A História das coisas – 6ª e última parte Transcrevemos neste espaço a continuação do texto do filme “A História das coisas”, 6ª e última parte: Então, no final, o que acontece a todas estas coisas que compramos? Neste ritmo de consumo, não cabe tudo em casa, apesar do tamanho médio das casas ter duplicado neste país desde os anos 70. Vai tudo para o lixo. E isso leva-nos ao Tratamento do lixo. Esta é a parte da economia de materiais que conhecemos melhor, porque nós temos que levar o lixo até a esquina. Cada americano produz 2 kg de lixo por dia, o dobro do que fazíamos há 30 anos. Todo este lixo, ou é despejado num aterro, que é um grande buraco no chão, ou, ainda pior, primeiro é incinerado e depois despejado num aterro. As duas formas poluem o ar, o solo, a água, sem esquecer que alteram o clima. A incineração é realmente ruim. Lembra daqueles tóxicos da fase da produção? Bem, queimar o lixo libera esses tóxicos no ar. Pior ainda, produz super-tóxicos novos, como a dioxina. A dioxina é a substância mais tóxica feita pelo homem, e os incineradores são a principal fonte de dioxinas. Isso significa que podemos parar a principal fonte da mais tóxica substância conhecida e feita pelo homem, simplesmente parando de queimar o lixo. Podemos parar hoje! Algumas empresas não querem criar aterros e incineradores aqui, por isso também exportam os resíduos. Então, e a reciclagem? A reciclagem ajuda? Sim, a reciclagem ajuda. A reciclagem reduz o lixo nesta extremidade, (indicando o Tratamento do lixo) e depois reduz a pressão para minerar e colher mais nesta extremidade. (indicando a matéria prima) Sim, sim, sim, todos devemos reciclar. Mas reciclar não é suficiente. Reciclar nunca será suficiente, por duas razões: Primeiro, o lixo que vem de nossas casas é apenas a ponta do iceberg. Para cada saco de lixo que deixamos na esquina, 70 sacos de lixo são criados anteriormente só para fazer o lixo desse saco que deixamos na esquina. Assim, mesmo que pudéssemos reciclar 100% do lixo das nossas casas, não se chegaria ao coração do problema. Além disso, grande parte do lixo não pode ser reciclado, ou porque contém demasiados tóxicos, ou porque é criado de início para não ser reciclável. Como aquelas caixas de suco que têm camadas de metal, papel e plástico, todas coladas. Não dá para separar essas camadas para reciclá-las. Como se vê, é um sistema em crise. Por todo o percurso, estamos batendo em limites. Do clima em mudança ao decréscimo da felicidade, Simplesmente não está funcionando. Mas a parte boa de um problema tão generalizado é haver tantos pontos de intervenção. Há pessoas trabalhando aqui (indicando o terceiro mundo), salvando florestas, e aqui (indicando a indústria), na produção limpa. Pessoas trabalhando em direitos do trabalho, em comércio justo, em consumo consciente, no bloqueio de aterros e incineradoras. E, muito importante, em recuperar o nosso governo, para que seja realmente pelas pessoas e para as pessoas. Todo este trabalho é criticamente importante, mas as coisas vão realmente começar a se mover quando enxergarmos as ligações, quando enxergarmos o panorama geral. Quando as pessoas ao longo do sistema se unir, podemos reivindicar e transformar este sistema linear em algo novo, um sistema que não desperdice recursos ou pessoas. Porque aquilo de que precisamos nos livrar é da antiga mentalidade de usar e jogar fora. Há uma nova escola de pensamento neste assunto, e é baseada em sustentabilidade e equidade, química verde, zero resíduos, produção em ciclo fechado, energia renovável, economias locais vivas. Já está acontecendo. Há quem diga que é irrealista, idealista, que não pode acontecer. Mas eu digo que quem é irrealista são os que querem continuar pelo velho caminho. Isso é que é sonhar. Lembrem-se que a velha forma não aconteceu por acaso. Não é como a gravidade, com que temos que conviver. As pessoas as criaram, e nós também somos pessoas, por isso vamos criar algo novo!” Contribuição de Diego Coimbra – Membro da diretoria da AIPAN