Assessoria ao Cirurgião Dentista
Publicação mensal interna a Papaiz – edição XII – Setembro
2015
de
Escrito por:
Dr. André Simões, radiologista da Papaiz Diagnósticos Odontológicos por Imagem
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Os Raios X
Um breve histórico, propriedades e doses de radiação.
Em 1895, o físico alemão Willhelm Konrad Roentgen, na
Universidade de Wuzbug, Alemanha, trabalhava em
experimentos em um tubo de correntes elétricas em um
laboratório completamente escuro. Roentgen percebeu
que a superfície de um papel especial (contendo cianeto
de bário) próxima ao tubo, refletia uma “claridade”
esverdeada durante o experimento.
Representação artística de uma tubo de Crookes emitindo radiação X
(representado pela luz verde).
Fonte: www.if.ufrgs.br.
O tubo de corrente elétrica era revestido por um papelão preto: não havia possibilidade de a luz comum escapar de
dentro do tubo. Pouco tempo após observar esse fenômeno, Roentgen concedeu uma entrevista para um jornalista
americano. A Revista Brasileira de Ensino em Física cita um trecho desta entrevista:
“- É luz?” – Indaga o jornalista
“- Não”
“- É eletricidade?”
“- Não em qualquer forma conhecida.”
“- O que é?”
“- Eu não sei”. – Termina Roentgen
Roentgen havia descoberto um novo tipo de radiação, que por desconhecer sua
origem, a batizou de “X”.
Em experimentos seguintes, Roentgen notou que sombras eram formadas ao
sobrepor objetos entre uma tela fotográfica e a fonte de Raios X. Logo, o físico
percebeu que estas sombras permaneciam registradas permanentemente em filmes
fotográficos.
Após cerca de 45 dias da descoberta inicial dos Raios X, Roentgen tirou uma
radiografia da mão esquerda de sua esposa, em 22 de dezembro de 1885,
expondo-a por cerca de 15 minutos.
O primeiro exame médico por Raios X foi realizado em 3 de fevereiro de 1896.
Roentgen, no ano de 1901, foi o primeiro físico a receber o Prêmio Nobel.
Radiografia da mão da esposa de
Roentgen, apresentada em seu primeiro
artigo sobre os Raios X
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Os Raios X e a luz visível têm
muitas características em comum,
já que ambos são radiações.
Radiação significa emissão de
energia (luminosa, calorífica, etc.)
por meio de ondulações. A
diferença entre os Raios X e a
luz visível é o seu comprimento
de onda. Quanto menor o
comprimento de onda de uma
dada emissão de energia, maior
será seu poder de penetração,
ou seja, de atravessar a matéria.
Representação que ilustra diferentes fontes de emissão de energia e seu comprimento de onda.
EFEITO DELETÉRIO
O que você precisa saber
Para muitas pessoas, a palavra radiação remete a algo que induz única e exclusivamente a um efeito deletério (nocivo).
Porém, tudo ao nosso redor está constantemente recebendo e emitindo radiação. Radiações ionizantes (como a
radiação X e a radiação ultravioleta) são assim chamadas por terem energia o suficiente para alterar estruturas
moleculares. Radiações não ionizantes têm menos energia e seu efeito é, de modo geral, limitado à produção de luz e
calor como as ondas de radio e televisão.
Podemos citar um efeito benéfico da radiação que acontece no dia a dia: a principal fonte de vitamina D é a exposição
da pele à radiação ultravioleta (luz solar). A vitamina D aumenta a absorção intestinal do cálcio e do fósforo, o que
favorece o metabolismo das estruturas minerais do corpo humano (ossos e dentes). Por outro lado, a exposição à luz
solar em excesso, contínuo, pode causar efeito deletério ao material genético: mutações genéticas favorecerão a
formação de um tumor.
A utilização de radiação ionizante na área da saúde é perfeitamente justificada, porque
os benefícios clínicos que proporciona compensam os riscos, principalmente quando
observados os meios existentes de proteção aos pacientes e operadores.
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DOSES DE EXPOSIÇÃO
O que você precisa saber
Com a evolução da tecnologia na obtenção da imagem, a dose de exposição necessária para aquisição de um dado
exame acaba decrescendo. As doses de radiação usadas em Radiologia Odontológica são significativamente baixas, em
comparação à outras fontes emissoras.
Utiliza-se a grandeza Sievert (Sv) para quantificar o efeito de radiações ionizantes sobre o organismo. A seguir, alguns
exemplos de doses de radiação em mSv (milisieverts):
A dose máxima permissível para os profissionais que trabalham com radiação X é de 50mSv por ano.
Por ano, em média, uma pessoa é exposta a 2,4mSv por meio de fontes naturais (radiação de fundo).
A dose de radiação em um vôo de Nova York até Los Angeles é de 0,40mSv.
A dose de radiação de uma Tomografia Computadorizada de Tórax é de 5,8mSv.
A dose de radiação de uma Tomografia Computadorizada Cone Beam da Face
(utilizada em Odontologia), é em média, de 0,034 a 0,652mSv.
A dose de radiação de uma Radiografia Panorâmica é de 0,026 a 0,030mSv.
A dose de radiação de uma Radiografia Periapical é de 0,001 a 0,008mSv.
No Brasil, o Conselho Nacional de Energia Nuclear
(CNEN) é quem estabelece as “Diretrizes Básicas
de Proteção Radiológica” tanto para o paciente
quanto para o profissional que executa o exame.
Durante a aquisição dos exames de tomografia,
radiografia panorâmica e periapicais, por exemplo, o
paciente faz uso do avental de chumbo que protege
o tórax, abdômen e os órgãos reprodutores, para
que apenas a área de interesse (a face) seja exposta;
o profissional permanece atrás de paredes/biombos
plumbíferos que também o protegem da radiação X.
Quem regulamenta e fiscaliza os estabelecimentos
que prestam serviços de radiodiagnóstico é a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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Além de toda uma legislação imposta pelos órgãos de competência nacional, a Odontologia e Medicina seguem
a mesma filosofia no que concerne à proteção radiológica ao paciente. É o que esclarece o princípio ALARA (As
Low As Reasonably Achievable, ou Tão Baixo Quanto Razoavelmente Exequível): mesmo que os exames radiográficos
tenham grande valor como complementação clínica, a segurança do paciente não pode ser posta de lado – por esta
razão, a dose de exposição deve ser a mínima possível, desde que a qualidade do exame não seja prejudicada.
A Papaiz, como referência em
diagnósticos odontológicos
por imagem, segue
RIGOROSAMENTE todos os
métodos
e critérios de proteção
radiológica para seus
pacientes e colaboradores.
Referências Bibliográficas
• Papaiz EG, Capella LRC, Oliveira RJ. Atlas de Tomografia
Computadorizada por Feixe Cônico para o Cirurgião-Dentista.
1ª ed. São Paulo: Santos; 2011.
• Panella, J. Radiologia Odontológica e Imaginologia. 1ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006.
• Freitas A, Rosa JE, e Souza IF. Radiologia Odontológica. 6ª ed. São
Paulo: Artes Médicas; 2004.
http://www.crosp.org.br/camara_tecnica/apresentacao/22.html
http://www.cepa.if.usp.br/e-fisica/apoio/historia/v20_372.pdf
http://appasp.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm301.pdf
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