DEFICIÊNCIAS E
PROPENSÕES DO
SER HUMANO
Carlos Bernardo González Pecotche
RAUMSOL
A estruturação deste livro, que encerra um alto objetivo pedagógico e
formativo, mostra com muita evidência que a Logosofia vai diretamente à
raiz do velho e até hoje insolúvel
problema do aperfeiçoamento humano, resolvendo-o definitivamente.
Não podemos negar que uma ou
outra vez se tenham mencionado as
deficiências e propensões dadas a
conhecer nesta obra. Ninguém
ignora, é verdade, que há pessoas vaidosas, impulsivas, egoístas, indolentes, indiscretas, etc. Entretanto, quem
se encarregou de tratar delas a fundo, não só como deficiências
caracterológicas que afetam a vida
psíquica, moral e espiritual do ser,
mas também como parte de um estudo integral, derivado de um plano
de evolução consciente? Foi somente a ciência logosófica que as focalizou dessa forma, à luz de sua própria
concepção original, permitindo o
desenvolvimento da consciência e,
conseqüentemente, a depuração
progressiva de tais deficiências como
fatores de permanente perturbação
na vida do homem.
O exame analítico e a descrição
que fazemos de cada deficiência e
propensão, para apresentá-las aos
olhos do entendimento que queira
apreciar sua realidade, mostram a inquestionável importância que seu
conhecimento assume na condução
consciente da vida. O conhecimento
logosófico é de tal forma essencial,
que não se pode prescindir de seu
auxílio quando cada ser humano
encara a realização do processo de
evolução consciente, por ser parte
fundamental do plano que, primeiramente, leva à exploração e,
depois, à descoberta de tudo o que o
indivíduo possui de positivo e negativo. Dessa maneira, o ser já não pode
ignorar com que recursos conta e
quais são as falhas que deve corrigir,
para triunfar conscientemente na
experiência de sua própria vida.
Essa é a razão pela qual já assinalamos, mais de uma vez, a diferença
enorme, fundamental, que existe
entre o simples enunciado “Conhece-te a ti mesmo” e o conhecimento
real e efetivo que ensina a concretizar, de forma sistemática e acabada,
esse desiderato no próprio interessado. A prova disto está no fato de
que, vinte e cinco séculos depois de
seu enunciado, ninguém ainda chegou sequer a vislumbrar esse conhecimento, porque ninguém, fora da
Logosofia, ainda o ensinou.
Hoje tem a palavra nossa ciência.
Em seus pronunciamentos, cada um
encontrará fundamentadas verdades.
E, em cada verdade que a concepção
logosófica apresenta e, explica, o homem apreciará, com exato e sereno
juízo, quais foram as causas que postergaram sua evolução interna e as manifestações conscientes de seu espírito.
NINGUÉM PODE AFIRMAR
QUE DOMINA CONSCIENTEMENTE
O CAMPO DE SUA PRÓPRIA
PSICOLOGIA, SE NÃO ENFRENTOU
ANTES, COM ÊXITO, AS
FALHAS CARACTEROLÓGICAS
QUE O ANGUSTIAM.
�
Título do original:
Deficiencias y Propensiones del Ser Humano
Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
REVISÃO DA TRADUÇÃO: José Dalmy Silva Gama
CAPA E PROJETO GRÁFICO: Silvia Ribeiro
ASSISTENTES DE DESIGN : Nicole Boehringuer e Clarice Uba
PRODUÇÃO GRÁFICA: Adesign
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
González Pecotche, Carlos Bernardo, 1901-1963.
Deficiências e propensões do ser humano /
Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol) ;
[traduzido do espanhol por Filiados da Fundação
Logosófica ; revisão da tradução José Dalmy
Silva Gama]. -- São Paulo : Logosófica, 2007.
Título original: Deficiencias y propensiones
del ser humano
1ª reimpr. da 11. ed. de 2005.
ISBN 978-85-7097-058-9
1. Comportamento humano 2. Conduta de vida
3. Logosofia I. Título.
07-0493
CDD-179.8
Índices para catálogo sistemático:
1. Deficiências humanas : Ética 179.8
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Intermedio Logosófico, 216 págs., 1950. (1)
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Bases para Tu Conducta, 55 págs., 1965. (1) (2) (3) (4) (5) (6)
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Colección de la Revista Logosofía (tomos I (1), II (1), III), 715 págs., 1980.
Colección de la Revista Logosofía (tomos IV, V), 649 págs., 1982.
(1) Em português.
(2) Em inglês.
(3) Em esperanto.
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(7) Em hebraico.
DEFICIÊNCIAS
E PROPENSÕES
DO SER HUMANO
Carlos Bernardo González Pecotche R A U M S O L
1ª Reimpressão da 11ª Edição
Editora Logosófica
São Paulo – 2007
Primeira Parte
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Metodologia das
Deficiências e Propensões
Introdução
A
ntes de entrar em cheio no desenvolvimento
desta obra, será necessário oferecer ao leitor um
conjunto de explicações que porão à sua disposição os elementos mínimos exigidos por tão importantíssima parte do conhecimento de si mesmo: a que corresponde às deficiências psicológicas, por serem causas
determinantes da incapacidade e impotência dos esforços
humanos na procura do despertar consciente nas altas
esferas do espírito.
Desde que o homem começou a ter as primeiras
noções de moral, vem-lhe sendo repetido que deve ser
bom, que deve elevar sua vida e ser melhor. Entretanto,
foi-lhe ensinado positivamente como fazer para alcançar
semelhante desiderato? A resposta, por demais sugestiva, é
oferecida pelo estado de incrível desorientação em que
hoje ele se encontra. Não lhe foi ensinado como ser
melhor. Os que pretenderam fazê-lo careciam de
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Carlos Bernardo González Pecotche (raumsol)
conhecimentos capazes de substanciar esse propósito e, na
falta disso, adotaram o sistema de inculcar no semelhante,
desde a mais tenra idade, pensamentos e sugestões incompatíveis com sua razão e sua sensibilidade.
Inculcar idéias que não respondem a fins superiores, e
sim a fins de submissão – como sempre se procurou, em
parte com êxito –, é fazer das mentes humanas moldes rígidos, destinados à recepção cega de um saber quimérico. E
dizemos “quimérico” porque o autêntico saber não
endurece a mente, não a fanatiza nem a submete a farsas
dogmáticas; ao contrário, propicia as manifestações do
livre-arbítrio e desperta a consciência individual.
Sempre se buscou – é bom destacar, para que ninguém
se engane –, sempre se buscou, repetimos, o fácil, o ilusório
e sedutor, a fim de conquistar adeptos para uma ou outra
seita religiosa, para uma ou outra tendência filosófica ou
ideológica extremista, nas quais o ser depois fica enjaulado
atrás das grades dos inúmeros preconceitos que a credulidade infunde. Entretanto, se bem que a alma humana seja
sugestionável por excelência e sofra, com incompreensível
resignação, o aniquilamento de sua capacidade perceptiva e
analítica, o espírito reclama, ao contrário, com indagadora
insistência, tratamento e respeito próprios de sua paridade
existencial. Explica-se assim como, através das gerações, se
veio acentuando uma rebeldia espontânea, gestada em
espíritos indômitos; naqueles, logicamente, que se
recusaram a admitir esse tratamento assaz contrário à
evolução integral do homem.
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Deficiências e Propensões do Ser Humano
De nossa parte, declaramos inoperantes e sem consistência os métodos ensaiados até aqui com vistas ao aperfeiçoamento humano, por não conterem os conhecimentos básicos sobre a estruturação mental, psicológica e espiritual que caracteriza cada indivíduo, nem tampouco o
domínio dos fatores que governam a vida interna.
Nossa concepção parte do estudo da própria mente,
por ser ela, especificamente considerada, o órgão promotor
da vida psíquica, e se projeta sobre os pensamentos, por
serem os agentes naturais que configuram a vida de cada
homem em seus aspectos mais preponderantes. Uma prova
de que os caminhos até agora seguidos foram equivocados
nos é dada, sem mais rodeios, pelo fato de que nenhum
deles levou o homem a meta alguma que evidenciasse a
culminação de um processo de aperfeiçoamento integral e
consciente. Não podia ser de outro modo, já que se deixou
de começar pelo essencial: conhecer, bloquear, debilitar e
anular todas as deficiências psicológicas que afetam a criatura humana, para que sua nefasta influência não prejudique
nem detenha o processo de evolução mediante o qual se
rompem as limitações a que está sujeito o ser corrente, por
falta de preparação e fortalecimento internos adequados.
Queremos com isso dizer que não houve, no estudo das
possibilidades humanas, referência alguma a este gênero de
conhecimentos que hoje a concepção logosófica oferece. Já
se falou, esporadicamente e em termos gerais, dos vícios e
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“As deficiências são também feras, feras
mentais que não se conformam em devorar os
pensamentos e projetos úteis que cada um
armazena ou cultiva em seu campo mental. Seu
afã de destruir – como acontece com o pessimismo, a obstinação, o descuido, a irritabilidade, a veemência, etc. – as induz a
atentar contra os sentimentos mais nobres, e
inclusive contra a própria vida de seu dono.
é preciso, pois, que acabemos com tais
pensamentos, se não quisermos que eles
acabem conosco.”
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