XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
LOGÍSTICA REVERSA DAS BATERIAS DE
CELULARES: ESTUDO DE CASO SOBRE O
COMPORTAMENTO DE CONSUMIDORES E
EMPRESÁRIOS NO MUNICÍPIO DE CODÓ-MA.
Denise Guimaraes de Sousa (FAI)
[email protected]
Agda Karina Reis Carvalho (FAI)
[email protected]
Michelle Marcia Maia Menezes (FAI)
[email protected]
Marta Surama Vieira Costa (FAI)
[email protected]
A gestão empresarial sustentável aplicada pelos fabricantes de celulares
encontrou na logística reversa uma forma de destino correto do resíduo
produzido por suas atividades através da reintegração, reciclagem ou reuso
das baterias usadas. Entretanto, este tipo de gerenciamento de processo
depara-se com barreiras financeiras em muitas empresas, assim como as
dificuldades em implantação da recoleta em várias cidades. Não obstante, os
benefícios ambientais que a recoleta das baterias de celulares usadas
proporciona é de grande relevância. Diante desta temática, o presente artigo
aplicou um estudo de caso no município de Codó-MA buscando abordar a
adoção da logística reversa para as baterias usadas dos celulares
comercializados nesse município, tendo como objetivos a avaliação do nível
de conscientização dos consumidores da prática do pós-consumo das
baterias de celulares e averiguar a política ambiental das principais lojas
vendedoras de telefonia móvel do município de Codó.
Palavras-chave: Logística reversa, baterias de celulares, gestão ambiental.
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1. Introdução
Nos últimos anos, com o tema sustentabilidade em pauta, as empresas no mundo inteiro,
dentre elas as instaladas no Brasil, passaram a ter a gestão ambiental dentro de suas políticas
empresariais. A logística reversa é uma forma de gerenciamento de processos, está inserida
nesta nova gestão empresarial.
O lixo eletrônico, formado dentre outros elementos por baterias de celulares, cresce a cada dia
no país, visto que, atualmente, o número de telefones celulares ultrapassou o total da
população brasileira.
Com uma população estimada em 200 milhões, segundo o IBGE, uma pesquisa feita pela
Teleco (2015) constatou que no Brasil há aproximadamente 282,6 milhões de celulares ativos.
As empresas fabricantes de telefonia móvel produzem cada vez mais estes aparelhos com vida
útil menor, o que potencializa a geração desse resíduo sólido. Segundo Roberto Ziccardi da
ONG Antena Verde (2007), são quase 180 milhões de baterias de celulares jogadas no lixo
todos os anos no Brasil, contribuindo consideravelmente para o aumento do acúmulo de lixo
de baterias de celulares, muitas vezes, em lugares impróprios e prejudiciais à saúde e ao meio
ambiente.
A conscientização das pessoas para as questões ambientais e a criação de leis brasileiras como
a lei nº 12.305/2010 que visa proteger a natureza têm feito com que as empresas fabricantes
de celulares adotem a responsabilidade de pós-consumo das baterias descartadas usadas em
seus aparelhos.
A logística reversa entra no mundo empresarial como um meio das fabricantes de celulares
dissiparem o lixo eletrônico das baterias, tendo como compromisso a coleta deste lixo e dar
uma destinação ambientalmente viável e correta para eles como o reuso, reciclagem ou
descarte correto.
Nesse contexto, Stock (1993, p.323) define logística reversa “em uma perspectiva de logística
de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte,
reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma,
reparação e manufatura...”.
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A logística reversa das baterias de celulares no Brasil proporciona benefícios não só
ambientais, mas também pode gerar vantagens competitivas no mercado para as empresas
fabricantes e fornecedoras, uma vez que cria um marketing ambiental.
O presente artigo tem a finalidade de avaliar o comportamento de consumidores e empresários
quanto a destinação correta de baterias de aparelho celular, perceber o nível de conhecimento
sobre o tema e analisar a falta de atitude correta, para tanto desenvolveu-se um estudo de caso
na cidade de Codó-MA por meio da aplicação de questionários nas três maiores lojas
vendedoras de celular da cidade, abordando-se sobre a política ambiental da empresa,
alinhamento sobre o tema na empresa e para os consumidores. Foram aplicados questionários
aos consumidores codoenses para analisar a conscientização da população quanto ao retorno
das baterias de celulares usadas e o nível de conhecimento sobre o tema.
Justifica-se o desenvolvimento deste projeto pelo fato de que mesmo havendo um aumento de
consumo de aparelhos celular, e apesar de no Brasil ter observado que um grande número de
consumidores de telefonia móvel está preocupado com a destinação correta do descarte das
baterias de celulares usados por eles. Essa discussão não se faz presente no dia a dia de muitas
cidades do interior do país que muitas das vezes nem possuem na prática um plano municipal
de resíduos, apesar de algumas vezes eles existirem no papel. São municípios onde ainda é
muito presente a figura dos lixões, não há aterros sanitários e poucas ações são realizadas no
sentido de ter uma atitude correta quanto à destinação desses resíduos, que não são lixo, pois
podem ser reutilizados. E, considerando a criação de leis no Brasil que fazem com que as
empresas tomem uma decisão responsável para a destinação do lixo eletrônico o presente
trabalho busca compreender como vem sendo tratado esse tema, uma vez que as baterias de
celular é um resíduo perigoso, pois causam poluição ambiental. Sendo que “existem
substâncias tóxicas neste tipo de resíduos, que podem causar danos ao meio ambiente e à
saúde pública” (GIARETTA, 2010).
Bem como, compreender o funcionamento da gestão desse tipo de logística que as empresas
de celulares adotaram como prática empresarial na cidade de Codó, o nível de conhecimento
sobre o tema que os consumidores codoenses possuem e a destinação que eles fazem ao
descartarem as baterias de celulares.
2. Os impactos ambientais das baterias de celulares e as leis ambientais brasileiras
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A cada ano cresce a quantidade de acúmulo de lixo gerado pela população brasileira. Dentre
os vários tipos de resíduos sólidos, está o lixo eletrônico definido como “um aglomerado de
aparelhos eletrônicos que deixam de ser úteis, por estar com defeitos ou obsoletos” (UDESC,
2013).
As baterias de celulares, que são descartadas sejam pela vida útil mínima dos telefones
móveis ou simplesmente pela obsolescência percebida, integram o aglomerado de resíduo
eletrônico.
Normalmente, este tipo de bateria é jogado no lixo comum, cuja destinação é os lixões,
aterros sanitários ou outros lugares inadequados como rios e bueiro.
Segundo Gonçalves (2007), o perigo do lixo eletrônico descartado em aterros sanitários, por
mais seguros e modernos que estes aterros sejam, corre o risco de vazamento, de produtos
químicos e metais que podem se infiltrar no solo. E podem ser muito devastadores nos velhos
e menos controlados aterros sanitários, os quais compõem a maioria em todo o país.
As baterias usadas em celulares são fabricadas com metais pesados como níquel e cádmio,
quando despejadas junto ao lixo comum provocam danos ambientais e a saúde humana.
Esses metais tóxicos ao entrar em contato com o solo contaminam as águas dos lençóis
freáticos, que são utilizadas na irrigação de plantações e assim contaminam os vegetais,
peixes e consequentemente o ser humano.
De acordo com Cândido e Silva (2007), o cádmio faz parte dos metais tóxicos, cujo efeito
cumulativo, provoca risco de efeitos irreversíveis ao ser humano, sendo considerado um
agente cancerígeno, que ataca com mais frequência os rins.
O impacto ambiental causado pelo lixo eletro-tecnológico em especial os das baterias de
celulares e a não recoleta por parte dos fabricantes impulsionaram a criação de leis ambientais
que regulamentassem a destinação correta para este tipo de resíduo.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), uma das principais leis brasileiras
referente ao meio ambiente, por meio da resolução nº 257/99.
“prevê que as pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo,
cádmio, mercúrio e sem compostos, devem ser entregues pelos os usuários aos
estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada
pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores para que
estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de
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reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada”.
(BELTRÃO, 2009, p.173).
A elaboração da lei nº 12.305 em agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos é bastante favorável ao desenvolvimento de práticas ambientais aliados ao
crescimento econômico do país. Tem como objetivos o aprimoramento de tecnologias limpas,
incentivo à indústria de reciclagem, capacitação técnica na área de resíduo sólido, estimulo à
implementação da avaliação do ciclo de vida do produto bem como a rotulagem ambiental e o
consumo sustentável. Objetivos estes que visam à mudança na gestão das empresas brasileiras
e da participação da sociedade consumidora.
3. A logística reversa como uma prática de gestão ambiental
A gestão ambiental tornou-se um importante instrumento para se conseguir um
desenvolvimento industrial sustentável, proporcionando ainda vantagens e benefícios às
organizações que adotarem as políticas ambientais.
As leis ambientais que tem objetivo de instaurar a prática de respeito ao meio ambiente na
política da gestão empresarial, reconhecem a Logística Reversa como um processo de
gerenciamento viável entre fabricantes e consumidores no remanejo dos resíduos sólidos.
Dentre as várias definições conceituadas na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei nº
12.305/2010 está a de logística reversa:
“instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto
de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou e outros ciclos
produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”. (PNRS, 2012 p.11)
Conforme Barbieri e Dias (2002), a logística reversa auxilia no desempenho da empresa, gera
a possibilidade de desempenho da empresa, gera a possibilidade de aproveitamento do que foi
gerado e do que seria descartado, com isso, o aproveitamento econômico contribuirá para
reduzir os impactos ambientais e sociais do lixo gerados por estes varejos.
A logística reversa dentro da definição de Martins e Laugeni (2005) vem a ser um processo de
planejamento, implementação e controle da eficiência relacionado ao fluxo de armazenagem e
matéria-prima. Material em processo e produto acabado além do fluxo de informações do
ponto de origem ao ponto de o consumo com o objetivo de atender as exigências do cliente.
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De acordo com Lambert et al (1993), este tipo de logística considera a reutilização,
reciclagem, substituição e descarte como questões importantes para a interface com as
atividades logísticas de compras e suprimentos, transportes, armazenagem e embalagem a
medida que o fluxo reverso de materiais ocorre, sendo que os responsáveis por estas
atividades deverão melhor planejar e organizar suas tarefas.
Gestão ambiental e logística reversa são dois assuntos que devem estar na agenda empresarial,
uma vez que se forem adotados pelas organizações facilitarão a vida dos administradores, que
passarão a desenvolver atitudes e praticas que vão além da preocupação com o meio
ambiente, pois ao adotarem praticas sustentáveis, se tornarão mais competitivas no mercado
por serem vistas pelos consumidores como ambientalmente corretas, éticas e ecológicas e,
sobretudo por desenvolverem processos que irão reduzir custos e aproveitar quase que a
totalidade de toda a matéria prima utilizada no seu processo produtivo, numa perspectiva de
produção de resíduo zero.
Tachizawa confirma que a aliança entre gestão ambiental e mundo empresarial pode ser fonte
de negócios lucrativos ao afirmar que:
“A empresa verde é sinônimo de bons negócios e no futuro será a única forma de
empreender negócios de forma duradoura e lucrativa. Em outras palavras, o quanto
antes as organizações começarem a enxergar o meio ambiente como seu principal
desafio e como oportunidade competitiva maior será a chance de que sobrevivam”.
(Tachizawa, 2011 p.6-7)
4. Metodologia de Pesquisa
O presente estudo de caso realizado no município de Codó- Ma sobre a Logística Reversa das
Baterias de Celulares pode ser caracterizado quanto ao método e forma de abordagem em
estudo qualitativo, possibilitando uma investigação de um fenômeno de uma forma mais
aprofundada.
Quanto ao objetivo, em pesquisa descritiva já que pretende descrever e observar o retorno das
baterias de celulares usadas, procurando classificar e interpretar essa prática na cidade de
Codó.
O presente artigo foi descrito com base na pesquisa bibliográfica, que segundo Marconi e
Lakatos (2010), irá abranger toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de
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estudo, tendo como fim colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi escrito
e estudado sobre o determinado assunto.
Quanto ao procedimento adotado na coleta de dados utilizou-se a pesquisa de campo, definida
por Marconi e Lakatos (2010) como aquela capaz de conseguir informações acerca de um
problema, para a qual se queira comprovar ou descobrir novos fenômenos.
As técnicas de pesquisa de campo utilizadas foram o questionário realizado com as três
maiores lojas vendedoras de celulares da cidade de Codó, assim como foi aplicada uma
entrevista com 20 consumidores codoenses no mês de abril entre homens e mulheres de várias
faixas etárias e escolaridade para avaliar o nível de conhecimento sobre a logística reversa e o
comportamento dos mesmos no descarte das baterias de telefone móvel usadas.
5. Resultados e discussão
Realizou-se uma pesquisa com os usuários de celulares da cidade de Codó para mensurar o
comportamento dos consumidores, cuja avaliação se deu pelo sexo, nível de escolaridade,
descarte das baterias de celulares usadas e informação sobre a logística reversa das baterias de
celulares usadas.
Para compreender o destino dado às baterias usadas pelos consumidores a pergunta foi
direcionada ao lixo comum e ao posto de coleta. O percentual referente a quantidade que foi
depositada no lixo comum compreende também as jogadas no meio ambiente já que alguns
consumidores depositaram essas baterias em rios e esgotos. Assim como as respostas sobre
posto de coleta se referem à destinação das baterias em lojas de assistência técnica da cidade e
ao armazenamento nas próprias casas dos consumidores para depositarem futuramente no
posto de recoleta.
Gráfico 1 – Nível de Escolaridade das Mulheres
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Fonte: Autores (2015)
Gráfico 2 – Comportamento das Mulheres quanto a Destinação das Baterias
Fonte: Autores (2015)
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Gráfico 3 – Percentual de Mulheres Informadas sobre o Tema
Fonte: Autores (2015)
Observou- se que o nível de escolaridade da população feminina codoense não tem muita
relação com a informação sobre o tema, fato que é comprovado em razão do alto percentual
de desinformação entre elas.
As mulheres que declararam ter informação sobre o tema 18% obtiveram através de
telejornal, 9% na escola e 9% na faculdade. Das que declararam ter informação sobre a
logística reversa das baterias de celulares 75% jogam as baterias no lixo comum e das que
declararam não ter informação 25% entregaram em posto de coleta.
Analisando a relação entre informação e destinação das baterias percebeu-se que as mulheres
que tem conhecimento sobre a logística reversa das baterias e as leis ambientais em sua
maioria depositaram as suas baterias de celulares no lixo alegando desconhecer algum posto
de coleta na cidade de Codó. Entretanto as que não conheciam a temática entregaram em
posto de coleta pelo fato de ter o hábito de guardarem as baterias.
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Gráfico 4 – Nível de Escolaridade dos Homens
Fonte: Autores (2015)
Gráfico 5 - Comportamento dos Homens quanto a Destinação das Baterias
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Fonte: Autores (2015)
Gráfico 6 – Percentual de Homens Informados sobre o Tema
Fonte: Autores (2015)
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Os homens que declararam ter informação sobre o tema 99% obtiveram na TV através de
telejornal e somente 1% na internet. Dos que ter informação sobre o tema 40% jogam as
baterias no lixo comum e aqueles que declararam não ter informação 25% entregaram em
posto de coleta.
Na comparação entre homens e mulheres quanto à destinação das baterias usadas, os usuários
codoenses de telefonia móvel ao descartarem as baterias procuram o posto de coleta mais que
as mulheres uma vez que eles possuem mais informação sobre esse tema do que elas. Todavia
os homens que descartaram a bateria no lixo comum assumiram que jogaram em rios e
esgotos enquanto que as codoenses que jogam no lixo disseram ser o lixo doméstico.
Ambas as atitudes irão causar danos ao meio ambiente e a saúde da população e a diferença
quanto ao gênero está apenas relacionada às funções diárias exercidas pelas mulheres na
higienização do lar. Já em relação a informação sobre o tema, percebeu-se que os homens
pelo hábito de assistirem os noticiários do dia se mantêm mais informados que as mulheres.
Essa é uma característica de cidades do interior, onde as mulheres gostam mais das
telenovelas e no horário do telejornal geralmente estão cuidando do preparo dos alimentos ou
higienização da cozinha para não perderem o capítulo da novela.
Para compreender o comportamento dos consumidores quanto ao destino das baterias usadas
foi aplicado um questionário junto às três maiores empresa que comercializam celulares na
cidade de Codó. Todas afirmaram que a matriz tem uma política ambiental e a filial conhece,
mas não pratica.
Apesar de apenas uma empresa comprar os aparelhos de distribuidores, sendo que as demais
compram diretamente dos fabricantes, em todas não há um alinhamento de informações sobre
a logística reversa das baterias. Portanto podemos afirmar que não há um alinhamento de
informação entre fabricantes, distribuidores, empresa, colaboradores, e consequentemente
para o cliente.
Ao analisar o comportamento das empresas ficou claro que elas aguardam que o cliente tome
a iniciativa de perguntar sobre a existência ou não de um posto de coleta na empresa, atitude
essa que dificilmente ocorreria sem as devidas instruções necessárias para permitir ao
consumidor avaliar a importância de um descarte ambientalmente correto.
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Com base nas médias de vendas das lojas pesquisadas, registrou-se que essas empresas
comercializam aproximadamente 700 aparelhos de telefonia móvel no município de Codó,
resultando em 8.400 aparelhos por ano. Isso considerando apenas o mercado formal, pois há
comercialização de aparelhos celular também no mercado informal, que é ainda mais grave
considerando a qualidade e vida útil dos mesmos.
6. Conclusão
Ao analisa os resultados da pesquisa com consumidores e empresário ficou explícito a
ausência de compartilhamento de informações quanto à importância da logística reversa das
baterias, bem como sobre o perigo existente para o depósito da mesma no meio ambiente. O
fato é negligenciado desde o fornecedor até o cliente. Constatou-se também que as empresas
possuem uma política ambiental, todavia esta é encontrada apenas no papel não sendo
socializada com a organização.
Embora alguns consumidores viessem a se sensibilizar com a necessidade de dar um destino
correto a essas baterias, fariam isso mediante um incentivo visto que investiram um valor para
sua aquisição. Outros fariam a devolução apenas pela compreensão da relevância ambiental
de dar um destino correto a um resíduo sólido perigoso.
Como não existe uma discussão clara na sociedade codoense sobre esse assunto, ainda que no
momento da compra de um celular, através de material impresso ou de uma comunicação do
vendedor, não se pode afirmar que o consumidor só devolveria as baterias nas lojas por meio
de incentivos, como desconto na compra de um novo celular. Esse fato só poderia ser
afirmado após uma campanha porque ao se observar o percentual de devolução e sendo este
muito baixo, fica clara a necessidade de se planejar uma estratégia para motivar o aumento de
baterias recebidas em posto de coleta e assim tirar as baterias do meio ambiente que estão
espalhadas no município de Codó.
Para tanto essa discussão precisa iniciar nas empresas de comercialização, pois sem ter postos
de coleta para receber essas baterias ficará complicado fazer com que a população tome a
atitude de uma destinação correta para tais produtos. E as empresas precisam para tomar uma
atitude ambientalmente correta, consultar seus fornecedores sobre a política deles de
responsabilidade pós-consumo, pois para receberem precisam dar um destino correto a esses
produtos. Esse alinhamento de informação da empresa com os fornecedores pode gerar um
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incentivo ao cliente na aquisição de um aparelho celular e criar um fator de competitividade
na comercialização desses aparelhos.
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