JORNAL DA associação médica Junho/Julho 2012 • Página 9 ESPECIALIDADE Minas avança na captação de órgãos ica Atualização científ Alexandre Guzanshe Minas Gerais é o estado que mais cresceu na captação de órgãos no país. De 2006 a 2012, o número de doadores saltou de 3,6 para 12,5/1milhão de habitantes, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Segundo o coordenador do MG Transplantes, entidade responsável pela notificação, captação e distribuição de órgãos no estado, o cirurgião cardiovascular Charles Simão Filho, as notificações por parte das instituições hospitalares e dos médicos são inexpressivas, correspondendo à principal dificuldade da entidade. “Os mineiros são os que mais doam órgãos no país, dizendo sim a mais de 80% das abordagens. Paradoxalmente, ocupamos o 15º lugar em notificações e os profissionais de saúde poderiam mudar a realidade do transplante em Minas”, afirma. Simão destaca a necessidade de mais prestadores realizando transplantes na capital e no interior, fala da criação recente das Organizações de Procura de Órgãos e de Tecidos (Opos) e revela a proposta de um hospital público estadual com vocação exclusiva para a realização de transplantes. O infectologista Roberto Marini, que recebeu o rim do irmão, doador em vida, valoriza a atitude de médicos, que mesmo na correria do dia a dia, mantêm o olhar generoso e, com o simples ato de notificar a presença de um possível doador, contribuem para salvar ou melhorar a qualidade de vida de muitos pacientes. De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo, professor do departamento de cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador de transplante de O Jornal da AMMG publica sugestões de artigos médicos avaliados pelo Conselho Científico da entidade. Nesta edição, a diretor de Benefícios AMMG e membro da Sociedade Mineira de Cardiologia, José Maria Peixoto, comenta trabalho sobre novos anticoagulantes na fibrilação atrial. WISLER, JW; BECKER, RC. A Guidance Pathway for the Selection of Novel Anticoagulants in the Treatment of Atrial Fibrillation. Critical Pathways in Cardiology, v.11, n,2, p. 55-61, 2012 * Para o cirurgião do aparelho digestivo, Agnaldo Soares Lima, o médico deve cooperar como difusor da doação de órgãos e do benefício por ela propiciado fígado do Hospital das Clínicas, Agnaldo Soares Lima, após a comunicação da morte encefálica à central de transplante da região ou à comissão do próprio hospital, são realizados os exames conforme legislação e, posteriormente, a abordagem familiar. “O médico deve cuidar para que os órgãos permaneçam apropriados para o transplante e cooperar como difusor da doação e do benefício por ela propiciado”, orienta. Ainda segundo Lima, para o paciente que necessita entrar na lista de receptores é fundamental que o médico o encaminhe para um dos centros transplantadores para exames e definição de critérios como urgência e compatibilidade genética, dentre outros fatores. Mais informações no MG Transplantes (31) 3219 9200. Alexandre Guzanshe Tomou posse, no dia 2 de maio de 2012, a nova diretoria do departamento de Oftalmologia. Reuniram-se na sede da AMMG para a foto, da esquerda para a direita, os médicos Joel Edmur Botteon (2º secretário), Luiz Carlos Molinari Gomes (presidente), Elisabeto Ribeiro Gonçalves (vice-presidente) e Galton Carvalho Vasconcelos (1º secretário). A fibrilação atrial (FA) é uma arritmia comum no adulto e favorece o acidente vascular encefálico (AVE). A anticoagulação com os antagonistas da vitamina K (AVK’s) reduz o risco do AVE em até 80%. Apesar disto, é subutilizada por vários motivos: idade, necessidade de controle laboratorial, medo de sangramento, interações medicamentosas, dentre outros. Esforços têm sido feito para o desenvolvimento de novos anticoagulantes. Os inibidores da trombina (gatrans) e do fator Xa (xabans) foram desenvolvidos com esta finalidade. Dentre esses, o inibidor da trombina, dabigratan, e o inibidor do Fator Xa, rivaroxaban, completaram estudos de fase III para prevenção do AVE em pacientes com FA não valvar. O dabigratan foi investigado no estudo RE-LY. Após dois anos verificouse que o dabigratran (110mg duas vezes ao dia) apresentou resultados semelhantes à varfarina na prevenção do AVE com menos sangramento. Na dose de 150mg, duas vezes ao dia, foi superior à varfarina na prevenção do AVE, com igual risco de sangramento. Um dado observado, ainda sem explicação, foi uma tendência a aumento de infarto do miocárdio (IM). Como a varfarina reduz o risco de IM, talvez o achado possa representar a falta de proteção pelo não uso da varfarina. O rivaroxaban foi investigado no estudo ROCKET-AF. Os pacientes foram randomizados para rivaroxaban 20mg/dia ou varfarina. Após 22,8 meses, observou-se menor risco de AVE no grupo rivaroxaban, com o mesmo risco de sangramento. Os novos anticoagulantes oferecem segurança e proteção, sem os inconvenientes dos AVK’s. Algumas situações aguardam respostas em relação a estes medicamentos: pré-operatório, cardioversão elétrica, estudo eletrofisiológico, a FA valvar (os estudos foram em FA não valvar), próteses cardíacas, pacientes com neoplasia, conduta no sangramento (antídoto?), quando a terapia tríplice for necessária (síndromes coronarianas agudas), os custos e os resultados no longo prazo. Os AVK’s tem sido a principal terapia para prevenção do AVE em pacientes com FA e, quando bem utilizados, são efetivos. No paciente adequadamente controlado com os AVK’s, talvez ainda não seja necessário a mudança de estratégia. O mais importante é oferecermos a anticoagulação aos pacientes portadores de FA. 4 O trabalho mencionado acima, que conta com outras duas referências bibliográficas*, pode ser encontrado na Biblioteca Virtual CDC-AMMG. Acesse www.cdc.inf.br ou informe-se pelo telefone (31) 3247 1633.