9 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRAS DESGASTE INTERPROXIMAL NO TRATAMENTO DE APINHAMENTO ANTERO-INFERIOR ANGELO DE SOUSA CARVALHO Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO BRASÍLIA, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. BRASÍLIA 2010 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRAS 10 DESGASTE INTERPROXIMAL NO TRATAMENTO DE APINHAMENTO ANTERO-INFERIOR ANGELO DE SOUSA CARVALHO Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO BRASÍLIA, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. Orientador: Prof. Douglas Rezende Bastos BRASÍLIA 2010 TERMO DE APROVAÇÃO ANGELO DE SOUSA CARVALHO 11 DESGASTE INTERPROXIMAL NO TRATAMENTO DE APINHAMENTO ANTEROINFERIOR Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em ortodontia do ICS Funorte/Soebras Núcleo Brasília, pela seguinte banca examinadora: Presidente da banca: Douglas Rezende Bastos. BANCA EXAMINADORA: Douglas Rezende Bastos. Amilton Vasconcelos. Cristiano Albuquerque. Apresentada em: _____/_________/______ DEDICATÓRIA 12 Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus pela constante proteção em toda minha vida e pelo grande sonho realizado. Aos meus pais Antonio e Lúcia Carvalho, principais idealizadores de todos os meus sonhos e que em todos os momentos sempre estão comigo com todo apoio, dedicação, amor e carinho. E a minha esposa Johelma por ter aceito se privar de minha companhia pelos estudos deste tão almejado sonho. AGRADECIMENTOS Ao companheiro e amigo professor Dr. Marden Bastos que além de ser uma pessoa muito valiosa que me proporcionou esta oportunidade tem seu espírito inovador e empreendedor na tarefa de multiplicar e simplificar seus conhecimentos. Ao meu orientador professor Dr. Douglas Rezende Bastos obrigado pelo incentivo, conhecimento, pelo apoio e auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização desta Monografia. A todos os professores em especial os Drs. Cristiano, Amilton e Raquel pelo carinho, dedicação e entusiasmo demonstrado com paciência ao longo do curso. Aos demais idealizadores, coordenadores e funcionários do IBPG. A meus colegas de especialização, pela espontaneidade e alegria na troca de informações e materiais numa rara demonstração de amizade e solidariedade. 13 SUMÁRIO RESUMO............................................................................................... ABSTRACT..... ...................................................................................... LISTA DE ILUSTRAÇÕES.................................................................... 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 9 2 PROPOSIÇÃO ...................................................................................... 3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 3.1DEFINIÇÃO ........................................................................................ 3.2INDICAÇÃO ....................................................................................... 3.3VANTAGENS ...................................................................................... 3.4DESVANTAGENS .............................................................................. 3.5QUANTIDADE DE DESGASTE, TÉCNICA E ACABAMENTO .......... 4 DISCUSSÃO ......................................................................................... 10 11 11 12 13 14 14 21 CONCLUSÃO ........................................................................................... 24 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ....................................................... 25 RESUMO O autor revisou a literatura sobre o desgaste interproximal em ortodontia encontrando que esta é uma opção de tratamento nos casos de apinhamento leve de até 4,0 mm com o objetivo de ganhar espaços nos dentes anteriores inferiores. Este tipo de tratamento deve ser adotado em pacientes que tenham uma boa higiene oral e um baixo risco de cárie, pois os desgastes deixam sulcos no esmalte que aumenta o acúmulo de placa, porem não foi comprovada nenhuma ocorrência de carie ou doença periodontal nestes dentes. Após o desgaste é necessário fazer um cuidadoso acabamento e polimento das superfícies do esmalte, aplicando sempre flúor na área trabalhada. A saúde dentária e periodontal podem ser preservadas por meio deste procedimento, desde que os limites biológicos sejam respeitados. O conhecimento da espessura do esmalte a ser retirado é de suma 14 importância clínica, porém, devendo ter cuidado com o percentual retirado a fim de não causar danos ao paciente. Palavras chave: Esmalte dentário; Apinhamento; Desgaste interproximal. ABSTRACT The author reviewed the literature on the interproximal stripping wear orthodontic finding that this is a treatment option in cases of mild crowding up to 4.0 mm in order to win spaces in the lower front teeth. This kind of treatment must be adopted in patients who have good oral hygiene and a low risk of carie, because these removals leave scratches in the enamel, it is in these places where stain build up can occur, however it was not confirmed any occurrences of carie and periodontal disease in these teeth. After this stripping it is necessary to make a careful finishing and polishing of the enamel surfaces, the application of fluoride always worked in this area. The dental and periodontal health can be preserved by this procedure, provided that the biological limits are respected. Knowing the thickness of the enamel to be removed is of great clinical importance, however, should be careful with the percentage removed in order not to harm the patient. KEYWORDS: Tooth enamel; crowding; interproximal stripping LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 01 - Desgaste inicial em alta rotação com broca Carbide 16 15 699L .................................................................................. Ilustração 02 - Discos Sof-Lex (3M-UNITEK), granulação fina e ultrafina, para polimento das superfícies desgastadas ............ 17 Ilustração 03 - Tiras de lixa de aço de 4mm e 6mm de largura, utilizadas para realização dos desgastes interproximais iniciais ...... 18 Ilustração 04 - Dispositivo de Ivory–JON .................................................. 19 Ilustração 05 - Instalação do dispositivo de Ivory ..................................... 19 Ilustração 06 – Broca de alta velocidade no contra ângulo de baixa Rotação ........................................................................... 20 Ilustração 07 - Acabamento dentário com ponta diamantada .................. 20 Ilustração 08 - Interproximal Diamond Strips ............................................ 21 16 1 INTRODUÇÃO Cada vez em nossos consultórios aumenta o número de pacientes adultos que procuram o tratamento ortodôntico e estima-se um aumento dessa porcentagem para o final da década. Um dos fatores é a utilização de medidas preventivas na Odontologia, permitindo ao paciente atingir a idade adulta com um número maior de dentes na boca. É frequente os pacientes chegarem ao consultório tendo como queixa principal o apinhamento na região anterior. Se a falta de espaço não for muito acentuada, e se o perfil do paciente for agradável, o tratamento pode ser realizado por meio de desgaste interproximais, obtendo-se dessa maneira o alinhamento dos incisivos. Podemos também chamar esse tipo de procedimento de desgaste de esmalte, redução interproximal, slicing, stripping ou redução seletiva. O objetivo é remover parte da superfície externa do dente (esmalte) para obter mais espaço para os dentes, ou seja com presença de discrepância de modelo negativa (suave ou moderada). Esse procedimento tem sido utilizado na Ortodontia desde 1940 e tem se mostrado seguro e efetivo. Este procedimento pode ser realizado de diversas maneiras e com a utilização de diversos materiais, como a lixa para amálgama, a broca de alta rotação diamantada, a broca de tungstênio multilaminada e os discos de lixa mono ou dupla face. Pontos importantes são os procedimentos de acabamento e polimento dental após a finalização dos desgastes. 17 2 PROPOSIÇÃO O propósito deste trabalho é revisar a literatura sobre as técnicas de desgastes interproximal, evidenciando suas indicações, vantagens, desvantagens, bem como o protocolo clínico. 18 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 DEFINIÇÃO O desgaste interproximal é descrito na literatura como um procedimento clínico para correção da discrepância de modelo (suave a moderado), fornecendo espaço pela diminuição da largura mesio-distal dos dentes. (Lundgren et al, 1993). Corruccini (1990) diz que, os desgastes atualmente tornaram-se comuns, por meio do estabelecimento de uma alteração da anatomia dos contatos proximais, tanto para eliminar problemas de apinhamento e discrepância de tamanho dentário, quanto para aumentar a estabilidade dos arcos dentários. Segundo Moyers (1979) acredita que o apinhamento dentário anteroinferior, estaria relacionado fortemente ao crescimento mandibular, pelo fato deste osso terminar o seu processo de crescimento após o fim do crescimento do osso maxilar. Já Proffit (1986) diz que o crescimento tardio mandibular pode ser o principal responsável pelo apinhamento antero-inferior, onde notou que nas classes I e II os incisivos inferiores mantinham contato próximo aos superiores. Little et al (1988) concluíram que o processo de constrição do arco inferior continua, mesmo após terminado o processo de crescimento, pois seus resultados evidenciaram que o apinhamento tende a agravar-se entre 10 e 20 anos póscontenção. Dentre os tecidos que protegem a polpa dentária encontra-se o esmalte, constituído basicamente por sais inorgânicos. Os conhecimentos sobre a espessura do esmalte em dentes humanos são importantes para a Ortodontia (Demange e François, 1990) como para clinica dentária em geral (Ferrari; Patroni; BALLERI, 1992) 19 3.2 INDICAÇÃO Desgaste interproximal é um recurso bastante usado no tratamento ortodôntico e entre suas indicações mais importantes são: Velini-Ferreira, F. (1999) Propôs o desgaste interproximal dos dentes como coadjuvante no tratamento ortodôntico em casos selecionados que necessitam ganhar espaço nos arcos superior ou inferior ou naqueles em que necessitam coordenar o tamanho dos dentes de ambos os arcos. Fields (1981) relatou o desgaste interproximal como uma opção para resolver excesso de tamanho dos dentes anteriores mandibulares e pela diminuição da largura dos incisivos inferiores através redução da espessura do esmalte. Este procedimento freqüentemente resolverá alguns problemas de excesso mandibular, mas esmalte proximal fino e raízes muito próximas podem limitar o uso. O desgaste interproximal é indicado para pacientes com presença de discrepância de modelo negativa (suave ou moderada), ou seja, nos casos onde existe a necessidade de espaço em regiões localizadas e a expansão ou a extração não estão indicadas (Mondelli et al 2002). Segundo Cuoghi et al (2007) dizem que o desgaste é realizado principalmente para eliminar problemas de apinhamento e discrepância de tamanho dentário, quanto também para aumentar a estabilidade dos arcos dentários. Quando o excesso de material dentário está localizado na região anteroinferior do arco, a oclusão se apresenta com os incisivos de topo, com espaços entre os dentes anteriores superiores ou então, os incisivos inferiores apresentam-se apinhados. (Tuverson, 1980). Segundo Torre e Ramos (2007) especialmente na fase de finalização ortodôntica, pode haver dificuldades em se estabelecer um bom relacionamento vertical e horizontal (sobremordida e sobressaliência), em virtude da discrepância entre os dentes superiores e inferiores. A partir do diagnóstico desta desarmonia, várias opções podem ser de grande valia para o ortodontista como desgastar de excesso de massa dentária. Quando os comprimentos mesiodistais dos incisivos superiores são maiores que os correspondentes inferiores, o caso apresentará uma tendência para 20 maior sobremordida e sobressaliência. Se forem os inferiores maiores que os superiores, haverá uma tendência para mordida topo-a-topo, (Ramos et al 1996). 3.3 VANTAGENS Afirmaram que a principal vantagem do desgaste interproximal é a redução do tempo de tratamento, pois o esmalte é reduzido somente pela quantidade requerida pela discrepância do comprimento do arco. (El-Mangoury et al 1991; Cuoghi et al 2007). Josheph (1992) diz que o desgaste interproximal é uma opção na prática ortodôntica, porque alguns fatores favorecem este procedimento, como: eliminação das seqüelas associadas às exodontias; melhoria na forma do dente no sentido mesiodistal; estabelecimento de superfícies planas, o que ajuda a prevenir as giroversões; obtenção de uma melhor relação de overjet e overbite. Bennett et al (1988) afirmaram que o desgaste aumenta o tamanho da área de contato, tornando maior a estabilidade e melhorando a estética. Eles advertem que incisivos centrais de formas triangulares necessitam ser desgastados para evitar o contato de pontos, que pode ser instáveis, e levam a triângulos escuros interproximais entre os dentes. Através da análise de Bolton mostram que há uma proporção entre os dentes da maxila e da mandíbula, e não havendo, o desgaste interproximal, eis uma alternativa de corrigir esta desproporção. Tuverson (1980) relatou que uma das maneiras de corrigir a discrepância do comprimento do arco dental é através da redução do esmalte mésio-distal dos dentes. Ele relatou as seguintes vantagens: Relação de overjet e overbite mais favorável, melhorando a guia anterior; Eliminação da necessidade de extração e expansão numa discrepância leve (até 4,0 mm); Mais estabilidade pela ampliação do ponto de contato, evitando rotações e consequentemente recidivas; Área de recessão gengival interproximal será melhorada 21 3.4 DESVANTAGENS Como é um procedimento irreversível, se não devidamente realizado, tem as seguintes desvantagens: Josheph (1992) relata que o desgaste interproximal tem como desvantagem o fato de criar sulcos no esmalte que acumulam maior quantidade de placa bacteriana, aumentando, assim, a suscetibilidade à cárie e à doença periodontal, e, por isso, deve ser indicado apenas para pacientes que possuam uma boa higiene oral e um baixo índice de placa. Radlanski (1988) explicou que são criados sulcos, destacando a impossibilidade de eliminação destes, mesmo quando é realizado o polimento. 3.5 QUANTIDADE DE DESGASTE, TÉCNICA E ACABAMENTO Thordarson et al (1991) asseveram que seja possível efetuar extensos desgastes interproximais, linguais, vestibulares ou cuspídicos, sem significante desconforto clínico ou alterações pulpares. Hudson (1956) procura quantificar melhor o valor do esmalte a ser retirado afirmando que não mais que um terço do esmalte proximal pode ser removido sem risco significativo de aumentar a desmineralização. O desgaste pode ser realizado em até metade da espessura do esmalte interproximal, o que segundo Sheridan (1985) corresponde a aproximadamente 0,5mm dos dentes anteriores de ambos os arcos. A quantidade de esmalte a ser removida está na dependência da forma do dente, ou seja, pode-se tirar mais esmalte em dentes triangulares do que naqueles cujas faces próximas tendam ao paralelismo. Zachrison e Mjor (1975) avaliaram a mudança na dentina e polpa nos dentes que sofreram desgaste. Ele concluiu que o desgaste limitado ao esmalte não provoca alteração histológica na polpa ou dentina, mas deve-se tomar cuidado para 22 não produzir degraus proximais, pois estas áreas ficam susceptíveis à cárie. Ele afirmou que o desgaste deve ser realizado com irrigação abundante, pois instrumentos diamantados deixam as superfícies rugosas. Dipaolo e Boruchov (1971) destacaram a importância da mensuração do esmalte interproximal e da largura da raiz em relação à coroa, estabelecendo a radiografia periapical como método de avaliação. Ficou instituído que o limite do desgaste deve ser a metade do esmalte interproximal e a coroa não deve ser desgastada além da largura da raiz, o que impediria o fechamento do espaço e promoveria condições propícias para o desenvolvimento de problemas periodontais. Os sulcos profundos que encontramos na superfície do esmalte podem ter sido causados por falhas na pressão que imprimimos durante o desgaste com o primeiro instrumento rotatório abrasivo, ou seja, não conseguimos manter a constante pressão de desgaste em toda superfície desgastada. Tormin et al 2001, Avaliaram o aspecto do esmalte submetido à ação de instrumento rotatório abrasivo com granulação ultra fino, e em sequencia o polimento com disco de lixa de granulação média, fina e ultra fina, tira de lixa de granulação ultra fino, branco de Espanha e pasta a base de diamante em pó a 8% aplicado com tira de lixa, taça e cone de borracha. Os resultados indicam que os desgastes provocaram formação de sulcos e orifícios profundos, cujas bordas foram atenuadas pelo polimento com discos de lixas de granulação média, fina e ultra fino. Foi constatado que, se após a utilização das lixas for aplicado o branco de Espanha com auxílio da tira de lixa, taça e cone de borracha, o aspecto do esmalte virá a assemelhar mais ao normal, o mesmo não ocorrendo se houver o emprego da pasta à base de diamante em pó. Em um artigo clássico da década de 1980 relacionando os fatores envolvidos com a oclusão do segmento anterior, Tuverson inferiu que a redução de esmalte de 0,3mm para os incisivos inferiores e 0,4mm para os caninos inferiores pode ser realizada sem prejudicar a vitalidade dentária. Radiograficamente existe esmalte suficiente para permitir o desgaste dentário sem comprometimento da face proximal. Enfatizou que a opção pelo desgaste dentário seria a alternativa mais indicada para casos onde extração não é favorável. Segundo Torres e Ramos (2007) Disseram que o desgaste pode ser feito com a utilização de diversos materiais como, por exemplo, a broca de alta rotação diamantada, a lixa para amálgama, a broca de tungstênio multilaminada e os discos 23 de lixa mono ou dupla face, tanto no arco dentário superior como no inferior. Independentemente do material escolhido, deve-se estar atento para os limites do desgaste, que devem estar por volta de 0,5mm para cada face dos dentes anteriores. Enfatizando a importância para os procedimentos de acabamento e polimento dentário após a finalização dos desgastes. Rossi Júnior et al (2009) Sugerem o uso de: brocas Carbide 699L em alta rotação (para a remoção precisa do esmalte); discos Sof-Lex de granulação grossa, fina e ultrafina (para o acabamento e o polimento das superfícies desgastadas); e a aplicação tópica de fluoretos (visando aumentar a proteção do esmalte). Ilustração 01 - Desgaste inicial em alta rotação com broca Carbide 699L Fonte: Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá, v. 14, n. 2, p. 63-72, mar.abr. 2009 Sheridan (1987) sugeriu algumas alterações à técnica de desgaste realizada com alta rotação, onde diz que deve ser precedido, primeiramente, pelo alinhamento dentário, corrigindo angulações e rotações dentárias, movimentando os dentes até a obtenção de pontos de contato satisfatórios para a realização dos desgastes. Para melhor visualização e acesso à região interproximal, sugeriu a separação das superfícies interproximais por meio de molas de secção aberta e em respeito à realização dos desgastes deve ser feito de posterior para anterior, estabelecendo de um contorno anatômico adequado com pontas diamantadas cônicas, especificação 135-EF, ultrafinas para acabamento. Xú et al (1997) investigaram os efeitos da superfície do esmalte durante o desgaste por meios de broca diamantada, podendo ser ela áspera, média, fina e super fina. O resultado é que há presença de fissuras tipo médio, microfissuras inter e intraprismático e que o comprimento dessas fissuras depende do tamanho das partículas de diamante e orientação dos prismas do esmalte, e não da quantidade 24 da remoção do esmalte. As fissuras foram efetivamente removidas pelo acabamento com broca diamantada fina Zhang et al (1999) defenderam o uso de dois discos Sof-Lex para eliminação das ranhuras provenientes dos desgastes. Estes discos devem apresentar granulação fina e ultrafina, sendo operados com micromotor em uma velocidade entre 200 e 400rpm durante 40 segundos cada, salienta-se a necessidade de se utilizar um disco para cada dente, pois sua superfície se deteriora com muita facilidade. O procedimento de acabamento e polimento realizado com discos proporciona maior segurança em relação às brocas, pois enquanto os menores diâmetros de brocas medem 0,18mm, os discos usados nessa técnica medem apenas 0,15mm. Ilustração 02 - Discos Sof-Lex (3M-UNITEK), granulação fina e ultra-fina, para polimento das superfícies desgastadas Fonte: R Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá, v. 12, n. 3, p. 32-46, maio/jun. 2007 Sheridan (1985) apud Cuoghi et al (2007) descreveu a técnica de desgaste com alta rotação, objetivando a remoção de esmalte, principalmente, na região distal de caninos, em decorrência da maior quantidade de esmalte. Observando a necessidade de manutenção da forma original do ponto de contato. Para facilitar os procedimentos operatórios, foi recomendada a inclusão de um fio de 25 aço 0,020” no espaço interproximal, evitando danos à gengiva, controlando a remoção e acabamento do esmalte e favorecendo a fluoretação tópica. O fio 0,020” corresponde a um diâmetro de 0,5mm e, uma vez que foi recomendada a redução de 50% do esmalte interproximal (aproximadamente 0,5mm em cada face proximal dos dentes anteriores), este fio representa o parâmetro de controle para desgastar 0,5mm de esmalte em cada uma das duas faces proximais que constituem o ponto de contato. Para realização dos desgastes, Harfin (2000) indica tiras de lixa de aço, defendendo que a lixa facilita a quantidade e a qualidade do esmalte removido, uma vez que as brocas removem o esmalte com maior rapidez. Por outro lado, as tiras de lixa proporcionam ranhuras maiores, facilitando o acúmulo de placa bacteriana. Para sanar este problema, sugere-se que o acabamento seja realizado por meio de tiras de polimento para resina composta. Além disso, deve-se realizar a aplicação tópica de flúor logo após os desgastes, durante 45 dias, sendo que, após o tratamento, o alinhamento final deve ser mantido por 3 a 4 meses antes de se remover o aparelho e se instalar a contenção. Ilustração 03 - Tiras de lixa de aço de 4mm e 6mm de largura, utilizadas para realização dos desgastes interproximais iniciais. Fonte: R Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá, v. 12, n. 3, p. 32-46, maio/jun. 2007 De acordo com Mondelli et al (2002) os desgastes devem ser, preferivelmente, iniciados pelas faces proximais nos casos onde o apinhamento apresenta-se muito severo, deve-se aliviar os pontos de contato com tira metálica abrasiva convencional para que o separador de Ivory possa ser mais efetivo na 26 abertura de espaço para posterior desgaste das faces com contato. Inicia-se os desgastes dentários com uma ponta diamantada girando em baixa rotação. Para isto, recomenda-se a utilização de um contra-ângulo de baixa rotação, específico para brocas de alta. O acabamento pode ser feito com ponta diamantada troncocônica ou em forma de pêra. Utiliza-se também contra ângulo tipo EVA ou PROFIN (Dentatus – Sweden), composto por um mecanismo que possibilita um movimento de “vai e vem” de uma tira de lixa, de formato e granulações variadas, acopladas ao contra-ângulo. Ilustração 04 - Dispositivo de Ivory–JON Fonte: Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 1, n. 3, p. 5-17 - jun.jul. 2002 Ilustração 05 - Instalação do dispositivo de Ivory Fonte: Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 1, n. 3, p. 5-17 - jun.jul. 2002 27 Ilustração 06 – Broca de alta velocidade no contra ângulo de baixa rotação Fonte: R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 1, n. 3, p. 5-17 - jun.jul. 2002 Ilustração 07 - Acabamento dentário com ponta diamantada Fonte: R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 1, n. 3, p. 5-17 - jun.jul. 2002 INTERPROXIMAL DIAMOND STRIPS PERFURADAS E FLEXÍVEIS São novas tiras perfuradas diamantadas e projetadas para o controle completo durante o desgaste interproximal, dando modelagem e contorno. As tiras permitem um acesso manual fácil e preciso ao esmalte São revestimento do aço inoxidável com diamantes e de 2 larguras: 2,5 milímetros e 3,75 milímetros. Autor: Fonte: www.orthotechnology.com 28 Ilustração 08 – Interproximal Diamond Strips Fonte: www.orthotechnology.com 4 DISCUSSÃO Segundo Hudson (1956) o valor do esmalte a ser retirado não pode ser mais que um terço do esmalte proximal, assim não tendo risco significativo de aumentar a desmineralização. O desgaste pode ser realizado em até metade da espessura do esmalte interproximal, o que segundo corresponde a aproximadamente 0,5mm dos dentes anteriores de ambos os arcos. A quantidade de esmalte a ser removida está na dependência da forma do dente, ou seja, pode-se tirar mais esmalte em dentes triangulares do que naqueles cujas faces próximas tendam ao paralelismo. (Sheridan, 1985; Dipaolo e Boruchov, 1971; Torres e Ramos 2007) Tuverson 1980 inferiu que a redução de esmalte de 0,3mm para os incisivos inferiores e 0,4mm para os caninos inferiores pode ser realizada sem prejudicar a vitalidade dentária. Radiograficamente existe esmalte suficiente para permitir o desgaste dentário sem comprometimento da face proximal. O desgaste e conseqüente polimento com discos de lixa de granulação média, fina e ultrafina, e tiras de lixa de granulação ultrafina mais branco de Espanha com tiras de lixa, taça de borracha e cone de borracha, foi o que produziu uma superfície que mais se aproximou do aspecto do esmalte normal, isto é, com sulcos ranhuras e depressões de pouca profundidade. (Tormin et al 2001). Torres e Ramos (2007) Disseram que o desgaste pode ser feito com a utilização de diversos materiais como, por exemplo, a broca de alta rotação 29 diamantada, a lixa para amálgama, a broca de tungstênio multilaminada e os discos de lixa mono ou dupla face, tanto no arco dentário superior como no inferior. Rossi Júnior et al(2009) Sugerem para o desgaste interproximal o uso de brocas Carbide 699L em alta rotação (para a remoção precisa do esmalte); discos Sof-Lex de granulação grossa, fina e ultrafina (para o acabamento e o polimento das superfícies desgastadas); e a aplicação tópica de fluoretos (visando aumentar a proteção do esmalte). Em 1987, Sheridan diz que primeiramente deve ser feito o alinhamento dentário, corrigindo angulações e rotações dentárias, movimentando os dentes até a obtenção de pontos de contato satisfatórios para a realização dos desgastes melhorando a visualização e acesso à região interproximal, sugeriu a separação das superfícies interproximais por meio de molas de secção aberta e os desgastes devem ser feito de posterior para anterior, estabelecendo de um contorno anatômico adequado com pontas diamantadas cônicas, especificação 135-EF, ultrafinas para acabamento. Zhang et al (1999) defenderam o uso de dois discos Sof-Lex de granulação fina e ultrafina para eliminação das ranhuras provenientes dos desgastes, sendo operados com micromotor em uma velocidade entre 200 e 400rpm durante 40 segundos cada, utilizando um disco para cada dente. Sheridan(1985) apud Cuoghi et al (2007) descreveu a técnica de desgaste com alta rotação. Observando a necessidade de manutenção da forma original do ponto de contato. Recomenda a inclusão de um fio de aço 0,020” no espaço interproximal, controlando a remoção e acabamento do esmalte e favorecendo a fluoretação tópica. Para realização dos desgastes utiliza-se tiras de lixa de aço, já que a lixa facilita a quantidade e a qualidade do esmalte removido. O acabamento deve ser realizado por meio de tiras de polimento para resina composta. Além disso, deve-se realizar a aplicação tópica de flúor logo após os desgastes. (Harfin, 2000) Segundo Mondelli et al 2002 os desgastes devem ser iniciados pelas faces proximais nos casos onde o apinhamento apresenta-se muito severo, aliviando os pontos de contato com tira metálica abrasiva convencional para posterior utilização do separador de Ivory. Inicia-se os desgastes dentários com uma ponta diamantada utilizando um contra-ângulo de baixa rotação específico para brocas de alta. O acabamento pode ser feito com ponta diamantada tronco-cônica ou em forma 30 de pêra. Utiliza-se também contra ângulo tipo EVA ou PROFIN (Dentatus – Sweden), composto por um mecanismo que possibilita um movimento de “vai e vem” de uma tira de lixa, de formato e granulações variadas, acopladas ao contra-ângulo. 31 CONCLUSÃO Nos casos em que o perfil é agradável e a discrepância do tamanho do arco não é muito acentuada, o desgaste na face interproximal dos dentes anteriores inferiores é uma boa alternativa de tratamento. Independente da técnica utilizada para realização do procedimento, seja com tiras de lixa de aço, discos, pontas diamantadas ou brocas carbide, o fator diferencial para o sucesso do tratamento está na indicação correta e na execução de polimento com discos de polimento finos e ultrafinos após o desgaste para diminuir as ranhuras provocadas pelo procedimento, evidenciando a aplicação de flúor na área onde houve o desgaste. Saliente-se que os pacientes que tem uma higiene oral pobre estão contra indicados. A saúde dentária e periodontal podem ser preservadas por meio deste procedimento, desde que os limites biológicos sejam respeitados. O conhecimento da espessura do esmalte a ser retirado é de suma importância clínica, porém, devemos ter cuidado com o percentual retirado a fim de não causar danos ao paciente. 32 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENNETT, J. C.; MC. LAUGHLIN, R. P. Tratamento ortodôntico da dentição com aparelho pré-ajustado. São Paulo, SP: Artes Medicas, p. 85-91, 1998. CORRUCCINI, R. Australian aboriginal tooth succession, interproximal attrition, and Begg’s theory. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. St. Louis, v. 97, n. 4, p. 349357, Apr. 1990. CUOGHI, Osmar. Aparecido. et al. Desgaste interproximal e suas implicações clínicas. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 12, n. 3, p.32-46, maio/jun. 2007. DEMANGE, C.; FRANÇOIS, B. Measuring and charting interproximal emanel removal. J. Clin. Orthod., v. 24, n. 7, p. 408-412, Jul. 1990. DIPAOLO, R. J.; BORUCHOV, M. J. Thoughts on stripping of anterior teeth. J. Clin. Orthod, Boulder, v. 5, p. 510-511, Sept. 1971. EL-MANGOURY, N. H. et al. In vivo remineralization after air-rotor stripping. J Clin Orthod, Boulder, v. 25, n. 2, p. 75-78, 1991. FERRARI, M.; PATRONI S.; BALLERI, P. Measurement of enamel thickeness in relation to reduction for etched laminate veneers. Int. J. Periodontics Restorative Dent., v. 12, n. 5, p. 407-413, 1992. FERREIRA-TORMIN, A. C. et al. Comparação de métodos de polimento do esmalte interproximal após desgaste com instrumentos rotatórios abrasivos: um estudo ao MEV. Ortodontia, Brasil, v. 34, n. 2, p. 25-35, maio/ago. 2001. FIELDS JR, H. W. Orthodontic - restorative treatment for relative mandibular anterior excess tooth-size problems. Am J Orthod, St. Louis, v. 79, n. 2, p. 176-183, 1981. HARFIN, J. F. Interproximal stripping for the treatment of adult crowding. J. Clin. Orthod, Boulder, v. 34, no. 7, p. 424-433, July 2000. HUDSON, A. L. A study of the effects of mesiodistal reduction of mandibular anterior teeth. Am. J. Orthod, v. 42, p. 615-624, Aug. 1956. 33 INTERPROXIMAL Stripping. Disponível em: <http://www.orthotechnology.com/new_products/GalaxyBurs.cfm>. Acesso em: 20 jan. 2010. JOSHEPH, V.P. Orthodontic microabrasive reaproximation. American Journal of Orthodontic and Dentofacial Orthopedics, v. 102, n. 4, p. 351-359, 1992. LITTLE, R.M.; RIEDEL, R.A.; ARTUN, J. An evaluation of changes in mandibular anterior alignment from 10 to 20 years postretention . Am J Orthod, Seattle, v.93, n.5, p. 423-428, May 1988. LUNDGREN, T. et al. Restitution of enamel after interdental stripping. Swed Dent J. v. 17, p. 217-224, 1993. Mondelli A.L. et al. Desgaste Interproximal: Opção de Tratamento para o Apinhamento. R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 1, n. 3, p. 5-17 - jun./jul. 2002. MOYERS, R.E. Ortodontia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, p .369-387, 1979. PROFIT, W.R. Ortodontia Contemporânea. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p 493-494, 1986. RADLANSKI, R. J et al. Plaque acumulations caused by interdental stripping. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. St. Louis, v. 94, no. 5, p. 416-420, Nov. 1988. RAMOS, Adilson Luiz et al. Considerações Sobre Análise da Discrepância Dentária de Bolton e a Finalização Ortodôntica. REVISTA DENTAL PRESS DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA MAXILAR, v.1, n. 2 nov./ dez. 1996. ROSSI JÚNIOR, A. et al. Redução de esmalte interproximal como alternativa no tratamento ortodôntico de casos limítrofes. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 14, n. 2, p. 63-72, mar./abr. 2009. SHERIDAN, J. J. Air-rotor stripping update. J. Clin. Orthod. Boulder, v. 21, p. 781788, 1987. _____. Air-rotor stripping. J. Clin. Orthod. Boulder, v. 19, n. 1 , p. 43-59, Jan. 1985. 34 THORDARSON, A.; ZACHRISSON, B. U.; MJOR, I. A. Remodeling of canines to the shape of lateral incisor by grinding: a long-term clinical and radiographic evaluation. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop, v. 100, n. 2, p. 123-132, Aug. 1991. TORRE L. L.; RAMOS A. L. Análise de Bolton e estratégia clínica. Rev. Clin. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 6, n. 1 – fev./mar. 2007. TORMIN JÚNIOR, F. G. et al. Avaliação da espessura do esmalte nas faces proximais de dentes incisivos inferiores humanos. Rev. Odontol. UNICID, v.13. n. 2, p. 151-160, maio/ago. 2001. TUVERSON, D. L. Anterior interocclusal relations - Part I. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 78, n. 4, p. 361-370, Oct. 1980. VELLINI-FERREIRA, F. Rev. Dental Press Ortodon Ortop Facial, v. 4, n. 6, p.1-4, nov./dez. 1999. XU, H.H.K. et al. Enamel subsurface damage due to tooth preparation with diamond. J dent Res, v. 76, p. 1698-1700, oct. 1997. ZACHRISSON, B. V.; MJOR, I. A. Remodeling of teeth by grinding. Am J Orthod, St. Louis, v. 68, p. 545-553, 1975 ZHANG, M. et al. SEM evaluation of a new technique for interdental stripping. J. Clin. Orthod., Boulder, v. 33, no. 5, p. 286-292, May 1999.