Influência da Desrama Artificial sobre o Crescimento e a Densidade
Básica da Madeira de Pinus elliottii var. elliottii1
1º Curso em Treinamento sobre Poda em Espécies Arbóreas Florestais e de Arborização Urbana
Ricardo Gaeta Montagna*
Plínio de Souza Fernandes*
Finê Thomaz Rocha*
Sandara monteiro Borges Florsheim*
Hilton Thadeu Zarate do Couto**
INTRODUÇÃO
Grandes áreas foram plantadas no Brasil com espécies florestais, em especial com o
gênero Pinus, aproveitando-se dos benefícios fiscais do Imposto de Renda, para atender à
demanda de madeira para a indústria de celulose e papel e, em rotações mais longas, à de
madeira processada mecanicamente.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, em
1986 a área plantada com esse gênero, através de incentivos fiscais, nas regiões sul e
sudeste, totalizava 1,7 milhões de hectares, dos quais 400 mil localizados no Estado de São
Paulo (AZEREDO, 1988).
A madeira dessa conífera pode apresentar problemas quanto à qualidade. Um
defeito comum é a presença de nós que a depreciam, restringindo seu aproveitamento para
fins mais nobres e mais bem remunerados, isto é, para serraria e laminação.
O nó diminui a maioria das propriedades mecânicas em virtude de a madeira limpa
ser substituída pelo nó, as fibras ao redor do nó por serem distorcidas causam grã
transversal e a descontinuidade das fibras levam a concentração de tensões, assim como,
freqüentemente, ocorrem fendas nos nós durante a secagem (PONCE,1984).
A madeira clara, sem nó, pode ser obtida artificialmente através da desrama. A
retirada tanto dos ramos secos como dos ramos verdes deve ser executada de maneira tal
que os ramos a serem removidos o sejam totalmente, isto é, sem deixar cotos, que pela
posterior atividade cambial venham a ser recobertos pelo lenho e dar origem a nós. É
interessante o início da desrama em plantações jovens, porque, sendo mais finos os galhos
removidos, a cicatrização será mais rápida.
A desrama artificial influencia o crescimento das árvores, sendo que o diâmetro é
mais afetado que a altura. A remoção dos galhos até 40% da altura de uma árvore pode ser
realizada sem nenhum efeito sobre o crescimento em altura ou em diâmetro. Acima deste
limite o diâmetro passa a ser afetado, enquanto a altura só o será quando for atingido o
nível de 60% (ROBINSON, 1965).
BENNET (1955), ao analisar o efeito da desrama em Pinus elliottii, concluiu que a
remoção de 50% ou mais da copa viva reduziu o crescimento em diâmetro das árvores e
que ficava evidente que a redução da copa tinha pequeno ou nenhum efeito para a altura.
MONTAGNA et alii (1976), trabalhando com Pinus elliottii var. elliottii de 9 anos
de idade, constataram que a desrama de até 45% da altura total das árvores, executada na
idade de 6 anos, não afetou o crescimento do povoamento em diâmetro (medido a 1 ,30m
1
Artigo publicado na Série Técnica IPEF – Piracicaba 9 (27): 35-46 ago/1993.
Instituto Florestal – Caixa Postal 1322 – 01059-970 – São Paulo - SP
**
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/Departamento de Ciências Florestais – Caixa Postal 9 –
13400-970 – Piracicaba, SP.
*
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de altura) e a desrama de 60 e 75% apresentou esse diâmetro inferior. O mesmo foi
constatado por CAMPOS et alii (1984) com desrama de até 50% e de 75% em P. taeda
com 15 anos da instalação do ensaio.
Segundo citações de FONSECA (1979), a desrama apresenta efeitos benéficos sobre
a forma das árvores, tomando-as mais cilíndricas e aumentando a densidade da madeira.
A conicidade, diminuição do diâmetro do tronco da base para a copa e
principalmente a tortuosidade, são fatores extremamente importantes no processamento em
serraria e laminação. O rendimento e a qualidade são drasticamente afetados (PONCE,
1984), como observado por ASSINI et alii (1984) que, analisando a relação entre madeira
roliça e serrada de dois lotes, verificaram que o menor rendimento obtido em um deles
poderia ser atribuído à maior conicidade das toras, resultando na retirada de maior volume
de costaneiras.
Explicando o efeito da desrama sobre a conicidade, KOSLOWSKI (1971) salienta
que o crescimento cambial na base do tronco e os acréscimos do xilema após a desrama
começam a se concentrar na região não desgalhada. Assim, a desrama tende a reduzir a
conicidade dos troncos, mas seus efeitos dependerão sempre da severidade com que é
aplicada e das características das copas das árvores selecionadas. Tal afirmativa é reforçada
por Larson, citado por KAGEY AMA & FONSECA (1979) com base numa extensiva
revisão bibliográfica. Entretanto, CAMPOS et alH (1984), analisando parâmetro
semelhante, em pesquisa com Pinus taeda, ao avaliar a variação do fator de forma do
tronco com a intensidade de desrama e posição sociológica das árvores desramadas,
concluíram que não houve diferença de forma entre as árvores submetidas aos diferentes
níveis de desrama e nem entre as árvores situadas em diferentes posições sociológicas.
Quanto à densidade básica, há evidência que mostram que a redução do tecido
fotossintético, pela poda dos ramos vivos da copa, causa uma redução na produção de lenho
inicial na madeira formada no tronco, influenciando assim os seus valores (ELLIOTT,
1970).
Dentre os parâmetros de qualidade sobressai-se a densidade, que pode ser utilizada
como índice seguro para avaliar o tipo de madeira produzida face às suas correlações com
as diferentes propriedades físico-mecânicas (BRASIL et alii, 1982).
A operação de desrama é plenamente justificada, quer do ponto de vista econômico,
quer do ponto de vista de segurança contra incêndios (BUCH, 1987).
As espécies do gênero Pinus introduzidas com êxito e plantadas no Brasil em escala
econômica não apresentam desrama natural, a não ser com a interferência do silvicultor.
No presente trabalho estudou-se o efeito da desrama artificial sobre o crescimento, a
forma de tronco e a densidade básica da madeira das árvores submetidas a diferentes níveis
de poda dos ramos.
Outro objetivo do trabalho relaciona-se com a produção de madeira isenta de nós.
Entretanto, tais considerações ocorrerão por ocasião do corte final do experimento, previsto
aos 25 anos de idade.
MATERIAL E MÉTODO
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Material - Utilizou-se a espécie Pinus elliottii Engl. Var. elliottii de povoamentos
pertencentes à Estação Experimental de Itapetininga - Instituto Florestal, plantados em
março de 1966 no espaçamento de 1,5 x 1,5m.
Método - Em outubro de 1971, com 5 anos e 7 meses submeteu-se o povoamento
experimental a um desbaste onde foram deixadas 455 árvores/ha. Após um ano do desbaste
executou-se a remoção tanto dos galhos secos como verdes, em 5 diferentes níveis em
relação à altura total das árvores.
Em dezembro de 1978, aos 12 anos e 9 meses, submeteram-se as árvores à nova
desrama, em complemento à anterior, para que os índices retomassem aos níveis originais
face à nova altura total das árvores.
Foram utilizados 6 tratamentos com quatro repetições a saber:
1. testemunha (sem desrama artificial);
2. desrama até 15% da altura total da árvore;
3. desrama até 30% da altura total da árvore;
4. desrama até 45% da altura total da árvore;
5. desrama até 60% da altura total da árvore;
6. desrama até 75% da altura total da árvore;
Cada parcela possuía 220m2 de área, onde até 1978 foram determinados anualmente
o diâmetro e a altura das árvores. As mesmas determinações foram realizadas também em
1982 e 1987.
Aos 15 anos de execução da poda inicial, foram selecionadas 5 árvores por nível de
tratamento cujo diâmetro a 1,30 m de altura (DAP) representasse a média de cada
tratamento. Após o abate, de cada árvore selecionada foram seccionadas três toras a partir
da base com 3 metros cada. O restante da árvore foi seccionado em toretes de segmento de
1 m cada até o diâmetro comercial de 8 em com casca. De cada segmento seccionado foram
retirados discos de 3 em de espessura, sendo que da primeira tora retirou-se mais um ao
nível do DAP e um da sua base, para estudos de densidade básica da madeira em
laboratório.
Os discos devidamente identificados, hermeticamente acondicionados em sacos
plásticos, foram transportados rapidamente para o laboratório e armazenados imersos em
água até o início das determinações.
- Densidade básica
A densidade básica foi determinada pelo método preconizado pelo FOREST
PRODUCTS LABORATORY - MADISON (1956).
- Conicidade
Efetuaram-se medições de comprimento e diâmetro nas 3 primeiras toras para todas
as árvores amostradas. Pode-se assim determinar a conicidade pela relação:
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C=
D-d
L
Onde: C = conicidade, em cm/m;
D = diâmetro maior da tora, em cm;
d = diâmetro menor da tora, em cm;
L = comprimento da tora, em m.
Fator de forma
No cálculo do fator de forma, empregou-se a definição dada por GOMES (1957),
como a relação entre o volume de um modelo dendrométrico que se identifica à forma da
árvore considerada (volume real) e o de um cilindro. O volume real foi determinado pela
fórmula de Smalian conforme descrito por CAMPOS (1970).
Análise de Regressão
Para o estudo do relacionamento entre os tratamentos de desrama e os parâmetros
analisados (altura total, DAP, fator de forma com e sem ela, conicidade, densidade básica)
efetuou-se a análise de regressão linear simples, quadrática e logarítmica. A seleção da
regressão que melhor expressa o relacionamento, foi baseado em dois critérios:
significância do Teste "F" e valor do coeficiente de determinação (R2).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Altura
A análise de variância dos modelos de regressão que relacionam níveis de desrama
com a altura média das árvores do experimento não mostram diferenças significativas, aon
a ano, no período de 1972 a 1978, para os modelo linear simples, quadrático e logarítmico.
Entretanto, para as alturas obtidas nos anos de 1982 e 1987, a análise de variância pelo
modelo quadrático apresentou valores do Teste “F” significativos, conforme os dados da
TABELA 1.
TABELA 1 – Valores dos coeficientes de determinação (R2) para os relacionamentos
obtidos entre as alturas médias e os tratamentos de desrama, em diferentes anos de
avaliação, para o modelo quadrático.
R2
*
ANO DE AVALIAÇÃO
72
73
74
75
76
77
78
82
87
0.0157 0.0203 0.1560 0.1280 0.1437 0.1568 0.2100 0.3658** 0.3108**
significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste “F”
significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo Teste “F”
**
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Para o ano de 1982, quando o valor de R2 foi significativo ao nível de 1%, a
equação encontrada para expressar o relacionamento entre a altura média e intensidade de
desrama foi:
Altura Média = 17,470536 + 0.023096 Desr – 0,000381 Desr2
A FIGURA 1 ilustra a interferência dos diversos níveis de desrama no crescimento
médio das árvores.
Os valores médios de altura nos vários tratamentos são apresentados na TABELA 2.
TABELA 2 – Valores médios de altura (m) nos vários tratamentos nos anos de observação.
Tratamentos
0
15
30
45
60
75
Médias
72
8,08
8,29
8,19
8,31
8,12
8,37
8,22
Anos em que ocorreram as observações
77
82
14,10
17,50
14,37
17,74
14,22
17,66
14,45
17,83
14,08
17,56
13,84
17,00
14,18
17,54
87
19,05
19,24
19,45
19,42
18,82
18,66
19,10
FIGURA 1 – Evolução da altura média para os diferentes tratamentos de desrama, obtidos
de 5 em 5 anos após a primeira desrama.
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De acordo com os dados da TABELA 1, observa-se que a desrama efetuada em
1972 não interferiu de forma significativa no crescimento em altura das árvores. Entretanto,
após a desrama complementar efetuada em 1978, observa-se pelos dados coletados em
1982 e 1987, significativa interferência, com menores crescimentos em altura determinados
por maiores intensidades de copa viva removida.
A FIGURA 1 ilustra leve tendência de interferência do nível de desrama no
crescimento em altura das árvores, nos níveis de 60 a 75% de desrama em 1977, que
entretanto se salienta após a segunda desrama, complementar, efetuada em 1978. Os
resultados obtidos até 1977 concordam com BENNET (1955), KRAMER & KOZLOWSKI
(1972), ROBINSON (1965), FIELDING (1965) e outros, que observaram uma não
interferência significativa dos tratamentos de desrama no crescimento em altura das árvores.
O fato de os níveis mais severos de desrama afetarem significativamente o
crescimento em altura somente após a segunda desrama em 1978, pode ser devido ao fato
das árvores já estarem num estágio fisiológico mais sensível à redução da copa viva, De
qualquer forma, de acordo com os dados obtidos, observa-se que há uma tendência à
recuperação dos efeitos da severidade da desrama com o passar do tempo.
Entretanto, para efeito prático, é desprezível o efeito da desrama em altura nas
intensidades praticadas.
Diâmetro
A análise de variância dos modelos de regressão que relacionam níveis de desrama
com o diâmetro médio a 1.30m de altura (DAP) das árvores do experimento, indica
diferenças significativas ao nível de 1% para os modelos de regressão linear simples e
quadrática somente a partir de 1974, mantendo-se com o mesmo nível de significância em
todos os anos a partir de então. Como maiores valores dos coeficientes de determinação (R2)
indicam um melhor relacionamento entre variáveis, o modelo de regressão quadrática é
aquele que melhor expressa o relacionamento entre DAP e níveis de intensidade de
desrama, conforme indicam os dados da TABELA 3.
TABELA 3 - Valores do coeficiente de determinação (R2) para os relacionamentos obtidos
entre os DAPs médios e os tratamentos de desrama, para os modelos de regressão linear
simples e quadrática, nos diferentes anos de observação.
Valores de R2
1976
1977
1978
1982
1987
0,5114** 0,4997** 0,3465** 0,5070** 0,3533**
Regressão
Linear
simples
1973
1974
1975
0,0215 0,3117** 0,4992**
Quadrática
0,0231 0,3892** 0,6144** 0,6120** 0,6715** 0,4465** 0,7085** 0,5571**
**
significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste “F”.
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Para o ano de 1987, na última avaliação efetuada, quando o povoamento estava com
21 anos de idade, a equação encontrada para expressar o relacionamento DAP médio e
intensidade de desrama foi:
DAP médio = 28,798162 + 0,050192 Desr - 0,001088 Desr2
Através de evolução dos R2, da TABELA 3, observa-se que há nítida tendência de
aumento da diferença de DAPs médíos, por efeito dos tratamentos de desrama, com o
passar do tempo. A FIGURA 2 ilustra o efeito dos tratamentos de desrama na evolução
diamétrica das árvores.
A TABELA 4 apresenta os valores de DAPs médios para os diferentes tratamentos
nos anos de 1972, 1977, 1982 e 1987.
TABELA 4 – Valores médios de DAP (cm) nos vários tratamentos nos anos de observação.
Tratamentos
0
15
30
45
60
75
Médias
72
13,85
14,33
14,28
13,88
14,24
14,48
14,17
Anos em que ocorreram as observações
77
82
22,75
26,43
23,23
26,75
23,30
26,88
22,28
25,98
21,78
25,13
20,08
23,34
22,23
25,75
87
29,05
29,28
29,30
28,83
28,40
26,19
28,51
Os efeitos da desrama no crescimento diamétrico das árvores irão interferir
naturalmente, em mesma intensidade, na produção volumétrica da madeira. Esse é um
aspecto a ser considerado por ocasião do estabelecimento do porcentual de desrama a ser
praticado pelo silvicultor. Assim, uma desrama mais severa sem dúvida conduzirá a uma
maior proporção de madeira limpa ou isenta de nós, mas, com uma significativa queda
volumétrica.
Os dados obtidos no presente trabalho indicam que um porcentual de desrama
situado entre 45 e 60% é a faixa mais indicada, por conciliar os dois aspectos principais do
problema: produção volumétrica total versus proporção de madeira isenta de nós.
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FIGURA 2 - Evolução dos DAPs médios para os diferentes tratamentos de desrama nos
respectivos anos de avaliação.
Através da FIGURA 2 observa-se que a significância da resposta dos tratamentos no
crescimento diamétrico das árvores ocorre a partir de 60% de desrama.
Conicidade
A análise de variância dos modelos de regressão que relacionam os níveis de
desrama com a conicidade de cada tora sem casca, obtidas das árvores do experimento,
apresentou os maiores valores do coeficiente de determinação (R2) para regressão
quadrática.
Os coeficientes de determinação (R2) para a regressão quadrática, obtidos a partir
dos dados de conicidade coletados em 1987 constam na TABELA 5.
TABELA 5 - Valores dos coeficientes de determinação (R2) para conicidade de cada tora e
os tratamentos de desrama para o modelo de regressão quadrática.
TORAS
R2
*
T1
(0 – 3m)
0.1277*
T2
(3 – 6 m)
0.0526
T3
(6 – 9 m)
0,0491
Ttotal
(0 – 9 m)
0,2115**
significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste "F".
significativa ao nível de 1 % de probabilidade pelo teste "F"
**
Observa-se pela TABELA 5 que a correlação entre conicidade e os tratamentos de
desrama é significativo somente na base da árvore (T,). Entretanto, quando se considera a
tora de O a 9m (Ttotal) essa correlação já é significativa ao nível de 1%. Isto vale dizer que
os níveis de desrama afetam com maior intensidade a base da árvore, concordando, assim,
com as conclusões de WAKELEY (1954) e Young e Kramer, citados por KRAMER &
KOSLOWSKI (1972). Dessa forma, a desrama tende a formar toras basais mais cilíndricas,
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o que naturalmente conduzirá a um maior índice de aproveitamento por ocasião do seu
processamento.
Os dados obtidos e dispostos na FIGURA 3 permitem melhor discussão do
problema. Assim, podese afirmar que as toras das árvores diminuem sua conicidade com o
aumento da intensidade de desrama, se não levarmos em conta a coluna referente ao
tratamento testemunha (sem desrama). Nesse tratamento, a calosidade que envolve o
remanescente dos galhos super-estimou os valores dos diâmetros obtidos, o que
naturalmente conduziu a menores valores de conicidade. Sugere-se que para estudos dessa
natureza a tomada de diâmetros seja efetuada nos intemódios e não à distâncias fixas, como
foi realizado.
Fator de Forma
A análise da variância dos modelos de regressão que relacionam níveis de desrama
com o fator de forma apresentou os maiores valores do coeficiente de determinação (R2)
para a regressão linear simples.
Os coeficientes de determinação (R2) para a regressão linear simples, obtidos a
partir dos dados de fator de forma com casca e sem ela, coletados em 1987, constam na
TABELA 6.
TABELA 6 - Valores dos coeficientes de determinação (R2) para o fator de forma com e
sem casca e os tratamentos de desrama para o modelo de regressão linear simples.
FATOR DE FORMA
R2
*
COM CASCA
0,0892*
SEM CASCA
0,1492**
significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste "F".
significativa ao nível de 1 % de probabilidade pelo teste "F"
**
FIGURA 3 – Variação da conicidade das toras em função do nível de desrama.
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Observa-se, pela TABELA 6, uma correlação significativa entre os fatores de forma
e os tratamentos de desrama. Entretanto, os valores de R2 são baixos, indicando que esse
relacionamento é por pontos dispersos e não definidos numa reta ou curva. Ainda pela
TABELA 6 constata-se que o relacionamento do fator de forma sem casca é mais sensível
aos tratamentos de desrama do que o fator de forma com casca. Entretanto, CAMPOS et
alii (1984), trabalhando com Pinus taeda, Observou que não houve diferença de forma
entre as árvores submetidas aos diferentes níveis de desrama, talvez devido a condições de
manejo diferentes das do presente trabalho.
A FIGURA 4 ilustra a variação do fator de forma das árvores em função da desrama.
Da mesma forma que para conicidade, observa-se que a coluna referente à testemunha
apresenta os maiores valores para o fator de forma. Isso foi devido à tomada dos diâmetros
a alturas pré-estabelecidas, o que permitiu que as calosidades que envolvem os
remanescentes dos galhos salientassem a expressão dia métrica dos toretes.
Assim, pode-se concluir que houve uma tendência de aumento do fator de forma por
efeito do aumento de intensidade de desrama.
Densidade
A análise de regressão aplicada aos valores obtidos de desrama e densidade média
nas diferentes alturas de fuste (0,30; 3; 6; 9; 12 e 15m de altura), para os modelos linear
simples, quadrático e logarítmico, não apresentou qualquer relação significativa. Entretanto,
conforme pode-se observar na FIGURA 5, detecta-se uma tendência de crescimento dos
valores da densidade média por efeito dos tratamentos de desrama, especialmente para os
pontos situados na base das árvores (0,30m). Esse fato coincide com a maioria dos autores
que trataram desse assunto e deve-se fundamentalmente a uma diminuição do crescimento
do tecido primaveril.
Ainda de forma concordante com a maioria dos autores, Observa-se claramente
diminuição da densidade média da madeira em direção ao topo do fuste (ELLIOTT, 1970).
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FIGURA 4 – Variação do fator de forma das árvores em função da desrama.
FIGURA 5 – Variação da densidade básica da madeira em função da desrama e posição no
fuste.
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CONCLUSÕES
A desrama em níveis mais severos afetou de forma significativa o crescimento em
altura, somente nas idades mais avançadas do povoamento, quando praticada de forma
complementar.
Detectou-se significativa interferência dos tratamentos de desrama mais severos no
desenvolvimento diametral das árvores.
A desrama interferiu na conicidade do fuste das árvores.
A tora basal foi afetada de forma mais intensa que as toras situadas mais acima.
O fator de forma dos fustes foi influenciado pela desrama, sendo que o fator de
forma sem casca foi mais afetado do que o com casca.
Os tratamentos de desrama não interferiram de forma significativa no
desenvolvimento da densidade básica da madeira, embora tenha ocorrido uma tendência de
aumento com a severidade da operação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSINI, J. L. et alii Desempenho de um conjunto de serras de fita geminada e simples e
canteadeira dupla no processamento de Pinus. Boletim técnico. IF, São Paulo, 38(2):
127-41, ago. 1984.
AZEREDO, N. R. S. de. Atual situação de oferta e demanda de matéria prima de
reflorestamento. In: SEMINÁRIO SOBRE PROCESSAMENTO E UTILIZAÇÃO DE
MADEIRA DE REFLORESTAMENTO. 2, Curitiba, 1988. Anais. Curitiba, 1988. p.
120-38.
BENNET, F. A. The effect of prunning on the heigth and diameter growht of slash pine.
Joumal of forestry, Washington, (53):636-8, 1955.
BRASIL, M. A. M. et alii Densidade básica da madeira de Pinus elliottii var. elliottii em
três regiões do Estado de São Paulo. Boletim técnico. IF, São Paulo, 36(1): 9-17, abr.
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Ricardo Gaeta Montagna* Plínio de Souza Fernandes* Finê