Aos 98 anos, morre Aristéia Soares,
ex-cangaceira que vivia em Alagoas
Ela estava internada desde segunda (23) em hospital em Paulo Afonso (BA).
Desde o fim do cangaço, ela ficou no anonimato até 2007.
Glauco Araújo
Do G1, em Salvador
A ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, morreu na tarde deste
sábado (28) no Hospital Nair Alves de Sousa, em Paulo Afonso (BA). Ela
estava internada desde segunda-feira (23), com complicações estomacais. Ela
vivia em Delmiro Gouveia (AL) com os filhos. O corpo será sepultado no Capiá
da Igrejinha, em Canapi (AL), neste domingo (29).
Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, emsua casa, em Delmiro Gouveia (AL)
(Foto: Arquivo Pessoal/João de Sousa Lima)
“Estamos todos tristes pela morte de minha mãe. Ela estava sofrendo com a
saúde nos últimos dias. Praticamente não conseguia comer”, disse Pedro
Soares, 58 anos, filhos da ex-cangaceira.
Aristéia era uma das últimas remanescentes do cangaço e dizia, sempre que
era perguntada, que não tinha saudades do Tempo que viveu na caatinga,
fugindo das volantes. Lúcida, ela relatou ao G1, em 2008, que a vida dos
cangaceiros melhorou após a morte de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião.
Segundo ela, os integrantes das volantes minimizaram a perseguição aos
cangaceiros após a década de 1940, quando o movimento liderado por
Lampião acabou. “Sou mais feliz hoje do que no tempo do cangaço. Foi um
tempo muito sofrido”, dizia Aristéia.
Desde o fim do cangaço, Aristéia permaneceu durante décadas no anonimato,
tentando esconder o fato de que tinha feito parte do movimento liderado por
Lampião, conduta que se percebeu comum entre ex-cangaceiros. Ela foi
redescoberta em 2007, durante pesquisas do historiador e especialista em
cangaço, João de Sousa Lima.
Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, morreu após ficar internada desde segunda-feira
(Foto: Glauco Araújo/G1)
Na casa onde ela vivia em Delmiro Gouveia, Aristéia gostava de mostrar uma
de suas paixões, o São Paulo Futebol Clube, time de coração dela. No
endereço, ela viveu com o filho Pedro, a nora e os netos.
Aristéia gostava de contar histórias sobre a amizade que viveu ao lado de
Durvalina Gomes de Sá, conhecida como Durvinha, morta em junho de 2008
em Minas Gerais.
“Ela nunca chegou a lutar ao lado de Lampião. Aristéia fazia parte do grupo de
Antonio Moreno (marido de Durvinha) e dizia que só viu Lampião quando a
cabeça dele e do grupo de cangaceiros foram expostas em uma escadaria em
Piranhas (AL), após serem mortos em uma emboscada na Grota de Angicos,
em Poço Redondo (SE), em1938.
Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, em sua casa, em
Delmiro Gouveia (AL), com o pesquisador João de Sousa Lima (Foto: Arquivo Pessoal/João de Sousa
Lima)
(www.g1.globo.com. Acesso em 09/02/2012)
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