Fonte: Dra. Paula Santos e Silva
Seção: Empresas e Negócios
Versão: Online
Data: 04/03
Em seu primeiro workshop do ano, editora Cusman traz a Inovação
para o centro da pauta
Para o mercado de beleza, mais do que uma palavra de ordem, “Inovação” é imprescindível para manterse competitivo. Isso porque em um mundo globalizado tendências surgem a todo momento e são
rapidamente assimiladas pelos consumidores. No entanto, o tema também pode ser controverso, afinal,
todo lançamento é inovação? O que define um produto como inovador? Como o processo de inovação
precisa ser pensado dentro das empresas?
Para esclarecer essas e outras dúvidas a editora Cusman realizou ontem (03/03) o seu primeiro workshop
do ano sob o tema “INOVAÇÃO: Fazendo a diferença para o futuro” e contou com nomes de peso do
mercado e de segmentos relacionados para um panorama completo.
Gustavo Dieamant, gerente de pesquisa tecnológica do Grupo Boticário, foi o primeiro a palestrar e
mostrou passo a passo a dinâmica de inovação de uma das maiores companhias de beleza do País. De
acordo com o dirigente, há em O Boticário o Sistema Integrado de Inovação (SII) que baseia-se em três
pilares principais: conceitos e serviços, tecnologias de produtos (P&D) e cultura. Gustavo destacou ainda
que para a companhia, inovação é mais do que uma ideia “genial” e passa por uma questão de
rentabilidade, seja ela financeira ou de conhecimento: “A inovação, de fato, só é inovação quando gera
retorno positivo para a empresa”, afirmou.
Paula Santos e Silva, sócia da área de Propriedade Intelectual – Siqueira Castro – Advogados, trouxe
uma visão jurídica sobre a inovação e como a legislação pode auxiliar as empresas nessa empreitada.
Sob a temática “Oportunidade e desafios para o financiamento da inovação dos negócios da beleza no
Brasil”, Paula explicou o funcionamento de leis como a Lei do Bem, Lei da Inovação e de projetos de
financiamento como o Plano Inova Empresa e FINEP Inova Brasil.
No primeiro painel do dia, Elaine Verissimo, diretora de P&D da Arago; Marcos Furquim, proprietário da
Utopia Cosméticos; Daniel Tomiazzi, empreendedor serial, criador e professor do Curso de
Empreendedorismo – IED – SP; e Jadir Nunes, vice-presidente da Associação Brasileira de Cosmetologia
e presidente da SBMAlt, conversaram sob o tema “Inovação em start-ups, pequenas e médias empresas:
a melhor maneira de competir em um mercado de gigantes”.
Elaine Verissimo relatou sua experiência com a Arago e contou que, há sete anos, quando a empresa
começou, apostavam no preço baixo para serem competitivos. A partir de uma estratégia de inovação –
buscando referências de fora do Brasil – e de investimentos, mudaram a política de preços e passaram a
vender mais. O estrondoso sucesso de BB Cream chegou ao Brasil primeiro pelas mãos dessa start-up
brasileira, em 2012.
Marcos Furquim corroborou com a declaração de Elaine de que a inovação e a qualidade, muito mais do
que o preço, é o que faz com que empresas recém-chegadas ao mercado destaquem-se. Utopia, cuja
proposta é a de ser uma marca de alta performance para profissionais com ingredientes naturais, ganhou
espaço no mercado para muito além do planejado por seus criadores pelo enfoque em inovação.
Daniel Tomiazzi reforçou ainda que a inovação não precisa estar única e exclusivamente na formulação
dos produtos, mas também nos processos de produção e de distribuição, e citou o case de Sol de Janeiro
cuja parceria com a Sephora e a distribuidora Frajo garantiu bons lucros enquanto a marca esteve no
Brasil.
Com um olhar mais apurado, Jadir Nunes falou sobre o amadurecimento da inovação em produtos de
beleza no Brasil: “Hoje existe a possibilidade de desenvolver tecnologia e inovação no País. Nossas
universidades estão abertas e o que essas start-ups precisam é estabelecer boas parcerias com essas
universidades para pesquisas em inovação e com bons fornecedores. Ninguém faz inovação sozinho”,
finaliza.
Para falar sobre o quebra cabeça da inovação, Valeria Grossmann, diretora da Centdegres Brazil mostrou
cases de sucesso que a agência atendeu e ressaltou a importância de se conhecer a fundo a marca para
representá-la. A agência que atua em Branding, Design Industrial de Produtos, Design Gráfico e
Arquitetura Comercial tem em sua carteira clientes de peso como a Givenchy, Hermès e Herborist. “Inovar
tem muito a ver com usar a criatividade levando em conta as limitações agregando valor à marca”,
contextualizou seu trabalho.
Representando a L'Oréal Brasil, Blaise Didillon, diretor de pesquisa e inovação, apresentou toda a
pesquisa de mercado que a gigante francesa fez no Brasil para se estabelecer por aqui. De acordo com o
dirigente, “só pode se inovar quando se sabe para quem se deve inovar”, e por conhecer a fundo as
preferências nacionais a companhia tem investindo tanto em cuidado capilar e produtos para pele. Para
Blaise, qualquer lançamento inovador no País tem de dar resultado imediato, ter sensorial agradável e
inspirar confiança na consumidora.
Fechando a tarde, o painel “O papel do varejo na difusão da inovação”, trouxe a ponta de todo processo
de inovação do mercado de beleza. Leonardo Diniz, diretor de marketing e expansão da Drogaria
Iguatemi; Edilaine Godoi, diretora de marketing da Netfarma; Cesar Tsukuda, diretor comercial da Ikesaki;
Mariella Scuro, gerente de marketing da Danny Cosméticos; e André Elias, consultor especialista no
varejo farma e beleza, debruçaram-se sobre o tema e apontaram dificuldades da indústria em como
deixar claro para o consumidor qual a inovação de seu produto, como expor esse produto inovador em
uma plataforma online e no diálogo entre o varejo e os pequenos players.
Sobre como trabalhar a inovação no mix, Cesar Tsukuda afirma que a primeira ação é separar
lançamento de inovação, de fato; depois, outro ponto fundamental, é atender a necessidade do
consumidor, equilibrando empresas de estruturas diferentes. “Não é saudável para o nosso negócio ter
80% do faturamento nas mãos de 5% das empresas”, declara. Para Edilaine a plataforma online tem
outra dinâmica: “introduzimos os produtos com base na demanda – buscas online”.
André Elias finaliza afirmando que a questão da inovação precisa chegar também ao varejo, antes de
tudo, a partir do gerenciamento de categorias. “Comprar com inteligência é obrigação do varejista”,
finaliza.
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