Congresso de Métodos Numéricos em Engenharia 2015 Lisboa, 29 de Junho a 2 de Julho, 2015 © APMTAC, Portugal, 2015 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO PROCESSO DE GASEIFICAÇÃO APLICADA A FONTES DE BIOMASSA DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL. Jorge R. Henríquez1a, Jarmison A. Silva1b, Renata A. Figueiredo 1c, Flávio A. B. Figueiredo1a, Jacek S. Michalewicz2, Rômulo S. C. Menezes 1d 1: Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Eng. Mecânica; 1dDepartamento de Eng. Nuclear Av. Prof. Moraes Rego, 1235 - Cidade Universitária, Recife - PE - CEP: 50670-901 e-mail: a,d{rjorge, flavio.figueiredo, rmenezes}@ufpe.br; b,c {jarmisonaraujo,renatha345}@yahoo.com.br}, web: https://www.ufpe.br 1a 2: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco Av. Prof Luiz Freire, 500, Cidade Universitária - Recife/PE - CEP: 50740-540 e-mail: [email protected], web: http://www.recife.ifpe.edu.br/ Palavras-chave: Biomassa, Gaseificação, Equilíbrio Químico, Simulação Numérica, Conversão termoquímica. Resumo. No uso da biomassa para fins energéticos, em particular a produção de eletricidade, podem ser utilizado tecnologias que envolvem combustão direta da biomassa (ciclos a vapor) ou tecnologias que requerem a necessidade de conversão da biomassa em combustíveis líquidos ou gasosos antes da sua combustão. A grande vantagem na conversão de biomassa é o aumento da flexibilidade de uso destes combustíveis em motores de combustão interna e turbinas a gás. A gaseificação é caracterizada pela geração de um gás de baixo poder calorífico constituído basicamente por elementos químicos como CO2, CO, H2, CH4 e H2O. O presente trabalho representa um estudo numérico do processo de gaseificação considerando uma modelagem das equações de reação que ocorrem durante a transformação termoquímica da biomassa. O modelo foi validado com resultados experimentais para casca de arroz e aplicado a um estudo paramétrico envolvendo fontes de biomassa da região nordeste do Brasil. 1. INTRODUÇÃO No cenário atual brasileiro a energia de biomassa aparece como uma oportunidade de singular importância por colaborar com um montante de aproximadamente 25% da oferta total de energia do país [1]. Além da biomassa tradicional, contabilizada no balanço energético nacional, existe um grande potencial nos resíduos agrícolas, industriais e urbanos para fins energéticos [2-4]. No uso da biomassa para fins energéticos, em particular a produção de eletricidade, podem ser utilizado tecnologias que envolvem combustão direta da biomassa, Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes como no caso de aquelas que se baseiam nos ciclos a vapor, ou tecnologias que requerem a necessidade de conversão da biomassa em combustíveis líquidos ou gasosos antes da sua combustão. Exemplos de este último caso são as tecnologias que fazem uso de gaseificação, biodigestão e pirólise. A grande vantagem na conversão de biomassa em combustíveis secundários, líquidos e gasosos, é o aumento da flexibilidade de uso destes combustíveis em motores de combustão interna e turbinas a gás, além da maior eficiência energética e menor impacto ambiental decorrente da emissão de poluentes atmosféricos nestes equipamentos por unidade de potência gerada. As tecnologias que envolvem a conversão de biomassa via pirólise e gaseificação para a produção de eletricidade são as mais distantes do estágio comercial e as que apresentam menor viabilidade econômica na atualidade quando comparadas a tecnologias de queima direta se for considerado o uso de combustíveis convencionais. Naturalmente que a importância estratégica do domínio de diversas tecnologias de aproveitamento da biomassa para propósitos energéticos requer que seja aumentada a pesquisa e o desenvolvimento destas tecnologias. Os processos termoquímicos da pirólise e a gaseificação podem ser definidos como a degradação térmica de qualquer material orgânico sólido na ausência total ou parcial de um agente oxidante, ou em uma quantidade tal que a oxidação não seja completa. A gaseificação é caracterizada pela geração de um gás de baixo poder calorífico constituído basicamente por elementos químicos como CO2, CO, H2, CH4, H2O, N2, CxHy, alcatrão e particulados, resultante da oxidação do combustível sólido em condições de fornecimento de ar abaixo da condição estequiométrica. A pirólise é um processo semelhante, que ocorre em temperaturas relativamente menores e priorizando a obtenção de produtos líquidos (alcatrão, ácido pirolenhoso e bio-óleo), que pode ser utilizado como combustível ou para aplicações na indústria química fina, e também em menor grau carvão vegetal e gases combustíveis [5]. A gaseificação de biomassa pode ser realizada utilizando ar, oxigênio ou vapor como agentes oxidantes, resultando como função disso em produtos combustíveis com diferentes composições. A utilização de vapor tem mostrado ser uma técnica interessante que permite aumentar as frações de hidrogênio e monóxido de carbono na mistura gasosa produzindo assim o chamado gás de síntese [6]. Tanto a pirólise quanto a gaseificação são processos que envolvem uma série de reações químicas fundamentais, incluindo também transferência de calor e massa o que torna a modelagem destes processos bastante complexa. Diversos modelos têm sido desenvolvidos e apresentados na literatura ao longo dos anos [7]. Alguns desses modelos tratam apenas dos fenômenos químicos da gaseificação e pirólise e a sua abordagem se restringe a estudos envolvendo os processos reacionais presentes na conversão termoquímica da biomassa [8-11], enquanto que outros apresentam uma abordagem mais completa incluindo na sua modelagem a tecnologia de gaseificação, as interações de transferência de massa, energia e escoamento no interior do gaseificador [12-14], ou ainda a modelagem de sistemas integrados envolvendo a conversão termoquímica e a tecnologia de aplicação e uso do combustível produzido na gaseificação [15-16]. Alguns desses trabalhos também envolvem de forma complementar uma abordagem experimental [12,14,17] o que ajuda a validar os modelos e estudos numéricos. No presente trabalho foi utilizado um modelo de equilíbrio termodinâmico estequiométrico para estudar a composição de gases resultantes no processo de gaseificação de biomassa 2 Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes utilizando como agente oxidante vapor de água. Foram estudadas biomassas locais da região Nordeste do Brasil e analisados os efeitos de temperatura e da fração de massa de vapor participante do processo de gaseificação. 2. MODELO MATEMÁTICO O modelo de equilíbrio termodinâmico aplicado a problemas reativos tem como principal característica assumir que as reações químicas do processo, neste caso a gaseificação, ocorrem numa condição de mistura ideal e num tempo considerado infinito ou de regime permanente. Este tipo de modelos, embora simples, permite simular de forma adequada as transformações termoquímicas que ocorrem em gaseificadores tipo leito fixo co-corrente. Na modelagem do problema foi considerado que a gaseificação seria realizada introduzindo vapor de água como agente oxidante em condições de temperatura elevadas. Também foi assumido que a pressão no reator seria atmosférica. Embora a pressão seja um parâmetro que afeta a composição final do gás de síntese produzido, neste trabalho este efeito não foi estudado. A equação principal do problema representa a reação entre a biomassa e o vapor de água, os quais reagem para formar o gás de síntese formado pelo hidrogênio, metano, monóxido e dióxido de carbono, conforme indicado pela Equação 1. CX HY OZ w mH2O aH2 bCO cCO2 dH2O eCH4 (1) Para completar o modelo são necessárias mais duas equações que corresponde a reações endotérmicas de redução, indicadas pelas equações 2 à 4. A primeira destas equações corresponde à reação de Boudouar, enquanto que a segunda (equação 3) representa uma reação heterogênea água-gás e, por último, a equação 4 seria uma reação de hidrogenação para a formação de metano. C CO2 2CO (2) C H2O CO H2 (3) C 2H2 CH4 (4) As reações dadas pelas equações (2) e (3) podem ser representadas através de uma única reação global indicada pela equação (5), CO H2O CO2 H2 (5) Sendo assim, o modelo básico fica estabelecido pelo conjunto de reações (1), (4) e (5). Nestas equações os coeficientes X, Y, Z representam o número de mol associados às frações de 3 Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes carbono, hidrogênio e oxigênio presentes na biomassa. O coeficiente w corresponde ao número de moles associado ao teor de umidade da amostra de biomassa enquanto que m corresponde ao coeficiente molar do vapor de água injetado ao processo de gaseificação. Os coeficientes a, b, c, d, e representam as quantidades molares dos produtos resultantes da gaseificação. Para a definição das equações algébricas que permitam encontrar os coeficientes a, b, c, d, e é necessário utilizar um balanço das espécies químicas na reação principal de gaseificação dada pela equação (1) e complementar com outras duas equações não lineares a partir da equação de equilíbrio químico das reações (4) e (5) conforme segue. Aplicando a definição da condição de equilíbrio químico às reações (4) e (5), tem-se; [CH4 ]1 P k1 [H 2 ]2 P0 (1)( 2) ea b c d e P a2 P0 [CO]1[H 2O]1 P k2 [CO2 ]1[H 2 ]1 P0 (11)(11) bd ca 1 (6) (7) A constante de equilíbrio pode ser determinada a partir de tabelas específicas ou de uma forma mais apropriada para uma simulação numérica a partir da sua definição através da função de Gibbs. Gio Ln(ki ) RT (8) Desta expressão nota-se a dependência da constante de equilíbrio com a temperatura. A função de Gibbs pode ser obtida de uma expressão em função dos elementos que fazem parte da reação de redução conforme indicado de forma genérica na equação (9) considerando uma reação de dissociação também genérica dada pela equação (10). Para encontrar os valores da função de Gibbs associadas as constantes de equilíbrios k1 e k2, basta aplicar a equação (9) as correspondentes reações de redução. G0 C gC0 D g D0 Ag 0A B g B0 A A B B CC D D (9) (10) 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A resolução das equações do modelo foi realizada utilizando o ambiente numérico oferecido pelo software EES (Engineering Equation Solver). A avaliação das propriedades termodinâmicas necessárias para determinar as funções de Gibbs elementares é realizada 4 Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes diretamente e de forma automática das bibliotecas contidas no software. Inicialmente e antes de realizar os estudos propriamente propostos, o modelo matemático/numérico foi validado utilizando informações experimentais da gaseificação de casca de arroz [17]. A Figura 1 mostra um gráfico comparativo dos resultados numéricos obtido com o modelo e os dados experimentais da fração molar de hidrogênio e metano para quatro diferentes temperaturas. Observa-se uma boa concordância entre os resultados. Figura 1. Comparação entre resultados experimentais e numéricos para gaseificação de casca de arroz. Tendo validado o modelo, foi realizado um estudo paramétrico para utilizando biomassa nativa da região do Nordeste do Brasil. Inicialmente a biomassa foi caracterizada determinando a sua composição elementar, umidade e cinzas. Os resultados são mostrados na Tabela 1. Amostra Baraúna Burra Leiteira Catingueira Jurema Preta Maniçoba Umbuzeiro C 37,80 36,81 38,62 42,63 35,97 39,75 H 3,71 6,35 6,28 6,18 5,94 6,57 O 45,47 43,23 41,73 39,10 43,24 41,60 Umidade 11,07 11,12 11,05 11,05 10,76 10,34 Cinzas 1,95 2,49 2,31 1,04 4,08 1,74 Tabela 1. Composição em massa de amostras de biomassa da região Nordeste do Brasil Para cada uma dessas biomassas foram calculados os componentes molares e realizadas simulações numéricas do processo de gaseificação. Inicialmente foi estudada a biomassa Baraúna e analisada a formação de produtos em função da temperatura e da fração de vapor como agente oxidante. Foram realizadas simulações para 7 diferentes temperaturas variando no intervalo de 700 a 1300 K e também para 7 diferentes frações de massa de vapor em relação à massa de Baraúna (de 30% à 200%). 5 Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes Na Figura 2 são mostrados os resultados para a variação da temperatura considerando uma fração de massa de vapor de 100% em relação à massa de Baraúna. Os resultados indicam que a formação do hidrogênio e do monóxido de carbono são favorecidos pelo aumento da temperatura, enquanto que o metano e dióxido de carbono tem as suas frações reduzidas. Para as condições de simulação analisadas, a produção de hidrogênio começa a se estabilizar em torno de uma temperatura de 1100K. As Figuras 3 e 4 mostram resultados semelhantes para os casos de fração de massa de vapor de água de 30% e 130% respectivamente. Com a redução da fração de vapor, ocorre uma acentuada formação de CO com o aumento da temperatura, Figura 2. Composição do gás de síntese em função da temperatura para a gaseificação de Baraúna com 100% de vapor em massa. Figura 3. Composição do gás de síntese em função da temperatura para a gaseificação de Baraúna com 30% de 6 Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes vapor em massa. Figura 4. Composição do gás de síntese em função da temperatura para a gaseificação de Baraúna com 130% de vapor em massa. A Figura 5 mostra de forma mais direta o efeito da fração de vapor para o processo de gaseificação e a formação de compostos. Nota-se nessa figura que a formação de metano é pouco afetada pela concentração de vapor de água no reator. Figura 5. Efeito da fração de vapor de água na composição do gás gerado pela gaseificação de Baraúna para uma condição de temperatura de 1100 K. 7 Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes Um estudo do conteúdo energético dos gases produzidos na gaseificação de Baraúna foi realizado com os resultados da simulação. A Figura 6 mostra o efeito da temperatura para diferentes condições de fração de massa de vapor no processo de gaseificação de Baraúna. Como pode ser observado, o aumento na fração de vapor tende a diminuir a o poder calorífico do gás de síntese produzido, da mesma forma como acontece com a gaseificação realizada em temperaturas mais baixas. Este comportamento está diretamente relacionado com a produção de monóxido de carbono que diminui quando aumenta a fração de vapor e aumenta com o aumento da temperatura de gaseificação. Os patamares de aumento da fração de hidrogênio que ocorrem de forma diretamente proporcional aos aumentos de temperatura e fração de massa de vapor tem pouca influência no comportamento do conteúdo energético, pois representa uma fração mássica pequena quando comparada à fração do CO na mistura. Poder Calorífico Inferior [kJ/kg] 14000 13500 130% 13000 100% 12500 80% 50% 12000 30% 11500 11000 10500 10000 9500 9000 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 Temperatura [K] Figura 6. Poder calorífico do gás de síntese da Baraúna em função da temperatura de equilíbrio de gaseificação para diferentes frações de massa de vapor de água. Como complemento ao estudo paramétrico, foi analisado o comportamento da produção de hidrogênio, metano e monóxido de carbono, que são os componentes combustíveis do gás de síntese, em função de 6 tipos de biomassas disponíveis na região Nordeste do Brasil. Os resultados estão apresentados nas figuras 7 à 9. Na Figura 7 tem-se os resultados para o caso do hidrogênio. Pode-se observar que o comportamento é similar para todas as biomassas, embora uma pequena diferença possa ser notada enquanto a valores no caso da biomassa Baraúna que apresenta valores menores de produção de hidrogênio comparado às demais. A principal razão para esse comportamento deve estar no conteúdo original de hidrogênio da Baraúna que é metade do conteúdo das demais biomassas como mostram os resultados da Tabela 1. Ao analisar os resultados para a formação de monóxido de carbono em função da temperatura para os diferentes tipos de biomassas (Figura 8) observa-se que em temperaturas em torno de 700 K a fração de monóxido de carbono produzido é a mesma para todas as 8 Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes biomassas analisadas. Com o aumento de temperatura para 1300K a Jurema Preta é a biomassa que apresenta a maior produção deste gás e a Maniçoba e Burra Leiteira são as que apresentam a menor produção. A diferença de valores é da ordem de 3% na fração molar. No caso da produção de metano, cujos resultados estão apresentados na Figura 9, observa-se que a biomassa Baraúna é novamente a que apresenta menores valores de produção deste gás. A razão talvez seja a mesma que causou a menor produção de hidrogênio entre as biomassas analisadas. Figura 7. Comparação da produção de hidrogênio para 6 diferentes biomassas em função da temperatura. Figura 8. Comparação da produção de CO para 6 diferentes biomassas em função da temperatura. 9 Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes Figura 9. Comparação da produção de Metano para 6 diferentes biomassas em função da temperatura. 4. CONCLUSÕES Foi apresentado um modelo para análise numérica do processo de gaseificação de biomassa. O modelo foi construído utilizando uma reação química estequiométrica considerando como agente oxidante o vapor de água que junto com o combustível reagem em condições de temperatura elevada para formar um gás de síntese. Completa o modelo um conjunto de equações de redução que são utilizadas para definir as condições de equilíbrio do sistema. O modelo foi validado comparando resultados experimentais da literatura com os resultados numéricos obtidos para a gaseificação de casca de arroz sob as mesmas condições experimentais. Os resultados mostram uma boa concordância. Aplicando o modelo à gaseificação de diferentes biomassas da região do Nordeste do Brasil, verifica-se que a temperatura da gaseificação tem um papel importante no processo alterando as condições de composição do gás de síntese produzido. Identicamente, a fração de massa de vapor de água utilizada como agente oxidante também altera as características químicas deste gás o que acaba repercutindo no conteúdo de energia química do produto gerado. Dos resultados destes estudos observa-se que o aumento de temperatura potencializa a formação de hidrogênio e monóxido de carbono em detrimento da formação de metano e dióxido de carbono respectivamente. Por sua vez, o aumento na quantidade de vapor de água presente na reação também provoca alterações na composição do gás de síntese, aumentando a produção de hidrogênio e dióxido de carbono e diminuindo a formação de monóxido de carbono. A concentração de metano no gás de síntese não é alterada apreciavelmente em função do aumento do vapor de água no processo. Os resultados indicam que o processo de gaseificação das biomassas estudadas resulta num gás de síntese com poder calorífico da ordem de 13500 kJ/kg sendo este valor próximo em ordem de grandeza do poder calorífico das biomassas analisadas. Estudos posteriores serão 10 Jorge R. Henríquez, Jarmison A. Silva, Renata A. Figueiredo, Flávio A. B. Figueiredo, Jacek S. Michalewicz e Rômulo S. C. Menezes necessários para quantificar os gastos energéticos e a determinação da eficiência energética do processo. 5. AGRADECIMENTOS O primeiro autor agradece ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq - pelo suporte financeiro concedido por meio do projeto CNPq/Proc. 486476/2011-1 e projeto bolsa produtividade CNPq/Proc.308783/2012-3. O segundo autor agradece ao programa de formação de recursos humanos em tecnologia de equipamentos para atuação no setor de petróleo, gás e biocombustíveis – PRH-PB203 e ao Programa de Pósgraduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pelo suporte financeiro na forma de bolsa de estudo. REFERÊNCIAS [1] ____, Balanço Energético Nacional 2014: Ano base 2013, Empresa de Pesquisa Energética. – Rio de Janeiro : EPE, (2014). [2] L. A. B. Cortez, E. S. Lora e J. A. C. Ayarza, Biomassa para Energia, Série Sistemas Energéticos, Cap. 1, Editora da Unicamp, pp. 15-27, (2008) [3] E.L. Foletto, R. Hoffmann, R.S. Hoffmann, U.L. Portugal Junior U. L. e L. 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