1 UFSM Dissertação de Mestrado EFEITOS DA ADIÇÃO DE CAL HIDRATADA EM CONCRETOS COM ALTOS TEORES DE ADIÇÃO MINERAL NA PENETRAÇÃO DE CLORETOS E NA SOLUÇÃO AQUOSA DOS POROS DO CONCRETO Márcia Dal Ri PPGEC Santa Maria, RS, Brasil 2002 2 EFEITOS DA ADIÇÃO DE CAL HIDRATADA EM CONCRETOS COM ALTOS TEORES DE ADIÇÃO MINERAL NA PENETRAÇÃO DE CLORETOS E NA SOLUÇÃO AQUOSA DOS POROS DO CONCRETO por Márcia Dal Ri Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de PósGraduação em Engenharia Civil, Área de Concentração em Materiais de Construção, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre Em Engenharia Civil. PPGEC Santa Maria, RS – Brasil 2002 3 Universidade Federal De Santa Maria Centro de Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado EFEITOS DA ADIÇÃO DE CAL HIDRATADA EM CONCRETOS COM ALTOS TEORES DE ADIÇÃO MINERAL NA PENETRAÇÃO DE CLORETOS E NA SOLUÇÃO AQUOSA DOS POROS DO CONCRETO elaborado por Márcia Dal Ri como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil COMISSÃO EXAMINADORA: Prof. Dr. Antônio Luiz G. Gastaldini (orientador)- UFSM/RS Prof. Dr. Geraldo Cechella Isaia – UFSM/RS Profa. Dra. Denise Dal Molin – URGS/RS Santa Maria, 15 de agosto de 2002. 4 Agradeço, inicialmente a Deus, pois sem ele nada seria possível, agradeço também a todas as pessoas que de alguma forma, contribuíram para que este trabalho fosse concluído. E principalmente a minha família que em todos os momentos me deu apoio e compreensão. 5 RESUMO Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil EFEITOS DA ADIÇÃO DE CAL HIDRATADA EM CONCRETOS COM ALTOS TEORES DE ADIÇÃO MINERAL NA PENETRAÇÃO DE CLORETOS E NA SOLUÇÃO AQUOSA DOS POROS DO CONCRETO Autora: Márcia Dal Ri Orientador: Prof. Dr. Antônio Luiz G. Gastaldini Santa Maria, 30 de junho de 2002 A principal forma de degradação das estruturas é a corrosão da armadura, seja devido à ação de íons cloreto ou à carbonatação. A substituição do cimento por grandes quantidades de adições minerais resulta em diminuição dos teores de hidróxido de cálcio na solução dos poros e num aumento da velocidade de carbonatação. Este trabalho teve por objetivo verificar o efeito da adição de cal hidratada, com o intuito de repor àquela consumida pelas reações pozolânicas, em misturas binárias e ternárias compostas com altos teores de adições minerais, cinza volante, cinza de casca de arroz e escória de alto forno, na penetração de cloretos e composição da solução aquosa dos poros do concreto Foram investigadas 11 misturas aglomerantes, sendo uma de referência, e as demais contendo cinza volante, cinza de casca de arroz e escória de alto forno. Os níveis de resistência foram definidos em função das relações água/aglomerante 0,35, 0,45 e 0,55, e tempo de cura, 28 e 91 dias. Posteriormente, foram construídas as curvas de Abrams que possibilitaram uma análise em dois níveis de resistência, 40 MPa e 55 MPa. Os ensaios realizados foram resistência à compressão axial, penetração de cloretos segundo a ASTM C 1202 e composição da solução aquosa dos poros. Da análise dos resultados obtidos, constatou-se redução na penetração total de cloretos para todas as misturas com adição, variando de acordo com o tipo e teor de substituição da adição, comparadas àquela de referência, tanto para igualdade de relação a/ag quanto para os mesmos níveis de resistência, 40 MPa e 55 MPa. Verificou-se redução na condutividade específica das misturas aglomerantes investigadas, em relação àquela de referência. Para todas as misturas investigadas, a adição de cal hidratada resultou num aumento nos valores de resistência à compressão, permeabilidade a cloreto e condutividade da solução aquosa dos poros. 6 SUMÁRIO RESUMO ...................................................................................................... viii ABSTRACT .....................................................................................................ix LISTA DE TABELAS ....................................................................................... x LISTA DE FIGURAS ..................................................................................... xii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ....................................................... xiv INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1 CAPÍTULO I CORROSÃO DAS ARMADURAS POR CLORETOS, MECANISMO DE PENETRAÇÃO............................................................................................... 5 1.1 - Introdução .............................................................................................. 5 1.2 – Corrosão das armaduras por cloretos ................................................... 6 1.3 –Mecanismo de penetração de íons cloretos.......................................... 14 CAPITULO II EFEITOS DAS ADIÇÕES MINERAIS NA DURABILIDADE DO CONCRETO FRENTE A CLORETOS................................................................................ 19 2.1 - Efeitos das adições minerais na estrutura da pasta.............................. 23 2.2 - Efeitos das adições minerais na composição da solução aquosa dos poros.............................................................................................................. 26 2.3 - Efeito das adições minerais na relação Cl-/OH- e na retenção de cloretos.......................................................................................................... 29 7 CAPITULO III INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL ............................................................. 33 3.1 - Introdução ............................................................................................ 33 3.2 - Metodologia da pesquisa............. ........................................................ 35 3.3 - Ensaios de caracterização dos materiais ............................................ .37 3.3.1 - Cimento........ ..................................................................................... 37 3.3.2 - Pozolana ........................................................................................... 40 3.3.3 - Cal Hidratada .................................................................................... 42 3.3.4- Agregados ...........................................................................................43 3.3.5 - Superplastificante ...............................................................................43 3.4 - Dosagem dos concretos ....................................................................... 45 3.4.1 - Cura e preparação dos corpos de prova ........................................... 48 3.5 – Sequência de ensaios ......................................................................... 49 3.5.1 - Resistência à compressão ....... ........................................................ 49 3.5.2 - Penetração de cloreto ....................................................................... 50 3.5.3 – Relação iônica Cl-/OH-....................................................................... 50 3.5.4 – Solução aquosa dos poros ............................................................... 51 CAPITULO IV ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................................... 54 4.1 - Introdução ............................................................................................ 54 4.2 - Análise dos resultados de resistência à compressão .......................... 55 4.3 – Análise dos resultados de penetração de cloreto ............................... 63 4.3.1 – Análise da penetração média de cloretos............ ............................ 68 4.3.2 - Análise da penetração total de cloretos para resistência de 40 MPa, aos 91 dias.................................................................................................. 71 4.3.3 - Análise da penetração total de cloretos para resistência de 55 MPa, aos 91 dias ................................................................................................ 73 4.3.4 – Relação Cl-/OH-. ............................................................................... 79 4.4- Análise dos resultados da solução aquosa dos poros ...........................80 4.5 -Integração dos resultados ..................................................................... 84 8 4.5.1 - Resistência à compressão versus penetração de cloreto ..................84 4.5.2 - Penetração de cloreto versus cloretos retidos................................... 86 4.5.3 – Penetração de cloretos versus solução aquosa dos poros................87 CONCLUSÃO .............................................................................................. 89 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS .............................................................. 93 9 LISTA DE TABELAS TABELA 1.1 – Teor limite de cloretos (Andrade, 1992 citado por Forte, 1995)........................................................................................8 TABELA 3.1 – Características físico/químicas do cimento...........................38 TABELA 3.2 – Características físicas das pozolanas.....................................38 TABELA 3.3 – Dados granulométricos do cimento e pozolanas...................39 TABELA 3.4 – Composição química do cimento e pozolanas.......................39 TABELA 3.5 – Denominação, teor de pozolana e cal para as diferentes misturas investigadas.............................................................41 TABELA 3.6 – Características físicas dos agregados miúdo e graúdo....................................................................................44 TABELA 3.7 – Quantidade de material utilizado por m3 de concreto..................................................................................46 TABELA 3.8 – Idades de ensaio e tamanho dos corpos de prova.................48 TABELA 3.9 – Condutividade equivalente de íons aquosos numa concentração infinita em 250C...............................................53 TABELA 4.1 – Resistência à compressão e índice médio de resistência aos 28 e 91 dias......................................................................56 TABELA 4.2 – Constantes de Abrams para os resultados de resistência à compressão aos 28 e 91 dias..................................................59 10 TABELA 4.3 – Relação água/aglomerante e consumo de cimento para igualdade de resistência de 40 MPa, aos 91 dias.........................................................................................61 TABELA 4.4 – Relação água/aglomerante e consumo de cimento para igualdade de resistência de 55 MPa, aos 91 dias.........................................................................................61 TABELA 4.5 – Penetração total e índice médio de penetração de cloretos...................................................................................64 TABELA 4.6 – Penetração de cloretos em concretos baseado nos resultados obtidos no teste da ASTM C 1202........................67 TABELA 4.7 – Constantes de Abrams para os resultados de penetração de cloretos aos 28 e 91 dias...................................................67 TABELA 4.8 – Penetração de cloretos total para igualdade de resistência de 40 MPa, aos 91 dias...............................................................72 TABELA 4.9 – Penetração de cloretos total para igualdade de resistência de 55 MPa, aos 91 dias...............................................................75 TABELA 4.10 – Alcalinidade, teor de cloreto retido e relação iônica Cl-/OH, aos 91 dias........................................................................75 TABELA 4.11 – Análise da solução aquosa dos poros, para relação a/ag 0,55, aos 91 dias.................................................................... 81 TABELA 4.12 – Na2Oeq, relação condutividade e a/ag condutividade relativa 0,55, aos para 91 dias........................................................................................ 82 11 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1.1 – Corrosão do aço induzida por cloretos. (HANSSON, 1995, citado por HANSSON et al, 1998)........................................11 FIGURA 1.2 – Taxa de corrosão do aço em função do tempo de vida útil da estrutura. (ANDRADE, 1992 citado por FORTES, 1995)......................................................................................12 FIGURA 3.1 – Difração de raio X da cinza de casca de arroz.......................................................................................42 FIGURA 4.1 – Resistência à compressão versus relação água/aglomerante, aos 28 dias...............................................58 FIGURA 4.2 – Resistência à compressão versus relação água/aglomerante, aos 91 dias...............................................59 FIGURA 4.3 – Consumo de cimento para resistência à compressão de 40 MPa, aos 91 dias....................................................................62 FIGURA 4.4 – Consumo de cimento para resistência à compressão de 55 MPa, aos 91 dias....................................................................62 FIGURA 4.5 – Penetração de cloretos versus relação a/ag, aos 28 dias, para as diferentes misturas.................................................................65 FIGURA 4.6 – Penetração de cloretos versus relação a/ag, aos 91 dias, para as diferentes misturas.................................................................65 FIGURA 4.7 – Índice médio de penetração de cloretos, aos 28 e 91 dias.........................................................................................70 12 FIGURA 4.8 – Penetração total de cloretos para igualdade de resistência de 40 MPa...................................................................................73 FIGURA 4.9 – Penetração total de cloretos para igualdade de resistência de 55 MPa...................................................................................74 FIGURA 4.10 – Teores de cloreto totais retidos no concreto.........................77 FIGURA 4.11 – pH das misturas investigadas ..............................................81 FIGURA 4.12– Condutividade específica, em ohm-1, para relação a/ag 0,55, aos 91 dias....................................................................82 FIGURA 4.13 – Condutividade específica, em %, para relação a/ag 0,55, aos 91 dias....................................................................................83 FIGURA 4.14 – Correlação entre penetração de cloretos e resistência à compressão em igualdade de relação a/ag, aos 91 dias.........................................................................................84 FIGURA 4.15 – Penetração de cloretos em igualdade de resistência à compressão, aos 91 dias.........................................................85 FIGURA 4.16 – Correlação entre penetração de cloretos, em Coulombs, e o teor de cloretos totais retidos, para as misturas sem adição de cal hidratada...........................................................................86 FIGURA 4.17 – Correlação entre condutividade específica e penetração de íons cloretos, aos 91 dias, sem adição de cal hidratada.................................................................................87 FIGURA 4.18 – Correlação entre condutividade específica e penetração de íons cloretos, aos 91 dias, com adição de cal hidratada.................................................................................88 13 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS a/ag - Relação água/aglomerante (cimento + pozolana), em massa a/c - Relação água/cimento, em massa ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ARI – Cimento Portland de alta resistência inicial BaCl2 – Sulfato de bário BaSO4 – Cloreto de bário C3A – Aluminato tricálcico C3S – Silicato tricálcico C/S – Relação cálcio/sílica Ca2+ - Íons cálcio CA – Cinza de casca de arroz CaO – Óxido de cálcio CaSO4 – Sulfato de cálcio CCA – Cinza de casca de arroz CH – Hidróxido de cálcio Cl – Íons cloreto Cl- - Íons cloreto Cl-/OH- - Relação iônica entre cloretos e hidroxilas CO2 – Anidrido carbônico ou dióxido de carbono CP – Cimento portland C-S-H – Silicatos de cálcio hidratados Cu – Penetração unitária de cloretos 14 CV – Cinza volante D10 – Diâmetro (µm) abaixo do qual encontram-se 10% das partículas D50 – Diâmetro (µm) abaixo do qual encontram-se 50% das partículas D90 – Diâmetro (µm) abaixo do qual encontram-se 90% das partículas fc – Resistência à compressão, em MPa Fe2+ – Íons ferro H – Moléculas de água (H2O) HCl – Ácido clorídrico IC – Índice de penetração média de cloretos ICu – Índice de penetração unitária de cloreos K+ - Íons potássio Na+ - Íons sódio NaCl – Cloreto de sódio Na2O – Óxido de sódio Na2Oeq – Equivalente alcalino em sódio NaOH – Hidróxido de sódio O2 – Oxigênio OH- - Íons hidroxila ou hidroxila pH – Potencial de hidrogênio ou hidrogeniônico REF – Concreto de referência, sem adição mineral SiO2 – Dióxido de silício SO42- - Óxido de enxofre UR – Umidade relativa do ar φ - Diâmetro 15 CAPÍTULO I – COROSÃO DAS ARMADURAS POR CLORETOS, MECANISMO DE PENETRAÇÃO 1.1 – INTRODUÇÃO O concreto é um material caracterizado por apresentar bom comportamento quando submetido a esforços de compressão. Entretanto, é baixa sua resistência à tração, sendo, por isso, associado ao aço, constituindo o concreto armado. O concreto e o aço são materiais de construção compatíveis, não apresentando problemas quanto à dilatação térmica e são largamente utilizados na construção civil. As armaduras de aço, estando em contato com o ar atmosférico e a umidade, voltam ao seu estado original, sofrendo corrosão metálica, que é a transformação de materiais metálicos, pela ação química ou eletroquímica do meio-ambiente. (AMPADU et al, 1999). O concreto protege a armadura sob dois aspectos: o físico e o químico. Quanto à primeira proteção é devida à barreira física proporcionada pelo cobrimento sobre a armadura, cuja eficiência depende da qualidade e espessura do cobrimento de concreto; a proteção química resulta do elevado pH existente na solução aquosa dos poros do concreto, permitindo, assim, a formação de uma fina película protetora, conhecida como camada de passivação. 16 A destruição da camada passivadora pode ser devido à ação do dióxido de carbono (CO2) ou íons cloreto (Cl-), sendo que a presença simultânea de oxigênio e umidade, resulta no processo de corrosão da armadura. 1.2 – CORROSÃO DA ARMADURA POR CLORETOS A vida útil de projeto entende-se pelo período de tempo no qual se mantém as características das estruturas de concreto, sem exigir medidas extras de manutenção e reparo, isto é, após esse período que começa a efetiva deterioração da estrutura. A vida útil pode ser modificada pela ação de agentes agressivos, principalmente os íons cloretos, que provém tanto do meio externo, como podem estar presentes no seio do concreto, oriundos da água de amassamento, agregados ou de aditivos a base de cloretos. Outro agente agressivo é o CO2, responsável pela carbonatação do concreto, que causa uma diminuição da alcalinidade do concreto. Conforme WEE et al (2000), a resistência à compressão e relação a/ag são convencionalmente empregadas para descrever a qualidade do concreto. Atualmente são feitas identificações e avaliações independentes das propriedades que devem ser consideradas em estruturas expostas a ambientes marinhos. Permeabilidade a cloretos do concreto é uma propriedade intrínseca que precisa para ser avaliado, especialmente em construções de estruturas que podem estar expostas a meio-ambiente marinho. A corrosão, que é induzida 17 por cloretos, em concreto armado, é a maior causa de deterioração prematura e degradação de estruturas de concreto. Segundo AL-MOUDI & MASLEHUDDIN (1993), o concreto protege a armadura fisicamente graças a impermeabilidade da estrutura, com o retardo de ingresso de agentes agressivos para o interior da estrutura. A proteção química é proveniente do elevado pH na solução aquosa dos poros, que forma um tênue filme de proteção, conhecido como camada de passivação. Sua integridade e qualidade de proteção depende da alcalinidade (pH). Bem hidratado o cimento Portland contém de 15 a 30 % de hidróxido de cálcio e outros álcalis, usualmente encontrados na solução dos poros, cujo pH está entre 13 e 13,5. Os poros do concreto de pequenas dimensões são ocupados pela fase aquosa do concreto, contendo componentes iônicos, como OH-, Na+, Ca2+,K+ e SO4 2-. De acordo com NEVILLE (1997), a camada de passivação na superfície do aço se forma logo após o início da hidratação do cimento, consiste de γFe2O3, firmemente aderente ao aço. Enquanto esta película de óxido estiver presente, o aço permanece intacto. AL MOUDI E MASLEHUDDIN (1993) afirmam que a corrosão das armaduras é devido, principalmente aos íons cloretos, e que as condições agressivas do meio-ambiente, caracterizadas por elevadas temperaturas, variação de umidade e presença de íons agressivos como sais de cloreto e sulfato, são entendidos como principais fatores contribuintes na deterioração da estrutura de concreto. Entretanto, a relação entre corrosão e concentração de cloretos no aço ainda não possui aceitação universal, AL MOUDI E MASLEHUDDIN (1993), JENSEN et al (1999). 18 A tabela 1.1 apresenta o teor limite de cloretos proposto pelas diversas normas. Segundo FORTES (1995), um valor médio aceito para o teor de cloreto é de 0,4% em relação à massa de cimento ou 0,05% a 0,1% em relação à massa do concreto. De acordo com a Norma Brasileira, NBR-6118, o máximo teor de cloretos é de 500mg/l, em relação à água de amassamento do concreto. Na América do Norte, segundo NEVILLE (1997), o teor de íons cloreto no concreto armado é fixado em 0,15% da massa de cimento. TABELA 1.1- Teor limite de cloretos (ANDRADE, 1992 citado por FORTES, 1995). Teor Limite de Cl− para Norma concreto armado (% em relação a Massa de Cimento) EH − 88 0,40 pr EN − 206 0,40 BS − 8110/85 0,20 − 0,40* ACI − 318/83 0,15 − 0,30 − 1,00** * O limite varia em função do tipo de cimento ** O limite varia em função da agressividade ambiental HANSSON et al (1998) cita que os cloretos contidos na solução dos poros não podem ser usados sozinhos para medir a taxa de corrosão. Assim, enquanto um teor de Cl- mínimo contido pode ser necessário para iniciar o 19 processo corrosivo, a taxa subsequente de corrosão é controlada por outros fatores, como resistividade, porosidade, pH, e disponibilidade de oxigênio. Parte dos cloretos combinam-se com o aluminato tricálcico (C3A) e formam principalmente o cloroaluminato de cálcio, conhecido por sal de Friedel (C3A.CaCl2.10H2O). Este sal se incorpora à fase sólida do cimento hidratado. Outra parte é fisicamente retida por adsorção à superfície dos poros de gel. Finalmente uma terceira parte fica dissolvida na fase aquosa dos poros, formando os cloretos livres, que penetram através do concreto, até alcançar a armadura, podendo desencadear o processo corrosivo (FORTES, 1995). A concentração de íons cloreto depende da concentração de outros íons presentes. Para um dado teor de íons cloreto, quanto maior a concentração de hidroxila (OH-), maior a quantidade de cloretos livres. Por esse motivo, considera-se que a relação Cl-/OH- influencia na evolução da corrosão, (NEVILLE,1997). Para THOMAS (1996), o risco de corrosão do aço aumenta com o aumento da relação Cl-/OH- presente na solução dos poros, sendo a relação crítica proposta de 0,61. O mecanismo de corrosão do aço, no concreto, só se desenvolve em presença de água, ou ambiente com umidade relativa elevada (U.R. > 60%). A corrosão só ocorre quando atendidas as seguintes condições básicas: existência de um eletrólito, deve existir uma diferença de potencial de eletrodo e presença de oxigênio.Assim, não há corrosão em concreto seco, nem tampouco em concreto totalmente saturado, devido não haver suficiente acesso de oxigênio. Para FORTES (1995), a corrosão é um processo desenvolvido de modo espontâneo como o de qualquer pilha eletroquímica onde existam um ânodo, 20 um cátodo, um eletrólito e a presença de um condutor elétrico. A ausência de um desses elementos impedirá o início da corrosão ou cessará o processo, caso já esteja em andamento. Segundo NEVILLE (1997), a corrosão pode ser descrita como segue. Quando existe uma diferença de potencial elétrico entre dois pontos do aço no concreto, forma-se uma célula eletroquímica: com uma região anódica e uma região catódica ligadas pelo eletrólito na forma de água dos poros da pasta endurecida. Os íons Fe++, com carga elétrica positiva no ânodo passam para a solução, enquanto os elétrons livres,e- , com carga elétrica negativa, passam pelo aço para o cátodo, onde são absorvidos pelos constituintes do eletrólito e combinam com a água e oxigênio formando os íons de hidroxila, OH-. Estes íons se deslocam pelo eletrólito e combinam com os íons ferrosos formando hidróxido ferroso, que por outra oxidação se transformam em hidróxido férrico (ferrugem). As reações são as seguintes: Reações anódicas: Fe → Fe++ + 2 eFe++ + 2(OH)-→ Fe(OH)2 (hidróxido ferroso) 4Fe(OH)2 + 2H2O + O2 → 4 Fe (OH)3 (hidróxido férrico) Reações catódicas: 4 e- + O2 + 2 H2O → 4(OH-) A Figura 1.1 representa esquematicamente a corrosão do aço induzida por cloretos 21 Processo catódico redução do oxigênio 2e- + H2O + ½ O2 → 2 (OH)- Processo anódico Difusão de O2 através do concreto Água dos poros- eletrólito de dissolução do FIGURA 1.1 - Corrosão do aço induzida por cloretos (HANSSON,1995, citado por HANSSON et al,1998 ) O modelo de vida útil de estruturas de concreto armado proposto por TUUTTI (1982), consiste em duas fases, conforme mostra a Figura 1.2. A primeira fase corresponde ao tempo que os cloretos levam para penetrar no concreto em quantidade suficiente para despassivar a armadura. Este período depende da taxa de difusão dos íons cloreto, da diminuição dos cloretos ligados e a taxa de ingresso de íons cloreto. A segunda fase é o período de corrosão ativa e corresponde ao período de tempo em que os produtos da corrosão causam expansão e lascamento no concreto. A duração desse período é determinada pela taxa de corrosão e da capacidade do concreto em resistir as 22 forças internas causadas pelos produtos da corrosão. A taxa de corrosão depende da taxa de ingresso de oxigênio, da resistividade elétrica do concreto, das condições do meio ambiente. Grau de Corrosão Grau máximo aceitável de corrosão O 2 ,Temp., UR CO 2 , Cl - Iniciação Tempo Propagação vida útil tempo antes de reparar FIGURA 1.2- Taxa de corrosão do aço em função do tempo de vida útil da estrutura (ANDRADE, 1992, citado por FORTES, 1995) Para GENTIL (1987), a oxidação do aço ou ferrugem é acompanhada de um aumento de volume, que inicialmente gera microfissuras ou aumenta o número de microfissuras preexistentes presentes no recobrimento de concreto devido à cura inadequada. Estas microfissuras iniciais tornam a penetração de agente agressivo mais fácil, de tal forma a favorecer a corrosão do aço e finalmente leva ao lascamento do recobrimento de concreto. 23 AL-AMOUUDI & MASLEHUDDIN (1993) citam que os íons cloreto ativam a superfície do aço, formando o ânodo, sendo o cátodo a superfície passivada. As reações são as seguintes: Fe++ + 2 Cl- → FeCl2 FeCl2 + 2 H2O → Fe(OH)2 + 2 HCl HANSSON et al (1998) afirmam que a composição da solução aquosa dos poros em contato com a armadura é o principal responsável pela corrosão. Juntamente com a estrutura da pasta, estando relacionadas aos seguintes fatores: a) o Cl- contido e o pH da solução aquosa dos poros, controlam a agressividade química do ambiente do aço; b) a porosidade e distribuição do tamanho dos poros da pasta de cimento determinam a disponibilidade do meio corrosivo e c) a resistividade da pasta de cimento que determina a magnitude da corrosão fluindo de áreas anódicas, onde a corrosão está acontecendo, para as que permanecem passivas, áreas catódicas. DELAGRAVE (1996) relatou que o nível de pH da solução aquosa dos poros é o mais importante fator no controle da durabilidade das pastas de cimento sujeitas a ataques químicos. Este pode alterar a microestrutura e modificar a composição química das pastas. A porosidade total e a profundidade de descalcificação aumentam com a diminuição do nível de pH. 1.3 – MECANISMO DE PENETRAÇÃO DE ÍONS CLORETO 24 Os íons cloreto podem estar presentes no concreto tendo sido incorporados a mistura através de agregados contaminados, por água do mar ou água salobra, ou por aditivos a base de cloretos. Contudo o problema do ataque por cloretos geralmente surge quando os íons se originam do meio. Isso pode ser causado por sais descongelantes, pela água do mar em contato com o concreto, ou depositado sobre sua superfície na forma de gotículas, NEVILLE(1997). SANSON et al (2000) afirmam que o concreto é um material poroso, tendo um esqueleto rígido (sólido) e a fase liquida (aquosa). A fase liquida possui uma elevada carga iônica contida na solução aquosa dos poros, devido à presença de íons. No estágio inicial da hidratação, pode-se considerar que a fase liquida esteja no estado metaestável do equilíbrio termodinâmico com a fase sólida. Durante a vida útil da estrutura de concreto, a composição química da fase aquosa dos poros pode ser modificada, devido à penetração de íons externos e/ ou a ativação de íons já presentes na solução dos poros. Segundo TANG (1999), em geral, os íons cloreto estão presentes no concreto sob duas formas: cloretos livres e cloretos ligados. Os cloretos totais contidos no concreto são a soma dos cloretos livres e cloretos ligados, sendo que os cloretos livres contidos na solução possuem mobilidade e podem contribuir na concentração e na condutividade. Para PAPADAKIS (2000), existe uma boa correlação entre o teor C3A contido e a capacidade ligante de cloretos. Ele determina que a capacidade de ligar cloretos é fator determinante na resistência ao ingresso de cloretos. Os íons cloretos podem ser transportados no concreto através dos seguintes mecanismos: absorção capilar, difusão, permeabilidade ou migração 25 de íons por ação de um campo elétrico. A cada um dos mecanismos e ações corresponde uma dimensão e distribuição ideal dos poros nos quais a penetração é maior. Os principais mecanismos de transporte de ions cloreto são a difusão e a migração. A difusão é o movimento de substâncias de zona de elevado gradiente de concentração para a zona de baixa concentração, enquanto migração é o carregamento de substâncias sobre a ação de um campo elétrico, TANG (1999). De acordo com DELAGRAVE (1996), os íons cloreto normalmente penetram no concreto por capilaridade ou difusão. Eles migram para o aço, destruindo a camada passivadora e podendo desencadear o processo corrosivo, podendo interagir com alguns hidratos da pasta de cimento. A lixiviação do cálcio tende a aumentar a porosidade, aumentando a difusão dos íons cloreto. O processo de difusão não depende somente da diferença de concentração entre a solução dos poros e a solução externa, mas também da microestrutura da pasta. O ingresso de íons cloreto diminui quando a porosidade é reduzida ou a tortuosidade do sistema de poros é aumentada. Assim, a composição e estrutura da pasta ou argamassa apresentam forte influência no ingresso de cloretos, JENSEN et al (1999). LI & ROY (2000) confirmam que a porosidade, diâmetro médio dos poros, e distribuição do tamanho dos poros nos materiais cimentícios são muito importantes para as características da microestrutura; influenciando uma série de propriedades dos materiais, como resistência à compressão, durabilidade e resistividade à difusão de íons. Essas propriedades são 26 essencialmente afetados pela finura, relação a/ag, composição química e reatividade das adições minerais. Para WEE et al (2000), o mecanismo de transporte dos íons cloretos é melhor entendido como um processo de migração iônica (eletrolítico). Durante a condução eletrolítica, a condutividade do fluido dos poros é o maior responsável pelo processo condutivo, sendo governado pela concentração dos vários íons dissolvidos nele. Os principais íons que participam do processo condutivo são Na+,K+,Ca2+ e OH-. Deste modo, além dos íons cloretos presentes no meio, os íons presentes na solução dos poros participam do processo iônico de migração. A condutividade do Na+(50,11Ω-1m2mol-1) e K+ (73,52Ω-1m2mol-1), na fase aquosa, são menores se comparados à condutividade dos íons cloreto (76,34 Ω-1m2mol-1). O papel dos íons Ca+ (59,50 Ω-1m2mol-1) durante o processo de migração acredita-se ser desprezível devido a sua baixa concentração na solução dos poros. Os íons OH- (198,30 Ω-1m2mol-1) possuem alta condutividade se comparado aos outros íons. Para Prince & Gagné (2001), a variação na concentração de OH- altera a condutividade e o pH na solução, sendo que o aumento na concentração de OH- aumenta a intensidade de corrente. HANSSON et al (1998) confirmam que o aumento na concentração iônica da solução dos poros aumenta a condutividade, diminuindo assim a resistividade elétrica do concreto. Segundo AMPADU et al (1999), a resistividade do concreto aumenta com o tempo de cura e com a diminuição da relação a/ag. DELAGRAVE (1996) afirma que a relação a/ag não causa efeito no processo de deterioração por ataque químico, mas influencia na cinética deste 27 processo. A redução da relação a/ag diminui a porosidade e causa um refinamento dos poros. Segundo NYAME (1985) apud KEARSLEY & WAINWRIGHT (2001), a adição de agregados a pasta, possuem duas influências sobre a permeabilidade: o volume de obstrução pode reduzir a permeabilidade, pois o agregado possui menor permeabilidade que a pasta; mas os efeitos da interface pasta agregado, por exemplo microfissuras, podem aumentar a permeabilidade. DELAGRAVE (1996) confirma que a presença de agregados tende a modificar a microestrutura da pasta de cimento na interface. A elevada porosidade e o aumento de portlandita contido na zona de transição, facilita o ingresso de agentes agressivos externos e aumenta a lixiviação do cálcio. Para NEVILLE (1995) apud KEARSLEY & WAINWRIGHT (2001), a permeabilidade do concreto dá indícios da facilidade com que os fluidos, gases e vapores penetram e se movem através deste e, por esta razão, é um bom indicativo da qualidade do mesmo. Segundo KEARSLEY & WAINWRIGHT (2001), se a porosidade é alta e os poros estão interconectados a permeabilidade também será alta, mas se os poros forem descontínuos a permeabilidade do concreto será baixa, apesar da porosidade ser alta. HANSON et al (1998) relatam que os fatores que podem afetar a corrosão induzida por cloretos são: a) a taxa de ingresso de cloretos do meioambiente; b) a concentração de cloretos que o aço pode tolerar, antes que ocorra a despassivação da armadura; c) resistividade elétrica do concreto e d) a composição química do eletrólito (solução aquosa dos poros). 28 CAPITULO II – EFEITOS DAS ADIÇÕES MINERAIS NA DURABILIDADE DO CONCRETO FRENTE A CLORETOS. 2.1 – Introdução A durabilidade do concreto é definida, de acordo com o Comitê 201 do ACI (American Concrete Institute), como a sua capacidade de resistir à ação de intempéries, ataques químicos, abrasão ou qualquer outro processo de deterioração. Pode ser definida também como a capacidade que a estrutura possui de manter suas características estruturais e funcionais originais, pelo tempo de vida útil esperado, nas condições de exposição para qual foi projetada. Uma forma de agregar ganhos econômicos e ecológicos é introduzir na composição do concreto uma ou mais adições minerais. As principais adições minerais utilizadas são a cinza volante, resíduo da queima do carvão, visto que entre 30% a 50% da massa de carvão produzido volta a cava sob forma de cinza; escória de alto forno, subproduto da fabricação do ferro gusa, representando 50% do produto final; e cinza de casca de arroz, representando 20% da produção de arroz. Estes resíduos possuem atividade hidráulica (escória) e/ou pozolânica (cinza volante e cinza de casca de arroz) por serem de origem silico-aluminosa e mineralógicamente amorfos, reagindo com a água e cal, podendo assim ser incorporados ao cimento. 29 Segundo NEVILLE (1997), a pozolana é definida como um material silicoso ou sílico-aluminoso, que em si mesmo possui pouca ou nenhuma propriedade cimentante, mas numa forma finamente moída e na presença de umidade, reage quimicamente com hidróxido de cálcio, a temperatura ambiente, para formar compostos cimentantes. A utilização de pozolanas traz benefícios para diversas propriedades do concreto. Por se tratar de um material extremamente fino, sua adição proporciona um efeito físico através do tamponamento dos poros, diminuindo o volume de vazios, e um efeito químico, pela produção de C-S-H, através das reações pozolânicas. Contribui assim para uma menor porosidade, o que permite ganhos de resistência mecânica e proporciona um concreto com baixa permeabilidade, garantindo uma proteção à estrutura frente a agentes agressivos, que promovem a deterioração do concreto, ALVES (2000). Para MASLEHUDDIN et al (1990), existe uma crescente tendência, no mundo inteiro, pelo uso de adições minerais, principalmente, cinza volante, escória de alto forno e cinza de casca de arroz. Esses materiais foram inicialmente usados com o objetivo de preservação do meio-ambiente e diminuição do consumo de energia, mas tiveram evidência quando usados, pois promoveram durabilidade ao concreto. ROY (1986) apud MASLEHUDDIN et al (1990) relatam que a baixa capacidade de difusão de íons cloreto em concretos com a adição de pozolanas pode ser devido à baixa concentração de íons hidroxila na solução dos poros. A difusão de íons cloreto no concreto é fortemente influenciada pelo tipo de cimento e, tipo e proporção de pozolanas utilizadas. MASLEHUDDIN et al (1990) observaram, em misturas com 20% de cinza volante e 60% de escória 30 de alto forno, menor penetração de cloretos e creditaram esse fato à diminuição da penetração devido ao refinamento dos poros. MANGAT & MOLLOY (1991), ao substituírem o cimento por 15%, 20% e 25% de cinza volante e 20%, 40% e 60% de escória de alto forno, verificaram que o uso dessas adições minerais no concreto influenciam na taxa de corrosão, modificando a concentração de Cl- e a alcalinidade, ou seja, a concentração de OH- na solução dos poros. A taxa de corrosão foi significativamente reduzida para o teor de substituição de 60% de escória de alto forno. Observaram também que a resistividade do concreto aumenta com o aumento no teor de substituição das adições minerais. WEE et al (2000) realizaram ensaios com várias proporções e finuras de escória de alto forno e concluíram que a carga passante em concretos com esta adição diminui exponencialmente devido ao aumento da resistividade elétrica da mistura. A carga passante é controlada pela microestrutura e condutividade do fluido dos poros (especialmente íons OH-). Para adições de até 70% de escória de alto forno a resistividade elétrica aumenta, ou seja, diminui a permeabilidade a cloretos. Essa diminuição pode ser atribuída à densificação da microestrutura e diminuição da condutividade do fluido dos poros. Investigando misturas com teor de substituição de 20% e 40% de cinza volante, AMPADU et al (1999) verificaram significativa redução no coeficiente de difusão de íons cloreto, principalmente com elevadas idades. Obtiveram melhor resultado para um teor de substituição de 40%. BABU & RAO (1995) citam que a cinza volante demonstra pouca eficiência para pequenas idades, pois age somente como agregado fino (efeito filer), entretanto, para maiores idades aumentam sua eficiência devido às reações pozolânicas. Para eles a eficiência da cinza volante depende de suas 31 características, físicas como forma, tamanho e distribuição das partículas, e químicas como composição química e mineralógica. ZHANG & MALHOTRA (1995) determinaram a penetração de cloretos aos 28 e 91 dias, em concretos compostos com 10% de cinza de casca de arroz, com relação a/ag 0,40. Aos 28 dias, observaram que o concreto de referência apresentou carga passante de 2175 C, enquanto que a mistura contendo cinza de casca de arroz apresentou 875 C. Aos 91 dias o concreto com cinza de casca de arroz apresentou carga passante de 360 C, inferior ao concreto de referência, 1975 C. Concluíram, portanto, que a cinza de casca de arroz apresenta excelente resistência à penetração de íons cloreto, com carga passante em Coulomb menor que 1000, tanto aos 28 como aos 91 dias. 2.2 – Efeitos das adições minerais na estrutura da pasta A estrutura dos poros, ou seja, a porosidade total, forma e distribuição de tamanho dos poros, são uma importante característica microestrutural, uma vez que influencia nas propriedades mecânicas, durabilidade e resistividade iônica. A diminuição da taxa de corrosão, em concretos com adição de pozolanas, é atribuída à diminuição da permeabilidade, que retarda o ingresso de agentes agressivos. A adição de pozolanas resulta na transformação de grandes poros em poros menores, causando um refinamento dos poros. Esse refinamento ocorre devido às reações pozolânicas, ou seja, a reação do 32 hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e a sílica amorfa, resultando em silicato de cálcio hidratado suplementar (C-S-H), de menor relação Ca/Si. Essa fase C-SH apresenta menor densidade que a primária, formada na hidratação do cimento, WEE et al (2000). As reações estão representadas a seguir: C3S + H → C-S-H (primário) + CH Pozolana + CH + H → C-S-H De acordo com METHA (1986) apud MASLEHUDDIN et al (1990), a ação das partículas de pozolanas aumenta a densidade da zona de transição por diversos mecanismos. Primeiro, a inclusão de finas partículas na mistura do concreto reduzem a porosidade. Segundo, as finas partículas servem de núcleos para a cristalização do hidróxido de cálcio, que ao invés de formar grandes cristais, formam numerosos pequenos cristais com orientação randômica. Terceiro, a reação química lenta que envolve a transformação de hidróxido de cálcio em silicato de cálcio hidratado. LI & ROY (1986),afirmam que a estrutura dos poros do concreto é essencialmente afetado pela finura, relação água/aglomerante, composição química e reatividade da pozolana. Com o aumento de substituição de cinza volante, a permeabilidade a cloretos é diminuída. WEE et al (2000) observaram que o volume de poros capilares diminuíram, devido à redução dos teores de Ca (OH)2 decorrente das reações pozolânicas. Como resultado a microestrutura do concerto se torna mais densa, tortuosa e descontínua se comparada a mistura somente com cimento. O efeito filer das partículas ultra-finas preenche os vazios da pasta e também a zona de transição pasta agregado, tornando a microestrutura mais densa. 33 JENSEN et al (1999) verificaram que a adição de pozolana gera uma redução na porosidade, e aumento na tortuosidade do sistema de poros, reduzindo a conectividade dos poros capilares, diminuindo com isso o coeficiente de difusão. Para KAWAMURA & TORRI (1989) apud AMPADU et al (1999), a adição de cinza volante no concreto torna a microestrutura mais densa, e consequentemente, promove uma maior proteção física às barras de aço do concreto. AMPADU et al (1999) obtiveram uma correlação entre a resistividade elétrica e o volume total de poros. Contudo o coeficiente de correlação diminui com o aumento da adição de cinza volante, sendo a resistividade elétrica inversamente proporcional ao volume total de poros. ROY (1989) verificou que elevadas substituições de cimento por escória de alto forno, além de influenciar nas propriedades do concreto fresco, promovem alterações importantes para a microestrutura da pasta, como a diminuição do tamanho e distribuição dos poros, diminuindo assim a permeabilidade e aumentando a durabilidade. Para PLANT & BILODEAU (1989), a incorporação de adições (cinza volante e escória) diminui a porosidade do sistema, resultando em redução da permeabilidade a íons cloreto. Concretos com adição de cinza volante (25%) e escória de alto forno(50%) são menos permeáveis a cloretos, se comparados com o concreto de referência, (28 dias). PANDEY & SHARMA (2000) observaram que aos 91 dias de idade, os concretos contendo escória de alto forno e cinza volante apresentaram menor volume total de poros. Esse refinamento deve-se às reações pozolânicas e acarretam um aumento da resistência à compressão. 34 De acordo com BACKER (1983) apud MASLEHUDDIN et al (1990), os concretos compostos com escória de alto forno apresentam menor penetração de cloretos do que os compostos com cinza volante. Isto porque a escória possui propriedades pozolânicas e hidráulicas, enquanto a cinza volante possui somente propriedades pozolânicas. HEIKAL et al (2000) verificaram que a adição de cal hidratada diminui a porosidade total, com a formação de uma estrutura mais densa, e acelera a taxa de hidratação do cimento. O efeito da adição de cal é de ordem física e química. Física, pois a finura do material funciona como filer, e química porque as reações com a fase aluminato produzem carboaluminato. As pozolanas reagem com a cal adicionada, formando C-S-H adicional, aumentando a resistência à compressão. 2.3 - Efeitos das adições minerais na composição da solução aquosa dos poros Para HUSSAIN et al (1996), em concretos normais livres de carbonatação e contaminação por cloretos, o aço permanece passivado devido à elevada alcalinidade da solução aquosa dos poros. Contudo, a passivação do aço é rompida quando há uma quantidade suficiente de cloretos na solução dos poros. A passivação depende também da concentração de OH- na solução dos poros. 35 WEE et al (2000) verificaram que a permeabilidade a cloretos do concreto depende basicamente de suas características microestruturais e da condutividade da solução aquosa dos poros. A concentração de OH- na solução dos poros depende do cimento contido na mistura e da alcalinidade, que depende do tipo e proporção da mistura utilizada no concreto. A influência do pH da solução aquosa dos poros na carga passante é governada pelo regime de cura e pelos íons OH- liberados das reações pozolânicas. PRINCE et al (1999), investigando os mecanismos que envolvem a penetração de cloretos no concreto, verificaram que a composição da solução aquosa dos poros tem grande influência. Os íons OH- contidos modificam notavelmente a intensidade da corrente, pois a mobilidade destes íons é aproximadamente duas vezes maior do que dos íons Cl-. Dois concretos com mesma relação a/ag podem ter diferentes medidas de intensidade de corrente, se suas composições forem diferentes. Para Prince & gagnéb (2001), a variação na concentração de OH- altera a condutividade e o pH da solução aquosa dos poros. O aumento na concentração de OH- gera um aumento na intensidade de corrente medida, e aceleram o processo de migração dos íons. Eles verificaram que não são somente os íons Na+, Cl- e OH- que participam do mecanismo de difusão, outros íons, principalmente Ca++ e SO4+, também participam do transporte de carga através do concreto. MEDHAT et al (2000) concluíram que ao se substituir parte do cimento por cinza volante, a concentração de álcalis (Na+ e K+) e íons hidroxila (OH-) na solução dos poros diminui significativamente. A magnitude desta redução depende de inúmeros fatores, incluindo a natureza da cinza volante, nível de substituição e idade. 36 HEIKAL et al (2000), ao adicionarem cal hidratada ao concreto com cimento pozolânico, verificaram que o aumento na adição de cal hidratada gera um aumento no teor de cal livre (Ca2+), ocasionando um aumento na condutividade. CERVO (2001), ao realizar ensaios em concretos com a adição de 25% e 50% de cinza volante e cinza de casca de arroz, 8% de sílica ativa, concluiu que essas adições reduzem a quantidade de Ca2+, Na+ ,K+, SO4+e OH- na solução dos poros se comparados à mistura de referência, porém sem diminuir o pH para valores menores que 12,8. Para cinza volante o aumento no teor de substituição de 25% para 50%, resultou numa diminuição dos valores de Na2+, K+e OH-. Nos concretos contendo cinza de casca de arroz, o aumento no teor de substituição apresentou um notável decréscimo na concentração de Na2+ e K+. Observou, também, que todas as misturas com adições minerais apresentaram menores valores de condutividade se relacionado à mistura de referência. Atribuiu este fato à diminuição no teor de álcalis na solução dos poros e às modificações na estrutura de poros das misturas aglomerantes, que tornam a estrutura mais densa, diminuindo assim a condutividade. Com o aumento no teor de substituição a condutividade também foi diminuída, devido ao maior consumo de CH, formando C-S-H adicional de menor relação C/S que fixam os álcalis, resultando numa menor quantidade desses íons livres na solução aquosa dos poros do concreto. 37 2.3 - Efeitos das adições minerais na relação Cl-/OH- e na retenção de cloretos Para HUSSAIN et al (1996) a relação Cl-/OH- depende da alcalinidade da solução dos poros, sendo que essa relação diminui com o aumento da alcalinidade da solução dos poros. MANGAT & MOLLOY (1991) concluíram que a concentração de cloretos (Cl-/OH-) na solução dos poros é o mais seguro indicativo de corrosão, especialmente quando compara concretos com diferentes tipos e quantidades de adições minerais. AMPADU et al (1999) concluiram que ao adicionar cinza volante ao concreto, uma parte dos cloretos irá se ligar a sua fase aluminato, formando sais de Friedel, e a concentração de cloretos livres na solução aquosa dos poros será diminuída, diminuindo a difusividade. Se comparado ao concreto de referência o aumento na adição de cinza volante aumenta a quantidade de sais de Friedel e diminui o Ca(OH)2 contido, pois este é consumido pelas reações pozolânicas, gerando a diminuição do pH da solução aquosa dos poros, e consequentemente diminuição da relação Cl- / OH-. DHIR et al (1997) concluíram que a cinza volante possui elevada capacidade de reter cloretos, imobilizando os íons, promovendo uma elevada resistência ao ingresso destes. Isso pode ser atribuído à elevada proporção de alumina, e possível natureza amorfa dessa alumina, induzindo um aumento de formação de sais de Friedel. Ensaios realizados com teores de cinza volante de 38 0, 17, 33, 50 e 67 % mostraram que a capacidade de reter cloretos aumenta 4 vezes em relação ao concreto de referência, com o aumento de até 50% de substituição. Acima desse nível a capacidade de reter cloretos diminui, devido à instabilidade dos sais de Friedel ao baixo pH da solução dos poros. Para THOMAS (1996), os sais de Friedel permanecem estáveis em soluções básicas (pH>12), mas se tornam instáveis para menores valores de pH, geralmente ocasionados pela carbonatação. HUSSAIN et al (1996) concluíram que o tempo para o início da corrosão do aço, em concretos expostos a ambientes agressivos, depende do C3A contido na pasta. O tempo para o início da corrosão aumenta com o aumento do C3A contido, pois há uma maior retenção de cloretos e conseqüentemente menos cloretos livres. Para WEE et al (2000), os sais de Friedel, produtos da reação dos íons cloreto com a fase aluminato do cimento e adições, tendem a se depositar nos grandes poros (>60 ηm), causando uma diminuição no tamanho dos poros, tornando-os descontínuos e tortuosos, consequentemente restringindo a penetração de cloretos através do concreto. Observaram também diminuição do pH da solução dos poros em concretos com elevados teores de escória de alto forno. A capacidade de reter cloretos é influenciada, entre outros fatores, pelos álcalis contidos que possuem efeito inibidor. Esse fator é obscurecido pela forte elevação na concentração de íons OH- na solução dos poros, causando a diminuição da relação Cl-/OH-, reduzindo o risco da corrosão. A capacidade de retenção de cloretos diminui com o aumento dos sulfatos contidos, pois ocorre uma competição entre os sulfatos e os cloretos para reagirem com o C3A, CSIZMANDIA (2001). 39 PAPADAKIS (2000) determinou a penetração de cloretos no concreto utilizando10%, 20% e 30% de cinza volante, com relação a/ag 0,50. Observou que todas as misturas utilizando substituição parcial de cimento por adições minerais apresentaram menor carga passante, e que a carga passante através das amostras foi inversamente proporcional ao teor de adição mineral. Observou, também, que as adições minerais aumentam a capacidade de retenção de cloretos, podendo ser atribuído à elevada quantidade de C-S-H contido, especialmente com baixa relação C/S, que pode ligar os íons Na+ e Cl-. Para ele a capacidade de reter cloretos é fator determinante da resistência ao ingresso de cloretos. THOMAS (1996) verificou que o uso de cinza volante aumenta a retenção de cloretos, reduzindo os cloretos livres na solução aquosa dos poros. Seu uso também reduz a alcalinidade do concreto e aumenta a relação Cl-/OHna solução dos poros se comparados ao concreto de referência. SANSON et al (2000) verificaram que a presença de íons cloreto na solução aquosa dos poros destrói as condições de equilíbrio termodinâmico, existente entre a solução dos poros e a pasta. Com o objetivo de restaurar esse equilíbrio, ocorrem reações de precipitação/dissolução. Um exemplo é a reação de dissolução do hidróxido de cálcio Ca(OH)2, é iniciada quando a hidratação da pasta de cimento na solução dos poros, inicialmente com pH 13,5, entra em contado com a solução externa de baixo pH. Os íons hidroxila na solução dos poros tendem a ser lixiviados do sistema de baixo potencial eletroquímico. Para reestabelecer o equilíbrio, o hidróxido de cálcio se dissolve, gerando íons Ca2+ e OH- na solução. Outro exemplo que pode ocorrer é a precipitação dos sais de Friedel. Numerosas estruturas de concreto estão expostas de certa forma a esta degradação química. 40 DELAGRAVE et al (1996) estudaram a degradação de pastas de cimento sujeitas a soluções do tipo agressiva com pH de 4,5 e 8,5. A principal causa de degradação das pastas utilizadas no estudo foi a lixiviação do cálcio. Ao longo do tempo surgiu uma parcial descalcificação em pastas de cimento endurecidas. Isso pode ser explicado pelo fato das pastas de cimento serem instáveis a níveis de pH menores que aproximadamente 13. As pastas sofreram maior deterioração quando imersas em nível de pH 4,5 do que em pH de 8,5. BUIL et al (1990) apud DELAGRAVE (1996) verificaram que a grandeza na qual as pastas de cimento podem ser descalcificadas não depende somente da solubilidade dos hidratos, mas também, da difusividade do cálcio. A reação química entre a solução dos poros e os hidratos é extremamente rápida com a difusividade do cálcio. 41 CAPÍTULO III – INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL 3.1 Introdução Cada vez mais se busca uma forma de diminuir o risco de corrosão nas armaduras do concreto armado pelo menor custo, ficando a cargo dos pesquisadores descobrir diferentes formas de atingir este objetivo. A investigação experimental proposta neste trabalho teve como foco ampliar o conhecimento de engenheiros e pesquisadores quanto à durabilidade das armaduras inseridas no concreto com elevados teores de adições minerais e adição de cal hidratada de origem externa, esta última com o objetivo de repor o hidróxido de cálcio, consumido pelas reações pozolânicas. Assim investiga-se a influência da adição de cal hidratada, em concretos com elevados teores de adições minerais, como, cinza volante, cinza de casca de arroz e escória de alto forno, sobre a penetração de íons cloreto e a composição da solução aquosa dos poros. Realizaram-se os ensaios de penetração de cloretos, segundo o método da ASTM C 1202 e o ensaio de solução aquosa dos poros através do método proposto por LONGUET et al (1973). Verificou-se, também, a quantidade de cloreto retido e o pH dos concretos submetidos ao ensaio de penetração de cloretos. Em paralelo a estes ensaios, foi realizado o ensaio de resistência à compressão de acordo com os métodos de ensaio NBR 5738 e 5739 para as diferentes misturas, possibilitando assim uma análise conjunta dos resultados. 42 Com o intuito comparativo, tornou-se necessário a investigação de um concreto sem adição, somente com cimento, sendo denominado concreto de referência, que serviu de parâmetro para os diferentes resultados obtidos quando utilizadas as pozolanas e/ou cal hidratada. Os teores de substituição de cimento por adição mineral foram, 50% para cinza volante e cinza de casca de arroz e 70% para escória de alto forno, nas misturas binárias. Para as misturas ternárias, 20% e 70% para cinza volante e escória de alto forno, respectivamente, e 50% e 20% para cinza volante e cinza de casca de arroz. Para cada mistura investigada, foi estudada outra com o mesmo teor de substituição de pozolana, porém com a adição da cal hidratada, totalizando assim onze misturas aglomerantes. Antes do início dos experimentos, tornou-se fundamental proceder uma investigação das características físicas e químicas de cada uma das adições minerais, cimento e cal hidratada. Neste capítulo são abordadas as caracterizações dos materiais constituintes dos concretos, as dosagens especificadas para os diferentes traços, os ensaios de laboratório e a coleta dos dados. 3.2 Metodologia da pesquisa Para se alcançar os objetivos propostos pela pesquisa, tornaram-se necessárias a definição e quantificação das variáveis utilizadas no experimento, sendo estas relacionadas a seguir: 43 As variáveis independentes inerentes à própria constituição do concreto, ou seja, as que determinam seu grau de compacidade ou relação sólido/espaço da pasta ao longo do tempo. São as seguintes: - Relação água/aglomerante (proporção de água em relação a quantidade de cimento + adição), em massa, igual a 0,35 ; 0,45 e 0,55. - Idade de ensaio: 28 e 91 dias para os ensaios de resistência à compressão e penetração de cloretos; 91 dias para determinação do pH, cloreto retido e solução aquosa dos poros. As variáveis intervenientes são aquelas que alteram o comportamento das variáveis independentes influindo, portanto, no resultado das variáveis dependentes. São aquelas que modificam as propriedades do material cimentício: - Tipo de adições minerais (utilizadas como substituição em massa de cimento): cinza volante; cinza de casca de arroz; escória de alto forno. Estas pozolanas foram escolhidas por serem as adições minerais mais abundantes e representativas da região sul do Brasil, com exceção da escória de alto forno, utilizadas em misturas binárias e ternárias. - Teor de adições minerais: Foram adotados limites superiores aos preconizados por normas ou recomendações. Assim nas misturas binárias contendo cinza volante e cinza de casca de arroz a substituição foi de 50% e para escória de alto forno 70%. Nas misturas ternárias para escória de alto forno e cinza volante os teores de substituição foram de 70% e 20%, respectivamente, e para cinza volante e cinza de casca de arroz 50% 44 e 20%, respectivamente. Cada mistura aglomerante adotada foi investigada com e sem a adição de cal hidratada. - Teor de cal hidratada: Foram adotadas quantidades iguais àquelas liberadas pelas reações de hidratação do cimento, presente na mistura de referência, determinadas em pesquisas realizadas anteriormente. c) Variáveis dependentes: são aquelas que dependem das variáveis independentes ou intervenientes, são as seguintes: - Características do concreto: resistência à compressão axial, resistência à penetração de íons cloreto, cloreto retido, alcalinidade da mistura - Características da pasta: solução aquosa dos poros. 3.3 Ensaios de caracterização dos materiais Para se alcançar o objetivo proposto pelo trabalho, determinar a influência da adição da cal hidratada em concretos com elevados teores de adições minerais, fez-se necessário coletar, preparar e caracterizar os materiais a serem utilizados. A seguir são apresentadas as características físicas e químicas dos materiais utilizados, seguindo os procedimentos normalizados pela ABNT ou normas estrangeiras. 45 3.3.1 Cimento Foi empregado um cimento com menor teor de adições existente região, Portland de alta resistência inicial, CPV - ARI, segundo EB 2 - NBR 5733, por este apresentar maior teor de clinquer em sua composição, disponibilizando a incorporação de teores mais elevados de adições minerais. Foram realizados os seguintes ensaios, cujos resultados constam nas tabelas 3.1 e 3.4. - Massa específica: NBR 6474; - Finura # 0,075 mm: NBR 11579; - Área específica: NBR 7224; - Área específica BET: ASTM D-3663; - Tempo de início e fim de pega: NBR 11581; - Resistência à compressão: NBR 7215; - Análise granulométrica à laser: CETEC; - Análise química: NBR 5743; 5744; 5745; 5747; 7227; 9203. TABELA 3.1 – Características físico/mecânicas do cimento Cimento CPV – ARI Resistência à compressão (MPa) – 1 dia 18,1 Resistência à compressão (MPa) – 3 dias 36 Resistência à compressão (MPa) – 7 dias 39 Resistência à compressão (MPa) – 28 dias 50,9 46 Massa específica (kg/m3) 3120 Finura # 0,075 mm 0,25 Área específica (m2/g) – BET 1,8 Tempo de início de pega (min) 160 Tempo de fim de pega (min) 195 TABELA 3.2 – Características físicas das pozolanas. Denominação Massa Específica Área (Kg/m3) Específica BET (m2/g) CV 2,24 350 CCA 2,09 2300 Área - Específica Blaine m2/kg - E 2,90 - 470 Cal 2,33 - 900 TABELA 3.3 – Dados granulométricos do cimento e pozolanas Material φ Partículas Médio % % entre % µm 3 e 30µ ≥ 50µ ≤ 3µ D10 D50 D90 CPV-ARI 11,38 25,89 70,38 - 1,06 8,33 24,39 CV 9,22 31,64 65,37 - 1,00 6,03 22,28 CCA 11,25 21,38 72,41 0,14 1,63 8,29 25,82 E 11,72 5,86 94,14 - 4,19 11,73 19,76 CAL 17,6 12,29 7,16 0,47 2,03 16,27 34,29 47 TABELA 3.4 – Composição química do cimento e pozolanas. Composição Química Teor em Massa % CPV – CV CCA E CAL ARI Perda ao 2,99 1,08 5,58 0,00 26,12 SiO2 19,33 63,69 90,47 34,98 0,87 Al2O3 4,74 26,33 0,89 13,06 0,37 Fe2O3 3,01 3,88 0,94 1,11 0,16 Cão 63,39 1,86 0,81 42,28 73,07 MgO 1,79 1,01 0,54 6,01 0,37 SO3 3,07 0,16 0,03 0,11 0,17 Na2O 0,07 0,13 0,06 0,17 - K2O 0,85 1,23 1,55 0,40 - Eq.alc. Na2O 0,63 0,94 1,08 0,43 - fogo 3.3.2 Pozolanas As pozolanas utilizadas tiveram procedências de cidades do Rio Grande do Sul. A cinza volante, obtida da queima do carvão mineral, foi proveniente de uma usina termelétrica situada no município de Candiota/RS, e a cinza de 48 casca de arroz, originada da queima da casca de arroz, foi fornecida por uma olaria da região de Santa Maria/RS. A escória de alto forno é proveniente de siderúrgica nacional, resfriada por processo úmido e moída na finura próxima a do cimento. A cinza volante e a cinza de casca de arroz foram moídas por uma hora em moinho de bolas de aço, e peneiradas na peneira # 0,075 mm para se transformar em cinza utilizável nas misturas. As pozolanas foram utilizadas em substituição parcial ao cimento, em massa. Para as misturas binárias compostas com cinza volante ou cinza de casca de arroz o teor de substituição foi de 50% e para escória de alto forno 70%. Para as misturas ternárias contendo escória de alto forno e cinza volante o teor de substituição foi de 70% e 20%, respectivamente, e para cinza volante e cinza de casca de arroz 50% e 20%, respectivamente. Cada mistura aglomerante adotada foi investigada com e sem a adição de cal hidratada. Assim, foram moldadas 6 misturas binárias, 4 misturas ternárias e uma mistura de referência, sem adição de pozolanas, totalizando 11 misturas aglomerantes. A tabela 3.5 apresenta as denominações dadas às diferentes misturas, relacionadas com as porcentagens de substituição por parte do cimento TABELA 3.5–Denominação, teor de pozolana e cal para as diferentes misturas investigadas. Série REF. A/Ag C C.V. l (%) (%) 0,35 100 0,45 100 0,55 100 C.C.A. CAL E (%) (%) (%) 49 V50 V50c A50 A50c E70 E70c VA52 VA52c VE27 VE27c 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 10 10 10 10 10 10 50 50 50 50 50 50 15 15 15 50 50 50 50 50 50 18 18 18 70 70 70 70 70 70 50 50 50 50 50 50 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 15 15 15 18 18 18 70 70 70 70 70 70 18 18 18 Os ensaios realizados com as pozolanas foram de acordo com as normas brasileiras e internacionais, como segue: - Massa específica: NBR 6474; - Área específica: NBR 7224; 50 - Análise química: NBR 5743; 5744; 5745; 5747; 7227 e 9203; - Análise granulométrica a laser: CETEC FIGURA 3.1 – Difração de raio X da cinza de casca de arroz 3.3.3 Cal hidratada. A cal hidratada utilizada foi uma cal calcítica hidratada de fornecedor nacional, cujas características químicas e físicas estão relacionadas nas tabelas 3.2 , 3.4 e 3.5. 3.3.4 Agregados 51 O agregado miúdo utilizado foi uma areia natural, quartzosa, procedente do rio Arenal, Santa Maria/RS, tendo sido lavada e peneirada na # 6,3 mm, seca e devidamente armazenada. O agregado graúdo empregado foi uma pedra britada de rocha diabásica, proveniente de Itaara/RS, apresentando dimensão máxima característica de 19 mm, sendo lavada e peneirada na # 19 mm, seca e armazenada. Foram determinadas as seguintes características dos agregados: - Massa específica do agregado miúdo: NBR 9776; - Massa unitária solta do agregado miúdo e graúdo: NBR 7251; - Composição granulométrica: NBR 7217; - Massa específica e absorção de água do agregado graúdo: NBR 9937; - Índice de forma pelo método do paquímetro: NBR 7809. A tabela 3.6 apresenta as características físicas dos agregados. 3.3.5 Superplastificante Os concretos com adições pozolânicas, dependendo do tipo e teor de substituição, necessitam de que sejam incorporados aditivos químicos às misturas para lhes conferirem uma trabalhabilidade mínima. Estes aditivos são classificados em plastificantes e superplastificantes ou superfluidificantes. Para este experimento foi utilizado um superplastificante de pega normal, à base de naftaleno, isento de cloretos, não cáustico, com teor de sólidos de 52 32,5%, densidade de 1,18 g/cm3 e pH de 7,68, de acordo com as prescrições da EB-1763 Tipo S. TABELA 3.6 – Características físicas dos agregados miúdo e graúdo. Peneiras (mm) 12,5 9,5 6,3 4,8 2,4 1,2 0,6 0,3 0,15 Módulo de finura Dimensão máxima – mm Massa específica – kg/dm3 Massa unitária – kg/dm3 Absorção de água - % Índice de forma Porcentagem Brita 1 23 75 99 100 100 100 100 100 100 6,75 19 Retida acumulada Areia média 1 11 31 52 79 100 2,74 4,8 2,5 2,6 1,26 1,65 2,82 3 0,5 - Para cada mistura aglomerante e relação a/ag investigada, foram realizados ensaios de trabalhabilidade para a obtenção dos teores iniciais de superplastificante. Estes valores serviram de parâmetro para as moldagens definitivas, as quais deveriam apresentar para os ensaios de determinação da 53 consistência pelo abatimento do tronco de cone (NBR 7223), valores entre 65±10 mm. A quantidade de aditivo por m3 está apresentada na tabela 3.7. 3.4 - Dosagem dos concretos Os concretos investigados foram dosados pelo método de substituição em massa do cimento por adições minerais e para a obtenção das curvas de Abrams de cada mistura individualmente, foi necessário um mínimo de três níveis de resistência. Fixou-se as relações a/ag em 0,35; 0,45 e 0,55, com proporções aglomerante : agregado de 1:3,0; 1:4,5 e 1:6,0 respectivamente. Utilizaram-se conceitos e procedimentos práticos propostos por HELENE e TERZIAN(1992) para o proporcionamento dos materiais. A porcentagem de argamassa, dada em massa de material seco, foi fixada em 53%, por ser o volume ótimo encontrado. Como a substituição em massa do cimento Portland por adições minerais de menores massas específicas resulta num aumento no volume de pasta e, consequentemente, argamassa, foram corrigidos os traços originais, diminuindo-se a quantidade de areia, ou seja, retirando-se o volume correspondente de agregado miúdo à medida que se aumentava o teor das adições. Este procedimento foi adotado para evitar que teores mais elevados aumentassem excessivamente o volume de argamassa seca e com isto, 54 também a demanda de água. O volume de argamassa de cada traço foi mantido constante para todas as misturas. Diferentemente do agregado miúdo, a quantidade de agregado graúdo foi mantida constante em 1.105 kg/m3, para todos os traços. Após a correção dos traços, da definição do teor de superplastificante e da quantidade de água a serem empregados, procedeu-se a moldagem dos corpos de prova, sendo 8 para os ensaios de compressão axial e 2 para os ensaios de permeabilidade a cloretos. A moldagem dos corpos de prova foi efetuada após atingidos os valores limites pré-fixados para o abatimento do tronco de cone. O adensamento dos CPs foi realizado em mesa vibratória, com os concretos sendo lançados nos moldes em três camadas sucessivas. No total foram moldadas 11 misturas, cada uma com 3 relações a/ag, totalizando 33 traços, sendo 3 misturas de referência e as outras 30, misturas com adição de pozolanas, com e sem a adição de cal. Na tabela 3.7 estão apresentadas as quantidades de material por m3 de concreto, que foram utilizadas na moldagem. TABELA 3.7 – Quantidade de material utilizado por m3 de concreto. Mistura a/ag REF V50 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 Aglom Cimento CV kg/m3 kg/m3 588 588 427 427 336 336 588 294 427 214 336 168 588 294 CCA Escória Aditivo kg/m3 kg/m3 kg/m3 (kg/m3) 0,6 ----294 6,5 214 3,0 168 2,0 294 24,9 Agreg. Miúdo kg/m3 658 818 910 559 746 853 559 55 V50c 0,45 0,55 427 336 214 168 214 168 10,9 5,9 746 853 TABELA 3.7 – Quantidade de material utilizado por m3 de concreto (continuação). Mistura a/ag A50 A50c E70 E70c VA52 VA52c VE27 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 Aglom Cimento CV Kg/m3 Kg/m3 588 294 427 214 336 168 588 294 427 214 336 168 588 176 427 128 336 101 588 176 427 128 336 101 588 176 427 128 336 101 588 176 427 128 336 101 588 59 427 43 336 34 CCA Escória Aditivo Kg/m3 Kg/m3 Kg/m3 (kg/m3) 294 64,2 214 24,4 168 11,0 294 103,4 214 42,8 168 21,6 411 3,1 299 1,8 235 1,4 411 9,9 299 6,7 235 3,5 294 118 27,9 214 85 11,6 168 67 6,3 294 118 66,1 214 85 29,9 168 67 16,2 118 411 3,3 85 299 1,0 67 235 --- Agreg. Miúdo Kg/m3 534 728 839 534 728 839 629 797 893 629 797 893 509 710 825 509 710 825 589 768 870 56 0,35 588 59 118 411 VE27c 0,45 427 43 85 299 0,55 336 34 67 235 Obs.: Quantidade de agregado graúdo: 1.14,50 kg/m3. 24,1 8,6 4,1 589 768 870 Abatimento do concreto 60 ± 15 mm. 3.4.1 Cura e preparação dos corpos-de-prova Os corpos-de-prova foram mantidos nos moldes durante 24 horas. Após este período foram desmoldados e conservados em câmara úmida com 23±2ºC e 95% de umidade relativa. Para os ensaios de resistência à compressão axial, estes permaneceram dentro desta câmara até a data do ensaio, sendo então capeados e rompidos conforme prescrições da NBR 5738 e 5739. Para os ensaios de penetração de cloretos, os corpos-de-prova permaneceram na câmara úmida até 2 dias antes da data de ensaio, quando, para cada uma das misturas investigadas e relações a/ag adotadas, os corposde-prova foram serrados com disco diamantado nas dimensões especificadas e colocados submersos em água até a data de ensaio (28 e 91 dias). As pastas moldadas para o ensaio de solução aquosa dos poros foram curadas imersas em água com cal até atingirem a idade de ensaio (91 dias). A tabela 3.8 apresenta as idades de ensaio e as dimensões dos corpos-deprova utilizados em cada ensaio. 57 TABELA 3.8 – Idades de ensaios e tamanho dos corpos de prova. Ensaio Idade Corpos de Prova Cronológica (cm) Permeabilidade a 28 e 91 dias φ9,5x5,1 cloretos Solução aquosa dos 91 dias φ4x8 poros Resistência à 28 e 91 dias φ10x20 compressão 3.5 - Sequência de ensaios Foram realizados ensaios com o concreto (penetração de cloretos, cloreto retido, pH e resistência à compressão), e com a pasta (solução aquosa dos poros). 3.5.1 Resistência à compressão Este ensaio foi realizado para determinar a resistência à compressão axial, que é uma das propriedades mais importantes do concreto. Os ensaios de resistência à compressão foram realizados segundo a NBR 5738 e NBR 5739, sendo moldados quatro corpos-de-prova cilíndricos de 10x20 cm para cada idade de ensaio, 28 e 91 dias. A resistência final adotada, para cada mistura e idade, foi a média aritmética dos resultados quando o desvio padrão 58 mostrou-se menor do que 5%. Optou-se pelo maior dos quatro valores, quando o desvio padrão foi superior a este percentual. 3.5.2 Penetração de cloretos Os ensaios de penetração de cloretos foram realizados conforme o método da ASTM C 1202/91. Neste ensaio a amostra de concreto foi fixada a duas células de acrílico preenchidas com uma solução preparada de 3% de NaCl e 0,3N de NaOH, onde é aplicado um potencial de 60V, e realizadas leituras durante seis horas de ensaio. Este método de ensaio avalia a resistência à penetração de cloretos através de uma relação com a condutância elétrica em corpos-de-prova de concreto, sendo utilizável para a avaliação de materiais, dosagens e desempenho. Para este ensaio foram moldados corpos-de-prova com dimensões de 95x150mm sendo posteriormente cortados com serra diamantada nas dimensões normalizadas pelo ensaio (95x51mm). Para cada uma das 11 misturas aglomerantes investigadas e relações água/aglomerante adotadas (0,35; 0,45 e 0,55) foram ensaiados dois exemplares nas idades de 28 e 91 dias, adotando-se a média aritmética como valor representativo, desde que satisfeitas as prescrições de norma quanto à diferença nestes resultados. 59 3.5.3 Relação iônica Cl-/OH- A determinação da quantidade de cloreto retido e pH foi realizada com os corpos-de-provas curados por 91 dias e submetidos ao ensaio de penetração de íons cloreto, onde se coletou amostra da face de concreto que esteve em contato com a solução de cloreto de sódio, na profundidade de 0 – 1,5 cm. A coleta do pó de concreto seguiu as recomendações da norma ASTM C 1152/92, utilizando-se perfuratriz com broca de vídia de 16 mm de diâmetro, perfurando-se pelo menos 8 furos. Após recolhido, o material foi peneirado na #100, sendo então separadas as quantidades necessárias para o ensaio de teor de cloreto retido e pH. A quantidade total de cloreto retido ao concreto por migração induzida por corrente elétrica, segundo a ASTM C 1202, foi realizada por titulação potenciométrica de cloreto com nitrato de prata, segundo a seção 19 da norma ASTM C 114. O teor de cloreto retido por kg de cimento foi determinado conforme a ASTM C 1152. A determinação do pH seguiu as diretrizes de AL-AMOUDI et al. (1991), suspendendo-se 50 g de pó com 50 ml de água destilada, mantendo-se a suspensão em agitação por 30 minutos em agitador mecânico, seguido de uma hora de repouso. A determinação do pH foi realizada logo após com eletrodo combinado, executando-se leituras da amostra. 3.5.4 Solução aquosa dos poros 60 A extração da solução aquosa dos poros foi realizada em equipamento similar àquele proposto por LONGUET e colaboradores (1973) e BARNEYBACK e DIAMOND (1981). Para cada mistura analisada foram moldados corpos de prova-de-pasta de φ40x80mm com relação água/aglomerante 0,50, sendo ensaiadas aos 91 dias de idade. Durante o ensaio a solução foi coletada em seringa descartável estéril. A concentração dos íons Na+, K+, e Ca2+ foi determinada através de ensaio de espectroscopia de absorção atômica. A concentração dos íons OH- foi determinada através de titulação direta com HCl. Os valores de pH da solução dos poros foram calculados a partir das concentrações de íons hidroxilas. A concentração de íons SO42- foi determinada indiretamente pela precipitação de BaSO4 em uma solução contendo BaCl2 em excesso. Para o cálculo da condutividade específica da solução dos poros do concreto utilizaram-se as equações propostas por SHI et al (1998): ρ = ρágua + ∑ CI λi / 1000 (1) onde: ρ = condutividade elétrica da solução aquosa; ρágua = condutividade elétrica da água; CI = concentração equivalente do íon iI; λi = condutividade equivalente do íon i. 61 sendo que: λi = λi,0 – Ai√Ci (2) onde λi,0 é a condutividade equivalente a concentração infinita. A constante Ai da equação é determinada teoricamente por: Ai = 0,2289 λi 0 + 60,12 (3) A tabela 3.9 apresenta os valores de λi,0 dos íons presentes na solução dos poros do concreto. TABELA 3.9- Condutividade equivalente de íons aquosos numa concentração infinita em 25°C, SHI et al (1998). Íon Na+ K+ Ca2+ SO42OHCondutividade 0,00501 0,00735 0,00595 0,00798 0,0198 equivalente 2 -1 -1 M .equiv. .ohm 62 CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Introdução Os ensaios foram realizados, similar e independentemente, nas onze misturas investigadas de modo a permitir a análise comparativa dos resultados observando-se os comportamentos dos diferentes aglomerantes. A mistura sem adições minerais denominada referência serviu de parâmetro para a verificação das propriedades das misturas investigadas. Inicialmente, foi analisada a resistência à compressão e penetração de cloretos de cada mistura, em uma igualdade de relações a/ag, pré-fixadas em 0,35; 0,45 e 0,55. Assim, comparou-se as misturas investigadas com a referência. A seguir as misturas foram analisadas entre si, ou seja, com e sem a adição da cal. Numa segunda etapa, os resultados foram analisados para igualdade de resistência de 40 MPa e 55 MPa, comparando-se os valores entre sí e em relação a mistura de referência. Foram realizados ensaios para a determinação dos cloretos retidos e pH no concreto, para o cálculo da relação Cl-/OH- . Também foram realizados ensaios de solução aquosa dos poros, determinando-se os principais íons presentes nos poros dos concretos, a condutividade elétrica e condutividade elétrica relativa de cada mistura, o equivalente alcalino em sódio e o pH . 4.2 Análise dos resultados de resistência à compressão 63 Para a analise dos resultados de resistência à compressão axial, utilizouse interpretá-los através de tabelas e gráficos, com o objetivo de determinar o comportamento individual de cada mistura em relação a mistura de referência, também entre si, ou seja, as misturas com adições minerais com e sem adição de cal hidratada. Ao se substituir parte do cimento por adições minerais ocorrem alterações no comportamento mecânico e aspectos ligados a durabilidade do concreto, sobretudo ao se adicionar cal hidratada a essas misturas aglomerantes. O comportamento diferenciado deve-se as características físicoquímicas e mineralógicas dessas adições. O desenvolvimento da resistência a compressão é devido as reações entre o Ca(OH)2, produto da hidratação do cimento, e a sílica amorfa presente nas adições minerais, formando C-S-H, com menor densidade do que o formado na hidratação do cimento. A cal hidratada é adicionada com o objetivo de repor o Ca(OH)2, consumido pelas reações pozolânicas. Na tabela 4.1 estão apresentados os resultados de resistência a compressão, para as idades de 28 e 91 dias, e os valores de índice médio de resistência a compressão de cada mistura aglomerante, que corresponde a média das relações entre os valores de resistência a compressão das misturas aglomerantes investigadas divididos pela resistência a compressão obtida pelas misturas de referência em igual relação água/aglomerante. TABELA 4.1 – Resistência à compressão e índice médio de resistência aos 28 e 91 dias. 64 Relação Mistura REF V50 V50c A50 A50c E70 E70C VA52 VA52c VE27 VE27c A/agl 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 Resist. Ifc Resist. Ifc (MPa) médio (MPa) médio 28 dias 53,9 39,4 1,00 28,8 40,8 29,5 0,75 21,3 54,8 39,4 1,00 28,3 68,0 50,4 1,25 35,2 74,0 54,0 1,32 37,3 43,4 34,9 0,89 28,1 51,1 40,9 1,04 32,8 40,2 29,6 0,75 21,7 49,8 39,5 1,00 31,3 35,8 23,5 0,60 15,4 46,3 31,7 0,81 21,7 91 dias 72,4 51,8 1,00 46,1 59,1 30,5 0,65 25,4 78,6 53,0 0,95 34,1 80,2 51,9 0,99 40,3 79,6 59,4 1,03 39,3 49,1 39,1 0,71 32,6 59,3 42,7 0,81 36,1 55,7 37,8 0,69 26,9 65,0 49,9 0,88 35,7 46,1 33,1 0,57 20,0 49,1 39,8 0,67 26,4 65 Dentre as misturas binárias aquelas compostas com cinza de casca de arroz, em teores de substituição em massa de 50% (A50), foi a que apresentou maiores valores de resistência a compressão, aos 28 e 91 dias. Esse comportamento deve-se a maior finura e teor de sílica desta adição, apresentando valores de índice médio de resistência superior à da mistura de referência. Aquelas compostas com 70 % de escória de alto forno (E70), e 50% de cinza volante (V50), apresentaram valores de índice médio de resistência inferior à da mistura de referência. Nas misturas ternárias, a que apresentou maior resistência à compressão, aos 28 e 91 dias, foi a mistura contendo 50% de cinza volante e 20% de cinza de casca de arroz (VA52), seguida pela mistura contendo 20% de cinza volante e 70% de escória de alto forno (VE72). Estas apresentaram valores de índice médio de resistência inferiores à da mistura de referência. Para a idade de 28 dias, todas as misturas binárias com adição de cal hidratada apresentaram valores de índice médio de resistência superiores à da mistura de referência, exceto a mistura contendo cinza volante que apresentou igual valor. Atribui-se este resultado as reações entre a pozolana e o hidróxido de cálcio de origem externa, como também do efeito filler. Aos 91 dias de idade, das misturas binárias com adição de cal, somente aquela contendo 50% de cinza de casca de arroz (A50c), apresentou valores de índice médio de resistência superiores à da mistura de referência. Para as duas idades ensaiadas, as misturas ternárias com a adição de cal hidratada apresentaram valores de índice médio de resistência inferiores à da mistura de referência, sendo que a mistura contendo 50% de cinza volante e 20% de cinza de casca de arroz (VA52c), apresentou melhor desempenho. 66 A adição de cal hidratada a concretos com elevados teores de adições minerais, remetem a maiores valores de resistência a compressão, devido a efeitos físico e químico. Físico pois a finura do material funciona como efeito filer e químico pois as reações com a fase aluminato formam carboaluminato, tornando a estrutura mais densa e diminuindo assim a porosidade, HEIKAL et al (2000). Nas figuras 4.1 e 4.2 são apresentados em gráfico de barras o desenvolvimento da resistência à compressão com as relações a/ag adotadas, para a idade de 28 e 91 dias. Constata-se que a resistência mais elevada é obtida para a mistura composta com cinza de casca de arroz, pois esta 80 70 60 50 40 30 20 0,35 0,45 0,55 VE27C VE27 VA52C VA52 E70C E70 A50C A50 V50C 0 V50 10 REF Resistência à compressão (MPa) promove um maior refinamento dos poros. FIGURA 4.1 - Resistência à compressão versus relação água/aglomerante aos 28 dias. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 FIGURA 4.2 – Resistência à compressão água/aglomerante aos 91 dias. VE27C VE27 VA52C VA52 E70C E70 A50C A50 V50C V50 0,35 0,45 0,55 REF Resistência à compressão (MPa) 67 versus relação TABELA 4.2 – Constantes de Abrams para os resultados de resistência a compressão aos 28 e 91 dias. Idade Mistura 28 dias 91 dias A REF - 35 REF - 45 REF - 55 V50 - 35 V50 - 45 V50 - 55 V50c - 35 V50c - 45 V50c - 55 A50 - 35 A50 - 45 A50 - 55 A50c - 35 A50c - 45 A50c - 55 B R A B R 161,4114 22,960502 0,996 153,9746 9,566322 0,9502 127,2776 25,787117 0,995 239,3901 68,236394 0,9277 174,2173 27,225171 0,995 341,4252 65,089276 0,9962 217,3959 26,904852 0,999 260,2835 31,447472 0,9722 247,6688 30,733671 0,998 279,9754 34,260907 0,9999 68 TABELA 4.2 – Constantes de Abrams para os resultados de resistência a compressão aos 28 e 91 dias.(continuação) Idade Mistura 28 dias 91 dias A E70 – 35 E70 - 45 E70 - 55 E70c - 35 E70c - 45 E70c - 55 VA52 - 35 VA52 - 45 VA52 - 55 VA52c - 35 VA52c - 45 VA52c - 55 VE27 - 35 VE27 - 45 VE27 - 55 VE27c - 35 VE27c - 45 VE27c - 55 B R A B R 92,8474 8,788546 0,997 99,9505 7,786076 0,9927 110,9780 9,177730 0,997 138,1117 12,073839 0,9702 118,3405 21,818837 0,996 198,2823 38,380169 0,9905 112,2660 10,195887 0,997 187,4062 19,947524 0,9998 156,7253 67,890894 0,993 205,5586 65,819045 0,9999 174,4039 44,218732 0,994 149,9641 22,120539 0,9944 A tabela 4.2 apresenta os valores das constantes experimentais determinadas para as equações de Abrams, para os resultados de resistência a compressão axial aos 28 e 91 dias. Nas tabelas 4.3 e 4.4, encontram-se os valores de relação a/ag e consumo de cimento em igualdade de resistência de 40 e 55 MPa, respectivamente. Para um mesmo nível de resistência de 40 MPa, as relações a/ag variam de 0,60 (REF) a 0,39 (VE72). 69 Para o nível de resistência de 55 MPa, as mesmas misturas apresentaram menores relações a/ag, sendo para a REF de 0,46 e E70 de 0,29. TABELA 4.3 – Relação água/aglomerante e consumo de cimento para igualdade de resistência de 40 MPa, aos 91dias. a/ag Consumo Consumo Mistura 40 MPa Aglomerante Cimento REF 0,60 291 291 V50 0,42 473 237 V50c 0,51 367 184 A50 0,54 338 169 A50c 0,55 331 166 E70 0,45 443 133 E70c 0,50 384 115 VA52 0,44 452 136 VA52c 0,52 365 110 VE27 0,39 520 52 VE27c 0,43 471 47 70 TABELA 4.4 – Relação água/aglomerante e consumo de cimento para igualdade de resistência de 55 MPa, aos 91 dias. A/ag Consumo Consumo Mistura 55 MPa Agolmerante Cimento 0,46 0,35 0,44 0,45 0,46 0,29 0,37 0,35 0,41 0,31 0,32 431 584 455 438 426 682 548 576 490 641 625 431 292 227 219 213 205 164 173 147 64 63 450 400 350 300 250 200 150 100 50 VE27c VE27 VA52c VA52 E70c E70 A50c A50 V50c V50 0 REF Consumo de cimento (Kg/m3) REF 50 50c A50 A50c E70 E70c A52 A52c VE27 VE27c FIGURA 4.3 – Consumo de cimento para resistência de 40 MPa 450 400 350 300 250 200 150 100 50 VE27c VE27 VA52c VA52 E70c E70 A50c A50 V50c V50 0 REF Consumo de cimento (Kg/m3) 71 FIGURA 4.4 – Consumo de cimento para resistência de 55 MPa Observa-se da tabela 4.3 que os consumos de cimento para as misturas com adições minerais sem cal, para o nível de resistência de 40 MPa, situaram-se na faixa de 133 a 237 kg/m3 nas misturas binárias e 52 a 136 kg/m3 para as ternárias. Com a adição de cal hidratada os valores variaram de 115 a 184 kg/m3 e 47 a 110 kg/m3 respectivamente para as misturas binárias e ternárias, enquanto que para a mistura de referência foi de 291 kg/m3 . Para o nível de resistência de 55 MPa aos 91 dias, nas misturas binárias e ternárias sem adição de cal, o consumo de cimento variou de 205 a 292 kg/m3 e 64 a 173 kg/m3 respectivamente. Com a adição de cal a variação foi de 164 a 227 kg/m3 e 63 a 147 kg/m3 na mesma ordem, enquanto que para a mistura de referência foi de 431 kg/m3, tabela 4.4. As figuras 4.3 e 4.4 ilustram os valores de consumo de cimento para resistência de 40 e 55 MPa, respectivamente, para as misturas investigadas. 72 4.3 Análise dos resultados de penetração de cloretos Os resultados de penetração de íons cloretos total e índice médio de penetração, em Coulombs, das diferentes misturas aglomerantes investigadas são apresentados na tabela 4.5 .Este último corresponde a relação entre a penetração total de cloreto de cada mistura cimentícia investigada pela penetração total de cloreto da mistura de referência, fazendo-se a média dos resultados das três relações a/ag investigadas, para cada idade. Inicialmente, foram comparadas as misturas com adições minerais ao concreto de referência, e comparadas as misturas entre sí. Posteriormente, foram analisadas as misturas com adição de cal hidratada em relação ao concreto de referência e em relação a mesma mistura aglomerante sem esta adição. TABELA 4.5 – Penetração total e índice médio de penetração de cloretos. Mistura REF V50 V50c A50 a/ag 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 0,55 0,35 0,45 C (coulombs) Idade 28 dias 91 dias 2682 2380 3275 2800 3561 3134 1172 754 1521 925 2065 1190 1423 900 1950 1078 2395 1277 250 200 305 218 I C28 I C91 1,00 1,00 1,00 0,44 0,46 0,58 0,53 0,60 0,67 0,09 0,09 1,00 1,00 1,00 0,32 0,33 0,38 0,38 0,39 0,41 0,08 0,08 I C28 Méd. I C91 méd. 1,00 1,00 0,49 0,34 0,60 0,39 0,10 0,08 73 A50c E70 E70C VA52 VA52c VE27 VE27c As figuras 0,55 400 239 0,35 763 406 0,45 807 479 0,55 809 570 0,35 1083 840 0,45 1147 1030 0,55 1296 1140 0,35 1234 953 0,45 1370 1037 0,55 1470 1129 0,35 512 183 0,45 607 208 0,55 697 294 0,35 1054 450 0,45 1136 522 0,55 1313 670 0,35 653 448 0,45 767 552 0,55 851 651 0,35 795 460 0,45 987 557 0,55 1139 659 4.5 e 4.6 ilustram os 0,11 0,28 0,25 0,23 0,40 0,35 0,36 0,46 0,42 0,41 0,19 0,19 0,20 0,39 0,35 0,37 0,24 0,23 0,24 0,30 0,30 0,32 valores 0,08 0,17 0,25 0,17 0,17 0,18 0,35 0,37 0,36 0,37 0,36 0,40 0,43 0,38 0,37 0,36 0,08 0,19 0,08 0,07 0,09 0,19 0,37 0,20 0,19 0,21 0,19 0,24 0,20 0,20 0,21 0,19 0,31 0,20 0,20 0,21 de carga passante total em Coulombs, aos 28 e 91 dias, para cada relação a/ag ensaiada. 0,55 0,45 VE27C VE27 VA52C VA52 E70C E70 A50C A50 V50C 0,35 V50 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 REF Penetração de Cloretos (Coulombs) 74 VE27C VE27 VA52C VA52 E70C E70 A50C A50 V50C 0,55 0,45 0,35 V50 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 REF Penetração de Cloretos (Coulombs) FIGURA 4.5 – Penetração de cloretos versus relação a/ag, aos 28 dias para as diferentes misturas. FIGURA 4.6 – Penetração de cloretos versus relação a/ag, aos 91 dias para as diferentes misturas. Os resultados obtidos e apresentados na tabelas 4.5 revelam que a penetração de cloretos variou em função do tipo e características da adição 75 mineral. Ocorre redução na penetração de cloretos com o aumento na idade de 28 para 91 dias, bem como com a diminuição da relação água/aglomerante. Comparando-se as misturas binárias sem e com a adição de cal hidratada, observa-se que aos 28 dias, aquelas compostas com cal hidratada apresentaram um aumento na penetração total de cloretos de 1,15 a 2,57 vezes. Aos 91 dias os acréscimos variaram de 1,04 vezes, para a mistura contendo escória de alto forno (E70), a 2,20 vezes par a mistura com cinza de casca de arroz (A50). Nas misturas ternárias, na idade de 91 dias, a adição de cal hidratada resultou em acréscimo na penetração de cloretos que variou de 1,01 vezes, para a mistura com cinza volante e escória de alto forno (VE27), e 2,58 vezes, para a mistura contendo cinza volante e cinza de casca de arroz (VA52). Na tabela 4.6 estão apresentadas os valores de carga passante e penetração de cloretos propostos pela ASTM C 1202 que classifica os concretos a partir dos resultados de carga passante, em Coulombs. Confrontando-se os resultados de penetração total de cloretos, em Coulombs, obtidos aos 91 dias, com aqueles constantes na tabela 4.7, observase que as misturas com adições minerais apresentaram valores que se classificam de baixa a muito baixa penetração de cloreto. A mistura de referência apresentou resultados de moderada penetração. A tabela 4.7 apresenta os valores das constantes experimentais determinadas para as equações de Abrams, para os resultados de penetração de cloretos aos 28 e 91 dias. Estes dados permitiram determinar a penetração de cloretos em igualdade de resistência à compressão. 76 TABELA 4.6 – Penetração de cloretos em concretos baseado nos resultados obtidos no teste da ASTM C 1202. CARGA PASSANTE PENETRAÇÃO DE (Coulombs) CLORETOS > 4000 Alta 2000 a 4000 Moderada 1000 a 2000 Baixa 100 a 1000 Muito baixa < 100 Desprezível TABELA 4.7 - Constantes de Abrams para os resultados de de cloretos aos 28 e 91 dias. Idade Mistura 28 dias 91 dias A B R A B REF – 35 REF – 45 1664,9811 0,242344 0,980 1482,5866 0,252574 REF – 55 V50 – 35 V50 – 45 431,6939 0,058889 0,992 336,6083 0,102123 V50 – 55 V50c – 35 V50c – 45 582,7138 0,074045 0,998 488,8026 0,173883 V50c – 55 A50 – 35 A50 – 45 108,5167 0,095367 0,986 146,2908 0,410356 A50 – 55 penetração R 0,997 0,992 0,999 0,999 77 TABELA 4.7 - Constantes de Abrams para os resultados de de cloretos aos 28 e 91 dias.(continuação) Idade Mistura 28 dias 91 dias A B R A B A50c - 35 A50c - 45 693,2395 0,741648 0,898 223,8948 0,183339 A50c - 55 E70 - 35 E70 - 45 782,5013 0,407490 0,974 500,7254 0,217206 E70 - 55 E70c - 35 E70c - 45 913,6492 0,416859 0,996 708,2442 0,428543 E70c - 55 VA52 - 35 VA52 - 45 304,5805 0,220228 0,999 76,9758 0,093437 VA52 - 55 VA52c - 35 VA52c - 45 744,5258 0,366183 0,963 220,4850 0,136675 VA52c - 55 VE27 - 35 VE27 - 45 414,7240 0,266022 0,996 227,8917 0,143015 VE27 - 55 VE27c - 35 VE27c - 45 429,6500 0,166389 0,997 246,1571 0,165715 VE27c - 55 penetração R 0,997 0,998 0,999 0,953 0,980 0,999 0,999 4.3.1- Análise da penetração média de cloretos Todas as misturas aglomerantes apresentaram menores valores de índice médio de penetração de cloretos em Coulombs que a mistura de referência, figura 4.7 e tabela 4.5. Esse decréscimo variou entre 1,67 a 10 vezes aos 28 78 dias e entre 2,56 a 12,5 vezes aos 91 dias, e pode ser explicado por alterações na estrutura dos poros e condutividade da solução aquosa dos poros. Para as misturas binárias, as que apresentaram melhor desempenho frente à penetração de cloretos em ordem decrescente foram aquelas com cinza de casca de arroz, cinza volante e escória de alto forno. A mistura com cinza volante com teor de substituição de 50% (V50) apresentou, um decréscimo nos valores de índice médio de penetração de cloretos de 51% e 66% para as idades de 28 e 91 dias, respectivamente. Para estas mesmas idades aquela composta com cinza de casca de arroz (A50) apresentou decréscimos de 90% e 92%, e naquela composta com escória de alto forno(E70), o decréscimo foi de 63% e 64%. As misturas ternárias também apresentaram melhor desempenho frente a penetração de cloretos, se relacionadas ao concreto de referência, sendo que a mistura contendo cinza volante e cinza de casca de arroz (VA52) apresentou melhor desempenho que a mistura com cinza volante e escória de alto forno (VE27). Naquela composta com cinza volante e cinza de casca de arroz (VA52) com teor de substituição de 50% e 20%, respectivamente, o decréscimo foi de 81% e 92%, para as idades de 28 e 91 dias. Para as mesmas idades, a mistura contendo cinza volante e escoria de alto forno (VE52) em teor de substituição de 20% e 70% respectivamente, o decréscimo foi de 76% e 80%. Nas misturas com a adição de cal houve uma queda no desempenho frente a penetração de cloretos, mas todas as misturas apresentaram valores de índice médio menores que a mistura de referência. O aumento na penetração de cloretos, em concreto com a adição de cal hidratada, pode ser explicado através do aumento na condutividade da solução 79 aquosa dos poros, devido, de acordo com HEIKAL et al (2000), a maior concentração de íons Ca++, apesar da porosidade ser diminuída pela ação física e química da cal, gerando um aumento na resistência. A mistura binária contendo cinza de casca de arroz (A50c) apresentou aos 91 dias diminuição de 83%, seguida pela mistura contendo escória de alto forno (E70c) com 62% e a mistura com cinza volante (V50c) com 61%. Para as misturas ternárias, aos 28 dias, a mistura contendo cinza volante e escória de alto forno (VE27) apresentou melhor desempenho se comparada a mistura com cinza volante e cinza de casca de arroz (VA52). Aos 91 dias essas mesmas misturas apresentaram redução de 80% quando comparados a de referência. 0,80 0,60 0,40 0,20 28 dias 91 dias VE27c VE27 VA52c VA52 E70c E70 A50c A50 V50c V50 0,00 REF. Ìndice médio de penetração de cloretos 1,00 FIGURA 4.7 – Índice médio de penetração de cloretos, aos 28 e 91 dias. 4.3.2 - Análise da penetração total de cloretos para a resistência de 40 MPa, aos 91 dias. 80 Na tabela 4.8, estão apresentados os valores de penetração total e unitária de cloretos para igualdade de resistência a compressão de 40 MPa, aos 91 dias. Constata-se que a mistura de referência apresentou maior penetração total de cloretos quando comparada às demais misturas investigadas. Ao compararmos as misturas aglomerantes com e sem a adição de cal verifica-se que esta adição gera um aumento na penetração de cloretos. Assim, nas misturas contendo cinza volante (V50 e V50c) a diminuição na penetração total de cloretos foi de 73,7% sem e 64,4% com esta adição. Nas misturas com cinza de casca de arroz (A50 e A50c) a redução na penetração total de cloretos foi de 92,9% e 83,1%, sem e com a adição de cal, naquelas contendo escória de alto forno (E70 e E70c) foram respectivamente 70,6% e 67,9% sem e com a adição de cal. Para as misturas ternárias compostas com cinza volante e cinza de casca de arroz (VA52 e VA52c) e cinza volante e escória de alto forno (VE72 e VE72c) a redução na penetração de cloretos, sem e com a adição de cal, foi de respectivamente, 93,5% e 81,7%, para a primeira e 85,5% e 84,3 % para a segunda mistura. Comparando-se os valores de penetração de cloretos para o nível de resistência de 40 MPa, com a tabela 4.6 (ASTM C 1202), verifica-se que somente a mistura de referência (REF) apresentou valor moderado de penetração de cloretos (2000 a 4000 C). As misturas contendo cinza volante (V50c) e escória de alto forno (E70c), ambas com a adição de cal, apresentaram valores de baixa permeabilidade (1000 a 2000 C). As misturas contendo cinza de casca de arroz com e sem a adição de cal (A50 e A50c) e 81 cinza volante (V50) e escória de alto forno (E70), ambas sem a adição de cal, apresentaram valores de muito baixa penetração (100 a 1000 C). Nesta mesma situação se enquadraram as misturas ternárias sem e com a adição de cal TABELA 4.8 – Penetração de cloretos total para igualdade de resistência de 40 MPa, aos 91 dias. Mistura Cl (Coulombs) 40 MPa REF 3371 884 V50 V50c A50 A50c E70 E70c VA52 VA52c VE27 VE27c 1200 237 570 990 1080 218 616 487 530 Na figura 4.8 estão representados os valores de penetração total de cloretos em igualdade de resistência de 40MPa, para as misturas investigadas. 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 VE27c VE27 VA52c VA52 E70c E70 A50c A50 V50c V50 0 REF Penetração de cloretos (Coulombs) 82 FIGURA 4.8 – Penetração total de cloretos para igualdade de resistência de 40 MPa. 4.3.3 - Análise da penetração total de cloretos para a resistência de 55 MPa, aos 91 dias. Na tabela 4.10, estão apresentados os valores de penetração total de cloretos para igualdade de resistência a compressão de 55 MPa, aos 91 dias. Constata-se que a mistura de referência apresentou maior penetração total de cloretos quando comparada às demais misturas investigadas e que a adição de cal hidratada resultou em aumento na penetração total de cloretos. As maiores reduções de 92,9% e 83,1%, foram obtidas nas misturas contendo cinza de casca de arroz (A50 e A50c), sem e com a adição de cal, respectivamente. Seguidas pelas misturas com cinza volante (V50 e V50c) 83 (72,1% sem e 64,4% com cal) e escória de alto forno(E70 e E70c) ( 70,6% e 67,9%, sem e com a adição de cal) . Para as misturas ternárias, contendo cinza volante e cinza de casca de arroz(VA52 e VA52c), a redução na penetração de cloretos foi de 93,5% e 81,7%, respectivamente para as misturas sem e com a adição de cal. As misturas compostas com cinza volante e escória de alto forno(VE27 e VE27c), a redução na permeabilidade a cloretos foi de 85,5% sem e 84,3 % com a adição de cal. Comparando-se os valores de penetração de cloretos para o nível de resistência de 55 MPa com a tabela 4.7 (ASTM C 1202), verifica-se que somente a mistura de referência (REF) apresentou valor moderado de penetração de cloretos (2000 a 4000 C), a mistura contendo cinza volante com a adição de cal (V50c) apresentou valor de baixa permeabilidade (1000 a 2000 C) e as demais misturas, tanto binária como ternárias, apresentaram valores de 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 VE27c VE27 VA52c VA52 E70c E70 A50c A50 V50c V50 0 REF Penetração de cloretos (Coulombs) muito baixa penetração (100 a 1000 C). FIGURA 4.9- Penetração total de cloretos para igualdade de resistência de 55 Mpa 84 TABELA 4.9 – Penetração de cloretos total para igualdade de resistência de 55 MPa, aos 91 dias. Cl Mistura (Coulombs) 55 MPa REF 2776 C50 744 C50c 1050 A50 219 A50c 489 E70 781 E70c 969 VA52 177 VA52c 498 VE27 420 VE27c 441 4.3.4 Teor total de cloreto retido A tabela 4.11 e a figura 4.13 apresentam os valores de teor total de Clretido nos concretos após o ensaio de penetração de cloretos. TABELA 4.10 – Alcalinidade, teor de cloreto retido e relação iônica Cl-/OH-, aos 91 dias. Cl retido OH Cl-/OHMisturas a/ag PH mmol/Kg mmol/Kg 0,35 12,62 31,740 41,687 0,761 REF 0,45 12,50 31,562 31,623 0,998 0,55 12,34 32,962 21,878 1,507 0,35 12,50 21,867 31,622 0,691 V50 0,45 12,28 27,411 19,055 1,438 0,55 12,14 28,925 13,803 2,096 85 TABELA 4.10 – Alcalinidade, teor de cloreto retido e relação iônica Cl-/OH-, aos 91 dias (continuação). Cl retido OH Misturas a/ag PH Cl-/OHmmol/Kg mmol/Kg 0,35 12,98 15,870 95,499 0,166 V50c 0,45 12,92 17,777 83,176 0,214 0,55 12,88 23,569 75,858 0,311 0,35 12,18 6,677 15,136 0,441 A50 0,45 11,76 6,539 5,754 1,136 0,55 11,63 7,948 4,266 1,863 0,35 12,63 20,290 42,658 0,476 A50c 0,45 12,38 16,902 23,988 0,705 0,55 12,33 20,290 21,380 0,949 0,35 12,97 34,445 93,325 0,369 E70 0,45 12,71 36,466 51,286 0,711 0,55 12,69 44,283 48,978 0,904 0,35 13,05 24,164 112,202 0,215 E70C 0,45 12,86 35,855 97,724 0,495 0,55 12,82 58,188 51,286 0,880 0,35 11,90 3,468 7,943 0,437 VA52 0,45 11,30 6,861 1,995 3,439 0,55 11,07 8,373 1,175 7,126 0,35 12,80 17,213 63,096 0,273 VA52c 0,45 12,55 16,023 35,481 0,452 0,55 12,18 17,240 15,136 1,139 0,35 12,55 23,565 35,481 2,355 VE27 0,45 12,39 29,441 24,547 1,199 0,55 12,37 31,028 23,442 1,323 0,35 12,90 34,452 79,433 0,434 VE27c 0,45 12,90 34,570 79,433 0,435 0,55 12,62 35,149 41,687 0,843 Cloretos totais retidos no concreto (mmol/Kg) 86 70 60 50 40 30 20 10 0 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 REF V50 V50c A50 A50c E70 E70c VA52 VA52c VE27 VE27c FIGURA 4.10– Teores de cloretos totais retidos no concreto. Observa-se, através dos resultados obtidos, que a maior fixação de cloretos nas misturas binárias foi obtida com àquelas contendo escória de alto forno e cinza volante seguida pela cinza de casca de arroz. Com relação ao concreto de referência, observa-se que as misturas contendo cinza de casca de arroz e cinza volante apresentaram decréscimo na retenção total de cloretos. A mistura contendo escória de alto forno apresentou aumento na retenção total de cloretos. Para a mistura contendo cinza de casca de arroz a adição de cal hidratada resultou num aumento na retenção total de cloretos. Já nas misturas contendo escória de alto forno e cinza volante esta adição ocasionou em diminuição na retenção total de cloretos. 87 Nas mistura ternárias contendo cinza volante e cinza de casca de arroz (VA52) e cinza volante e escória de alto forno (VE27), a adição de cal hidratada resultou em aumento na retenção total de cloretos. 4.3.4 Relação Cl-/OH- Na tabela 4.11 são apresentados os valores de pH e relação iônica Cl- /OH- das misturas investigadas. Observa-se destes resultados que das cinco misturas aglomerantes investigadas, as três binárias apresentaram relações Cl/OH- menores que a do traço de referência e as ternárias valores maiores. A mistura de referência apresentou relações Cl-/OH- que variaram entre os limites de 0,76 a 1,51 e para os concretos com misturas binárias, sem e com adição de cal hidratada, entre 0,28 a 1,86 e 0,17 a 095 respectivamente. Os menores valores foram alcançados pelas misturas binárias contendo cinza volante, escória de alto forno e cinza de casca de arroz, respectivamente. Com a adição de cal hidratada houve diminuição na relação Cl-/OH- de todas as misturas binárias e ternárias investigadas. Apenas a mistura binária composta com cinza volante com a adição de cal apresentou para as três relações água/aglomerante adotadas valores de relação Cl-/OH- inferiores a 0,6. Com a adição de cal hidratada houve diminuição na relação Cl-/OH- de todas as misturas binárias e ternárias investigadas. A mistura binária contendo 50% de cinza volante apresentou a menor relação Cl-/OH- entre todas as investigadas com valores de 0,16 para relação a/agl = 0,35, 0,21 para a/agl = 88 0,45 e 0,31 para a/agl = 0,55, ou seja, inferiores a 0,6, conferindo boas condições de proteção à armadura, muito superior que o concreto de referência, uma vez que para as mesmas relações a/agl (0,35;0,45 e 0,55) os valores foram 0,76, 1,0 e 1,51 respectivamente. 4.4 Análise dos resultados de solução aquosa dos poros Da análise dos resultados de solução aquosa dos poros mostrados na tabela 4.12, constata-se alteração na composição desta devido à redução no teor de clinquer no material cimentício, pela substituição parcial do cimento por adições minerais. Nas misturas binárias, sem a adição de cal hidratada, contendo cinza volante (50%) e cinza de casca de arroz (50%), observa-se redução na concentração dos íons Ca2+, Na+, K+, SO42- e OH-, quando comparado à mistura de referência. Comportamento semelhante constata-se naquelas misturas compostas com 70% de escória, exceto para a concentração de Na+ que aumentou. Com a adição de cal hidratada ocorre aumento na concentração desses íons. O mesmo comportamento é constatado nas misturas ternárias. Quando comparado à mistura de referência, a substituição parcial do cimento por adições minerais reduziu o pH da solução dos poros. Com a adição de cal o pH destas misturas aumentou, conforme apresentado na tabela 4.12 e figura 4.11. Na tabela 4.13 são apresentados os valores de Na2Oeq. e de condutividade elétrica da solução dos poros, calculada a partir da equações 89 apresentadas por SHI et al (1998). Verifica-se que todas as misturas binárias e ternárias apresentaram equivalente alcalino em sódio menor que o da mistura de referência, exceto a mistura binária contendo escória de alto forno. Ocorre aumento no Na2Oeq com a adição de cal hidratada. Nas misturas binárias este aumento variou de 1,37 vezes, para a mistura contendo escória de alto forno, a 2,28 vezes para a mistura com cinza de casca de arroz. Para as misturas ternárias o aumento foi de 1,84 vezes para a mistura contendo cinza volante e cinza de casca de arroz e 2,63 vezes para cinza volante e escória de alto forno. Todas as misturas aglomerantes apresentaram menores valores de condutividade elétrica que a mistura de referência, figuras 4.12 e 4.13. Isto ocorreu devido a alterações na composição da solução dos poros e às modificações na estrutura de poros das misturas aglomerantes, que tornam a pasta mais densa, diminuindo a condutividade . Nas misturas binárias a redução na condutividade elétrica foi de 57%, 73% e 34% respectivamente, para as misturas compostas com cinza volante, cinza de casca de arroz e escória de alto forno. Nas misturas ternárias a redução foi de 75% para àquela composta com 50% de cinza volante e 20% de cinza de casca de arroz e de 54% para a composta com 20% de cinza volante e 70% de escória de alto forno. A adição de cal hidratada resultou em acréscimo na condutividade elétrica das misturas aglomerantes. Entretanto, os valores obtidos foram inferiores àquele da mistura de referência. 90 TABELA 4.11 – Análise da solução aquosa dos poros, para relação a/ag 0,55 aos 91 dias. Análise da solução dos poros, mmol/l Mistura PH K+ Ca2+ So42OHNa+ REF 13,11 26,08 99,48 5,025 30,52 128,80 V50 12,66 13,04 32,05 4,375 23,12 45,71 V50c 12,92 19,56 48,46 7,885 66,56 83,20 A50 12,18 14,78 24,61 3,525 30,00 15,14 A50c 12,57 21,74 78,69 7,125 39,48 37,15 E70 12,86 43,91 61,02 4,754 22,29 72,40 E70c 13,05 61,75 79,97 5,905 17,18 112,20 VA52 12,27 13,26 22,05 2,200 24,89 18,60 VA52c 12,65 21,74 45,13 6,575 8,54 44,70 VE27 12,64 28,26 39,23 2,875 31,77 43,70 VE27c 12,82 43,48 83,47 5,275 81,14 66,10 14 13 12 FIGURA 4.11 – pH das misturas investigadas VE27c VE27 VA52c VA52 E70c E70 A50c A50c V50c V50 REF 11 91 TABELA 4.12 – Na2Oeq, condutividade e condutividade relativa para relação a/ag 0,55 aos 91 dias. Mistura Na2Oeq Condutividade Condutividade -1 (mol/l) (ohm ) Relativa (%) REF 0,101 2,88 100 V50 0,039 1,23 42,71 V50c 0,058 2,18 132,64 A50 0,036 0,71 24,65 A50c 0,082 1,44 50,00 E70 0,100 1,89 65,63 E70c 0,136 2,59 89,93 VA52 0,032 0,71 24,65 VA52c 0,059 1,23 42,71 VE27 0,064 1,33 46,18 VE27c 0,168 2,20 76,39 As figuras 4.12 e 4.13 ilustram os resultados de condutividade específica e condutividade específica relativa. 2 1 VE27c VE27 VA52c VA52 E70c E70 A50c A50c V50c V50 0 REF Condutividade (ohm-1) 3 FIGURA 4.12 – Condutividade específica, em ohm-1, para relação a/ag 0,55 aos 91 dias. VE27c VE27 VA52c VA52 E70c E70 A50c A50c V50c V50 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 REF Condutividade % 92 FIGURA 4.13 – Condutividade específica, em %, para relação a/ag 0,55 aos 91 dias. 4.5 Integração dos resultados 4.5.1 Resistência à compressão versus penetração de cloretos Com o objetivo de analisar a evolução da penetração de cloretos com o desenvolvimento da resistência à compressão, tornou-se necessário construir o gráfico da figura 4.14 que apresenta a correlação entre a resistência à compressão e a penetração de íons cloretos. 93 Para uma análise mais detalhada do desenvolvimento da penetração de cloretos para as diferentes misturas, foi necessária a comparação dos resultados em igualdade de resistência à compressão. Desta forma, construiu-se o gráfico da figura 4.15, com os resultados de carga passante, em Coulombs, para todas as misturas, relacionando-os com os dois níveis de resistência: 40 e 55 MPa, aos 91 dias. Verifica-se que para todas as mistura ocorre diminuição na corrente passante com o aumento da resistência. Entretanto, para as misturas binárias e ternárias contendo cinza de casca de arroz a diminuição é pouco acentuada, sendo as suas curvas mais horizontais. Conforme constatado por ISAIA (1995) isto mostra maior influência do tipo e/ou quantidade de pozolana sobre a redução da corrente elétrica do que sobre o aumento da resistência à Penetração de Cloretos (Coulombs) compressão. 3500 REF 3000 V50 2500 A50 E70 2000 VA52 1500 VE27 1000 V50c 500 A50c 0 E70c 10 20 30 40 50 60 70 80 Resistência a Compressão (MPa) 90 VA52c VE27c FIGURA 4.14 – Correlação entre penetração de cloretos e resistência à compressão em igualdade de relação a/ag, aos 91 dias. 94 Penetração de cloretos (Coulombs) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 40MPa 55MPa REF V50 V50c A50 A50c E70 E70c VA52 VA52c VE27 VE27c Resistência à compressão (MPa) FIGURA 4.15 – Penetração de cloretos em igualdade de resistência à compressão, aos 91 dias. 4.5.2 Penetração de cloretos versus cloretos retidos Com o intuito de verificar a relação entre penetração de cloretos e o teor de cloretos totais retidos nas diferentes misturas, foi necessário construir o gráfico da figura 4.16, que estabelece a correlação linear existente entre os resultados obtidos, na idade de cura de 91 dias, para as três relações a/ag ensaiadas, 0,35, 0,45 e 0,55, sem e com a adição de cal hidratada. 95 Observa-se que existe uma correlação satisfatória, de 81%, entre a penetração de cloretos em Coulombs e o teor de cloretos totais retidos, nas misturas sem a adição de cal, o que permite dizer que o ensaio da ASTM C 1202 de penetração de cloretos estima com segurança o teor de retenção de cloretos totais e pode ser considerado como um parâmetro confiável na determinação da quantidade total de cloretos retidos no concreto. Fato também observado por ISAIA (1995), CERVO (2001) e COSTA (2001). 1400 y = 24,74x + 68,08 R 2 = 81% 1200 REF V50 Coulombs 1000 800 A50 600 E70 400 VA52 200 VE27 0 0 10 20 30 40 50 Teor de cloretos totais retidos FIGURA 4.16 – Correlação entre a penetração de cloretos em Coulombs e o teor de cloretos totais retidos, para misturas sem adição de cal hidratada. Entretanto, nas misturas com adição de cal a correlação não é satisfatória. 4.5.3- Penetração de cloretos versus solução aquosa dos poros Com objetivo de verificar a relação entre penetração de cloretos e as modificações que ocorrem na solução aquosa dos poros, procura-se 96 estabelecer a correlação linear existente entre os resultados obtidos, na idade de cura de 91 dias e relação água/aglomerante 0,55. A correlação entre o equivalente alcalino em sódio e a penetração de cloretos, em Coulombs, para as misturas sem e com a adição de cal apresentaram baixos valores. Na figuras 4.17 e 4.18 constata-se uma forte correlação (r2 = 90 % e 81 %) entre os valores de condutividade e penetração de íons cloreto, em coulombs, para misturas sem e com a adição de cal hidratada, ou seja, a relação entre as variáveis pode ser considerada satisfatória, indicando que os resultados de penetração de cloretos podem ser relacionados com as modificações que ocorrem na solução dos poros. Condutividade (ohm) 4 y = 0,0007x + 0,6688 R 2 = 90% 3 2 1 0 0 1000 2000 3000 4000 Penetração de C loretos (C oulom bs) FIGURA 4.17 – Correlação entre condutividade específica e penetração de íons cloreto, aos 91 dias, para as misturas sem adição de cal hidratada. 97 Condutividade (ohm) 5 y = 0,0029x - 0,2886 2 R = 81% 4 3 2 1 0 0 500 1000 Penetração de Cloretos (Coulombs) 1500 FIGURA 4.18 – Correlação entre condutividade específica e penetração de íons cloreto, aos 91 dias, para as misturas com adição de cal hidratada. 98 CONCLUSÃO Esta pesquisa procurou encontrar respostas aos questionamentos propostos anteriormente, baseado na discussão dos resultados obtidos e nas referências bibliográficas consultadas. Assim, obter informações necessárias para facilitar o desenvolvimento da tecnologia do concreto, com elevados teores de adições minerais. Atualmente, busca-se formas de se produzir construções autosustentáveis, ou seja, construções que causam o menor impacto ao meio ambiente pelo menor custo. Procurando-se diminuir o consumo de cimento, torna-se atraente substitui-lo por subprodutos industriais e agro-industriais poluidores do meioambiente, como a cinza volante (carvão), a cinza de casca de arroz, e escória de alto forno (ferro gusa). Estes produtos apresentam atividades hidráulicas (regem com a água) e pozolânicas (reagem com a cal- hidróxido de cálcio). A utilização dessas adições além de diminuírem o custo, trazem benefícios quanto a durabilidade, modificando a estrutura da pasta e alterando a composição da solução aquosa dos poros. Mas apresentam alguns efeitos colaterais, como a progressão mais lenta da resistência a compressão e diminuição do pH, pelo consumo do CH pelas reações pozolânicas, aumentando a velocidade de carbonatação da camada de cobrimento. Objetivando suprir as deficiências relativas a menor reserva alcalina, foi adicionado cal hidratada ao concreto com elevados teores de adições minerais. 99 A adição de cal hidratada às misturas com elevados teores de adições minerais resultou num aumento da penetração de cloretos, se comparados a mesma mistura sem adição. Entretanto, apesar deste acréscimo na penetração de cloreto, o maior valor obtido corresponde a 39% daquele obtido com à mistura de referência, na idade de 91 dias. Para as misturas binárias, àquela composta com cinza de casca de arroz foi a que apresentou melhor desempenho, em relação ao concreto de referência, com redução na penetração de cloretos de 92% (sem) e 83% (com) adição de cal hidratada; seguida da composta com cinza volante, onde a redução foi de 66% e 61%, e escória de alto forno, com redução de 64% e 62% respectivamente Nas misturas ternárias, sem e com adição de cal hidratada, a maior redução na penetração de cloretos ocorreu para àquela composta com cinza volante e cinza de casca de arroz, com redução de 92% e 80%, seguida da mistura com cinza volante e escória de alto forno com redução de 80% para as duas condições. A adição de cal hidratada resultou num aumento na retenção total de cloretos em todas as misturas investigadas, sendo mais acentuada para àquela contendo cinza de casca de arroz. A mistura contendo escória de alto forno, em teor de substituição de 70%, foi a que apresentou maiores valores de retenção de cloretos. Para possibilitar a análise das propriedades do concreto em igualdade de resistência de 40 MPa e 55 MPa, inferiu-se nas curvas de Abrams as relações a/agl. necessárias. Assim, foi possível obter esses níveis de resistências para todas as misturas aglomerantes investigadas. Observou-se, com relação à 100 mistura de referência, uma diminuição na penetração total de cloretos em todas as misturas com adições minerais, com e sem a adição de cal hidratada. Para os dois níveis de resistência a mistura binária contendo cinza de casca de arroz apresentou melhor desempenho, com a diminuição de 93% para o nível de 40MPa e 92% para o nível de 55MPa. Com a adição de cal hidratada essa variação foi de 65 % e 82% para os dois níveis respectivamente. Nas misturas ternárias o melhor desempenho foi obtido para a composta com cinza volante e cinza de casca de arroz, com diminuição de 93% para os dois níveis de resistência. Com a adição de cal hidratada essa variação foi de 82,0% para os dois níveis. O consumo de cimento das misturas variaram, para o nível de resistência de 40 MPa, de 47 a 237 kg/m3 e para o nível de 55 MPa de 63 a 292 kg/m3, inferiores, portanto, àqueles da mistura de referência, que foram de 291 e 431 kg/m3 respectivamente. Ao se substituir parcialmente o cimento por adições minerais, observouse uma redução no pH das misturas, variando de 7% a 2%. A menor redução no pH ocorreu para a mistura contendo escória de alto forno. A adição de cal hidratada, nos teores adotados, resultou em acréscimo de até 3,2% no pH das misturas, se comparada a mesma sem esta adição. Todas as misturas com adições minerais apresentaram menores valores de condutividade do que a mistura de referência. Isto ocorreu devido à diminuição no teor de álcalis na solução dos poros e às modificações na estrutura de poros das misturas aglomerantes, que tornam a pasta mais densa, diminuindo a condutividade . 101 Os resultados mostram que, se comparada à mistura de referência, àquelas binárias compostas com cinza volante, cinza de casca de arroz e escória de alto forno apresentaram redução na condutividade elétrica da solução aquosa dos poros de 43%, 27% e de 66%, respectivamente. Nas misturas ternárias compostas de cinza volante e cinza de casca de arroz (VA52) e cinza volante e escória de alto forno (VE27),as reduções na condutividade elétrica foram de 25% e 46%, respectivamente. Com a adição de cal hidratada houve um aumento na condutividade, chegando a 3,10 vezes para a mistura contendo cinza volante, 1,80 vezes com cinza de casca de arroz e 1,37 vezes para a mistura com escória de alto forno. Nas misturas ternárias o aumento foi de 1,73 vezes para a mistura contendo cinza volante e cinza de casca de arroz e 1,65 vezes para mistura com cinza volante e escória de alto forno. Esta dissertação teve como objetivo colaborar com um futuro ecologicamente mais equilibrado, dominando-se a tecnologia de incorporação de maiores quantidades de adições minerais nos concretos, obtendo inclusive vantagens tecnológicas, proporcionando uma diminuição na utilização de cimento Portland puro. 102 BIBLIOGRAFIA AL-AMOUDI, O.S.B.; MASLEHUDDIN, M. The effect of chloride ond sulfate ions on reinforcement corrosion. Cement and Concrete Research, Elsevier Science (ed). V.23, p. 139-146, 1993. AL-KHALAF, M.; YOUSIF, H.A. Use of rice husk ash in concrete. The International Journal of Cement Composites and Lightweight Concrete, Construction Press (ed), Lancaster, v. 6, No. 4, p. 241-248, 1984. ALVES, A. S. 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