OS SERES VIVOS: UMA ANÁLISE DA BIODIVERSIDADE ATRAVÉS
DAS AULAS DE CIÊNCIAS
Aldeni Melo de Oliveira 1 - Univates
Solange Murrieta de Oliveira 2 - Gea
Rosinete Borges Lobato 3 - Unifap
Eronilson Mendes de Sousa 4 - Iesla
Alex Bruno Lobato Rodrigues 5 - Unifap
Grupo de Trabalho – Educação e Meio Ambiente
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Neste artigo, são evidenciados resultados de uma observação de algumas espécies de seres
vivos, encontrados nos espaços abertos da Escola e do Laboratório de Ciências, de forma
individual e coletiva da variação entre indivíduos, seu comportamento, interações, dinâmica
populacional, hábitos alimentares, função da cadeia de alimentos e seu nicho ecológico, bem
como os desequilíbrios ambientais. As condições da biodiversidade e sugestões reflexivas de
um melhor entendimento da relação homem/natureza foram realizadas por alunos da 6ª série
do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual do Município de Macapá/AP. O objetivo foi
analisar os diferentes tipos de espécies de seres vivos, contextualizando suas dinâmicas
ambientais e investigações científicas dos processos de ensino e aprendizagem, além de
reconhecer a importância de desenvolver estudos no ensino das Ciências que integram
conhecimentos de vários campos da educação ambiental. Metodologicamente, a investigação
envolveu uma pesquisa qualitativa, um delineamento que investigou atividades pedagógicas e
experimentais em diferentes espaços da escola. Os resultados analisados auxiliaram nas
discussões deste trabalho quanto ao conhecimento empírico e científico que os alunos
construíram durante as averiguações em sala de aula e demais ambientes do referido
educandário. Com essa dinâmica, foi possível verificar um melhor rendimento escolar,
levando à exploração das habilidades e competências dos envolvidos. Ademais, o
desenvolvimento da pesquisa em sala de aula foi uma forma de envolver os alunos e
1
Mestre em Ciências Exatas/UNIVATES. Biólogo/UNIFAP, Esp. em Ciências da Educação. Professor do
Governo do Estado do Amapá. E-mail: [email protected]
2
Graduada em Licenciatura em Letras/UNIFAP, Pós Graduada em Novas Metodologias para o Ensino da
Língua Portuguesa/ FAAT. Professora do Governo do Estado do Amapá. E-mail: [email protected]
3
Graduada em Pedagogia/UNIFAP, Pós Graduada em Mídias na Educação/ UNIFAP. Professora do Município
de Laranjal do Jari/AP. E-mail: [email protected]
4
Mestrando em Ciências da Educação/ Iesla. Bacharelado e Licenciado em Ciências Sociais/UNIFAP, Esp. em
Metodologia do Ensino Religioso e Metodologia do Ensino de Sociologia e Filosofia/Facinter. Professor do
Governo do Estado do Amapá. E-mail: [email protected]
5
Mestrando em Ciências Farmacêuticas/UNIFAP. Químico/UEAP. Esp. em Docência na Educação
Superior/Iesap. Professor da Universidade Federal do Amapá. E-mail: [email protected]
ISSN 2176-1396
16102
professores num processo de questionamento do discurso, das verdades implícitas e explicitas
nas formações discursivas, propiciando, a partir disso, a construção de argumentos que
levassem a uma melhor relação homem e natureza.
Palavras-chave: Aula de Ciências. Biodiversidade. Relação homem e natureza.
Introdução
Neste ano – 2015 -, iniciaram-se os estudos sobre os seres vivos, os quais envolveram
o funcionamento dinâmico dos organismos desde uma célula até o nível mais complexo, bem
como a interação da vida com seu ambiente físico-químico. Os registros no diário de bordo
abrangeram o estudo taxonômico de Lineu dos cinco reinos e dos vírus. Assim, estudar a vida
nas mais variadas escalas permitiu contextualizar a relação que se tem com o meio biótico e
abiótico do qual fazemos parte.
Neste estudo, analisaram-se as espécies de forma individual e coletiva da variação
entre indivíduos, seu comportamento, interações, dinâmica populacional, hábitos alimentares,
função da cadeia alimentar e seu nicho ecológico e também os desequilíbrios ambientais.
Com isso, buscou-se aprimorar o relacionamento com o meio ambiente e, consequentemente,
melhorar o Planeta.
Os organismos vivos, nos quais estão incluídos os animais, plantas, bactérias,
protozoários e fungos, são constituídos pelos mesmos elementos químicos de que são feitos os
oceanos, as rochas e as estrelas. Contudo, distinguem-se dos não vivos, pois são constituídos
de células, todos nascem, crescem, reproduzem-se e, por fim, morrem. Além disso, para
subsistirem, dependem da manutenção das características da temperatura e concentração de
água, que por sua vez têm sofrido grandes mudanças.
A adaptação a eventuais mudanças de ambiente e melhor aproveitamento dos seus
recursos demonstram outra característica marcante dos seres vivos: sua capacidade de
evolução. Ao seguir esta linha de pesquisa, o presente artigo se dispôs a analisar a
importância das relações entre as espécies no ambiente e deste com o homem.
Ciente da existência do grande desequilíbrio ambiental e da necessidade de haver uma
boa relação homem/natureza, nesta pesquisa, propôs-se a seguinte análise: Como alunos da 6ª
série do Ensino Fundamental pode entender a relação homem/ natureza e observar como as
relações das espécies de seres vivos contribuirá para um ambiente melhor e mais equilibrado?
O estudo justificou-se pelo fato de a preservação da diversidade biológica ser benéfica
à humanidade. Um dos argumentos mais utilizados na defesa e preservação da biodiversidade
16103
é o utilitário. A variedade de formas de vida é fonte de alimentos, produtos imprescindíveis à
sobrevivência dos indivíduos. O desenvolvimento de vacinas, antibióticos ou outros
medicamentos depende da existência de diversidade biológica. Embora, atualmente, haja
recursos biológicos que não apresentem aplicabilidade conhecida, deveriam ser conservados
como alternativa para uso futuro. O tratamento para determinada doença hoje incurável
poderá surgir da descoberta de um produto derivado de uma planta atualmente considerada
dispensável.
A diversidade biológica é fonte de inspiração artística, cultural ou científica, outros
motivos pelos quais deveria ser preservada. Sabe-se que o ambiente é importante para os seres
vivos não só pelo espaço necessário à sua sobrevivência e reprodução, mas também às suas
funções vitais, incluindo o seu comportamento através do metabolismo. Por essa razão, o
meio ambiente e a sua qualidade determinam o número de indivíduos e de espécies que
podem viver no mesmo habitat.
As relações entre os seres vivos do ecossistema também influenciam na sua própria
distribuição e abundância. Como exemplos, incluem-se a competição pelo espaço, alimento,
parceiros para a reprodução, predação de organismos por outros, simbiose entre diferentes
espécies que cooperam para a sua mútua sobrevivência, comensalismo, parasitismo e outras.
A pesquisa buscou como objetivo geral analisar os diferentes tipos de espécies de
seres vivos encontrados no espaço aberto da escola e os conservados em formol no laboratório
desta, contextualizando suas dinâmicas ambientais para um melhor relacionamento
homem/natureza. Assim, convergiu com os objetivos específicos:

Valorizar a investigação em educação científica na análise e reflexão dos
processos de ensino e aprendizagem;

Reconhecer a importância de desenvolver investigação em Ensino das Ciências
que integre conhecimentos de vários campos da educação ambiental;

Participar ativamente dos trabalhos em grupo e pesquisas que enriquecerão o
diário de bordo;

Sensibilizar-se da necessidade de recorrer a diferentes fontes de informação para
melhor entender o ambiente.
16104
Referencial Teórico
Lewinsohn e Prado (2005) avaliaram que o Brasil possuía entre 170 mil e 210 mil
espécies biológicas conhecidas, equivalente a cerca de 10% da biota mundial já pesquisada.
Os mesmos autores delinearam que o número total de espécies biológicas brasileiras era da
ordem de 1,8 milhão de espécies no ano de 2005. Esses dados dão uma ideia do gigantesco
desafio a ser enfrentado pelos pesquisadores da área quanto á caracterização, conservação,
restauração e uso sustentável que a biodiversidade compreende. Morin e Kern (2002)
convergem seus pensamentos com a preocupação de Lewinsohn e Prado (2005) quando
afirmam que:
A terra é uma totalidade complexa física/biológica/antropológica, na qual a vida é
uma emergência da história da terra e o homem uma emergência da história da vida
– terrestre. A relação do homem com a natureza não pode ser concebida de forma
redutora nem de forma separada. A humanidade é uma entidade planetária e
biosférica. O ser humano, ao mesmo tempo natural e sobre-natural, tem sua origem
na natureza viva e física, mas emerge dela e se distingue pela cultura, o pensamento
e a consciência (MORIN; KERN, 2002, p. 158).
Freire (2003) discursa suas análises sobre a natureza nesse mesmo sentido ao atestar
que
A natureza, da qual dizemos ter os seus mistérios. Ela é misteriosa ou nossa
ignorância ou vontade de destruí-la por ganâncias econômicas é que nos faz
dizermos, muitas vezes, ser ela hermética, fechada em si mesma, ameaçadora,
enigmática... há a necessidade e a sabedoria de tornarmos respeitosa a nossa relação
com a natureza. Precisamos entender que somos tão-somente um dos seus milhares
de seres que, certamente, se diferencia dos outros seres dela, simplesmente porque
temos a faculdade de saber e de saber que sabemos e que podemos saber mais, como
tão ludicamente insistiu Paulo Freire (FREIRE, 2003, p.13).
O desperdício e o esplendor do mundo “civilizado” vêm se sobrepondo aos valores e
senso de preservação. Esta envolve não apenas recursos naturais, mas culturas das diferentes
sociedades que já existiram e das que ainda se fazem presentes com suas especificidades e
riquezas. Cabe, portanto, à “consciência” do homem, seja ele estudante, cidadão com
conhecimento empírico ou pesquisador, propor ações à sociedade, auxiliando-a na
preservação da natureza, pois, ao agredi-la, o indivíduo danifica a si mesmo e ao próximo,
haja vista dela fazerem parte.
O uso indiscriminado de tecnologias predatórias tem aumentado a apreensão de parte
da sociedade com a destruição do Planeta, tornando impossível ignorar a necessidade de
análises da relação homem/natureza. A preocupação com o meio ambiente foi o motivo pelo
16105
qual considerou-se a analogia dos seres vivos nas aulas de Ciências. Ademais, para Moraes e
Lima (2004),
A pesquisa em sala de aula é uma das maneiras de envolver os sujeitos, alunos e
professores, num processo de questionamento do discurso, das verdades implícitas e
explicitas nas formações discursivas, propiciando a partir disso a construção de
argumentos que levem a novas verdades. A pesquisa em sala de aula pode
representar um dos modos de influir no fluxo do rio. Envolver-se nesse processo
é acreditar que a realidade não é pronta, mas que se constitui a partir de uma
construção humana (MORAES; LIMA, 2004, p. 10, grifos nossos).
De acordo com Moraes e Lima (2004), a pesquisa em sala de aula é o momento da
criação propriamente dita. Esta envolve a geração e análise de argumentos, consulta de obras,
contato com pessoas, realização de atividades experimentais. Além disso, incluem-se a
avaliação e a interpretação de diferentes ideias e pontos de vista, para, finalmente, expressar
os resultados em forma de uma produção, geralmente escrita.
Logo, necessita-se de pessoas com discernimento, ou seja, seres atentos nos problemas
mundiais e que busquem solucioná-los com estudo, pesquisa e análise, evitando, assim, que
continuem se fazendo presentes com tamanha intensidade. Para Morin e Kern (2002),
precisamos de um pensamento para operar com a multimensionalidade das realidades e
reconhecer o jogo das interações e retroações.
Metodologia
O estudo foi realizado em uma turma de 6ª série do Ensino Fundamental da Escola
Estadual Irmã Santina Rioli, município de Macapá-AP, no período de março a junho de 2015.
A faixa etária da turma era de 11 a 14 anos e, visando à ética e ao sigilo, preservou-se o nome
dos participantes.
Caráter da Pesquisa
Os resultados da investigação foram analisados segundo critérios da pesquisa
qualitativa, verificando, assim, de que forma os conteúdos do componente curricular de
Ciências poderiam contribuir para um aprendizado significativo durante as atividades
escolares de alunos de 6ª série do Ensino Fundamental. O papel de aluno/pesquisador foi de
grande valia para interpretar as pesquisas realizadas durante as aulas de Ciências.
16106
Instrumento de Coleta de Dados
A coleta de dados ocorreu por meio de um questionário estruturado, o qual foi
aplicado aos alunos da 6ª série da Escola Estadual Irmã Santina Rioli. O fato contou com a
assinatura do TCLE6 dos responsáveis para indagar e realizar discussões sobre os seres vivos
e a relação destes com o homem.
Para analisar os conteúdos curriculares em Ciências, realizaram-se atividades
experimentais com auxilio do autolabor7 no Laboratório de Ciências e em diversos ambientes
da escola. Cada grupo utilizou um diário de bordo para registrar as atividades, inclusive
mapas conceituais, com o objetivo de observar o entendimento de seus componentes e,
posteriormente, os resultados obtidos. Portanto, consideraram-se as condições de participação
ativa dos discentes visando a um melhor instrumento na coleta de dados. Dessa forma, a
turma obteve concepções antes, durante e após cada aula de Ciências.
Nas salas ambientes, como LIED8, biblioteca, sala de leitura e multimídia, realizaramse atividades experimentais objetivando a participação ativa dos alunos no processo de ensino
e aprendizagem. Nessa perspectiva, visava-se proporcionar um aprendizado significativo e
apresentar as competências nas aulas de Ciências para construir o conhecimento e
questionamentos sobre a necessidade de contextualizar a relação homem/natureza.
Nesse processo, usou-se o diário de bordo como ferramenta metodológica para
registrar toda ação dos alunos/pesquisadores, analisando as dificuldades, os progressos, as
reflexões e os avanços do grupo a partir de suas investigações nas aulas de Ciências. Cabe
destacar que a turma demonstrou inquietação ao iniciar a pesquisa comportamental com os
seres vivos, sendo, posteriormente, substituída por um melhor entendimento de nossa relação
com a biodiversidade. Primeiramente, realizaram-se estudos morfológicos, o que permitiu aos
estudantes um direcionamento reflexivo sobre as afinidades necessárias com o ambiente
biótico e abiótico.
A pesquisa comportamental com animais foi um elemento importante que contribuiu
para a compreensão do comportamento humano - aqui denominado de o lado humano do
comportamento animal. Esse projeto de pesquisa examina as origens da comparação do
comportamento humano com o dos animais, as maneiras como tais comparações são descritas
6
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Laboratório móvel
8
Laboratório de Informática Educativa
7
16107
e considerações que surgem de observações dos estudos fisiológicos e morfológicos de
animais conservados no formol.
Resultados e Discussões
De acordo com Pozo e Crespo (2009), os alunos, frequentemente, não conseguem
adquirir as habilidades e competências9 necessárias, seja para organizar um gráfico a partir de
alguns dados ou observar corretamente através de um microscópio. Além disso, há ocasiões
em que, embora demonstrem aptidão ao desenvolverem determinada atividade, são incapazes
de explicá-la e /ou aplicá-la em novas situações.
O fato é que os professores esperam que seus alunos aprendam e, para comprovar se
isso ocorreu, geralmente, aplicam uma avaliação. O problema é que, muitas vezes, esse
aprendizado se dilui ou se torna rapidamente difuso no momento em que o estudante é
solicitado a explicá-lo e /ou aplicá-lo em uma nova situação. Em vista disso, este projeto de
pesquisa analisou situações ocorridas nas aulas de Ciências com o intuito de promover
discussões sobre a relação homem/natureza.
Após as discussões na sala de aula, realizaram-se fóruns pelas redes sociais. Para
debater os temas propostos, os alunos produziram textos, colocaram fotos, além de expor
inquietações e reflexões ao dar início aos debates via internet e na própria sala de aula. O
registro dos materiais no diário de bordo serviu de instrumento metodológico para averiguar
os (re) conhecimentos construídos ao longo deste projeto de pesquisa visando à introdução da
alfabetização científica (Chassot, 2011) da turma.
O momento de discussões foi essencial para o alcance dos objetivos pretendidos no
que se refere à análise morfológica e fisiológica das diferentes espécies de seres vivos
encontradas no entorno da escola pesquisada. Ademais, a contextualização das dinâmicas
ambientais e seus nichos ecológicos visando a um melhor relacionamento homem/natureza
despertou a sensibilidade e a necessidade de se recorrer a diferentes fontes de informação para
melhor entender o meio ambiente e este com o social. A Figura 1 apresenta uma parte da
pesquisa classificada como “Projeto: mundo invisível”.
9
De acordo com Demo (2003), é a capacidade de reconstruir diariamente as indagações
16108
Figura 1 – Pesquisa dos seres invertebrados – “Projeto: mundo invisível”
Fonte: Os autores
A construção de comparações do comportamento humano com o de animais pode ser
estruturada com base na distinção de Skinner (1957) entre as formas metafóricas e genéricas
do tato estendido. Tanto a comparação sistemática quanto a ordinária do comportamento
humano e animal são congruentes com a abordagem do tato estendido pelo citado autor. Ao
final da proposta, ele concluiu que, com essa metodologia de projeto de pesquisa, é possível
dirigir um olhar mais ecológico ao meio ambiente.
As indagações continuaram no que dizia respeito à necessidade de melhor entender a
relação homem/natureza. Ainda, nas discussões deste projeto de pesquisa, aplicou-se um
questionário a duas turmas de 6ª série mediante o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido assinado pelos pais e/ou responsáveis. A aplicação ocorreu no turno da tarde, na
Escola Estadual Irmã Santina Rioli, localizada em Macapá/AP. A idade dos alunos
entrevistados variava de 11 a 14 anos, sendo 41% meninos e 59% meninas.
Ao serem questionados se conheciam algum tipo de projeto que envolvesse
conscientização e/ou sensibilização em relação aos seres vivos, 79% dos alunos responderam
não e 21%, sim. Já 93 % afirmaram que possuíam um animal de estimação; 7% disseram não
e que jamais teriam.
Quanto à pergunta “Em sua opinião, qual a importância de analisar a relação
homem/natureza em um projeto na escola?”, os entrevistados afirmaram:
 Melhorar o entendimento sobre a relação homem/natureza;
 Ser muito importante, pois muitas pessoas gostam de maltratar os animais;
 Saírem da ignorância e preconceitos, assim valorizando as árvores como seres
vivos que sempre foram e não é dado este valor a elas;
16109
 Visão dos grandes prejuízos que a natureza vem sofrendo;
 Conhecer as diferenças e respeitar as diferenças;
 Cuidar da natureza;
 Respeitar o próximo.
Na pesquisa aplicada, também se indagou sobre a relevância de estudar a relação
homem/natureza nas aulas de Ciências. Nesse momento, os alunos realizaram suas primeiras
autoavaliações e expuseram suas apreciações atestando que:
 As aulas de Ciências proporcionaram uma nova visão sobre a importância de
estudar a relação homem/natureza, com relevância em conhecer e analisar o
projeto no cotidiano;
 Nas aulas de Ciências, tiveram oportunidade de ter atividades experimentais e,
com isso, melhorou o entendimento da relação homem/natureza;
 Foi possível levar este questionamento para outros componentes curriculares;
 Aprender que precisam deixar um mundo igual, ou melhor, às novas gerações e
melhorou o relacionamento com seus familiares;
 Deixar mais as tecnologias de lado e ter mais contado com o meio ambiente.
Levando-se em conta que o ser vivo é essencial à natureza e, ao mesmo tempo,
ocorrido inúmeras mortes de várias espécies e grande desmatamento, interrogou-se: O que
você faria hoje para ajudar a resolver e ou/ amenizar esta problemática? As respostas foram as
seguintes:
 Faria uma campanha da importância do meio ambiente ao homem;
 Dialogava com as pessoas na escola e no bairro;
 Mais projetos ambientais nas escolas;
 Não tocaria fogo na natureza e criaria um “santuário” para os animais;
 Usaria as redes sociais para fazer alerta e denúncia e criação de ONGs;
 Distribuiria mais mudas na cidade.
Finalizando a entrevista, solicitaram-se aos alunos dois termos que, segundo eles, se
associassem positivamente à imagem da relação homem/natureza. As palavras e expressões
mais lembradas foram: respeito, conhecimento, árvores inteiras, animais vivos, vida,
convivência, carinho, moradia, aprender, preservar, amor e equilíbrio.
Em seguida, propuseram-se aos mesmos alunos a citação de duas palavras que, para
eles, tivessem uma conotação negativa quanto à relação homem/natureza. Morte, maltratar,
desmatamento, fogo, atropelar e ignorância foram as que mereceram destaque.
16110
Nesse sentido, confirmou-se a anuência dos entrevistados em melhorar a relação que
vem ocorrendo entre o meio ambiente e o social. Além disso, declararam haver a necessidade
de projetos educacionais mais adequados para apresentar dados sobre o meio ambiente e a
conscientização de que o Planeta Terra precisa de maiores cuidados. Mas, para que isso
ocorra, a sensibilização é imprescindível.
Mapa conceitual
A Figura 2 apresenta a proposta da construção de um mapa conceitual, como
ferramenta metodológica para analisar os (re) conhecimentos dos alunos da 6ª série do Ensino
Fundamental.
Figura 2 – Ideias conceituais sobre análise da relação homem/natureza
Fonte: Os autores
A criação do mapa conceitual teve como objetivo uma análise da alfabetização
científica (Chassot, 2011) sobre a investigação do processo ensino e aprendizagem dos
envolvidos no que diz respeito às inquietações averiguadas sobre a relação homem/natureza.
16111
Considerações Finais
A relação sociedade/natureza é uma forma de materialização do modo de produção.
No entanto, essa relação necessita ser modificada e não simplesmente a maneira de produzir.
Por outro lado, é preciso desenvolver formas de apropriação que considerem o ecossistema ou
ambiente um todo. Sabe-se que a biodiversidade resulta de milhões de anos de evolução
biológica e é o componente do sistema de suporte à vida de nosso Planeta. O valor intrínseco
das espécies e o conjunto de interações entre elas e as com o meio físico-químico resultam em
serviços ecossistêmicos imprescindíveis para manter a vida na Terra.
A perda de biodiversidade e as mudanças climáticas são os principais desafios que a
humanidade terá que enfrentar para impedir o colapso da civilização atual. Ela é elementochave nas dinâmicas que garantem serviços ecossistêmicos essenciais para o bem-estar
humano. Entre outros, destacam-se a purificação da água e do ar, regulação climática,
controle biológico de pragas e doenças e os benefícios sociais ligados aos valores espirituais,
estéticos, recreativos e o sentimento de pertencer a um lugar.
Obviamente, esses processos ocorrem não apenas onde a biodiversidade é protegida,
mas também em outros ambientes modificados pela ação humana, como as cidades e nossas
casas. Bens essenciais, como os alimentos, fármacos, fibras e energia também são produtos da
biodiversidade. Os alimentos, em especial, dependem de plantas e animais domesticados têm
nelas a fonte de novas variedades.
Até hoje, os estudos têm demonstrado que a biodiversidade é importante à velocidade
dos processos do ecossistema e ao funcionamento deste – pelo menos em escalas espaciais
relativamente pequenas e por curtos períodos de tempo.
Assim, a análise deste projeto sobre a importância de uma boa relação
homem/natureza nas aulas de Ciências apresentou o desafio para os estudos futuros: expandir
em espaço, tempo e complexidade de forma que os resultados obtidos sejam mais relevantes
aos sistemas naturais. Atualmente, o valor da biodiversidade para o funcionamento dos
ecossistemas é um dos assuntos que têm despertado maior interesse à ecologia, haja vista que
a perda vem ameaçando seriamente os serviços que um bom funcionamento dos ecossistemas
deveria prestar à humanidade. Vale relembrar que preservar a biodiversidade também pode
nos ajudar a proteger e salvaguardar a humanidade.
16112
REFERÊNCIAS
CHASSOT, Attico. Alfabetização científica. 5ªEd. Rio Grande do Sul: Editora Unijuí, 2011.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 6ª Ed. São Paulo: Autores Associados Ltda, 2003.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia - saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 2003.
LEWINSOHN, T. M. e PRADO, P. I. "How Many Species Are There in Brazil?",
in Conservation Biology 19, 2005.
MORAES, Roque; LIMA, Valderez. Pesquisa em sala de aula: Tendências para a educação
em novos tempos. 2ª Ed. Porto Alegre: Edipucrs. 2004.
MORIN, Edgar; KERN, Anne. Terra Pátria. Porto Alegre: Sulina, 2002.
POZO, Juan; CRESPO, Miguel. A aprendizagem e o ensino de Ciências: do conhecimento
cotidiano ao conhecimento científico ao 5ª Ed. – Porto Alegre: Artmed, p. 17 e 18, 2009.
SKINNER, B. F. Verbal Behavior. New York: Applenton-Century-Crofts, 1957.
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