ANOS 70: LITERATURA DRAMÁTICA, HISTÓRIA E IMPRENSA Rosa Borges dos Santos* 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A Crítica Textual visa à restituição, interpretação e publicação de textos. Cada texto é um problema particular e, como tal, deve ser estudado pelo crítico textual, o filólogo, a partir do conhecimento e da experiência necessários ao exame da tradição textual, fazendo uso de instrumentos precisos para o exercício da prática filológica. No período da ditadura militar, de 1964 a 1985, na Bahia, a produção teatral era submetida ao rígido controle dos órgãos de censura. Os textos teatrais censurados são, portanto, nosso objeto de edição. A pesquisa em jornais que circularam na Bahia, no período mencionado, proporciona informações importantes para diversos campos do saber. No âmbito da Crítica Textual, tal pesquisa dá suporte às leituras empreendidas nos domínios da prática editorial. A pesquisa de fontes, primárias e documentais, mostra-se fundamental para a inserção das obras na fenomenologia literária e para a construção de uma história da literatura produzida em determinada época e lugar. 2 IMPRENSA, HISTÓRIA E LITERATURA De 1964 a 1985, o Brasil passa pelos chamados “anos de chumbo”, período marcado pela censura e repressão. Um trabalho como o filológico, de caráter eminentemente histórico, que visa à restauração e preservação de textos, por meio da ação de editar, compromete-se, de certa forma, com a atualização das memórias sobre perseguições, prisões, torturas, etc., construídas nos textos. Bauer e Gertz, ao tratar dos arquivos da repressão, chamam atenção para o fato de que * Professora Associada do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (ILUFBA). Doutora em Letras e Linguística, Linha de Pesquisa, Crítica Textual, pela UFBA. Coordenadora do Grupo de Edição e Estudo de Textos Teatrais Censurados. ISBN: 978-85-7395-211-7 [e]sses documentos afetam, de forma direta, a sociedade em que foram produzidos e recuperados [...], principalmente porque, no caso das ditaduras militares, seus protagonistas ainda estão vivos e por constituírem fatos do passado recente dessas sociedades. [...] Além disso, esses arquivos possuem, somado ao valor histórico e judicial, grande valor para a definição da memória histórica e para a constituição da identidade1. Desse modo, mesmo explorando fontes da história recente, uma leitura nessa direção faz-se relevante para caracterizar a literatura dramática produzida na Bahia. A classe teatral foi perseguida, os textos e os espetáculos severamente censurados. Os anos 70 do século XX, especificamente, são a representação mais expressiva do que se produziu naquele momento tão rígido do regime militar. Se por um lado, toda produção estava sob o controle dos agentes censores, por outro, a pressão provocava certas reações, diante da necessidade de lidar com a censura ditatorial, resultando em produções inovadoras, criativas, na literatura, no teatro, no cinema, nas artes, de modo geral. Segundo Luiz Carlos Maciel, O plano da cultura, naqueles anos, se caracterizou pela presença absoluta da censura. Tudo era censurado – jornais, livros, filmes, mas principalmente peças de teatro. O crítico José Arrabal declara, em seu ensaio sobre o teatro brasileiro nos anos 70: ‘Nunca, em toda a história de nossa formação social, foram proibidos tantos textos dramáticos e tantos espetáculos de teatro’2. As críticas à ação da censura são inúmeras. As matérias de jornais baianos, como A Tarde, Tribuna da Bahia, Diário de Notícias, Jornal da Bahia, dão mostras dessa situação. Em matéria publicada no jornal A Tarde, intitulada Musical diverte e questiona falsos valores, Vieira Neto comenta a propósito da peça Bocas do Inferno, uma adaptação realizada por Deolindo Checcucci, Cleise Mendes e Carlos Sarno, da obra de Gregório de Matos. Diz ele, trata-se de uma atraente versão parcial e tendenciosa de paixão, morte e vida do renomado poeta ‘maldito’, estruturada na revista musical, com muito humor, ironia e farta licenciosidade. Tudo, infelizmente, dentro 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 298 dos estreitos limites estabelecidos pela senhora Censura...sempre ‘vigilante’ em defesa da ‘moral e dos bons costumes’ da sociedade brasileira, salve, salve...em que pese a tão propalada ‘abertura’. 3 Veja-se, na figura abaixo, o destaque para a crítica aos censores: Figura 01 – Matéria publicada no Jornal A Tarde, 18 de fevereiro de 1979. Fonte: Slide preparado por Fabiana Prudente e Luís Souza para apresentação no II SEF. Rogério Menezes, integrante do Grupo de Teatro Amador Amadeu, aborda sobre a necessidade de popularizar o teatro baiano, mas destaca que a censura é uma constante ameaça e, por isso, muitos preferem encenar os clássicos. Figura 02 – Matéria publicada no Jornal Tribuna da Bahia, 19 de outubro de 1976. 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 299 Fonte: Slide preparado por Fabiana Prudente e Luís Souza para apresentação no II SEF. O teatro infantil também era outra saída para a classe teatral, tais produções sofriam, de forma menos intensa, a ação da censura. Por vezes, o texto dramático infantil era utilizado como estratégia para driblar a censura e fazer com que a mensagem alcançasse aos adultos que levavam seus filhos ao teatro. Segundo Franco 4, o teatro infantil na Bahia se configurou como uma fonte segura de renda, pois os espetáculos eram feitos com o intuito de produzir fundos para montagem das peças para adultos. Exemplo disso é o Teatro Castro Alves que privilegiava as montagens infantis. Destacam-se, na imprensa baiana, peças: Ziplim contra os Águias do Espaço, produção do Teatro de Máscara e criação de Sóstrates Gentil (A TARDE, 17 maio 1973), O Gato de Botas (A TARDE, 13 ago. 1973), A Maravilhosa estória do sapo Tarô-Bequê, de Márcio de Souza (TRIBUNA DA BAHIA, 05 nov.75), Julinho contra a bruxa do espaço, de Deolindo Checcucci (JORNAL DA BAHIA, 08 maio 1974), A Formiguinha Professora, de Lúcia di Sanctis (1969), dentre outras. Segundo o deputado Francisco Amaral, a “Censura deveria se manifestar e dizer o que realmente exige de uma peça teatral. ‘Quais são seus fundamentos para chegar à conclusão de que determinada obra pode ou não ser exibida [...]’” 5. Figura 3 – Matéria publicada no Jornal Tribuna da Bahia, 15 maio 1975. 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 300 Fonte: Núcleo de Acervo do Espaço Xisto Bahia Na peça “Em Tempo” no palco, de Francisco Ribeiro Neto, escrita em outubro de 1978, em Salvador, a fim de divulgar o jornal Em Tempo, solicitação feita por Oldack Miranda, responsável pelo jornal, remonta-se a própria imprensa. Em Tempo era um jornal de esquerda, um dos jornais da imprensa alternativa baiana, e seguiu a tendência dos jornais Opinião e Movimento, “resultado de uma ‘racha’ do ‘Opinião’” 6, comprometidos com a denúncia social e com a oposição ao governo, um tipo de imprensa que se opõe àquela alienada. O texto da peça aborda os acontecimentos no âmbito local, nacional e mundial, uma vez que são citados problemas, como a ação de meninos de rua, no Porto da Barra, em Salvador, até o suicídio do Frei Tito, em Lyon, na França. O texto apresenta cortes em quase todas as folhas, fato que impossibilitou a sua encenação. Nele, aborda ainda sobre o Decreto-lei 1.077, que instituiu a censura prévia. Costuma-se tomar a portaria n. 11-B, de 6 de fevereiro de 1970, como marco da censura prévia. No entanto, alguns dias antes, a 26 de janeiro, o presidente Médici baixara o Decreto-lei n. 1.077, atribuindo competência ao Ministério da Justiça, através do Departamento da Polícia Federal, para “verificar, quando julgar necessário, antes da divulgação de livros e periódicos, a existência de matéria infringente [...] à moral e aos bons costumes” (artigo 2º.). Determina também que caberá ao Ministério da Justiça fixar “por meio de portaria, o modo e a forma de verificação”. 7 O Jornal da Bahia, datado de 17 de março de 1970, na sua coluna de Teatro, traz uma matéria, não assinada, sobre a solicitação encaminhada pelo Instituto dos Advogados da Bahia (IAB), através de seu advogado Milton Tavares, ao ministro Alfredo Buzaid, jurista brasileiro mais conhecido por ter ocupado o cargo de Ministro da Justiça, durante o governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), pedindo o reexame do Decreto 1.077 que submete todas as publicações e obras de arte à censura prévia, argumentando ser a censura exercida um excesso ao “pensamento jurídico dos legisladores brasileiros”. Esclarece-se, portanto, que mesmo com a ação rigorosa dos censores, dramaturgos, como João Augusto, Jurema Penna, e vários outros, que fazem parte dos grupos que trabalham sob a rubrica de Criação Coletiva, produziram uma literatura local 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 301 bastante expressiva. Nesses textos e nas marcas inscritas neles, lê-se a história daqueles que os produziu e que viveu momentos de grandes dificuldades. 3 CRÍTICA TEXTUAL E PESQUISA EM JORNAIS A Crítica Textual, ocupando-se de acervos e arquivos de documentos, de toda ordem, literário e não literário, através de recuperação e preservação dos mesmos, por meio da prática de edição de textos, possibilita construir, mesmo que parcialmente, o legado de uma sociedade, seu patrimônio escrito cultural. Assim, na pesquisa que se desenvolve, na Universidade Federal da Bahia, com os textos teatrais censurados, foi preciso recorrer à imprensa baiana como fonte para embasar as leituras indispensáveis à práxis filológica, além de firmar diálogos possíveis de Letras com outras áreas, como Teatro e História. Tomaram-se para a pesquisa de fontes, sobre o teatro e a censura na Bahia, os Jornais: A Tarde, Tribuna da Bahia, Diário de Notícias, Jornal da Bahia. A busca teve início nos acervos do Teatro Castro Alves, do Teatro Vila Velha e do Espaço Xisto Bahia, estendendo-se também ao Arquivo Público e à Biblioteca Pública do Estado da Bahia. Luís César P. Souza, bolsista de Iniciação Científica na UNEB (2007-2008), foi o pioneiro nesse trabalho, empreendendo a pesquisa de fontes, sobretudo em jornais, e, quando possível, em revistas e livros, em acervos pessoais. Também procedeu à realização de entrevistas, visando, desse modo, à construção da memória do teatro no período da ditadura militar na Bahia, e à identificação de informações que pudessem auxiliar o editor científico em sua prática filológica. Williane Silva Corôa, também bolsista de Iniciação Científica na UNEB (20082009), com o projeto O Teatro baiano na imprensa: fontes para o estudo de textos teatrais censurados, procedeu ao levantamento de fontes em jornais, sobretudo dos anos de 1973, 1974, 1975, 1978 e 1979, dando continuidade ao trabalho de Luis César Souza. À época, preparou um catálogo para facilitar o acesso ao material por parte dos pesquisadores interessados: após digitalização dos textos, construiu um sistema de identificação, em que se destacavam as iniciais relativas ao Jornal e a data de publicação, ficando assim: AT_03_01_73, o que equivale dizer que a imagem foi 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 302 extraída do jornal A Tarde, datado de 03 de janeiro de 1973. Gerou-se ainda um hiperlink, o qual permitiu a visualização do arquivo digitalizado. Líliam Carine da Silva Lima, bolsista de Iniciação Científica PIBIC-CNPq (UFBA), tem-se ocupado da organização do Arquivo Textos Teatrais Censurados, que se compõe de vários acervos, públicos e privados. Prepara um catálogo descritivo digital que trará os textos teatrais censurados, produzidos na Bahia ou para aqui serem encenados, reunidos e localizados até a presente data, provenientes de diferentes acervos, organizados por autor e obra, com resumo da obra e descrição geral do(s) testemunho(s). Veja-se: RODRIGUES, Yumara. Uma alegre canção feita de azul. Rio de janeiro, 1973. 18f. Localização: Espaço Xisto Bahia Classificação: Adulto Personagens: 01 Número de Atos: 01 Número de Cenas: Descrição: Datiloscrito, 18 folhas e 617 linhas. Suporte medindo 326mmx215mm. Papel amarelado devido à ação tempo. As folhas estão numeradas ao centro, à margem superior. Carimbo da Divisão de Censura de Diversões Públicas do Departamento da Polícia Federal (DPF), em formato circular, em todas as folhas, com rubrica, ao lado. Folhas com marcas de grampos, à margem esquerda. Os cortes são destacados, a lápis de cera, na cor vermelha, envolvidos em um retângulo, com barras inclinadas, seguidos do carimbo com a inscrição CORTES, à margem direita. Há ainda o registro manuscrito da palavra “Corte”, feito com caneta esferográfica, tinta preta, às folhas 04,07,12,13,14. Resumo: Monólogo, em um ato. Apresenta uma mulher que interage a todo instante com uma “voz exterior”, denominada “mutação”. Narra sua história e suas angústias, que incluem, entre outras coisas, o sonho frustrado de ser atriz e suas decepções enquanto mulher e amante. Há uma reflexão acerca da vida e da sociedade, em que o olhar desiludido daquela mulher encontra a compreensão de uma voz interior, que a convida a ver a vida com outros olhos, reconhecendo a mesma como transitória e convidando-a a vivê-la com mais alegria e leveza. Ficha 1 – Modelo para o Catálogo Descritivo Digital Alan Nunes Machado Júnior, enquanto pesquisador voluntário, preparou o site para divulgação do trabalho desenvolvido pela Equipe Textos Teatrais Censurados, que já pode ser consultado no seguinte endereço: <http://www.textoecensura.ufba.br>. De agosto de 2010 a julho de 2011, na condição de bolsista, fará a catalogação dos textos teatrais, classificação infantil, adotando o mesmo modelo para o teatro adulto, 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 303 desenvolvido por Liliam Lima, exposto acima, para, ao final, apresentar, em catálogo único, os textos teatrais censurados, adulto e infantil, fazendo-se um link para as matérias de jornais que fazem remissão aos textos elencados. Carla Ceci Rocha Fagundes, na condição de pesquisadora voluntária, de agosto de 2009 a julho de 2010, ocupou-se da construção de um quadro com as peças, elenco, direção, outras informações, e a indicação dos jornais que fazem remissão às peças, de 1964 a 1985, a partir do livro de Aninha Franco, O Teatro na Bahia através da imprensa (1994). Em nova fase da pesquisa, agora bolsista FAPESB, Carla Fagundes deu início à elaboração de outro catálogo que reunirá o material publicado na imprensa baiana relativo à produção literária dramática, às peças e à censura ao teatro. Nesta empresa, conta com o auxílio de duas pesquisadoras voluntárias, Adriele Benevides Lacerda e Mila Araújo. Abaixo, apresenta-se o modelo de como as informações serão expostas no Catálogo: Referência FERREIRA, Jurandir. Teatro. A Tarde, Salvador, 17 maio 1973. Recorte de Jornal arquivado no Núcleo de Acervo do Espaço Xisto Bahia. Assunto Produção Teatral Autoria / Direção Elenco Data e Local de Teatro Adulto, Infantil e Adaptação / encenação Infanto-Juvenil Tradução Sete pecados capitais Grupo Teatro Livre da Sônia dos Em preparação Bahia Humildes, para encenação no Adaptação e direção Haydil Teatro Vila Velha de João Augusto do Linhares, balé homônimo de Kerton Bertold Brechet Bezerra, Aleluia Simões, Benvindo Sequeira e Jurandir Ferreira Uma alegre canção feita de Yumara Rodrigues Colaboradores Cartaz diário no azul Direção de amigos de Teatro Vila Velha Athenodoro Ribeiro Yumara Rodrigues Ficha Técnica Todos ao Vila Velha Ziplim contra as Águias do Produção do Teatro de Sábados e espaço (Infantil) Máscaras e criação de Domingos todo o Sóstrates Gentil mês de maio e 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 304 Bernarda Alba Peça de Lorca primeira quinzena de junho no TCA Teatrinho Santo Antônio Inaugura as atividades públicas do Departamento de Teatro Descrição Recorte de Jornal. Seção Teatro, lançado à esquerda, e o nome de quem assina a matéria, à direita, Jurandir Ferreira. Texto em 3 colunas, ao final das colunas 2 e 3, fotografia de Yumara Rodrigues, de um lado; e do outro, seu nome, centralizado. Col.1: destaque para as subseções do texto, Sete pecados, com 32 linhas, e O cartaz, com 6 linhas. Col. 2: 5 linhas, continuação do texto anterior; na parte superior, um rasgão; No TCA, 3 linhas. Col. 3: 4 linhas dão continuidade a essa subseção; No Canela, 4 linhas. Resumo Aborda sobre a produção teatral na Bahia: Sete pecados capitais, adaptação e direção de João Augusto, em preparação; Uma alegre canção feita de azul, de Yumara Rodrigues, em cartaz, no Teatro Vila Velha; Ziplim contra as Águias do espaço (Infantil), produção do Teatro de Máscaras e criação de Sóstrates Gentil, no TCA; por fim, Bernarda Alba, peça de Lorca, que inaugura as atividades públicas do Departamento de Teatro no ano de 1973, no Teatro Santo Antônio. Quadro 02 – Pesquisa em jornais da Bahia: produção teatral na imprensa baiana. Abaixo, seguem a matéria de jornal que se tomou para ilustrar o método de trabalho adotado no campo da Crítica Textual e uma folha datiloscrita do texto Uma alegre canção feita de azul, de Yumara Rodrigues, submetido ao exame da Censura, o qual será recuperado por meio de uma edição científica, isto é, filológica. Figura 4 – Matéria do Jornal A Tarde, publicada em 17 de maio de 1973. Fonte: Núcleo de Acervo do Espaço Xisto Bahia. 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 305 Figura 5 – Folha datiloscrita de Uma alegre canção feita de azul, texto submetido ao exame da censura, datado de 1973. Fonte: Núcleo de Acervo do Espaço Xisto Bahia. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A recuperação de textos da imprensa baiana que tratam do teatro ou de assuntos a ele relacionados constitui atividade de grande valia para a edição de textos teatrais censurados e para a realização de diferentes estudos por parte de filólogos, linguistas, estudiosos do teatro e historiadores. Para o trabalho filológico, em especial, interessa a pesquisa empreendida com os materiais – elementos paratextuais (comentários, críticas, entre outros) – que possam servir à fixação crítica do texto teatral censurado, como documentação acessória, e à análise, por um viés histórico e interpretativo, dos textos selecionados no contexto no qual se inscrevem. NOTAS _______________________ 1 Bauer e Gertz, 2009, p.178. Maciel, 2005, p. 105. 3 A Tarde, 18 fev. 1979. 4 Franco, 1994, p. 220. 2 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 306 5 Tribuna da Bahia, 15 maio 1975. Vilela et al., 1966, p.66. 7 Id. ibid., 1966, p.48. 6 RESUMO Edição e estudo da produção teatral na Bahia no período da Ditadura Militar constituem-se em etapas do trabalho da Equipe Textos Teatrais Censurados, coordenada pela Profa. Dra. Rosa Borges na Universidade Federal da Bahia. Os textos teatrais elaborados nesse contexto político-social foram marcados pela ação da censura e sua organização em um arquivo permitirá ler a memória e a literatura que saem desses textos. Desse modo, a pesquisa de fontes, realizada em jornais, dá suporte às leituras empreendidas nos domínios da prática editorial, no âmbito da Crítica Textual. Neste trabalho, dar-se-ão notícias a propósito da elaboração do Catálogo Descritivo Digital para os textos da imprensa baiana relativos ao teatro e à censura que servem de apoio ao exercício filológico de recuperação e caracterização dos textos que integram o Arquivo Textos Teatrais Censurado, em fase final de organização. PALAVRAS-CHAVE: Crítica Textual. Produção Teatral. Imprensa baiana. ABSTRACT Edition and study of theatrical production in Bahia during military dictatorship period are the work stages of the Censured Theatrical Texts Team, coordinated by the Prof. Dr. Rosa Borges, in Universidade Federal da Bahia. The theatrical texts produced in this political and social context were marked by the censorship action, and their organization in an archive will permit the reading of the memory and literature visualized through those texts. In this way, the research for sources, carried out in periodicals, gives support to readings undertaken in the editorial practice domain, in the Textual Criticism scope. In this work, it will be given news about the Digital Descriptive Catalogue drawing up to Bahia press texts concerning to the theater and the censorship, which are used as support to the philological exercise of recovery and characterization of the texts that constitute the Censured Theatrical Texts Archive, in final phase of organization. KEYWORDS: Textual Criticism. Theatrical production. Bahia press. REFERÊNCIAS BAUER, Caroline Silveira; GERTZ, René E.. Fontes sensíveis da história recente. In: PINSKY, Carla Bassanezi; LUCA, Tania Regina de (org.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009. CENSURA leva classe teatral de São Paulo a Geisel. Tribuna da Bahia, Salvador, 15 maio 1975. 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 307 CORREIA, Fabiana Prudente; SOUZA, Luís César Pereira; SANTOS, Rosa Borges dos. Cultura de resistência: o teatro na imprensa. In: SEMINÁRIO DE ESTUDOS FILOLÓGICOS, 2., 2007, Feira de Santana. Anais...Salvador: Quarteto, 2007. p. 215220. FERREIRA, Jurandir. Teatro. A Tarde, Salvador, 17 maio 1973. Recorte de Jornal arquivado no Núcleo de acervo do Espaço Xisto Bahia. FRANCO, Aninha. O Teatro na Bahia através da imprensa – século xx. Salvador: FCJA; COFIC; FCEBA, 1994. MACIEL, Luiz Carlos. Teatro anos 70. In: ANOS 70: trajetórias. São Paulo: Iluminuras; Itaú Cultural, 2005. NO “AMADOR Amadeu” a tentativa de popularizar o Teatro Baiano. Tribuna da Bahia, Salvador, 19 de out. 1976. Caderno 1, p. 7. O INSTITUTO dos advogados da Bahia. Jornal da Bahia, Salvador, 17 mar. 1970. RIBEIRO NETO, Francisco. Em tempo no palco. [Salvador], 1978. 30f RODRIGUES, Yumara. Uma alegre canção feita de azul. Rio de janeiro, 1973. 18f. VIEIRA NETO. Musical diverte e questiona falsos valores. A Tarde, Salvador, 18 fev.1979.Caderno 2, p. 3. VILELA, Gileide et al. Os baianos que rugem: a imprensa alternativa na Bahia. Salvador: EdUFBA, 1996. 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 308 NOTAS 1 Bauer e Gertz, 2009, p.178. Maciel, 2005, p. 105. 3 A Tarde, 18 fev. 1979. 4 Franco, 1994, p. 220. 5 Tribuna da Bahia, 15 maio 1975. 6 Vilela et al., 1966, p.66. 7 Id.ibid., 1966, p.48. 2 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 309