XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. GESTÃO DA QUALIDADE NO ALMOXARIFADO DE UMA PRESTADORA DE SERVIÇO DE ENGENHARIA, CONSTRUÇÃO CIVIL, MONTAGEM E MANUTENÇÃO ELETROMECÂNICA Marli Alves de Souza (FEAMIG) [email protected] GESTÃO DA QUALIDADE NO ALMOXARIFADO DE UMA PRESTADORA DE SERVIÇO DE ENGENHARIA, CONSTRUÇÃO CIVIL, MONTAGEM E MANUTENÇÃO ELETROMECÂNICA ALESSANDRA MOREIRA FAGUNDES FERNANDA DE FÁTIMA GONZAGA MARLI ALVES DE SOUZA WILSON JOSÉ VIEIRA DA COSTAA Resumo: Em empresas de qualquer tipo deve haver controles gerenciais, o setor mais capacitado para realizar esse tipo de trabalho é o almoxarifado. O almoxarifado deve possuir uma sistemática de controle que permita constituir uma disponibilidade mínima de itens em estoque para nunca parar o fluxo produtivo de uma obra. O objetivo deste artigo é demonstrar a importância de procedimentos dos processos padronizados para a gestão do almoxarifado. Tal gerenciamento permite identificar falhas e propor soluções - através do uso de ferramentas de qualidade. Aplicação de questionários, análise de documentos e controles da empresa, entrevista com o gestor responsável, observação e vivência de fatos foram às formas de coletas de dados adotadas durante a pesquisa. Para a análise dos dados utilizou-se o PDCA, Diagrama de Ishikawa e o Plano de Ação como ferramenta para a proposição de melhorias na gestão do almoxarifado da empresa analisada. Após análises e estudos, foram estabelecidas as propostas de melhorias a fim de organizar o setor em estudo. Com as propostas aplicadas, percebeu-se um desenvolvimento na área, sendo totalmente benéfico para empresa. Este artigo demonstra como salutar as práticas de armazenagem de um almoxarifado, demonstrando primeiramente - através de fatos constatados - o que é errado e posteriormente - através de propostas e análises - a melhor forma de se trabalhar corretamente no setor aqui citado. Palavras-chave: almoxarifado, gestão; qualidade; PDCA. WILSON JOSÉ VIEIRA DA COSTA e-mail: [email protected] CPF: 030.894.066-08 MARLI ALVES DE SOUZA [email protected] CPF - 028.557.106.00 FERNANDA DE FATIMA GONZAGA [email protected] CPF - 05088035608 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. ALESSANDRA MOREIRA [email protected] CPF -01280721642 FAGUNDES Palavras-chaves: almoxarifado, gestão; qualidade; PDCA. 2 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 2.2 1 Introdução Um dos maiores desafios de uma organização hoje consiste em atender a demanda produtiva e equacionar os investimentos de modo que não mobilize grandes investimentos nos itens de almoxarifado. É necessário que haja um controle eficiente a fim de atender as demandas de uma empresa, e, esse controle, é melhor estabelecido pelo setor em estudo. O almoxarifado deve possuir uma sistemática de controle que permita constituir uma disponibilidade mínima de itens em estoque para nunca parar o fluxo produtivo de uma obra. Além disso, é preciso que este setor atente para reaproveitar o que sobra em determinada etapa da obra reciclando e reaproveitando os resíduos e rejeitos. Entretanto, os setores da construção civil têm características particulares no seu processo produtivo e do próprio mercado, podendo assim dificultar a implantação de novas metodologias de gestão. O objetivo deste artigo é demonstrar a importância de procedimentos dos processos do almoxarifado para identificação de falhas e propor soluções através do uso da ferramenta PDCA da gestão de qualidade em uma empresa no ramo da construção civil. 2 Referencial Teórico 2.1 Gestão da qualidade nos processos produtivos O cliente é decisivo para a sobrevivência da empresa, a satisfação da clientela está diretamente relacionada com os níveis de qualidade de um serviço ou produto. Para que essa qualidade atenda satisfatoriamente, o controle de qualidade deve ter altos níveis de eficácia, evitando assim que o produto ou serviço venha a ter necessidade de manutenção e retrabalho. Campos (2004) conceitua qualidade como um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo ás necessidades do cliente. Portanto, em outros termos pode-se dizer: projeto perfeito, sem defeitos, baixo custo, segurança do cliente, entrega no prazo certo no local certo e na quantidade certa (CAMPOS, 2004, p. 22). Qualidade é definida por vários autores, dentre os quais cita-se Juran (1991) que a define como “adequação ao uso através da percepção das necessidades dos clientes”, ainda segundo 3 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. o autor “qualidade são aquelas características dos produtos que atendem às necessidades dos clientes e, portanto, promovem a satisfação com o produto e “qualidade consiste na ausência de deficiências (JURAN, 1991). Já para Deming (1982) “qualidade é a perseguição às necessidades dos clientes e homogeneidade dos resultados do processo” ou ainda “atender e, se possível, exceder as expectativas do consumidor”. Os clientes exigem serviços e produtos com qualidade, por isso as organizações têm que estar atenta às exigências e reclamações de seus clientes. De acordo com Gil (1993, p. 67) o sistema de gestão de qualidade passa mais a ser visto como uma política que objetiva a mobilização continua dos integrantes da empresa com vistas ao aprimoramento da qualidade de seus produtos e serviços. O Controle Total da Qualidade é um sistema efetivo para integrar os esforços dos vários grupos dentro de uma organização, no desenvolvimento, na manutenção e no melhoramento da qualidade, de maneira que capacite marketing, engenharia, produção e serviço com os melhores níveis econômicos e permitam a completa satisfação do cliente (NETO, 2009). A Figura 1 representa os fatores que devem ser observados pelos administradores para a elaboração das políticas necessárias como referência. As fontes de variações que o processo pode apresentar e todos os possíveis pontos de partida para os problemas que podem apresentar o processo produtivo. Conforme Deming, (1990). Todo gerenciamento do processo consta em estabelecer a manutenção nas melhorias dos padrões montados na organização, que servem como referências para o seu gerenciamento. Neste caso, introduzir o gerenciamento do processo significa implementar o gerenciamento repetitivo via PDCA (DEMING, 1990, p. 75). Figura 1 – PDCA – Aplicado com os objetivos de manter e melhorar Fonte: Adaptado de Campos, 1996, p. 271 4 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Segundo Slack et al. (1996, p. 71) “qualidade significa „fazer certo as coisas‟, mas as coisas que a produção precisa fazer certo visão de acordo com o tipo de operação”. O ciclo PDCA foi desenvolvido por Shewart na década de 20, mas começou a ser conhecido como ciclo de Deming em 1950, por ter sido amplamente difundido por este. É uma técnica que visa o controle do processo, podendo ser usado de forma contínua para o gerenciamento das atividades de uma organização. Em gestão de qualidade o PDCA torna-se ferramenta importante para o planejamento, execução, controle e ação de melhorias contínuas dos processos produtivos. Todo esse processo é diagnosticado por meio de um instrumento específico denominado ferramentas de controle de qualidade. Como ferramenta complementar ao PDCA, o diagrama de causa e efeito trabalha em cima dos processos e controles do almoxarifado de uma empresa da construção civil. Assim sendo, torna-se necessário discutir almoxarifado no contexto da logística empresarial. O diagrama de causa e efeito atua como um guia para a identificação da causa fundamental de um efeito que ocorre em um determinado processo, geralmente este tipo de ferramenta é aplicado por grupos interdisciplinares como forma de possibilitar condições de detectar diversas e possíveis causas para o efeito. Esta pesquisa utilizará das ferramentas da qualidade para melhorias nos processos e controles do almoxarifado de uma empresa da construção civil. Assim sendo, torna-se necessário discutir o almoxarifado no contexto da logística, assim como logística de distribuição 2.3 Logística O termo logistique é uma derivação do posto de Marechal de Logis, responsável pelas atividades administrativas relacionadas com os deslocamentos, alojamento e acampamento das tropas do exército francês durante o século XVII. O Dicionário Aurélio (2010) conceitua o termo Logística como a parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material para fins operativos ou administrativos (FERREIRA, 2010). Kotler (2000) afirma que a Logística de mercado envolve o planejamento, a implementação e o controle dos fluxos físicos de materiais e de produtos finais entre os pontos de origem de uso, com o objetivo de atender às exigências dos clientes e de lucrar com esse atendimento. Para Ballou (1993) a Logística empresarial, é definida por todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final. Assim como os fluxos de informações que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo razoável (BALLOU, 1993, p. 24). Porter (1992) relata que a função da logística é responder por toda a movimentação de materiais, seja no ambiente externo ou no ambiente interno da empresa. As cinco categorias genéricas de atividades primárias estão envolvidas na concorrência em qualquer indústria: logística interna; operações; logística externa; marketing e vendas e serviço. Na classificação de Porter (1992), logística é, portanto, uma atividade primária e recentemente identificada como Movimentação de Materiais. 5 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 2.3.1 Logística de distribuição A logística de distribuição é área responsável pelo armazenamento e movimento do produto, isto é, desde matéria-prima até o produto acabado fornecido ao cliente, também é uma das áreas responsáveis pela competitividade da organização. Gurgel (2002) escreve que a logística de materiais é aquela que lida com os fluxos de materiais de fora para dentro da manufatura, incluindo matéria-prima e outros insumos (peças, componentes, outros produtos acabados que vão integrar o processo produtivo). Ainda de acordo com o autor, a logística de materiais é também chamada de suprimento, abastecimento e em empresas menores de setor de compras – envolve atividades ligadas – à extração e transporte de suprimentos, armazenagem de insumos de matéria-prima etc. (GURGEL, 2002). O presente estudo está relacionado com as atividades de estoques e com o funcionamento do almoxarifado, assunto seguinte. 2.4 Gestão de Almoxarifado Segundo Viana (2000) “a atividade almoxarifado visa garantir a fiel guarda dos materiais confinados pela empresa, objetivando sua preservação e integridade até o consumo final”. Para Martins e Alt (2000), o almoxarifado deverá assegurar que o material adequado esteja, na quantidade devida, no local certo, quando necessário; impedir que haja divergências de inventário e perdas de qualquer natureza; preservar a qualidade e as quantidades exatas; possuir instalações adequadas e recursos de movimentação e distribuição suficientes a um atendimento rápido e eficiente (MARTINS e ALT, 2000, p. 85). Além disso, ainda segundo Martins e Alt (2000) são também responsabilidades do departamento de almoxarifado determinar permanência dos itens; determinar a periodicidade de reabastecimento; determinar o volume necessário de estoque para um determinado período; acionar o departamento de compras; receber, armazenar e atender os materiais estocados de acordo com as necessidades; controlar os estoques em termos de quantidade e valor e fornecer informações sobre a posição do estoque; manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estado dos materiais estocados; identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados, conforme (MARTINS e ALT, 2000, p. 89). Ainda de acordo com Araújo (1980) não existe um padrão preestabelecido que determine o dimensionamento adequado de um almoxarifado, variando assim em função das atividades desenvolvidas, das áreas necessárias à funcionalidade do serviço, das áreas específicas de estocagem de acordo com as quantidades e tipos de produtos a serem estocada, da periodicidade das aquisições e intervalo de tempo da entrega dos mesmos pelos fornecedores, do sistema de distribuição e da quantidade de equipamentos e acessórios pertencentes ao almoxarifado. Segundo Araújo (1980) as técnicas de estocagem variam de acordo com as características dos materiais e podem necessitar de processos simples ou de sofisticados equipamentos e investimentos em tecnologia. 6 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 3 Metodologia De acordo com Vergara (2007), os tipos de pesquisa são conceituados quanto aos fins e aos meios. A pesquisa, quanto aos fins, pode ser exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada ou intervencionista. As pesquisadoras optaram pela modalidade exploratória através de estudo de caso, uma vez que pretendem investigar, analisar e intervir no almoxarifado da empresa propondo e realizando as modificações que se fizerem necessárias. Os dados para esta pesquisa foram coletados através de entrevista com o gestor do almoxarifado central, aplicação do questionário, bem como, observação e análise do almoxarifado da empresa estudada, realizada durante visita técnica, análise de documentos e controles da empresa. A análise dos dados utilizou o PDCA, Diagrama de Causa e Efeito e Plano de Ação como ferramenta para a proposição de melhorias na gestão do almoxarifado da empresa analisada. 3.1 Caracterização da organização em estudo A empresa estudada é composta por 7 sócios, sendo que um detentor de 60%; dois, 10%; três 5% e um com 4%. O comando é exercido pelo sócio majoritário, a organização é uma sociedade empresarial limitada. Atua no ramo da construção civil e montagem eletromecânica, foi fundada em 1992, atualmente são quatro unidades em funcionamento nos Estados da Bahia (matriz) e filiais em Rio de Janeiro, Sao Paulo e Minas Gerais. Obras de Construção e Montagem Eletromecânica; Paradas de Manutenção; Contratos de Manutenção, bem como fabricação e manutenção de permutadores de calor, vasos de pressão, filtros e equipamentos estáticos em geral e Spool (Engenharia de fabricacao industrial de tubulações) além de Serviços com Saca Feixes e Torqueamento Hidráulico. 4 Análise de resultados 4.1 Categoria 1 – Análise e mapeamento dos processos do almoxarifado Diante do primeiro objetivo específico foram realizados os levantamentos dos processos do almoxarifado, descrevendo e representando suas entradas e saídas. Para análise de processo foram realizadas as visitas técnicas e o mapeamento dos processos; pode-se notar que não há conformidade nos processos, uma vez que não há registros eficazes, somente uma anotação simplória: o que foi deslocado, quem o deslocou, quantidade de materiais, não tendo informações para local de destino e data. Foi analisado também o fluxo dos pedidos e de compra. Durante o período de estudo foram identificadas falhas tanto no processo de entrada quanto na saída, já que, muitas vezes, há a saída de material sem a entrada e vice-versa. Assim prossegue-se com o segundo objetivo: analisar o fluxo de informação em relação ao ciclo dos pedidos internos do almoxarifado da empresa estudada; o que se conclui que todo material que é adquirido para as obras é comprado pelo almoxarifado central da empresa, diante do exposto foi proposto um fluxograma (Fig. 2) que será utilizado, quando da intervenção, propondo um novo formato de funcionamento para o almoxarifado. 7 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Figura 2 – Fluxograma de entrada de materiais na obra Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 4.2 Categoria 2 – Principais falhas nos processos mapeados no almoxarifado Com base nesta análise prévia, segue uma proposta de mapeamento de todas as atividades do almoxarifado da empresa, salientando que, durante a realização das visitas no setor, as pesquisadoras foram informadas de todo o processo que é elaborado para obtenção do pedido. 1. Inicialmente o responsável pela obra passa o pedido para o almoxarifado que o 8 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. analisa; 2. depois da análise e verificado que o material pedido não se encontra disponível, encaminha o pedido para o departamento de compras; 3. o departamento de compras realiza pesquisa com fornecedores, faz-se a coleta de preços e recebe as propostas e emite o pedido de fornecimento; 4. o departamento de compras acompanha a entrega do material e verifica se o mesmo está conforme com o pedido, caso contrário providencia a devolução para troca e se estiver dentro das conformidades, passa o material para o almoxarifado; 5. o almoxarifado recebe o material e cadastra, enviando-o para o almoxarifado da obra onde foi feito inicialmente o pedido, que também o cadastra e distribui para quem realizou o pedido, lançado como saída, finalizando esta etapa do processo. O quadro 1 faz uma comparação entre o funcionamento atual que foi verificado na empresa com o funcionamento ideal proposto com base na literatura. Quadro 1 - Funcionamento atual x Funcionamento proposto Funcionamento atual Registro de entrada Registro de saída Pallets Ineficiente Ineficiente Não Racks Não Prateleiras Sim Inventário Sim Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 Funcionamento proposto Criação de tabela Excel ou uso de software específico para registro Tabela com data, assinatura e local enviado ou software específico Para empilhamento de material de maior vulnerabilidade e/ou perecível Armazenar peças longas como tubos, barras, vergalhões Uniformizar o uso e catalogar Catalogar periodicamente Nota-se que a empresa não apresenta registros de entrada de materiais do almoxarifado, apenas anotações simples de saída de material. A desorganização das prateleiras e o inventário precário provocam uma verdadeira desordem generalizada conforme ilustrado nas figuras 5 e 6. O estudo propõe melhor funcionamento do almoxarifado através de acompanhamento de entradas e saídas, com software especifico ou tabelas do Excel, colocação de racks, pallets para armazenamento correto, catalogar todo material periodicamente descartando os que não estão em conformidade. Diante do exposto no quadro 1 foram observadas as reais dificuldades em relação à organização do almoxarifado, não há lançamento de registros entrada e quando há requisição de saída, a mesma é feita de forma simplória, apenas com o nome de quem a retirou, sem maiores detalhes. A figura 4 demonstra com nitidez como o entulhamento de material era uma prática assídua no dia a dia do almoxarifado, e os EPI‟s se misturavam com outros equipamentos, como carrinhos de mão, escadas, telas de proteção dentre outros. O estudo propõe a criação de tabelas para controle e acompanhamento de entradas e saídas dos materiais do almoxarifado; formulário de controle; dados como quem o solicitou, quem o retirou; datas de entrada, saída e devolução; setor e função, matrícula, etc. Com essas providências, a gestão do almoxarifado passa a ter o controle total, evitando assim, os desperdícios de materiais, e até mesmo a falta, dessa forma fica impossibilitada de gerar a previsão de compras para atender a demanda. 4.3 Categoria 3 – Fluxo de informação em relação ao ciclo dos pedidos internos do almoxarifado da empresa 9 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. O almoxarifado é de suma importância dentro de todo o processo da empresa, bem como é o fluxo de informação da empresa, é mediante a esse que temos o controle de todo o processo interno do setor e de como estão sendo tais controles, isso se resume do que o processo de entradas e saídas de materiais. É sabido que a empresa estudada encontra-se com problemas de conformidade nos processos de entrada e saída de materiais do almoxarifado, fato que está gerando bastante problema para a empresa: retrabalhos e até insatisfação dos clientes. A falta de controle e padronização destes processos é um agravante prejudicial ao crescimento da empresa, pois com as reclamações geradas, defini-se a falta de organização – fator causador de desordem em todo o setor. E seguindo com o terceiro e último objetivo do estudo de caso: identificar as falhas nos processos mapeados no almoxarifado - considerando que a literatura prevê técnicas de estocagem que variam de acordo com as características dos materiais e podem necessitar de processos simples ou de sofisticados equipamentos e investimentos em tecnologias. No caso da empresa estudada, por se tratar de obra, produtos estocados são às vezes perecíveis e vulneráveis. Dessa forma, a empresa deveria: (1) Indicar se a pallets (estrado de madeira padronizado em diversas dimensões – padrão internacional 1.100mm x 1.100mm) ou carga unitária para cimentos, argamassa e todo produto que seja vulnerável a temperatura/tempo ambiente. (2) Racks ou raques para armazenar peças longas como tubos, barras, vergalhões etc. (3) Prateleiras para EPI´s, identificados e visíveis. Todo material deverá ser catalogado na entrada, registrado pelo almoxarife e inventariado periodicamente. O processo inicia-se (Fig. 3) com o envio da requisição de compra pelo solicitante ao almoxarifado central que verifica se há a mercadoria para pronta entrega, caso contrário envia o pedido de compra com todos os campos preenchidos de forma correta e descrevendo todas as informações sobre o produto a ser adquirido para o departamento de compras. Ao chegar ao departamento de compras é verificada a lista de fornecedores do material pedido e solicitam-se 3 (três) cotações aos fornecedores; a cotação deverá ter documento discriminando empresa, contato, telefone, valores, condições de pagamento e prazo de entrega. Solicitação enviada por correio eletrônico, fax ou telefone e preenchido para a coleta de preços dos produtos a serem adquiridos. Logo em seguida são recebidas as informações e é feita uma planilha de comparação de preços e qualidade do produto fornecido, mediante análise de melhor preço e qualidade enviase pedido de compra ao fornecedor. A compra é efetuada, quando na entrega são verificadas as condições do material, se dentro dos conformes, esse vai direto para o almoxarifado, caso contrário o mesmo é devolvido para o fornecedor. Quando finalizada a compra, a nota fiscal é enviada ao departamento financeiro para programar pagamento. Após dar entrada no almoxarifado central, a mercadoria é enviada ao destino inicial do pedido - o almoxarifado da obra, que a repassa ao responsável pelo pedido. Ao chegar ao almoxarifado da obra, o pedido é cadastrado em entradas de materiais, logo a seguir, feito é dado baixa (saída) no material e enviado ao responsável pelo pedido que assina estar recebendo conforme pedido e dentro das especificações exigidas. 10 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Figura 3 – Fluxograma de informação proposto para a empresa em estudo Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 4.4 Categoria 4 – Planos de Ação de Melhorias na Gestão do Almoxarifado da Empresa. Após análise e levantamentos das não conformidades identificadas/discriminadas no quadro 1, coluna funcionamento atual, identificadas através de entrevista com gestor do almoxarifado central, aplicação de questionário, análise de documentos e diagrama de causa e efeito (Fig. 4), foi notado o quanto é importante criar um plano de ação - quadro 2 - para mapeamento dos processos. Dando continuidade ao processo de levantamento das causas, foi elaborado o quadro 2, propondo ações; a seguir o detalhamento da coluna COMO do quadro Plano de ação do almoxarifado: a) Criar o programa de motivação dos empregados, no qual será feita avaliação dos desempenhos de acordo com os resultados, haverá bonificação e promoção, esta avaliação é proposta para 5 (cinco) anos – tempo necessário e suficiente para análise dos dados; b) Criar procedimentos para treinar e capacitar os funcionários na utilização do processo; c) Planejar e definir o local adequado para armazenamento; d) Contratar pessoa capacitada para implantar o projeto do processo, bem como dar continuidade a padronização dos procedimentos; e) Fazer calendário das reuniões e divulgá-lo; 11 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. f) Contratar um profissional da área de manutenção para desenvolver o plano de manutenção de todos os equipamentos para controlar e preservar a vida útil dos equipamentos; g) Desenvolver treinamento relacionado ao processo; h) Designar pessoal para fazer pesquisas e buscar novas tecnologias para empresa; i) Contratar especialista para a implantação de novos softwares para sua execução; j) Contratar especialista em planejamento para aproveitar o espaço físico oferecido; k) Utilizar os espaços somente com o que será necessário para o processo, evitar acúmulo de materiais desnecessários na empresa, descartá-los; l) Utilizar-se do layout para definições dos equipamentos e materiais em locais adequados para agilidade no processo e organização da empresa m) Padronizar o processo de armazenamento utilizando-o para controlar e armazenar adequadamente conforme procedimento, utilizando tabela Excel ou software específico para registro; n) Padronização do processo de matéria-prima, conforme procedimento, utilizando tabela Excel ou software específico para controle. o) Sinalizar os setores com setas e placas educativas e segurança. Figura 4 – Diagrama de causa e efeito do almoxarifado Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 12 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Quadro 2 – Plano de ação do almoxarifado O QUE Falta de motivação PLANO DE AÇÃO POR QUÊ Não há plano de cargos e salários Ausência de pessoas capacitadas Não há procedimentos Falta de padronização para armazenagem Falta de padronização dos procedimentos Falta de definição de responsabilidade Falta de interação entre os setores Não há padronização de materiais e ferramentas Para uniformizar e agilizar seu processo Todos têm acesso ao almoxarifado Ineficiência da padronização Falha de comunicação Para garantir danos maiores com manutenção de equipamentos Pessoas sem treinamentos Ferramentas obsoletas Falta de controle no processo do almoxarifado Falta de atualização das ferramentas Não há controle de entrada e saída de materiais Falta de manutenção preventiva Estrutura não conforme Falta de espaço físico Falta de padronização Não há espaço suficiente para a guarda de materiais e ferramentas COMO Criar um plano de cargos e salários (a) Criar procedimentos para capacitação dos funcionários (b) Adquirir local adequado para armazenamento dos produtos (c) Implantação destes processos (d) Colocar um responsável pelo almoxarifado Reunião envolvendo todos os setores (e) Fazendo plano de manutenção de todos os equipamentos (f) Treinamento para todos envolvidos no processo (g) Verificar e adquirir novas ferramentas no mercado (h) Implantar software de controle de entrada e saída (i) Organizar de acordo com os materiais (j) Utilizar somente o necessário (k) Definir adequadamente layout (l) Layout inadequado Falta de organização Falha no armazenamento Falta de controle da matériaprima Não existe controle Não existe procedimento adequado para atender as necessidades da empresa Falta de padronização Devido à falta de procedimentos Controlar e armazenar adequadamente conforme procedimento (m) Elaborar procedimentos treinar todos os colaboradores (n) Padronizar o setor por cores, setas, letreiros explicativos (o) Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 Figura 5– Layout da nova estrutura do almoxarifado EPI´s Figura 6 – Nova estrutura do almoxarifado Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 Após a organização proposta com ajuda da criação do layout, o almoxarifado foi estruturado, 13 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. facilitando o manuseio e a organização dos materiais estocados (Fig. 5). Também no almoxarifado de EPI‟s foram estabelecidas regras de estocagem, facilitando a visualização dos materiais, quantidade e condições dos mesmos (Fig. 6) 5 Considerações finais O objetivo geral deste artigo foi demonstrar a importância de procedimentos dos processos do almoxarifado para identificação de falhas e, através do uso da ferramenta PDCA da gestão de qualidade em uma empresa no ramo da construção civil, propor soluções. O uso das propostas estabelecidas pelo estudo foi verificado como eficiente conforme demonstrado nos itens 4.3 e 4.4 desta pesquisa, as soluções propostas foram aceitas e obtiveram êxito, assim como a intervenção realizada trouxe melhorias no processo de qualidade, dentre as quais maior direcionamento do material estocado, bem como melhor visibilidade e organização do almoxarifado, com a nova estrutura é possível identificar com rapidez o pedido. Atualmente, após as pesquisas e análise de resultados obtidos – a empresa encontra-se em fase de instalação um software que levará em conta as proposições do estudo e a demanda/necessidade do setor. Referências ARAÚJO, Jorge Sequeira de. Administração de Materiais. São Paulo: Atlas, 1980. BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo, Editora Atlas. 1993. CAMPOS, V. F. TQC: Controle de Qualidade Total. 8. ed. Belo Horizonte: INDG, 2004, 256p. DEMING, William Edwards. Qualidade: a revolução na administração. Editora Saraiva Marques, 1990. DEMING, William Edwards. Quality, productivity and competitive position. Massachusetts Institute of Technology, 1982, 373p. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionario da língua portuguesa. Coord de ed, de Marina Baird Ferreira. 8. ed. Curitiba: Positivo, 2010, 960 p. GIL, A. Gestão da qualidade empresarial. São Paulo: Altas, 1993. GURGEL, Floriano do Amaral. 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