INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES ÓPTICAS DE FILMES FINOS DE COMPOSTOS POLI(P-FENILENO VINILENO)/AZOCORANTES Vivian Bette Motta (PIBIC/CNPq-UEL), Edson Laureto (Orientador) e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências Exatas/Departamento de Física, Londrina-Pr. Física - Física da matéria condensada. Palavras-chave: absorbância. Poli(p-fenileno vinileno), azobenzeno, fluorescência, Resumo Neste trabalho foram utilizadas as técnicas de absorbância e fotoluminescência, além de medidas da birrefringência fotoinduzida para estudar as propriedades ópticas de filmes finos do polímero poli(p-fenileno vinileno) – PPV, depositados por automontagem e produzidos através de uma rota de síntese química que envolve a mistura do polímero precursor PTHT com diferentes moléculas do tipo RSO3X. O filme de PPV resultante apresentou efeitos adicionais bastante significativos, em particular, o aumento substancial da intensidade de emissão do PPV devido à fotoirradiação da amostra com luz polarizada. Introdução O PPV (e seus derivados) é um polímero conjugado que atrai muito interesse tecnológico devido às suas propriedades de emissão de luz. No entanto, o seu processamento na forma de filme fino é difícil, pois ele não é solúvel em solventes polares ou apolares. Tradicionalmente, utiliza-se um polímero precursor (o PTHT) que é solúvel, e então se faz um tratamento térmico em vácuo durante aproximadamente 6 horas sobre este filme até convertê-lo no PPV . Recentemente, foi proposta uma rota alternativa, onde o PTHT em solução é misturado com a molécula dodecilbenzenosulfônico (DBS) (Marletta, 2001). Esta molécula é do tipo RSO3X (onde R é um radical e X é um elemento químico). Isso permitiu a conversão do PPV em menores temperaturas, num intervalo de tempo consideravelmente menor. O filme produzido por essa rota revelou-se de melhor qualidade, com um número muito menor de defeitos estruturais que prejudicam as propriedades de emissão de luz do PPV. Neste trabalho serão investigadas as propriedades ópticas de filmes finos de PPV obtidos por essa rota de síntese química alternativa, convertidos a partir da mistura do PTHT com moléculas do tipo RSO3X (por exemplo, Congo Red) cujo radical R é composto por um ou mais grupos azobenzeno (tais moléculas são conhecidas como azocorantes). Este grupo pode sofrer Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. um processo de isomerização se absorver luz linearmente polarizada com comprimento de onda específico. Dados preliminares indicam que esse processo exerce influência sobre as propriedades de emissão do PPV. O intuito deste trabalho é realizar uma investigação sistemática desta influência. Para isso serão empregadas as técnicas de absorvância e fotoluminescência, além de medidas da birrefringência fotoinduzida nos filmes de PPV/azocorantes . Materiais e Métodos Depois de submeter os substratos a um processo de limpeza e hidrofilização, os filmes foram depositados pela técnica de automontagem (ou “layer-by-layer”, LbL) (Zucolotto, 2005). As camadas de PTHT/CR foram depositadas mergulhando alternadamente os substratos nas soluções de PTHT (10-2 M) e de CR (0.7 mg/mL) diluídos em água ultra-pura (resistividade de 18.2 MΩ.cm). Após cada mergulho, as amostras foram lavadas em água ultra-pura e secadas através de um movimento giratório durante 3 minutos. Por fim, a amostra foi submetida a um processo de conversão térmica a 110 0C durante 30 minutos. Para as medidas de absorbância, empregou-se uma lâmpada UV-Vis DT-Mini e um espectrômetro USB4000 da Ocean Optics, e a fonte de excitação óptica nas medidas de fotoluminescência foi um laser de diodo emitindo luz linearmente polarizada em 473 nm. Durante as medidas, a amostra ficou acomodada em um criostato com janelas ópticas de quartzo mantido em vácuo de aprox. 10-5 Torr. 0,4 CR (sol.) PPV/CR antes da irrad. PPV/CR depois da irrad. PPV Absorvância 0,3 0,2 0,1 0,0 400 500 600 700 800 Comprimento de onda ( nm) Figura 1 – Curvas de absorvância para as amostras investigadas neste trabalho. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Resultados e Discussão Como resultado desse trabalho, apresentaremos o estudo realizado sobre amostras de PPV/CR. Observando a amostra pode-se notar que, no ponto sobre a superfície do filme onde incidiu a irradiação laser, o filme passou de avermelhado para um amarelo-claro. Esse clareamento (do inglês “photobleaching”) pode ser atribuído à degradação das moléculas de CR embebidas nas cadeias poliméricas de PPV. Analisando as curvas de absorbância do filme PPV/CR, mostradas na Figura 1, pode-se observar uma nítida diminuição da absorbância do CR na região fotoirradiada, comprovando evidência da degradação das moléculas do corante naquele local. 40000 Intensidade (u. a.) 35000 (b) (a) 5 min. 30000 2 min. 25000 0 min. 20000 500 15000 600 700 tempo de fotoirradiação 10000 5000 0 400 500 600 700 800 Comprimento de onda (nm) Figura 2 – (a) Espectros de fotoluminescência da amostra PPV/CR em função do tempo de fotoirradiação. (b) Destaque para os instantes iniciais do processo. Observamos também um aumento notável da intensidade de fluorescência do PPV com a irradiação laser, como pode ser visualizado na Figura 2. Isso pode ser relacionado com um processo de transferência de energia (TE), onde a emissão de luz gerada pelo doador PPV está sendo absorvida pelas moléculas aceitadoras de CR embebidas na matriz polimérica. Isso faz com que, no início do processo de fotoirradiação, a emissão do PPV seja relativamente fraca, pois praticamente toda ela está sendo absorvida pelos azocromóforos do CR. Porém, com a irradiação laser, ocorre a fotodegradação do CR, e assim a concentração local de moléculas de CR diminui, o que diminui o processo de TE e faz a intensidade de fluorescência do PPV aumentar. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Conclusões A irradiação com laser polarizado provocou diversas alterações nas propriedades ópticas de filmes finos de PPV/CR depositados por LbL. A absorção das moléculas de CR diminuiu, e o filme sofreu um processo de photobleaching, passando de vermelho para amarelo claro. Na região fotoirradiada, verificou-se que a absorbância do PPV apresenta dependência com a polarização da luz, indicando que as cadeias de PPV sofrem um alinhamento molecular, provavelmente sendo arrastadas pela isomerização fotoinduzida dos grupos azo do CR. Durante a fotoirradiação, observou-se um incremento expressivo na intensidade de fluorescência do PPV, com o concomitante decréscimo da banda associada à emissão das moléculas de CR. Agradecimentos Este trabalho conta com o apoio financeiro do CNPq e da Fundação Araucária. Referências Bradley, D. D. C. Precursor-route poly(p-phenylenevinylene): polymer characterisation and control of electronic properties) Journal of Physics D: Applied Physics 20. 1987, 1389-1410. Marletta, A. Propriedades opticas de semicondutores organicos a base de polimeros emissores de luz. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. São Carlos (2001). Marletta, A.; Piovesan, E.; Dantas, N.O.; de Souza, N.C.; Olivati, C.A.; Balogh, D.T.; Faria, R.M.; Oliveira, O.N. Enhanced optical and electrical properties of layer-by-layer luminescent films. Journal of Applied Physics 94. 2003, 5592-5598. Zucolotto, V.; Faceto, A. D.; Santos, F. R.; Mendonça, C. R.; Guimarães, F. E. G.; Oliveira, O. N. Molecular-level control of the photoluminescence from PPV nanostructured films. Journal of Physical Chemistry B 109. 2005, 70631069. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.