de dar subsídios para a definição de uma proposta de enquadramento. Para atingir este objetivo, os dados de qualidade das águas do Guaíba foram interpretados de acordo com a Resolução 20 do CONAMA. Além desta interpretação, com o intuito de transformar os dados técnicos do monitoramento em informações de fácil divulgação e compreensão pela comunidade em geral, aplicou-se um índice de qualidade de água aos resultados obtidos. METODOLOGIA Para avaliação da qualidade das águas do Guaíba foram selecionados 24 pontos de coleta, cuja distribuição espacial pode ser verificada na Figura 2. O Quadro 1 apresenta a descrição dos 24 pontos de amostragem do lago com as respectivas coordenadas e profundidades médias. As coletas compreenderam o período de maio de 1998 a fevereiro de 2000, com freqüência trimestral, sendo avaliadas no total 192 amostras. As amostras de água foram coletadas em embarcação de pequeno porte, com bomba de sucção e mantidas refrigeradas até o momento da análise. Para a determinação das características físico-químicas e bacteriológicas (pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, fosfato total, turbidez, sólidos totais e coliformes fecais, foram adotados os procedimentos descritos no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1995). Para o parâmetro nitrato adotou-se o método do ácido fenoldissulfônico (APHA, 1965). ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al Os resultados obtidos foram avaliados aplicando-se um índice de qualidade de água e através da utilização dos critérios estabelecidos na Resolução 20 do CONAMA. Para análise dos resultados procedeu-se à divisão do Lago Guaíba nos seguintes trechos (Figura 2): • • • • foz dos rios formadores e Delta do Jacuí; canal de navegação, situado na zona central do Lago Guaíba; margem esquerda, onde situam-se os municípios de Porto Alegre e Viamão; margem direita, onde encontram-se os municípios de Guaíba e Barra do Ribeiro. Também para facilitar a interpretação dos resultados das análises, os pontos foram apresentados de montante para jusante, ou seja, no sentido Delta do Jacuí – Lagoa dos Patos. Figura 2 – Localização dos 24 pontos de coleta no Lago Guaíba: 57, 58, 59, 31, 36 e 86a (Foz dos formadores do Guaíba e Delta do Jacuí); 38, 41a, 46, 50, 60, 64 e 61 (Canal de Navegação); 40, 41b, 45c, 47_3, 47_8b e 64h (Margem Esquerda); 56a, 51b, 53a, 50h, 64c (Margem Direita). ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al Quadro 1 – Descrição das estações de amostragem do Lago Guaíba e formadores. Coordenadas Estação Descrição Geográficas 57 Rio Jacuí, divisa dos Municípios de Guaíba e Triunfo, 100m a montante da foz. 58 Rio Caí, divisa dos Municípios de Triunfo e Canoas, 100m a montante da foz. 59 Rio dos Sinos, Município de Canoas, 100m a montante da foz. 31 Rio Gravataí, Município de Porto Alegre, 100m a montante da foz. 36 Lago Guaíba, Delta do Jacuí, junto à captação da ETA Moinhos de Vento e ETA São João, distante 50m da margem. 86a Lago Guaíba, Delta do Jacuí, junto à captação da ETA Ilha da Pintada. 38 Lago Guaíba, Canal de navegação, em frente à Ponta da Cadeia, a 700m da margem. 41a 29°57’03” S 7,8 m 51°19’15” 0 29° 55’ 49” S 5,0 m 51° 17’ 03” O 29° 55’ 47” S 4,8 m 51° 14’ 12” O 29° 58’ 10” S 6,5 m 51 11’ 51” O 30° 00’ 50” S 7,4 m 51° 12’ 53” O 30° 00’ 47” S 4,7 m 51° 15’ 32” O Lago Guaíba, Canal de navegação, 2000m a jusante da estação 38. 30° 02’ 30” S 13,4 m 51° 14’ 48” O 30° 03’ 30 S 12,5 m 51° 14’ 54” O 46 Lago Guaíba, Canal de navegação, em frente à Ponta do Dionísio. 50 Lago Guaíba, Canal de navegação, próximo à Ponta Grossa. 60 Lago Guaíba, Canal de navegação, próximo à Ilha Francisco Manoel e a Ponta do Salgado. 64 Lago Guaíba, Canal de navegação, entre a Ponta Escura e a Ponta do Cego, na frente da praia do Lami. 61 Lago Guaíba, Canal de navegação, próximo à Ponta de Itapuã. 40 Lago Guaíba, margem esquerda, próximo à foz do Arroio Dilúvio, distante 100m da margem. 41b Lago Guaíba, margem esquerda, junto à captação da ETA José Loureiro da Silva, a 500m da margem. 30° 05’ 54” S 7,4 m 51° 16’ 12” O 30° 13’ 24” S 6,6 m 51° 16’ 48” O 30° 16’ 18” S 7,6 m 51° 10’ 42” O 30° 19’ 30” S 6,7 m 51° 06’ 12” O 30° 22’ 18” S 7,1 m 51° 03’ 36” O 30° 02’ 54” S 30° 03’ 31” S 30° 05’ 25” S 51° 15’ 13” O 47_3 Lago Guaíba, margem esquerda, junto à praia de Ipanema, próximo ao Arroio Capivara, distante 50m da margem. 51° 13’ 54” O 47_8b Lago Guaíba, margem esquerda, junto à captação da ETA Belém Novo, a 50m da margem. 64h Lago Guaíba, margem esquerda, junto à captação da ETA Lami, a 50m da margem. Lago Guaíba, margem direita, junto ao Saco de Santa Cruz, em frente ao Canal da Ilha da Pintada. 51b Lago Guaíba, margem direita, próximo ao Arroio Celupa, no Município de Guaíba, a 1700m da margem. 53a Lago Guaíba, margem direita, em frente ao Arroio Passo Fundo, a 500m da margem. 50h Lago Guaíba, margem direita, próximo ao arroio Petim, a 1500m da margem. Lago Guaíba, margem direita, junto à Barra do Ribeiro, a 3000m da margem. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8,3 m 51° 14’ 09” O Lago Guaíba, margem esquerda, junto à captação da ETA Tristeza, próximo ao Arroio Cavalhada, a 500m da margem. 56a 4,7 m 51° 14’ 00” O 45c 64c Profundidades Médias 30° 08’ 12” S 30° 12’ 53” S 5,2 m 1,5 m 2,0 m 51° 10’ 52” O 30° 14’ 30” S 2,0 m 51° 05’ 34” O 30° 01’ 37” S 2,9 m 51° 17’ 18” O 30° 08’ 42” S 4,2 m 51° 17’ 18” O 30° 09’ 36” S 2,5 m 51° 19’ 00” O 30° 13’ 18” S 2,4 m 51° 18’ 18” O 30° 21’ 02” S 3,8 m 51° 10 ‘ 06” O 5 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al Aplicação do Índice de Qualidade de Água Os dados gerados por um programa de monitoramento ambiental fornecem informações técnicas, as quais, geralmente, são de difícil compreensão pela comunidade usuária do manancial. A adoção de um Índice de Qualidade de Água (IQA), devido à sua forma simplificada de apresentação, permite o entendimento pelo público leigo das condições de qualidade de um determinado curso d’água. Este índice é expresso através de um valor numérico que pode variar de 0 a 100. O índice do NSF fundamentou-se na pesquisa de opinião de especialistas em várias áreas, que indicaram os parâmetros de qualidade de água a serem considerados, os seus pesos relativos e sua qualidade relativa, segundo uma escala de valores. O IQA utilizado neste estudo foi o desenvolvido pela National Sanitation Foundation (NSF) dos Estados Unidos, com as modificações propostas por COMITESINOS (1990), já aplicado à bacia hidrográfica do rio dos Sinos, afluente ao Lago Guaíba. Foram consideradas para este índice as características oxigênio dissolvido de saturação (ODsat), pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5), nitrato (NO3), fosfato total (PO4), turbidez, sólidos totais e coliformes fecais. O modelo de IQA do NSF, adaptado pelo COMITESINOS, utiliza a fórmula multiplicativa do tipo: IQA = π qi wi , onde: π : símbolo de produtório; qi : qualidade relativa do i – ésimo parâmetro; wi : peso relativo do i-ésimo parâmetro; i : número de ordem do parâmetro (1 a 8). A definição da qualidade relativa de cada parâmetro foi estabelecida em curvas de variação que relacionam o respectivo valor do parâmetro a uma nota, variável entre 0 e 100, sendo o valor 100 para a melhor qualidade. Neste estudo foi aplicado um método computacional para ajustar uma equação para cada nuvem de pontos “valor da característica x nota” , a fim de facilitar o cálculo da qualidade relativa (qi). Os parâmetros aplicados na obtenção deste IQA e os pesos respectivos são apresentados na Tabela 1, sendo resultado da adaptação do índice da NSF, conforme COMITESINOS (1993). Tabela 1 – Parâmetros e pesos relativos do IQA. Parâmetros Pesos Relativos (wi) Oxigênio Dissolvido 0,19 Coliformes fecais 0,17 pH 0,13 Demanda Bioquímica de Oxigênio 0,11 Fosfato Total 0,11 Nitrato 0,11 Turbidez 0,09 Sólidos Totais Fonte: COMITESINOS, 1993. 0,09 A interpretação do valor de IQA é realizada dentro de faixas de qualidade de água, apresentadas na Tabela 2. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al Tabela 2 – Faixas de qualidade de água para o IQA do NSF. Faixas de IQA Classificação da qualidade da água 0 - 25 Muito Ruim 26 - 50 Ruim 51 – 70 Regular 71 – 90 Bom 91 - 100 Excelente Fonte: MARTINS, M.B. et al, 1990. Para cada estação analisada, foi avaliada a freqüência de ocorrência dos resultados nas faixas de qualidade do IQA, sendo os percentuais apresentados em gráficos, indicados nos respectivos mapas de localização. Aplicação dos Critérios do Conama A Resolução 20/86 do CONAMA foi utilizada para avaliar a condição atual de qualidade das águas do Lago Guaíba. Segundo o artigo 20, letra e, desta Resolução, “enquanto não forem feitos os enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe 2...”. As águas de classe 2 são destinadas, entre outros usos, ao abastecimento doméstico após tratamento convencional, à proteção das comunidades aquáticas e à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho). Este é, portanto, o enquadramento atual do Lago Guaíba, mesmo que provisório. As características consideradas para a determinação da condição das águas do lago foram as mesmas utilizadas no estudo do IQA, à exceção do parâmetro sólidos totais, o qual não apresenta concentração limite na Resolução 20/86. Fundamentando-se nesta Resolução, foram observados os teores máximos para as características físicoquímicas, à exceção do oxigênio dissolvido, onde foi considerado o valor mínimo. Para os coliformes fecais foi utilizado o percentil 80, que indica o maior valor encontrado em 80% das análises realizadas em cada estação amostrada. Para as estações monitoradas foi avaliada a freqüência de ocorrência dos resultados nas classes do CONAMA (Quadro 2), para cada uma das características analisadas. Este procedimento foi utilizado com o objetivo de valorizar o conjunto de dados disponíveis e considerar a relevância de eventuais alterações de qualidade observadas. Quadro 2 – Limites estabelecidos para cada classe do CONAMA. Característica Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 6 5 4 2 6a9 6a9 6a9 6a9 DBO5 (mg/L O2) 3 5 10 - *NO3 (mg/L NO3) 44,3 44,3 44,3 - 0,077 0,077 0,077 - 40 100 100 - 200 1000 4000 - OD (mg/L O2) PH *PO4 Total (mg/L PO4) Turbidez (UNT) Coliformes Fecais (NMP org/100 mL) * Na Resolução 20, expressos como nitrogênio (N) e fósforo (P). Analisando o quadro 2, observa-se que a Resolução 20 apresenta, para a classe 4, apenas limites para a concentração de OD e faixa de variação do pH. Consideramos como “acima da classe 4” os eventos de valores de pH e OD que estiveram fora destes limites. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al RESULTADOS OBTIDOS: APLICAÇÃO DO IQA A seguir, serão apresentados os resultados da aplicação do IQA aos trechos do curso de água do Lago Guaíba, conforme descritos anteriormente. Região do Delta do Jacuí e Formadores A Figura 3 apresenta os resultados da aplicação do IQA à região do Delta do Jacuí e formadores, bem como ao canal de navegação. As estações situadas nesta região são as de código 86a (captação da estação de tratamento de água - ETA - da Ilha da Pintada), 57 (foz do Rio Jacuí), 58 (foz do Rio Caí), 59 (foz do Rio dos Sinos), 31 (foz do Rio Gravataí) e 36 (captação das ETAs Moinhos de Vento e São João). Figura 3 – Resultados da aplicação do IQA à região do Delta do Jacuí e formadores e ao canal de navegação do Guaíba. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al A análise da Figura 3 permite concluir que o ponto mais comprometido do Delta é a estação 31, situada na foz do rio Gravataí, onde a qualidade das águas está entre “Muito Ruim” e “Ruim”. Este rio recebe a contribuição de esgotos sanitários de uma das regiões de maior densidade populacional do estado. Além disso, apresenta baixa capacidade de autodepuração, devido principalmente às baixas velocidades de escoamento e às pequenas vazões que, no verão, podem chegar ao valor nulo. As estações 59 e 36 apresentam qualidade entre “Regular” e “Ruim”. O Rio dos Sinos banha uma região que, além de populosa, é um pólo industrial, recebendo efluentes de curtumes, metalúrgicas, fábricas de calçados e outros. O ponto 36, onde situa-se a captação da estação de tratamento de água mais antiga de Porto Alegre (ETA Moinhos de Vento), tem qualidade comprometida principalmente pela proximidade da foz do rio Gravataí. A melhor qualidade de água do Delta e formadores é observada no ponto 57, foz do Rio Jacuí, seguida dos pontos 58, foz do Rio Caí e 86a, captação da ETA Ilha da Pintada. O Jacuí percorre uma zona de ocupação mais rarefeita e têm vazões de mais de 3000 m3/s em época de águas altas e 700 m3/s na estiagem, apresentando maior capacidade de autodepuração em relação aos outros afluentes ao Delta. O Caí drena área com menor população e apresenta vazões mais elevadas que os rios dos Sinos e Gravataí. A captação da ETA Ilha da Pintada recebe influência das correntes que provém do rio Jacuí, com água de melhor qualidade. Canal de Navegação A Figura 3 apresenta os resultados de qualidade de água obtidos para as estações de amostragem situadas no Delta do Jacuí e no canal de navegação do Guaíba. As estações localizadas no canal de navegação do Guaíba são as de código 38 (Ponta da Cadeia), 41a (próxima ao arroio Dilúvio), 46 (Ponta do Dionísio), 50 (Ponta Grossa), 60 (Ponta dos Coatis), 64 (Lami) e 61 (Itapuã). Observamos que as estações mais à montante, ou seja, 38, 41a e 46, são as que apresentam maior comprometimento na qualidade de suas águas, que varia de “Regular” a “Ruim”. Estas estações recebem elevada carga proveniente dos esgotos dos bairros centrais de Porto Alegre, lançados no Guaíba através do emissário subfluvial da Ponta da Cadeia, dos arroios Dilúvio, Divisa e Cavalhada. O emissário subfluvial da Ponta da Cadeia lança no Guaíba cerca de 1800 L/s de efluentes de esgotos domésticos “in natura” ou após tratamento primário. Verifica-se que a qualidade das águas melhora de montante para jusante (qualidade “Regular” a “Bom”), sendo máxima nas proximidades de Itapuã, localizada junto à foz do Guaíba, na Lagoa dos Patos. As regiões mais à jusante, além de serem de ocupação rarefeita, recebem maior influência das ocorrências de inversões de fluxo observadas no Guaíba, quando as águas da Lagoa dos Patos, com menor concentração de poluentes, ingressam no lago. O canal de navegação é a região mais profunda do Guaíba. Segundo levantamentos efetuados através do monitoramento de estações situadas no seu percurso, observam-se que as profundidades médias do canal variam entre 6,6m e 13,4m. Em termos hidrodinâmicos, as maiores profundidades, vazões e velocidades de fluxo no canal trazem como conseqüência seu funcionamento como um “divisor de águas” entre as margens esquerda e direita do Guaíba, dificultando a mistura das águas que circulam nestas duas margens. Margem Esquerda A Figura 4 apresenta os resultados obtidos da aplicação do IQA às águas da margem esquerda e direita do Guaíba. De montante para jusante, as estações da margem esquerda são: 40 (Arroio Dilúvio), 41b (captação da ETA José Loureiro da Silva), 45c (captação da ETA Tristeza), 47-3 (praia de Ipanema junto ao Arroio Capivara), 47-8b (captação da ETA Belém Novo) e 64h (captação da ETA Lami). Confirma-se, pela observação desta seqüência, o constatado para as estações localizadas no canal de navegação: a qualidade das águas da margem esquerda do Guaíba melhora de montante para jusante, variando de “Muito Ruim” a “Ruim” na estação 40 e chegando a obter, na região da praia do Lami, predominância de classificação da qualidade da água igual a “Bom”. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 9 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al Figura 4 – Resultados da aplicação do IQA para a margem esquerda e margem direita do Lago Guaíba. Ao comparar as Figuras 3 e 4 constata-se que as águas do canal de navegação têm melhor qualidade que as águas da margem esquerda do Guaíba. No canal, apenas as estações mais a montante (38, 41a e 46) apresentam eventos de qualidade “Ruim”, sendo que nas outras estações a qualidade mínima não passa de “Regular”. Na margem esquerda, só não são observados eventos de qualidade “Ruim” no ponto de coleta da praia do Lami. Isto pode ser explicado pelo maior distanciamento do canal das fontes de contaminação e pelas maiores vazões e velocidades de fluxo que promovem a diluição e facilitam a autodepuração das cargas afluentes ao lago. A Figura 4 demonstra que as águas da margem esquerda do Guaíba direita. Salienta-se que o regime hidráulico observado na margem condições geográficas locais, as quais favorecem a formação de comportamento típico, onde as águas apresentam elevada estagnação têm qualidade inferior às da margem esquerda é muito influenciado pelas baías. Estas enseadas possuem um e dificuldades de renovação, fazendo ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 10 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al com que os poluentes que ali aportam persistam por maior tempo. Além disso, esta margem recebe as cargas, principalmente, do Rio Gravataí e dos arroios que drenam as regiões centrais de Porto Alegre. Os arroios mais comprometidos que deságuam nesta margem são o Dilúvio, o Divisa, o Cavalhada e o Capivara. Margem Direita A Figura 4 apresenta os resultados da aplicação do IQA para a margem direita do Guaíba. De montante para jusante, as estações sucedem-se na seguinte ordem: 56a (Saco de Santa Cruz), 51b (Guaíba), 53a (Arroio Passo Fundo), 50h (Arroio Petim) e 64c (Barra do Ribeiro). Com exceção do ponto situado junto à cidade de Guaíba, todas as estações de coleta da margem direita têm qualidade entre “Regular” e “Bom”, bem superior a da margem esquerda. Isto deve-se a menor densidade populacional dos municípios desta margem e a conseqüente menor carga de esgotos que aporta à região. Observa-se, também, que a qualidade das águas da margem direita não é muito influenciada pelas elevadas cargas lançadas na margem esquerda do Guaíba. Isto ocorre em parte devido aos fenômenos de diluição e autodepuração, mas também, pode ser explicado pelo efeito de “divisor de águas” que o canal de navegação produz no Lago Guaíba. Os poluentes provenientes da margem esquerda, quando alcançam o canal de navegação, são conduzidos pelas fortes correntes ali existentes, o que dificulta sua dispersão para a margem direita e preserva a boa qualidade destas águas. RESULTADOS OBTIDOS: APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS DA RESOLUÇÃO 20 DO CONAMA Os resultados deste estudo serão, também, analisados de acordo com os critérios da Resolução 20 do CONAMA, aplicados aos trechos do Lago Guaíba descritos no item 3.2. Na interpretação dos histogramas de freqüência, e considerando o artigo 20 desta Resolução, foram destacadas somente aquelas características que ultrapassaram os limites da classe 2 do CONAMA . Delta do Jacuí e Formadores A Figura 5 apresenta a freqüência de ocorrência das classes do CONAMA nos pontos amostrados. Observando-se os histogramas, verifica-se que as águas da foz do Rio Gravataí e da captação das ETAs Moinhos de Vento e São João apresentaram, em 100% das amostragens, densidades de coliformes fecais superiores a 4000 NMP org/100 mL, estando estes locais na condição de classe 4. Também devido a esta característica, as águas da foz do Rio dos Sinos apresentaram-se acima dos limites da classe 3 para 62,5% das amostragens. Já para a estação 86a, ETA Ilha da Pintada, verifica-se que 12,5% das amostragens estiveram dentro dos limites da classe 3, 50% na classe 2 e 37,5 % na classe 1. Com relação ao teor de oxigênio dissolvido das águas do Delta e formadores, constata-se que a pior qualidade foi a verificada na estação 31, foz do Rio Gravataí, onde as concentrações de OD nunca ultrapassaram 5 mg O2 /L e foram inferiores a 2 mg O2 /L em 50% das amostragens. Também para a DBO esta estação apresenta-se na condição de classe 4 em 50% das amostragens. Ainda analisando o OD, verifica-se que na estação situada na foz do rio Caí foram detectadas concentrações de OD menores que 5 mg O2/L em 12,5% das amostragens. Já na foz do Rio dos Sinos constata-se que 37,5% das amostragens apresentam valores dentro dos limites da classe 4 e 25% acima desta classe. Verifica-se que as concentrações de fosfato total das águas do Delta e formadores foram, em 100% das amostragens, superiores a 0,077 mg PO4/L, limite da classe 3, estando estas águas na condição de classe 4 para este parâmetro. Dentre os rios formadores do Lago Guaíba, a melhor qualidade das águas foi observada na foz dos rios Jacuí e Caí. Desconsiderando as concentrações de fosfato total, que são superiores aos limites da classe 3, as águas da foz do Rio Jacuí apresentam características com concentrações dentro dos limites da classe 1 em 75% das amostragens e da classe 2 em 25% das amostragens. Em relação a foz do Rio Caí, 12,5% das amostragens ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 11 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al apresentaram características com concentração dentro dos limites da classe 3, estando as demais amostragens dentro dos limites da classe 2 ou classe 1. A foz dos restantes formadores do Lago Guaíba, rios Gravataí e Sinos, apresentaram qualidade de água na condição acima da classe 4, devido aos eventos de baixos teores de oxigênio dissolvido constatados nestes locais. Em relação aos pontos de captação de água situados no percurso do Delta, o das ETAs Moinhos de Vento e São João está na condição de classe 4, devido aos valores observados para os parâmetros coliformes fecais e fosfato total. A captação da ETA da Ilha da Pintada encontra-se na condição de classe 4, para o fosfato total e, desconsiderando esta característica, na classe 2, devido às densidades de coliformes fecais e à turbidez. E s ta ç ã o 5 8 - F o z d o Rio C a í E s ta ç ã o 5 7 - F o z d o Rio J a c u í 100 % 100 % >CL A S SE4 80% 80% >CL A S SE4 CLA SSE 4 60% CLA SSE 3 CLA SSE 4 60% CLA SSE 3 CLA SSE 2 40% CLA SSE I 20% CLA SSE 2 20% CLA SSE I L pH CO LI FE CA 3 NO D TU RB O PO CO DB O 4T L pH LI FE CA 3 NO TU RB O PO DB O D 0% 4T 0% 40% E s ta ç ã o 5 9 - F o z d o Rio d o s S in o s E s ta ç ã o 3 1 - F o z d o Rio G r a v a ta í 100 % 100 % 80% >CL A S SE4 CLA SSE 4 60% >CL A S SE 4 80% CLA SSE 4 60% CLA SSE 3 40% CLA SSE 2 20% CLA SSE I CLA SSE 2 20% CLA SSE I L pH CO LI FE CA 3 NO TU RB D O DB O 4T CO PO LI FE CA L pH 3 NO TU RB O DB O PO D 0% 4T 0% CLA SSE 3 40% E s ta ç ã o 3 6 - C a p ta ç ã o E TA M . V e n to s e S . J o ã o 100 % E s ta ç ã o 8 6 A - C a p ta ç ã o E TA Ilh a d a P in t a d a 100 % >CL A S SE4 80% >CL A S SE4 80% CLA SSE 4 60% CLA SSE 4 60% CLA SSE 3 40% CLA SSE 2 20% CLA SSE I 0% CLA SSE 3 40% CLA SSE 2 20% CLA SSE I L pH LI FE CA CO 3 NO TU RB D O DB O 4T PO L LI FE CA CO pH 3 NO TU RB D O DB O PO 4T 0% Figura 5– Características físico-químicas e bacteriológicas das águas do Delta do Jacuí e formadores e suas freqüências de ocorrência nas classes do CONAMA. Canal de Navegação A Figura 6 apresenta os histogramas de freqüência de ocorrência das características físico-químicas e bacteriológicas das águas do canal de navegação segundo os critérios do CONAMA. Através da análise destes histogramas, constata-se que, em relação a densidade de coliformes fecais, as águas das estações 38, 41a e 46 apresentaram valores superiores a 4000 org/100 ml, limite da classe 3, em 25%, 37,5% e 25% das amostragens, respectivamente. As águas da estações 50 e 60 estiveram dentro dos limites da classe 3 para esta característica em 50% e 12,5% das amostragens, respectivamente. Todos os pontos do canal de navegação apresentaram no mínimo uma das amostragens com valor de turbidez superior a 100 UNT, limite da classe 3. Salientamos que, em agosto/98, ocorreu um evento de turbidez elevada em todos os pontos amostrados, quando esta característica chegou ao valor máximo de 245 UNT na estação 41a. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 12 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al E s t a ç ã o 3 8 - E m fr e n te à P o n ta d a Ca d e ia 10 0% 80 % >CLA SS E4 60 % CL A SSE 4 CL A SSE 3 40 % CL A SSE 2 20 % CL A SSE I L pH LI FE CA 3 CO TU NO RB D O PO DB O 4T 0% E s t a ç ã o 4 1 a - 2 0 0 0 m a ju s a n t e d a E s t a ç ã o 3 8 E s t a ç ã o 4 6 - E m fr e n te à P o n ta d o D io n ís io 10 0% 10 0% 80 % >CLA SS E4 60 % CL A SSE 4 80 % >CLA SS E4 60 % CL A SSE 4 CL A SSE 3 CL A SSE 3 40 % 40 % CL A SSE 2 20 % CL A SSE I CL A SSE 2 20 % CL A SSE I L pH CO CO LI FE CA 3 NO RB TU D O 4T PO LI FE CA L pH 3 NO D RB TU O DB O 4T PO DB O 0% 0% E s t a ç ã o 5 0 - P r ó x im a à P o n ta G r o s s a E s t a ç ã o 6 0 - P r ó x im a à Ilh a F r a n c is c o M a n o e l 10 0% 10 0% >CLA SS E4 80 % 80 % >CLA SS E4 CL A SSE 4 60 % CL A SSE 4 60 % CL A SSE 3 CL A SSE 3 40 % CL A SSE 2 40 % 20 % CL A SSE I 20 % 0% CL A SSE 2 CL A SSE I L pH CO LI FE CA 3 NO D RB TU O PO DB O 4T L LI FE CA CO pH 3 NO RB TU D O DB O PO 4T 0% E s t a ç ã o 6 4 - E n tr e a s P o n ta s E s c u r a e d o C e g o 10 0% E s t a ç ã o 6 1 - P r ó x im a à P o n ta d e It a p u ã 10 0% >CLA SS E4 80 % 80 % >CLA SS E4 CL A SSE 4 60 % CL A SSE 4 60 % CL A SSE 3 40 % 20 % CL A SSE I 20 % CL A SSE 2 CL A SSE I L pH LI FE CA CO 3 NO RB TU D O DB O 4T PO L LI FE CA CO pH 3 NO RB TU D O PO DB O 0% 4T 0% CL A SSE 3 CL A SSE 2 40 % Figura 6 – Características físico-químicas e bacteriológicas das águas do Canal de Navegação do Lago Guaíba e suas freqüências de ocorrência nas classes do CONAMA. Em relação ao fosfato total, 100% das amostragens de todos os pontos monitorados no percurso do canal de navegação apresentaram valores superiores a 0,077 mg PO4/L, limite estabelecido para a classe 3. Na região próxima à praia de Itapuã, foi observado um evento de pH um pouco superior a 9 (pH = 9,1), limite estabelecido para a classe 4. A pior qualidade das águas do canal de navegação do Guaíba foi observada nas estações 38 e 41a, que apresentaram-se na classe 4 para a característica coliformes fecais. As águas deste canal indicam melhora mais significativa a partir dos pontos 46 e 50, onde estas passaram a apresentar condição de classe 3, para coliformes fecais. Nas águas das estações 60 e 64 foi observada condição de classe 2 para coliformes fecais, porém a melhor qualidade é a verificada na estação 61, que apresentou-se na classe 1 para este parâmetro. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 13 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al Margem Esquerda A Figura 7 apresenta os histogramas de freqüência de ocorrência das características físico-químicas e bacteriológicas das águas da margem esquerda segundo os critérios do CONAMA. E s t a ç ã o 4 1 b - C a p t a ç ã o E TA J . L o u r e ir o d a S ilv a E s t a ç ã o 4 0 - P r ó x im a a o Ar r o io D ilú v io 10 0% 100% 80 % >CLA SSE4 80% >CLA SSE4 60 % CL A SSE 4 60% CL A SSE 4 CL A SSE 3 40 % CL A SSE 2 20 % CL A SSE I CL A SSE 3 40% CL A SSE 2 20% CL A SSE I L pH CO LI FE CA 3 NO RB D O PO TU 4T L CO pH LI FE CA 3 NO TU RB D O DB O 4T PO DB O 0% 0% 4 5 c - C a p ta ç ã o d a E TA Tr is te za 4 7 _ 3 - P r a ia d e Ip a n e m a 100% 100% 80% >CLA SSE4 80% 60% CL A SSE 4 60% CL A SSE 3 40% >CLA SSE4 CL A SSE 4 CL A SSE 3 40% CL A SSE 2 CL A SSE 2 20% CL A SSE I CL A SSE I L pH CO LI FE CA 3 NO D RB TU O PO DB O 4T L CO pH LI FE CA 3 NO RB TU D O PO DB O 0% 4T 0% 20% 4 7 _ 8 b - C a p ta ç ã o d a E TA B e lé m N o v o 6 4 h - C a p ta ç ã o d a E TA L a m i 100 % 100% 80% >CLA SSE4 60% CL A SSE 4 CL A SSE 3 40% >CLA SSE4 80% CL A SSE 4 60% CL A SSE 3 40% CL A SSE 2 CL A SSE 2 20% CL A SSE I CL A SSE I 20% L pH LI FE CA CO 3 NO RB TU D O DB O PO L pH CO LI FE CA 3 NO RB TU D O DB O 4T PO 4T 0% 0% Figura 7 – Características físico-químicas e bacteriológicas das águas da margem esquerda do Guaíba e suas freqüências de ocorrência nas classes do CONAMA. Em relação à densidade de coliformes fecais, constata-se que as águas das estações 40 e 41b apresentaram, em todas as amostragens, valores superiores aos limites da classe 3 para esta característica. As águas da estação 45c apresentaram densidade de coliformes fecais maior que os limites da classe 3 em 87,5% das amostragens. Nos pontos 47_ 3 e 47_8b a presença de coliformes fecais esteve acima dos limites da classe 3 em 50% das amostras. A pior qualidade das águas foi observada na estação 40, cujos teores de OD foram inferiores a 2 mg O2/L, limite da classe 4, em 25% das amostragens, e a DBO excedeu o valor de 10 mg O2/L, limite da classe 3, em 75% das mesmas. Quanto ao fosfato total, confirmou-se o observado nas estações situadas no Delta, nos formadores e no canal de navegação do Lago Guaíba: todas as amostragens das águas da margem esquerda apresentaram concentrações superiores ao limite da classe 3. A turbidez das águas da captação da ETA Belém Novo foi superior aos limites da classe 3 em apenas uma amostragem (turbidez = 183 UNT). Quanto ao pH, as águas da estação 47_3, tiveram uma amostragem com valor um pouco superior a 9 (pH=9,1). Observamos que todos os pontos monitorados na margem esquerda, com exceção da estação 64h, estão na condição de classe 4 para coliformes fecais. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al A praia do Lami é o local que apresenta águas de melhor qualidade na margem esquerda do Lago. Desconsiderando os teores de fosfato total, esta praia encontra-se em condição de classe 2, o que reforça o seu atual uso como balneário. Nela, já foi implantado sistema de coleta e tratamento de esgotos sanitários, os quais estão em operação desde 1992. Margem Direita A Figura 8 apresenta os histogramas de freqüência de ocorrência das características físico-químicas e bacteriológicas das águas da margem direita segundo os critérios do CONAMA. Est aç ão 56a - Sa co d e San t a C ru z Est aç ão 51b -P ró x im a ao Ar ro io C e lu p a 100% 100% >CLA SSE4 80% >CLA SSE4 80% CL A SS E 4 CL A SS E 4 60% 60% CL A SS E 3 CL A SS E 3 40% CL A SS E 2 40% CL A SS E 2 20% CL A SS E I 20% CL A SS E I L pH CO LI FE CA 3 NO RB TU D O O 4T PO DB L CO pH LI FE CA 3 NO RB TU D O DB PO O 0% 4T 0% Est aç ão 53a - Pr ó xim a ao Arr o io Passo F u n d o Est aç ão 50h - Pr ó xim a à F o z d o Arr o io Pe tim 10 0% 10 0% 80 % >CLA SSE4 80 % CL A SS E 4 60 % >CLA SSE4 CL A SS E 4 60 % CL A SS E 3 40 % CL A SS E 3 40 % CL A SS E 2 20 % CL A SS E 2 20 % CL A SS E I 0% CL A SS E I L pH CO LI FE CA 3 NO D RB TU O O PO DB 4T L CO pH LI FE CA 3 NO D RB TU O O DB PO 4T 0% Est aç ão 64c - B a rra d o R ib e ir o 10 0% >CLA SSE 4 80 % CL A SS E 4 60 % CL A SS E 3 40 % CL A SS E 2 20 % CL A SS E I 0% PO 4T O DB O D RB TU NO 3 pH CO CA FE LI L Figura 8 – Características físico-químicas e bacteriológicas das águas da margem direita do Lago Guaíba e suas freqüências de ocorrência nas classes do CONAMA. A partir da avaliação destes histogramas, constata-se que as águas da estação 51b apresentam a qualidade mais comprometida dentre os pontos monitorados na margem direita do Lago Guaíba. Em relação a densidade de coliformes fecais, este local apresentou duas amostragens (25%) acima dos limites da classe 2. Para o fosfato total, as águas das estações 56a e 51b apresentaram valores superiores a 0,077 mg PO4/L, limite da classe 3, em 100% das amostragens. Nas estações 53a, 50h e 64c a concentração de fosfato total foi superior aos limites da classe 3 em 87,5% das amostragens. Quanto à turbidez, a estação 51b apresentou uma amostragem com valor superior a 100 UNT (228 UNT). Desconsiderando as concentrações de fosfato total, todas as estações da margem direita do Lago Guaíba estariam na condição de classe 2, à exceção da estação 51b, que ficaria na condição de classe 3. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 15 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al Condição do Lago Guaíba (Período: 1998 – 2000) A fim de avaliar a condição de qualidade atual do Lago Guaíba, este estudo utilizou os critérios da Resolução 20 do CONAMA para os principais indicadores da contaminação de poluição hídrica, quais sejam: fosfato total, nitrato, turbidez, DBO5, OD, pH e densidade de coliformes fecais. Analisando-se as águas do Guaíba em relação aos nutrientes, verifica-se que todos os 24 pontos de coleta de água estudados apresentaram concentração de fosfato total superior aos limites da classe 3 (0,077 mg/L PO4). Estudos anteriores sobre a qualidade das águas do Lago Guaíba (DMAE, 1986), constataram, mesmo nas regiões menos poluídas, como no ponto 50h, concentrações médias de fosfato total de 0,25 mg/L PO4, no período de 1978 a 1981. Trabalho desenvolvido por DMAE (1978) registrou para o ponto 61, no canal de navegação, média de 0,81 mg/L PO4 para o período de 1973/74. Esses resultados indicam que a presença do fosfato, em valores mais elevados que o limite definido pelo CONAMA, já é constatada desde a década de 70 para o Guaíba. O fosfato nas águas pode ter sua origem em fontes naturais ou artificiais, estas últimas advindas principalmente do uso doméstico de detergentes e sabões ou da aplicação de adubos químicos no solo. No caso do Lago Guaíba, os resultados históricos indicam que a presença mais elevada de fosfato pode ser atribuída basicamente a fontes naturais, embora possa haver incremento pelas atividades urbanas e agrícolas na bacia. Segundo LEITE et al. (1996), as concentrações de fosfato dos corpos d’água não poluídos do estado são similares ou superiores ao valor proposto pelo CONAMA, sem que haja comprometimento da qualidade destas águas. Tal constatação é reforçada por VON SPERLING (1996), que conclui que a maior capacidade de assimilação de fósforo encontrada nos meios tropicais aquáticos, aliada a maior turbidez destas águas, os tornam menos suscetíveis à eutrofização, o que justificaria a revisão dos limites da legislação para este nutriente. O nitrato, por sua vez, apresentou-se dentro dos limites definidos pelo CONAMA em todas as amostragens realizadas e em todos os pontos de coleta do Guaíba. Nas estações localizadas no percurso do canal de navegação observou-se valores elevados de turbidez (> 100 UNT), os quais podem ser atribuídos à constituição fina do sedimento de fundo ali depositado (CECO, 1999), aliada ao aumento das velocidades de fluxo ocorrido em períodos de maior pluviometria. Os eventos de elevada turbidez registrados em baías, como no caso da estação localizada junto à captação da ETA Belém Novo (47_8b), podem ser atribuídos ao revolvimento do sedimento de fundo, que ocorre em áreas de pequena profundidade, quando associada à ocorrência de ventos fortes e à formação de ondas. A qualidade das águas do Lago Guaíba apresenta como principal problema a elevada contaminação por carga orgânica oriunda de esgotos domésticos. Foram constatadas densidades de coliformes fecais superiores a 4000 NMP org/100 mL na foz dos rios Gravataí e Sinos, na captação da ETA Moinhos de Vento, na região do canal de navegação que vai da Ponta da Cadeia até a Ponta do Dionísio e na margem esquerda, entre a Ponta da Cadeia e Belém Novo. Como indicadores, os coliformes fecais são utilizados na avaliação das condições sanitárias de um manancial. Estas bactérias, quando presentes em um corpo hídrico, indicam a provável ocorrência de organismos patogênicos neste meio. Na margem direita, a presença de coliformes fecais é mais reduzida, em função da menor extensão urbana naquela margem, sendo observadas concentrações de organismos acima dos limites da classe 3 apenas para a estação situada próxima à foz do Arroio Celupa, no município de Guaíba. Observa-se também uma melhora da qualidade da água em direção ao sul, principalmente em termos de contaminação fecal A poluição orgânica, resultante do lançamento de despejos domésticos, pode ser prejudicial ao ambiente e à fauna aquática. Estes lançamentos são ricos em compostos como proteínas, aminoácidos, uréia, gorduras, além de serem fonte de micronutrientes. A presença destes constituintes em um corpo d’água, geralmente, levam à redução do oxigênio dissolvido. Tal redução ocorre devido à atividade dos organismos de respiração aeróbia que utilizam a matéria orgânica disponível no meio como fonte de alimento. Neste processo, os compostos orgânicos são oxidados, liberando energia, e o oxigênio da massa d’água é consumido. Quando a carga orgânica lançada em um corpo d’água não é muito significativa, verifica-se o equilíbrio dos teores de oxigênio dissolvido, pois a medida que os organismos consomem o oxigênio disponível, este vai sendo reposto na mesma proporção, através da reaeração da superfície ou por atividade fotossintetizante do ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 16 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al plâncton. Porém, se a carga afluente é muito elevada e a reaeração insuficiente, podem-se estabelecer condições anaeróbias em certos níveis ou em toda a massa d’água, principalmente, próximo ao fundo, onde ocorre o acúmulo de material orgânico, criando condições impróprias à maioria dos organismos de vida aeróbia (BRANCO, 1986). Teores de oxigênio dissolvido entre 4,0 e 5,0 mgO2/L determinam a morte de peixes mais exigentes, sendo que índices abaixo de 2,0 mgO2/L indicam grande possibilidade de mortandade de peixes por asfixia. Os valores de DBO5 e OD dissolvido nas estações situadas na foz dos rios Gravataí e Sinos e no ponto localizado próximo à foz do Arroio Dilúvio indicaram a contribuição de fontes poluidoras com elevada carga orgânica. Foram observados teores de OD nestas águas inferiores a 2 mgO2/l, colocando estes trechos na condição acima da classe 4, situação esta que já havia sido detectada no estudo de MORANDI & BRINGHENTI (1997) para o trecho inferior do Rio Gravataí. Entretanto, verifica-se que a maior parte dos pontos monitorados no lago, a exceção da estação 40, localizada próxima ao Arroio Dilúvio, apresenta bons níveis de oxigênio dissolvido. Isto pode ser atribuído a fatores como: diluição das cargas poluidoras em função das vazões elevadas, introdução de oxigênio na massa d’água, devido ao processo de fotossíntese realizado por microorganismos aquáticos, e/ou reaeração superficial. Todas estas condições favorecem o equilíbrio no meio e contribuem para melhora da capacidade de autodepuração das águas deste lago. Apesar de estabelecer os limites para cada parâmetro nas diversas classes de uso da água, a Resolução 20 do CONAMA não especifica o método de interpretação dos dados para definição da condição de um trecho de manancial. Também não são relacionadas as freqüências de amostragem necessárias para que se estabeleça esta condição. Exceção é feita aos coliformes, para os quais a legislação fixa freqüência e forma de análise dos resultados. Abstraindo os coliformes fecais, a aplicação estrita dos critérios da Resolução 20 para os demais parâmetros seria determinada pelo pior resultado observado no conjunto das amostragens, em detrimento de uma análise global das características de qualidade do trecho. Analisando por este critério, os resultados obtidos no presente estudo determinam a condição de classe 4 ou acima da classe 4 para o Lago Guaíba. Muitos locais estão na classe 4 exclusivamente pelas concentrações de fosfato total ou por situações eventuais de turbidez elevada. Estão acima da classe 4 os pontos 59, 31 e 40, onde foram observados teores de OD abaixo do limite da classe 4, e 61 e 47_3, onde o pH foi superior a 9 em uma amostragem. Esta constatação equivale a afirmar que as águas do Lago Guaíba podem ser utilizadas somente para navegação, harmonia paisagística ou outros usos menos exigentes. Entretanto, a grande diversidade de espécies observadas (MENEGAT et al., 1998; TORGAN et al., 1999) comprova que os locais menos contaminados deste lago ainda apresentam qualidade adequada à preservação dos organismos aquáticos, característica das classes 1 e 2 do CONAMA. Analisando os resultados deste trabalho, verifica-se que a densidade de organismos do tipo coliformes fecais foi o parâmetro mais sensível às alterações de qualidade da água, o que justifica a escolha desta característica para definir a condição das águas do lago. Foram, assim, desprezados para estabelecimento da condição das águas do Lago Guaíba as características fosfato total, OD, DBO5, pH e turbidez. Concentrações de fosfato acima dos limites da classe 3 não representam necessariamente uma situação de poluição, pois as águas naturais do estado, mesmo em locais preservados, podem apresentar níveis próximos aos observados no lago. Os níveis de OD e DBO5 das águas estão geralmente relacionados à contaminação de origem orgânica, que também pode ser explicada pelo indicador coliforme fecal. O pH elevado é eventual, tendo ocorrido apenas duas observações com valores acima de 9 (pH = 9,1). A turbidez acima dos limites da classe 3 também não é característica das águas do lago, sendo observada somente em alguns pontos monitorados e com ocorrências eventuais. Através da avaliação da densidade de coliformes fecais das águas, a condição do Lago Guaíba, segundo critérios da Resolução 20 do CONAMA para este indicador, fica assim estabelecida (Figura 9): • delta do Jacuí, entre a foz do Rio Jacuí (57) e a foz do Rio dos Sinos (59): classe 2; • delta do Jacuí, entre a foz do Rio Jacuí (57) e a captação da ETA Ilha da Pintada (86a) :classe 2; • delta do Jacuí, entre a foz do Rio dos Sinos (59) e a Ponta da Cadeia (38):classe 4; • canal de navegação entre a Ponta da Cadeia (38) e a Ponta do Dionísio (46): classe 4; ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 17 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al • canal de navegação entre a Ponta do Dionísio (46) e as proximidades da Ilha Franc. Manoel (60): classe 3; • canal de navegação entre as proximidades da Ilha Francisco Manoel (60) e a Ponta de Itapuã (61): classe 2; • canal de navegação na Ponta de Itapuã (61): classe 1; • margem direita, do Saco de Santa Cruz(56a) até o Município de Guaíba (51b) : classe 2; • margem direita, junto ao Município de Guaíba (51b): classe 3; • margem direita, em frente ao Arroio Passo Fundo (53a): classe 2; • margem direita, a partir das proximidades do Arroio Petim (50h) até a Barra do Ribeiro (64c): classe 1; • margem esquerda, entre as proximidades do Arroio .Dilúvio (40) e a captação da ETA Belém Novo (47_8b): classe 4; • margem esquerda, entre a captação da ETA Lami (64h) até a Ponta de Itapuã (61): classe 2. Figura 9 – Condição atual do Lago Guaíba para fins de enquadramento. Os trechos definidos para o lago constituem-se em uma primeira aproximação das condições reais de qualidade das águas, podendo seus limites serem aprimorados com base em estudos mais específicos e com a densificação, em pontos estratégicos, da rede de monitoramento. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 18 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Os resultados obtidos representam uma avaliação preliminar da qualidade da água do Lago Guaíba, pois foram considerados apenas alguns dos parâmetros mais significativos das análises físico-químicas e biológicas. No entanto, eles são indicadores da condição atual do lago, sendo importantes para estabelecer algumas conclusões em relação à gestão ambiental da bacia hidrográfica. A aplicação do IQA é considerada uma ferramenta auxiliar para a avaliação de dados de qualidade, sendo no entanto, fundamental como instrumento de divulgação junto à população e aos órgãos do poder público. Ao sintetizar uma série de dados em um único valor numérico relacionado a um conceito de qualidade, o IQA facilita a compreensão do público alvo sobre os problemas do recurso hídrico em questão. Nesse sentido, a proposição do trabalho foi verificar a sensibilidade do IQA em identificar as variações entre os 24 pontos estudados no Lago Guaíba, com o objetivo de subsidiar a discussão de enquadramento junto ao Comitê de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica. Constatou-se que o IQA foi adequado para o caso, embora não tenha sido feita uma análise mais aprofundada das curvas que relacionam o valor da característica analisada e respectiva nota, de forma a adequá-las às características naturais das águas da região do Lago Guaíba. A análise dos resultados através da aplicação dos critérios da Resolução 20 do CONAMA estabelece para as águas do Guaíba a condição de classe 4 ou acima desta classe. Estes resultados decorrem dos teores de fosfato total destas águas, dos níveis de OD observados nos pontos mais contaminados e de observações isoladas de pH superior a 9. A turbidez também excedeu os limites da classe 3 em algumas amostragens das águas do canal de navegação e da captação da ETA Belém Novo. Considerando que as águas de classe 4 são adequadas apenas aos usos menos exigentes, conclui-se que estes resultados não confirmam os usos atuais para as águas do Lago Guaíba. Os locais menos contaminados deste lago apresentam boa diversidade biológica, sendo que as condições para preservação dos organismos são obtidas principalmente em águas de classe 1 e 2. A adoção do parâmetro coliformes fecais para estabelecer as condições das águas do Guaíba justifica-se pela necessidade de melhor refletir as condições reais de uso das suas águas e pela grande sensibilidade deste indicador em relação à poluição derivada do lançamento de esgotos domésticos, de grande impacto no lago. A comparação dos resultados do IQA com os obtidos pela aplicação da Resolução 20 para os coliformes fecais (Figura 9) confirma a coerência entre as duas metodologias: todos os pontos cuja qualidade da águas foi classificada como igual a “Bom”, quando analisados pelo método do IQA, também apresentaram qualidade compatível aos usos mais exigentes. A mesma coerência foi constatada para os locais com águas mais comprometidas. A análise da Figura 9 permite concluir que, apesar da elevada carga de contaminantes que recebe diariamente, o Lago Guaíba ainda apresenta uma região de grande extensão na condição de classe 1 e 2. Este fato reforça a urgência na adoção de medidas, principalmente nas áreas de saneamento básico e de educação ambiental, para preservar as regiões menos comprometidas do Lago e para recuperar àquelas cuja qualidade supera até mesmo os limites menos exigentes da Classe 4. Nesse sentido, algumas ações já estão sendo realizadas pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da implantação de redes coletoras e estações de tratamento de esgotos domésticos na cidade. Estão sendo executadas redes coletoras de esgoto sanitário na bacia do Arroio Dilúvio, nas praias de Ipanema e Belém Novo, além de trechos da zona norte de Porto Alegre. A estação de tratamento de esgoto (ETE) Zona Sul, que recebe as cargas provenientes da região de Ipanema e arredores já está em operação desde 1997, e a ETE Belém Novo tem previsão de início de operação para o ano de 2001. No corrente ano, foi inaugurada a ETE São João/Navegantes, que deverá tratar parte dos esgotos gerados na zona norte de Porto Alegre. Recomenda-se, a partir deste trabalho, o estudo mais detalhado dos limites dos trechos de qualidade do lago, buscando aprimorar a definição das zonas de transição, bem como o desenvolvimento de pesquisas visando estabelecer novos limites na legislação para a concentração de fosfato total, considerando as características específicas dos corpos hídricos na região sul do país. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 19 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitári a e Ambient al REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the examination of water and wastewater. 19 th ed. Washington, APHA/AWWA/WPCF, 1989. BRANCO, S. M. Hidrobiologia aplicada ao saneamento básico. São Paulo; CETESB, 1986. COMITESINOS. Utilização de um Índice de Qualidade da Água para o Rio dos Sinos/RS. Porto Alegre; COMITESINOS, 1990. 33p. COMITESINOS. 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