16 Nesta primeira unidade, a abordagem será focada no estudo da Ecologia, uma grande área da Biologia que tem se tornado cada vez mais importante nos dias atuais, pois a interferência do ser humano sobre os ecossistemas vem aumentando consideravelmente. O nível mais amplo estudado pela Ecologia é a biosfera. Este termo foi criado por semelhança aos utilizados para designar camadas ou esferas relacionadas aos a = prefixo de negação, bio = componentes abióticos (a = vida; isto é, sem vida) da Terra, que são: (hidro = água): camada ou esfera da • hidrosfera (hidro Terra formada por água; (lito = pedra): camada ou esfera da Terra • litosfera (lito formada pelas rochas e pelos solos; (atmós = gás): camada ou esfera da • atmosfera (atmós Terra formada pelo ar. A biosfera, assim como as demais “esferas”, não é uma camada homogênea, pois as condições ambientais do nosso planeta variam de uma região para outra. As condições ambientais são muito importantes na distribuição dos seres vivos. Nos locais onde tais condições são mais favoráveis, a diversidade de formas vivas é maior, ocorrendo o contrário quando as condições não são favoráveis. Os limites da biosfera são definidos em função de registros que indicam a presença de seres vivos. Esses limites vão desde aproximadamente 11 000 metros de profundidade, nos oceanos, até cerca de 7 000 metros de altitude, na atmosfera. Depois de conhecer a biosfera, vamos estudar os principais ecossistemas da Terra: como eles se distribuem, quais são seus organismos mais característicos, os principais fatores físicos e químicos do meio (fatores abióticos) que interferem no padrão geral de distribuição dos organismos e seus principais mecanismos de adaptação ao meio. A partir disso, passaremos ao estudo da estrutura e do funcionamento dos ecossistemas e, em seguida, estudaremos as unidades ecológicas menores, que são as comunidades e as populações. Pretende-se mostrar que cada elemento de um sistema ecológico tem seu papel e sua importância, fazendo parte de uma rede delicada de interações ecológicas que contribuem para a manutenção do equilíbrio no ecossistema. Compreendido como ocorre esse equilíbrio, estudaremos os desequilíbrios da natureza, provocados principalmente pela interferência do ser humano nos ecossistemas. Serão dados alguns exemplos reais que servirão de alerta contra os perigos do uso indiscriminado dos recursos naturais. A caminho de uma reconciliação entre o ser humano e a natureza Os grandes problemas da conservação da natureza estão, na realidade, intimamente ligados aos da sobrevivência do próprio ser humano na Terra. Certos filósofos não hesitam em afirmar que a humanidade está mal encaminhada. Não nos cabe aqui fazer semelhantes considerações ou julgamentos, porém podemos afirmar, de acordo com todos os biólogos, que o ser humano cometeu um erro capital pensando poder isolar-se da natureza e não respeitar certas leis de alcance geral. Existe, já há muito, um divórcio entre o ser humano e seu meio. O velho pacto que unia o primitivo e seu hábitat foi rompido de modo unilateral pelo ser humano, logo que este considerou ser suficientemente forte para seguir apenas as leis elaboradas por si mesmo. Devemos reconsiderar essa posição, mesmo que nosso orgulho sofra, e assinar um novo pacto com a natureza, que nos permita viver em harmonia com ela. É a melhor maneira de extrair do meio um rendimento que possibilite ao ser humano manter-se sobre a Terra e fazer com que sua civilização progrida tanto no plano técnico quanto no plano espiritual. Só essa harmonia tornará possível salvar, simultaneamente, o ser humano e a natureza selvagem, dois aspectos, dois lados de um mesmo problema que durante muito tempo se pensou poder dissociar. No entanto, constata-se atualmente que estão intimamente ligados, e não é mais possível separá-los. A natureza não deve ser salva para rechaçar o ser humano, mas sim porque a salvação dela constitui a única probabilidade de sobrevivência material para a humanidade, devido à unidade fundamental do mundo onde vivemos. Com base em: Jean Dorst, Antes que a natureza morra, São Paulo: Edusp, 1973. UNIDADE 1 • O mundo em que vivemos