Universidade da Madeira Licenciatura em Gestão Custos da Qualidade Controlo de Qualidade Elaborado por: Sónia Silva – 2043407 Nádia Abreu – 2038907 João Gilberto Abreu – 208950 Abril 2008 “A Qualidade nunca é um acidente. É sempre um resultado de um esforço inteligente, onde deve prevalecer a vontade de produzir algo superior.” J. Todo Bom -2- Índice Introdução …………………………………………………………... 4 Enquadramento …………………………………………………… . 5 Custos da qualidade ………………………………………………… 6 Custos da não qualidade …………………………………………... 7 Custos totais operacionais da qualidade ………………………… 8 Análise dos custos da qualidade e não qualidade……………….. 11 Como calcular os custos da qualidade …………………………... 12 Escolha de processos críticos …………………………………… 14 Medidas a adoptar ……………………………………………… 15 Conclusão ………………………………………………………… 16 Bibliografia ……………………………………………………….. 17 -3- Introdução Este trabalho tem como finalidade o estudo dos “Custos da Qualidade”, este será o título abordado e que esta inerente ao tema da Qualidade, um dos quatro propostos no âmbito do estudo da cadeira de Controlo da Qualidade, inserida no curso de Gestão, leccionada pelo Professor Engenheiro José Carlos Marques. Faremos um breve enquadramento de modo a percebermos a importância de ter um sistema de qualidade implementado numa empresa. No desenvolvimento serão focados temas como a Qualidade, os custos da qualidade e não qualidade bem como a sua análise. Relativamente aos custos da qualidade e não qualidade, explicaremos a sua classificação e respectivas categorias, recorrendo a um gráfico e um quadro, inclusive a apresentação de métodos de cálculo, formas de apresentação dos mesmos e escolhas de processos críticos Por fim, mediante uma síntese bibliográfica expomos medidas a tomar visando a redução de custos. -4- Enquadramento Ao implementar um Sistema de Qualidade numa empresa, os custos inerentes ao mesmo pode de certo modo considerar-se muito elevados numa primeira fase, sobretudo se for constatado que os recursos humanos não tiveram uma boa preparação e educação anterior à implementação, podendo conduzir a custos e perdas significativas. Caso contrário, e regra geral há uma diminuição dos custos de produção, bem como do aumento da produtividade. Os conceitos de custos da qualidade diferem de acordo com a definição de qualidade e estratégias adoptadas pela empresa, e por consequência a diferentes aplicações e interpretações. Há quem considere que o título “custos da qualidade” induz ao erro pois alegam que os verdadeiros custos não provêm da qualidade mas sim da não qualidade. De acordo com Juran, os custos da qualidade são os que não deveriam existir se o produto final saísse perfeito. Este autor agrega os custos da qualidade com as falhas de produção que levam a desperdícios e perda de produtividade. Segundo Feigenbaum (1994), os custos da qualidade estão associados à definição de criação e controle da qualidade, assim como à avaliação e conformação da qualidade e aos custos ligados a falhas nos requisitos de produção e que depois encontra-se já nas mãos do cliente. O autor propõe assim dois grupos, os custos do controle e os custos de falhas no controle, e divide a presente classificação em quatro categorias sendo a primeira a Prevenção seguido a Avaliação, Falhas internas e por último Falhas externas. Esta classificação de Feigenbaum é utilizada actualmente por autores que aplicam e discutem os conceitos dos custos da qualidade e da não qualidade onde através da análises de relatórios e das falhas, relacionam os dois grupos anteriormente mencionados para concluir quais são as actividades que agregam ou não valor para o consumidor eliminando a última visto que resulta num custo desnecessário para a organização. -5- Custos da Qualidade São considerados custos da qualidade os custos de prevenção e de avaliação, acções que tendem a evitar males maiores, tendo assim um papel fundamental e que quando associado a um programa bem estruturado o impacto é significativo no que toca a redução de custos de exploração e no aumento da Qualidade. Entende-se por custos de prevenção, tal como o próprio nome sugere todos aqueles cujo objectivo é prevenir eventuais falhas, defeitos ou anomalias, ou seja representam custos com recursos humanos e materiais. Também conhecido como custos da conformidade são exemplos nomeadamente a formação do pessoal, sistema de qualidade, não ocorrência de falhas, supervisão e manutenção preventiva, revisão de novos produtos, controlo do processo, análise e aquisição de dados, planeamento da qualidade e qualificação de fornecedores. Os custos de avaliação são de igual modo custos com os recursos humanos e materiais mas desta feita relacionados com ensaios e inspecções com o intuito de identificar unidades ou componentes defeituosos antes de chegar aos clientes internos, quando a detecção ocorre ainda no interior da organização, ou externa caso a avaliação da qualidade dos inputs seja detectada no exterior da empresa. Dito de outra forma são custos destinados a detectar falhas, e são exemplo, a determinação de padrões, análises de conformidade, estrutura de avaliação, execução de ensaios, inspecções, testes de equipamento, meios de inspecção e auditorias de qualidade. -6- Custos da não Qualidade Os custos da não qualidade são custos das falhas internas e os custos das falhas externas, também conhecidos por custos de não conformidade. Custo das falhas internas consiste nos erros ocorridos do processo de produção, por falha humana ou material. Uma detecção atempada evita custos consideráveis na reparação. Insere-se neste segmento os refugos, perdas, quebras, falhas, paragens de produção e perda de eficiência, os retrabalhos, reinspecções, reanálises, realização de actividades não previstas, a detecção de defeitos, testes adicionais, realização de correcção e revisões de actividades, as peças defeituosas, bem como a sua reparação, o tempo consumido na análise de falhas, as falhas com o fornecedor, as acções correctivas derivadas de materiais e processos, escolha e rejeição de materiais adquiridos. Os custos das falhas externas decorrem de actividades posteriores ao fornecimento do produto, ou seja já fora do ambiente fabril, quando não satisfaz as exigências da qualidade que lhe esta associada, ocasionando grandes perdas ao ponto de denegrir a imagem e credibilidade da empresa. Portanto, surgem problemas com a imagem comercial, pagamento de indemnizações, perdas para a concorrência, assistência técnica atendimento a reclamações, material devolvido, custos com garantia, custos com concessões dadas aos clientes, descontos ou até cancelamento de encomendas. -7- Custos totais operacionais da qualidade Os custos totais operacionais da qualidade (COQ) derivam não só dos recursos financeiros ligados de forma directa e positiva à função qualidade, como também, dos custos resultantes de falhas na qualidade. De acordo com Juran (s.d.) citado por António e Teixeira, 2007, podem assim definir-se custos totais operacionais da qualidade como o somatório dos custos das falhas (internas - CFI e externas - CFE) e custos de anomalias (custos de prevenção – CP e custos de avaliação – CA). Pode sinteticamente apresentar-se de acordo com a seguinte fórmula matemática: COQ = CFI + CFE + CP + CA È importante salientar o facto de apenas os custos de prevenção poderem ser identificados como custos da qualidade. Os custo de falhas, quer internas quer externas, bem como os custos de avaliação resultam, directa ou indirectamente de falhas de qualidade, sendo por isso considerados custos da não qualidade. Para perceber melhor a forma como estes diferentes tipos de custos contribui para a Custos formação dos COQ analisamos o gráfico seguinte: - COQ - CP; CA - CFI; CFE Ponto óptimo Qualidade -8- Após analisar o gráfico podemos concluir que: • No limite, não existindo qualquer tipo de recursos empregues em prevenção e avaliação, os bens ou serviços produzidos tendem a apresentar 100% de defeitos; • Que quanto mais se afecta recursos em prevenção e avaliação maior qualidade terá o bem produzido; • A afectação de recursos em acções de prevenção e avaliação promove uma redução dos custos resultantes de falhas (internas e externas). Os benefícios originados por esta redução assumem dupla importância, dado que o investimento em qualidade permite mobilizar os recursos empregue em falhas, de carácter aleatório e não controláveis, para recursos empregues em prevenção, perfeitamente programados e controlados. Este factor, por si, é gerador de vantagens significativas do ponto de vista da gestão e do planeamento empresarial. Esta situação é esquematizada no quadro seguinte. • O ponto óptimo de qualidade é aquele que as curvas de custo de falhas intercepta a curva de prevenção e controlo. Custos Operacionais Totais da qualidade = = Custos da Função Qualidade + Prevenção + = Custos da Qualidade + = Custos controláveis + = Investimentos + Avaliação + + Custos resultantes de Falhas da Função Qualidade Falha Interna + Falha Externa Custos da Não – Qualidade Custos não – controláveis Perdas e Prejuízos Fonte: Qualidadeonline, (s. d.) -9- O quadro anterior permite concluir que: • Apesar dos custos de prevenção e avaliação se enquadrarem nos custos da Função Qualidade, apenas os primeiros são directamente afectos aos custos da qualidade; os custos de avaliação, de falhas internas e externas são enquadrados nos custos da não – qualidade; • Os custos da qualidade (prevenção) são custos planeados e controlados e representam, na óptica da empresa, um investimento do qual se pretende obter retorno positivo; • Contrariamente aos custos da qualidade, os custos da não – qualidade (avaliação e falhas) são aleatórios e não controláveis, representando, do ponto de vista empresarial, uma perda ou prejuízo. - 10 - Análise dos custos da qualidade e da não qualidade De acordo com o Instituto de Soldadura e Qualidade, a análise dos custos permite essencialmente avaliar com segurança as áreas onde uma maior incidência de custos parciais poderá conduzir um custo total da qualidade menor. Portanto, é necessário definir a finalidade, a periodicidade, os dados a registar, o tratamento dos mesmos, bem como a responsabilidade de execução dos relatórios, de modo que a informação retida sirva a análise das actividades da qualidade, os mesmos para a redução de custos. Um programa de custos da qualidade só poderá ser implementado após existir na empresa um sistema de gestão da qualidade, onde os recursos humanos da organização serão coordenados, motivados e informados para o facto da qualidade não ser uma acção gratuita, mas sim um investimento rentável que permite melhorias na economia da organização. É também importante quantificar a não qualidade nas diferentes áreas, bem como atribuir valores monetários aos custos da não qualidade e dar conhecimento a todos os colaboradores. É fundamental, após a implementação e levantamento dos resultados da metodologia aplicada verificar as lacunas para desenvolver programas de melhoria da qualidade, redução de custos, fazer investimentos na prevenção, optimizar a avaliação entre outros. É importante detectar as prioridades dos custos da qualidade, este processo pode ser feito através de três etapas distintas. É facto que existem situações em que os custos da qualidade podem ser melhorados economicamente, e isso leva-nos a estimar os custos. Esta estimação, correspondente à primeira etapa (etapa estimativa) pode ser qualitativa, através da utilização de um questionário qualitativo, ma trata-se de um sistema impreciso, contudo mostra a situação da empresa de forma rápida, e quantitativa, embora possa surgir o problema por os dados serem estimados. A segunda fase é o desenvolvimento, esta etapa exige maior precisão. É necessário modificar-se a forma de realizar os registos do dados, reestruturar documentação de trabalho, rever o plano de contas, rever a contabilidade, e nesta deverá ser incluído o método de cálculo dos custos da qualidade. Por fim, na etapa de controlo, existe a obtenção dos dados necessários para ajustar as melhorias conseguidas e fazer um acompanhamento contínuo d evolução dos custos da qualidade. A qualidade deve analisar as tendências e propor programas de melhoria. - 11 - Como calcular os custos da qualidade O cálculo dos custos da qualidade tem por finalidade a sua minimização e, deste modo, contribuir para a optimização dos custos da empresa. Reportando para um período que decorre desde o final dos anos 70 até ao presente, esta optimização é essencial para a sobrevivência de um número crescente de empresas, confrontadas com a dificuldade em aumentar os proveitos ou, até, em mantê-los, devido ao facto de se verificar, cumulativamente, um menor crescimento d produtividade e consequentes restrições aos aumentos salariais, um acréscimo da concentração do rendimento nacional e a manutenção de uma procura insuficiente por parte da generalidade da população dos países menos desenvolvidos economicamente. A verdadeira dimensão destes custos nem sempre é conhecida, mesmo quando são conhecidos alguns valores, estes representam uma pequena fracção da realidade. De forma a determinar a sua amplitude e assim agir nas fases de produção em que estes se verifiquem recorre-se à sua avaliação. Esta pode ser efectuada por meio de ferramentas tais como a análise de tendências (comparação de níveis de custos actuais com níveis anteriores), análise de Pareto (assume que a maioria dos efeitos está relacionada com um número reduzido de causas), histograma, diagrama causa efeito/Ishikawa (relação entre as causas e os efeitos), análise de valor (identificação das expectativas dos clientes e relacionar a forma como as actividades de um processo contribuem para a satisfação de cliente) e análise de modo de falhas (avaliação de tipos de falhas e análise de defeitos e consequências em processos de produtos). Para verificar qual a evolução ou desenvolvimento dos custos da qualidade, é necessário estabelecer uma base que constitua a sua referência, sendo assim trabalha-se com rácios específicos que avaliam a evolução dos custos da qualidade. Ao pretender controlar os custos da qualidade em determinada áreas dentro da organização podem utilizar-se outros indicadores, alguns dos quais apresentados em seguida: Generalidade das empresas: Custos da qualidade Vendas brutas - 12 - Controlo dos fornecedores: Custos das falhas dos materiais fornecidos Valor do material recebido Prevenção e avaliação na produção: Custos de verificação Custos de fabricação Prevenção e avaliação nas compras Custos da inspecção de recepção Valor das compras Prevenção e avaliação na empresa Custos de prevenção Custo total da qualidade Custos de avaliação Custo total da qualidade Falhas na empresa Custos das falhas internas + externas Vendas brutas Falhas após venda Custos das devoluções + garantias Vendas brutas - 13 - Escolha de processos críticos As conclusões obtidas através da análise aos relatórios de custos da qualidade e não qualidade são fundamentais na avaliação da necessidade da gestão de custos da não qualidade em determinados processos. Assim sendo a medida dos custos da qualidade e eficiência de cada processo deve ser utilizada como critério na escolha dos processos críticos, atendendo que é possível à análise da eficácia e da eficiência. A análise da eficácia consiste na comparação entre o que foi planeado com o que foi produzido, ou seja, analisa a forma como os objectivos foram alcançados, verificando assim quais os processos com mais dificuldade em atingir os objectivos estabelecidos prematuramente. A análise da eficiência de cada processo permite observar a relação entre a capacidade da empresa e a capacidade de produção. A importância desta análise é que transmite dados úteis na avaliação da capacidade de expansão da empresa, possibilitando à empresa uma reavaliação de estratégia antecipada caso o mercado alvo não sustente um aumento na produção. - 14 - Medidas a adoptar Todos nós de um modo geral sabemos que o objectivo das empresas, devido à concorrência existente no mercado, é produzir com qualidade ao mais baixo custo possível. Partindo do conhecimento da performance dos processos críticos torna-se passível a análise dos problemas encontrados e as suas causas, procurando obter soluções parra os mesmos permitindo desenvolver o processo de acordo com meta predefinidas (Coral, 1996). Segundo Ganhão (s.d), os programas de redução de custos da qualidade são inseparáveis dos programas de melhoria da qualidade. Esta redução é conseguida através da diminuição dos custos da qualidade e pelos custos de avaliação. Segundo alguns autores, quando se pretende atingir a minimização dos custos da qualidade devem executar-se passos fulcrais, tais como sensibilizar todas as pessoas envolvidas para os problemas e as suas possíveis causas, criar em todos o desejo de resolução mútua do problema, lançar acções correctiva, acompanhar também a evolução e os resultados dessa acções e ainda avaliar o impacto das medidas e divulgar os seus resultados, para que todos se sintam co-autores dessas melhorias. Portanto, mais uma vez é dada grande ênfase ao papel dos recursos humanos, pois são eles o factor crucial para o sucesso de qualquer política de melhoria. - 15 - Conclusão Nos dias que correm deparamo-nos com consumidores cada vez mais exigentes e com necessidades que se encontram em permanente mutação obrigando a empresas a processos de adaptação continua. Todos queremos mais e melhor, mas ao mais baixo preço possível. Para tal é fundamental quantificar, não só, os custos necessários para a existência da qualidade mas, sobretudo, os custos resultantes das falhas de qualidade ou não – qualidade. A Qualidade constitui a única forma durável de fidelizar clientes e conseguir estabilidade ou aumento da quota de mercado, é também um dos principais factores para o aumento da produtividade, logo a Qualidade é fundamental para a sobrevivência das empresas. É certo que tudo o que foi dito anteriormente é importante, mas tudo será em vão se não houver uma tomada de consciência individual sobre a importância e o papel fundamental que cada um de nós desempenha na sua actividade profissional. - 16 - Bibliografia • António, Nelson Santos; TEIXEIRA, António – Gestão da qualidade – de Deming ao modelo de excelência da EFQM – Lisboa: Edições Sílab, Lda., 2007 • GANHÃO, Fernando – Custos a Qualidade – IPQ. • CORAL, Eliza – Avaliação e Gerenciamneto dos custos da não qualidade – Florianópolis – SC: Universidade Federal de Santa Catarina, 1996. Tese de Mestrado. • DELGADO, Joaquim – Sensibilização para a importância da Qualidade no mercado actual. • http://www.est.ipcb.pt/psi/psi_OG/docs/Analise%20aos%20custos%20da%20qu alidade.pdf • http://w3.ualg.pt/~eesteves/docs/GestaoQualidade08_2.pdf - 17 -