Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros na Região de Integração Guamá, Estado do Pará RELATÓRIO TÉCNICO 2011 BELÉM – PARÁ 2011 Governo do Estado do Pará Simão Robison Oliveira Jatene Governador Helenilson Cunha Pontes Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão - Seges Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará Maria Adelina Guglioti Braglia Presidente Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais Jonas Bastos da Veiga Diretor Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural Cassiano Figueiredo Ribeiro Diretor Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação Sérgio Castro Gomes Diretor Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças Helaine Cordeiro Félix Diretora Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros na Região de Integração Guamá, Estado do Pará RELATÓRIO TÉCNICO 2011 BELÉM – PARÁ 2011 Expediente Diretor de Pesquisa e Estudos Ambientais Jonas Bastos da Veiga Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação Marli Maria de Mattos Elaboração Técnica: Marli Maria de Mattos– Coordenadora Ellen Claudine Cardoso Castro Divino Hercules Peres da Silva Lima José de Alencar Costa Ana Cristina Parente Brito Isaac Luiz Magalhães Lopes Rodrigo dos Santos Lima Gilzibene Marques da Silva Raquel Lopes de Araújo Joyse Tatiane Souza dos Santos Adriana Pinheiro dos Santos Coleta de dados: Ellen Claudine Cardoso Castro Maricélia Gonçalves Barbosa Daniela Monteiro da Cruz Nelma Santos Amorim dos Santos Tânia de Sousa Leite Antônio Marcos Silva Pereira Rafael da Silva Moraes Apoio Técnico: Francisco Assis Costa, UFPA/NAEA Parceria Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará José Alberto da Silva Colares, Diretor Geral Revisão: Jonas Bastos da Veiga, Gustavo Silva, Marcílio Chiacchio, Edson da Silva e Silva Normalização: Adriana Taís G. dos Santos e Anna Márcia Malcher Muniz ____________________________________________________________ INSTITUTO DE DESENVOLVIEMNTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL DO PARÁ Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de Integração Guamá, Estado do Pará: relatório técnico 2011./Belém: IDESP, 2011. 171p. 1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas sociais alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo. CDD: 381.098115 APRESENTAÇÃO A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração sustentável, pois na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das espécies. Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores familiares utilizam produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais, utensílios entre outros) para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas informações sobre o mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa forma um fator crítico para a gestão das florestas. O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização no mercado doméstico. Não há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que são comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados da Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos para atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional. Em razão da relevância do tema exposto, o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), desenvolveu o estudo sobre as cadeias de comercialização dos PFNM do Estado do Pará, como forma de contribuir com informações para a formulação de políticas públicas. Assim foi firmado o Termo de Cooperação Técnica e Financeira TCTF No. 02/2010, tendo sua vigência iniciada em março de 2010, e tem como objetivo identificar e analisar as cadeias de comercialização dos PFNM em cinco Regiões de Integração (RI) do estado do Pará (Rio Caeté, Baixo Amazonas, Guamá, Xingu e Marajó). Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economia dos PFNM no Estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e identificando entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos, evidenciando os não detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo com a conservação e gestão florestal. O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Guamá. RESUMO Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de atividades econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que evitem o desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entre regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de Base Agroextrativista, de 31 produtos identificados, em 18 municípios da Região de Integração do Guamá e, acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos setores de beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final. Constatou-se que os produtos estudados (17 alimentícios, 9 fármacos e cosméticos, 2 utensílios, 2 derivados da madeira e 1 derivado animal) têm significativa importância na dinâmica da economia local, assim como para outras regiões do Pará, além dos mercados nacionais e internacionais. O principal produto de destaque na RI foi o açaí (R$ 88 milhões), porém com 85% da renda gerada e circulada no Pará, diferente do cacau amêndoa que teve R$ 2,0 milhões e 64% da renda gerada e circulada fora do Pará. Outros produtos de destaque foram o muruci, o urucum, o mel, a malva, o taperebá, o carvão e a pupunha. A contabilidade social ascendente na região tem origem em milhares de famílias envolvidas no setor da produção extrativa local (e extralocal), que receberam pela venda de todos os produtos o montante de R$ 17,4 milhões (VBPα), que gerou R$ 46,2 milhões (VBP) na compra destes produtos (predomínio in natura) e com a agregação de valor de mais de R$ 53,3 milhões (VAB), chegando a uma renda bruta total (RBT) gerada e circulada em R$ 99,5 milhões, com seus efeitos para frente e para trás nas cadeias de comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e potencialidades identificadas nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos governamentais e a sociedade direta e indiretamente relacionada às cadeias dos produtos do agroextrativismo. Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros, 3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional. LISTA DE SIGLAS CEASA CONAB DAP EMATER Embrapa GPS IBGE IDEFLOR IDESP IDH IPEA LSPA MDA MDS MIP NAEA / UFPA NPCTI PAA PAM PEVS PFNM PIB PNPPS PPM PRB PRBα RBT RBTα RI SEBRAE SEIR SENAR STR UFPA VAB VABα VBP VBPα VTE Central de Abastecimento do Pará Companhia Nacional de Abastecimento Diâmetro à Altura do Peito Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Sistema de Posicionamento Global Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará Índice de Desenvolvimento Humano Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Levantamento Sistemático da Produção Agrícola Ministério do Desenvolvimento Agrário Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Matriz Insumo Produto Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação do IDESP Programa de Aquisição de Alimentos Pesquisa Agrícola Municipal Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura Produtos Florestais Não Madeireiros Produto Interno Bruto Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade Produção da Pecuária Municipal Produto Regional Bruto Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista Renda Bruta Total Renda Bruta Total de Base Agroextrativista Região de Integração Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Secretaria de Estado de Integração Regional Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Sindicato dos Trabalhadores Rurais Universidade Federal do Pará Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista Valor Bruto da Produção Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista Valor Transacionado Efetivo LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- MUNICÍPIOS PERTENCENTES À REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ................................................................................................................... 35 FIGURA 2- LOCALIZAÇÃO DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ......... 37 FIGURA 3- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO AÇAÍ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 38 FIGURA 4- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO AÇAÍ COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................... 41 FIGURA 5- PREÇO MÉDIO DO AÇAÍ (R$/KG DE FRUTO IN NATURA) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 42 FIGURA 6- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO MEL NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 50 FIGURA 7- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO MEL COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................... 52 FIGURA 8- PREÇO MÉDIO DO MEL (R$/L) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ................................................................................................ 53 FIGURA 9- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO CUPUAÇU NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................... 60 FIGURA 10- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CUPUAÇU COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 62 FIGURA 11- PREÇO MÉDIO DO CUPUAÇU (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 63 FIGURA 12- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO MURUCI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................... 64 FIGURA 13- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO MURUCI COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 66 FIGURA 14- PREÇO MÉDIO DO MURUCI (R$/L DO FRUTO IN NATURA) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. .......... 67 FIGURA 15- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO TAPEREBÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................................. 68 FIGURA 16- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO TAPEREBÁ COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 69 FIGURA 17- PREÇO MÉDIO DO TAPEREBÁ (R$/KG DO FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. .............................................................. 70 FIGURA 18- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/KG DA RAIZ) DA PRIPRIOCA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 80 FIGURA 19- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO MURUMURU NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................................. 81 FIGURA 20- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO MURUMURU COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................................................................. 82 FIGURA 21- PREÇO MÉDIO DO MURUMURU (R$/KG DA SEMENTE) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 83 FIGURA 22- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/KG DA RAIZ) DO ESTORAQUE NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 84 FIGURA 23- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE) DO TUCUMÃ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................... 85 FIGURA 24- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/KG DA RAIZ) DO CAPITIÚ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................... 87 FIGURA 25- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE DO FRUTO) DO INAJÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 88 FIGURA 26- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/KG DO FRUTO) DO MUCAJÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 89 FIGURA 27- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA BORRACHA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................................. 97 FIGURA 28- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA BORRACHA COMERCIALIZADA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 98 FIGURA 29- PREÇO MÉDIO DA BORRACHA (R$/KG DA BORRACHA) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 99 FIGURA 30- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO CARVÃO NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ........... 100 FIGURA 31- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CARVÃO COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 101 FIGURA 32- PREÇO MÉDIO DO CARVÃO (R$/SACA DE 15 KG) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................................ 102 FIGURA 33- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA PUPUNHA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................. 103 FIGURA 34- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA PUPUNHA COMERCIALIZADA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 105 FIGURA 35- PREÇO MÉDIO DA PUPUNHA (R$/CACHO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................ 106 FIGURA 36- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO URUCUM NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................. 107 FIGURA 37- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO URUCUM COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 108 FIGURA 38- PREÇO MÉDIO DO URUCUM (R$/KG SEMENTE) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ.......................... 109 FIGURA 39- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO BACURI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................. 110 FIGURA 40- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO BACURI COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................ 112 FIGURA 41- PREÇO MÉDIO DO BACURI (R$/UNIDADE DO FRUTO IN NATURA) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 113 FIGURA 42- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA CASTANHA-DO-BRASIL NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................. 114 FIGURA 43- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA CASTANHA-DO-BRASIL COMERCIALIZADA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ........................................................................................................................... 116 FIGURA 44- PREÇO MÉDIO DA CASTANHA-DO-BRASIL (R$/KG DA SEMENTE) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 117 FIGURA 45- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO CACAU AMÊNDOA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................... 118 FIGURA 46- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CACAU AMÊNDOA COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ........................................................................................................................... 119 FIGURA 47- PREÇO MÉDIO DO CACAU EM AMÊNDOA (R$/KG AMÊNDOA SECA) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................ 120 FIGURA 48- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CACAU FRUTO COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ........................................................................................................................... 122 FIGURA 49- PREÇO MÉDIO DO CACAU FRUTO (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 123 FIGURA 50- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO PALMITO NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ........... 124 FIGURA 51- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO PALMITO COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 125 FIGURA 52- PREÇO MÉDIO DO PALMITO (R$/KG) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ................................................................................ 126 FIGURA 53- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO UXI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 127 FIGURA 54- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO UXI COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................. 128 FIGURA 55- PREÇO MÉDIO DO UXI (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................................ 129 FIGURA 56- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA ANDIROBA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................... 130 FIGURA 57- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA ANDIROBA COMERCIALIZADA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 132 FIGURA 58- PREÇO MÉDIO DA ANDIROBA (R$/KG DE FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................................ 133 FIGURA 59- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE) DO PANEIRO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................. 134 FIGURA 60- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/KG DO FRUTO) DA BACABA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 136 FIGURA 61- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO PIQUIÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 137 FIGURA 62- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO PIQUIÁ COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................ 138 FIGURA 63- PREÇO MÉDIO DO PIQUIÁ (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 139 FIGURA 64- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/KG DO FRUTO) DO BIRIBÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 140 FIGURA 65- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/L) DA COPAÍBA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................................. 142 FIGURA 66- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE DO FRUTO) DA CAJARANA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................... 143 FIGURA 67- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE) DO TIPITI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................................. 144 FIGURA 68- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE DO FRUTO) DO MARI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 145 LISTA DE TABELAS TABELA 1- PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, COM QUANTIDADE E VALOR PAGO À PRODUÇÃO LOCAL, DE ACORDO COM A AMOSTRAGEM REALIZADA EM CAMPO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 36 TABELA 2- DEMANDA FINAL (LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL), EM R$ E %, DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008 (IDESP). .................................................................................................................... 147 TABELA 3- VAB (LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL), EM R$ E % DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008 (IDESP). .................................................................................................................... 148 TABELA 4- VAB (LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL), EM R$ E % DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008, ORGANIZADOS POR 5 CATEGORIAS (ALIMENTÍCIOS, ARTESANATOS E UTENSÍLIOS, DERIVADO ANIMAL, DERIVADO DA MADEIRA E FÁRMACOS E COSMÉTICOS), (IDESP). .............. 150 TABELA 5- RENDA BRUTA TOTAL (R$) NA ESFERA LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTIMADOS PARA 2008, ORGANIZADOS EM TRÊS CATEGORIAS RELATIVAS COM ESCALAS DE VALOR DO RBT (ACIMA DE R$ 600MIL, DE R$ 100MIL A R$ 600MIL E ABAIXO DE R$ 100MIL). ......................... 152 TABELA 6- INDICADORES ECONÔMICOS DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, COMPOSTOS PELO VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO ALFA LOCAL (VBPΑ), O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO ALFA EXTRALOCAL, A MARGEM DE LUCRO (MARK-UP), O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP), O VALOR AGREGADO BRUTO (VAB) E A RENDA BRUTA TOTAL (RBT), EM R$, NAS ESFERAS LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL, ESTIMADO PARA 2008 (IDESP). ................................................................................. 156 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ......................................... 43 GRÁFICO 2- VAB (R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ....................................................... 46 GRÁFICO 3- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ, CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP + VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .... 48 GRÁFICO 4- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DO MEL DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ......................................... 54 GRÁFICO 5- VAB (R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DO MEL DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ....................................................... 56 GRÁFICO 6- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DO MEL, CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP + VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .... 58 GRÁFICO 7- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DAS FRUTAS (CUPUAÇU, MURUCI E TAPEREBÁ) DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ...................................................................................................... 73 GRÁFICO 8- VAB (EM R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DAS FRUTAS (CUPUAÇU, MURUCI E TAPEREBÁ) DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ...................................................................................................... 75 GRÁFICO 9- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DAS FRUTAS (CUPUAÇU, MURUCI E TAPEREBÁ), CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP + VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .......................................................................... 77 GRÁFICO 10- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DOS RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ............................................................................................................... 91 FÁRMACOS E COSMÉTICOS DA GRÁFICO 11- VAB (R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS PERFUMARIA E COSMÉTICOS DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ............................................................................................................... 93 GRÁFICO 12- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS DE PERFUMARIA E COSMÉTICOS, CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP + VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .......................................................................... 95 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 23 2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 24 2.1 GERAL ......................................................................................................................... 24 2.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 24 3 METODOLOGIA........................................................................................................... 25 4 RESULTADOS ............................................................................................................... 34 4.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ ...................................................................... 34 4.1.1. CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................... 34 4.2. ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO ............................................. 36 4.2.1 AÇAÍ ............................................................................................................................ 37 4.2.2 MEL ............................................................................................................................. 49 4.2.3 CUPUAÇU ..................................................................................................................... 59 4.2.4 MURUCI ....................................................................................................................... 63 4.2.5 TAPEREBÁ ................................................................................................................... 67 4.2.6 FRUTAS (MURUCI, CUPUAÇU E TAPEREBÁ) ................................................................... 71 4.2.7 PRIPRIOCA ................................................................................................................... 79 4.2.8 MURUMURU ................................................................................................................. 80 4.2.9 ESTORAQUE ................................................................................................................. 83 4.2.10 TUCUMÃ .................................................................................................................... 84 4.2.11 CAPITIÚ ..................................................................................................................... 85 4.2.12 INAJÁ ......................................................................................................................... 87 4.2.13 MUCAJÁ..................................................................................................................... 88 4.2.14 PERFUMARIA E COSMÉTICOS (PRIPRIOCA, MURUMURU, ESTORAQUE, TUCUMÃ, CAPITIÚ, INAJÁ E MUCAJÁ) .................................................................................................. 89 4.2.15 BORRACHA ................................................................................................................ 96 4.2.16 CARVÃO .................................................................................................................... 99 4.2.17 PUPUNHA ................................................................................................................. 102 4.2.18 URUCUM .................................................................................................................. 106 4.2.19 BACURI .................................................................................................................... 109 4.2.20 CASTANHA-DO-BRASIL ............................................................................................ 113 4.2.21 CACAU ..................................................................................................................... 117 4.2.22 PALMITO .................................................................................................................. 123 4.2.23 UXI .......................................................................................................................... 126 4.2.24 ANDIROBA ............................................................................................................... 129 4.2.25 PANEIRO .................................................................................................................. 133 4.2.26 BACABA ................................................................................................................... 134 4.2.27 PIQUIÁ ..................................................................................................................... 136 4.2.28 BIRIBÁ ..................................................................................................................... 139 4.2.29 COPAÍBA .................................................................................................................. 140 4.2.30 CAJARANA ............................................................................................................... 142 4.2.31 TIPITI ....................................................................................................................... 143 4.2.32 MARI ....................................................................................................................... 144 4.3 ANÁLISES AGRUPADAS ......................................................................................... 146 5 CONCLUSÕES............................................................................................................. 157 6 RECOMENDAÇÕES................................................................................................... 160 7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 165 APÊNDICES .................................................................................................................... 168 23 1 INTRODUÇÃO Segundo o Ministério da Agricultura de Moçambique (2008), os Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) são aqueles derivados da floresta, exceto a madeira, cuja definição engloba fibras, frutos, raízes, cascas, folhas, taninos, cogumelos, exudados, mel, plantas medicinais, lenha e carvão, entre outros. Silva et al. (2010) ressaltam que, em tese, estes produtos também podem ser obtidos de plantas semidomesticadas em plantios ou sistemas agroflorestais. Nas últimas décadas, assiste-se em todo o mundo, o crescimento da preocupação relacionada a fatores como aquecimento global e o desmatamento das florestas tropicais, que atraem o interesse de diversos atores sociais, que anseiam em equacionar tais impactos. Dentro deste contexto, a extração e comercialização dos PFNM no Brasil têm apresentado grande importância social, econômica e ambiental, em virtude de ocorrer prioritariamente em pequenas propriedades, preservar parte importante da biodiversidade das florestas nativas (FIEDLER et al., 2008) e gerar renda. Em relação ao comércio dos PFNM, nota-se que o mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, diferente das cadeias de comercialização no mercado doméstico. No estado do Pará, assim como nos outros estados da Amazônia Legal, é restrita a literatura e dados existentes sobre o mercado “invisível” de muitas espécies de valor local ou regional e sua importância para as populações rurais e urbanas envolvidas ao longo da sua cadeia de produção (MONTEIRO, 2003). Dessa forma, gestores e demais audiências estão desinformados sobre o fluxo desse comércio, que permanece oculto (SILVA, 2010). Apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se que há pouca informação sistematizada sobre quantidade, valor, processos de produção, industrialização e comercialização desses produtos. Essa escassez de informações é um empecilho à conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas para esses produtos (FIEDLER et al., 2008). Este estudo teve como objeto principal identificar e analisar as cadeias de comercialização dos PFNM na Região de Integração (RI) Guamá, Estado do Pará, evidenciando os fatores críticos e potencialidades, como forma de subsidiar políticas públicas. 24 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros da Região de Integração Guamá, Estado do Pará, buscando fatores críticos e potencialidades. 2.2 ESPECÍFICOS Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos florestais não madeireiros da Região de Integração Guamá, e Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção agroextrativista do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com a margem bruta de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização dos produtos identificados. 25 3 METODOLOGIA No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos florestais não madeireiros (PFNM), a partir do conjunto dos 18 municípios pertencentes à RI Guamá, Estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que venderam para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes Alfa CSα (COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base agroextrativista, para uma região, utilizando o modelo Matriz InsumoProduto de Leontief (1983). As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se à metodologia de cálculo ascendente de matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável e, que se baseia nos parâmetros e indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justificase pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na real problemática local, haja vista que as estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia local. Ou seja, este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e social de uma delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os impactos gerados por ações e programas de desenvolvimento ali implementados. Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”, os quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional (βc). Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos da reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b), contempla a análise de insumo-produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores de base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologia ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias na geração de uma matriz de insumo-produto mais aderente à complexidade da economia local, evidenciando a influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidade de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de 26 crescimento para os demais setores da economia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda, agregação de valor, entre outros) – tanto da economia local e no entorno mais próximo, para a economia do resto do Pará, quanto para o resto do Brasil. Em outro estudo Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do festival de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα conjuntamente orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo identificou limitações de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município com a produção e realização do evento, com isso o município recebeu tratamento diferenciado por parte dos poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura identificado representou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de exportação, com um efeito multiplicar elevado. A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento1 de Sololá, na Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja, calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores, especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado através do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratégico do Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor replicou para o departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado de Bacia do rio "Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et al., 2010). O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos florestais não madeireiros têm na economia do Estado do Amapá, fazendo o uso do método de Contas Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das interrelações existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM, analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econômico na produção, trabalho e renda setorial de toda a economia. Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de 1 Unidade federativa equivalente a estado. 27 frutíferas, derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais nos municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, Estado do Pará. A autora utilizou o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e sociais que ao contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regiões homogêneas nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou a circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano de 2005, identificando a importância da vegetação secundária como reserva de valor e como agente dinamizador da renda rural e dos setores econômicos associados como atacadistas, varejistas e agroindústrias. No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp em parceria com o Ideflor, a metodologia foi adequada para a contabilidade social ascendente que engloba além da produção agroextrativista, as atividades na indústria e nos serviços que atuam diretamente nos setores com foco nos produtos florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de calculo de renda e do produto social do agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis como o Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista (VABα) e o Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRBα). De acordo com Considera et al. (1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalente regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor. O modelo também produziu as matrizes das interrelações intersetoriais que as fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto os do Censo Agropecuário de 2006, quanto as séries históricas de 1990 a 2008 da Produção Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e da Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primária executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por atributos geográficos, quanto por atributos estruturais do setor. A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em função de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em decorrência das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos, sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de vantagens, tais como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos maiores volumes comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos valores pagos ao setor da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas cadeias de comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos produtos e aponta indicativos para subsidiar políticas publicas. 28 As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir. Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos dezoito municípios visitados da Região de Integração Guamá, junto a informantes-chaves (como os técnicos dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará - Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de agricultura, das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre outros), no que se referiu à produção e/ou comercialização dos produtos florestais não madeireiros existentes no município, para o período de doze meses e, fazer a identificação dos agentes mercantis envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados. A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário (Apêndice A). Nesta etapa, buscam-se os principais agentes (vendedores/compradores) de cada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais em seguida, direcionam os elos para trás (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia, compondo uma amostragem não probabilística autogerada (CABRAL, 2000), até chegar à produção local de um lado, bem como ao último que vendeu o produto para o consumidor final, no outro extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificou relações existentes entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade até os de completa informalidade, e foi capaz de apontar o fluxo de comercialização para cada produto identificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localização da população não são conhecidos a priori pelo pesquisador, então, esta é composta na medida em que o pesquisador identifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que também fazem parte da população em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997). Deste modo, para o levantamento dos dezoito municípios foram aplicados trezentos e vinte e seis questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a comercialização dos PFNM. Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base de dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativo Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ2, com circuitos 2 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA. 29 (referentes aos produtos) e lançamentos (referentes às transações comerciais realizadas pelos agentes, por produtos). A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional). Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidade da distribuição das quantidades e de atribuição dos preços a partir das relações entre os agentes e, uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os setores. As Matrizes Insumo-Produto (MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setores da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para a demanda final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cada matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo de apresentar os mesmos dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsáveis por cada elo da cadeia. A inovação trata-se da disposição visual dos diversos agentes mercantis ou setores representados por pequenas caixas retangulares (produção local e extralocal, varejo, indústria de beneficiamento, de transformação, atacado, consumidor, etc.) e espacialmente distribuídos na economia local, estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados por retângulos maiores em três cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para a representação dos canais ou fluxos de comercialização, que iniciam na produção local e extralocal até os consumidores finais. Quanto aos fluxos da comercialização por produto estudado, estes foram organizados para três dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos dezoito municípios pesquisados na RI Guamá; b) estadual, para os demais municípios do estado do Pará e; c) nacional, que foram comercializados para outros estados e/ou países. O estudo possibilitou compreender os fluxos existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel relativo ao longo da cadeia em função dos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de preço e quantidade, a relação dessas gera os respectivos preços médios praticados ou implícitos por produto e por setor (em Reais por unidade do produto), agregado ou não, ao longo da cadeia, da produção até o consumo final. 30 A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados mais recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para tanto, foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais da PAM, PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos produtos da agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o produto em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas conjunturais, acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado sistematicamente. Na primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números índices do total das quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem à restrição s, tendo no caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preço (IP) os números índices do preço médio do produto v, para os municípios que atendem a restrição geográfica s, tendo 2006 também como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008). Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos: Onde: : atributo geográfico (local: municípios da RI Guamá; estadual: demais municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países), : produto, : ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008), : quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa oficial, : quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo Agropecuário de 2006, : preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa, e : preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de 2006. Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do 31 conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto, os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram elaborados conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias: geral para alimentícios e geral do IBGE. Sendo assim, os frutos bacaba, bacuri, biribá, cacau, cajarana, mari, murici, mucajá, piquiá, pupunha, taperebá, tucumã, uxi e o palmito foram agrupados na categoria de alimentícios. Na categoria de indexador geral de quantidade (que utiliza o conjunto de todos os produtos identificados pelo IBGE) foram identificados nove produtos (andiroba, copaíba, murumuru, inajá, capitiú, estoraque, priprioca, paneiro e tipiti). Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas estatísticas oficiais, foram: açaí, borracha da seringueira, amêndoa do cacau, carvão vegetal, castanha-do-brasil, cupuaçu, mel de abelha e a semente de urucum. Finalmente, foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o inicio do estudo, multiplicando os indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a probabilidade da distribuição das quantidades e, com a matriz de preços a partir das relações entre os agentes. O resultado gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produto pesquisado, contendo o Valor Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα) sob a ótica da oferta, o VBP sob a ótica da demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda Bruta Total (RBT) e, a margem bruta de comercialização (mark-up), que é a relação entre a diferença do valor estimado do VAB com o VBPα (sob a ótica da oferta) pelo VBPα, para que sejam feitas as análises econômicas (estimadas para 2008) e os impactos que cada produto não madeireiro exerceu na economia local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, que no cálculo do VAB como na estimação do mark-up, não se levou em consideração os custos produtivos e/ou de comercialização, pois não foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias, também não foi possível descrever a proporção dos PFNM utilizados como insumo na preparação de certos produtos finais, como doces, cosméticos, medicinais, entre outros. A definição em estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este estudo (Guamá) e para as demais regiões estudadas (Tocantins, Rio Caeté, Xingu, Baixo Amazonas e Marajó), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O 32 método permite também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos indexadores por produto, após divulgação de estatísticas oficiais. Foram identificados trinta e um (31) PFNM, relacionados no Apêndice B, os quais foram classificados conforme a sua utilização identificada em campo. Foram estudados dois utensílios (paneiro e tipiti de fibra de guarumã); dezessete alimentícios (açaí, bacaba, bacuri, biribá, cacau amêndoa, cacau fruto, cajarana, castanha-do-brasil, cupuaçu, mari, muruci, palmito, piquiá, pupunha, taperebá, urucum e uxi), nove fármacos e cosméticos (andiroba, capitiú, copaíba, estoraque, inajá, mucajá, murumuru, priprioca e tucumã); um derivado animal (mel de abelha) e dois derivados da madeira (carvão e borracha). Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo de quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e, descritos os setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. As análises econômicas detalhadas foram feitas para dois produtos com maior destaque (açaí e mel) e para dois grupos importantes: as frutas (muruci, cupuaçu e taperebá) e; perfumarias e cosméticos (priprioca, murumuru, estoraque, tucumã, capitiú, inajá e mucajá). A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foram adaptadas aos seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004). Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região; Produção Extralocal: Produção primária agroextrativista oriunda de outras regiões de integração que não fazem parte da região estudada; Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais; Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção, localizadas na região; Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção, localizadas na região; Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas), localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do varejo e/ou vendem para o varejo; Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes, marreteiros, vendedores ambulantes); 33 Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará, localizadas além da RI Guamá; Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará; Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará; Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem para o consumidor estadual; Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil; Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil; Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional; Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor nacional. As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro identificado, quer seja individual ou em grupo. As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em detalhes no item 4.3. 34 4 RESULTADOS 4.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ 4.1.1. Caracterização A Região de Integração Guamá é a mais numerosa do Pará em temos de quantidade de municípios, pois tem em sua composição um total de dezoito municípios (Figura 1), com uma população de aproximadamente 613.790 habitantes, o que corresponde a 8,1% da população do Estado do Pará, sendo a quarta mais populosa (IBGE/IDESP, 2010). Há um predomínio da população urbana sobre a rural, com um índice de 62 em relação à população total da região, entretanto, apenas Castanhal, Igapé Açu, Santa Izabel do Pará, Santa Maria do Pará, Santo Antonio do Tauá, São Miguel do Guamá e Vigia apresentaram a população urbana superior à rural, com o primeiro atingindo o índice de 89, diferenciando-se de São domingos do Capim em que 78% da sua população residem no meio rural. Sua área total corresponde a 0,97% em relação ao Estado, com densidade demográfica de 50,6 hab/km², sendo que apenas três (Castanhal, Santa Izabel do Pará e São Miguel do Guamá), dos dezoito municípios, possuem população maior que 50 mil habitantes (59.446 e 51.567 mil, respectivamente). Todavia, Castanhal ultrapassou a faixa dos 170 mil habitantes, contabilizando 173.119 habitantes, equivalente a 28% da população da região, se constituindo, deste modo, pólo da região. 35 FIGURA 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A Região de Integração Guamá apresentou um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM de 0,69, menor que o estadual de 0,72. Em 2008 o Produto Interno Bruto – PIB da Região Guamá somou R$ 2.448.445 mil, com uma variação de 10,8% em relação ao PIB do ano anterior (R$ 2.210.053 mil), porém se manteve na 8ª colocação no ranking entre as regiões de integração, e participou com um percentual de 4,2% no PIB estadual. Com relação ao PIB Per capita regional, na ordem de R$ 4.206,00, correspondente a 52% do PIB Per capita estadual e, configurou-se como o quarto pior ficando a frente apenas das regiões do Tapajós, Rio Caeté e Marajó, apesar da variação de 6,2%, que se deve ao crescimento das atividades econômicas (indústria e serviços) e da arrecadação de impostos. As participações dos setores econômicos, considerando somente o valor agregado, corresponderam a: 11% Agropecuário, 17% Indústria e 72% Serviços. Entre os municípios que fazem parte da RI Guamá, São João da Ponta se configurou como o de menor participação na economia da região (assim como constituí também o menor PIB do Estado), não representando nem 1% PIB regional, caracterizado pela baixa concentração demográfica (0,9% da população da RI) e forte dependência em relação ao setor de serviços, soma-se a estes o fato deste município ser relativamente novo, 1993. 36 4.2. ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO Nos dezoito municípios da Região de Integração Guamá (Figura 2) foram identificados trinta e um produtos florestais não madeireiros, durante a pesquisa de campo realizada em 2008 e 2009, com quantidade comercializada no período de doze meses e o valor pago à produção local (Tabela 1). A relação das espécies / produtos estudados estão descritos no Apêndice B. TABELA 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Guamá, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no período de 2008 a 2009. Produtos Florestais Não Madeireiros Açaí (kg) Mel (l) Cupuaçu (un.) Borracha (kg) Muruci (l) Carvão (sc) Pupunha (cacho) Taperebá (kg) Urucum (kg) Priprioca (kg) Bacuri (un.) Castanha-do-brasil (kg) Cacau amêndoa (kg) Palmito (kg) Uxi (un.) Murumuru (kg) Estoraque (kg) Andiroba (l) Cacau fruto (un.) Paneiro (un.) Capitiú (kg) Bacaba (kg) Piquiá (kg) Biribá (un.) Copaíba (l) Tucumã (kg) Cajarana (un.) Inajá (kg) Mucajá (kg) Tipiti (un.) Mari (un.) Total Quantidade 7.363.313 74.571 295.538 237.608 242.570 42.556 47.883 122.270 39.511 24.500 202.615 38.536 11.479 6.003 540.600 21.880 9.000 51.494 17.360 1.620 3.100 5.250 27.400 1.850 100 5.133 12.000 2.500 2.500 120 2.000 Valor (R$) 5.218.928,36 729.076,57 314.347,78 309.892,40 259.140,96 223.441,00 140.721,00 119.157,30 105.342,00 73.500,00 62.521,50 52.719,51 43.205,02 19.268,67 17.691,00 14.764,00 13.500,00 13.400,05 6.820,00 5.281,20 4.650,00 4.123,70 4.030,00 3.250,00 3.000,00 1.649,99 1.200,00 875,00 875,00 720,00 80,00 7.767.172,01 Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Valor/Total (%) 67,19 9,39 4,05 3,99 3,34 2,88 1,81 1,53 1,36 0,95 0,80 0,68 0,56 0,248 0,228 0,190 0,174 0,173 0,088 0,068 0,060 0,053 0,052 0,042 0,039 0,021 0,015 0,011 0,0113 0,0093 0,0010 100,00 37 FIGURA 2- Localização da Região de Integração Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagens registradas nos municípios visitados (Apêndice C). As análises das principais cadeias de comercialização da Região Guamá estão descritas e ilustradas a seguir. 4.2.1 Açaí a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí. A principal utilização do açaí foi como fonte de matéria prima na indústria alimentícia por meio da elaboração do “vinho de açaí”. Apresentado como um dos produtos econômicos mais emergentes na Região de Integração Guamá, o açaí e sua estrutura de cadeia de comercialização é formada, de acordo com a amostragem, por 105 agentes que comercializam este produto nos dezoito municípios visitados, sendo aproximadamente 51% produtores, 14% atravessadores (varejistas e atacadistas), 34% batedores e 1% agroindústria. Na Figura 3 estão espacializados os agentes mercantis entrevistados nos municípios da RI Guamá. 38 FIGURA 3- Localização dos agentes mercantis do açaí na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Durante a pesquisa foi constatado que 51% do total de agentes entrevistados trabalham somente com o açaí e estão no mercado entre 1 a 15 anos. Dentre os entrevistados 53% declararam trabalhar apenas na safra do produto, 36% durante o ano todo e 10% não informaram seu período de trabalho. Foi verificado que 23% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que aferem de 0,3 a 850 hectares, ressaltando que, em geral, estas áreas são destinadas para outros cultivos além do açaí. Para estocagem da produção apenas 16% possuem armazém com tamanhos que variam de 6 m² a 56 m². Aproximadamente 27% dos agentes não possuem capacidade para transporte da produção e 69% contam com 25 motos, 22 barcos, nove canoas, 23 bicicletas, cinco carros, quatro tratores, dois caminhões e um carro de boi. Em relação ao maquinário, 76% possuem algum tipo de equipamento (69 batedoras, 87 despolpadeiras, quatro máquinas seladoras de sacos, dois filtros, um triturador de frutas, 29 freezers com capacidades que variam de 140 l a 500 l, duas câmaras frigoríficas, uma geladeira e um trator). Alguns agentes declararam ter problemas com a armazenagem e/ou transporte do produto. 39 A mão de obra empregada é basicamente familiar, com média de cinco pessoas, mas pode chegar até vinte empregados. Essa mão de obra é sazonal, aumentando durante a safra. O pagamento desta mão de obra é muito variado, tanto em função da produção quanto do período de trabalho, correspondendo a R$ 0,70 para cada quilo extraído, ou R$ 15,00 a diária, ou R$ 40,00/semana, ou 1 salário mínimo mensal. Para melhorar a capacidade de produção, dentre vários fatores foram colocados a questão da assistência técnica para um melhor manejo da produção, financiamento para melhorar o espaço físico dos armazéns e aquisição de maquinários. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do açaí: EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá) Produção: Trata-se da produção primária de açaizais dos municípios de Igarapé Miri (RI Tocantins) e Nova Timboteua (RI Rio Caeté); LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: É a produção primária de açaizais manejados e extrativos identificados em dezoito municípios da RI Guamá; Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram o açaí in natura diretamente do setor da produção; Indústria de beneficiamento: Setor responsável pelo processamento do açaí in natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a composta por pequenos comerciantes que possuem máquinas despolpadeiras, chamadas de “batedores de açaí” no qual vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais. A segunda categoria composta por um número reduzido de agroindústrias que beneficia o açaí em polpa pasteurizada e/ou congelada para atender o mercado nacional e/ou internacional; Varejo urbano: Trata-se de comerciantes (atravessadores que atuam nas cidades) localizados na área urbana do município, que compram da produção local e de outros atravessadores; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de beneficiamento: Incluem os “batedores de açaí”, encontrados fora da região de integração, transformando o fruto em polpa pasteurizada e/ou congelada, abastecendo o mercado consumidor estadual; 40 Atacado: Trata-se de comerciantes que transacionam grandes quantidades de açaí in natura, que compram da produção local e de outros atravessadores (varejo rural); NACIONAL (Fora do Estado do Pará) Varejo urbano: São compradores de polpa no âmbito nacional, que repassam para o consumidor nacional. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí. Na amostragem em campo o setor produtivo foi responsável por abastecer com pouco mais de 7 mil toneladas de fruto in natura para o comércio. A Figura 4 permite verificar a quantidade proporcional de açaí que circula entre os diferentes setores mercantis identificados pela pesquisa. O principal nível de canal de comercialização do açaí (Figura 4) identificado com as maiores quantidades é a compra do setor da indústria de beneficiamento (4.640 toneladas de fruto in natura), que compra 26,9% do setor da produção local, 15,7% do setor da produção extralocal (provenientes dos municípios de Igarapé Miri - RI Tocantins) e Nova Timboteua (RI Rio Caeté), 10,3% do varejo rural (atravessadores) e 10,1% do varejo urbano local (atravessadores urbanos). Este setor da indústria de beneficiamento por sua vez vende 42,8% para os consumidores locais e 20,2% para o mercado nacional na forma de polpa congelada. O setor do varejo urbano local (atravessadores urbanos) comprou 14,2% do setor da produção local e 1,4% do varejo rural e, vendeu para o setor da indústria de beneficiamento local e estadual, 10,1% e 5,4% respectivamente. Outro setor que comercializa grande quantidade é o atacadista estadual com aproximadamente 2.094 toneladas do fruto in natura, que adquire 27,3% da produção local e apenas 1,1 % do varejo rural e, vende sua totalidade (28,4%) para o setor da indústria de beneficiamento estadual onde estão inseridos os “batedores de açaí”. Destaca-se também a venda direta do produtor de açaí para o consumidor local comercializando 1,1% da produção identificada, como também dos varejistas rurais (atravessadores) com 1,4% da produção. 41 FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do açaí, no período de 2008 a 2009. A produção local vende conforme a oferta do fruto e a quantidade comercializada. Sendo assim, vende a R$ 0,58/kg para o varejo rural, a R$ 0,92/kg para a indústria de beneficiamento local (batedores de açaí), a R$ 0,60/kg para o varejo urbano (atravessadores urbanos), a R$ 1,47/kg aos consumidores locais, R$ 0,90/kg para o setor da indústria de beneficiamento estadual (batedores de açaí) e a R$ 0,68/kg para o atacadista estadual (Figura 5). Enquanto que os preços de venda praticados pelos produtores extras locais são estabelecidos conforme a oferta do fruto, destacando a venda direta para os batedores de açaí local a R$ 0,55/kg. Neste caso, os batedores possuem transporte próprio ou pagam o frete para buscar o fruto in natura nos municípios de Igarapé Miri (RI Tocantins) e Nova Timboteua (RI Rio Caeté). O setor da indústria de beneficiamento local estabelece o seu preço de compra conforme a quantidade transacionada e pela qualidade do produto. Com isso, compra da produção extralocal a R$ 0,55/kg principalmente na entressafra do açaí na RI Guamá, da produção local a R$ 0,92/kg, do varejo rural a R$ 1,15/kg e do varejo urbano a R$ 1,32/kg, após fazer o beneficiamento em polpa pasteurizada, vende ao preço de R$ 2,76/kg para o varejo urbano nacional e somente em forma de polpa a R$ 2,04/kg para o mercado local. 42 FIGURA 5- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí. A soma dos valores recebidos por todos os agentes que realizaram a venda (oferta) do açaí a partir da RI Guamá e, de outras regiões de integração, foi contabilizado da ordem de R$ 88,1 milhões. Deste valor, o sistema local recebeu em torno de 58,3%, o estadual recebeu aproximados 25,5% e o sistema nacional 16,2% (Gráfico 1). Do valor recebido pelos agentes mercantis que compõem os setores do mercado local, os agroextrativistas agrupados no setor da produção (VBPα total) receberam mais de R$ 14,5 milhões, aproximadamente 28% do VBP total recebido pelos setores que ofertaram o produto a nível local (Gráfico 1). No entanto, que R$ 1,7 milhão foi proveniente das vendas realizadas pelos agroextrativistas localizados em outras regiões de integração, consubstanciado como agentes extralocais. Sendo que, 96% (dos R$ 1,7 milhão) foram pagos aos sediados no município de Nova Timboteua, pertencente a RI Rio Caeté, que venderam este produto in natura (no período de entressafra) oriundo das ilhas, para o setor de beneficiamento no município de Castanhal, pertencente a RI Guamá, mais especificamente para uma agroindústria que fornece um produto beneficiado ao mercado nacional, principalmente ao eixo Rio – São Paulo. O restante (4%) foi adquirido pelos agroextrativistas do município de Igarapé Miri, da RI Tocantins, os quais venderam parte da sua produção, no mercado municipal de Marapanim, da RI Guamá, diretamente aos 43 agentes mercantis do setor de beneficiamento, só que neste caso, trata-se dos tradicionais “batedores” que beneficiaram o fruto (in natura) para vendê-lo aos consumidores finais do próprio município de Marapanim. GRÁFICO 1- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Na composição do VBPα total (local e extralocal), aproximadamente 71% foram das vendas realizadas aos setores que compõem a demanda intermediária local, entre eles: a indústria de beneficiamento, que pagou o equivalente a R$ 6,8 milhões; o setor de varejo rural, responsável pela compra de R$ 1,6 milhão e, R$ 1,7 milhão foram oriundo da compra realizada pelo setor de varejo urbano. O restante do VBPα total (27%) foi das vendas do setor da produção aos setores da demanda intermediária estadual: em torno de R$ 3,8 milhões ao atacado e R$ 150,6 mil ao setor de indústria de beneficiamento. Por fim R$ 317,6 mil (2% do VBPα total) corresponderam ao valor recebido pelo setor da produção pelas vendas efetivadas diretamente ao demandante final local, composto pelos consumos das famílias. Porém, foram poucos os produtores com infraestrutura básica montada com máquina de bater o açaí e o filtro de água, para iniciar o processo de beneficiamento deste recurso, após sua coleta e, antes das vendas, o que provocaria um aumento significativo na renda do produtor (Gráfico 1). Ainda no sistema local, o varejo rural recebeu pelas vendas do produto in natura mais de R$ 3 milhões (5% do VBP local), do qual mais de 79% foi do fornecimento do 44 fruto in natura à indústria de beneficiamento local, dos quais 28% foram para agroindústria de Castanhal. Assim como o setor de varejo urbano, constituído por grandes comerciantes, recebeu R$ 4,6 milhões pelas vendas do fruto in natura ao setor de beneficiamento local (59% do valor recebido pelo setor) e estadual (41% do valor recebido pelo setor), porém, que este não realizou venda à agroindústria e sim somente para os batedores (Gráfico 1). Por conseguinte, o setor de indústria de beneficiamento recebeu um montante no valor de R$ 29,3 milhões (57% do VBP local), sendo que R$ 17,8 milhões corresponderam às vendas aos demandantes finais locais realizados pelos inúmeros batedores deste fruto nos 18 municípios que compõem o mercado local, ou seja, RI Guamá e, R$ 11,4 milhões foram do somatório das vendas realizadas pela agroindústria de Castanhal (RI Guamá) ao mercado nacional, que representa dois agentes mercantis: as redes de supermercado (com um representativo de 98% no valor recebido pelo setor) e consumidor final. As vendas dos setores que integram o sistema estadual, com VBP estimado em mais de R$ 22,4 milhões, o setor atacadista (dos municípios de Belém e Tomé Açu) vendeu o produto in natura para a indústria de beneficiamento estadual, composto em sua essência por batedores de açaí, recebendo R$ 7,3 milhões. Esses batedores, por conseguinte, venderam para os consumidores finais desses respectivos municípios citados, recebendo R$ 15,1 milhões. O VBP constituído no mercado nacional estimado em R$ 14,3 milhões recebeu a exclusiva participação do setor de varejo urbano (setor que corresponde às redes de supermercado localizadas fora do estado do Pará), o qual vende tudo que adquiriu para os consumidores finais nacionais. Em resumo, no que se refere a atender a demanda final deste produto nos três níveis de mercado, a comercialização deste produto, a partir da RI Guamá e, de outras Regiões de Integração, teve no setor de indústria de beneficiamento o seu principal aglutinador, diferenciando-se somente pelo papel que cada agente mercantil beneficiador desenvolveu na cadeia. Enquanto os pequenos batedores forneceram o alimento para as inúmeras famílias tanto da RI Guamá (mercado local), quanto para as do mercado estadual (Belém, Marituba e Benevides da RI Metropolitana e Tomé Açu da RI Rio Capim). A agroindústria, por sua vez, forneceu este produto beneficiado ao mercado nacional, tendo como elo, antes do demandante final, as grandes redes de supermercado, que apresentam uma demanda crescente pela polpa deste fruto, devido ao aumento do consumo, em especial, nas academias e lanchonetes. 45 Na RI Guamá, mais especificamente no município de Castanhal, há uma concentração de agroindústrias (indústrias de beneficiamento de frutas), devido principalmente ao preço praticado de comercialização do açaí junto a produtores, atravessadores e grandes comerciantes, ser relativamente menor quando comparados com preços praticados na RI Metropolitana, de modo especial a capital paraense, Belém, onde o mercado consumidor é largamente maior e, sendo assim, teriam que concorrer com os inúmeros batedores deste fruto na compra da matéria prima. Soma-se a este fato a questões de infraestrutura de comercialização, isto é, logística, pois este município se localiza às margens da Belém – Brasília (BR -010), o que facilita a via de acesso ao seu grande mercado consumidor, além disso, também está mais próximo dos grandes centros (municípios) fornecedores do fruto in natura, tal como aconteceu com o fornecimento da RI Rio Caeté e Tocantina, na respectiva cadeia, no período de entressafra. No entanto, apesar da competitividade dessas indústrias, os atravessadores continuam transacionando parte da produção. e) VAB - gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada setor (%). O VAB, equivalente ao Valor Transacionado Efetivo (VTE), ao longo da cadeia de comercialização do açaí, desde o setor alfa (produção local e extralocal) da RI Guamá até os consumidores finais, contabilizou um valor superior a R$ 47,5 milhões, que constituiu uma margem bruta, ou mark-up total, na comercialização na ordem de 228% (Gráfico 2). Do VAB total, 75% foram constituídos no âmbito local, 19% no âmbito estadual e 6% no mercado nacional. O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia está em processo de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto adquiriu nos setores, ao longo da cadeia de comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também, a forma como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para a sua geração. A margem, calculada a partir da relação entre a diferença do VAB (R$ 47,5 milhões) com o VBPα total (R$ 14,5 milhões), pelo valor do VBPα total (R$ 14,5 milhões, expõe em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao produto, a partir do setor alfa (α), até o consumidor final, incluindo todos os custos de produção e comercialização do produto analisado, que não foram captados pela pesquisa. 46 GRÁFICO 2- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Do VAB constituído nos dezoito municípios da RI Guamá, estimado em R$ 35,8 milhões, o setor que mais agregou e, deste modo, com maior participação na formação deste valor foi a indústria de beneficiamento local com R$ 17,3 milhões, com os inúmeros batedores e uma agroindústria, em função do poder de negociação e compra que mantém com os outros agentes locais, o qual adquiriu um produto in natura a preços bem mais atrativos em relação ao mercado estadual e, o vendeu tanto para o consumidor final local quanto para o mercado nacional, um produto beneficiado (pasteurizado e congelado quando enviado para o nacional). Este setor obteve uma margem de comercialização (mark-up do setor) de 144%, calculado pela diferença do valor estimado para o VTE, que corresponde ao VAB do setor (R$ 17,3 milhões), dividido pelo VBP pela ótica da demanda (R$ 11,9 milhões), ou seja, compra de insumos realizada pelo setor. Ainda no sistema local, tanto o varejo urbano (grandes compradores nos centros urbanos dos municípios) quanto o varejo rural (os atravessadores) que adicionaram, respectivamente, R$ 2,6 milhões (com mark-up de 132%) e R$ 1,4 milhão (mark-up 83%), através do processo de majoração de preço, antes das venda ao setor de beneficiamento. O setor da produção agregou aproximadamente R$ 14,5 milhões (Gráfico 2), equivalente a 32% do VAB local, pois foi quem realizou o beneficiamento primário do produto, que a grosso modo significou os processos de extração/colheita, debulha e preenchimento das rasas com o fruto in natura. Convém ressaltar, que o setor da produção transacionou o valor efetivo somente no que se referiu às vendas do produto e, por isso, não foi estimado o seu valor de mark-up. 47 O sistema estadual, cuja agregação de valor foi em torno de R$ 8,9 milhões, a indústria de beneficiamento, setor composto somente por batedores, foi que mais adicionou, R$ 5,5 milhões (com mark-up de 58%), seguido pelo atacado com valor adicionado de R$ 3,4 milhões (e mark-up de 86%). No entanto, enquanto a indústria adicionou pela ação de beneficiamento do fruto em polpa, os setores do varejo adicionaram pela majoração de preço. Na esfera nacional só quem adicionou valor foi o setor de varejo urbano com R$ 2,8 milhões, com um mark-up de 25%, pelo processo de majoração de preço (Gráfico 2), mostrando que o fruto já ganhou importância nesse mercado. De modo geral, ao longo da cadeia de comercialização deste fruto, as indústrias de beneficiamento (local e estadual) foram responsáveis por aproximadamente 48% do VAB total, estimado em R$ 47,5 milhões. O setor alfa deste modelo, ou seja, os agroextrativistas foram responsáveis pela agregação de 30% e o comércio (onde atuam os varejistas rurais e urbanos e os atacadistas, ou seja, todos os atravessadores) contribuiu com aproximadamente 22%, demonstrando o quanto este produto é importante para a geração de emprego e renda na economia desta região, mais precisamente no setor de produção, beneficiamento e comércio. f) Renda Bruta Total (RBT), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do açaí. A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização deste produto e estimada em R$ 88,1 milhões formou-se a partir da soma de compra de insumo (VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 40,6 milhões, realizado pelos setores da demanda intermediária, com Valor Transacionado Efetivo (VTE), que corresponde ao VAB constituído ao longo da cadeia em R$ 47,5 milhões, tanto pelos setores da demanda intermediária quanto o setor da produção. O sistema local foi responsável por mais de 58,3% desta renda, o estadual 25,5% e o nacional 16,2%, conforme o Gráfico 3. Na RI Guamá, identificado como mercado local, o setor de indústria de beneficiamento (batedores e agroindústria) foi quem gerou a maior renda bruta no valor de R$ 29,2 milhões, pois comprou o açaí na sua forma in natura no valor de R$ 11,9 milhões junto aos setores intermediários (varejo rural e urbano) e da produção (local e no período de entressafra da produção extralocal) e, adicionou um montante de R$ 17,3 milhões com o seu beneficiamento (Gráfico 3). O varejo rural gerou uma renda bruta no valor de R$ 3 milhões, resultante da soma da compra de insumo no valor em torno de R$ 1,6 milhão junto ao setor da produção e, na maioria das vezes, in loco, e agregação de R$ 1,4 milhão. 48 O varejo urbano, por sua vez, comprou insumos no valor de R$ 2 milhões junto ao varejo rural e setor da produção nos pontos de comercialização nos centros urbanos e, adicionou R$ 2,6 milhões, gerando uma renda bruta no valor de R$ 4,6 milhões. GRÁFICO 3– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Na esfera estadual, com renda bruta contabilizado em R$ 22,4 milhões, quem mais atuou para a formação deste montante foram os batedores (indústria de beneficiamento), com mais de R$ 15,1 milhões, obtidos com a soma do valor agregado de R$ 5,5 milhões e do valor do insumo (açaí in natura) comprado no valor de R$ 9,6 milhões, sendo R$ 2,3 milhões junto aos setores ofertantes advindos da região (produção, varejo rural e varejo urbano) e R$ 7,3 milhões do atacadista estadual. E, o atacado que gerou uma renda no valor de aproximadamente R$ 7,3 milhões, gerados pela compra do açaí in natura o valor de R$ 3,9 milhões junto ao setor de produção e varejo rural e, agregação de valor em torno de R$ 3,4 milhões (Gráfico 3). Na esfera nacional, o varejo urbano comprou o açaí beneficiado (polpa pasteurizado e congelado) pelo setor de indústria de beneficiamento local, mais especificamente da agroindústria do município de Castanhal (RI Guamá), o valor de R$ 11,4 milhões, e adicionou o equivalente a R$ 2,9 milhões, gerando uma renda bruta o valor de R$ 14,3 milhões. Estes valores, gerados no 49 âmbito estadual e nacional, demonstram a importância que o açaí teve para a economia da região, no que tange a geração de renda e emprego. Entretanto, dos R$ 88,1 milhões gerados e circulados na cadeia de comercialização deste produto, apenas 13% deste montante (R$ 14,5 milhões) correspondeu ao valor retido pelo setor que dá origem a toda a cadeia, ou seja, os agroextrativistas. Pois, muitos foram os motivos que, agindo concomitantemente, contribuíram para tal problemática: as vendas do produto foram parcialmente maiores, na sua forma in natura, para os atravessadores; a falta de uma melhor organização social (seja em forma de sindicato ou via cooperativa) fez com que as suas vendas tenham sido dispersas e vendidas em maior quantidade para os setores que não estão ligados ao beneficiamento; o local de produção/extração do produto se encontra distante dos centros consumidores, o que por sua vez, pelo alto custo do transporte, acaba lhe impondo dependências em relação à comercialização, ou seja, o escoamento de parte da produção foi realizado por intermédio de terceiros (atravessadores). Esses entraves, mas não os únicos, contribuíram para que preços médios praticados ficassem muito aquém do que na verdade poderiam ter sido. Fato que se comprova quando se compara o preço pago aos agroextrativistas pelo setor de beneficiamento com o preço pago pelos atravessadores, conforme item (c) da cadeia 4.2.1 do açaí. 4.2.2 Mel a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do mel. Foram identificados trinta e quatro agentes mercantis, dentre estes 78% são produtores/apicultores, 17% atravessadores e 5% comerciantes. Dentre os entrevistados foram identificados 59% que trabalham somente com o mel e 38% com outros produtos (cupuaçu, muruci, taperebá, carvão, pupunha, biribá, uxi, castanha-do-brasil, cajarana, muruci e açaí). O tempo que atuam com o produto mel varia de 10 a 20 anos. Foi identificada a grande presença da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) fomentando a intermediação entre as prefeituras e os produtores, geralmente na forma de associações e cooperativas, dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Cerca de 30% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que variam de 5 a 157 ha, alguns produtores se utilizam das áreas de vizinhos para deixar suas caixas de abelha. No que se refere ao armazenamento (espaço físico), 26% dos agentes possuem tais espaços com dimensões que variam de 2 a 48 m². Com relação ao transporte próprio, 44% 50 possuem meios de transporte, quantificados em seis bicicletas, seis motos, dois carros, dois caminhões e um carro de mão. Referente a maquinários e equipamentos foram identificados dez centrífugas, um decantador, seis mesas desoperculadoras, um alveolador de cera, uma balança, dois formões e cinco fumegadores. Somente sete apicultores possuem equipamentos de proteção individual- EPI. As localizações destes agentes encontram-se na Figura 6. FIGURA 6- Localização dos agentes mercantis do mel na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Metade dos agentes entrevistados trabalha com o produto mel o ano inteiro, os demais dividem o tempo com outras atividades relacionadas. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do mel: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Provinda de agricultores familiares que desenvolvem atividades agrícolas tradicionais e a apicultura como mais uma alternativa de renda, sendo que alguns fazem parte de associações de apicultores; Atacado: Composto por associações que adquirem o mel diretamente de seus associados e vendem para os consumidores locais e estaduais. Os associados levam o mel 51 já envasado para serem rotulados nas associações, onde é feita a comercialização para o mercado consumidor; Varejo urbano: Constituído por comerciantes e/ou feirantes que compram da produção e vendem para o consumidor final local ou mesmo para o próprio setor o mel em litro ou fracionado; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Atacado: Representado pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, que atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), sendo o intermediador responsável pelo abastecimento da merenda escolar na própria região e no Estado; Varejo urbano: Trata-se de um feirante localizado na região metropolitana de Belém que comercializa o mel para o consumo local. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel. No principal canal de comercialização do mel foi identificada a presença da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)3, que atua no Programa de Aquisição de Alimentos (CONAB, 2011), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), sendo o intermediador responsável pelo abastecimento da merenda escolar e entidades sociais no mercado local e estadual (Figura 7). Foi classificada como atacadista estadual que comercializou 67,2% da produção local, sendo em torno de 33 toneladas (44,8% do volume da produção identificada) de mel vendido para o consumidor estadual e 16,7 toneladas (22,4% do volume da produção identificada) para o consumidor local. Outros canais importantes referem-se a venda direta dos apicultores para com os consumidores locais comercializando 19,8% da produção, com os consumidores estaduais 8,3% da produção (Figura 7) e, também, com o varejo urbano estadual 1,6%. O setor atacadista local formado por associações de apicultores vendeu em torno de 1,6% diretamente para os consumidores estaduais e 0,3% para os consumidores locais. 3 A CONAB é a empresa oficial do Governo Federal, encarregada de gerir as políticas agrícolas e de abastecimento, promovendo por meio seguro a comercialização eletrônica de produtos e serviços relacionados às atividades finalísticas e de produtos e insumos para terceiros e, também, presta serviço de armazenagem e de classificação de produtos agrícolas. Atua em todo o território nacional por meio de suas superintendências regionais localizadas nos estados. 52 FIGURA 7- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do mel, no período de 2008 a 2009. O setor da produção local pratica preços de venda diferenciados, pois além de apicultores isolados existem também associações que comercializam grandes quantidades através de contratos de venda para a CONAB. Portanto, os preços médios praticados entre os diferentes produtores locais são determinados pela quantidade comercializada. Nesse contexto o setor da produção local vende diretamente para o atacado local (atravessadores) ao preço de R$ 4,21/l (Figura 8), para a CONAB (atacadista estadual) a R$ 9,38/l, para o consumidor estadual a R$ 12,97/l, para o consumidor local a R$ 10,44/l, para o varejo urbano local a R$ 8,71/l e para o varejo urbano estadual a R$ 9,00/l. Enquanto as associações (atacadista local) vendem para os consumidores locais a R$ 10,00/l, e para os consumidores estaduais a R$ 8,00/l, neste caso em feiras livres. 53 FIGURA 8- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do mel. O valor recebido pelos agentes que realizaram a venda (oferta) do mel a partir da RI Guamá, estimado na ordem de R$ 1,3 milhão, correspondente ao VBP sob a ótica da oferta, o qual se equalizou com a participação predominante 61% dos setores no âmbito local e 39% dos setores do mercado estadual (Gráfico 4). O mesmo acontecendo com a demanda deste alimento, apesar do consumo local ter correspondido a 46% da oferta, o mercado estadual consumiu a maior parte 54%. Do VBP total constituído no mercado local, o valor arrecadado pelo setor da produção local (VBPα), setor onde se encontram os apicultores individuais e os organizados em associação, foi estimado em aproximadamente R$ 759,7 mil, equivalente a 97%, aproximadamente, do VBP local (Gráfico 4). Na composição deste valor, mais de R$ 515,5 mil (68% do VBPα) foram oriundos das vendas aos setores que compõem a demanda intermediária, dentre os quais, ao setor atacadista estadual, representativo pela Conab/Belém, responsável por R$ 490,3 mil, que corresponde a mais de 65% das vendas do setor. No tocante ao restante do VBPα, foi oriundo das vendas em que o setor da produção realizou diretamente aos demandantes finais locais e estaduais, que no total contabilizaram R$ 244,1 mil, sendo mais de R$ 160,7 mil obtidos a nível local e, mais de 54 R$ 83,4 mil foram das vendas aos consumidores finais estaduais, mais especificamente consumidores da capital do estado do Pará, pertencente à RI Metropolitana. GRÁFICO 4- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Com relação ao VBP adquiridos pelos outros setores que compõem o mercado local, o atacado, que apresenta em sua composição as associações de apicultores dos municípios de Colares e Santa Izabel do Pará, recebeu um valor equivalente a R$ 12,3 mil, que corresponde a 1,6% do VBP local, pelas vendas para o consumidor final local (19%) e estadual (81%). Faz-se necessário explicitar que entre essas associações, existem as que concentram a responsabilidade de venda e posterior repasse aos associados, retendo assim, apenas um percentual sob a receita para manter a instituição funcionando, denominada de taxa administrativa e, neste caso foram as que venderam para a Conab. No entanto, na maioria dos casos, ela realiza a compra junto aos associados, pagando um preço “justo”, a fim de reter, após a venda diretamente ao consumidor, o montante para a associação. Em seguida, o varejo urbano, categoria dos feirantes e proprietários de pequenas mercearias e/ou tabernas, constituiu um VBP na ordem de R$ 12,6 mil, sendo 91% oriundos das vendas realizadas diretamente para o consumidor final local e 9% para agentes do mesmo setor: transação realizada entre uma feirante que comprou o produto de um atravessador (Gráfico 4). 55 Com relação ao VBP estadual, estimado em R$ 508,5 mil, cujos atacadistas (composto pela Conab), constituiu 97% deste valor, com as vendas realizadas diretamente aos consumidores finais locais e estaduais, sendo que este último obteve uma representatividade de aproximadamente 67% nas vendas do setor. O restante do VBP estadual em torno de R$ 15 mil foi de responsabilidade do setor de varejo urbano, representativo dos feirantes do município de Belém, capital paraense (Gráfico 4). Dos R$ 1,3 milhão gerados pela comercialização do mel a partir da RI Guamá, R$ 759,7 mil corresponderam às vendas dos apicultores, dos quais 32% foram das vendas diretamente aos consumidores finais, sendo 21% local e 11% no âmbito estadual. Isto significa, em termos gerais, que as vendas para o mercado nacional nem aconteceu, seja por falta de investimentos em padronização de comercialização deste produto devido ao custo (embalagem, especificações técnicas e de origem do produto no rótulo, transporte), seja por falta de um incentivo maior, por parte dos órgãos de fomento à atividade, no que se referem à assistência técnica, financiamentos, liberação de alvarás, licenciamento ambiental e, o mais importante, por seu efeito de curto prazo, com a revitalização e/ou criação de pontos de comercialização, tal como feira do produtor, a fim de que os agentes mercantis, que têm nesta atividade sua (ou uma das) fonte de renda, possam ampliar seus nichos de mercado. E, apesar destes entraves, os apicultores venderam para o setor do atacado estadual, que correspondeu às transações realizadas com a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab/Belém, através do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, demonstrando que, a maioria dos apicultores está procurando melhorar sua renda através da inserção em associações. e) VAB – gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de cada setor (%). O VAB, equivalente ao valor transacionado efetivo (VTE), ao longo da cadeia de comercialização do mel, desde o setor alfa (produção/extração local) da região de integração Guamá até a demanda final, foi estimado em aproximadamente R$ 776,5 mil, que constituiu uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na comercialização de 2% (Gráfico 5). Esta margem, calculada a partir da relação entre a diferença do VAB (R$ 776,5 mil) com o VBPα (R$ 759,7 mil), pelo VBPα (R$ 759,7 mil), expõem em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização do mel, a partir do setor alfa (α), até o consumidor final, incluindo todos os custos de produção e comercialização do produto analisado, que não foram captados pela pesquisa. 56 O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia está em processo de crescimento, uma vez que expõe as ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto (de origem animal) adquiriu nos setores, ao longo da cadeia de comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também, a forma como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para a sua geração. GRÁFICO 5- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do mel da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. O VAB total, acima citado foi predominantemente (99%) direcionado aos setores situados nos quinze municípios que compõem a RI Guamá, que teve no setor da produção a sua maior representação, pois os apicultores agregaram aproximadamente R$ 759,7 mil (Gráfico 5), equivalente a 99% do VAB local, com a realização do beneficiamento primário do produto, que a grosso modo significou os processos de colheita das melgueiras, transporte até a “casa do mel”, onde se encontram os equipamentos (melgueiras, decantador, centrífuga entre outros) e utensílios (em aço inox, na maioria dos casos) para se obter mel. Convém ressaltar que o setor da produção transacionou o valor efetivo somente no que se referiu às vendas do produto e, por isso, não foi estimado o seu mark-up, pois a origem deste percentual corresponde à divisão do valor adicionado bruto (VAB ≈ ao VTE) realizado pelo setor com o seu valor da compra de insumo, isto é, VBP sob a ótica da demanda. 57 Os outros R$ 9,8 mil do VAB local foram constituídos por ações realizadas simultaneamente, antes das vendas aos demandantes finais, como: majoração de preços, envasamento do produto em garrafas menores de vidro ou ainda em garrafas PET (600 ml) e, a colocação do rótulo informando apenas a origem (atacado). Na formação deste valor, o setor atacadista adicionou em torno de R$ 6,1 mil e, constituiu um mark-up de 98% (maior índice ao longo da cadeia de comercialização) e, o setor de varejo urbano adicionou R$ 3,7 mil, apresentando um mark-up de 41% (Gráfico 5). No que tange ao VAB realizado pelos setores que compõem o mercado estadual, estimado em R$ 7 mil, devido às mesmas ações do parágrafo anterior, o varejo urbano adicionou um valor próximo a R$ 3,8 mil (54% do VAB estadual) apresentando um markup de 33% e, os atacadistas que apesar de terem adicionado R$ 3,2 mil (46% do VAB estadual) acabaram constituindo um mark-up de apenas 1%, menor índice ao longo da cadeia de comercialização (Gráfico 5). Logo, no que refere ao VAB total ou VTE, observou-se que os apicultores da região em estudo, conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados na região e fora dela, seja pelo grau de especialização/negociação, seja pelas poucas ações de beneficiamento, transformação ou incremento tecnológico que este recurso adquiriu após o beneficiamento primário, realizado pelos setores antes do demandante final. Fato que se comprovou com o valor que foi adicionado pelos outros setores da demanda intermediária, R$ 16,7 mil (2,15% do VAB total), que só conseguiram agregar valor ao produto, antes das vendas ao demandante final, através da divisão do produto em frascos menores, padronização das embalagens antes da comercialização e a majoração de preço. f) Renda Bruta Total (RBT), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do mel. A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do produto foi estimada em aproximadamente R$ 1,3 milhão, formando-se a partir da soma de compra de insumo (VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 516,6 mil, que corresponde à compra dos setores da demanda intermediária, com o VAB total (≈ VTE), formado ao longo da cadeia e, orçado em R$ 776,4 mil. Este valor da RBT foi gerado com a participação dos setores que compõem o sistema local e estadual (Gráfico 6). Na formação da RBT, o setor considerado alfa deste modelo (α), isto é, os apicultores foram os que obtiveram a maior renda verificada ao longo de toda cadeia, no valor de R$ 759,7 mil (Gráfico 6), equivalente a 59% de toda RBT gerada e circulada e, 58 resultante das vendas para os setores econômicos que constituem tanto a demanda intermediária local e estadual, sendo mais predominante (em torno de 65%) as vendas para o setor atacadista estadual, ou seja, para a Conab/Belém. Eles também venderam diretamente aos consumidores finais locais e estaduais, sendo, neste caso, mais observada às vendas no âmbito local. Salienta-se, no entanto, que este valor da RBT, obtida pelo setor (R$ 759,7 mil), poderia ser maior, se as ofertas de outros produtos oriundos desta atividade tivessem sido também comercializadas, pois além da renda, essas outras atividades possibilitariam o aumento do nicho de mercado. Entre os produtos com potencial de mercado encontram-se a cera e a própolis, ambos largamente utilizados pelas indústrias farmacêuticas e cosméticas. Assim como, há uma carência de feiras e mercados, haja vista que na maioria dos municípios da região, estes pontos de comercialização se encontravam inutilizáveis ou até mesmo inexistentes. GRÁFICO 6– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Por conseguinte, o setor de varejo urbano local gerou uma renda equivalente a R$ 12,6 mil, resultante da soma da compra de insumo no valor de R$ 8,9 mil junto aos apicultores e agentes do mesmo setor e agregação de valor de aproximadamente R$ 3,7 mil. O atacado local comprou insumos no valor de R$ 6,3 mil junto aos setores de 59 produção, atacado e de agentes do próprio setor e, adicionou mais de R$ 6,1 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 12,3 mil, aproximadamente (Gráfico 6). No que compete analisar a renda gerada e circulada no âmbito estadual, o setor atacadista arrecadou um montante no valor de R$ 493,5 mil, resultante da soma de compra do insumo no valor de R$ 490,3 mil junto aos apicultores e agregação de valor de R$ 3,2 mil. E o setor de varejo urbano gerou uma renda bruta no valor de R$ 15 mil, pois comprou mais de R$ 11,3 mil em mel dos produtores e adicionou um montante de R$ 3,8 mil sem beneficiá-lo, antes das vendas aos consumidores finais locais (Gráfico 6). Esses setores juntos compõem a renda gerada e circulada no mercado estadual, estimada em R$ 508,5 mil, correspondente a 39% da RBT total. 4.2.3 Cupuaçu a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu. Foram identificados noventa e três agentes trabalhando com o cupuaçu (Figura 9), sendo que 50% são produtores, 30% atravessadores, 19% comerciantes e uma agroindústria localizada no município de Castanhal. Dos entrevistados, 56% comercializam o cupuaçu fruto e 44% trabalham com a polpa. Dentre os agentes 12% trabalham exclusivamente com o cupuaçu e 88% comercializam outros produtos, tais como: taperebá, carvão, uxi, pupunha, muruci, mel, castanha-do-brasil, biribá, urucum, açaí, andiroba, bacuri, cajarana, palmito, tucumã, piquiá, cacau e ingá. O tempo de trabalho no ramo varia de 1 a 25 anos, e 94% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que variam de 2 a 50 ha. 60 FIGURA 9- Localização dos agentes mercantis do cupuaçu na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Constituída por agentes que comercializam o fruto in natura e em forma de polpa, com beneficiamento primário do cupuaçu (despolpamento artesanal) para obtenção de melhor preço de venda na safra e na entressafra; Varejo rural: São pequenos comerciantes que se deslocam até as comunidades para adquirir o cupuaçu in natura ou na forma de polpa dos produtores locais. A maioria dos atravessadores também realizam o despolpamento dos frutos artesanalmente (para melhor preço de venda na safra e entressafra); Indústria de beneficiamento: Agroindústrias processadoras de polpa de frutas localizadas nos municípios de São Francisco do Pará e Castanhal; Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes que realizam a venda do cupuaçu in natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor local; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) 61 Indústria de transformação: Composta por lanchonetes que adquirem polpa de cupuaçu e as transformam em diferentes produtos finais como sucos, vitaminas, sorvetes entre outros; Atacado: Constituído pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), cuja função é intermediar a compra da produção local e repassar para prefeituras que distribuem para instituições de ensino e saúde; Varejo urbano: São os feirantes e atravessadores que realizam a venda do cupuaçu in natura ou na forma de polpa; NACIONAL (Fora do Estado do Pará) Varejo urbano: Formado pelo comercio varejista (feirantes e supermercados) que comercializam o cupuaçu em polpa. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu. Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos dezoito municípios, se caracterizam por canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes intermediários entre a produção local até o consumidor final (Figura 10). O principal nível de canal de comercialização do cupuaçu identificado com maiores quantidades é composto pelo setor varejo rural (atravessadores) que comercializa 30,9% da quantidade do fruto, que comprou exclusivamente da produção local e vendeu para o mercado local e mercado estadual. No mercado local estes varejistas rurais venderam 0,3% para o varejo urbano local (feirantes e comerciantes) e 6,3% para os consumidores principalmente nas margens de rodovias e em feiras livres. Por outro lado, estes atravessadores também vendem para o mercado estadual 14,2% do cupuaçu in natura na época da safra nas principais feiras livres diretamente para os consumidores, 5,5% diretamente para os feirantes a polpa do fruto e 4,6% através de encomenda de polpa para as lanchonetes na região metropolitana de Belém. A indústria de beneficiamento local comprou 13,5% da produção do fruto in natura e vendeu a polpa para o consumidor estadual (10,1%) e para o varejo urbano nacional (3,4%) (Figura 10). Os produtores também realizam a venda direta, ou seja, sem a presença de intermediários. Pois, uma característica comum entre estes produtores envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu local é a realização do beneficiamento primário do fruto na forma de polpa. O sistema de comercialização 62 consiste na venda do fruto in natura na época da safra e a comercialização da polpa do fruto nas principais feiras locais e na RI Metropolitana. Nesse contexto, o setor da produção vendeu 15,5% diretamente para os consumidores locais, 17,2% para os feirantes locais, 18,6% para os consumidores estaduais, 0,2% para o setor atacadista estadual (CONAB), 3,7% para os feirantes estaduais e 0,4% para os varejistas nacionais (neste caso são os produtores do município de Vigia vendendo para os atravessadores do estado do Maranhão). FIGURA 10- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do cupuaçu, no período de 2008 a 2009. O preço médio de compra de insumo (cupuaçu) praticado pelas indústrias de beneficiamento locais com os produtores foi de R$ 0,95/un. (Figura 11). Por outro lado os preços de venda praticados pelas indústrias de beneficiamento locais foram: R$ 0,98/un. com os varejistas urbanos nacionais e R$ 1,33/un. para o consumidor estadual. O varejo rural comprou da produção a R$ 0,73/un. e vendeu para setores estaduais a preços que variaram de R$ 1,02 a R$ 2,00/un., enquanto que no âmbito local vendeu a R$ 1,26 e R$ 1,65/un.. O preço de compra praticado pelo varejo urbano local com os produtores locais foi em média R$ 0,93/un. e com os varejistas rurais foi R$ 1,26/un. (na forma de polpa ou in natura), e venderam em média a R$ 1,77/un. para os consumidores locais. 63 O varejo urbano estadual comprou da produção local a R$ 1,00/un. e do varejo rural a R$ 1,02/un. e revendeu o cupuaçu para a indústria de transformação estadual a R$ 1,50/un. e por R$1,84/un. para os consumidores estaduais (Figura 11). Os preços médios de venda de insumo praticados pelos produtores locais de cupuaçu oscilam entre R$ 0,73/un. a R$5,00/un. em função da forma de comercializar o fruto (isto é, cupuaçu in natura ou polpa), pelo processo rústico de beneficiamento e pela falta de capacidade de armazenamento. FIGURA 11- Preço médio do cupuaçu (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.4 Muruci a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do muruci. Foram identificados trinta e um agentes que trabalham com muruci (Figura 12), sendo uma agroindústria localizada no município de Castanhal (que atua no ramo há 18 anos, 58% são produtores, 32% atravessadores e 13% comerciantes. Entre estes agentes, 45% trabalham exclusivamente com o muruci e 54% trabalham com outros produtos (cupuaçu, taperebá, carvão, uxi, castanha-do-brasil, biribá, açaí, tucumã, andiroba, mel, urucum, cacau e pupunha). 64 FIGURA 12- Localização dos agentes mercantis do muruci na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Dentre os entrevistados, 29% dos produtores possuem propriedades rurais com áreas que variam de 0,5 a 6,25 ha. Somente um agente possui armazém (Ind. Beneficiamento) com capacidade para 35 toneladas. Referente aos meios de condução, 48% possuem transporte, onde foram totalizados um caminhão baú (capacidade para 4 toneladas), onze bicicletas, nove motos e um carro. Em relação aos equipamentos para o trabalho com a fruta 16% dos agentes possuem algum tipo, tais como: um liquidificador industrial, duas seladoras de sacos, uma despolpadeira, uma geladeira, duas maquinas de bater açaí, quatorze freezers (capacidade de 140 l a 500 l). A mão de obra predominante é a familiar, porém uma empresa opera com 12 funcionários. O valor pago mensal pelo trabalho na empresa é de R$ 460,00 e os demais pagam entre R$ 0,20 a R$ 0,30 por litro coletado. Para melhorar a capacidade de produção foi relatado que necessitam de maquinários, assistência técnica para um melhor manejo na coleta dos produtos e financiamento para conseguir realizar todas essas melhorias. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do muruci: LOCAL (Municípios da RI Guamá) 65 Produção: Constituída por agentes que comercializam o fruto in natura em embalagens de garrafa (Pet) ou em sacos plásticos de 1 litro; Varejo rural: São pequenos comerciantes que se deslocam até as comunidades para adquirir o muruci in natura; Indústria de beneficiamento: Agroindústria processadora de polpa de frutas localizadas nos municípios de São Francisco do Pará e de Castanhal; Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes que realizam a venda do muruci in natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor local; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Composta por lanchonetes que adquirem polpa de cupuaçu e as transformam em diferentes produtos finais como sucos, vitaminas, sorvetes entre outros; Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes que realizam a venda do muruci in natura ou na forma de polpa; NACIONAL (Fora do Estado do Pará) Varejo urbano: Formado pelo comercio varejista (feirantes e supermercados) que comercializam o muruci em polpa. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do muruci. O principal canal de comercialização refere-se à venda de 50,3% da produção do muruci para o varejo rural (atravessadores), que revendem 2,4% diretamente em feiras ou em estradas para os consumidores locais, 1,5% para os feirantes locais, 0,3% para as lanchonetes estaduais e através de feiras livres, 46,1% para os feirantes estaduais. Por outro lado, 40,8% da produção local foi comercializada pelo setor da indústria de beneficiamento que vendeu 39,6% para o varejo urbano estadual e 1,2% para o varejo nacional (Figura 13). Os produtores locais vendem 6,5% da produção diretamente para os feirantes locais e também existe o canal direto entre o produtor local e o consumidor local que comercializou somente 2,4% da produção. 66 FIGURA 13- Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do muruci, no período de 2008 a 2009. Os preços médios do muruci praticados entre os diferentes agentes da cadeia de comercialização são determinados pela safra do fruto transacionado e pela distância percorrida pelos produtores. O varejo rural compra diretamente dos produtores locais ao preço médio de R$ 0,87/l e revende localmente para o varejo urbano a R$ 1,66/l e aos consumidores da RI Guamá a R$ 1,11/l e, na esfera estadual para o varejo urbano ao preço de R$ 1,31/l e o setor de transformação a R$ 3,00/l para a indústria de transformação (lanchonetes) devido à pequena quantidade (Figura 14). As indústrias de beneficiamento locais compram da produção a R$ 1,26/l e vendem na forma de polpa a R$ 2,00/l para o varejo urbano estadual e a R$ 2,50/l para o varejo urbano nacional (Figura 14). Quando os consumidores locais compram direto da produção o preço médio foi de R$ 2,25/l. 67 FIGURA 14- Preço médio do muruci (R$/l do fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da Região de Integração Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.5 Taperebá a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá. Foram identificados doze agentes comerciantes (Figura 15), dos quais 66% são atravessadores, 16% feirantes, 8% produtores e duas agroindústria. Todos trabalham paralelamente com outros produtos (cupuaçu, muruci, carvão, pupunha, uxi, mel, castanhado-brasil, cajarana, biribá, açaí e bacuri). Foi identificado que somente a indústria possui armazém e o mesmo com capacidade para 35 toneladas. A indústria possui todo maquinário necessário para o beneficiamento do produto. Tem um quadro de funcionários de 12 pessoas no período da safra e 10 pessoas na entressafra, pagando mensalmente o valor de R$ 460,00. Estima-se que sete agentes (cinco atravessadores, um feirante e um produtor) trabalham com o produto somente durante a safra, os demais recorrem à outra forma de renda e declararam ter problemas principalmente com a armazenagem, a causa seria a quantidade insuficiente dos freezers e a queda de energia constante. 68 Foram relatados vários pontos a serem considerados para melhorar a produção sendo estes: financiamento, local adequado para armazenagem e maquinário para padronizar o produto. FIGURA 15- Localização dos agentes mercantis do taperebá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Composta por agricultores locais, encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do taperebá na safra; Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram o taperebá in natura do setor da produção; Indústria de beneficiamento: Inclui as empresas que realizam o processamento do taperebá in natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa de produção de polpa congelada voltada para o mercado estadual e a voltada para atender o mercado (inter) nacional de polpas regionais; Varejo urbano: São feirantes que comercializam o taperebá in natura para o consumo local; 69 ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Composto por lanchonetes que adquirem o taperebá in natura diretamente dos atravessadores; Varejo urbano: Composta por feirantes da RI Metropolitana, que adquirem o fruto in natura na safra; NACIONAL Varejo Urbano: São redes de supermercados que comercializam a polpa do fruto do taperebá nacionalmente. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do taperebá. O principal nível de canal de comercialização do taperebá (Figura 16) identificado com as maiores quantidades é a compra da indústria de beneficiamento de 81,8% do total da produção local identificada, que vendem 28,6% para o setor do varejo urbano estadual e 53,2% para o mercado nacional, na forma de polpa congelada. Este setor de beneficiamento é composto por agroindústrias localizadas nos municípios de São Francisco do Pará e de Castanhal. FIGURA 16- Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. O varejo rural comercializa 8,8% da quantidade identificada do fruto, que é comprado diretamente dos produtores e vendido 4,6% para os consumidores estaduais, 70 3,9% para os feirantes estaduais (varejo urbano) e 0,3% para sorveterias estaduais (transformação) (Figura 16). Esses atravessadores (varejo rural) se deslocam até as feiras livres, sorveterias e comerciantes para entregar o taperebá in natura. O setor da produção local também comercializa diretamente 9,2% com os consumidores estaduais, 0,2% com os feirantes estaduais e 0,02% com os feirantes locais (Figura 16). c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do taperebá, no período de 2008 a 2009. As indústrias de beneficiamento local compram da produção a R$ 0,79/kg e vendem na forma de polpa a R$ 3,00/kg para o varejo urbano estadual e a R$ 1,76/kg para o varejo urbano nacional (Figura 17). FIGURA 17- Preço médio do taperebá (R$/kg do fruto) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. O varejo rural compra diretamente dos produtores locais ao preço médio de R$ 0,58/kg do taperebá e revende para agentes do mercado estadual no valor médio de R$ 3,00/kg para a indústria de transformação (lanchonetes), a R$ 1,75/kg para o varejo urbano e a R$ 0,84/kg aos consumidores estaduais (Figura 17). 71 A produção local vende diretamente para os consumidores estaduais ao preço médio de R$ 3,00/kg, aos feirantes estaduais a R$ 2,00/kg e a R$ 1,83/kg para os feirantes locais (Figura 17). 4.2.6 Frutas (muruci, cupuaçu e taperebá) Com o aumento do consumo das frutas da Amazônia, nas últimas décadas, dentre as quais as do Pará pelo sabor exótico, aroma, textura, qualidade e diversidade, aliado à procura por produtos orgânicos, que propiciam a segurança alimentar e, pela RI Guamá concentrar municípios que se destacam na produção de grande parte das frutas com tais características, passaram a industrializá-las a fim de atender novos nichos de mercado. Nesse cenário, as análises a seguir referem-se a comercialização das três principais frutas identificadas na RI Guamá: cupuaçu, muruci e o taperebá. Pois além de apresentarem em suas respectivas cadeias um fluxo heterogêneo na forma de comercialização do produto (fruto e polpa), estes foram os únicos produtos a convergirem para o processo de industrialização, a fim de melhorar a qualidade do produto, com o objetivo de atingir esses novos consumidores, de modo específico os demandantes nacionais. Apesar da demanda estadual ser prevalecente na comercialização dos três frutos, a demanda nacional, no caso do taperebá, correspondeu a 46% da oferta, 5% no caso do muruci e 2% no cupuaçu. E, em quase todos os casos, esta comercialização ficou a cargo das agroindústrias do município de Castanhal, com exceção dos atravessadores que compram o cupuaçu em fruto na RI Guamá e os vendem no comércio dos municípios do estado do Maranhão, principalmente os de fronteira com estado do Pará. a) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização das frutas (muruci, cupuaçu e taperebá). No que tange à oferta destas frutas (cupuaçu, muruci e taperebá) a partir da RI Guamá, o valor recebido pelos setores da comercialização foi estimado na ordem de R$ 3,1 milhões e corresponde ao VBP total, sendo que os setores situados no mercado local adquiriram o equivalente a R$ 1,8 milhão, os do mercado estadual R$ 1 milhão e o varejo urbano nacional adquiriram R$ 289,6 mil, conforme Gráfico 7. Do VBP local, mais de R$ 719 mil foram oriundos das vendas do setor da produção, sendo 84% para os setores intermediários e 26% diretamente aos consumidores finais locais e estaduais (Gráfico 7). Na composição dos setores intermediários, os maiores valores recebidos pelos produtores foram os pagos pelo setor de indústria de 72 beneficiamento R$ 357,6 mil. No entanto, os produtores, de modo específico aqueles que não tiveram acesso ao setor de beneficiamento, seja pela ausência no seu município ou pela distância ao município pólo da RI Guamá, onde se concentra um número maior de agroindústrias, também transacionam com aos feirantes (varejo urbano) da RI recebendo R$ 36,3 mil e, com os feirantes no âmbito estadual dos quais receberam R$ 3,2 mil. Ou ainda, com os atravessadores recebendo o equivalente a R$ 208,2 mil. Os outros setores de domínio local, os atravessadores, agregados no setor de varejo rural, adquiriram um valor equivalente a mais de R$ 328,5 mil, 18% do VBP local e, tornaram-se o segundo setor mais importante na comercialização com os agroextrativistas, pois foi responsável pela compra dos frutos in natura junto às comunidades produtoras, para posterior venda ao varejo urbano estadual e local, assim como, para as indústrias de transformação e, aos consumidores nos âmbitos locais e estaduais. O setor de varejo urbano, composto por inúmeros feirantes, por sua vez recebeu R$ 73,6 mil, de forma preponderante das vendas aos consumidores locais. A indústria de beneficiamento (setor onde foram inseridas duas agroindústrias) adquiriu mais de R$ 731,1 mil com as vendas das polpas destes frutos, sendo que R$ 519,3 mil corresponderam às vendas às redes de supermercados da capital paraense (varejo urbano estadual) e aos demandantes finais estaduais realizados pela agroindústria localizada em uma comunidade do município de São Francisco do Pará e, R$ 211,7 mil foram do somatório das vendas realizadas pela agroindústria de Castanhal ao mercado nacional, que representa as redes de supermercado. (Gráfico 7). Com relação ao VBP obtido com as vendas realizadas pelos setores a nível estadual, orçada em R$ 1 milhão, em torno de R$ 992,2 mil corresponderam às vendas do varejo urbano (composto por feirantes e pelas redes de supermercado) para os consumidores finais, que constituiu mais de 99% de suas transações e, o restante adveio das vendas à indústria de transformação e aos agentes do mesmo setor. A indústria de transformação, que representa uma lanchonete, adquiriu um valor de R$ 17,2 mil com as vendas de suco para os seus clientes e, apenas um valor irrisório de R$ 546,20 ficou a par do setor atacadista, que na verdade corresponde ao valor de compra realizado pela Conab/Belém, que o repassou aos órgãos públicos responsáveis pela alimentação de estudantes. No sistema nacional foram gerados em torno de R$ 289,6 mil oriundos das vendas das polpas dessas frutas para os consumidores finais, com participação exclusiva do varejo urbano (Gráfico 7). 73 GRÁFICO 7- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das frutas (cupuaçu, muruci e taperebá) da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Por tudo isso, dos R$ 3,1milhões gerados na comercialização desses frutos, a partir da RI Guamá, somente R$ 127,2 mil foram oriundos das vendas ao demandante final local na sua forma in natura. Isso significa dizer que as vendas para fora teve uma importância maior para os setores locais, de modo predominante para os consumidores estaduais (R$ 1,1 milhão), de modo especifico, Belém, Castanhal e Barcarena. Tendo como principal agente comercializador os feirantes e as redes de supermercados. No entanto, os agroextrativistas conseguiriam adquirir, deste valor de R$ 1,1 milhão, aproximadamente R$ 77 mil, sobretudo pela sua vinda, o que aumenta seus custos, até a capital paraense, mais precisamente por aqueles que não tiveram condições de comercialização em seus respectivos municípios pela falta de funcionalidade dos pontos de comercialização, tal como feiras e/ou mercados. b) VAB - gerado na comercialização das frutas (muruci, cupuaçu e taperebá) e a margem de comercialização de cada setor (%). O VAB ao longo da cadeia de comercialização dos frutos (muruci, cupuaçu e taperebá), desde o setor alfa (coleta/produção) da RI Guamá até o consumidor final, foi de R$ 1,5 milhão (Gráfico 8), que resultou em uma margem bruta de agregação de valor ao produto na comercialização, ou mark-up total de 113%. Esta margem calculada a partir do valor total do VAB (R$ 1,5 milhão), menos o VBPα (R$ 3,1 milhões), dividido pelo VBPα 74 (R$ 3,1 milhões), expõe, em termos percentuais, o quanto foi adicionado a estes frutos, ao longo de toda a cadeia de comercialização, a partir do setor alfa (α). É imperativo afirmar que este valor de mark-up foi expressivo pelo motivo do setor alfa, após realizar a coleta/produção, pouco agregou ao fruto, ou seja, pouco beneficiou, diferente dos setores da demanda intermediária, principalmente das indústrias de beneficiamento (local e estadual). O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia esta em processo de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que estes produtos adquiriram nos setores, ao longo das cadeias de comercialização, antes do demandante final. Assim sendo, o sistema local obteve uma agregação de valor ao produto de R$ 1,2 milhão, equivalente a 81% do VAB total (Gráfico 8). Na composição deste valor, o setor da produção transacionou valor efetivo, isto é, agregou valor ao produto, somente no que se referiu às vendas desses produtos na sua forma in natura na ordem de R$ 719,1 mil e, por isso, não foi estimado o seu valor de mark-up. Este setor agregou valor quando realizou o beneficiamento primário do produto, que significou, de modo geral, a seleção dos frutos de boa qualidade e, em alguns casos, o ensacamento em embalagens de um quilo, o que não necessariamente se tenha um quilograma do fruto. Entre os setores da demanda intermediária, houve a participação predominante da indústria de beneficiamento, pois sua agregação foi na ordem de R$ 373,4 mil (30% do VAB local), que está fortemente relacionado tanto à sua capacidade instalada quanto ao grau de negociação que mantém com o setor da produção, os quais os vendem o produto in natura que, por sua vez, as negocia com o mercado nacional, um produto beneficiado a preços bem mais atrativos em relação ao preço de compra. Com relação à margem de comercialização por setor, ou seja, mark-up constituído pelo setor, a industria de beneficiamento configurou 104%, calculado a partir da relação entre o valor do VAB realizado no setor (R$ 373,4 mil) pelo valor do VBP do setor (aproximadamente R$ 357,6 mil), pela ótica da demanda, ou seja, o valor da compra de insumos realizada pelo setor. O mark-up, em termos gerais, representado em termos relativos (%), inclui todos os custos de beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não são captados pela pesquisa. Entre os processos de beneficiamento realizados por este setor, estão o beneficiamento do fruto, sua transformação em polpa e empacotamento do produto 75 conforme os órgãos de vigilância sanitária e de comércio, a fim de garantir a qualidade e as características intrínsecas dos frutos (Gráfico 8). GRÁFICO 8- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização das frutas (cupuaçu, muruci e taperebá) da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Ainda no mercado local o setor varejo rural agregou aproximadamente R$ 120,3 mil e constituiu um mark-up de 58% (Gráfico 8), propiciado pelas transações dos frutos in natura, com acréscimos dos custos de comercialização com outros setores da demanda intermediária e final, no primeiro caso, principalmente para os feirantes. O varejo urbano, por conseguinte, adicionou algo em torno de R$ 26,4 mil e constituiu um mark-up de 56%, com os processos da majoração de preço antes das vendas para os consumidores finais locais. Os setores que contribuíram para o VAB no mercado estadual, estimado na ordem de R$ 212,3 mil (14% do VAB total), conforme o Gráfico 8, com o varejo urbano constituindo mais de 98% (equivalente a R$ 209 mil), cuja agregação se formalizou quando utilizou da majoração de preço antes das vendas. E devido a esta agregação, configurou uma margem de comercialização (mark-up) de 27%. Já a indústria de transformação adicionou um pouco mais de R$ 3,3 mil e estabeleceu um mark-up de 23%, pois comprou diretamente do setor da produção os frutos in natura e os utilizou como insumo na preparação de cremes, doces e sucos antes das vendas aos consumidores finais estaduais. É importante ressaltar que o setor atacadista, por sua vez, não adicionou pois 76 constituiu somente em repasse da Conab/Belém para instituições educacionais. Com relação ao VAB formado no mercado nacional, estimado na ordem de R$ 77,5 mil (equivalente a 5% do VAB total), ficou por conta do setor de varejo urbano, que devido ao aumento do preço apresentou um mark-up de 37%. Por tanto, no que se referiu ao VAB total (R$ 1,5 milhão), equivalente ao VTE, ao longo da cadeia de comercialização desses frutos, observou-se que os agroextrativistas da região em estudo conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto na região quanto fora dela, já que foi responsável por 47% do VAB total, seja pelo grau de especialização/negociação, já que suas vendas não foram centralizadas para um setor, apesar de 50% do volume de suas vendas terem sido direcionadas ao setor de beneficiamento. Seja pelas poucas ações de beneficiamento, transformação ou incremento tecnológico que estes recursos, que corresponde aos outros 50% do volume de vendas, adquiriu após o beneficiamento primário, realizado pelo setor, antes do demandante final. Fato que se comprova quando se compara o valor adicionado pelos varejistas (rural e urbano) e setor de beneficiamento. No restante do VAB total, os varejistas foram responsáveis por 28% do VAB total, utilizando-se do processo de majoração de preço, enquanto que as agroindústrias localizadas na RI Guamá, quanto a indústria de transformação na esfera estadual, conseguiram adicionar 25% do VAB total, propiciado simultaneamente pelo grau de especialização/negociação destes agentes com agentes do setor da produção e, a capacidade instalada. c) Renda Bruta Total (RBT) gerada pela ótica da demanda na comercialização das frutas (cupuaçu, muruci e taperebá). A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização destes produtos foi orçada em R$ 3,1 milhões, formando-se a partir da soma de compra de insumo (VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 1,6 milhão, realizado pelos setores da demanda intermediária, com Valor Transacionado Efetivo (VTE), que corresponde ao VAB constituído ao longo da cadeia em R$ 1,5 milhão, tanto pelos setores da demanda intermediária quanto o setor da produção. O sistema local foi responsável por mais de 59% desta renda, o estadual 32% e o nacional 9%, conforme o Gráfico 9. Na RI Guamá, identificado como mercado local, o setor de indústria de beneficiamento (agroindústria) foi quem gerou a maior renda bruta no valor de R$ 731,1 mil, pois comprou os frutos na sua forma in natura no valor de R$ 357,7 mil junto ao setor 77 da produção (agroextrativistas) e, adicionou um montante de R$ 373,4 mil com os seus processos de beneficiamento (Gráfico 9). GRÁFICO 9– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das frutas (cupuaçu, muruci e taperebá), considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. O varejo rural gerou uma renda bruta no valor de R$ 328,5 mil, resultante da soma da compra de insumo no valor de R$ 208,2 mil junto ao setor da produção e, na maioria das vezes, no próprio local uma agregação de R$ 120,3 mil. O varejo urbano, por sua vez, comprou insumos no valor de R$ 47,2 mil junto ao varejo rural, da produção e de agentes do mesmo setor, nos próprios pontos de comercialização nos centros urbanos e, adicionou R$ 26,4 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 73,6 mil (Gráfico 9). Na esfera estadual, com renda bruta contabilizada em mais de R$ 1 milhão, quem mais atuou para a formação deste montante foram os feirantes juntamente com as redes de supermercado (ambos agrupados no setor de varejo urbano), com mais de R$ 992,2 mil, obtidos com a soma do valor agregado de R$ 209 mil com o valor do insumo comprado no valor de R$ 783,3 mil (no caso dos feirantes os frutos in natura e dos supermercados a polpa). No que se refere ao valor de compra de insumo, R$ 272,2 mil foram comprados pelos feirantes junto aos setores ofertantes advindos da região (produção e varejo rural) e 78 agentes do mesmo setor e, R$ 510,6 mil corresponderam às compras dos supermercados junto às agroindústrias. A indústria de transformação, por conseguinte, gerou uma renda no valor de R$ 17,2 mil, gerados pela compra das frutas in natura no valor de R$ 11,6 mil junto ao varejo rural e R$ 2,4 mil junto aos feirantes estaduais (varejo urbano estadual), e agregação de valor em torno de R$ 3,3 mil (Gráfico 9). Com relação à esfera nacional, o varejo urbano comprou as frutas beneficiadas (polpa congelada) do setor de indústria de beneficiamento local, mais especificamente da agroindústria do município de Castanhal (RI Guamá), no valor de R$ 212 mil, e adicionou o equivalente a R$ 77,5 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 289,6 mil. Os valores gerados no âmbito estadual e nacional demonstram a importância que estas frutas tiveram também para a economia da região, no que tange a elaboração de renda e emprego. Entretanto, dos R$ 3,1 milhões gerados e circulados na cadeia de comercialização das frutas, apenas 23% deste montante (R$ 719 mil) corresponderam ao valor retido pelo setor que dá origem a toda a cadeia, ou seja, dos agroextrativistas (Gráfico 9). Pois foram os diferentes motivos que, agindo concomitante, contribuíram para tal problemática: as vendas do produto foram parcialmente maiores, na sua forma in natura, para os varejistas (composto por atravessadores e feirantes) que pagaram os menores preços médios, com exceção do taperebá, que aproximadamente 82% da produção foram vendidos para as agroindústrias; a falta de uma melhor organização social (seja em forma de sindicato ou via cooperativa), que contribuiu para que as vendas tenham sido dispersas e realizadas em maior quantidade para os setores que não estão ligados ao beneficiamento, assim como, contribuiu para que as vendas para a Conab quase não se realizassem, pois somente 0,2% da produção do cupuaçu tiveram essa finalidade; o local de produção/extração do produto se encontra distante dos centros consumidores, o que por sua vez, pelo custo, acaba lhe impondo dependências em relação à comercialização, ou seja, o escoamento de parte da produção foi realizado por intermédio de terceiros (atravessadores) e, por fim; a precariedade em que se encontravam os pontos de comercialização nos municípios (feiras e mercados), fizeram com que alguns agroextrativistas saíssem da sua região para vender a produção em outras regiões, mais precisamente a Metropolitana. 79 4.2.7 Priprioca a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da priprioca. Foi identificada apenas uma associação de produtores rurais que comercializa a raiz da priprioca, e está no ramo há cinco anos. Localizada no município de Santo Antônio do Tauá, tem parceira com uma indústria de transformação, localizada no município de Benevides, para a obtenção dos ativos da priprioca, capitiú e do estoraque. A associação coleta a raiz em uma área de 28 hectares, onde trabalham 40 produtores associados, sendo que, apenas 16 famílias cultivam a priprioca. O trabalho é realizado na época da colheita, e o valor pago aos associados equivale a R$ 20,00 a diária. Um associado relatou que para melhoria na capacidade de produção, a associação necessita de patrulha mecanizada para beneficiamento das áreas dos associados. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização da priprioca: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Representado por produtores que cultivam a priprioca e realizam a coleta e o seu armazenamento. ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético, situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas nativas ou áreas cultivadas em terras de agricultores, que também refina óleos de frutas. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg da raiz) pelo setor mercantil da priprioca, no período de 2008 a 2009. A estrutura da quantidade comercializada de priprioca apresenta um canal semidireto, ou seja, a existência de apenas um tipo de intermediário (Figura 18). Portanto, toda a produção identificada é comercializada para a indústria de transformação estadual, ao preço de R$ 3,00/kg da raiz. Tal indústria de transformação estadual envia para o mercado nacional, no entanto, esta empresa ainda não foi entrevistada pela equipe, portanto o preço foi estimado em R$ 3,75/kg da raiz. 80 FIGURA 18- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/kg da raiz) da priprioca na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.8 Murumuru a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do murumuru. Foram identificados cinco agentes comerciantes de murumuru (Figura 19), todos coletores. Trabalham também com outros produtos (andiroba, cupuaçu e uxi). Não informaram quanto tempo trabalham com o produto. Foi verificado que 60% dos agentes possuem armazém com dimensões de 6 a 12 m², apenas um agente declarou possuir meio de transporte, sendo uma canoa e uma bicicleta. Todos afirmaram não dispor de maquinários ou equipamentos. O trabalho é realizado principalmente pela mão de obra familiar, com um produtor que conta com a ajuda de 20 pessoas no empreendimento, sendo pago o valor de R$ 0,70/kg de polpa extraída. Com relação ao armazenamento, 40% relataram ter problemas. Alguns devido à proximidade do rio e umidade, diminuindo a qualidade do produto e o outro referente ao espaço para armazenamento. A produção trabalha manualmente e não há uso de tecnologias para extração ou beneficiamento do produto. 81 FIGURA 19- Localização dos agentes mercantis do murumuru na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do murumuru: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Composta por extrativistas responsáveis pela coleta tradicional da semente nas áreas de ocorrência natural da região pesquisada; Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram o murumuru diretamente dos extrativistas; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Existem dois tipos de estrutura de empresa transformadora, a primeira transforma o murumuru em manteiga e também em produtos finais (cosméticos); e a segunda compra já a manteiga de murumuru e a transforma em produtos finais (cosméticos); b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do murumuru. A cadeia de comercialização do murumuru consiste em canais simples apresentando apenas dois intermediários (Figura 20). Os varejistas rurais compram 68% dos produtores e vendem exclusivamente para as indústrias de transformação no âmbito 82 estadual. Neste caso, as empresas de transformação utilizam dos agentes atravessadores para realizar o contato com os produtores, adquirindo o produto de diversos locais com o objetivo de facilitar as negociações e a formação de preço. Existe também a comercialização direta dos produtores com a indústria de transformação estadual eliminando, neste caso, os atravessadores. O setor da indústria de transformação vendendo para si mesma cerca de 13% da produção (Figura 20). Neste caso refere-se a quantidade de manteiga de murumuru vendida de uma empresa de cosmético para outra empresa de cosmético. FIGURA 20- Estrutura (%) da quantidade amostral do murumuru comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do murumuru, no período de 2008 a 2009. A produção local vende a um preço médio de R$ 0,29/kg da semente para os atravessadores (varejo rural) e a R$ 1,50/kg diretamente para as indústrias de transformação (Figura 21). Os atravessadores por sua vez vendem ao preço de R$ 1,04/kg da semente para as indústrias de transformação. Estas indústrias de transformação estaduais não foram entrevistadas pela equipe, então os preços médios de venda foram estimados. 83 FIGURA 21- Preço médio do murumuru (R$/kg da semente) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.9 Estoraque a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do estoraque. Foi identificada apenas uma associação de produtores rurais, já descrita no item 4.2.7 deste documento, como agente que produz e comercializa o estoraque para atender a demanda da indústria de cosmético estadual. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do estoraque: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Representado por produtores que cultivam o estoraque e realizam a coleta e o seu armazenamento; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético, situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas nativas ou cultivadas em terras de agricultores e também refina óleos de frutas. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg da raiz) pelo setor mercantil do estoraque, no período de 2008 a 2009. 84 A cadeia de comercialização do estoraque apresenta apenas um tipo de intermediário que compra toda a produção (100%), devido ser empresa de perfumaria (Figura 22). O preço médio de venda praticado pela associação (setor da produção) para a indústria de transformação foi de R$ 1,50/kg. É necessário destacar que o preço de venda realizado pela indústria de transformação foi estimado, pois esta empresa ainda não foi entrevistada. FIGURA 22- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/kg da raiz) do estoraque na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.10 Tucumã a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do tucumã. Foram identificados dois agentes mercantis na categoria de produtor, que trabalham com outros produtos, além do tucumã (polpa de cupuaçu, inajá, açaí e murumuru). Um agente declarou trabalhar no ramo há sete anos e anteriormente exercia a profissão de ambulante. Referente a armazenagem do produto, foi verificado que somente um agente possui, porém considera inadequado. A seguir a descrição do setor envolvido na comercialização do tucumã: LOCAL (Municípios da RI Guamá) 85 Produção: Composta por extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do tucumã em áreas de ocorrência natural do fruto; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético, situada no município de Benevides, RI Metropolitana, que realiza o processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/ Unidade) pelo setor mercantil do tucumã, no período de 2008 a 2009. A estrutura da quantidade comercializada de tucumã apresenta dois canais de comercialização, o primeiro canal indireto, com a produção vendendo 97,4% do fruto in natura (equivalente a 5.000 kg), cujo preço médio praticado foi de R$ 0,25/kg para a indústria de transformação estadual voltada para a área de cosméticos, que repassou para o consumidor final (Figura 23). FIGURA 23- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/Unidade) do tucumã na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.11 Capitiú a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do capitiú. 86 Foi identificada apenas uma associação de produtores, já descrita no item 4.2.7 deste documento, como agente que produz e comercializa o capitiú para atender a demanda da indústria de cosmético estadual. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do capitiú: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Representado por produtores que cultivam o capitiú e realizam a coleta e o seu armazenamento; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético, situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg da raiz) pelo setor mercantil do capitiú, no período de 2008 a 2009. A cadeia de comercialização do capitiú apresenta apenas um tipo de intermediário que compra toda a produção para realizar experimentos (Figura 24). O preço médio de venda praticado pela associação (setor da produção) para a indústria de transformação foi de R$ 1,50/kg. O preço de venda realizado pela indústria de transformação para o consumidor final foi estimado, pois a indústria não foi entrevistada. 87 FIGURA 24- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/kg da raiz) do capitiú na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.12 Inajá a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do inajá. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do inajá: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Representado por uma associação composta por extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do inajá na safra em áreas de ocorrência do fruto; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético, situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/Unidade do fruto) pelo setor mercantil do inajá, no período de 2008 a 2009. 88 A Figura 25 apresenta os setores envolvidos na comercialização deste produto. Verificou-se o envolvimento apenas da indústria de transformação, que compra 100% da produção identificada, este insumo é utilizado na fabricação de cosméticos pelo preço médio de R$ 0,35/un. e, posteriormente, comercializa-os para os consumidores nacionais por R$.0,44/un.. Este preço de venda realizado pela indústria de transformação foi estimado, pois a empresa ainda não foi entrevistada. FIGURA 25- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/Unidade do fruto) do inajá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.13 Mucajá a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do mucajá. Os setores envolvidos na comercialização do mucajá estão descritos a seguir: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Representado por uma associação composta por extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do mucajá na safra em áreas de ocorrência do fruto; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético, situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o 89 processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/ Kg do fruto) pelo setor mercantil do mucajá, no período de 2008 a 2009. O único canal de comercialização do mucajá identificado foi a compra da indústria de transformação de 100% de toda a produção da associação (setor da produção), pelo preço de R$ 0,35/kg do fruto (Figura 26). O preço de venda realizado pela indústria de transformação foi estimado, pois a empresa ainda não foi entrevistada. FIGURA 26- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/kg do fruto) do mucajá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.14 Perfumaria e Cosméticos (Priprioca, Murumuru, Estoraque, Tucumã, Capitiú, Inajá e Mucajá) A análise dos valores agregados a seguir se desenvolverá com base no princípio da utilização dos produtos, ou seja, se a comercialização atendeu a uma determinada finalidade, a que tipo de demandante e/ou nicho de mercado. E, seguindo este princípio, os produtos priprioca, murumuru, estoraque, tucumã, capitiú, inajá e mucajá, descritos anteriormente de modo individual, foram agrupados em termos de valor estimado e, classificados na categoria “Perfumaria e Cosméticos”, haja vista que a comercialização destes foi para atender especificamente a demanda de uma grande indústria de transformação (situada no município de Benevides, pertencente à RI Metropolitana), que 90 os utiliza como insumos na preparação (e/ou estudos) de produtos para perfumaria e cosméticos. Portanto, os seus respectivos fluxos de comercialização, a partir da RI Guamá, convergem para o setor de transformação. a) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização dos produtos de perfumaria e cosméticos. O valor recebido por todos os agentes que realizaram a venda (que corresponde ao Valor Bruto da Produção – VBP, pela ótica da oferta) dos produtos classificados como perfumaria e cosméticos (priprioca, murumuru, estoraque, tucumã, capitiú, inajá e mucajá), a partir da RI Guamá, foi contabilizado em aproximadamente R$ 329,3 mil. Deste total, os setores do mercado local receberam R$ 146,6 mil e o estadual contabilizou R$ 182,7 mil, sob a ótica da oferta (Gráfico 10). Do valor recebido pelos setores que compõem o mercado local, o da produção (VBPα), isto é, setor cujos agentes realizam tanto a produção e coleta (priprioca, estoraque e capitiú), quanto somente a coleta (tucumã, mucajá, inajá e o murumuru) desses produtos, recebeu um valor próximo a R$ 128,5 mil, 88% do VBP total contabilizado no âmbito local, pela ótica da oferta (Gráfico 10). Deste valor, mais de 99% foram das vendas realizadas aos setores da demanda intermediária, mais especificamente 95,8% para indústria de transformação e 3,9% ao varejo rural, sendo o murumuru o único produto a ter neste setor um canal de comercialização. E, R$ 466,41 (menos de 1%) foi oriundo das vendas do tucumã, diretamente aos demandantes finais da RI Guamá. Deste modo, os agroextrativistas não tiveram no setor de varejo rural, ou seja, nos atravessadores, um elo de comercialização junto ao setor de transformação (com exceção do murumuru), que de certo modo, resultou em um retorno monetário maior para os agentes que têm na coleta/produção desses produtos uma de suas fontes de renda. Esta negociação direta entre produtor e indústria foi propiciada por dois fatores correlatos e básicos: tanto pela questão da organização social dos produtores; quanto pela infraestrututra apresentada na RI Guamá, principalmente do município pólo desses produtos (Santo Antônio do Tauá), pois, além da sua proximidade com a RI Metropolitana, a sua malha rodoviária favoreceu a simetria na comercialização entre produtor e indústria. Convém situar também a ação da empresa de transformação que tem realizado alguns trabalhos de articulação junto às organizações não governamentais instaladas na região, que podem atuar como intermediadores no processo de construção da parceira entre empresa e associações. 91 GRÁFICO 10- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos fármacos e cosméticos da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. No que tange à participação dos produtos de perfumaria e cosméticos, na composição do VBPα total, os agroextrativistas que transacionaram a priprioca, foram os que mais contribuíram, pois receberam R$ 85,7 mil (67% do VBPα total). Por conseguinte vieram o murumuru com R$ 17,2 mil (13% do VBPα total), o estoraque com R$ 15,7 mil (12% do VBPα total), o capitiú com R$ 5,4 mil (4% do VBPα total), e por fim os produtos que tiveram contribuições de 1%, tucumã com R$ 1,9 mil, mucajá com R$ 1,5 mil e o inajá com R$ 1 mil. É importante ressaltar também que estes produtos foram comercializados pelos agroextrativistas, sob uma única forma: in natura. Ainda com relação às vendas dos setores que integram o mercado local, o varejo rural, setor onde estão arranjados os atravessadores, por sua vez, recebeu pelas vendas do murumuru junto à indústria de transformação um valor superior a R$ 18 mil, o que corresponde a 12% VBP nível local (Gráfico 10). O murumuru foi o único produto a ter neste setor um dos canais de sua comercialização, pois diferente do que aconteceu com os outros produtos, com origem no município de Santo Antônio do Tauá, este produto foi adquirido, por atravessador residente neste município, junto aos agroextrativistas do município de Colares. 92 Quanto ao VBP constituído no mercado estadual, contabilizado em R$ 182,7 mil, houve a participação exclusiva do setor de indústria de transformação, onde estão inseridas duas indústrias, sendo que uma, a localizada em Ananindeua, adquiriu R$ 1,3 mil pelo fornecimento do murumuru (insumo) beneficiado, assim como outros ingredientes naturais e orgânicos provenientes da biodiversidade amazônica, em óleo, para a indústria cosmética e de fragrâncias, localizada em Marituba, que por sua vez, vendeu tudo o que adquiriu para o consumidor final nacional arrecadando R$ 181,4 mil (Gráfico 10). b) VAB - gerado na comercialização dos produtos de perfumaria e cosméticos e a margem de comercialização de cada setor (%). O VAB ao longo da cadeia de comercialização da categoria perfumaria e cosméticos, desde o setor alfa (coleta/produção local) da RI Guamá até ao demandante final, contabilizou mais de R$ 181,8 mil, o qual desencadeou uma margem de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na comercialização de 41%. Esta margem mostra percentualmente o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização dos produtos agrupados na categoria, a partir do valor das vendas do setor alfa, e o seu calculo advém da relação entre a diferença do VAB, R$ 181,8 mil, com o VBP α (R$ 128,5 mil), pelo VBPα (R$ 128,5 mil). Quando se analisa a agregação de valor por mercado é preciso ressaltar que o local foi responsável por 78% do VAB e o mercado estadual o restante, 22% (Gráfico 11). O VAB constituído no mercado local, estimado em R$ 141,6 mil, formado pelos dezoito municípios que compõem a RI Guamá, houve a ação de dois setores apenas: produção e varejo rural (Gráfico 11). Sendo que o mark-up dos atravessadores, ou seja, a margem bruta de comercialização foi na ordem de 263%, maior que o mark-up ao longo de toda a cadeia. Esta margem (do setor) foi resultante da divisão do VAB realizado pelo setor (R$ 13 mil) com o VBP, pela ótica da demanda, ou seja, compra de insumos realizados pelo setor no valor de R$ 5 mil, incluindo todos os custos operacionais de comercialização do produto analisado, que não são captados pela pesquisa. O setor da produção, por sua vez, foi quem mais adicionou valor aos produtos da categoria, com aproximadamente R$ 128,5 mil, o que corresponde a 91% do que foi adicionado no âmbito local, apesar de não realizarem nenhum beneficiamento primário e/ou processamento, no entanto, transacionou diretamente com a indústria. Entretanto, convém ressaltar que este setor transaciona o valor adicionado, ou efetivo, somente no que 93 se refere às vendas destes recursos, e por isso, não se tem como calcular o mark-up (Gráfico 11). GRÁFICO 11- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização dos produtos perfumaria e cosméticos da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Com relação ao VAB contabilizado no mercado estadual e estimado em R$ 40,2 mil, este foi totalmente de responsabilidade da indústria de transformação, que representa duas indústrias, sendo uma empresa de Sociedade Anônima (S.A.), ambas localizadas na RI Metropolitana, as quais apresentaram um mark-up de 28% (Gráfico 11). Entre os produtos agrupados na categoria perfumaria e cosméticos, o VAB formado na comercialização da priprioca, configurou mais da metade do VAB da categoria, R$ 107,1 mil (59% do VAB total ou da categoria). Por conseguinte vieram o murumuru com R$ 42,8 mil (24% do VAB total), o estoraque com R$ 19,6 mil (11% do VAB total), capitiú R$ 6,7 mil (4% do VAB total), e por fim os produtos que tiveram contribuições em torno de 1% VAB total, como o tucumã com R$ 2,2 mil, o mucajá com R$ 1,8 mil e o inajá com R$ 1,2 mil. Portanto, no que se refere à agregação de valor ao longo da cadeia de comercialização da categoria perfumaria e cosméticos, orçado em um valor superior a R$ 181,8 mil, observou-se que os agroextrativistas da região em estudo, conseguiram 94 adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto na região quanto fora dela, muito em função das negociações realizadas diretamente com o setor de transformação, apesar de um dos produtos ter apresentado em sua cadeia a figura do atravessador. Porém, este valor agregado poderia ser maior se, os agroextrativistas, antes de atender ao grande demandante da cadeia, realizassem ações de beneficiamento e/ou transformação e, deste modo, os preços de venda acabariam sendo maior, o que por sua vez, findariam refletindo na renda final dos que têm na coleta deste fruto sua atividade principal e/ou como complemento de outras atividades. c) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização dos produtos de perfumaria e cosméticos. A renda bruta total (RBT) gerada na comercialização dos produtos (capitiú, estoraque, inajá, mucajá, murumuru, priprioca e tucumã) agrupados, a partir da RI Guamá, foi contabilizada na ordem de R$ 329,3 mil e, formou-se pela soma da compra de insumo (VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 147,5 mil, com o valor que foi adicionado pelos setores R$ 181,8 mil. Na contabilização deste montante, o sistema local foi responsável por gerar 45% e o sistema estadual 55% (Gráfico 12). Fazendo a análise restrita ao sistema local, com RBT gerada e circulada em R$ 146,6 mil (Gráfico 12), só o setor da produção (α) gerou mais de 88%, correspondente a segunda maior renda bruta ao longo de toda a comercialização, no valor de R$ 128,5 mil, resultante das vendas, da grande maioria dos produtos classificados na categoria, para um dos setores econômicos que compõem o mercado estadual, com exceção do murumuru, que teve parte da produção intermediada pelo setor de varejo rural, antes das vendas para o principal demandante: a indústria de transformação estadual. Ainda no sistema local, os atravessadores (alocados no setor de varejo rural) geraram uma RBT no valor de R$ 18 mil, resultante da soma do valor da compra de insumo em aproximadamente R$ 5 mil (VBP, demanda) com o valor de R$ 13 mil (VAB) adicionados com o repasse dos insumos (murumuru) para a indústria de transformação estadual (Gráfico 12). E por fim, o sistema estadual que gerou uma renda bruta no valor acima de R$ 182,7 mil (Gráfico 12), a cargo do setor de indústria de transformação estadual (uma S.A e a outra do ramo de Perfumaria e Cosmético) que comprou R$ 142,5 mil em insumos junto ao setor da produção (somente a Ind. de Perfumaria e Cosmético), varejo rural (somente a S.A) a nível local, e ao próprio setor de indústria de transformação no mercado estadual 95 (trata-se das compras da Ind. de Perfumaria e Cosméticos junto a S.A) e, os vendeu com uma agregação de valor em torno de R$ 40,2 mil aos consumidores finais nacionais a cargo da Ind. de Perfumaria e Cosmético. GRÁFICO 12– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos produtos de perfumaria e cosméticos, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. No que tange à participação dos produtos que compõem a categoria perfumaria e cosméticos, na composição do RBT total (ou da categoria) estimada, a cadeia da priprioca gerou um renda de R$ 192,8 mil (59% do RBT total). Por conseguinte vieram o murumuru com R$ 79,5 mil (24% do RBT total), o estoraque com R$ 35,4 mil (11% do RBT total), o capitiú R$ 12,2 mil (4% do RBT total), e por fim, os produtos que tiveram contribuições em aproximadamente 1%, tucumã com R$ 3,7 mil, mucajá com R$ 3,4 mil e o inajá com R$ 2,3 mil. Com relação o quanto da RBT gerada e circulada ao longo das cadeias de comercialização, por produto e classificados na categoria perfumaria e cosméticos, foi adquirida pelos agroextrativistas, considerado o setor alfa (α) deste modelo de comercialização, o tucumã foi o que gerou maior retorno, pois do total da sua RBT gerada, 52% foi retido pelo setor da produção, pois além da venda ter sido realizada diretamente com a indústria, parte da produção foi vendida ao consumidor final local. O capitiú, por sua vez, deu um retorno ao setor de produção em torno de 45% da sua RBT gerada. Já o 96 estoraque, a priprioca, o inajá e o mucajá o percentual retido foi de 44%. Enquanto que o murumuru, apesar da sua relevância econômica na categoria, deu um retorno de somente 22% do total da sua RBT gerada e circulada. Este valor adquirido pelos agroextrativistas esta intrinsecamente ligada, simultaneamente e/ou de forma individualizada, tanto ao princípio de que quanto mais ações de beneficiamento e/ou transformação este setor realizou, quanto ao grau de complexidade do fluxo de comercialização, já que quão menos intermediações antes do demandante principal, seja ele consumidor ou setor de beneficiamento, o setor da produção transacionou, mais da RBT ele reteve. Logo, como na respectiva cadeia de comercialização, os produtos foram comercializados na sua forma in natura pelo setor alfa, o segundo princípio prevaleceu, juntamente com a falta de organização social (seja em associações ou cooperativas), falta de assistência técnica, instrução educacional e empresarial, por parte dos agroextrativistas. 4.2.15 Borracha Nesta pesquisa verificou-se que a extração da matéria prima se dá por meio do látex, que após coagulado (de forma espontânea ou por processos químicos) o produto é comercializado como borracha. a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da borracha. Na amostragem de campo foram identificados vinte e quatro agentes comerciantes (Figura 27), sendo que 95% destes são coletores de látex e 5% atravessadores. Também foram identificados dois agentes atacadistas e uma indústria de transformação. Aproximadamente 87% dos coletores que são assentados possuem lotes coletivos, que variam de 3 a 12,5 ha. Somente o atravessador possui armazém com dimensão de 200 m². Foi verificado que 50% dos agentes possuem meios de transporte, sendo 12 bicicletas, uma moto e um caminhão. No que tange a equipamentos de trabalho, os extrativistas e o atravessador possuem vários utensílios para beneficiamento, como facas, baldes, cuias e ácido, que utilizam para coletar e coagular o látex. A mão de obra é praticada por uma a duas pessoas durante o ano todo, sendo que apenas o atravessador citou o valor pago mensalmente a nove extratores, que equivale a um salário mínimo de R$ 415,00. Segundo os coletores, a maior dificuldade encontrada é a falta de armazém para guardar a borracha. 97 Com relação à melhoria na capacidade de produção, os agentes citaram a falta de um laboratório de análise química, crédito para o manejo do seringal, reflorestamento de algumas áreas do assentamento, capacitação dos assentados, novos plantios, aquisição de equipamentos e assistência técnica. Os agentes relataram que caiu a produção por falta de orientação do uso correto do corte, devido à falta de habilidade, pois alguns extratores exerciam profissões paralelas de vaqueiro, lavrador, serviços gerais, etc. Aliado a isso, contam que várias árvores foram bastante danificadas havendo necessidade de replantio. FIGURA 27- Localização dos agentes mercantis da borracha na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização da borracha: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Produtores representados pelos seringueiros que extraem o látex das seringueiras; Varejo rural: São os atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram diretamente dos seringueiros a borracha; Atacado: São comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que compram a borracha em grandes quantidades dos extrativistas e vendem para indústrias de transformação nacionais; 98 ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Atacado: São agentes (representantes de empresas de transformação nacional e/ou multinacional) que transacionam grandes quantidades de borracha por meio de contratos de compra, principalmente junto a varejistas locais; NACIONAL (Fora do Estado do Pará) Indústria de transformação: Englobam grandes empresas multinacionais que se dedicam na produção de pneus e outros produtos utilizando a borracha como matéria-prima principal. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da borracha. A cadeia de comercialização da borracha identificada na pesquisa é constituída por poucos intermediários (Figura 28). FIGURA 28- Estrutura (%) da quantidade amostral da borracha comercializada na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Do total da produção identificada 56,7% são vendidos para o setor de indústria de transformação nacional (Figura 28), passando pela intermediação dos atacadistas locais, cuja comercialização acontece através de contratos de venda exclusivos. Os varejistas rurais compram 41,5% dos seringueiros e vendem exclusivamente, através de contratos, para o setor atacadista estadual, que por sua vez, vende para o setor da indústria de transformação nacional. 99 c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da borracha, no período de 2008 a 2009. O preço médio de venda praticado pelos extratores (setor da produção) varia apenas um centavo o quilo da borracha, sendo de R$ 1,31/kg com o varejo rural e, de R$ 1,30/kg para os atacadistas locais e estaduais (Figura 29). Por outro lado, o preço médio de compra de insumo (borracha) praticado pelos atacadistas estaduais com os atravessadores (varejistas rurais) foi de R$ 1,56/kg. Em relação aos preços de venda dos atacadistas estaduais e da indústria de transformação nacional são valores estimados, pois a pesquisa não entrevistou tais setores. FIGURA 29- Preço médio da borracha (R$/kg da borracha) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.16 Carvão a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do carvão. Foram identificados vinte e quatro agentes que comercializam o carvão (Figura 30), sendo 46% produtores e 54% atravessadores que são representados como varejo urbano e rural. Na RI Guamá, temos o comércio do carvão restrito à escala local, pois tudo que foi identificado na região ficou para o consumo local. Dos agentes identificados na cadeia, entre produtores, atravessadores e comerciantes 91% trabalham exclusivamente com o carvão, 13% possuem propriedade 100 rural com áreas de aproximadamente sete hectares, 33% possuem armazém com dimensões de 6 a 78 m² e, 54% têm capacidade de transportar o produto com bicicletas, canoas, carros ou motos. A comercialização do produto é feita durante o ano todo por 92% do total de agentes (entre produtores, atravessadores e comerciantes) e, 8% (comerciante e atravessador) dos agentes restantes comercializam o carvão somente em alguns períodos do ano. A mão de obra é basicamente familiar, no entanto, foi encontrado um agente que contrata mão de obra pagando ao seu único ajudante a quantia de R$ 13,00/dia, durante três vezes na semana, ou ainda, R$ 5,00 para encher sacos pequenos de carvão. FIGURA 30- Localização dos agentes mercantis do carvão na Região de Integração Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Entre os pesquisados foram encontrados agentes com vários anos de atividade nas carvoarias, um deles com mais de trinta anos no ramo. Mesmo com a atividade sendo praticada há muito tempo, dificuldades ainda são encontradas para a execução do trabalho e a principal delas está na armazenagem adequada do produto. Somente um agente possui maquinário e equipamento (uma máquina de bater açaí e um freezer), pois além do carvão comercializa açaí. Dentre os agentes 33% possuem armazém com dimensões de 6 a 78 m². Com relação à capacidade de transportar o produto, 54% deles possuem cinco bicicletas, uma canoa, quatro carros e três motos. 101 A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do carvão: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Provinda da fabricação de carvão por carvoeiros, muitas vezes são pequenos agricultores que produzem a partir da matéria-prima proveniente da limpeza dos seus terrenos, com fornos artesanais cavados no chão, chamados de “caieiras”, e consideram essa atividade complementar para a renda familiar. O carvão também pode vir da matéria-prima dispensada nas serrarias; Varejo rural: Incluem os agentes que se deslocam até as comunidades para comprar o carvão diretamente dos carvoeiros; Varejo urbano: Representados por comerciantes que compram o carvão em sacas de 15 kg dos produtores e fracionam em sacolas de plásticos de 5 kg, que são vendidas para o consumidor final local. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do carvão. Os canais de comercialização do carvão se caracterizam por canais simples (Figura 31). FIGURA 31- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Apresentam apenas dois setores intermediários que são o varejo rural (atravessador) e o varejo urbano local (feirantes) que comercializam com os consumidores 102 locais (Figura 31). Os feirantes (varejo urbano) compraram 64,8% da produção identificada e venderam diretamente para os consumidores sacas de 15 kg ou de forma fracionada (saquinhos de 4 kg ou latas de 20 litros). Por outro lado, o varejista rural (atravessador do município de Maracanã) comercializa 0,5% da produção e vende para os consumidores locais, neste caso em sacas de 15 kg. E por último, o setor da produção vendendo 34,7% da produção diretamente para os consumidores locais em sacas de 15 kg ou de forma fracionada. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do carvão, no período de 2008 a 2009. O varejo rural compra a saca do carvão dos carvoeiros (setor da produção) a um preço médio de R$ 7,00/saca e vende ao consumidor local por R$ 10,00/saca (Figura 32). O varejista urbano (feirantes) compra em média a R$ 5,06/saca e vende ao consumidor local a R$ 7,19/saca. Enquanto que os carvoeiros vendem em média a R$ 5,58/saca para os consumidores locais. FIGURA 32- Preço médio do carvão (R$/Saca de 15 Kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.17 Pupunha a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da pupunha. 103 Foram identificados vinte e um agentes comercializando a pupunha na região (Figura 33), sendo que 52% são atravessadores, 19% feirantes e 29% produtores. FIGURA 33- Localização dos agentes mercantis da pupunha na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da pupunha: LOCAL (Municípios da Região de Integração Guamá) Produção: Formada por agricultores responsáveis pela coleta da pupunha; Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram a pupunha, e também, se deslocam até a Região Metropolitana para abastecer as feiras municipais na época da safra; Varejo urbano: São feirantes que comercializam a pupunha in natura para o consumo local; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da Região de Integração Guamá). Varejo urbano: Composta por feirantes da Região de Integração Metropolitana, que adquirem o produto a partir dos atravessadores. 104 Alguns agentes possuem profissão paralela de pescador, comerciantes e agricultores. E apenas um agente recebe o beneficio de aposentadoria. Os produtores possuem áreas rurais com dimensões de 3 a 20 hectares, localizadas no município de Castanhal, Curuçá e Inhangapi. No que tange a armazenamento, três agentes possuem local com dimensões que variam de 11 a 40 m2. Referente aos meios de transporte, 66% dos agentes possuem motos, caminhonete, bicicleta, canoa simples, canoa motorizada e carro, os que são desprovidos de transportes, escoam a produção para outros locais por meio de transporte coletivo, pagando frete de R$ 1,00 por saca de 60 Kg. Com relação ao tempo de trabalho, os cachos de pupunha são vendidos no período de safra quando são coletados pelos agroextrativistas, que não possuem máquinas e equipamentos, pois vendem o produto in natura. A quantidade de mão de obra envolvida no trabalho varia de uma a quatro, sendo todos membros familiares. O principal problema relatado foi referido ao espaço do armazém que seria insuficiente para comportar a produção da safra. Foram relatados vários pontos a serem considerados para melhorar a produção sendo estes: assistência técnica, apoio para escoamento da produção, financiamento e energia elétrica. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da pupunha. De acordo com a Figura 34, a estrutura da quantidade comercializada apresenta diversos canais de comercialização. O principal canal é composto pelos atravessadores (varejo rural) que comercializa 46,4% da quantidade identificada do fruto, compram exclusivamente dos produtores na safra, vendem 36,4% para o varejo urbano estadual (feirantes) e 10% diretamente para os consumidores estaduais. Outro canal importante é a venda direta dos produtores com os feirantes estaduais, comercializando 20% da produção. Interessante destacar que os atravessadores e os produtores na época da safra da pupunha, se organizam para comercializarem diretamente com os feirantes e consumidores nas principais feiras do município de Belém e do distrito de Icoaraci. O setor varejista urbano local (feirantes) comercializa 30% da quantidade identificada do fruto diretamente dos produtores e vendem o fruto fracionado em pequenas 105 porções ou em cachos para os consumidores locais. Também existe o canal direto entre o produtor local e os consumidores locais com 3,6% da produção. FIGURA 34- Estrutura (%) da quantidade amostral da pupunha comercializada na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da pupunha, no período de 2008 a 2009. Os atravessadores (varejo rural) e os feirantes estaduais (varejistas urbanos estaduais) são os principais intermediários da cadeia da pupunha na região. Na Figura 35 destacam-se os preços médios de venda da pupunha praticados pelos produtores com outros agentes no montante de R$ 3,38/cacho para os varejistas rurais, R$ 2,95/cacho para os feirantes locais (varejo urbano), R$ 2,35/cacho para os consumidores locais e R$ 2,00/cacho para os varejistas estaduais (feirantes). O fruto é comercializado somente na safra em cachos ou fracionados em embalagens plásticas do fruto. 106 FIGURA 35- Preço médio da pupunha (R$/Cacho) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da Região de Integração Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.18 Urucum a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do urucum. Foram identificados três agentes comerciantes (um feirante e dois são produtores), sendo que somente um trabalha exclusivamente com o urucum (Figura 36), os demais trabalham com cupuaçu e açaí para complementar a renda. Estes agentes possuem propriedades rurais com tamanhos que variam de 2 a 25 ha. Foi encontrado um armazém com dimensão de 12 m² e identificado que os agentes trabalham o ano inteiro com o produto e utilizando se da mão de obra familiar. As maiores dificuldades para os produtores são a falta de assistência técnica e dificuldade de financiamentos. 107 FIGURA 36- Localização dos agentes mercantis do urucum na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do urucum: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Composta por produtores dos municípios da RI Guamá, que realizam o beneficiamento primário do urucum que consiste na pré-secagem dos frutos, debulhagem, peneiramento e a secagem da semente; Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades para adquirir o urucum dos produtores locais; Indústria de transformação: São pequenas empresas que realizam transformação do urucum em colorau (colorífico), obtido por trituração das sementes, usualmente misturadas a certo teor de outros grãos (milho, trigo, entre outros); Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram o urucum já transformado em colorau e revendem para o consumo local. ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) 108 Atacado: Trata-se da CEASA - Centrais de Abastecimento do Pará S/A localizada na região metropolitana de Belém que atua nas atividades de abastecimento e comercialização de produtos hortifrutigranjeiros e outros gêneros alimentícios; Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram o urucum já transformado em colorau e revendem para o consumo local; NACIONAL (Fora do Estado do Pará) Varejo urbano: Constituído por comércio de varejo situado fora do Estado do Pará. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do urucum. A estrutura da comercialização do urucum apresenta vários canais de escoamento, sendo que as analisadas foram as de maior volume. A indústria de transformação comprou 85,2% de semente de urucum da produção local e vendeu 22,7% para os feirantes locais, 40,5% para os feirantes e comerciantes estaduais (varejo urbano) e 35,8% para o varejo urbano nacional (Figura 37). FIGURA 37- Estrutura (%) da quantidade amostral do urucum comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. O varejo rural (atravessadores) comprou 13,9% da produção local e depois revendeu exclusivamente para a indústria de transformação (empresas) (Figura 37). 109 Ocorreu também o canal direto da produção com os consumidores locais, neste caso a semente de urucum é dissolvida em água. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do urucum, no período de 2008 a 2009. O preço médio de compra de insumo (urucum) praticado pelos atravessadores (varejistas rurais) com os produtores locais foi de R$ 2,03/kg da semente de urucum (Figura 38), que por sua vez vendeu a R$ 2,70/kg para a indústria de transformação local. Por outro lado, o preço de venda praticado pela indústria de transformação local com o varejo urbano local chegou a R$ 21,97/kg da semente transformada em colorau, para o varejo urbano estadual a R$ 25,00/kg do colorau e para o atacado estadual a R$ 20,00/kg do colorau. FIGURA 38- Preço médio do urucum (R$/kg semente) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da Região de Integração Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.19 Bacuri a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri. Tradicionalmente usado na alimentação, o fruto é bastante difundido na região, com a produção de sucos, cremes, sorvetes e o consumo in natura. A produção atual tem origem basicamente na coleta dos frutos oriundos da regeneração atual. De acordo com diversos estudos da Embrapa Amazônia Oriental (Carvalho et al., 2002; Ferreira, 2008; 110 Homma et al., 2010), para atender a crescente demanda de mercado pelo fruto bacuri, deve-se investir em técnicas de manejo da regeneração natural e de estabelecimento de pomares provenientes de mudas que assegurem a variabilidade genética. Baseado na amostragem encontrada em campo (Figura 39) foram identificados quarenta e quatro agentes que comercializam o bacuri, sendo que 54% são produtores, 29% atravessadores e 17% feirantes. Dos agentes encontrados 32% trabalham especificamente com o bacuri e 68% comercializam paralelamente outros produtos (uxi, taperebá, muruci, cupuaçu - fruto/polpa, açaí - fruto/polpa, pupunha, carvão, tucumã, mel, castanha-dobrasil, andiroba e murumuru). FIGURA 39- Localização dos agentes mercantis do bacuri na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A maioria (75%) dos agentes comercializa o fruto do bacuri na sua forma in natura e apenas 25% dos agentes beneficiam e comercializam na forma de polpa. Foi verificado que 20% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que variam de 1,8 ha a 175 ha. A maioria dos agentes (72%) trabalha com o produto somente durante a safra e 6% no decorrer do ano. Foi verificado que somente 4% possuem armazém com dimensões que variam de 4 a 35 m². Em relação ao transporte, 43% possuem transporte próprio (nove bicicletas, sete motos, dois barcos pequenos e um carro de mão). Dos entrevistados 40% possuem maquinário ou equipamentos (uma centrífuga, quatro 111 máquinas de bater açaí, uma despolpadeira, um liquidificador industrial, uma máquina de selar sacos e 18 freezers com capacidade que variam de 140 a 500 litros). Aproximadamente 10% dos entrevistados relataram ter problemas com armazenagem devido a espaço, local para estoque e ausência de freezers. Como a maioria dos trabalhos extrativistas, a mão de obra é basicamente suprida pela família, que gira em torno de duas a seis pessoas. Quando não, chega a ser pago R$ 0,30 por quilo de bacuri colhido ou diária de R$ 7,00. Quanto às melhorias no setor da produção, os agentes relataram que necessitam de assistência técnica para o manejo dos açaizais, melhorias no transporte, investimentos e capital de giro. Os setores envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri estão descritos a seguir: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Oriunda da produção primária e extrativista encontrada nos dezoito municípios; Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram o bacuri in natura na safra; Varejo urbano: Constituído por feirantes locais que vendem o fruto in natura para os consumidores locais; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Composta por lanchonetes que adquirem o fruto para ser transformado em diferentes produtos finais como sucos, sorvetes, doces entre outros; Atacado: Trata-se da CEASA - Centrais de Abastecimento do Pará S/A, localizada na região metropolitana de Belém, que atua nas atividades de abastecimento e comercialização de produtos hortifrutigranjeiros e outros gêneros alimentícios; Varejo urbano: São os feirantes, as quitandas e os pequenos supermercados que comercializam o fruto in natura para os consumidores finais. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do bacuri. A cadeia de comercialização do bacuri identificada é constituída por vários níveis de canais de distribuição. Do total da produção da região identificada, 41% são vendidos 112 diretamente para os atravessadores (varejo rural) que por sua vez vende 34,3% para o setor do varejo urbano estadual, 4,2% para o varejo urbano local (feirantes), 1,2% para as lanchonetes estaduais (setor de transformação), 1,1% diretamente para os consumidores locais e apenas 0,2% diretamente para os consumidores estaduais através de feiras livres (Figura 40). Outro canal importante foi a venda direta da produção local para o mercado estadual, pois vendeu 3,7% para o setor atacadista, 3,0% para o varejo urbano e 20,5% diretamente para os consumidores nas principais feiras livres de Belém. A produção local também vendeu 17,9% diretamente para os consumidores da RI Guamá. FIGURA 40- Estrutura (%) da quantidade amostral do bacuri comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Os feirantes locais (varejo urbano) comercializaram 18,1% da produção do fruto, pois compraram diretamente da produção 13,9% e dos varejistas rurais 4,2% e, venderam diretamente para os consumidores locais (Figura 40). c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do bacuri, no período de 2008 a 2009. O varejo rural comprou da produção local a R$ 0,23/unidade do fruto e estabeleceu o seu preço de venda conforme a produção do fruto e o custo de transporte. De acordo com a Figura 41, os atravessadores (varejo rural) venderam ao preço de R$ 0,48/un. para os feirantes locais (varejo urbano), a R$ 0,73/un. para os consumidores 113 locais, a R$ 0,64/un. para as lanchonetes estaduais (ind. transformação), a R$ 0,45/un. para os feirantes estaduais e a R$ 0,67/un. direto para os consumidores estaduais. A produção local comercializou também com o varejo urbano (feirantes) a R$ 0,44/un., a R$ 0,23/un. para o consumidor final local. Por outro lado, na esfera estadual, o varejo urbano pagou o preço médio de R$ 0,28/un. para o setor da produção, repassando para o consumidor final estadual por R$ 0,64/un., o setor atacadista pagou R$ 0,30/un. para o setor da produção e vendeu a R$ 0,39/un. para os varejistas urbanos, e os consumidores pagaram cerca de R$ 0,44/un. para os produtores nas feiras livres (Figura 41). FIGURA 41- Preço médio do bacuri (R$/Unidade do fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.20 Castanha-do-brasil a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da castanha-do-brasil. Foram identificados vinte e seis agentes que comercializam a castanha (Figura 42), 30% são coletores, 36% atravessadores e 34% comerciantes. Com as informações da pesquisa identificou-se que 23% trabalham exclusivamente com a castanha e 77% com outros produtos (cupuaçu, muruci, taperebá, mel, pupunha, uxi, carvão, biribá, açaí, cajarana, bacuri, tucumã, urucum, andiroba, cacau, priprioca, capitiú, estoraque e mucajá). 114 Destes agentes, 19% estão no ramo entre 2 a 20 anos. Somente um agente trabalha com o ouriço da castanha, os demais comercializam a castanha (semente) já retirada. FIGURA 42- Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Em relação à propriedade rural 19% dos agentes possuem áreas de 2 a 50 ha e, os mesmos possuem armazéns com dimensões que variam de 8 a 30 m². Foi verificado que 54% dos agentes possuem meios de transporte (seis motos, três bicicletas, dois carros e três barcos) e 42% possuem máquinas e equipamentos (cinco máquinas de bater açaí, uma centrífuga e três freezers com capacidade de 200 a 400 litros). Aproximadamente 46% dos agentes praticam esta atividade somente na safra e 27% o ano inteiro. A mão de obra é essencialmente familiar (61%), e quando se faz necessário, são contratados ajudantes no valor de R$ 7,00 a R$ 15,00 a diária. Os coletores têm dificuldades devido a derrubada ilegal das castanheiras, e também reclamam do alto número de intermediários entre eles e o consumidor final da cadeia. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da castanha-do-brasil: EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá) 115 Produção extralocal: Incluem os extratores do município de Marabá (RI Carajás) que efetuam a coleta e a quebra dos ouriços, liberando as sementes para serem comercializadas; LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Proveniente da produção primária da castanha-do-brasil, coletada por extrativistas que realizam a quebra dos ouriços liberando as sementes para serem comercializadas; Varejo rural: São agentes (ou representantes) localizados no interior dos municípios, que possuem contratos com empresas de beneficiamento estadual, que compram a castanha-do-brasil em forma de sementes diretamente dos castanheiros ou atravessadores. Tais agentes se deslocam até as comunidades e compram a castanha-dobrasil somente na safra diretamente do setor da produção; Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes varejistas que comercializam a castanha na forma de semente para o consumidor final local. ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de beneficiamento: Formado por unidade de beneficiamento situada no âmbito estadual, mais especificamente na região metropolitana de Belém, que realiza o processamento industrial e exportação da castanha; Varejo urbano: São comerciantes varejistas (supermercados) que comercializam a castanha beneficiada para o consumidor final estadual. NACIONAL (Fora do Estado do Pará) Varejo urbano: Constituído por comércios varejistas (redes de supermercado) situados fora do Estado, assim como varejistas voltados para as vendas ao comércio exterior. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha-do-brasil. O principal canal de comercialização da castanha é formado pelo setor do varejo rural, que compra 68,2% da produção local e 13,4% da produção extralocal (Figura 43) e, vende 62,2% para a indústria de beneficiamento estadual (localizada na RI Metropolitana de Belém), 0,2% para o varejo urbano estadual (feirantes), 16% para os feirantes locais (varejo urbano) e 3,2% para os consumidores locais. 116 FIGURA 43- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da castanha-dobrasil, no período de 2008 a 2009. Os preços de venda praticados pelos extratores de castanha com outros agentes variam conforme o volume comercializado, tais como R$ 0,89/kg com o varejo rural, R$ 1,98/kg com o varejo urbano local e R$ 1,50/kg com os consumidores locais (Figura 44). Enquanto que os produtores extralocais vendem ao preço médio de R$ 3,00/kg para os varejistas rurais (atravessadores). O setor varejo rural vende a R$ 3,30/kg da semente para os feirantes locais; a R$ 1,55/kg para o setor da indústria de beneficiamento estadual, cujo preço baixo é justificado pelo grande volume comercializado; a R$ 3,50/kg para os feirantes estaduais, que revendem de forma também fracionada e em quilo a R$ 4,78/kg para os consumidores estaduais e; o varejo rural também vende a R$ 1,00/kg para os consumidores locais (Figura 44). 117 FIGURA 44- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg da semente) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.21 Cacau A cadeia de comercialização do cacau apresenta duas particularidades, tendo em vista as opções de produtos. A primeira descreve a comercialização da amêndoa do cacau, sendo toda direcionada para as indústrias processadoras de chocolate localizadas na Bahia e no sudeste brasileiro. A segunda esta voltada para a comercialização do fruto in natura e no aproveitamento da polpa do cacau. a.1) Caracterização dos agentes mercantis comercialização do cacau amêndoa. envolvidos na cadeia de Foram identificados vinte e dois agentes que comercializam a amêndoa do cacau (Figura 45), sendo que 68% são produtores, 18% são atravessadores e 11% comerciantes. Todos trabalham com outros produtos, tais como: mel, açaí, andiroba, cupuaçu, bacuri, taperebá, uxi, pupunha, murumuru, palmito, carvão, urucum, castanha-do-brasil e copaíba. 118 FIGURA 45- Localização dos agentes mercantis do cacau amêndoa na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do cacau amêndoa: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: São os produtores de cacau, responsáveis pela quebra e extração das amêndoas, muitas vezes fazem o beneficiamento da secagem do produto, que além de melhorar a qualidade, aumenta o valor de venda da semente; Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram o cacau em amêndoa seca ou molhada, e também, na maioria das vezes, realizam o beneficiamento primário da amêndoa molhada (fermentação e a secagem natural do fruto) com o objetivo de armazenar o produto com qualidade; Atacado: Incluem os atacadistas que transacionam volumosas quantidades de cacau seco por meio de contratos com as maiores processadoras de cacau do Brasil, ou seja, do setor da indústria de transformação localizada principalmente na Bahia e na região sudeste brasileira; NACIONAL (Fora do Estado do Pará) 119 Indústria de transformação: São grandes empresas nacionais e multinacionais que se dedicam na moagem da amêndoa extraindo a manteiga de cacau, o líquor4, a torta e o pó de cacau, para depois serem vendidos para as indústrias chocolateiras, que os transformam junto com outros ingredientes (principalmente açúcar e leite em pó) em chocolate; Varejo urbano: É a instância de comércio de varejo situada fora do Estado que vende para o consumidor nacional. b.1) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau amêndoa. A cadeia de comercialização do cacau amêndoa consiste em canais simples, apresentando quatro tipos de intermediários que participam do escoamento da produção, desde o produtor até o consumo final. Os varejistas rurais locais compram diretamente 100% dos produtores e vendem exclusivamente as amêndoas secas para o atacado local, que revende à indústria de transformação no âmbito nacional até chegar ao consumidor nacional (Figura 46). FIGURA 46- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amêndoa comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. O setor atacadista local é caracterizado por grandes atravessadores localizados na cidade de Santa Izabel, que constituem o elo principal na cadeia entre os intermediários locais e as indústrias de transformação nacionais, por meio de acordos ou contratos de 4 O líquor de cacau é uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtém a manteiga e o pó de cacau (A NOTICIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito à quantidade de líquor. 120 suprimento da matéria prima cacau amêndoa. Desta forma, a estrutura da cadeia de comercialização do cacau da Região Guamá atende o mercado nacional, mais precisamente da Bahia e de São Paulo. c.1) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do cacau amêndoa, no período de 2008 a 2009. Os preços médios de compra de cacau em amêndoa praticados pelos varejistas e atacadistas são determinados pelo movimento das duas principais bolsas internacionais (Nova York e Londres), pois o cacau é uma commodity e, também, conforme os custos de transporte do produto, pois a maior dificuldade é o escoamento da produção do campo até o armazém local. Neste contexto, o preço de venda praticado pelos produtores com os atravessadores (varejistas rurais) foi em média de R$ 3,76/kg da amêndoa (Figura 47), que por sua vez vendeu a R$ 4,63/kg para o atacadista local. O preço médio dos atacadistas locais com as indústrias de transformação nacional foi de R$ 5,64/kg. FIGURA 47- Preço médio do cacau em amêndoa (R$/kg amêndoa seca) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Boa parte dos entrevistados (77%) utilizam-se da mão de obra familiar, e os feirantes e atravessadores pagam o valor de R$ 15,00/dia, estes geralmente trabalham durante o ano todo com o produto. 121 Para melhorar a capacidade da produção os agentes relataram que necessitam de assistência técnica e energia elétrica em alguns casos. E, há grandes dificuldades para conseguir financiamento para melhorar a produtividade. a.2) Caracterização dos agentes comercialização do cacau fruto. mercantis envolvidos na cadeia de A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do cacau fruto: EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá) Produção: Oriunda da produção primária extrativista encontrada no município de Capitão Poço (RI Rio Capim); LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: É composta por agroextrativistas responsáveis pela oferta do produto in natura e na forma de polpa extraída artesanalmente das sementes, com auxílio de uma prensa ou colocadas em vasilhames com orifício no fundo e deixadas para fermentar e liberar a polpa naturalmente. O cacau da região é proveniente de cultivos e de ocorrências naturais; Varejo rural: Trata-se de atravessadores que compram o fruto in natura e, antes de realizarem suas vendas realizam o beneficiamento primário, o mesmo utilizado pelos produtores; Varejo urbano: São feirantes comercializando o fruto in natura para consumo local; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: composta por lanchonetes que adquirem polpa de cacau e as transformam em diferentes produtos finais como sucos, doces entre outros. b.2) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau fruto. Do total da quantidade do cacau fruto comercializado na região, 95% são da própria região e somente 5% da RI Rio Capim. A cadeia de comercialização do cacau fruto é constituída de canais de comercialização simples, pois abrangem poucos agentes intermediários entre a produção local e extra local até o consumidor final local e estadual (Figura 48). O principal nível de canal de comercialização do cacau fruto identificado com a maior quantidade comercializada refere-se à compra do varejo urbano de 93,1% da 122 produção local e 5% da produção extralocal, que vendem 98,1% para o consumidor local, neste caso o cacau fruto é comercializado in natura (Figura 48). A venda da polpa do cacau dos atravessadores para as lanchonetes (indústria de transformação estadual) na região metropolitana de Belém representou 1,9% da produção local identificada. FIGURA 48- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau fruto comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c.2) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do cacau fruto, no período de 2008 a 2009. A produção local vendeu somente na safra a R$ 0,80/un. para o varejo rural, a R$ 0,39/ un. para o varejo urbano local (feirantes) que este, por sua vez, vendeu a R$ 0,49/un. para os consumidores locais (Figura 49). Enquanto que o preço médio de venda praticado pelos produtores extralocais foram estabelecidos conforme a oferta do fruto, no valor de R$ 0,25/un. para o varejo urbano local. O setor do varejo rural (atravessadores) vendeu em média a R$ 1,17/un. para as lanchonetes estaduais (indústria de transformação). Neste caso os atravessadores realizam o despolpamento das sementes para o armazenamento da polpa e posterior venda na entressafra (Figura 49). 123 FIGURA 49- Preço médio do cacau fruto (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Cerca de 50% dos entrevistados possuem propriedades rurais com áreas que variam de 2 a 850 hectares. Apenas 9% possuem armazém com dimensão de 12 m², e 90% dos agentes não possuem armazém ou não informaram. Referente ao transporte, 64% dos agentes possuem meios de condução, com identificação de oito barcos, cinco canoas, duas bicicletas, dois barcos motorizados e duas motos. Dos 72% de agentes que possuem maquinários ou equipamentos, foram quantificados quatro freezers, sem informação das capacidades. Durante o período da safra 54% dos agentes comercializam o produto e 23% trabalham o ano todo. 4.2.22 Palmito a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do palmito. Foram identificados doze agentes comerciantes, sendo todos produtores (Figura 50). Eles também comercializam outros produtos como açaí, cacau, cupuaçu, castanha-dobrasil, uxi, carvão e artesanato. 124 FIGURA 50- Localização dos agentes mercantis do palmito na Região de Integração Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Os produtores entrevistados possuem propriedades rurais com áreas que variam de 3 a 40 ha. Somente um agente declarou possuir armazém, todavia não informou a capacidade. Referente ao transporte, 75% possuem meios de condução (seis barcos e seis canoas) e máquinas para beneficiar o açaí (nove batedoras) e um freezer. O trabalho é realizado no período da safra por 58% dos produtores e 16% durante o ano todo. Entre os produtores, existe a reclamação pela falta de informações sobre o manejo das palmeiras para extração do palmito, além da dificuldade de obter financiamentos para melhorar a produção. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do palmito: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: São agroextrativistas que extraem o palmito na época da entressafra do açaí ou para realizarem o manejo de seus açaizais; Varejo rural: São comerciantes que se deslocam pelas comunidades ribeirinhas da região e compram o palmito diretamente dos extrativistas; 125 Indústria de beneficiamento: São empresas que realizam o processamento industrial do palmito na forma em conserva; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Varejo urbano: São comerciantes (supermercados) que vendem o palmito em conserva para o mercado consumidor; NACIONAL (Fora do Estado do Pará) Varejo urbano: Trata-se do comércio varejista situado fora do estado que transaciona o palmito em conserva para o consumidor nacional. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do palmito. O principal canal de comercialização do palmito é composto por 77,7% da produção diretamente para a indústria de beneficiamento e mais 22,3% que passam pelo intermediário varejo rural para as empresas de palmito (indústria de beneficiamento), por sua vez estas empresas vendem 76% para o varejo urbano nacional e 24% para o estadual (Figura 51). FIGURA 51- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do palmito, no período de 2008 a 2009. 126 A indústria de beneficiamento adquire o produto palmito ao preço de R$ 3,10/kg da produção local e a R$ 4,63/kg dos atravessadores (varejistas rurais) e após fazer o descascamento, a classificação, os cortes, o cozimento com acréscimo de conservantes, o palmito envasado em latas ou potes de vidro são vendidos aos varejistas urbanos estaduais a R$ 21,54/kg e aos nacionais ao preço médio de R$ 20,93/kg o palmito processado (Figura 52). FIGURA 52- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.23 Uxi a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do uxi. Foram identificados vinte e um agentes comerciantes do produto (Figura 53), sendo 43% atravessadores, 19% feirantes e 38% produtores. Todos os agentes comercializam mais de um produto, como: castanha-do-brasil, cajarana, cupuaçu, biribá, pupunha, carvão, açaí, urucum, cacau, mel, andiroba, piquiá e bacaba. Um destes agentes afirma estar no ramo há 25 anos. 127 FIGURA 53- Localização dos agentes mercantis do uxi na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do uxi: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Composta por agricultores e/ou extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do uxi em áreas de ocorrência do fruto; Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram o uxi in natura; Varejo urbano: São feirantes que comercializam o uxi in natura para o consumo local; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Composto por sorveterias que adquirem o uxi in natura diretamente dos atravessadores; Varejo urbano: Composta por feirantes da RI Metropolitana, que adquirem o fruto in natura na safra. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do uxi. 128 O principal nível de canal de comercialização do uxi identificado com maiores quantidades é composto pelo setor do varejo rural que compra 80,2% da quantidade de fruto in natura exclusivamente de produtores e, em seguida vendem 2,2% para o varejo urbano local e 1,2% para os consumidores locais (Figura 54). Interessante identificar que a maior quantidade (81,5%) do uxi do Guamá abastece o mercado estadual, 57,9% vai para os feirantes (varejo urbano), 16,3% para as sorveterias (indústria de transformação) e apenas 2,6% para os consumidores estaduais, neste caso a comercialização acontece em feiras livres nos centros urbanos. Além disso, existe também a venda direta de 0,4% dos produtores com os feirantes (varejo urbano estadual) e 4,3% para os consumidores estaduais que também acontece em feiras livres. Os agroextrativistas vendem 0,9% diretamente para os consumidores locais e 14,2% para os feirantes locais (varejo urbano). FIGURA 54- Estrutura (%) da quantidade amostral do uxi comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do uxi, no período de 2008 a 2009. No principal canal de comercialização o varejo rural comprou a um preço de R$ 0,03/un. do fruto uxi in natura do setor de produção/extração e, os preços médios de venda foram de R$ 0,07/un. para os feirantes locais (varejo urbano), R$ 0,13/un. para os consumidores locais, R$ 0,06/un. para sorveterias (indústria de transformação), R$ 0,05/un. para feirantes (varejo urbano estadual) e consumidores estaduais (Figura 55). Os 129 preços são estabelecidos pela quantidade comercializada, pela oferta do fruto e principalmente pelo custo de transporte. FIGURA 55- Preço médio do uxi (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Dos entrevistados 19% possuem propriedades rurais com áreas que vão de 2 a 120 ha. Pouco mais de 50% dos agentes possuem meios de transporte (sete bicicletas, três canoas, uma caminhonete, uma moto e uma canoa motorizada). Para equipamentos, foram identificados oito freezers, com capacidade de 140 a 500 l e uma geladeira. Trabalham somente no período de safra 47% dos agentes e 38% durante o ano todo. A mão de obra é basicamente familiar. 4.2.24 Andiroba a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da andiroba. A maior comercialização deste produto deu-se por meio da venda do óleo, bastante utilizado na medicina popular desta região. Na comercialização da andiroba foram identificados quatorze agentes nos dezoitos municípios (Figura 56), com nove coletores, três atravessadores e duas empresas. Com relação ao período de trabalho, 57% dos agentes trabalham na safra, 28 % no decorrer do ano e 14% não informaram. Alguns destes agentes (35%) extraem os produtos de áreas comunitárias onde há ocorrência desta espécie. Para 130 estocagem do produto 21% deles possuem armazéns, com tamanhos que variam de 6 m² a 15 m². FIGURA 56- Localização dos agentes mercantis da andiroba na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Em relação ao transporte próprio 21% dos agentes dispõem de duas canoas e duas bicicletas e 79% deles não possuem transporte. Somente um agente mercantil possui um freezer, com capacidade de 180 litros. Dos 14 agentes, 64% trabalham com outros produtos para diversificação de sua renda (açaí, cupuaçu polpa e fruto, murumuru, uxi, castanha-dobrasil, copaíba, mel, tipiti e cacau) e 36% trabalham somente com andiroba. A mão de obra empregada é basicamente familiar e sazonal, aumentando durante a safra, sendo o pagamento muito variado, tanto em função da produção quanto do período de trabalho. Foi identificado que parte dos produtores apresentam problemas com armazenagem e/ou transporte do produto. Para melhorar a capacidade de produção, foram verificados alguns fatores necessários como a assistência técnica voltada para o manejo e aquisição de transportes. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da andiroba: 131 LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Composto por produtores locais que coletam as sementes da andiroba. Em alguns casos realizam o beneficiamento primário com a fervura e a extração do óleo; Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram a semente da andiroba diretamente dos extrativistas; Varejo urbano: Feirantes e comerciantes que compram o óleo diretamente da produção e dividem em pequenos frascos para revender ao consumidor local; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Indústria de transformação: Existem dois tipos de estrutura de empresa transformadora, a primeira transforma a semente da andiroba em óleo e também em produtos finais (cosméticos); e a segunda compra já o óleo e o transforma em produtos finais (cosméticos). b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba. A cadeia de comercialização da andiroba identificada na presente pesquisa é constituída por poucos níveis de canais de distribuição (Figura 57). Do total da produção identificada pela pesquisa 98,2% são demandados pelo setor do varejo rural que, por sua vez, vende exclusivamente para o setor da indústria de transformação estadual (empresas de cosméticos) (Figura 57). O varejo urbano (feirantes e comerciantes) comprou 1,6% do óleo de andiroba da produção local e vendeu para o consumidor local. Alguns produtores locais conseguiram vender 0,2% diretamente para o consumidor local. 132 FIGURA 57- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializada na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da andiroba, no período de 2008 a 2009. O varejo rural é o principal canal de comercialização, que compra da produção a R$ 0,26/kg da semente da andiroba (Figura 58) e fornece diretamente à indústria de transformação estadual ao preço de R$ 0,39/kg, empresas do mesmo ramo vendem o produto ao mesmo setor no preço de 0,49/kg, chegando ao consumidor nacional no valor estimado de R$ 0,64/kg. Os feirantes (varejo urbano) adquirem a andiroba diretamente da produção ao preço de médio de R$ 0,41/kg e revendem o produto fracionado ao preço de R$ 5,60/kg para os consumidores locais. Enquanto que os produtores vendem diretamente para os consumidores locais ao preço de R$ 0,41/kg apenas. 133 FIGURA 58- Preço médio da andiroba (R$/kg de fruto) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.25 Paneiro a) Caracterização do agente mercantil envolvido na cadeia de comercialização do paneiro. Foi identificado um agente que comercializa o produto, que está no ramo há 20 anos e também comercializa outros produtos, tais como: andiroba, cupuaçu e açaí. Este trabalha durante todo o ano em horários que variam de 6 as 19 horas e a mão de obra é familiar, composta por cinco pessoas. Não foi informada a existência de armazém, e em relação a meios de transporte, possui duas bicicletas. Não possui equipamentos, pois os produtos são comercializados já beneficiados. Para ampliar a capacidade da comercialização sugere melhorias na infraestrutura do mercado municipal. A seguir a descrição do setor envolvido na comercialização do paneiro: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Artesão (ã) ou produtor (a) responsável pela confecção do paneiro utilizando a fibra do guarumã como matéria prima principal. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/Unidade) pelo setor mercantil do paneiro, no período de 2008 a 2009. 134 A estrutura da quantidade comercializada do paneiro apresenta um canal direto, onde a produção vendeu 100%, o equivalente a 1.620 unidades, para o consumidor final local (Figura 59). O preço médio praticado pela produção vendendo paneiro diretamente para o consumidor final foi de R$ 3,26 a unidade. FIGURA 59- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/Unidade) do paneiro na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.26 Bacaba a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba. Foram identificados cinco agentes que comercializam o produto na região, destes três são produtores, um atravessador e um batedor. Dos agentes produtores, dois trabalham com o produto apenas na safra e um durante o ano todo. Dois agentes possuem propriedade rural, sendo que um informou que possui seis lotes. Os agentes não possuem armazéns para estocagem do produto e, em relação ao transporte, um agente informou possuir uma moto. Todos os agentes possuem maquinário, sendo o mais comum a batedora de açaí e foram identificados dois freezers. No momento da coleta não foram apresentados problemas com a armazenagem do produto. A mão de obra empregada é basicamente familiar, com média de quatro pessoas. Essa mão de obra é sazonal, aumentando durante a safra. Sendo o pagamento muito variado, tanto em função da produção quanto do período de trabalho. 135 Os agentes além de comercializarem a bacaba trabalham também com outros produtos oriundos da floresta, seja de áreas particulares ou comunitárias, para diversificar a renda familiar, entre os quais coletam açaí, cupuaçu, uxi, taperebá, piquiá fruto, muruci e bacuri. Eles relatam a importância do acesso ao credito para aquisição de ponto comercial e/ou reforma, além de equipamentos/utensílios para melhoria da venda do produto e assistência técnica, pois não há manejo nas áreas, fato este que pode influenciar no aumento da produção. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba: EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá) Produção extralocal: Trata-se da produção primária de bacaba do entorno do município de Belém (RI Metropolitana); LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Representado pelos agricultores e extrativistas responsáveis pela coleta da bacaba; Indústria de beneficiamento: Formado por pequenos comerciantes que utilizam máquinas despolpadeiras do açaí para obter a polpa da bacaba, que é vendida diretamente para os consumidores locais. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado entre diversos agentes mercantis da cadeia da bacaba. A estrutura da cadeia da bacaba se limita ao mercado local da região, onde a produção local comercializa diretamente com os consumidores locais 46,7% ao preço médio de R$ 1,34/kg do fruto in natura (Figura 60). Enquanto que os batedores de açaí, na safra da bacaba, se deslocam até a Feira do Açaí e o Ver-o-peso, em Belém (RI Metropolitana), para adquirirem a bacaba in natura. Assim, o setor da indústria de beneficiamento (batedores de bacaba) comprou 53,3% da produção extralocal (2,8 toneladas) a R$ 0,30/kg de fruto in natura que, após retirar a polpa, vendeu para o mercado consumidor final ao preço equivalente a R$ 4,00/kg de fruto in natura. 136 FIGURA 60- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/kg do fruto) da bacaba na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.27 Piquiá a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do piquiá. Foram identificados onze agentes comerciantes de piquiá (Figura 61); sendo que 72% são atravessadores e 27% produtores. Dos agentes identificados 90% comercializam outros produtos (bacuri, muruci, carvão, cupuaçu, pupunha, uxi, muruci, cajarana, açaí, mel, taperebá e bacaba). 137 FIGURA 61- Localização dos agentes mercantis do piquiá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Foi verificado que apenas um agente tem propriedade rural (seis lotes), e outro agente possui um armazém, com dimensão de 7,5 m². Referente ao transporte, 54% dos agentes possui capacidade de transportar a própria produção, com cinco bicicletas e uma moto. A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do piquiá: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Composta por agricultores e/ou extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do piquiá em áreas de ocorrência do fruto; Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram o piquiá in natura; Varejo urbano: São feirantes que comercializam o piquiá in natura para o consumo local; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Varejo urbano: Composto por feirantes da Região de Integração Metropolitana, que adquirem o piquiá in natura na safra. 138 b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do piquiá. A organização da cadeia do piquiá ocorreu tanto na esfera local quanto na estadual. Entretanto, a maior a parte da produção ficou concentrada no mercado local, sendo que o varejo urbano, mais representativo dentro deste contexto, comercializou 48,9% da produção com o consumidor (Figura 62). O varejo rural comercializou 32,5 % da produção e vendeu 14,6% para os consumidores locais, 13,1% para os feirantes e 4,8% para os consumidores estaduais. FIGURA 62- Estrutura (%) da quantidade amostral do piquiá comercializado na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do piquiá, no período de 2008 a 2009. O preço médio praticado na produção varia entre R$ 0,11/un. do fruto a R$ 0,30/un.. O consumidor estadual chega a pagar R$ 0,40 por unidade nas feiras fora da região, como pode ser verificado na Figura 63. Os preços são estabelecidos conforme a safra do fruto e o custo de transporte. 139 FIGURA 63- Preço médio do piquiá (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Grande parte dos agentes trabalha junto com a família, 72% trabalham no período de safra e um destes paga o valor de R$ 0,30 por kg de piquiá cortado. Para melhorar a capacidade de produção vários fatores foram apontados, tais como: transporte para escoamento do produto, investimentos, assistência técnica e um espaço para armazenar o produto. 4.2.28 Biribá a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do biribá. Foram entrevistados durante a pesquisa apenas dois agentes que comercializam o produto na época da safra. Os produtores trabalham com outros produtos da floresta para diversificação de sua renda, tais como cajarana e cupuaçu. Não foi informado o tempo que trabalham no ramo, mas comercializam o produto durante todo o ano. Os dois produtores possuem propriedade rural com áreas que variam de um a 3,9 ha. Eles não possuem veículos para transporte, nem armazéns para estocagem dos produtos e nem maquinários ou equipamentos. A mão de obra empregada é essencialmente familiar, com média de três a quatro pessoas, aumentando em numero durante a safra, tanto em função da produção quanto do período de trabalho. A comercialização de biribá foi identificada em CastanhalPA. 140 A seguir a descrição do setor envolvido na cadeia de comercialização do biribá: LOCAL (Municípios da Região de Integração Guamá) Produção: Representado pelos agricultores e extrativistas responsáveis pela coleta do biribá. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg do fruto) pelo setor mercantil do biribá, no período de 2008 a 2009. A cadeia de comercialização do biribá é caracterizada por um canal direto, isto é, o contato entre o produtor e o consumidor local (Figura 64). Os agroextrativistas comercializam na safra do biribá 100% da produção identificada dos frutos às feiras livres, ao preço médio de R$ 1,76/kg do fruto. FIGURA 64- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/kg do fruto) do biribá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.29 Copaíba a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da copaíba. Foi identificado um agente produtor e um atravessador. Estes agentes trabalham no ramo há 12 anos, e não possuem capacidade para armazenamento ou meios de transporte. 141 Na extração do óleo chegam a trabalhar durante o ano inteiro e diariamente no horário de 6 às 18h. Para complementar a renda o produtor trabalha com outros produtos (andiroba, castanha-do-brasil, cupuaçu e mel). Para melhorar a capacidade de produção o agente necessita de transporte próprio. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do óleo da copaíba: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: extrator do óleo da copaíba que utiliza técnicas simples para tratar e capturar o óleo que escorre da abertura da árvore; Varejo urbano: Comerciante que fraciona os litros de óleo de copaíba para revender ao consumidor em frascos menores. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/Litro) pelo setor mercantil da copaíba, no período de 2008 a 2009. Verificou-se que esta comercialização ocorreu somente no âmbito local, envolvendo o setor do varejo urbano (Figura 65), o qual demanda toda a produção local ao preço de R$ 30,00/l e depois comercializa o óleo da copaíba de forma fracionada para os consumidores ao preço de R$ 66,66/l. 142 FIGURA 65- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/l) da copaíba na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.30 Cajarana a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da cajarana. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização da cajarana: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Proveniente da produção extrativista dos municípios estudados que comercializam a cajarana in natura; Varejo urbano: São feirantes e comerciantes que realizam a venda da cajarana in natura para o consumo local. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/Unidade do fruto) pelo setor mercantil da cajarana, no período de 2008 a 2009. Como é visto na Figura 66, onde boa parte da produção tem como setor central o varejo urbano local (feirantes), que compra 91,7% do setor da produção por R$ 0,10/un. e vende por R$0,20/un. para os consumidores locais. Outro canal de comercialização é a venda direta de 8,3% da produção local por R$0,10/un. para o consumidor local. 143 FIGURA 66- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/Unidade do fruto) da cajarana na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.31 Tipiti a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do tipiti. Foi encontrado apenas um agente que comercializa o tipiti, o mesmo é feirante e trabalha com o produto há 20 anos. O tipiti é comprado de produtores que levam até o box do feirante com dimensões de 5 m2. No que tange a mão de obra o trabalho é diário, no horário de seis da manhã ao meio dia, com uma pessoa envolvida que é o proprietário. Com relação a melhorias o agente relatou ser necessário melhorar as instalações do mercado, para atrair mais clientes. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do tipiti: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Os artesãos/produtores da região que utilizam fibras vegetais, a tala do guarumã, para tecer objetos e utensílios; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá) Varejo urbano: São comerciantes (feirantes) comercializando o tipiti como utensílio para a produção de farinha. 144 b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/Unidade) pelo setor mercantil do tipiti, no período de 2008 a 2009. A cadeia de comercialização do tipiti apresenta apenas um tipo de intermediário que compra toda a produção dos artesãos (Figura 67) e sendo vendida exclusivamente para os consumidores locais. O preço médio de venda praticado pelos artesãos (setor da produção) para o varejo urbano foi de R$ 6,00/un., sendo revendido aos consumidores locais ao preço de R$ 8,00/un. FIGURA 67- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/Unidade) do tipiti na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 4.2.32 Mari a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do mari. A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do mari: LOCAL (Municípios da RI Guamá) Produção: Composta por extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do mari em áreas de ocorrência do fruto; Varejo urbano: São feirantes e comerciantes que realizam a venda do mari in natura para o consumo local. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/Unidade do fruto) pelo setor mercantil do mari, no período de 2008 a 2009. 145 Toda a produção identificada do mari (100%) é comercializada na época da safra pelo varejo urbano local, sendo vendida para os consumidores locais (Figura 68). Os feirantes (varejo urbano) compram os frutos pelo preço médio de R$ 0,04/un. do fruto e vendem para os consumidores a um preço de R$ 0,05/un. do fruto in natura. FIGURA 68- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$/Unidade do fruto) do mari na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 146 4.3 ANÁLISES AGRUPADAS Ao se analisar sob o ponto de vista da demanda final dos produtos florestais não madeireiros produzidos na Região de Integração Guamá, alguns com origem de produção de regiões vizinhas (Tabela 2), que no total orçou em torno de R$ 53,4 milhões, o mercado local foi o maior demandante de seus produtos não florestais ofertados, pois comprou aproximadamente R$ 19,7 milhões que corresponde a 37% da demanda total. O mercado estadual comprou mais de R$ 17,5 milhões, que corresponde a 33% do valor da demanda total. E, por fim o mercado nacional que constituiu uma demanda em torno de R$ 16,1 milhões, equivalente a 30% da demanda total. Destaca-se entre a demanda dos produtos identificados, a realizada pelo açaí, pois a sua demanda total correspondeu a mais de 89% da demanda total, sendo que a nível local correspondeu a 92%, a estadual a 87% e a demanda nacional 89%, o que demonstra a sua importância não só alimentar, mas também econômica e social com milhares de famílias envolvidas da região. Ao averiguar a classificação por percentagem relativa das demandas pelas três escalas regionais, os produtos mais demandados pelo mercado local dos dezoito municípios que compõem a RI Guamá, isto é, produtos que tiveram 100% das suas ofertas demandadas a nível local foram: carvão, bacaba, copaíba, paneiro, biribá, cajarana, tipiti e mari (Tabela 2). Os demais, cacau fruto (un.), piquiá e o açaí, tiveram suas demandas efetuadas em consórcios com outra escala regional, que no caso dos dois primeiros foram as demandas de 95% e 78%, respectivamente, realizadas no âmbito local, e no caso do açaí foram as demandas realizadas no âmbito estadual e nacional, 32% e 30% respectivamente. No mercado estadual, os produtos mais demandados foram: muruci, uxi, pupunha, bacuri, urucum, mel, cupuaçu e o taperebá. Frisa-se, no entanto, que a demanda deste último, apesar de mais predominante na escala estadual (54% aproximadamente), o mercado nacional demandou aproximadamente 46%. O mesmo aconteceu com a demanda do urucum, em que as demandas estadual e nacional, praticamente foram iguais, em termos percentuais (40,2% e 39,9%). 147 TABELA 2- Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros identificados da Região de Integração Guamá, estado do Pará, estimado para 2008 (Idesp). Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Com relação aos produtos mais demandados pelo mercado nacional (Tabela 2), o cacau amêndoa, priprioca, borracha, murumuru, estoraque, capitiú, mucajá e o inajá tiveram 100% das suas ofertas, a partir da RI Guamá, demandadas pelo mercado nacional, principalmente o eixo Rio - São Paulo e Bahia, no caso do cacau amêndoa. Enquanto que a andiroba, castanha-do-brasil, tucumã e o palmito, obtiveram suas demandas nacionais com representatividades variando entre 88% a 76% do que foi ofertado, já que foram consumidos nos outros mercados, variando conforme a especificidade e utilidade do produto. No que concerne verificar qual mercado adiciona mais valor, ou ainda, agregou mais valor aos produtos florestais não madeireiros, conforme Tabela 3, o mercado local 148 adicionou R$ 40,3 milhões, que representou 76% do VAB total, estimado em R$ 53,4 milhões. O sistema estadual adicionou em torno de R$ 9,5 milhões (18% do VAB total) e, na esfera nacional foram adicionados aproximadamente R$ 3,5 milhões (7% do VAB total). TABELA 3- VAB (local, estadual e nacional), em R$ e % dos produtos florestais não madeireiros identificados da Região de Integração Guamá, estado do Pará, estimado para 2008 (Idesp). Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Este valor estimado do VAB identifica e divulga onde a economia esta em processo de crescimento, isto é, onde a riqueza esta sendo gerada, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que os produtos oriundos do agroextrativismo adquiriram, ao longo das cadeias de comercialização, seja ela local para a maioria dos produtos identificados, seja estadual como é o caso da castanha-do- 149 brasil que foi beneficiada mais intensamente fora da RI Guamá, com exclusiva participação do setor de indústria de beneficiamento e exportação, localizada na capital paraense. Ou ainda, nacional tal como aconteceu com o cacau amêndoa que foi comercializado direto para fora do estado do Pará a fim de ser beneficiado e processado por indústrias de transformação, mais especificamente no Estado da Bahia, que agregou 61% do adicionado nacional (Tabela 3). Na esfera estadual, além da castanha-do-brasil, não houve outros produtos que agregaram valor de forma predominante neste mercado, sendo o mais representativo, em termos de valor, a agregação realizada no açaí, que foi responsável por aproximadamente 94% do VAB estadual, estimado em R$ 8,9 milhões. Quando se analisa o valor agregado levando em consideração os produtos escalonados em categorias, conforme a Tabela 4, a categoria dos alimentícios foi quem mais adicionou valor, equivalente a R$ 51,5 milhões, que corresponde a 97% do VAB total, estimado em mais de R$ 53,4 milhões, oriundo da agregação de valor obtida nas três esferas regionais: local, estadual e nacional, respectivamente 75%, 18% e 7%. Entre os produtos escalonados nesta categoria, tem-se um destaque exponencial do valor agregado ao açaí, pois o seu VAB total, estimado em R$ 47,6 milhões, correspondeu a 92% do VAB da categoria, sendo 75% constituído no mercado local. Verifica-se também que assim como o açaí, a maioria dos produtos adicionou valor de forma preponderante a nível local, com exceção do cacau amêndoa e castanha-do-brasil, pois agregaram mais valor na esfera nacional e estadual, respectivamente. Dentre os produtos alimentícios que agregaram mais valor a nível local, somente a bacaba, açaí, cupuaçu, muruci, taperebá, palmito e urucum passaram por ações da indústria de beneficiamento e transformação (Tabela 4). No caso especifico das frutas, por ações principalmente das agroindústrias localizadas nos municípios de Castanhal e São Francisco do Pará, o urucum por ações das indústrias de alimentos em Castanhal e Santa Maria do Pará e o palmito por ações da indústria alimentícia de São Domingos do Capim. Deste modo, há uma concentração de agroindústrias e indústrias alimentícias no município de Castanhal, por questões de externalidades positivas, tais como, infraestrutura de produção e comercialização, preços mais competitivos em relação aos preços praticados se estivessem na capital paraense (Belém), pois teriam que concorrer com outras indústrias do mesmo setor ali localizadas e, no caso açaí, também com os inúmeros batedores. O restante dos alimentícios por apresentarem uma cadeia de comercialização linear (produtor-varejo urbano-consumidor) a nível local, a majoração de preços foi determinante na 150 contabilização do VAB. Logo, a agregação de valor desta categoria poderia ser maior se houvesse beneficiamento nos produtos que foram comercializados na sua forma in natura (fruto), desde o setor da produção até o consumidor final. TABELA 4- VAB (local, estadual e nacional), em R$ e % dos produtos florestais não madeireiros identificados da Região de Integração Guamá, estado do Pará, estimado para 2008, organizados por 5 categorias (Alimentícios, Artesanatos e Utensílios, Derivado Animal, Derivado da Madeira e Fármacos e Cosméticos), (Idesp). Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Para os produtos classificados como artesanato e utensílios (paneiro e o tipiti) a agregação de valor em torno de R$ 7,3 mil (0,01% VAB total) se processou somente no local, por ações de beneficiamento realizado artesanalmente pelo setor alfa, ou seja, dos artesãos. Assim como o mel, único produto derivado animal identificado, onde sua 151 agregação de valor foi 99% local e 1% estadual do total de R$ 776,4 mil (1,45% do VAB total), do qual as ações de beneficiamento realizadas pelos apicultores foram preponderantes. No que se refere aos derivados da madeira, carvão e borracha, com VAB R$ 798,3 mil (1,50% do VAB total), o primeiro além de ter sido comercializado somente na RI Guamá, a sua agregação de valor (R$ 695 mil) formalizou-se muito em função das ações dos carvoeiros. Enquanto que a borracha agregou valor nas três escalas regionais, contudo, 64% se deram na esfera local em função tanto das ações dos extrativistas, quanto do setor de atacado, que em termos gerais, adicionou valor por intermédio da majoração de preço (Tabela 4). E por fim, a agregação de valor da categoria fármacos e cosméticos, estimado em R$ 218,4 mil (0,41% do VAB total), que se processaram de modo predominante na esfera local, com uma representatividade variando entre 100% e 65% do total adicionado devido às ações dos agroextrativistas, que os comercializaram na suas formas in natura, com exceção do óleo de copaíba que foi beneficiado pelo seu respectivo setor alfa, antes da comercialização (Tabela 4). É preciso destacar que, entre os produtos desta categoria comercializados in natura, a partir da RI Guamá, mais especificamente do município de Santo Antônio do Tauá, tiveram como destino uma grande indústria de transformação, atuante no ramo de cosméticos, localizada no município de Benevides, pertencente à RI Metropolitana. No caso do murumuru e da andiroba ela adquiriu de outra indústria de transformação localizada na mesma RI metropolitana, só que em Ananindeua. Para se analisar a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada, conforme a Tabela 5, de forma mais coerente, uma vez que os produtos não se encontram em um mesmo parâmetro econômico, haja vista que é difícil realizar comparações quando alguns produtos estão em escalas de milhões de reais, em detrimento de outros, que se encontram em centenas de reais, utilizou-se da estratégia de dividi-los em três categorias em função da RBT, gerada e circulada na comercialização dos produtos, quais sejam: i) os que atingiram valores acima de R$ 600 mil do RBT; ii) para os intermediários com RBT entre R$ 100 mil e R$ 599 mil e; iii) os abaixo de R$ 100 mil, conforme a Tabela 5. Sendo assim, os produtos classificados na primeira categoria e organizados em função das maiores RBTs, em ordem decrescente, foram o açaí (R$ 88 milhões), cacau – amêndoa (R$ 2 milhões), muruci (R$ 1,9 milhão), urucum (R$ 1,4 milhão), mel (R$ 1,3 milhão), taperebá (R$ 1,1 milhão), carvão (R$ 1 milhão) e a pupunha (R$ 795 mil). É imperativo afirmar que nesta categoria (RBT acima de R$ 600 mil), o açaí correspondeu a 152 aproximadamente 90% da RBT gerada e circulada a partir da região e contabilizados em R$ 97,7 milhões (Tabela 5). Sendo que 58% da RBT do açaí foram geradas e circuladas no âmbito local, isto é, na RI Guamá, por atuação determinante do setor de indústria de beneficiamento, constituído por tradicionais batedores, que beneficiaram para o consumo local e, por agroindústrias que beneficiaram para o abastecimento do mercado nacional. TABELA 5- Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Guamá, estimados para 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor do RBT (Acima de R$ 600mil, de R$ 100mil a R$ 600mil e abaixo de R$ 100mil). Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Dentre os produtos da segunda categoria (de R$ 100 mil a R$ 599 mil), o bacuri, priprioca e o uxi tiveram suas RBTs formadas e circuladas sem a participação do mercado nacional, sendo que, a priprioca teve maior participação do mercado estadual (56%) devido a atuação da indústria de transformação. A castanha-do-brasil, a borracha, o cupuaçu e o palmito tiveram suas RBTs geradas e circuladas nas três escalas regionais, porém, os dois primeiros geraram maior RBT na escala nacional, enquanto que, os dois últimos geram maior RBT no mercado local (Tabela 5). Na terceira e última categoria (RBT abaixo de 153 R$ 100 mil), nenhum dos produtos classificados nesta categoria tiveram suas rendas geradas e circuladas no âmbito nacional. Em contrapartida, bacaba, copaíba, paneiro, cajarana, biribá, tipiti e mari tiveram suas RBTs, exclusivamente, geradas e circuladas no mercado local, as quais juntas somaram R$ 57,4 mil, que correspondeu 15% da RBT desta categoria, RBT até R$ 100 mil. Quando se analisa a renda gerada e circulada somente no âmbito local, estimada em R$ 57,9 milhões (58% da RBT total), o açaí se constituiu como um dos principais produtos oriundo do agroextrativismo gerador de emprego e renda para RI Guamá. Pois na formação deste valor, acima citado, R$ 51,4 milhões foram da sua cadeia de comercialização (Tabela 5). No que diz respeito aos produtos comercializados somente na RI Guamá e, sendo assim, que tiveram suas RBTs estritamente formadas no mercado local, o carvão se destacou com uma renda estimada em mais de R$ 1 milhão, dos quais, o setor de origem da cadeia, mais especificamente os carvoeiros, foi quem contribuiu de forma significativa para esta somatória, com aproximadamente 53%. Desta maneira, ao se considerar a Contabilidade Social Ascendente Alfa, que tem o seu ponto de partida no setor da produção agroextrativista de espécies nativas, dos dezoito municípios estudados (Setor α) que integram RI Guamá, recebeu um total, em torno de, R$ 17,4 milhões (VBPα), oriundos das vendas de todos os produtos florestais não madeireiros identificados (31 produtos no total). E, com as transações comerciais realizadas pelos setores que vendem tais produtos até o consumidor final, foi adicionado valor a estes num montante de R$ 53,4 milhões (VAB), que somado com o VBP, sob a ótica da demanda, que corresponde ao valor total da compra de insumos realizados pelos setores da demanda intermediária, estimado em R$ 46,2 milhões, chega-se a um importe de R$ 99,6 milhões, o qual se refere à RBT gerada e circulada na economia destes produtos com seus efeitos para frente (venda) e para trás (compra) entre os agentes mercantis na cadeia de comercialização (Tabela 6). Ao longo das cadeias de comercialização dos produtos florestais não madeireiros identificados, alguns apresentaram uma margem bruta de comercialização, também denominado de mark-up, bastante expressiva em relação aos apresentados por outros, pois quanto mais ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço o produto adquiriu ao longo da cadeia e, a partir do setor da produção, maior foi o seu valor de markup (Tabela 6). Esta margem mostra o quanto, em termos percentuais, foi adicionado ao longo das cadeias dos produtos após as vendas realizadas pelo setor da produção e, por 154 isso, o seu valor é calculado pela diferença entre o VAB e o valor obtido pela venda do setor da produção, do produto, ou seja o VBPα dividido pelo VBPα. Desta maneira, o urucum, castanha-do-brasil e o palmito foram os produtos que obtiveram os maiores valores de mark-up, calculados em 1.096%, 722% e 713%, respectivamente, pois 88% dos seus valores adicionados (nos três casos) foram constituídos por ações dos agentes da demanda intermediária, considerando as três escalas regionais, com predomínio, no caso da castanha-do-brasil das indústrias de beneficiamento estadual e, no caso do palmito das industrias de beneficiamento local. E, no outro extremo, isto é, produtos que constituíram os menores valores de mark-up, foram o biribá, paneiro e o mel, com os dois primeiros apresentando índices de 0% e o terceiro com índice de 2%, porquanto, nenhuma ou poucas (no caso do mel) ações de beneficiamento e transformação estes produtos adquiriram após as vendas dos agroextrativistas. No caso dos dois primeiros, soma-se também ao fato da inexistência de intermediação entre a produção e consumo. O mel fora comercializado com a intermediação do setor de varejo urbano e atacado, tanto no âmbito local quanto no estadual. Logo, verifica-se também que a comercialização do produto quando aconteceu com poucas e/ou sem intermediação, entre o setor alfa e o consumidor final, também proporcionou que o valor de mark-up tendesse a zero. No valor recebido pelo setor alfa (VBPα, em torno de R$ 17,4 milhões), mais de R$ 1,7 milhão (10% do VBPα) foram provenientes dos valores recebidos pelo setor da produção extralocal, ou seja, por agentes mercantis agroextrativistas fixados em municípios que integram outras regiões de integração, especificamente Rio Caeté (com 95,6% de participação no valor recebido extralocal), Tocantins (com 4% de participação), Carajás (com 0,34%), Metropolitana (com 0,08%) e Rio Capim (com 0,001%). Estes agentes do setor alfa extralocal forneceram de forma parcial aos agentes de comercialização da RI Guamá, quatro produtos florestais não madeireiros identificados (Tabela 6), tais como: o açaí, a castanha-do-brasil, a bacaba e o cacau (fruto). Entre os municípios que integram essas regiões, o município de Nova Timboteua, da RI Rio Caeté, ganhou destaque pela sua expressiva participação no valor recebido pelo setor da produção extralocal, pois seus agentes agroextrativistas transacionaram parte do açaí in natura no município de Castanhal (onde se encontram as agroindústrias), pertencente à RI Guamá. Assim como os agroextrativistas do município de Igarapé Miri da RI Tocantins, que abastecem com parte da produção de açaí o município de Marapanim da RI Guamá. Já os 155 extrativistas da castanha-do-brasil do município de Marabá, da RI Carajás, venderam parte da produção na feira do município de Santa Maria do Pará, da RI Guamá. Enquanto que o cacau foi vendido por agroextrativistas do município de Capitão Poço, da RI Rio Capim, na feira do município de Santa Maria do Pará, da RI Guamá. E, por fim, parte da produção de bacaba foi transacionada por extrativistas de Belém (RI Metropolitana) para o município de Curuçá, a fim de atender a demanda local. Desta maneira, considerando o VBPα total (a soma do local e extralocal), entre os produtos identificados e, entre os mais importantes para a geração de renda e emprego para o setor da produção, o açaí e o mel foram os produtos que mais se destacaram, já que juntos arrecadaram valor superior a R$ 15,2 milhões (sendo R$ 14,5 milhões só do açaí), o que correspondeu a 88% do VBPα total. Por conseguinte, o carvão, o muruci, a pupunha, o taperebá e o cacau amêndoa foram os recursos mais representativos, em termos percentuais do VBPα total, os quais representaram 3,2% (R$ 549 mil), 2,5% (R$ 445,5 mil), 1,4% (R$ 241,9 mil), 1,2% (R$ 204,8 mil) e 1% (R$ 192,4 mil), respectivamente (Tabela 6). Por outro lado, alguns produtos não chegaram a gerar um mil reais de renda em sua comercialização para o setor da produção (alfa), seja pelo fato de outro subproduto ter uma receptividade maior e, sendo assim, acaba por gerar renda em curto prazo (como no caso da amêndoa do cacau em vez do cacau fruto), ou seja pelo fato da sua utilização ser específica, ou seja, a demanda ser pouco expressiva, tal como o utensílio tipiti e o fruto mari, cujas comercializações geraram apenas R$ 839,56 e R$ 137,54, respectivamente, ao setor alfa (produção). Com relação ao valor bruto da produção (VBP) pela ótica da demanda, ou seja, somatório do valor da compra de insumos realizado pelos setores mercantis identificados por recortes geográficos (local, estadual e nacional), referidos na Tabela 6 e, que dependendo da posição e função do agente mercantil, podem variar desde matéria prima ou subproduto até produto final. Os frutos açaí, muruci, taperebá, cupuaçu in natura, por exemplo, até o penúltimo agente da cadeia, que o adquiriu como insumo a polpa congelada e transformou em sucos e sorvetes, antes do último elo da cadeia, o consumidor final. Ou como aconteceu com o carvão, o qual foi utilizado como matéria prima na indústria de transformação (padarias e restaurantes). Assim como o mel fora utilizado como alimento nas merendas escolares, oriundo da parceria entre os apicultores, prefeituras dos municípios e a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (Belém) através do Plano de Aquisição de Alimentos – PAA. 156 TABELA 6- Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Guamá, estado do Pará, compostos pelo Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa extralocal, a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e nacional, estimado para 2008 (Idesp). Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 157 5 CONCLUSÕES O estudo mostrou que a economia gerada pelos trinta e um produtos florestais não madeireiros identificados e analisados na Região de Integração Guamá foi expressiva, uma vez que a renda gerada, estimada para o ano de 2008, foi em torno de R$ 99,6 milhões (RBT total). O setor produtivo agroextrativista, considerado o setor alfa (Setor α) deste modelo de comercialização, recebeu em torno de R$ 17,4 milhões, o que correspondeu a aproximadamente 18% da renda gerada total. É preciso destacar ainda, que no valor que o setor alfa recebeu, R$ 1,7 milhão correspondeu aos destinados agentes alfa extralocais, ou seja, agroextrativistas que não pertencem aos municípios da região em estudo, mas que fornecera de forma parcial quatro dos produtos identificados no comércio da região. Deste valor extralocal, os agroextrativistas das RI Rio Caeté e Tocantins, que tiveram no açaí sua fonte de renda, receberam mais de 99%. É preciso ressaltar que a RI esta inserida no mercado nacional, haja vista que 30% da sua produção tiveram como destino final este mercado, principalmente as frutas em forma de polpas (açaí, cupuaçu, taperebá e muruci), o palmito, a castanha-do-brasil, o cacau amêndoa, a borracha, os utilizados como insumo pela indústria de cosméticos (priprioca, andiroba, murumuru, estoraque, capitiú, mucajá, inajá e tucumã) e, o urucum utilizado pela indústria alimentícia. Com relação à renda gerada e comercializada por produto, a partir da RI Guamá, e a parte deste montante que foi retido pelo respectivo setor alfa, que dá origem a toda base produtiva, verificou-se, simultaneamente, dois princípios básicos: o primeiro e mais importante, pois demonstra outras funções desenvolvidas pelo setor alfa, é que quanto mais ações de beneficiamento o setor impor nos produtos antes das transações comerciais com outros setores, maior será o seu retorno, ou seja, mais ele adquirirá da renda gerada e circulada. O segundo se refere à assertiva de que, quando a comercialização do produto (de toda produção e/ou grande parte dela) se desenvolver de forma direta entre a base produtiva e consumidor final, ou seja, sem (e/ou com poucas) intermediações de outros setores, mais da renda gerada e circulada, também será retida. Tal como aconteceu nas cadeias de comercialização do paneiro (desenvolvido pelos artesãos) e do biribá (apesar de vendido sem beneficiamento), em que de suas RBTs geradas, 100% foram receptadas pelo setor da produção. Outros princípios também se fazem presente e, sendo assim, contribuíram, mesmo que de forma secundária, mas concomitantemente com os básicos, para maior ou menor retorno financeiro deste setor, tais como: baixo grau de organização social formal 158 (associações e cooperativas), falta de corporativismo, infraestrutura de comercialização precária (estradas, rodovias; que geralmente os deixam sob dependência dos atravessadores), capacitação técnica e baixo grau de escolaridade. Partindo-se do primeiro princípio, os agroextrativistas que tiveram no mel sua fonte de renda, receberam R$ 759,6 mil, o que correspondeu aproximadamente a 59% da sua RBT gerada e circulada. Enquanto que os agroextrativistas do urucum e da castanha-do-brasil receberam em torno de 4% e 6% das suas respectivas RBT, R$ 1,3 milhão e R$ 341,2 mil, geradas e circuladas, configurando-se, juntamente com o palmito, nos quais os agroextrativistas arrecadaram apenas 6,7% da RBT total de R$ 143,2 mil, como os recursos de menor retorno financeiro para os que atuam na base produtiva. No caso do açaí, além das vendas in natura, ou seja, sem qualquer ação de beneficiamento, a falta de organização social e de cooperação foram preponderantes para o valor retido pelo setor da produção/extração, pois dos R$ 88,2 milhões gerados e circulados pela sua comercialização, apenas 16% (R$ 14,5 milhões, sendo R$ 1,7 milhão extralocal) foi retido pelas milhares de famílias que tem nesta atividade sua fonte renda. O carvão, por sua vez, com uma renda estimada em mais de R$ 1 milhão, aproximadamente 57% (R$ 548,9 mil) foi retido pelo setor alfa local, devido, principalmente às ações dos dois princípios básicos, simultaneamente. Por conseguinte, o muruci com renda estimada em R$ 1,4 milhão, e 30% retidos pelo setor alfa, haja vista que sua comercialização se deu na forma in natura (vendido o fruto), tendo como elo, tanto a nível local quanto estadual, o setor de varejo urbano, composto por feirantes e atravessadores, antes do consumidor final. Entre os produtos que adquiriram ações de beneficiamento fora da RI Guamá (tucumã, estoraque, capitiú, priprioca, inajá, mucajá, murumuru e a andiroba), mais especificamente no âmbito estadual (ind. de transformação) e, vendido in natura sem intermediações, a partir da RI Guamá, o valor, em termos percentuais, retido pelo setor alfa da RBT gerada e circulada, foi de 51% no caso do tucumã e 44% para o restante. Com exceções do murumuru e da andiroba, pois o percentual foi menor devido às transações intermediarias de outra indústria e, por isso, os valores retidos foram 22% e 14% respectivamente. No que se referiu à agregação de valor, realizadas no ano de 2008, em torno de R$ 53,4 milhões, o sistema local foi o que mais adicionou valor a quase todos os produtos identificados, pois representou 76% do VAB total, estimado em R$ 40,3 milhões, devido principalmente ao beneficiamento das frutas (açaí, muruci e taperebá), a fim de abastecer as redes de supermercados no mercado estadual e nacional e, ao beneficiamento do mel e do 159 carvão, antes da sua comercialização, realizadas pelo setor alfa. As exceções ficam por conta da castanha-do-brasil, cuja agregação de valor é realizada de forma mais intensa fora da RI Guamá, mais especificamente 68% do VAB total fora realizado na capital paraense, Belém (mercado estadual). Assim como o cacau amêndoa, em que 61% do seu valor adicionado foram realizados no mercado nacional, particularmente no estado da Bahia. Em contrapartida, no que tange a agregação de valor por produtos identificados, e sua participação no VAB total, levando-se em consideração as três escalas regionais, o açaí gerou 89% (R$ 35,8 milhões) do agregado no âmbito local, cujos agentes indutores foram as indústrias de beneficiamento (compostas por batedores e pelas agroindústrias). No âmbito estadual e nacional, este produto foi responsável por 94% do VAB estadual e 82% do VAB nacional, tendo como agente indutor de tal processo no âmbito estadual, as indústrias de beneficiamento (representados pelos batedores da RI Metropolitana), que compram o produto in natura e os vendem para os consumidores finais. Por tudo isso, mesmo que o valor adicionado tenha sido maior no âmbito local, fazem-se necessários investimentos em ações que criem condições favoráveis de multiplicar a renda dos agentes mercantis que têm nos PFNM sua atividade principal e/ou correlacionada a outras, como por exemplo, o incentivo ao aumento da demanda, através do melhoramento das condições de comercialização destes produtos, que a grosso modo significa a reforma e/ou a construção dos pontos de comercialização como feiras do produtor e/ou mercados municipais, já que na maioria dos municípios pertencentes a esta RI, estes se encontram inoperantes ou inexistentes. Assim como a ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, que além de incentivar a oferta desses produtos pelo setor da agricultura familiar e extrativista (ampliar o incentivo à extração, pois muitos afirmaram que por falta de demanda deixam de extrair mais e, incentivo ao plantio), também incentivaria a organização social, ou seja, a criação e/ou melhoramento da gestão das cooperativas e associações. Outra ação seria a ampliação e/ou divulgação dos programas de financiamentos à produção e técnicas de empreendedorismo (treinamentos e capacitação), assim como, ampliação da disponibilidade de assistência técnica junto aos agroextrativistas, a fim de que possam aumentar a produtividade e a melhorar qualidade dos produtos oriundos do agroextrativismo. Estas ações, de curto prazo, contribuiriam tanto para o desenvolvimento sustentável da RI quanto para que as agregações de valor sejam indutoras de geração de emprego e na melhoria da renda para as populações, tanto no âmbito local quanto no estado do Pará (mercado estadual), de forma a dinamizar as potencialidades das economias “tradicionais” locais. 160 6 RECOMENDAÇÕES É fato que a comercialização dos PFNM sempre foi uma opção (e/ou principal fonte) de renda para as inúmeras famílias e, com o passar dos anos, vem-se apresentando como uma das atividades que melhor os remunera e, ainda mantêm o seu habitat, isto é, apesar do uso há a conservação dos recursos florestais. A favor destas atividades, encontra-se o fato de que com os problemas ambientais advindos do aquecimento global, a redução do desmatamento na Amazônia com base em economias sustentáveis vem sendo a retórica dos governos federal, estaduais e municipais da Amazônia, das não governamentais e até dos agentes diretamente envolvidos nas atividades agroextrativistas - as populações tradicionais. No entanto, devido às forças dos mercados globalizados, parte dessa atividade fica a mercê de instituições públicas, por apresentar determinadas limitações de escala (geográfica e produtiva, as mais justificáveis) que os impedem de ser alvos de políticas de fomento, haja vista que a grande dialética de manter a floresta em pé e gerar crescimento econômico parecem conflitantes. Depreende-se, deste modo, que os montantes econômicos mostrados neste relatório são significativos, apesar disso, as comercializações dessas 31 cadeias dos não madeireiros apresentaram entraves aos setores da produção e da indústria, que são chaves para potencializar a atividade. Pois historicamente tais setores se mantêm em condições de desassistidos por parte das políticas públicas e, se suprir estes estorvos certamente dinamizará a economia da RI, transformará o potencial produtivo, com geração de renda, agregação de valor aos produtos e mais postos de trabalho. O uso correto destes recursos florestais atingirá o objetivo maior que é o desenvolvimento sustentável para a região. Ao longo da descrição de cada cadeia de comercialização estudada nesta RI foram apontados vários gargalos assim como aspectos positivos. A seguir, de forma mais abrangente, pontuamos os principais entraves identificados nas cadeias de comercialização dos PFNM, tanto do setor da produção quanto da indústria, contendo entraves e algumas recomendações para subsidiar políticas públicas. a) Principais entraves ao setor da produção, considerando o agente agroextrativista (setor alfa) deste modelo: Ausência de planos de manejo condizentes com o potencial da RI Guamá, principalmente no que se referiu à comercialização do açaí; A problemática da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), pois além da demora das visitas técnicas, equipes despreparadas para atuar no setor de produtos não madeireiros; 161 Baixo nível de empreendedorismo; Baixo nível de escolaridade das famílias envolvidas na atividade dos não madeireiros; Baixos níveis de qualidade e identidade dos produtos (embalagem, especificações técnicas, validade, etc.), devido os processos extrativos terem sido muitas vezes desenvolvidos ainda de forma artesanal e, comercializados sem padrão; Falta de registro junto aos órgãos de regulamentação e fiscalização, para a produção e comercialização dos não madeireiros; Baixo grau de associativismo e corporativismo, que infere nas oscilações de preços e, resulta em baixos retornos financeiros; Pouco conhecimento do potencial de mercado dos PFNM, pois muitos deixam de aumentar, e/ou até mesmo iniciar uma produção, por falta do conhecimento desta demanda crescente por produtos de apelo sustentável, tanto dos setores econômicos (indústrias, consumidores de fora da RI principalmente), quanto dos programas de compra do Governo, como o PAA do governo federal; Pouco acesso aos créditos rurais, tanto pelo grau de escolaridade apresentado pelo setor, quanto pela ausência de bancos públicos e/ou privados; Comercialização dos produtos basicamente de desenvolveu devido à ação dos atravessadores, porque os pontos de comercialização (feiras livres, mercados municipais e feiras do produtor) se encontravam fechados, ou deteriorados ou ineficientes (falta de higienização; organização dos produtos) para a comercialização; O desenvolvimento das atividades ocupou basicamente a mão-de-obra familiar, só em casos excepcionais (safra) se “contratou” um ou mais ajudantes, que receberam conforme produtividade no dia, entre outros, predominando a informalidade do setor. b) Principais entraves no setor da indústria: Baixo grau de competitividade do setor, principalmente dos fatores estruturais da oferta/demanda (agroindústrias têm dificuldades em adquirir o insumo por questões como: a dispersão dos fornecedores, a falta de organização do setor agroextrativista e a dependência dos atravessadores) e fatores internos (pois muitos atuam na informalidade). 162 Baixo nível tecnológico e de segurança no processo de beneficiamento e transformação dos não madeireiros; Estrutura física tanto para os processos produtivos quanto para o armazenamento dos produtos, não seguem os padrões exigidos; Pouco acesso aos créditos e financiamentos, pois poucos municípios apresentaram uma rede bancária; Mão de obra utilizada basicamente a familiar, sendo deste modo, com poucos empregos gerados; Baixo nível de escolaridade dos empresários, que acaba influenciando nas tomadas de decisões; Baixo nível empreendedor, devida a baixa capacidade empresarial para atuar nas mudanças intrínsecas ao sistema capitalista. É necessário afirmar, no entanto, que o primeiro passo esta sendo dado com este relatório, com a produção de informações necessárias para subsidiar a formulação ou adequação de políticas públicas condizentes com a potencialidade da região. c) Algumas recomendações para potencializar as cadeias de comercialização dos PFNM e subsidiar políticas públicas: Capacitação para execução de planos de manejo condizentes com a potencialidade local e que tomem como premissa o conhecimento das populações tradicionais; Capacitação dos agentes locais e regionais da assistência técnica e extensão rural a fim de orientar a organização da produção e melhorar a renda dos agroextrativistas; Capacitação para o crédito, a fim de melhorar os processos produtivos, de armazenamento e de comercialização; Capacitação para o setor da produção valorar adequadamente os produtos agroextrativistas, pois surgem novos produtos no mercado, principalmente fármacos e cosméticos, que o setor desconhece; Melhoria da qualidade dos produtos ao longo da cadeia produtiva; Incentivo e capacitação para o cooperativismo/associativismo. Haja vista que, devido à natureza da atividade, baseada no (agro) extrativismo e coleta, pequenas unidades de produção são geradas, e a comercialização de PFNM tem demonstrado ser a melhor alternativa para eliminar os atravessadores mediante 163 criação de associações comunitárias e cooperativas, proporcionando preço mais justo aos envolvidos nesta atividade; Capacitação em técnicas de gerenciamento; Busca de novos mercados: criação e/ou participação dos agentes em feiras e eventos para os produtos não madeireiros, seja no âmbito local, quanto no estadual e até nacional, com apoio público e privado; Melhorias na infraestrutura de comercialização dos produtos: construção e/ou reforma das feiras e mercados municipais, assim como das feiras do produtor; Melhoria e manutenção de estradas e rodovias, permitindo acesso e escoamento da produção; Ampliação da modalidade de Ensino para Jovens e Adultos (EJA), pois o baixo nível de escolaridade apresentado pelos agentes mercantis, principalmente dos setores citados nos entraves, implica na falta de informações técnicas e de capacitação a respeito do manejo e otimização da produção de PFNM; Investimentos e capacitação direcionados para agregação de valor aos produtos, fazendo com que os agroextrativistas aumentem seu interesse por estas atividades; Ampliação e/ou fortalecimento do Programa de Fortalecimento a Agricultura Familiar, tanto através dos programas de concessão de crédito, quanto pelos Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e alimentação escolar, Valoração e valorização dos produtos não madeireiros: como por exemplo, a criação de certificação orgânica; Maior investimento integrado (entre Secretarias e Ministérios) em Ciência e Tecnologia (C&T) para produzir informações, assim como em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para garantir qualidade e completar o entendimento sobre as cadeias de produção. Pois, precisa-se criar um modelo de desenvolvimento sustentável que mantenha a floresta em pé e que ainda gere crescimento econômico; Apoios institucionais formais direcionados para atividades extrativistas; Organização de seminários na RI com agentes mercantis, principalmente os agroextrativistas, convidados de fora da região, técnicos, representantes de instituições publicas (municipal, estadual e nacional), a fim de interagirem na formulação de planos de trabalho, em que as partes envolvidas relatem as dificuldades encontradas nas cadeias dos não madeireiros (produção, distribuição 164 e comercialização), assim como, as potencialidades, com intuito de traçar objetivos a serem atingidos, definir metas e potencializar resultados; Fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) existentes na região estudada. 165 7 REFERÊNCIAS CABRAL, E. R. Desenvolvimento agrícola e mobilidade camponesa: um estudo da trajetória social do campesinato em Capitão Poço. In: COSTA, F.A. (Org.). 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Nome do entrevistador: ______________________________________Data: ___________ Município:___________________________Localidade:_____________________________ GPS Nº ___ : S _____ o _____´ _____” W _____ o _____´ _____” Obs.: ________________ Nome do entrevistado / da empresa: _______________________________________________ Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ________________________________________ Categoria: a. Indústria/Empresa ( ) b. Intermediário ( ) c. Produtor ( ) a. Empresa: Matriz ( ) Filial ( ) Nome / local da matriz: ___________________________________________________________ Tempo de trabalho no ramo / no local: _______________________________________________ b. Intermediário: Nascido em: ____________________________________________________ Profissão anterior: _______________________________________________________________ Profissão paralela: _______________________________________________________________ c. Produtor: Nascido em: _________________________________________________________ Local / tamanho do lote: __________________________________________________________ Descrever atividades extrativas (locais, técnicas usadas no manejo, equipamentos, negociações, acesso/controle, etc.)_______________________________________________ Qual é a infra-estrutura que dispõe? Armazéns (número, capacidade): _____________________________________________________ Meios de transporte (tipo, número, capacidade): _________________________________________ Máquinas e Equipamentos (tipo, número, capacidade): ____________________________________ Tem problemas com capacidade de armazenamento, com os equipamentos/ maquinário? Quais?_________________________________________________________________ Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)? ________________________________________________________________________________ 171 Como é o tempo de trabalho (ano inteiro, períodos, tempo integral / parcial etc.)? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Qual é o valor pago aos trabalhadores em média (por categoria, por mês, diária, por empreitada (descrever), etc.)? _______________________R$ _________/_________ _______________________R$ _________/_________ Existem outros que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)? ___________________________________________________________________________ Informações para contato (endereço e telefone do entrevistado): ___________________________________________________________________________ O que é necessário para melhorar sua capacidade produtiva? ___________________________________________________________________________ Observações Gerais (manejo, transporte, negociações, financiamento, assistência técnica, etc.): ____________________________________________________________________ Categoria do agente entrevistado C/V1 MercaQuant. doria De quem ? / Para quem? Preço Formas Quando/ Unid. Período/ por de Município/ Nome Categoria mês Unid. Pagamento2 Estado 1) (C) Comprado (V) Vendido 2) (AV) A vista (NF) Na folha 3) (F) Financiamento (T) Transporte (B1) Beneficiamento nível 1 (primário) (B2) Beneficiamento nível 2 (extração) (AP) A prazo (F) Fiado (T) Troco (B3) Beneficiamento nível 3 (processamento) (C) Classificação (A) Armazenagem (E) Embalagem Serviços prestados3 172 APÊNDICE B- Produtos florestais não madeireiros identificados, usos, espécies e partes utilizadas nas cadeias de comercialização da Região de Integração Guamá, no período de 2009 a 2010. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. 173 APÊNDICE C- Imagens capturadas nos municípios da Região de Integração Guamá. Foto 1- Caixas de abelha. Foto 2- Equipamento utilizado no processamento do mel. Foto 3- Cestos, paneiros e rasas, utilizados na Foto 4- Embalagens para acondicionamento do comercialização de vários produtos. mel. Foto 5- Artesanato de miriti no município de São Francisco. Foto 6- Pulseira confeccionada com sementes de espécies florestais e frutíferas. 174 Foto 7- O fruto do cupuaçu é coletado e juntado para comercialização na forma de polpa ou in natura. Foto 8- Processo manual de remoção da polpa do cupuaçu. Foto 9- Embalagem de comercialização da polpa Foto 10- Armazenamento e acondicionamento da do cupuaçu. polpa. Foto 11- Comercialização dos frutos na beira da estrada. Foto 12- Cupuaçu sendo comercializado em feiras do município. 175 Foto 13- Comercialização de carvão no município de Colares. Foto 14- Lenha utilizada para produção do carvão (nos fornos de barro). Foto 15- Forno utilizado para queima de carvão. Foto 16- Carvão embalado para comercialização. Foto 17- Carvão sendo despachado pelo atravessador nos pontos de venda. Foto 18- Frutos de tucumã. 176 Foto 19– Comercialização de remédios caseiros feitos a base de plantas medicinais. Foto 20– Canteiro de plantas medicinais no quintal de um produtor. Foto 21– Cascas de unha de gato. Foto 22– Sementes de andiroba coletadas para comercialização. Foto 23– Óleos medicinais. Foto 24– Casca de jatobá