Edição original: 2013 Edição: Evandro Rhoden Projeto gráfico: Vj Scan Revisão: Lisete Bertotto, Rosane Borba e Denise Agostinetti Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) MARTINS, Márcia da Silva Entre o Verbo e o Coração / Márcia da Silva Matins– São Paulo: Kazuá, 2013. 169 p. ISBN 978-85-66179-26-2 1. Literatura brasileira. 2. Poesia CDU 821.134.3(816.5)-34 Bibliotecária Responsável Marialva M. Weber CRB 10/995 Editora Kazuá Rua Ana Cintra, 48/12 01201-060 – São Paulo – SP [email protected] www.editorakazua.com.br ENTRE O VERBO E O CORAÇÃO Márcia da Silva Martins 1ª edição São Paulo Editora Kazuá 2013 ardemos e não permanecemos Dedicatória Prof.ª Marina Paranhos + Lisete Bertotto + Roberto Maty + Evandro Rhoden + Equipe da Kazuá + ... Márcia da Silva Martins Prefácio A poesia e a licença poética, como formas de arte, fazem parte de todos os registros das culturas letradas. Assim, os poetas são parte desses fragmentos poéticos descobertos nas prateleiras dos tempos. Encontramos poesia em monólitos, pedras rúnicas e estrelas. O olhar poético! Essa mirada que acompanha a humanidade ao lado das outras artes. Escrever sobre poesia e poetas sempre é um desafio. É emoção pura em forma de poesia o que Márcia da Silva Martins nos apresenta nestes versos. Qualquer palavra corre o risco de deixar de lado os sentimentos que são traduzidos literalmente Entre o Verbo e o Coração. Não é por acaso que esse é o nome do livro. É desse vácuo entre o verbo e o coração que a alma viajante de Márcia tira sua inspiração para escrever com paixão suas percepções de poeta. Márcia não retém vontades, nem as guarda para depois; ela apenas escreve o que pensa e o que sente. São poesias e pensamentos que mostram a palavra a serviço do belo e do poético. No primeiro capítulo há uma visão refletida e saudavelmente traída em forma de poemas que falam da e sobre a vida, mesclados por pensamentos do pulsar e do sentir na nossa jornada por estas paragens humanas. Ter sentimentos e não os negar, 9 ENTRE O VERBO E O CORAÇÃO sair da fria rotina de apenas existir. Podemos mirar ou perceber o mundo que nos cerca. É o que nos mostra o Olhar de poetisa, no capítulo 1. Ai, este olhar... Este olhar. Fala-se muito em autoestima, mas para que isso aconteça é necessário, primeiro, querer-se bem, amar-se. Num talento raro, Márcia combina poesia com alento de amor aos que nos cercam. Nesse sentido, o capítulo 2, Sentimentos benfazejos, é especial. Há uma força nos poemas de Márcia que nos informa (mesmo quando há tempos) que estamos esquecidos de que algo benfazejo acontece dentro de nós quando amamos. A dor, a tristeza e outros sentimentos entristecedores fazem parte do nosso cotidiano e da nossa luta. E esses sentimentos são abordados com singularidade no capítulo 3. Os poemas e os pensamentos de Márcia nos remetem a esses momentos, mas nos tiram muito rápido deles com poesia e maestria que não negam, mas ajudam a travessia da maneira que só os poetas conseguem. No capítulo 4 são apresentados os poemas de mergulho em poesia pura, que Márcia chama de Devaneios. São momentos de fantasias; vivência de imaginários em forma de poesia. Enfim, devanear! Um cheirinho de Lógica e Matemática faz a diferença no capítulo 5, no qual se percebe o lugar que essas 10 Márcia da Silva Martins disciplinas ocupam no coração da poeta. Por fim, no capítulo 6, temos Os poemas pequeninos, ternas poesias com um pensamento harmonioso, sucinto, apaixonado pela vida. Essa é Márcia; esses são seus poemas. Boa leitura! Lisete Bertotto Escritora, dramaturga e mestre em Educação 11 ENTRE O VERBO E O CORAÇÃO 14 Márcia da Silva Martins Prelúdio A Vida com a Palavra... No primo momento que te conheço, ouso abrir um repertório onde se ouve uma voz, que é a da vida na sua forma genuína. De amor e desamor. Passo e descompasso. De sentimentos que vêm pra ficar na memória. Contadores de nossas histórias. Amor fraterno, moderno ou pós-moderno. Sentimentos entre pais e filhos, entre irmãos..., entre amigos. Emoção em desalinho. 15 ENTRE O VERBO E O CORAÇÃO Capítulo 1 Olhar de poetisa Nada de lamentos. Eles não produzem movimento. Expectativa: meu primeiro poema abriu literalmente veia poética há muitos anos, e, nesse rasgão, deslumbrou-se em mim a preocupação de não nos machucarmos uns aos outros nas relações que estabelecemos. No território que habitamos, podemos viver de forma mais serena, ou no mínimo menos agitada, se houver entendimento de que há espaço para todos no mundo. Escolher motivos para acolher é sempre mais difícil do que excluir. Conhecer, incluir ou não. Seja no lado profissional dos nossos pares, amigos, conhecidos, familiares; perceber o que se passa no coração dos que entram em contato conosco por esse ou aquele motivo. Relação e sentimento podem acontecer a qualquer instante no nosso convívio. Seja no trabalho, 16 Márcia da Silva Martins no âmbito familiar, no ponto de ônibus, na forma como nos dirigimos àqueles com quem esbarramos na vida. Talvez seja razoável, pensar a vida e pesarmos valores, para não deixar crescer dentro de nós um medo de perda... de isso ou aquilo dentro do coração de quem nos é caro, ou de uma posição de destaque onde trabalhamos, pois haverá sempre um espaço para cada um de nós ocupar em cada momento vivido. Essa é a proposta dos poemas que se seguem. Supera a angústia que te visita, pois depois dela brotará muita utopia. 17 ENTRE O VERBO E O CORAÇÃO Expectativa Seria bom Se as pessoas encontrassem ... em cada canto, um espaço, E elas descobrissem em Cada espaço, o seu canto, E acertassem em Cada canto, o seu passo. ... bem sincronizado e apertado. Ou, até mesmo, uma marcha Bem larga e descompassada. Contanto que seja farta. Bem pouco irreverente, Mas bastante ousada. A cada passo, um achado. A cada descompasso, outro espaço. Abra um sorriso largo, não fique esperando que ele seja provocado. Não se esqueça de usar o verbo. Ele é teu instrumento mais sincero. 18 Márcia da Silva Martins Reflexão I Tudo... Na mente Reduz-se a um só ponto Que, de vez em quando, Faz você pensar. Tudo se reduz a um só conto Que, de vez em quando, Faz você amar. 19 ENTRE O VERBO E O CORAÇÃO Perspectiva Nada como a perspectiva, Escapatória do dia Mesmo que evasiva De um novo amanhecer. Seja para nós: Tranquila ou conturbada, Incisiva ou moderada, Definitiva ou temporária ... mas eternamente repleta de emoção. Dissemine o que é puro e belo. O resto é impropério. 20