UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
PATRICIA CORDEIRO MASCARENHAS DA SILVA
PERFIL DO ATENDIMENTO DE POLITRAUMA DO SERVIÇO DE
ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA – SAMU 192
DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/BAHIA
SALVADOR-BAHIA
2010
1
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
PATRICIA CORDEIRO MASCARENHAS DA SILVA
PERFIL DO ATENDIMENTO DE POLITRAUMA DO SERVIÇO DE
ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA – SAMU 192
DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/BAHIA
Monografia apresentada a Universidade Castelo
Branco/Atualiza Associação Cultural, como
requisito parcial para a obtenção do título de
especialista em Emergência, sob a orientação do
Prof. Fernando Reis do Espírito Santo.
SALVADOR-BAHIA
2010
2
PATRICIA CORDEIRO MASCARENHAS DA SILVA
PERFIL DO ATENDIMENTO DE POLITRAUMA DO SERVIÇO DE
ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA – SAMU 192
DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/BAHIA
Monografia para obtenção do grau de Especialista em Emergência.
Salvador, 22 de novembro de 2010
EXAMINADOR:
Nome:
Titulação:
PARECER FINAL:
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e aos meus pais pela oportunidade de continuar crescendo como
ser humano e profissional de saúde.
Aos colegas e coordenadores do SAMU 192 – Alagoinhas pela amizade,
companheirismo e exemplo de profissionalismo.
À Secretaria de Saúde do município de Alagoinhas pelo acesso aos dados.
A todos aqueles que contribuiram de maneira direta e indireta para realização deste
estudo.
4
“Não queremos perder, nem deveríamos
perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou
confiança. Mas perder e ganhar faz parte do
nosso processo de humanização.”
Lya Luft
5
RESUMO
Este estudo aborda os atendimentos de politrauma realizados por um serviço de
atendimento pré-hospitalar e tem como objetivo identificar o perfil desse atendimento
em relação aos caracteres: sexo, idade, faixa etária, local e evolução da ocorrência.
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório realizado no Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência – SAMU 192 no município de Alagoinhas, no Estado da Bahia. Os
dados foram extraídos das Fichas de Regulação Médica que foram preenchidas
pelos auxiliares de regulação, médicos reguladores, enfermeiros e técnicos de
enfermagem durante o período de janeiro a junho de 2006. Em relação aos
resultados, foram registradas um total de 336 ocorrências relacionadas ao trauma,
sendo os meses de janeiro, fevereiro e junho os que tiveram maior número de
ocorrências, 67,3% das vítimas foram do sexo masculino, predominantemente
adultos jovens, 76,3% provêm da via pública. As colisões e as quedas foram os
mecanismos de trauma mais predominantes e 67,3% das vítimas foram atendidas
nas instituições públicas de saúde da cidade. A análise dos dados apresentados
confirma as estatísticas nacionais: população jovem, do sexo masculino, vítimas de
acidentes em via pública. Caracterizar esse perfil é fundamental para a elaboração
de políticas públicas para qualidade no atendimento, assim como para a educação e
prevenção do trauma.
Palavras-chave: Atendimento pré-hospitalar, politrauma, perfil do atendimento.
6
ABSTRACT
This study discusses the politrauma calls made by a service of pre-hospital and aims
to identify the customer's profile in relation to the characters: sex, age, age group,
location and evolution of the occurrence. This is a descriptive and exploratory study
conducted in Mobile Emergency Care Service – SAMU 192 in the municipality of
Alagoinhas, in the State of Bahia. Data were extracted from medical regulation sheets
that were fulfilled by medical auxiliary, medical regulators, regulatory, and technical
nursing nurses during the period January to June 2006. In relation to the results, we
recorded a total of 336 occurrences related to trauma, being the months January,
February and June who has had the largest number of occurrences, 67.3% of victims
were male, predominantly young adults, 76.3% come from the public highway.
Collisions and the falls were the most predominant mechanisms of trauma and 67.3%
of victims were met in public health institutions of the city. The analysis of the data
presented confirms national statistics: young population, males, victims of road
accidents. Characterize this profile is fundamental to the development of public
policies for quality care and education and prevention of trauma.
Keywords: pre-hospitaL care, politrauma, profile of care.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
8
REVISÃO DA LITERATURA
10
1.
O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
10
2.
CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS CONCERNENTES AO SAMU/192
13
2.1 Um breve histórico a respeito da criação do SAMU no Brasil
13
2.2 A política nacional de urgência e o perfil do SAMU no Brasil
15
2.3 Funcionamento e caracterização dos recursos do SAMU
16
O POLITRAUMATISMO E O ATENDIMENTO
POLITRAUMATIZADO NO PRÉ-HOSPITALAR
3.1 Definição de trauma
3.
AO
PACIENTE
18
18
3.2 Classificação e mecanismos do trauma
18
3.3 Princípios básicos do atendimento ao politraumatizado
20
4.
METODOLOGIA
23
4.1 Tipo de pesquisa
23
4.2 Local da pesquisa
23
4.3 Documentos examinados
25
4.4 Coleta dos dados (Instrumento)
26
4.5 Apresentação e discussão dos dados
26
5.
31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
32
ANEXOS
34
Anexo I: Classificação das ambulâncias
35
Anexo II: Definição dos materiais e equipamentos das ambulâncias
36
Anexo IIIA: Escala de coma de Glasgow
39
Anexo IIIB: Escore de trauma revisado (Revised Trauma Score – RTS)
40
Anexo IV: Instrumento de coleta de dados
41
8
S586p Silva, Patrícia Cordeiro Mascarenhas da
Perfil do atendimento de politrauma do serviço de
atendimento móvel de urgência: SAMU 192 do Município de
Alagoinhas-Bahia / Patrícia Cordeiro Mascarenhas da Silva. –
Salvador, 2010.
41f.; 50 cm.
Orientadores: Dr. Fernando Reis do Espírito Santo
Monografia (Especialização em Enfermagem em
Emergência) – Universidade Castelo Branco, Atualiza Associação
Cultural, 2010.
1. Enfermagem em emergência 2. Atendimento préhospitalar 3. Politrauma 4. Perfil do atendimento I. Espírito
Santo, Fernando Reis II. Universidade Castelo Branco III.
Atualiza Associação Cultural IV. Título.
CDU 616-083
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Adriana Sena Gomes CRB 5/ 1568.
9
INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje, o trauma deve ser considerado como uma doença de
grande importância nos âmbitos político, econômico e social, uma vez que, no Brasil,
constitui a segunda causa geral de morte e a primeira abaixo dos 45 anos. É
responsável por mais de 90 mil mortes anuais, deixa mais de 200 mil vítimas por ano
sequeladas e consome mais anos de vida útil que as doenças cardiovasculares e o
câncer. Nasi (2006).
No Brasil, estimam-se em 1.200.000 mortes por ano devido ao trauma. O
índice é considerado alarmante se pensarmos que 14 pessoas morrem por hora. É a
primeira causa de mortalidade na população jovem de 15 a 35 anos. Se analisarmos
as vítimas não-fatais do trauma, chegamos à impressionante marca de 360.000
sequelados por ano, no Brasil. (Colégio americano de cirurgiões, 1997). Essa
predominância do trauma na faixa etária adulta jovem, em atividade economicamente
ativa e normalmente sadia, caracterizam-no como um problema de saúde pública.
Com base nessa realidade, partindo da premissa que o atendimento inicial às
vítimas,
dado de forma adequada e em tempo hábil, poderia melhorar
significativamente o prognóstico de politraumatizados graves, foi criado o
Atendimento Pré-Hospitalar (APH) em alguns países como os Estados Unidos, Paris,
assim como no Brasil.
No Brasil, o atendimento pré-hospitalar foi criado em setembro de 2003, pelo
governo federal, através da implantação do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência – SAMU 192. Esse serviço constitui-se como o principal componente da
Política Nacional de Atenção às Urgências, criada no mesmo ano, que tem como
principais princípios norteadores: a garantia da universalidade, eqüidade e
integralidade no atendimento às urgências; a consubstanciação das diretrizes de
regionalização da assistência às urgências; a promoção, coordenação e execução de
programas e projetos estratégicos de atendimento às necessidades coletivas,
urgentes e transitórias; além da qualificação da assistência e promoção a educação
permanente das equipes de saúde na Atenção às Urgências.
Diante das estatísticas do trauma, do processo de criação e expansão do
Serviço Móvel de Urgência no Brasil, e a conseqüente implantação deste serviço no
município de Alagoinhas, no Estado da Bahia, surge o seguinte questionamento:
10
- Qual é o perfil do atendimento ao paciente politraumatizado no SAMU 192 –
Alagoinhas?
Assim, o presente estudo traz como objetivo: identificar o perfil do
atendimento de politrauma em relação aos caracteres: sexo, idade, local e evolução
da ocorrência no período de janeiro a junho do ano de 2006.
Com base nesse objetivo, trata-se de um estudo descritivo, exploratório e
retrospectivo realizado no Serviço de Atendimento Móvel de Alagoinhas. Os dados
foram extraídos das fichas de atendimento e foram priorizadas aquelas relacionadas
com politrauma.
Para melhor leitura e entendimento utilizou-se a estrutura sob a forma de
tópicos que abordam inicialmente o histórico do pré-hospitalar e as considerações
teóricas e históricas relativas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e a
política nacional de urgências. Em seguimento revivemos o processo de implantação
e o funcionamento do SAMU no Brasil. No seguinte, revisamos os conceitos e os
tipos de politraumatismo mais frequentes e a sua abordagem no pré-hospitalar.
Finalizando, abordamos a metodologia utilizada identificando o tipo de pesquisa, o
local, o sujeito, o instrumento de coleta de dados e os resultados obtidos e
resgatamos algumas idéias acerca do trauma nas considerações finais.
Espera-se que o conhecimento deste perfil possa vir a ajudar no processo de
planejamento local e estrutural do serviço, desenvolvimento de atividades educativas
e preventivas em relação ao trauma e servir de estímulo à realização de estudos
para o conhecimento do perfil das outras instituições de emergências do município.
Assim como servir de base de dados e informações para pesquisa e produções
acadêmicas.
11
REVISÃO DA LITERATURA
1. O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR (APH)
Historicamente, a capacidade de agressão existe desde o aparecimento do
homem. Inicialmente atribuída às situações de guerras; atualmente esta é resultado
dos avanços tecnológicos, permitindo a fabricação de veículos mais velozes, armas
de fogo mais potentes. Em conseqüência registramos o aumento de pacientes
politraumatizados graves e elevada taxa de mortalidade.
Progressivamente, essa gravidade do paciente politraumatizado, traduz-se
em modificações das estruturas sócio-econômicas de muitas famílias, configurando
os politraumatismos como um problema de saúde pública.
Capelas (2002), cita que nas últimas décadas tem havido importantes
progressos no tratamento dos doentes politraumatizados e melhorias significativas
tanto nos cuidados pré-hospitalares como nos centros de urgências e cuidados
intensivos.
Complementando, Lasalle & Córtes (1999), destacam que o aparecimento de
sistemas de emergência móveis tem melhorado a assistência inicial destes pacientes
no local do acidente determinando que um importante número de pacientes chegue
com vida aos centros assistenciais.
O atendimento pré-hospitalar é conceituado como qualquer assistência
realizada, direta ou indiretamente, fora do âmbito hospitalar, através dos diversos
meios e métodos disponíveis, com uma resposta adequada à solicitação, a qual
poderá variar de um simples conselho ou orientação médica ao envio de uma viatura
de suporte básico ou avançado ao local da ocorrência, visando a manutenção da
vida e/ou a minimização das seqüelas. (LOPES, et al, 1999).
Ainda, considerando o conceito de atendimento pré-hospitalar, Dalcin &
Cavazolla, definem:
Atendimento que procura chegar à vítima nos primeiros minutos após ter
ocorrido o agravo à saúde, sendo realizado fora do ambiente hospitalar.
Essa definição traz a reflexão que a demora no atendimento e a sua
realização de forma inadequada pode resultar no agravamento da situação
inicial, complicações irreversíveis/seqüelas e até a morte das vítimas.
12
Com base nessas considerações, destacamos que a importância dos
serviços de atendimento pré-hospitalar advém da resolutividade da abordagem
imediata às vítimas de politrauma. A análise das três fases do processo de morte
decorrente do trauma contribui para um melhor entendimento da importância desses
serviços.
O Colégio Americano de Cirurgiões (1997) descreve resumidamente esses
três momentos. O primeiro pico ocorre nos primeiros segundos a minutos do trauma;
as mortes resultam de lacerações do cérebro, do tronco cerebral, da medula espinhal
alta, do coração, da aorta e de outros grandes vasos sanguíneos. O segundo pico de
morte ocorre dentro de minutos até várias horas depois do trauma; os óbitos que
ocorrem durante esse período são usualmente devidos a hematoma subdural e
epidural, hemopneumotórax, ruptura do baço, lacerações do fígado, fraturas pélvicas
e/ou outras lesões traumáticas e múltiplas, acompanhadas de perda sanguínea
significativa. Finalmente, o terceiro pico de morte ocorre vários dias a semanas após
o traumatismo inicial, é devido, mais frequentemente, à sepse e a insuficiência de
múltiplos órgãos e sistemas.
Essa classificação em fases da morte reforça cada vez mais a necessidade
de atendimento precoce às vítimas de politraumatismos. Obviamente quanto menor
for o tempo de resposta, maior será a taxa de sobrevivência. Entende-se por tempo
de resposta, o espaço de tempo que o socorro leva para chegar até a vítima.
Segundo alguns trabalhos internacionais, os tempos médios variam entre 4,7 e 7,9
minutos. É uma das variáveis mais importantes no Atendimento Pré-hospitalar, pois é
um dos principais indicadores da eficiência deste serviço.
O serviço de atendimento pré-hospitalar móvel deve ser entendido como uma
atribuição da área de saúde, sendo vinculado a uma Central de Regulação, com
equipe e frota de veículos compatíveis com as necessidades de saúde da população
de um município ou uma região, podendo, portanto, extrapolar os limites municipais.
Para um adequado atendimento pré-hospitalar móvel o mesmo deve estar vinculado
a uma Central de Urgências e Emergências. A central deve ser de fácil acesso ao
público, por via telefônica, em um sistema gratuito, onde o médico regulador, após
julgar cada caso, define a resposta mais adequada, seja um conselho médico, o
envio de uma equipe de atendimento ao local da ocorrência ou ainda o acionamento
de múltiplos meios. O atendimento local é monitorado via rádio pelo médico
13
regulador que orienta a equipe de intervenção quanto aos procedimentos necessário
à condução do caso. (Portaria nº 2084 GM 05/11/02).
O desenvolvimento do Atendimento Pré-Hospitalar (APH) no Brasil teve início
no Estado do Rio de Janeiro, desde então, diversos grupos foram criados, os quais
sensibilizaram os governos locais, levando ao surgimento de alguns serviços de APH
(Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito
Federal, Pernambuco e Ceará). Alguns outros estados estão dando início ao
processo de implantação, entre eles a Bahia. (SESAB, 2004).
No Brasil existem dois sistemas de APH em nível público: o do telefone 192,
desenvolvido e operacionalizado pelo Governo Municipal, e o do sistema 193, de
caráter estadual, a cargo do Corpo de Bombeiros. Em algumas cidades, ambos têm
a presença do profissional médico. (SESAB, 2004).
14
2. CONSIDERAÇÔES TEÓRICAS CONCERNENTES AO SAMU/192
2.1 Um breve histórico a respeito da criação do SAMU no Brasil
Quando se fala em SAMU, Serviço de Atendimento Móvel de Urgências,
conforme se define aqui no Brasil, no imaginário das pessoas, muitas vezes, surge a
idéia de atendimento de uma urgência associado a uma ambulância.
É essencial, no entanto, que a idéia do atendimento no local da ocorrência do
agravo não seja dissociada da forma como esta ação é desencadeada, ou seja, por
meio de telefonema gratuito pelo número nacional do pré-hospitalar móvel 192 numa
Central de regulação, onde um profissional médico, com treinamento especifico para
tal, está na escuta, 24 horas por dia, acolhendo todos os pedidos de ajuda médica,
julgando sua gravidade, priorizando o conjunto de necessidades que ocorrem à
central e gerenciando o conjunto de recursos disponíveis, de forma a oferecer a
melhor resposta possível a cada demanda, sempre na perspectiva de garantia de
acesso.
A idéia da assistência fora do ambiente hospitalar, pré-hospitalar, por meio
de deslocamento de equipe e recursos materiais, tem sua origem em 1792, quando
Dominique Larrey cirurgião da Grande Armada de Napoleão utiliza uma “ambulância”
(do latim Ambulare, que significa deslocar) para levar atendimento precoce aos
cometidos em combate, já no próprio campo de batalha, observando que assim,
aumentavam suas chances de sobrevida.
Foi em Nova Iorque, porém, no final do século XIX que o atendimento
externo à estrutura hospitalar com a utilização de ambulâncias medicalizadas tomou
corpo e daí retornou à Europa, onde foi aplicado pelos franceses, com a
incorporação do conceito de regulação médica.
Assim, o conceito de regulação médica das urgências que utilizamos no
Brasil tem sua origem de atendimento pré-hospitalar francês, em que após mais de
50 anos de existência, em 1986, foi publicada uma lei governamental que definiu os
SAMU (Sistemas de Atenção Médica às Urgências), como Centros de Recepção e
Regulação das Chamadas – os Centros 15. Em 1965, criaram oficialmente os
Serviços Móveis de Urgência e Reanimação (SMUR) dispondo agora, das Unidades
Móveis Hospitalares (UHM). Em 1968, nasceu o SAMU, com a finalidade de
15
coordenar as atividades dos SMUR, comportando, para tanto, um centro de
regulação médica dos pedidos, tendo as suas regras regulamentadas no decreto de
16/12/1987. As equipes das UHM passaram também a intervir nos domicílios dos
pacientes, configurando definitivamente, os princípios do atendimento pré-hospitalar,
relacionados a seguir:
1) O auxílio médico urgente é uma atividade sanitária.
2) As intervenções sobre o terreno devem ser rápidas, eficazes e com meios
adequados.
3) A abordagem de cada caso deve ser simultaneamente, médica, operacional e
humana.
4) As responsabilidades de cada profissional e as inter-relações com os demais
devem ser estabelecidas claramente.
5) A qualidade dos resultados depende em grande parte, do nível de competência
dos profissionais.
No Brasil, o SAMU teve início através de um acordo bilateral entre o Brasil e
a França, através de uma solicitação do Ministério da saúde, o qual optou pelo
modelo Francês de atendimento, em que as viaturas de suporte avançado possuem
obrigatoriamente a presença do médico, diferentemente dos moldes americanos em
que as atividades de resgate são exercidas primariamente por profissionais
“paramédicos” (estes não existentes no Brasil).
Em São Paulo, a preocupação com a melhoria do atendimento pré-hospitalar
teve inicio na década de 80, sendo que, em 1988, foi criado, após longo período de
estudos e pesquisas, o projeto de Resgate ou SAMU (Serviço de Atendimento Móvel
às Urgências), chefiado por um capitão médico, baseado no modelo francês, mas
com influencias do sistema americano, particularmente no que diz respeito à
formação dos profissionais, e adaptado à realidade local. Este sistema implantado
estava, inicialmente, vinculado ao Corpo de Bombeiros, ficando no quartel, um
médico da Secretaria de Saúde do Estado, que regulava as solicitações de
atendimento a vitimas de acidentes em vias públicas, solicitações estas feitas
através da linha 193, a qual possuía uma interligação com o sistema 192 da
secretaria da Saúde (Central de Solicitações de Ambulâncias). Este sistema ainda
persiste com pequenas modificações.
Nos últimos dez anos, vem se sentindo a necessidade de melhoria e
expansão do sistema pré-hospitalar, realidade esta percebida pelos gestores da
16
política de Saúde Pública dos estados. Várias cidades já contam com o SAMU ou
estão em fase de implantação do mesmo. As localidades que já possuem
atendimento pelo SAMU, têm um sistema próprio, o que deixa claro que não há
sistemas perfeitos.
2.2 A Política Nacional de Urgência e o perfil do SAMU no Brasil
Em 1º de junho de 2001, foi criada a Portaria Ministerial nº 814/GM que
regulariza o atendimento pré-hospitalar móvel por parte do Sistema Único de Saúde
(SUS), sendo o médico regulador de urgências a autoridade sanitária pública que,
por delegação do gestor do SUS, ordena e coordena o uso de todos os recursos
envolvidos no atendimento de saúde às urgências. NASI (2006).
Segundo a Política Nacional de Atenção às Urgências, o SAMU é
caracterizado como um importante observatório do sistema de saúde; pois permite a
leitura das necessidades de saúde da população, a partir do fornecimento de
informações epidemiológicas que servirão como ferramenta de planejamento e
gestão. Além disso, induz à organização da rede assistencial e à estruturação dos
serviços através do processo de pactuação regional; e garante o primeiro
acolhimento no local do evento e o acesso facilitado nas unidades fixas, melhorando
a sobrevida.
A atuação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192), no
Brasil, é acompanhada pelo Comitê Gestor Nacional de atenção às urgências. Esse
comitê assessora gestores e instituições diretamente envolvidos na estruturação e na
organização da atenção às urgências no País. O órgão é formado por representantes
dos Ministérios da Saúde, da Defesa, dos Transportes, das Cidades, da Justiça, e de
membros de entidades e órgãos ligados à saúde e à Segurança Pública, como a
Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Rodoviária Federal.
Segundo pesquisas, atualmente, a rede nacional do SAMU 192 conta com
147 Serviços de Atendimento Móvel de Urgência no Brasil. Ao todo, 1.273 municípios
são atendidos pelo SAMU, num total de 112.546.443 milhões de pessoas. Entre as
capitais brasileiras, esse serviço está presente em Aracaju, Belém, Belo Horizonte,
Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, João
Pessoa, Maceió, Manaus, Macapá, Natal, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Recife,
17
Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina e Vitória.
(14/09/2009. Disponível em URL: http://portal.saude.gov.br/portal/saude. Alagoinhas
é um desses municípios que utiliza o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU 192) para atender a população local.
Em relação ao perfil do atendimento do SAMU no Brasil, destacamos que
55,2% são atendimentos clínicos (insuficiência respiratória, tontura, desmaio, infarto,
angina,
hipertensão,
derrame
cerebral),
21,4%
são
traumas
(acidente
automobilístico, queimadura, traumatismo craniano, choque elétrico, ferimento por
armas), 5,9% psiquiátricos (surto psicótico, tentativa de suicídio, depressão) e
finalmente 4,2% são de origem gineco-obstétricas (trabalho de parto, hipertensão na
gestante, hemorragia, aborto, cesárea pós-mortem, etc).
Por sua atuação, o SAMU constitui-se num importante elo entre os diferentes
níveis de atenção do Sistema. Com o SAMU 192 o governo federal em parceria com
o governo municipal pretende reduzir o número de óbitos, o tempo de internação em
hospitais e as seqüelas decorrentes da falta de socorro precoce.
Diante do exposto convém dizer que o sucesso do SAMU depende não
apenas do esforço do Governo Federal, mas de toda a sociedade brasileira. Por isso
o serviço depende de uma gestão unificada com os governos Estaduais, Municipais e
seus respectivos Conselhos e Secretarias de Saúde.
2.3 Funcionamento e Caracterização dos Recursos do SAMU
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) acolhe os pedidos
de ajuda médica de cidadãos acometidos por agravos à saúde, de natureza clínica,
psiquiátrica, cirúrgica, traumática, obstétrica e ginecológica, com acesso telefônico
gratuito, pelo número nacional 192, de uso exclusivo das Centrais de Regulação
Médica de Urgências do SAMU, de acordo com o decreto da Presidência da
República nº 5.055, de 27 de abril de 2004.
Após o acolhimento e identificação dos chamados, as solicitações são
julgadas pelo médico regulador que classifica o nível de urgência, através de
protocolos pactuados e define qual recurso necessário ao seu adequado
atendimento, o que pode envolver desde um simples conselho médico até o envio de
18
uma Unidade de Suporte avançado de Vida ao local ou, inclusive, o acionamento de
outros meios de apoio, se julgar necessário.
Além de comunicar e encaminhar o meio necessário, a central de regulação
faz o acompanhamento do atendimento, e serve de apoio a todas as solicitações da
equipe de intervenção, ou seja, prepara a unidade hospitalar para a recepção do
paciente/vítima, tentando sempre encaminhar à unidade de referência adequada às
necessidades do caso e que garanta a continuidade da assistência prestada pela
equipe do SAMU.
Para o funcionamento adequado do SAMU são necessários recursos
humanos e materiais específicos para o atendimento pré-hospitalar. Desta forma, as
ambulâncias devem atender às normas de dimensões e outras especificações da
ABNT – NBR 14561 de julho de 2000, descritas no Anexo I.
A composição das equipes segue o que está estabelecido nas portarias do
Ministério da Saúde, em linhas gerais, a equipe de Suporte Básico de Vida é
constituída por um condutor-socorrista e um técnico de enfermagem, já na
ambulância de Suporte Avançado de Vida, um médico, uma enfermeira, um técnico
de enfermagem e um condutor-socorrista compõem a equipe.
No que diz respeito aos equipamentos e materiais disponíveis nesses
veículos, destacamos que cada tipo de ambulância é equipada de acordo com a sua
função. Desta forma, podem dispor desde equipamentos para imobilização e resgate,
soluções, oxigênio/ ar comprimido até medicamentos, desfibriladores, respirador,
material para intubação e kit cirúrgico. Para melhor caracterização enumeramos
estes itens por ambulância no Anexo II.
19
3. O POLITRAUMATISMO E O ATENDIMENTO AO PACIENTE
POLITRAUMATIZADO NO PRÉ-HOSPITALAR
3.1 Definição de trauma
O termo politraumatismo pode ser definido como lesões concomitantes que
atingem mais de uma região do corpo, podendo ter caráter intencional ou acidental, e
que causam danos morfológicos, fisiológicos e/ou bioquímicos.
O Trauma é a principal causa de morte entre 80% dos adolescentes e 60%
na infância, sendo considerado a sétima causa de óbito no idoso. Em relação a
expectativa de vida, o trauma reduz essa expectativa mais do que o câncer ou as
doenças cardíacas. Nos Estados Unidos, a cada ano morrem aproximadamente 80
vezes mais pacientes em decorrência do trauma fechado ou penetrante do que
morreram nos três primeiros anos da guerra do Iraque.
O ATLS (Advanced Trauma Life Support = Suporte Avançado de Vida no
Trauma – SAVT) e o Committee on Trauma sugerem que o trauma deve ser pensado
como uma "doença" e não como um "acidente", pois mais da metade das mortes e
das lesões por trauma são evitáveis. Pensando como doença procuramos tratá-la, já
como acidente não podemos fazer nada. Com esta mudança de pensamento
iniciamos a prevenção do trauma, através da educação e leis que obrigam ao uso de
capacetes, cintos de segurança, air bag, proibição de álcool ao dirigir e de drogas.
Desta forma, entendemos que o trauma não é apenas acidente. Atualmente,
pode ser interpretado como uma doença de etiologia variada, multissistêmica e de
caráter endêmico na sociedade moderna. Por isso, frente a tantas variáveis, a
gravidade das vítimas avaliadas com rapidez e precisão, juntamente com a
implementação das medidas de manutenção básicas da vida, são aspectos
essenciais ao atendimento às vítimas traumatizadas.
3.2 Classificação e mecanismos do trauma
No trauma a história completa e precisa, como por exemplo, o tipo do evento
traumático, a estimativa da quantidade de transferência de energia e o tipo de
impacto, desde que interpretada corretamente, poderá levar à suspeita das lesões
em até 90% dos casos. DIAS (2004).
20
Frente a essa necessidade é importante clarificar alguns conceitos
relacionados aos tipos de trauma, caracterizando-os segundo as suas causas e a
cinemática do evento traumático.
Segundo o PHTLS (2007), o trauma pode decorrer de causas intecionais ou
não-inteccionais. O trauma intecional, como o próprio nome sugere, está relacionado
a um ato de violência interpessoal ou autodirecionado, como por exemplo, o
homicídio, suicídio, violência conjugal e guerras. Já os traumas não-intencionais,
antes chamados de acidentes, são considerados como lesões decorrentes de
colisões de automóvies, afogamentos, quedas e choques elétricos.
Em relação ao tipo de lesão, o trauma é classifcado em fechado e
penetrante. No entanto, a transferência de energia e a lesão produzida são
semelhante em ambos os tipos de trauma. Ambos criam cavidade, afastando os
tecidos de sua posição normal, sendo que a única diferença é a penetração ou não
da pele. No trauma fechado, as lesões são produzidas à medida que os tecidos são
comprimidos, desacelerados ou acelerados. No trauma penetrantes, as lesões são
produzidas à medida que os tecidos são esmagados e separados ao longo do trajeto
do objeto penetrante. PHTLS (2007).
O PHTLS traz outros conceitos e considerações que nos possibilitam
entender os mecanismos dos diferentes tipos de trauma, entre os quais citamos
abaixo:
Colisões: as mais comuns são as colisões envolvendo veículos e
motocicletas. Como resultado de uma única colisão de automóvel podem
ocorrerem três colisões: (1) um veículo colide com um objeto ou outro
veículo; (2) o ocupante não-contido colide com a parte interna do veículo:
(3) os órgãos internos do ocupante colidem uns com os outros ou com a
parede da cavidade que os contém.
Atropelamento: as lesões variam conforme a altura da vítima. As crianças,
por exemplo são atingidas inicialmente em região mais alta do corpo, não
podem ser atiradas longe de um veículo e podem ser arrastadas, quando em
comparação com os adultos. À semelhença dos adultos, qualquer criança
atropelada por um carro, em geral, sofre trauma carnioencefálico.
Quedas: lesões são causadas por impactos múltiplos. Estimar a altura da
queda, avaliar a superfície sobre a qual a vítima caiu e determinar que parte
do corpo bateu em primeiro lugar fazem parte da avaliaçãonda biomecânica
da queda.
Queimaduras: lesões que podem variar desde pequenas a extensas e
multissistêmicas, capazes de repercussões com risco de vida sobre o
corção, pulmões, rins, trato gastrointestinal e sistema imune.
21
Trauma por arma de fogo: lesam não apenas os tecidos diretamente no seu
trajeto, como também os tecidos de cada lado do trajeto e uma cavidade é
criada no rastro da bala.
Trauma por arma branca: produzem lesão somente com as pontas afiadas
ou com as bordas cortantes e dependem do movimento da lâmina dentro da
vítima.
Fatores como a identificação do tipo de energia, intensidade e tempo em que
foi transferida são importantes para a avaliação do politraumatizado. Além disso, o
socorrista deve correlacionar os mecanismos de lesão com as áreas anatômicas
afetadas, o que pode contribuir para o aumento do nível de sobrevivência deste
indivíduo.
3.3 Princípios básicos do atendimento ao politraumatizado
O Atendimento inicial à vítima de trauma se divide em quatro etapas
sequenciais: controle da cena, abordagem primária, abordagem secundária e sinais
vitais e escala de coma e trauma. (PORCIDES, 2006).
O controle da cena consiste essencialmente na segurança do local e análise
dos mecanismos de trauma. A depender da gravidade da ocorrência, é importante
promover a segurança do acidentado, a sinalização da área circunscrita, assim como
deve ser evitado o pânico e os curiosos devem ser afastados.
A abordagem primária geralmente é realizada em duas fases: Rápida e
Completa. Na abordagem primária realiza-se uma sucinta avaliação da respiração,
da circulação e do nível de consciência e deve ser completada em 30 segundos com
a finalidade de a rápida identificação de condições de risco de morte, o início precoce
do suporte básico de vida (SBV) e o desencadeamento de recursos de apoio, tais
como médico no local e aeronave para o transporte. (PORCIDES, 2006).
Para Dalcin & Cavazolla, (2005), o Trauma Life Support (PHTLS) e o
Advanced Trauma Life Support (ATLS), estabelecem uma sequência lógica para a
abordagem primária completa do tratamento das lesões e estabilização da vítima,
preconizando, prioritariamente, a liberação das vias aéreas com controle cervical e
imobilização (A), oxigenação (B), controle de hemorragias (C), avaliação neurológica
(D) e exposição para a avaliação secundária (E), os chamados “ABCDE” porém com
22
discernimento às relações ao sensível, isto é, o diálogo, no atendimento, sabendo
escutar o paciente.
Na abordagem secundária realiza-se a exposição da vítima, objetivando a
procura das lesões através da inspeção, palpação e ausculta. Entretanto, em nível
pré-hospitalar, as roupas da vítima só serão removidas para expor lesões sugeridas
por suas queixas ou reveladas pelo exame segmentar, respeitando seu pudor no
ambiente público. (PORCIDES, 2006)
A fase final é a avaliação dos sinais vitais: pulso, respiração, pressão artéria
e a temperatura. Acrescida da classificação do estado da vítima segundo as Escalas
de Coma de Glasgow e a Escala de trauma (Anexo III). A primeira tem como base: a
abertura ocular, a melhor resposta motora e a melhor resposta verbal. Já a segunda
avalia o score do trauma, com base na frequência respiratória, pressão sistólica e a
pontuação na escala de coma de Glasgow.
O PHTLS (2007) enfatiza que os cuidados pré hospitalares constituem-se
procedimentos que podem fazer a diferença entre a vida e a morte; entre uma
sequela temporária, greve ou permanente; ou entre uma vida produtiva e uma
destruída de bem-estar. No entanto, o custo desses cuidados consume grande parte
do dinheiro destinado à saúde pública e ao seguro social, o que nos leva à reflexão
que as medidas preventivas e a implementação de políticas de saúde são essenciais
para redução desses custos e das estatísticas de trauma.
Capelas (2002), ressalta ainda que muitos erros graves ocorrem na avaliação
do politraumatizado devido à preocupação excessiva com as lesões visíveis, e assim
menosprezar-se as lesões silenciosas/camufladas. Para se evitar tais erros e
aumentar a precisão diagnóstica, a equipe de emergência, deverá manter uma
vigilância persistente. Também é preciso considerar o tipo, a direção, a intensidade
das forças envolventes na agressão e a mecânica dos traumatismos.
Finalizando este capítulo citamos os Princípios de Ouro do Atendimento Préhospitalar enumerados pelo PHTLS que tem como objetivo sistematizar as
prioridades do tratamento ao pacientes com lesões múltiplas:
1. Garantir a segurança dos socorristas e do paciente.
2. Avaliar a situação para determinar a necessidade de solicitar outros recursos.
3. Reconhecer a biomecânica envolvida nas lesões.
4. Reconhecer as lesões com risco de vida já no primeiro exame.
5. Cuidar das vias aéreas mantendo a coluna cervical estabilizada.
23
6. Providenciar suporte ventilatório e oferecer oxigênio para manter SaO2 superior a
95%.
7. Controlar toda hemorragia externa significativa.
8. Tomar as medidas iniciais para o tratamento do choque, incluindo a restauração e
a manutenção da temperatura normal do organismo e a imobilização adequada das
lesões músculo-esqueléticas.
9. considerar o uso de calça pneumática antichoque nos pacientes com choque
descompensado (PAS < 90 mmHg) e suspeita de fratura de bacia, hemorragia
intraperitonial ou retroperitonial e nos pacientes com hipotensão grave (PAS < 60
mmHg).
10. Manter a estabilização manual da coluna até que o paciente esteja imobilizado
em prancha longa.
11. Quando se tratar de traumatizados graves, iniciar o transporte para o hospital
apropriado mais próximo dentro de 10 minutos após a chegada ao local.
12. A caminho do hospital, iniciar a resposição de volume com soluçoes aquecidas.
13. Uma vez adequadamente tratadas ou descartadas as lesões com riscos de vida,
obter a história médica do paciente e fazer o exame secundário.
14. Acima de tudo, não causar mais dano.
24
4. METODOLOGIA
4.1 Tipo de Pesquisa
Com base no objetivo proposto, trata-se de um estudo descritivo e
exploratório.
Conceitualmente Jung (2003, p.125) refere que a pesquisa descritiva visa
descrever determinadas características de populações ou fenômenos ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Basicamente consiste na coleta de
dados através de um levantamento sem a interferência do pesquisador.
Segundo esse autor, a pesquisa exploratória baseia-se na coleta de dados e
informações sobre um fenómeno de interesse sem grande teorização sobre o
assunto, onde pode-se inspirar ou sugerir uma hipótese explicativa.
Quando ao procedimento adotado para a coleta de dados, optou-se pela
pesquisa documental que consiste na exploração de fontes documentais, tais como
os documentos oficiais que, neste estudo, chamamos de Fichas de Atendimento préhospitalar.
Gil (1989) aponta que a pesquisa documental apresenta um série de
vantagens dentre elas, os documentos que constituem-se numa fonte rica e estável
de dados pois subsistem ao longo do tempo. Entre as outras vantagens destacam-se
o baixo custo e a não exigência de contato entre os sujeitos da pesquisa. Contudo, o
autor ressalta que esse tipo de pesquisa apresenta como crítica a nãorepresentatividade e a subjetividade dos documentos.
Espera-se que o conhecimento do perfil do atendimento de politrauma
contribua no processo de planejamento local e estrutural do serviço, assim como o
desenvolvimento de estratégias educativas e preventivas em relação ao trauma.
4.2 Local da Pesquisa
O estudo foi realizado no Serviço de Atendimento Móvel de Alagoinhas.
A cidade de Alagoinhas está localizada no leste do Estado da Bahia, possui
uma área de 734 km2 e uma população de 138.366 habitantes, tendo portanto uma
25
densidade demográfica de 188,50 hab/km2, segundo dados do ano de 2005.
(WIKIPÉDIA site).
No que diz respeito à estrutura dos serviços de saúde, o município, a partir
de 2001, tornou-se habilitado na Gestão Plena do Sistema Municipal ficando
responsável por gerir suas funções básicas e de média complexidade em saúde.
O sistema de saúde de Alagoinhas, segundo dados de 2004, conta com 65
estabelecimentos de saúde, sendo 25 unidades de atendimento nas mais diversas
especialidades de caráter público. Possui 182 leitos hospitalares, sendo 115
disponíveis para o Sistema único de Saúde. Dentre estes estabelecimentos
destacam-se as Unidades de Saúde da Família, Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS), Centro de Marcação de Consultas e Exames, Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência (SAMU 192), Centro Municipal de Atenção Especializada (CEMAE),
Laboratório Público Municipal, Hospital Maternidade Municipal, Vigilância à Saúde e
o Hospital Regional Dantas Bião e a Unidade de Coleta e Transfusão HEMOBA.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192) iniciou as suas
atividades, neste município, desde janeiro de 2005, porém a sua inauguração oficial
apenas aconteceu em setembro do mesmo ano. É resultado da parceria entre o
Ministério da Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde e tem como meta principal
atender cerca de 140 mil habitantes através do suporte ás urgências em saúde
ocorridas na zona urbana e rural, assim como os acidentes rodoviários identificados
ao longo do trecho da BR 101 compreendido entre Alagoinhas e Esplanada no
estado da Bahia.
Caracteriza-se como um serviço de atendimento pré-hospitalar de urgência,
que funciona 24 horas por dia atendendo às urgências clínicas, traumáticas, ginecoobstétricas, pediátricas, cirúrgicas, psiquiátricas, além de desastres e acidentes com
múltiplas vítimas. A operacionalização do SAMU é baseada em protocolos, dentre os
quais destacamos os Protocolos de Intervenção de Suporte Básico de Vida (SBV) e
Suporte Avançado de Vida (SAV); Protocolos de Regulação Médica; Protocolos de
Recebimento de Chamadas, além de Normas e Rotinas Operacionais do Serviço.
Em relação aos veículos utilizados pelo SAMU Alagoinhas, destacamos as
ambulâncias para transporte (Tipo A), suporte básico de vida (Tipo B) e suporte
avançado de vida (Tipo D). O serviço ainda conta com o apoio de ambulâncias de
resgate (Tipo C) em parceria com a Polícia Rodoviária Federal da região.
26
Os recursos materiais e equipamentos disponíveis nas ambulâncias atendem
ao que está preconizado pelas portarias do Ministério da Saúde, de maneira similar
ou equivalente, o que tem contribuido para a resolutividade e eficiência do serviço.
Atualmente, o SAMU Alagoinhas está em processo de ampliação do seu
quadro de pessoal. Até fevereiro de 2006, a população deste município conta com o
trabalho de 45 profissionais, distribuídos em três setores: a) atendimento na Sala de
Regulação: médicos reguladores, tele atendentes, operadores de rádio e operador de
frota; b) atendimento direto ao usuário: médicos intervencionistas, enfermeiros e
técnicos de enfermagem; condutores/socorristas; c) equipe de apoio: auxiliar
administrativo, auxiliar de serviços gerais.
Ao longo dos anos, desde a implantação o SAMU tem registrado um número
considerável de atendimentos a pacientes politraumatizados, resultantes de
acidentes automobilísticos na rodovia e acidentes com motocicletas no centro da
cidade. Tais acidentes resultam muitas vezes em vítimas com seqüelas clínicas,
motoras, neurológicas e até mesmo em óbitos.
4.3 Documentos Examinados
Os dados foram extraídos das fichas de atendimento e foram priorizadas
aquelas relacionadas com politrauma.
Neste estudo utilizamos, como fonte de informações para coleta de dados, as
fichas de regulação, que foram preenchidas pelos auxiliares de regulação, médicos
reguladores, enfermeiros e técnicos de enfermagem do Serviço de atendimento préhospitalar de Alagoinhas, no período de janeiro a junho de 2006.
A ficha de regulação é gerada para cada chamado recebido, sejam as
solicitações de atendimento, ou as que apenas recebem orientação do médico, por
telefone, ou mesmo as que não são atendidas por falta de recursos no momento, ou
por não serem pertinentes. Nessa ficha verificamos os seguintes itens: motivo da
solicitação de socorro, descrição da ocorrência, data, horário do chamado, equipe
que foi enviada para o atendimento, categorias profissionais que compõem a equipe.
27
4.4 Coleta dos dados (Instrumento)
A coleta de dados foi realizada após aprovação da Secretaria Municipal de
Saúde e da Coordenação Geral do SAMU 192 de Alagoinhas.
O instrumento de coleta de dados utilizado foi uma planilha, na qual contava
as variáveis: sexo, idade, local da ocorrência, tipo de trauma, evolução do
atendimento. (Anexo III).
O tratamento e análise dos dados foram realizados de forma descritiva, com
a distribuição absoluta e relativa das informações obtidas nas fichas de regulação.
Foram empregados na pesquisa percentuais e médias, sendo apresentados os
resultados na forma gráfica e tabular.
4.5 Apresentação e discussão dos dados
No período de 1º de janeiro a 30 de Junho de 2006 foram atendidas, pelo
SAMU 192 Alagoinhas, 336 pacientes relacionados com o trauma. Os meses de
janeiro, fevereiro e junho apresentaram os maiores números de vítimas atendidas,
totalizando 58,1% (195 atendimentos), sendo que o mês de junho registrou 22% (71
atendimentos) conforme a representação gráfica abaixo (Gráfico I).
Pode-se atribuir o destaque desses meses devido aos momentos festivos e
feriados (carnaval, festas juninas), assim como às férias escolares e laborais que
acontecem nesses meses em associação com o aumento do consumo de álcool.
Essa correlação foi sinalizada pelo Centro de Informação de Saúde e Álcool
de São Paulo ao citar o trabalho de Tutenges (2008), onde afirma que:
Os períodos de férias, finais de semana, feriados e datas comemorativas são
momentos perigosos com relação a acidentes e mortes relacionados ao uso
de álcool. Em particular, durante as férias, muitas pessoas aumentam o
consumo de álcool, com a falsa idéia de que se divertirão ou relaxarão mais.
28
A maioria dos pacientes foi representada pelo sexo masculino, com 226
(68%) e 105 (31%) do sexo feminino, os demais 1% foram classificados como
ignorado por não conter informações sobre o sexo nas fichas (Gráfico 2). A idade dos
pacientes variou entre 2 meses a 99 anos. Quanto à faixa etária, notou-se o maior
número de vítimas na faixa de 21 aos 30 anos, com 66 pacientes (19,64%). Foram
identificadas 53 (15,77%) fichas sem a informação da idade, as mesmas foram
classificadas como idade ignorada, conforme dados do Gráfico 3.
Essa realidade foi identificada por Malvestio (2002) e Carvalho (2004) em
estudos similares. Em ambos destaca-se a predominância do sexo masculino e a
faixa etária caracterizada como jovem.
Os autores do PHTLS (2007) complementam esses dados ao sinalizar que
os traumas matam ou acometem pessoas de todas as idades inutilmente, mas
afetam as crianças, os jovens e os jovens adultos de maneira desproporcional, em
especial nas nações industrializadas.
29
Quanto ao local das ocorrências, a via pública destacou-se com 76% (256
registros), as demais 24% ocorreram no domicílio (Gráfico 4). Em relação à causa, as
quedas foram o principal produtor de vítimas, com 132 (39,3%). Seguiram-se as
colisões, com 93 (27,7%), atropelamentos, com 29 (8,6%) e agressões físicas, com
21 (6,2%). Os ferimentos por arma branca e de fogo foram a causa do atendimento
de 24 vítimas (7,2%). Outras causas como intoxicação, queimaduras e os cortes
acidentais foram responsáveis pelo atendimento de 37 vítimas (11,0%) (Gráfico 5).
Os dados relativos ao tipo de ocorrência são semelhantes com os achados
de Carvalho (2004) que constatou que a colisão e atropelamento foram os mais
prevalentes. Reforçando ainda com os dados do Ministério da Saúde que destaca os
30
acidentes automobilísticos como a terceira causa de morbimortalidade relacionada a
agentes externos.
Mais uma vez constatamos que os traumas não-intencionais decorrentes das
colisões e atropelamentos correspondem às realidades descritas pelo PHTLS (2007)
independente do país de ocorrência:
Lesões traumáticas inesperadas são responsáveis por mais de 161 mil
mortes nos Estados Unidos. Colisões automobilísticas foram responsáveis
por 44 mil mortes e mais de 3 milhões de pessoas feridas em 2002.
31
Em relação a evolução da ocorrência 226 vítimas (67,3%) foram
transportadas para hospitais ou clínicas públicas e somente 18 (5,3%) foram
atendidas em unidades privadas do município. Foram registrados 34 (10,1%)
atendimentos às vítimas no local da ocorrência, sendo as mesmas liberadas em
seguida por não necessitarem de cuidados hospitalares. A polícia militar e a
população socorreram também um total de 34 vítimas, dispensando o atendimento
antes da chegada da unidade do SAMU, assim como 07 vítimas (2,1%) recusaram o
atendimento na presença da Equipe do SAMU, os motivos pelos quais não foram
apurados nesta pesquisa. E finalmente, 06 (1,8%) óbitos foram encontrados ou
ocorreram durante o atendimento da equipe (Tabela 1).
Ressalta-se o número significativo de atendimentos não realizados pelo
SAMU (12,2%) por tratarem-se de vítimas que foram socorridas por populares ou
pela brigada da polícia ou simplesmente recusaram o atendimento. A literatura
reforça a necessidade do atendimento adequado para a diminuição das sequelas do
trauma e da mortalidade:
O atendimento eficiente no local requer socorristas bem treinados na rápida
identificação das condições do paciente e hábeis no atendimento das vias
aéreas, do choque e procedimentos de imobilização adequados. PHTLS
(2007)
TABELA 1 – Evolução da ocorrência após contato com o SAMU 192
Evolução da ocorrência
Hospital público
Hospital privado
Atendimento no local
Socorrido por terceiros
Socorrido pela polícia
Orientação por telefone
Recusa
Óbito
TOTAL
Nº
226
18
34
28
06
11
07
06
336
%
67,3
5,3
10,1
8,3
1,8
3,3
2,1
1,8
100
32
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste trabalho, foi abordado as características estruturais do
serviço pré-hospitalar, assim como o perfil dos atendimentos de politrauma
realizados pelo mesmo. Conhecer os tipos de trauma mais frequentes e a sua
incidência permite um maior aprimoramento das ações de preventivas e sua
implementação nas comunidades.
No entanto, apesar da existência de vários métodos e modalidades
preventivas do trauma, tais como o uso de cintos de segurança e capacetes,
medidas contra o uso de álcool na condução, torna-se evidente que as mesmas
ainda não foram aceitas e utilizadas de forma efetiva pela população em geral.
Com base nos resultados obtidos podemos afirmar que o perfil produzido
confere com as estatísticas do nosso país relacionadas com politrauma: na maioria
são adultos jovens, do sexo masculino, vítimas de colisões que ocorrem com maior
frequência na via pública.
É importante destacar o papel desenvolvido pelos serviços de pré-hospitalar,
tendo em vista que a sua atuação vem de encontro às necessidades atuais da
população devido ao grande número de episódios traumáticos. A partir dessa
atuação, o SAMU constitui-se num fator essencial para reorganização dos serviços
de saúde, na medida que possibilita a interrelação da saúde primária com a
assistência hospitalar.
Conclui-se que, as medidas de prevenção, educação e a ampliação e
qualificação dos serviços de pré-hospitalar permitem uma diminuição das estatísticas
de mortalidade relacionadas ao trauma, assim como uma intervenção mais
sistematizada e funcional do atendimento às vítimas.
33
REFERÊNCIAS
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Association of Emergency Medical Technicians), [tradução de Diego Alfaro e
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35
ANEXOS
36
Anexo I: Classificação das Ambulâncias
TIPO
A:
Transporte
Ambulância
de
Veículo destinado ao transporte em decúbito horizontal de
pacientes que não apresentam risco de vida, para remoções
simples e de caráter eletivo.
TIPO B: Ambulância de Suporte
Básico:
Veículo destinado ao transporte inter-hospitalar de pacientes
com risco de vida conhecido e o atendimento pré-hospitalar de
pacientes com risco de vida desconhecido, não classificado
com potencial de necessitar de intervenção médica no local
e/ou durante transporte até o serviço de destino.
TIPO C: Ambulância de Resgate
Veículo de atendimento de urgências pré-hospitalares de
pacientes vítimas de acidentes ou pacientes em locais de
difícil acesso, com equipamentos de salvamento (terrestre
aquático e em alturas).
TIPO D: Ambulância de Suporte
Avançado
Veículo destinado ao atendimento e transporte de pacientes
de alto risco em emergências pré-hospitalares e/ou de
transporte inter-hospitalar que necessitam de cuidados
médicos intensivos. Deve contar com os equipamentos
médicos necessários para esta função.
TIPO E: Aeronave de Transporte
Médico
TIPO
F:
Embarcação
Transporte Médico
de
Aeronave de asa fixa ou rotativa utilizada para transporte interhospitalar de pacientes e aeronave de asa rotativa para ações
de resgate, dotada de equipamentos médicos homologados
pelo Departamento de Aviação Civil – DAC.
Veículo motorizado aquaviário, destinado ao transporte por via
marítima ou fluvial. Deve possuir os equipamentos médicos
necessários ao atendimento de pacientes conforme sua
gravidade.
Veículos de Ligação Medicalizada
(VLM) ou de Intervenção Rápida
Veículos, também chamados de veículos leves, veículos
rápidos ou veículos de ligação médica são utilizados para
transporte de médicos com equipamentos que possibilitam
oferecer suporte avançado de vida nas ambulâncias do Tipo
A, B, C e F.
Outros Veículos
Veículos habituais adaptados para transporte de pacientes de
baixo risco, sentados (ex. pacientes crônicos) que não se
caracterizem como veículos tipo lotação (ônibus, peruas, etc.).
Este transporte só pode ser realizado com anuência médica.
Fonte: CORDEIRO WJ; Nitschke C.
37
Anexo II: Definição dos Materiais e Equipamentos das Ambulâncias
Ambulância para
Transporte
(Tipo A)
Ambulância de
Suporte Básico
(Tipo B)
Ambulância para
Resgate
(Tipo C)
Ambulância de
Suporte Avançado
(Tipo D)
Sinalizador óptico e acústico; equipamento de radiocomunicação em contato
permanente com a central reguladora; maca com rodas; suporte para soro e
oxigênio medicinal.
Sinalizador óptico e acústico; equipamento de radiocomunicação fixo e móvel;
maca articulada e com rodas; suporte para soro; instalação de rede de
oxigênio com cilindro, válvula, manômetro em local de fácil visualização e
régua com dupla saída; oxigênio com régua tripla (a: alimentação do
respirador; b: fluxômetro e umidificador de oxigênio e c - aspirador tipo
Venturi); manômetro e fluxômetro com máscara e chicote para oxigenação;
cilindro de oxigênio portátil com válvula; maleta de urgência contendo:
estetoscópio adulto e infantil, ressuscitador manual adulto/infantil, cânulas
orofaríngeas de tamanhos variados, luvas descartáveis, tesoura reta com
ponta romba, esparadrapo, esfigmomanômetro adulto/infantil, ataduras de 15
cm, compressas cirúrgicas estéreis, pacotes de gaze estéril, protetores para
queimados ou eviscerados, cateteres para oxigenação e aspiração de vários
tamanhos; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas, clamps umbilicais,
estilete estéril para corte do cordão, saco plástico para placenta, cobertor,
compressas cirúrgicas e gazes estéreis, braceletes de identificação; suporte
para soro; prancha curta e longa para imobilização de coluna; talas para
imobilização de membros e conjunto de colares cervicais; colete imobilizador
dorsal; frascos de soro fisiológico e ringer lactato; bandagens triangulares;
cobertores; coletes refletivos para a tripulação; lanterna de mão; óculos,
máscaras e aventais de proteção e maletas com medicações a serem
definidas em protocolos, pelos serviços.
Sinalizador óptico e acústico; equipamento de radiocomunicação fixo e móvel;
prancha curta e longa para imobilização de coluna; talas para imobilização de
membros e conjunto de colares cervicais; colete imobilizador dorsal; frascos
de soro fisiológico; bandagens triangulares; cobertores; coletes refletivos para
a tripulação; lanterna de mão; óculos, máscaras e aventais de proteção;
material mínimo para salvamento terrestre, aquático e em alturas; maleta de
ferramentas e extintor de pó químico seco de 0,8 kg; fitas e cones
sinalizadores para isolamento de áreas.
Sinalizador óptico e acústico; equipamento de rádio-comunicação fixo e móvel;
maca com rodas e articulada; dois suportes de soro; cadeira de rodas
dobrável; instalação de rede portátil de oxigê- nio como descrito no item
anterior (é obrigatório que a quantidade de oxigênio permita ventilação
mecânica por no mínimo duas horas); respirador mecânico de transporte;
oxímetro não-invasivo portátil; monitor cardioversor com bateria e instalação
elétrica disponível (em caso de frota deverá haver disponibilidade de um
monitor cardioversor com marca-passo externo não-invasivo); bomba de
infusão com bateria e equipo; maleta de vias aéreas contendo: máscaras
laríngeas e cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de
aspiração; adaptadores para cânulas; cateteres nasais; seringa de 20ml;
ressuscitador manual adulto/infantil com reservatório; sondas para aspiração
traqueal de vários tamanhos; luvas de procedimentos; máscara para
ressuscitador adulto/infantil; lidocaína geléia e “spray”; cadarços para fixação
de cânula; laringoscópio infantil/adulto com conjunto de lâminas; estetoscópio;
esfigmomanômetro adulto/infantil; cânulas orofaríngeas adulto/infantil; fiosguia para Intubação; pinça de Magyll; bisturi descartável; cânulas para
traqueostomia; material para cricotiroidostomia; conjunto de drenagem
torácica; maleta de acesso venoso contendo: tala para fixação de braço; luvas
estéreis; recipiente de algodão com anti-séptico; pacotes de gaze estéril;
esparadrapo; material para punção de vários tamanhos incluindo agulhas
metá- licas, plásticas e agulhas especiais para punção óssea; garrote; equipos
38
de macro e mi- crogotas; cateteres específicos para dissecção de veias,
tamanho adulto/infantil; tesoura, pinça de Kocher; cortadores de soro; lâminas
de bisturi; seringas de vários tamanhos; torneiras de 3 vias; equipo de infusão
de 3 vias; frascos de soro fisiológico, ringer lactato e soro glicosado; caixa
completa de pequena cirurgia; maleta de parto como descrito nos itens
anteriores; sondas vesicais; coletores de urina; protetores para eviscerados ou
queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas; eletrodos
descartáveis; equipos para drogas fotossensíveis; equipo para bombas de
infusão; circuito de respirador estéril de reserva; equipamentos de proteção à
equipe de atendimento: óculos, máscaras e aventais; cobertor ou filme
metálico para conservação do calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado;
almotolias com anti-séptico; conjunto de colares cervicais; prancha longa para
imobilização da coluna. Para o atendimento a neonatos deverá haver pelo
menos uma Incubadora de transporte de recém-nascido com bateria e ligação
à tomada do veículo (12 volts). A incubadora deve estar apoiada sobre carros
com rodas devidamente fixadas quando dentro da ambulância e conter
respirador e equipamentos adequados para recém natos.
Aeronave para
Transporte
(TIPO E)
Aeronaves de Asas
Aeronaves de Asas Rotativas (Heli- cópteros) para atendimento pré-hospitalar
móvel primário:- Conjunto aeromédico (homologado pelo Departamento de
Aviação Civil– DAC): maca ou incubadora; ci- lindro de ar comprimido e
oxigênio com autonomia de pelo menos 2 horas; régua tri- pla para transporte;
suporte para fixação de equipamentos médicos; -Equipamentos fi- xos:
respirador mecânico; monitor cardioversor com bateria; oxímetro portátil;
bomba de infusão; prancha longa para imobilização de coluna; -Equipamentos
móveis: maleta de vias aéreas contendo: conjunto de cânulas orofaríngeas;
cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de aspiração;
adaptadores para cânulas; cateteres nasais; se- ringa de 20 ml; ressuscitador
manual adulto/infantil completo; sondas para aspiração traqueal de vários
tamanhos; luvas de procedimentos; lidocaína geléia e spray; cadar- ços para
fixação de cânula; laringoscópio infantil/adulto com conjunto de lâminas curvas e retas; estetoscópio; esfigmomanômetro adulto/infantil; fios; fios-guia
para Intu- bação; pinça de Magyll; bisturi descartável; cânulas para
traqueostomia; material para cricotiroidostomia; conjunto de drenagem de
tórax; maleta de acesso venoso contendo: tala para fixação de braço; luvas
estéreis; recipiente de algodão com anti-séptico; pa-cotes de gaze estéril;
esparadrapo; material para punção de vários tamanhos, incluindo agulhas
metálicas, plásticas e agulhas especiais para punção óssea; garrote; equipos
de macro e microgotas; cateteres específicos para dissecção de veias
tamanhos adulto/infantil; tesoura; pinça de Kocher; cortadores de soro;
lâminas de bisturi; seringas de vários tamanhos; torneiras de 3 vias; equipo de
infusão polivias; frascos de solução salina, ringer lactato, e glicosada para
infusão venosa; caixa de pequena cirurgia; maleta de parto contendo: luvas
cirúrgicas; clamps umbilicais; estilete estéril para corte do cordão; saco
plástico para placenta; absorvente higiênico grande; cobertor ou similar para
envolver o recém-nascido; compressas cirúrgicas estéreis, pacotes de gases
es- téreis e braceletes de identificação; sondas vesicais; coletores de urina;
protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas
nasogástricas; eletrodos des- cartáveis; equipos para drogas fotossensíveis;
equipos para bombas de infusão; circuito de respirador estéril de reserva;
cobertor ou filme metálico para conservação do calor do corpo; campo
cirúrgico fenestrado; almotolias com anti-séptico; conjunto de colares
cervicais; equipamentos de proteção à equipe de atendimento: óculos,
máscaras, luvas. Outros: colete imobilizador dorsal; cilindro de oxigênio portátil
com válvula; manômetro e fluxômetro com máscara e chicote para
oxigenação; bandagens triangulares; talas para imobilização de membros;
coletes reflexivos para a tripulação; lanterna de mão; equipamentos de
proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras, luvas.
Conjunto aeromédico (homologado pelo Departamento de Aviação Civil–
DAC): ma- ca ou incubadora; cilindro de ar comprimido e oxigênio com
39
Rotativas
(helicópteros) para
atendimento préhospitalar
secundário ou
transporte interhospitalar
autonomia de pelo menos 4 horas; régua tripla para transporte; suporte para
fixação de equipamentos.- Equipamentos fixos: respirador mecânico; monitor
cardioversor com bateria com mar- ca-passo externo não-invasivo; oxímetro
portátil; monitor de pressão não-invasiva; bomba de infusão; prancha longa
para imobilização de coluna; capnógrafo;- Equipamentos móveis: maleta de
vias aéreas contendo: cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres
de aspiração; adaptadores para cânulas; cateteres nasais; seringa de 20 ml;
ressuscitador manual adulto/infantil completo; sondas para aspiração traqueal
de vários tamanhos; luvas de procedimentos; lidocaína geléia e spray;
cadarços para fixação de cânula; laringoscópio infantil/adulto com conjunto de
lâminas curvas e retas; estetoscópio; esfigmomanômetro adulto/infantil;
cânulas orofaríngeas adulto/infantil; fios; fios-guia para intubação; pinça de
Magyl; bisturi descartável; cânulas para traqueostomia; material para
cricotiroidostomia; conjunto de drenagem de tórax; maleta de acesso venoso
contendo: tala para fixação de braço, luvas estéreis, recipiente de algodão
com anti-séptico; pacotes de gaze estéril; esparadrapo; material para punção
de vários tamanhos, incluindo agulhas metálicas, plásticas e agulhas especiais
para punção óssea; garrote; equipos de macro e microgotas; cateteres
específicos para dissecção de veias tamanhos adulto/infantil; tesoura, pinça
de Kocher; cortadores de soro; lâminas de bisturi; seringas de vários
tamanhos; torneiras de 3 vias; equipo de infusão polivias; frascos de solução
salina, ringer lactato e glicosada para infusão venosa; caixa completa de
pequena cirurgia; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas; clamps
umbilicais; estilete estéril para corte do cordão; saco plástico para placenta,
absorvente higiênico grande; cobertor ou similar para envolver o recémnascido; compressas cirúrgicas estéreis; pacotes de gases estéreis e
braceletes de identificação; sondas vesicais; coletores de urina; protetores
para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas;
eletrodos descartáveis; equipos para drogas fotos- sensíveis; equipos para
bombas de infusão; circuito de respirador estéril de reserva; cobertor ou filme
metálico para conservação do calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado;
almotolias com anti-séptico; conjunto de colares cervicais; equipamentos de
proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras, luvas.
Fonte: CORDEIRO WJ; Nitschke C
40
Anexo IIIA:
Escala de Coma de Glasgow
ABERTURA OCULAR
Espontânea
Ao estímulo verbal
À dor
Sem resposta
4
3
2
1
MELHOR RESPOSTA
MOTORA
Obedece a comandos verbais
Localiza a dor
Não localiza a dor (flexão inespecífica)
Flexão anormal (decorticação)
Extensão anormal (descerebração)
Sem resposta
6
5
4
3
2
1
MELHOR RESPOSTA
VERBAL
Conservação orientada
Coservação desorientada
Palavras inapropriadas
Sons incompreensíveis
Sem resposta
Total
Fonte: DALCIN, R. R.; CAVAZZOLA, L. T
5
4
3
2
1
3 -15
41
Anexo IIIB: Escore de Trauma Revisado (Revised Trauma Score – RTS)
A
Escala de Coma de
Glasgow
13-15
9-12
6-8
4-5
3
B
Pressão arterial
sistólica (mmHG)
> 89
76-89
50-75
1-49
0
Fonte: DALCIN, R. R.; CAVAZZOLA, L. T
C
Frequência respiratória
Valor
Codificado
(VC)
10-29
> 29
6-9
1-5
0
4
3
2
1
0
42
Anexo IV: Instrumento de coleta de dados
Perfil do atendimento de politrauma pelo serviço de atendimento móvel de
urgência – SAMU 192 do município de Alagoinhas/Bahia.
Data do atendimento: ____/____/____
Ficha de Regulação nº: ____________
5) Tipo de trauma:
 Afogamento
 Atropelamento
1) Sexo:
 Feminino  Masculino
 Sem registro
 Agressão
2) Idade: ______
 Intoxicação
3) Faixa etária
 0-10 anos
 11-20 anos
 21-30 anos
 31-40 anos
 41-50 anos
 51-60 anos
 61-70 anos
 71-80 anos
 81-90 anos
 91 anos em diante
 Sem registro
4) Local da ocorrência:
 Via Pública
 Domicílio
 Outros ___________
 Colisão
 Ferimento Arma de Fogo
 Ferimento Arma Branca
 Queda
 Queimadura
 Suicídio
 Sem registro
6) Evolução da ocorrência:
 Transporte
Hospital público
Hospital privado
 Atendimento no local
 Socorrido pela polícia
 Socorrido por terceiros
Orientação por telefone
 Recusa ao atendimento
 Óbito
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