Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR Campus Paranavaí ANAIS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL: PERSPECTIVAS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES Paranavaí, outubro de 2013 _________________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 2 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ COORDENAÇÃO GERAL: Drª. Edinéia Navarro Chilante Dr. Elias Canuto Brandão Ms. Maria Simone Jacomini Novak Ms. Rosângela Trabuco Malvestio da Silva Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) J82a Jornada de Pedagogia da FAFIPA (11.: 2013: Paranavaí, Pr) Anais.../ XII Jornada de Pedagogia.-- Paranavaí, Pr: Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí. Departamento de Educação, 2013. 1 CD ROM. il. ; color. ISSN 1983-7208 1. Educação – Congressos. 2. Políticas educacionais no Brasil – Tendências, contradições e perspectivas atuais – Congressos. 3. Políticas para a educação da infância brasileira – Congressos. 4. Políticas de financiamento para a educação básica – Congressos. 5. Brinquedoteca – Congressos. 6. Jogos matemáticos – Congressos. 7. Dificuldade de aprendizagem – Congressos. 8. Psicomotricidade – Congressos. 9. Repensando a alfabetização. I. Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí. Departamento de Educação. CDD 21. ed. 370.63 Bibliotecária: Ivani Baptista - CRB/9-331 ORGANIZADOR DOS ANAIS: Elias Canuto Brandão ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 3 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ COMISSÃO CIENTÍFICA / PARECERISTAS Dr. Adão Aparecido Molina Dr. Elias Canuto Brandão Drª. Conceição Solange Bution Perin Drª. Edinéia Navarro Chilante Drª. Fátima Aparecida de Souza Francioli Ms. Aline Roberta Tacon Dambros Ms. Cássia Regina Dias Pereira Ms. Dorcely Izabel Bellanda Garcia Ms. Gilmar Alves Montagnoli Ms. Lilian Alves Pereira Ms. Luciana de Araujo Nascimento Ms. Maria Simone Jacomini Novak Ms. Neide de Almeida Lança Galvão Fávaro Ms. Nilva de Oliveira Brito dos Santos Ms. Rita de Cássia Pizoli Ms. Rosângela Trabuco Malvestio da Silva Esp. Cláudio Antonio de Brito Esp. Elizete Pinto Cruz Esp. Joana Ramos Herculano Esp. Lygia Christina Zerbato de Moraes Esp. Isabel Cristina Ferreira Esp. Marilza Pires da Silva Paszczuk ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 4 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ SUMÁRIO Artigo / Autor(es) Página Apresentação 10 RELAÇÕES HISTÓRICAS ENTRE LITERATURA INFANTIL E EDUCAÇÃO INFANTIL: BREVES CONSIDERAÇÕES - Adriana Aparecida Rodrigues e Adão Aparecido Molina 11 A IMPORTANCIA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL de 1º a 5º SÉRIE. ARANTES, Aline dos Santos e CRISTINA, Isabel Cristina 27 A EDUCAÇÃO FEMININA NO SÉCULO X: MONJA ROSVITA. BORGES, Aline Imaculada Conceição e PERIN, Conceição Solange 43 APRENDER/ENSINAR COM O LÚDICO. Aline Malagi; Patrícia Gnoatt e Eliana Maria Magnani 57 INDISCIPLINA ESCOLAR: ALGUNS APONTAMENTO. COLUCCI, Aluska dos Santo e NOVAK, Maria Simone Jacomini 73 A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DA CRIANÇA. VICENTE, Ana Claudia OS JOGOS DE REGRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Andréia Tomé; Magda Cristina Della Betta Stephanini e Eliana Maria Magnani TEMPO MÉDIO DE CONCLUSÃO DO ALUNO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CEEBJA PARANAVAÍ. FERREIRA, Andressa Amaral; CHILANTE, Edinéia Fátima Navarro 85 100 114 O BULLYING NO ÂMBITO DA ESCOLA PÚBLICA. CAPELLO, Andressa Oliveira do Amaral e BRANDÃO, Elias Canuto 128 A REALIZAÇÃO DA MÍSTICA NO MOVIMENTO SEM TERRA. Andriele dos Santos Rodrigues e Elias Canuto Brandão 142 A FILOSOFIA NO SÉCULO XII, E O PENSAMENTO DE PEDRO ABELARDO. COLOMBO, Ane Marcelly e PIZOLI, Rita de Cássia 155 A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO 169 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 5 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ BÁSICA. SILVA, Bárbara Muller e GARCIA, Dorcely I. Bellanda AUTISMO E MÉTODO TEACCH: POSSIBILIDADE DE ESCOLARIZAÇÃO NO ENSINO REGULAR. ANTONIO, Bianca Marcele Virche e DAMBROS, Aline Roberta Tacon A IMPLEMENTAÇÃO DE JOGOS DE REGRAS NO COTIDIANO ESCOLAR COMO FORMA DE PREVENÇÃO A DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM. Bruna Kathyusca Santana e Lilian Alves Pereira JOGOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA. SILVA, Carla Lidiane da e MORAIS, Lygia Christina Zerbato de 183 196 211 PROCESSO DELETRAMENTO: UMA VISÃO SOBRE AS PRÁTICAS DOCENTES DO ENSINO BILINGUE PRA ALUNOS SURDOS DA ESCOLA MUNICIPAL ANA RITA DE CÁSSIA. TEIXEIRA,Carla Roberta e CRUZ. Elizete Pinto 224 CAMINHOS HISTÓRICOS DA GESTÃO ESCOLAR: UMA CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES CLÁSSICOS. SILVA, Célia Regina Ril Teixeira da e DAMBROS, Aline Roberta Tacon 237 A CULTURA BANALIZADA POR MEIO DA MÚSICA – CONTRIBUIÇÕES DE THEODOR ADORNO E MAX HORKHEIMER. Cristiane Batistioli Vendrame A FORMAÇÃO DOCENTE DIANTE DA PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE CIÊNCIAS. Shalimar Calegari Zanatta; Daiany S. dos Santos Carvalho e Rodrigo da Silva Carvalho A CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL NO TRABALHO COM CRIANÇAS E JOVENS AUTISTAS. MACHADO, Daniela Nogueira e SANTOS, Gersonita Elpídio REFLEXÕES ACERCA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL. TEMPORINI, Danielle Virginia e SILVA, Rosangela Trabuco M. FAMÍLIA E ESCOLA COMO INSTITUIÇÕES IMPRESCINDÍVEIS PARA A FORMAÇÃO SÓCIO-ESCOLAR DO INDIVIDUO. SILVA, Débora Manoel dos Santos Liones e PEREIRA, Cássia Regina Dias CAMINHOS HISTÓRICOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA: BREVES CONSIDERAÇÕES. SILVA, Débora Rosa; PEREIRA, Lizeane H. Cândido; NASCIMENTO, Débora Cruz eDAMBROS, Aline Roberta Tacon 250 261 271 284 299 312 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 6 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DA CRIANÇA. REZENDE, Denilza Tobias de e FRANCIOLI, Fátima Aparecida de Souza A INTERDISCIPLINARIDADE NA OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO. CANATO, Desirée Marisa e SANTOS, Gersonita Elpídio dos O LÚDICO NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Eliane Torqueti Rodrigues e Mari Tatiane de Col INTEGRAÇÃO ENTRE MÍDIA E EDUCACÃO. FERRO, Elizabete Cristina e SILVA, Rosangela Trabuco M. BULLYING ESCOLAR SOB A ÓTICA DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO. SANTOS, Emanuelle Rodrigues Alves dos e CHILANTE, Edinéia Fátima Navarro INTELECTUAIS NA IDADE MÉDIA: PEDRO ABELARDO. ANDRADE, Fabiane Cavalcanti e PERIN, Conceição Solange Bution O PAPEL DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM. SOUZA, Fernanda de Oliveira Ávila de e SILVA, Rosangela Trabuco M. O BULLYING NA ESCOLA E SOCIEDADE: Suas diferentes facetas. Flávia Ferreira de Oliveira e Elias Canuto Brandão EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM OLHAR PARA AS BASES HISTÓRICAS E POLÍTICAS DO CURRÍCULO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ-FAFIPA. FRANÇA, Francielle da Silva e DAMBROS, Aline Roberta Tacon PROEJA: A PARTIR DO SEU DOCUMENTO BASE. Helen Cristina de Oliveira e Edinéia Fátima Navarro Chilante 320 334 348 356 369 380 394 407 423 437 PEDAGOGIA HISTÓRICO CRÍTICA – UMA OBSERVAÇÃO SOBRE A AÇÃO DIDÁTICA DE UMA PROFESSORA ATUANTE NA FORMAÇÃO DE DOCENTES DE NOVA LONDRINA. CALIXTO, Jeferson Eduardo e PIZOLI, Rita de Cassia 453 A GESTÃO DEMOCRÁTICA NOS PLANOS NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2001-2010 E 2011-2020. MAIA, Jennyffer Yoshida e NOVAK, Maria Simone Jacomini 471 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 7 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA: REFLEXOS NA PRÁTICA EDUCATIVA E PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM. CHAGAS, Jéssica Elaine Inácio e PEREIRA, Cássia Regina Dias INCLUSÃO SOCIAL: OS DESAFIOS E AS CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO PARA A INSERÇÃO DO SURDO EM AMBIENTES SOCIAIS. RODELA, Josiane A. CRUZ, Elizete P. CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ANÁLISE SOBRE OS DOCUMENTOS NACIONAIS. NASIMENTO, Juliana Aparecida de Araújo e MORAES, Silvia Pereira Gonzaga INFÂNCIA E HISTÓRIA: A CRIANÇA NA MODERNIDADE E NA CONTEMPORANEIDADE. Juliara Dias dos Santos e Adão Aparecido Molina A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA NO PROCESSO ENSINOAPRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL. POMIN, Juliene Rodrigues e MOLINA, Adão Aparecido 486 500 514 525 545 DESENVOLVIMENTO INFANTIL. ALVES, Keila; SILVA, Lílian Reis Fernandes e PEREIRA, Cassia Dias 560 O FAZ-DE-CONTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Kelin Amaral Saldanha Kanoffre da Silveira; Daniela Marcon e Aline Malagi 569 ALFABETIZAÇÃO: uma análise do processo de alfabetização na educação infantil. SANTOS, Kérollen Angélica Agostinho dos 584 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: METODOLOGIA DE ENSINO E A RELAÇÃO PROFESSOR, FAMÍLIA E ALUNO NA EFETIVAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM. DIAS, Lais Aparecida Lanci e MORAIS, Lygia Christina Zerbato de O BULLYING NO ÂMBITO ESCOLAR PÚBLICO ESTADUAL. Larissa Oliveira Amaral e Cássia Dias Pereira GESTÃO DEMOCRÁTICA: ASPECTOS HISTÓRICOS E PRÁTICOS NA ESCOLA PÚBLICA. REBUSSI, Legiane de Oliveira; RODRIGUES, Eliane Torqueti; SILVA, Lílian Reis Fernandes e DAMBROS, Aline Roberta Tacon 597 609 619 A EDUCAÇÃO INFANTIL & LITERATURA INFANTIL: APONTAMENTOS DO CONTEXTO LEGAL E A RELEVÂNCIA DA ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 8 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ LITERATURA INFANTIL NO ÂMBITO ESCOLAR COM ÊNFASE NO GÊNERO FÁBULA. Lucinete Aparecida REBOUÇAS e Mario Lousada de ANDRADE e Alice Massako OHE AVALIAÇÃO PSICOEDUCACIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR E A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO FAMILIAR. Col, Mari Tatiane e Pereira, Cassia Regina Dias O EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS E OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA. SANTOS. Mariana de Oliveira e CHILANTE. Edinéia Fátima Navarro EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS DESAFIOS ENCONTRADOS NA SALA DE AULA POR ALUNOS SURDOS E OUVINTES NO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO BÁSICA. PEREIRA, Mariane Bazílio e CRUZ, Elizete Pinto A AVALIAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: LEVANTAMENTO DAS PESQUISAS REALIZADAS NA ÚLTIMA DÉCADA DO SÉCULO XXI. Marilza Pires da Silva Paszczuk ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA IDADE ESCOLAR: primeiras aproximações. Miqueline Borba COLNAGO e Fátima Apª de Souza FRANCIOLI A UTILIZAÇÃO DE JOGOS E BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO COGINTIVO DA CRIANÇA. LINO, Mislene Rosa e MORAIS, Lygia Christina Zerbato 629 644 655 669 683 697 710 A TEORIA DO CONHECIMENTO SEGUNDO SÃO BOAVENTURA DE BAGNOREGIO (1217- 1274) DURANTE O SÉCULO XIII, EM O ITINERÁRIO DA MENTE PARA DEUS. OLIVEIRA, Monaly Francisca Torres e PIZOLI, Rita de Cássia 721 O PEDAGOGO NO ÂMBITO HOSPITALAR: SABERES NECESSÁRIOS. MOURA, Nayara de C. Scharf e SILVA, Rosangela Trabuco M. 735 A NOSSA HISTÓRIA: OLHAR DAS ACADÊMICAS DE PEDAGOGIA PARA A HISTÓRIA DE SARANDI – UM RELATO DE PESQUISA EM ANDAMENTO. Patrícia da Silva Vera Cruz; Izabel Cristina Raniel; Karen Daniele Da Silva e Michele Juliana de Carli Anselmo da Silva 750 O ENSINO DOS SUJEITOS DO CAMPO FORA DO AMBIENTE DE ORIGEM: UMA REALIDADE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA. FELISBERTO, Priscila e BRANDÃO, Elias Canuto 764 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 9 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ UM OLHAR SOBRE A LEI DE LIBRAS 10.436/2002 E DECRETO 5.626/2005 – GRANDE CONQUISTA NA ÁREA DA SURDEZ. Regiane Abrahão OS MÚLTIPLOS OLHARES PARA A GESTÃO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS. SILVA, Sandra Mara Vieira; MARIN, Cristina Raimunda da Silva e DAMBROS, Aline Roberta Tacon SABERES E FAZERES DOS PEQUENOS NO JAPÃO. OLIVETTI, Satomi Angela Odawara e MOLINA. Adão Aparecido O BULLYING NO AMBITO ESCOLAR E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO APRENDIZADO. Soriana Cristina Ostetti e Elias Canuto Brandão TEACCH: MÉTODO DE ENSINO PARA CRIANÇAS AUTISTAS. CARVALHO, Tainá A. e DAMBROS, Aline Roberta Tacon 781 790 803 818 834 A CRIANÇA NO MUNDO VIRTUAL: considerações sobre a informática na escola e na família. SOUZA, Taís Maria de e FERREIRA, Isabel Cristina 843 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E A INCLUSÃO DOS ALUNOS SURDOS NA ESCOLA MUNICIPAL ANA RITA DE CÁSSIA, FRENTE AOS DESAFIOS DA „DIFERENÇA‟ EM AMBIENTE BILÍNGUE. LIMA. Taís Patrícia e CRUZ. Elizete Pinto 859 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL COMO FERRAMENTA PARA FORMAÇÃO DE LEITORES. ALMEIDA, Taise Fernanda e FERREIRA, Isabel Cristina PRIMEIRA ETAPA DO ENSINO FUNDAMENTAL DE JOVENS E ADULTOS: retorno das salas multisseriadas? FREITAS, Tatiane dos Santos de e CHILANTE, Edinéia Fátima Navarro METODOLOGIAS DIFERENCIADAS PARA ENSINAR ALUNOS TDAH/I. Taziane Portante Souto de Oliveira e Lygia Cristina Zerbato de Morais A RESISTÊNCIA DO PROFESSOR DIANTE DAS NOVAS TECNOLOGIAS. Wully Altieri de Souza e Cássia Regina Dias Pereira 872 888 903 917 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 10 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ APRESENTAÇÃO Os professores do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR – Campus Paranavaí), organizaram pela XII vez a Jornada de Pedagogia, intitulada ―Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades‖. A jornada possibilitou intercâmbio e interação entre docentes e discentes das diferentes Instituições de Ensino Superior (IES), professores da rede estadual, pesquisadores e bolsistas de várias regiões do Paraná. Os trabalhos apresentados em forma de pôsteres ou comunicação oral, mesas redondas, oficinas e mini-cursos enriqueceram a Jornada. 68 trabalhos de autores de diferentes instituições de ensino superior de diversos cursos compõem estes ―ANAIS‖ que disponibilizamos para os leitores e, são resultados de pesquisas bibliográficas e ou de campo. Os artigos não representam a opinião do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR, sendo de inteira responsabilidade de seus autores. A coordenação ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 11 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ RELAÇÕES HISTÓRICAS ENTRE LITERATURA INFANTIL E EDUCAÇÃO INFANTIL: BREVES CONSIDERAÇÕES1 Adriana Aparecida Rodrigues (UNESPAR/FAFIPA, [email protected])2 Adão Aparecido Molina (UNESPAR/FAFIPA, [email protected]) 3 RESUMO O presente estudo estabelece uma relação entre a literatura infantil e a educação da criança na educação infantil. Parte do pressuposto que, a literatura infantil constituise em uma importante ferramenta para o trabalho dos professores na educação infantil, que ela ajuda a desenvolver o gosto pelas histórias, contribuindo para a formação de futuros leitores e, em especial, auxilia no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, promovendo o desenvolvimento cognitivo da criança. A organização do texto é decorrente de um estudo bibliográfico que contempla a análise histórica do processo de organização da educação infantil e da literatura infantil ao longo dos anos, bem como apontando as conseqüências da utilização da literatura infantil no desenvolvimento da criança pequena. Espera-se que este estudo possa contribuir para a constituição de um novo olhar em relação à utilização da literatura infantil na educação infantil, superando as técnicas ultrapassadas, de que a literatura infantil deve ser utilizada apenas para incentivar o gosto pela leitura. Palavras-chave: Educação Infantil. Literatura Infantil. Trabalho docente. INTRODUÇÃO As primeiras instituições destinadas à criança conforme Craidy e Kaercher (2001) foram desenvolvidas, com o objetivo de atender às necessidades básicas das crianças, principalmente pobres, maltratadas ou abandonadas. Os estabelecimentos 1 Trabalho realizado e apresentado a Fundação de Apoio à FAFIPA – Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí, como requisito parcial para aprovação no curso de Especialização em Fundamentos Teórico-Metodológicos em Educação Especial e Educação Infantil. 2 Mestranda em Ensino pela Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí e acadêmica do segundo ano do curso de História na mesma instituição de ensino superior. 3 Professor Orientador. Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Maringá. Professor e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí, Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí – Paraná. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 12 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ de ensino para a criança possuíam um foco assistencialista e se preocupavam muito mais com o cuidar, do que propriamente com o educar. Com a aprovação de legislações que orientam a educação da criança, a partir da década de 1990, de acordo com Molina e Lara (2005), a criança adquiriu direitos sociais. Nesse contexto, as instituições de educação infantil passaram a atrelar as funções de cuidar e educar. Desse modo, passou a ocorrer uma maior preocupação com a forma que a criança se apropria do conhecimento. Dentre os recursos didáticos que favorece ao desenvolvimento da criança pequena, enfatizamos a utilização da literatura infantil, que se apresenta com um recurso didático em prol do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, que envolve a relação professor e aluno. É possível considerar que a literatura infantil é indispensável tanto no ambiente escolar, como em outros meios institucionais que trabalham em prol do desenvolvimento humano. Atualmente, por falta de conhecimento, muitos educadores utilizam-se da literatura apenas como um incentivo à leitura ou um mero passa-tempo, sem levar em consideração sua diversidade de linguagens e riqueza artística. A opção por essa temática está ligada à formação dos profissionais de educação, pois é importante que os futuros docentes conheçam os benefícios da utilização desse recurso no desenvolvimento humano, já que o papel da literatura infantil não se esgota na tarefa de proporcionar o prazer de ler, ou servir apenas como uso meramente instrumental de texto. Por essa razão, por intermédio de um estudo bibliográfico, o presente estudo propõe estabelecer uma relação entre a literatura infantil e a educação da criança na educação infantil, a partir das modificações socioeconômicas, políticas e culturais na sociedade. Discutindo historicamente o processo de organização da educação infantil e da literatura infantil ao longo dos anos, bem como apontando as conseqüências da utilização da literatura infantil no desenvolvimento da criança pequena. Nessa perspectiva, a fundamentação teórica do estudo teve como base o materialismo histórico e dialético a fim de mostrar que, o contexto educacional e a literatura propagada na sociedade se encontram ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 13 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ imbricados com as questões socioeconômicas e políticas de um determinado período histórico. 1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO HISTÓRICO DE ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL As instituições de educação infantil como conhecemos atualmente, nem sempre estiveram estruturadas e desenvolviam suas atividades do modo como vivenciamos. Englobavam outros interesses em seu funcionamento. Craidy e Kaercher (2001) relatam que, a educação destinada à criança foi considerada por muito tempo de responsabilidade das famílias ou do grupo social ao qual pertencia a mesma, ocorrendo por meio de transmissão assistemática, no lar, ou nas poucas escolas. Todavia, é importante ressaltar que o ensino existente nesse período não era destinado apenas às crianças, não havia separação de faixa etária, apenas a diferenciação de classes sociais. Por um bom período na história, nenhuma instituição era destinada propriamente à criança. Podemos afirmar, portanto, que a educação infantil como conhecemos atualmente, é um fato recente. As primeiras instituições destinadas à criança partiam de uma vertente de cuidar e não de desenvolver as potencialidades da criança. Essa característica está relacionada ao início do trabalho materno nesse período, a partir da Revolução Industrial. As mães não tinham onde deixar os pequenos e até os filhos maiores trabalhavam, por isso a preocupação com as crianças menores. A situação nas cidades era subumana, pois não havia saneamento nem higiene nas casas, a jornada de trabalho era intensa e o local de trabalho não garantia condições dignas, conforme relata Engels (1985). Mesmo após a liberação das crianças do trabalho fabril, em virtude das crises de superprodução, o problema social se agravou, pois estas ficavam nas ruas e as pequenas sem as mães, que trabalhavam. Elas ficaram inicialmente em casas comuns, mas posteriormente o Estado passou a se esforçar para que as crianças pobres tivessem acesso à escola gratuita, pois os ricos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 14 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ dispunham de escolas religiosas e particulares. É importante destacar que, essas instituições de ensino então criadas tinham um caráter assistencialista, filantrópico e caritativo. Não tinham propostas educativas, mas quando educavam, era para a subordinação e não para a emancipação (KUHLMANN JÚNIOR, 1998, p. 73). Segundo Abramowicz e Wajskop (1995), entre os séculos XVIII e XIX apareceram as primeiras instituições de educação destinada às crianças pequenas, estando localizadas inicialmente na França. Com essa breve análise histórica, constatamos que a preocupação com a educação da infância nasceu relacionada a um problema social, não propriamente com o intuito de promover condições educativas para que a criança se desenvolvesse plenamente. Tal cenário não foi diferente no Brasil, devido às peculiaridades de nossa história, marcada pela colonização européia e baseada no trabalho escravo, a preocupação com a educação do povo e da criança pequena demoraria mais a se manifestar. Foram por pressões do capitalismo industrial europeu, no final do século XIX, que se elaboraram leis para a abolição dos escravos, como a Lei do Ventre Livre, em 1871. Esta proporcionava a liberdade para as crianças nascidas a partir desta data, mas suas mães continuavam escravas. A solução, para muitas delas, foi deixar os filhos na ―Roda dos Expostos‖, que era um lugar para as crianças enjeitadas ou abandonadas. Estas se instalaram junto às Santas Casas de Misericórdia no Brasil, inicialmente para amparar crianças cujas mães morressem ou adoecessem, sendo depois usadas pelas camadas populares, quando não conseguiam criar seus filhos (FARIA, 1997). A alta taxa de mortalidade levou ao fechamento dessas rodas e à criação de creches por médicos e mulheres burguesas. Estas foram marcadas por uma concepção higienista, levando Faria (1997, p. 16) a afirmar que, ―[...] durante os sécs. XVIII e XIX, as iniciativas voltadas para a infância no Brasil são marcadas pelo caráter médico-sanitarista‖. A educação infantil se tornaria necessária e conquistaria novos espaços a partir das necessidades criadas no processo de industrialização. Nesse contexto é que a Constituição Federal de 1988, no capítulo III, destinado à educação, cultura e desporto, na seção I, da educação, estabeleceu no Art. 208, ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 15 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ inciso IV, que a educação e dever do Estado e da família. Esse direito assegurado constitucionalmente levou à substituição do caráter assistencialista e de amparo à criança, tornando a educação infantil um direito da criança e um dever do Estado (BRASIL, 1988). Tais direitos foram reafirmados em 1990, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é um conjunto de normas juridícas cujo objetivo é proteger a integridade da criança e do adolescente. É importante ressaltar aqui que as leis referentes à criança e ao adolescente tinham até então um caráter restritivo, discriminatório e punitivo, como atesta o Código do Menor, que classificava as crianças entre as que estavam em situação regular (que viviam com os pais) e as do grupo irregular (sem situação familiar definida). As instituições que se organizavam nos bairros pobres tinham um caráter mais preventivo que educativo. Os problemas de violência, gerados pelas desigualdades econômicas e sociais, levaram à defesa da necessidade de instituições que cuidassem dessas crianças para evitar a marginalidade. Cabe-nos aqui indagar o quanto superamos tal concepção. Esse processo de defesa de diretos é reafirmado na LDB 9.394/96, que contribuiu de forma decisiva para a instalação no país de uma concepção de educação infantil relacionada ao sistema educacional, passando a considerá-la a primeira etapa da Educação Básica (CARNEIRO, 2003). 2 LITERATURA INFANTIL: FUNÇÕES HISTORICAMENTE ASSUMIDAS Os primeiros livros destinados para as crianças segundo Zilberman (1985) foram produzidos no final do século XVII e durante o século XVIII, em decorrência do surgimento do sentimento de infância4, já que a criança é um estágio biológico e a 4 A infância ou sentimento de infância se constituiu ao longo da história, sendo que o pensamento apropriado pela sociedade contemporânea tem por base a separação entre o mundo do adulto e da criança. Entretanto, a infância ou sentimento de infância como conhecemos atualmente é uma invenção da modernidade, concebida por meio das transformações socioeconômicas e políticas decorrentes do período de transição do modo de produção feudal para o capitalismo, pois a organização da sociedade medieval não permitia um desenvolvimento do sentimento de infância. As transformações socioeconômicas e políticas ocorridas a partir do início da Idade Moderna geraram ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 16 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ infância é uma construção social, influenciada pelas transformações socioeconômicas, políticas e culturais, que ocorrem na sociedade. O escritor norte americano Neil Postman (1999), descreve que o surgimento da infância se deu a partir da invenção da prensa tipográfica, pois, começou a se difundir o sentimento individualista, em relação à autoria das obras, o que, consequentemente, provocou transformações nas condições da vida intelectual. Segundo ele, antes as comunicações humanas ocorriam num contexto social; já com o livro impresso, surgiu o leitor isolado, capaz de realizar suas próprias interpretações. Além disso, ele afirma que a família passou a se envolver emocionalmente com as crianças, passando a ser a responsável pela educação dessas crianças. Temos de distinguir dois tipos de crianças, com acesso a uma literatura muito diferente. A criança da nobreza, orientada por preceptores, lia geralmente os grandes clássicos, enquanto a criança das classes desprivilegiadas liam ou ouviam as histórias de cavaleira, de aventuras. As lendas e contos folclóricos formavam uma literatura de cordel de grande interesse das classes populares (CUNHA, 1987, p. 19). Antes do surgimento do sentimento de infância, a criança participava do contexto socioeconômico, político e cultural como se fosse um adulto, participava também de sua literatura. De acordo com Zilberman (1985, p. 13), ―[...] a nova valorização da infância gerou maior união familiar, mas igualmente os meios de controle do desenvolvimento intelectual da criança e a manipulação de suas emoções‖. Cunha (1987) descreve que, em toda a Europa difundiu-se a estreita ligação entre a literatura infantil e a pedagogia. Grandes educadores da época, como, Comenius, Campe, Fénélon, entre outros, passaram a escrever uma literatura para as crianças, entretanto com um caráter formativo e informativo, muitas vezes até enciclopédicos. Ainda, segundo a mesma autora, surgiu a necessidade de adequar a literatura para além de mudanças na organização social, também, mudanças no comportamento das pessoas. Dessa forma, firma-se o pressuposto de que o conceito de infância está imbricado com a produção e a reprodução da vida material dos homens e, portanto, a educação da criança só pode ser compreendida se relacionada com as transformações históricas que marcaram a sociedade naquele período, caracterizando o surgimento da sociedade moderna (POSTMAN, 1999). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 17 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ a infância e juventude, no qual nos clássicos foram realizados adaptações, e no folclórico, ocorreu à apropriação dos contos de fadas, que até esse momento, não era destinado para as crianças especificadamente. O início da verdadeira literatura infantil brasileira de acordo com Cunha (1987, p. 20), surgiu com Monteiro Lobato. ―Com uma obra diversificada quanto gêneros e orientação, cria esse autor uma literatura centralizada em algumas personagens, que percorrem e unificam seu universo ficcional‖. Suas obras possuem um caráter diversificado, pois podem ser didáticas, ou explorar o folclore, ou utilizasse puramente da imaginação, ―[...] com ou sem o reaproveitamento de elementos e personagens da literatura infantil tradicional‖. Monteiro Lobato abriu o caminho para muitos escritores de talento, que criam obras respeitáveis para as crianças. Entretanto, segundo Cunha (1987, p. 21), ―apesar desses avanços, não podemos negar que grande parte da produção literária para a infância no Brasil ainda se ressente da excessiva preocupação pedagógica‖. Segundo Coelho (2000), após a presença inovadora de Monteiro Lobato, a literatura entrou em uma fase de hibernação da inventividade e do ludismo, no qual as técnicas utilizadas na nova escrita reforçavam os valores conservadores. Coelho (2000) relata que entre os anos 40-50, do século XX, a literatura infantil era limitada a compromissos pedagógicos, no geral, era uma leitura didática. Tal procedimento ocorreu, devido aos acontecimentos políticos naquela época, que se instaurava como a Era de Vargas. Nos anos 50-60, com a difusão dos inventos audiovisuais, em especial a televisão, ocorre à fragmentação da palavra e a valorização da imagem, surgindo ―gerações sem palavras‖, já que as novas gerações passaram a se afastar da leitura. As produções literárias dessa época, possuíam os pés na realidade do dia-a-dia e na dimensão da fantasia, da imaginação, do sonho e dos altos ideais. Mesmo com a literatura e a leitura perdendo lugar na vida cotidiana, devido às novas tecnologias, a poesia tornou-se presente nos lares brasileiros, em 1965, por meio de música popular, divulgada em grandes festivais na televisão. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 18 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Segundo a mesma autora, com o fim do governo militar, surge em finais da década de 1970, uma nova literatura infantil/juvenil, sendo baseadas nas palavras: criatividade, consciência da linguagem e consciência crítica. Tal procedimento girava em torno de uma nova concepção de mundo, apresentado naquele momento histórico, como o homem ser compreendido como um ser histórico; a descoberta do poder da palavra; a relação entre o saber e o conhecimento com a prática da liberdade; e a valorização do lúdico, irreverente e o espírito questionador. Coelho (2000) destaca que, com essa nova criação literária, ocorreu a fusão de linguagens, ritmos e perspectivas que singularizam o novo livro infantil. Foram desenvolvidos livros para pré-leitores, com narrativas por imagens, a fim de despertar o interesse pela leitura. A realidade e a imaginação adquiriam importância no novo universo literário infantil, cruzando linhas narrativas diferentes entre si, a fim de valorizar a palavra literária, como agente de criação de uma nova consciência de mundo. Na década de 1980 surgiram novos escritores e ilustradores, na área da literatura infantil, sendo muitos deles consagrados em outras áreas de criação. Consequentemente aumentou a propagação de livros de poesia, no qual o texto passou ser a junção de palavras e imagens. Desse modo, surgiu um novo caminho para a literatura destinada as crianças, que em mãos de grandes artistas, livros se tornaram uma pequena obra de arte. A invenção literária produzida entre os anos 1970-1980 proporcionou ao pequeno leitor histórias vivas e bem-humoradas, a fim de divertir e tornar, ao mesmo tempo, os leitores conscientes de si e do mundo. Atualmente, a produção literária destinada às crianças e jovens continua em expansão, só que as invenções são multiplicadas na magia eletrônica dos computadores. Coelho (2000, p. 29) ainda ressalta que, ao longo dos anos, mesmo com as modificações históricas em sua estruturação, a literatura se encontra imbricada com uma função essencial, a de ―[...] atuar sobre as mentes, nas quais se dividem as vontades ou as ações; e sobre os espíritos, nos quais se expandem as emoções, paixões, desejos, sentimentos de toda ordem‖. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 19 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Dessa maneira, a literatura infantil desvenda o seu poder transformador entre a imaginação e a consciência social. 3 UTILIZAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL NA EDUCAÇÃO INFANTIL Com base nos postulados descritos anteriormente elucidamos que, é preciso repensar as funções da educação infantil. Não se deve tirar o direito da criança à infância, mas desenvolver as potencialidades específicas dessa faixa etária, por meio de atividades lúdicas e formativas, que lhe permitam conhecer a realidade que vivenciam. Entretanto, nessa fase da vida, o cuidar não pode ser relegado a um segundo plano, por isso existe uma defesa sobre a indissociabilidade entre o cuidar e o educar, considera-se que não são coisas estanques ou separadas, porque acontecem simultaneamente. A educação da criança pequena envolve simultaneamente dois processos complementares e indissociáveis: educar e cuidar. As crianças desta faixa etária, como sabemos, têm necessidades de atenção, carinho, segurança, sem as quais elas dificilmente poderiam sobreviver. Simultaneamente, nesta etapa, as crianças tomam contato com o mundo que as cerca, através das experiências diretas com as pessoas e as coisas deste mundo e com as formas de expressão que nele ocorrem. Esta inserção das crianças no mundo não seria possível sem que atividades voltadas simultaneamente para cuidar e educar estivessem presentes (CRAIDY e KAERCHER, 2001, p. 16). Com base nessas análises, pode-se dizer que, nessa primeira etapa da educação básica, a criança viverá uma das mais complexas fases do desenvolvimento humano, que atinge seus aspectos intelectual, emocional e social. Para atingir tais objetivos, é necessário organizar e encaminhar atividades diárias que respeitem a criança e seu ritmo de desenvolvimento e crescimento, o que exige um profundo conhecimento dela. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 20 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Para superar os desafios atuais, faz-se necessário planejar ações pedagógicas que contemplem as necessidades das crianças. Os momentos no qual o aluno permanece na instituição de educação infantil devem ser diversificados para possibilitar experiências que estimulem a criatividade, experimentação, imaginação, que trabalhem o lúdico, bem como aqueles que desenvolvam diversas linguagens e que atendam suas necessidades psicológicas, biológicas, sociais e históricas. Nas atividades como alimentação, higiene e repouso são importantes à intervenção do educador para ir ampliando a autonomia da criança, seu conhecimento físico e social. Para assegurar o alcance desses objetivos, é indispensável organizar um trabalho pedagógico adequado, que norteie as ações institucionais. Tudo o que se refere ao cuidar e ao educar deve ser considerado, não centrando o trabalho na escolarização, mas sim no desenvolvimento e aprendizagem da criança e sua inserção crítica no meio cultural e social. Nesse contexto, temos a literatura infantil como uma ferramenta auxiliadora do trabalho do docente na educação infantil, já que a mesma não pode ser considerada apenas um instrumento de incentivo a leitura, por favorecer o desenvolvimento humano. A valorização da literatura é algo recente, mas por desconhecimento de muitos educadores, no ambiente escolar, a literatura infantil é utilizada sempre a tributo de uma função didática, formadora. Cunha (1987) relata que na área apreciativa é impossível precisar o resultado, no qual trabalhar com o novo e diante de um planejamento já prescrito, a exploração de uma obra literária no ambiente escolar é abandonada por muitos educadores. Consideramos que, a literatura infantil abrange uma vertente, que vai além do ato de diversão ou aprendizado, abrangendo o desenvolvimento humano, pois os estudos literários segundo Coelho (2000): Estimulam o exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente, dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significativa ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 21 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ e consciente – condição sine qua non para a plena realidade do ser (COELHO, 2000, p. 16, grifo da autora). Nessa perspectiva, a literatura infantil se faz presente, como um recurso que favorece o desenvolvimento e o conhecimento do indivíduo. De acordo com André (2004, p. 18), ―[...] cabe à escola utilizá-la de forma lúdica para estabelecer uma relação harmoniosa entre professor, aluno e texto literário, assim como possibilitar [...]‖ que o contato do aluno com linguagem escrita ―[...] não ocorra pela decodificação‖. Ainda, segundo essa autora, por meio da literatura infantil o indivíduo expressa sua percepção de mundo; aprende a lidar com os dilemas humanos universais; adquiri uma consciência fonológica; e resgata o lúdico. Além da falta de conhecimento de alguns educadores dos benefícios da literatura infantil, outro desafio presente na apropriação da literatura infantil no ambiente escolar, refere-se à escolha de uma boa obra. Segundo Yunes (2002, p. 14), não basta ser professor ou lidar com crianças para discernir uma boa obra de literatura infantil, pois tal processo demanda de alguns procedimentos, como: ‖[...] ser leitor, acompanhar a produção, conhecer, de fato o traço do infantil e ter alguma informação básica sobre a própria literatura, [...]‖. Dessa forma, de acordo com a mesma autora, temos que seguir alguns procedimentos para utilizar e recomendar livros para crianças e adolescentes, tais como: ‖[...] conhecer mais de perto alguns aspectos da criação literária e ter referências sobre critérios consensualmente admitidos por leitores experientes‖. Tais procedimentos devem ser apropriados por todos os envolvidos direta ou indiretamente na recomendação de livros. É importante ler de tudo um pouco, para a formação de um espírito crítico, entretanto, como cativar o leitor inicialmente a ler por meio de obras conformistas, insípidas e reintegradoras de seu cotidiano reprimido? Yunes (2002, p.16) descreve a necessidade de ocorrer uma avaliação nas obras infantis, assim, como na produção cultural em geral presente no mercado, por meio de opiniões salutarmente independentes e até divergentes, produzidas por autores, editores, professores, ilustradores, pais, instituições, governos, especialistas e críticos. As considerações ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 22 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ obtidas por meio dessa avaliação não devem ser consideradas como um dogma, mas como uma orientação de referência, a fim de oferecer ―[...] bons livros aos iniciantes para ganha-los para o prazer de ler, antes que forçar a instalação de um hábito sem deleite‖. Não podemos perder tempo com obras razoáveis, já que existem obras que desafiam o gosto e a inteligência do leitor. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto ao longo deste estudo, procuramos elucidar que a estruturação histórica da sociedade, da literatura infantil ou das instituições de educação infantil, passaram por transformações ao longo dos anos, em decorrência das modificações nos contextos socioeconômicos, políticos e culturais presentes na sociedade. A educação infantil passou por um processo histórico para se constituir atualmente como a primeira etapa da Educação Básica, com princípios e diretrizes voltados para a educação de forma geral. No decorrer da história da educação infantil no Brasil, suas instituições tiveram um caráter assistencialista e higienista. Entretanto, leis foram aprovadas como a Constituição Federal de 1988, o ECA de 1990 e a LDB 9394/96, em virtude das necessidades históricas e de pressões sociais que levaram a educação infantil a ter um caráter educativo. O problema é que essa função, muitas vezes, fica restrita ao âmbito legal, pois na realidade sua concretização passa por muitos desafios. O que ocorre, muitas vezes, é que a educação infantil na sociedade atual acaba assumindo a função de preparação para as próximas etapas da educação, pois estamos inseridos em um contexto sociocultural que prioriza o conhecimento, a prática, a experiência e a competição, que prega a idéia de que só se destacará ou manterá um padrão de vida estável na sociedade quem se preparar para o mundo do trabalho de forma mais adequada. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 23 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Tal perspectiva necessita ser superada. O cuidar e o educar devem ser indissociáveis, para assegurar uma formação sólida, que ultrapasse as limitações da sociedade capitalista, já que esta promove a desigualdade social e a exclusão da maioria dos seres humanos às riquezas culturais e materiais que são socialmente produzidas. Desse modo, acreditamos que as instituições de educação infantil devem propor uma ação pedagógica que vise não apenas o cuidado com as crianças, mas também uma educação comprometida com o seu desenvolvimento, com a construção de sua identidade e autonomia e, principalmente, comprometida com uma educação emancipadora. Para superar os desafios presentes para uma educação infantil de qualidade, é necessário direcionar recursos financeiros e promover formação adequada aos docentes. As instituições de educação infantil devem se organizar com objetivos didático-pedagógicos claros, pois se a criança é considerada um ser social, seu desenvolvimento adequado poderá gerar adultos com o conhecimento da realidade na qual vivem, superando o senso comum. É na educação infantil que a criança inicia sua formação, por isso deve-se promover seu interesse pelo conhecimento dos fundamentos das relações sociais e de suas possibilidades de atuação. Partindo dessa vertente, temos como recurso didático a utilização da literatura infantil, que assim, como no caso das instituições de educação infantil, também passou por um processo histórico para se constituir atualmente como um recurso didático, em prol do desenvolvimento humano. Devido às relações estabelecidas entre os homens serem históricas, o desenvolvimento da literatura infantil também é histórico e se altera ao longo do tempo. Por essa razão, é possível entender que: Cada época compreendeu e produziu literatura a seu modo. Conhecer esse ―modo‖ é, sem dúvida, conhecer a singularidade de cada momento da longa marcha da humanidade em sua constante evolução. Conhecer a literatura que cada época destinou às crianças é conhecer os ideais e valores ou desvalores sobre os quais cada sociedade se fundamentou (e se fundamenta...) (COELHO, 2000, p. 27-28). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 24 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Uma obra de literatura infantil deve se embasar no respeito à inteligência e à sensibilidade que as crianças possuem a fim de se tornar um instrumento de libertação pela linguagem e de desenvolvimento humano. É importante ter em mente, que a literatura é desenvolvida para atender ao nível do leitor que se destina, e busca proporcionar o desenvolvimento da imaginação, já que apenas a razão e a lógica não são suficientes para a aquisição do conhecimento de si mesmo e do mundo. Conforme escreveu André (2004, p. 21), ―[...] no trabalhar com Literatura Infantil em sala de aula, é preciso tomar cuidado de não fazer um uso meramente instrumental do texto. Para aproveitar o potencial lúdico que a narrativa apresenta, é preciso selecionar livros de acordo com os interesses das crianças‖, além de propor atividades que estimulem o desenvolvimento humano, utilizando-se da criatividade e de um conhecimento crítico. A relação entre a literatura infantil e a educação da criança pequena nas instituições de educação infantil é constatada em grande parte dos textos como apenas um incentivo a leitura, entretanto, diante deste estudo, é possível entender que a literatura infantil proporciona diversos benefícios em prol do desenvolvimento humano. Para superar os desafios presentes na inserção da literatura infantil na educação infantil, é necessário promover uma formação adequada aos docentes, proporcionando a esses profissionais a compreensão de que é preciso direcionar a aplicação da literatura infantil articulando o lúdico com a aprendizagem. Essa articulação não retira da literatura infantil o caráter de arte que, além de instruir possibilita a compreensão da realidade e promove a emancipação humana. REFERÊNCIAS ABRAMOWICZ, Anete; WAJSKOP, Gisela. Educação infantil: creches: atividades para crianças de zero a seis anos. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1995. ANDRÉ, Tâmara Cardoso. Literatura infantil: práticas adequadas ajudam a despertar o gosto pela leitura. Revista do professor, ano XX, n. 78, p. 18-21, abr./jun. 2004. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 25 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: constituição e legislação relacionada. São Paulo: Cortez, 1991. ______. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. 1988. Disponível em: <http://www.planato.gov.br/civil_03/constituiçao.htm.>. Acesso em: 14 fev. 2009. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. 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O objetivo é discutir se a educação fundamental está utilizando o processo da informática como uma ferramenta pedagógica nas escolas de Paranavaí, e perceber se os professores estão preparados para usar essa ferramenta, e se as crianças matriculadas nas escolas de Paranavaí, também utilizam essa ferramenta no processo de ensino, e finalmente qual principal objetivo do uso informática nas escolas fundamentais. Para tanto se pretende compreender as ideias levantadas por autores sobre a importância da informática na educação e espera-se por meio desta pesquisa compreender como este recurso esta sendo utilizado no ambiente escolar. Palavras-chave: Informática. Educação. Ensino Fundamental. 1-INTRODUÇÃO As novas tecnologias trouxeram grande impacto sobre a Educação desenvolvida nos dias atuais, criando novas formas de aprendizado, disseminação do conhecimento e, especialmente, novas relações entre professor e aluno. A revolução trazida pela rede mundial possibilita que a informação gerada em qualquer lugar esteja disponível rapidamente. A globalização do conhecimento e a simultaneidade da informação são ganhos inestimáveis para a humanidade. 5 Trabalho apresentado para a conclusão do curso de Pedagogia 6 Acadêmica do curso de Pedagogia da Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí - PR. e-mail: [email protected] 7 Professora Orientadora. Docente do Departamento de Educação da Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí-PR. Mestre em Educação. e-mail: [email protected] ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 28 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A Internet tem contribuído fortemente para uma total mudança nas práticas de comunicação educacionais. Na leitura, na forma de escrever, na pesquisa e até como instrumento complementar na sala de aula ou como estratégia de divulgar a informação. Em nossas escolas, isto não poderia ser diferente. Ou seja, a sociedade como um todo passa por mudanças e transformações, consequentemente a escola deve procurar se adaptar a essas mudanças, trazendo para dentro do contexto educacional as novas tecnologias, visando melhorar a qualidade do ensino e proporcionar a aprendizagem dos alunos, de forma diversificada e estimulante. Neste sentido o conceito de educar também merece ser revisto. [...] A questão fundamental não é a tecnológica. As tecnologias podem nos ajudar, mas, fundamentalmente, educar é aprender a gerenciar um conjunto de informações e torná-las algo significativo para cada um de nós, isto é, o conhecimento. Hoje nós temos inúmeras informações e um conhecimento bem menor, porque estas nos escapam, estão soltas, não sabemos reorganizá-las. O conhecimento é isso. [...] é importante aprender a gerenciar também sentimentos, afetos, todo o universo das emoções. Educar é um processo complexo, não é somente ensinar ideias, é ensinar também a lidar com toda essa gama de sensações, emoções que nos ajudem a nos equilibramos e a viver com confiança (MORAN, 2001, p.3-4). Um dos objetivos da introdução dos computadores na vida das crianças é que esta tecnologia estimule suas mentes e potencialize seu desenvolvimento intelectual, paralelamente ao seu desenvolvimento psicossocial, uma vez que sua coordenação motora está se estabelecendo concomitantemente a seus gostos e relações sociais. A proposta de utilizar os computadores no processo educativo desde as séries iniciais é de Papert, pois segundo sua proposta o computador iria ―ampliar a escola‖, revolucionar a educação e reformular a mente das crianças. Sua linguagem de programação, projetada especialmente para crianças, deveria provocar o estímulo ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 29 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ para essa revolução. Influenciado pelo psicólogo e filósofo Jean Piaget, com quem estudou, Papert afirma ter combinado complexas teorias de desenvolvimento infantil de Piaget com seu próprio trabalho no campo da inteligência artificial. A pesquisa terá por base os pressupostos filosóficos do materialismo histórico dialético. O problema da presente pesquisa é a falta de utilização correta da informática, as escolas oferecem todas as ferramentas e a acessibilidade, mas com isto não passa nenhuma aprendizagem ao seus alunos. A internet deve ser trabalhada profundamente, com algum objetivo de processo de ensino e aprendizagem, pois a internet tem que ser um instrumento de ensino, da mesma forma que a educação deve atrair os alunos a aprender os conteúdos científicos. 2- O SURGIMENTO DA INFORMÁTICA NO AMBITO ESCOLAR A evolução e o desenvolvimento das tecnologias se concretizaram em um período pós-revolução industrial, onde a ênfase estava ligada a qualidade e não na quantidade. Com isso ocorram várias mudanças no campo das telecomunicações e da microeletrônica. Isso proporcionou a evoluções científicas e as pesquisas. Inicialmente é importante compreender que a sociedade atual, na qual estamos inseridos é resultado de transformações históricas. Por exemplo, pode-se citar a Revolução Industrial, a era do Tecnicismos ( no Brasil), a era da tecnologia que temos hoje. Sendo assim, a medida em que a sociedade se desenvolve surge novas exigências para o sistema educacional, como pode-se ver a seguir: A passagem de uma era industrial para uma era da informação, marcada pela incerteza e provisoriedade [...], exigindo altas tecnologias e mudanças constantes no mercado de trabalho, demanda novas formas de educação e de organização escolar. É função da escola, hoje, preparar os alunos para pensar, resolver problemas e responder rapidamente às mudanças contínuas (HARGREAVES, 1995 apud MERCADO, s/d, p. 2). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 30 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Podemos compreender que a técnica ou a tecnologia sempre esteve presente na vida humana. A aprendizagem da utilização educativa das novas tecnologias envolve um processo de integração numa comunidade, na escola. A integração na comunidade é um processo de construção de significados e práticas partilhadas coletivamente, que engloba a natureza dos novos meios, como a informação, comunicação e interação, considerando a incerteza, a interdependência e a contextualidade. A tecnologia sempre afetou o homem: das primeiras ferramentas, por vezes consideradas como extensões do corpo, à máquina a vapor, que mudou hábitos e instituições, ao computador que trouxe novas e profundas mudanças sociais e culturais, a tecnologia nos ajuda, nos completa, nos amplia.... Facilitando nossas ações, nos transportando, ou mesmo nos substituindo em determinadas tarefas, os recursos tecnológicos ora nos fascinam, ora nos assustam (FROES, 2012, p.5) A informática educacional pode ser configurada como uma área de estudo que contribui para o desenvolvimento da educação escolarizada como um todo, e que deve estar de acordo com os objetivos definidos no plano pedagógico escolar e com as propostas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Ela visa propiciar a alunos e professores mais um ambiente onde a aprendizagem pode ser estimulada, através da união dos recursos da informática com os objetivos particulares de cada disciplina ou visando o desenvolvimento de projetos interdisciplinares e cooperativos. O computador por si não atende ao objetivo de formar o "homem social" com que sonha a humanidade, o que formará o homem será a maneira como ele utilizará a máquina. Por isso, é preciso que os objetivos do uso de computadores na educação em geral e na educação especial, siga a uma filosofia educacional mais ampla que justifique sua aplicação. Abordaremos o uso de computadores na educação a partir de uma perspectiva construtivista-interacionista. Desta forma, o computador deve ser usado como um instrumento de aprendizagem, onde o aluno atua e participa do ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 31 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ seu processo de construção de conhecimentos de forma ativa, interagindo com o instrumento de aprendizagem. O termo ―construcionismo‖ decorre da necessidade de se caracterizar a interação aluno-objeto, mediada por uma linguagem de programação, como o Logo. O profissional que conhece o Logo atua como mediador dessa interação. A criança interage com o objeto que usa métodos para facilitar a aprendizagem e, principalmente a descoberta do aluno. Um computador nunca poderá ocupar o lugar de um professor que não se limite apenas a transmitir informações. A utilização do computador no ambiente escolar é feita para auxiliar o processo de aprendizagem, mas não para conduzi-lo. A introdução da informática na educação implica na criação de novas posturas dos profissionais da educação e na formação destes e este sim é o maior desafio a ser enfrentado. Um enfoque teórico equilibrado não é simples de encontrar, principalmente porque estamos lidando com uma situação escolar inédita e também porque nosso objeto de estudo está em constante transformação, com o surgimento de novos computadores. Seymour Papert desenvolveu sua prática com a informática educativa baseada na crença de que a criança pode ser vista como construtora de sua própria estrutura intelectual. Que a criança parece ser aprendiz inata e que ela constrói suas estruturas de pensamento a partir da exploração do ambiente em que vive. É possível afirmar que Papert procurou um meio que permitisse à criança uma especial realização de descobertas de novos processos de pensar. Portanto, com essas ideias Papert desenvolveu o uso do computador, como o meio, através do qual, a criança possa estabelecer contato com um instrumento versátil, fácil de operar e rico em possibilidades, onde a forma de usar o computador se deu através da linguagem Logo. A abordagem desenvolvida por Vygotsky encontra ecos na educação escolarizada, ou seja, permite que desenvolvamos reflexões procurando o aprimoramento intelectual dos aprendizes, sejam eles crianças, jovens ou adultos. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 32 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A criança tem capacidade criadora que é muito importante para o desenvolvimento geral e de sua maturação. Criança não se limita em seus jogos a recordar experiências vividas, senão que a reelaboram criativamente, combinando-as entre si e edificando-as com elos novos da realidade de acordo com suas afeições e necessidades. (Vygotsky, 1989, p.15) Para tornar possível ou favorecer esta prática é preciso que o professor participe de momentos em que possa analisar sua atuação e a de outros professores, em que possa pesquisar, refletir, discutir e produzir através do software para que com isso, se possa aproximar da realidade dos seus educandos. A concepção que construímos sobre Informática na Educação provém de uma ampla e abrangente abordagem sobre aprendizagem, filosofia do conhecimento, domínio da tecnologia computacional e prática pedagógica, que não só abandona a ideia de blocos de construção justapostos. O universo de estudos da Informática na Educação é como uma rede dinâmica de temas ou especialidades inter-relacionados para propiciar a unificação de conhecimentos. A informática aplicada à educação tem funcionado como instrumento para a inovação. E por se tratar de uma ferramenta poderosa e muito valorizada pela sociedade, facilita a criação de propostas que ganham logo a atenção de professores, coordenadores, diretores, pais e alunos. Frequentemente, as reações dos professores sobre esses projetos são extremadas. Alguns creem que tudo se resolverá por seu intermédio, outros acreditam que não passam de panaceia. 3-O PAPEL DA ESCOLA DIANTE DAS NOVAS EXIGÊNCIAS A Informática vem adquirindo cada vez mais relevância no cenário educacional. Sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vem aumentando de forma rápida entre nós. Nesse sentido, a educação vem passando por mudanças estruturais e funcionais frente a essa nova tecnologia. Houve época ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 33 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ em que era necessário justificar a introdução da Informática na escola. Hoje já existe consenso quanto à sua importância. De acordo com Mercado (s/d), Cabe à escola oferecer aos cidadãos as ferramentas de que eles necessitam para que tenham um efetivo acesso às conquistas tecnológicas da sociedade como um todo, tendo acesso ao saber científico e tecnológico que alicerça a prática profissional e a prática social, isto é, o domínio da inteligência do trabalho (p. 3) As novas tecnologias quando bem utilizadas podem acarretar em novas propostas voltadas paraa didática do professor em sala de aula. Assim como esta descrito a seguir, O acesso a Internet é uma ferramenta que pode facilitar na inovação de propostas pedagógicas alternativas, bem como no contato com o conhecimento de ponta para poder comparar e avaliar as propostas. Isso se faz possível, uma vez que as escolas se encontram equipadas tecnologicamente. (BACKES, RORIG, s/d, p. 3). A informática educacional pode ser configurada como uma área de estudo que contribui para o desenvolvimento da educação escolarizada como um todo, e que deve estar de acordo com os objetivos definidos no plano pedagógico escolar e com as propostas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Ela visa propiciar a alunos e professores mais um ambiente onde a aprendizagem pode ser estimulada, através da união dos recursos da informática com os objetivos particulares de cada disciplina ou visando o desenvolvimento de projetos interdisciplinares e cooperativos. Uma pedagogia da informática é desvirtuar exatamente o caráter que se tenta implementar com a introdução dos computadores na educação, pois confunde o seu papel de facilitador de um processo impondo-lhe a de normatizador da relação educacional, quiçá da própria relação social. Entretanto, não há que se negar que a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 34 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ introdução desta tecnologia pode permitir mudanças significativas e apresentar novas abordagens para a relação educação-sociedade. Para utilizar novas recursos tecnológicos na escola é preciso um projeto pedagógico que organize a escola com o propósito de trabalhar os alunos com estes recursos, valorizando o trabalho dos mesmos,na medida que forem sendo realizados e conhecendo como manejar estes recursos. Assim, as novas tecnologias poderão ter alcance em diversas áreas da educação, dando oportunidade ao aluno trabalhar a interdisciplinaridade na escola. Um professor consciente e crítico é capaz de compreender a influência da tecnologia no mundo moderno e é capaz de colocá-la a serviço da educação e da formação de seus alunos, articulando as diversas dimensões de sua prática docente, no papel de um agente de mudança. As mudanças que as tecnologias favorecem na postura do professor em aula ajudam os alunos a estabelecerem um elo de ligação entre os conhecimentos acadêmicos com os adquiridos e vivenciados, ocorrendo uma troca de idéias e experiências, em que o professor se coloca na posição do aluno, aprendendo com a experiência deste. Durante as aulas os alunos são levados a pesquisar e estudar individualmente, a buscar informações e dados novos para serem trazidos para estudo e debates em aula. Enfatiza-se uma aprendizagem ativa e um processo de descobertas dirigidas. Incentiva-se a aprendizagem interativa em pequenos grupos. Discutem-se temas e assuntos atuais, de forma abrangente, complexa e integrando seus diversos aspectos. Integra-se efetivamente teoria e prática, conhecimento e realidade desde o início do curso, aprendendo na ação. A chegada das tecnologias no ambiente escolar provoca uma mudança de paradigmas. A Informática Educativa nos oferece uma vastidão de recursos que, se bem aproveitados, nos dão suporte para o desenvolvimento de diversas atividades com os alunos. Todavia, a escola contemporânea continua muito arraigada ao ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 35 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ padrão jesuítico, no qual o professor fala, o aluno escuta, o professor manda, o aluno obedece. A chegada da era digital coloca a figura do professor como um ―mediador‖ de processos que são, estes sim, capitaneados pelo próprio sujeito aprendiz. Porém, para que isso ocorra de fato, é preciso que o professor não tenha ―medo‖ da possibilidade de autonomia do aluno, pois muitos acreditam que com o computador em sala de aula, o professor pede o seu lugar. Pelo contrário, as máquinas nunca substituirão o professor, desde que ele resignifique seu papel e sua identidade a partir da utilização das novas abordagens pedagógicas que as tecnologias facilitam. É preciso a presença do professor, pois é ele quem vai dinamizar todo este novo processo de ensino-aprendizagem por intermédio dessa ferramenta, explorando-a ao máximo com criatividade, conseguindo o intuito maior da Informática Educativa: mudança, dinamização, envolvimento, por parte do aluno na aprendizagem. Entre as vantagens potenciais desta modalidade na escola, está o fato desta: (...) a) ser ‗sinônimo‘ de status social, visto que seu usuário, geralmente crianças e adolescentes, experimentam a inversão da relação de poder do conhecimento que consideram ser propriedade dos pais e professores, quando estes não dominam a Informática; b) possibilitar resposta imediata, o erro pode produzir resultados interessantes; c) não ter o erro como fracasso e sim, um elemento para exigir reflexão/busca de outro caminho. Além disso, o computador não é um instrumento autônomo, não faz nada sozinho, precisa de comandos para poder funcionar, desenvolvendo o poder de decisão, iniciativa e autonomia; d) Favorece a flexibilidade do pensamento; e) estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico, pois diante de uma situação-problema é necessário que o aluno analise os dados apresentados, descubra o que deve ser feito, levante hipóteses, estabeleça estratégias, selecione dados para a solução, busque diferentes caminhos para seguir; f) Possibilita ainda o desenvolvimento do foco de atenção-concentração; g) favorece a expressão emocional, o prazer com o sucesso e é um espaço onde a criança/jovem pode demonstrar suas frustrações, raiva, projeta suas emoções na escolha de produção de textos ou desenhos. (FERREIRA, p. 29, 2002) A Internet possibilita um intercâmbio entre localidades distantes, gerando trocas de experiências e contato com pessoas de outros países. Essas ―pontes‖ que hoje ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 36 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ existem entre diferentes mundos representam o único meio de acesso para quem não vive perto dos grandes centros urbanos. Somente nas grandes cidades pode-se conviver diretamente com a informação, ou seja, uma fatia minoritária de pessoas tem acesso à educação de qualidade, pois tem acesso à universidade, bibliotecas, laboratórios, teatros, cinemas, museus, centros culturais etc. É necessário, deste modo, democratizar o acesso ao conhecimento, às tecnologias da informação e da comunicação, seja para a formação continuada dos professores, seja para o enriquecimento da atividade presencial de mestres e alunos. A democratização do acesso a esses produtos tecnológicos é talvez o maior desafio para esta sociedade demandando esforços e mudanças nas esferas econômica e educacional. Para que todos possam ter informações e utilizar-se de modo confortável as novas tecnologias, é preciso um grande esforço político. Como as tecnologias estão permanentemente em mudança, a aprendizagem contínua é conseqüência natural do momento social e tecnológico que vivemos, a ponto de podermos chamar nossa de sociedade de ―sociedade de aprendizagem‖. Todavia, a utilização de ferramentas computacionais em sala de aula, ainda parece ser um desafio para alguns professores que se sentem inseguros em conciliar os conteúdos acadêmicos com instrumentos e ambientes multimídia, os quais ainda não têm pleno domínio. Certamente, o papel do professor está mudando, seu maior desafio é reaprender a aprender. Compreender que não é mais a única fonte de informação, o transmissor do conhecimento, aquele que ensina, mas aquele que faz aprender, tornando-se um mediador entre o conhecimento e a realidade, um especialista no processo de aprendizagem, em prol de uma educação que priorize não apenas o domínio dos conteúdos, mas o desenvolvimento de habilidades, competências, inteligências, atitudes e valores. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 37 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 4- TABELAS/GRÁFICOS Para análise dos dados, levamos em consideração a opinião da maioria dos investigados. Dessa forma, o resultado obtido com a pesquisa foi o seguinte: 1- Tabela 1- Professora você acredita que o uso da tecnologia da informática poderá melhorar o aprendizado dos alunos? RESPOSTA TOTAL DAS RESPOSTAS SIM 12 NÃO 08 TOTAL GERAL 20 Fonte escolas Municipais de Paranavaí PORCENTAGEM % 60% 40% 100% No quadro 01, aparece bem claro a visão dos professores com relação ao uso da tecnologia da informática como instrumento metodológico, que poderá melhorar o aprendizado dos alunos, onde 60% dos entrevistados acreditam na melhoria da qualidade do processo de ensino aprendizagem a partir do uso das tecnologias da informática. 2- Tabela 2- Professora você usa sempre, o laboratório de informática com os alunos? RESPOSTA TOTAL DAS RESPOSTAS SIM 15 NÃO 06 TOTAL GERAL 20 Fonte escolas Municipais de Paranavaí PORCENTAGEM % 71% 29% 100% ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 38 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Através dos resultados obtidos, observa-se, que a maioria dos professores, ou seja, 29% deles não fazem uso dos computadores no laboratório de informática. Porém, para que o professor possa fazer uso desta ferramenta metodológica de forma prazerosa e efetiva é necessário que ele tenha domínio da ferramenta. 3- Tabela 3- Professora você se acha capacitado para trabalhar com seus alunos no laboratório de informática? RESPOSTA SIM NÃO TOTAL GERAL TOTAL DAS RESPOSTAS 10 10 20 PORCENTAGEM % 50% 50% 100% Fonte escolas Municipais de Paranavaí ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 39 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Percebe-se, que 50%% do total dos entrevistados, não se acham preparados para atuarem nos laboratórios de informática, segundo eles, por não terem recebido curso de aperfeiçoamento. Percebe-se também que 50% dos professores, que se acham capacitados, são convictos de que a tecnologia da informática trará benefícios para o processo educacional, dessa forma, ele com certeza que é muito bom os meios para trabalhar com a ferramenta. 4- Tabela 4 - Professora a escola onde você trabalha, facilita o uso das ferramentas tecnológicas dispostas na escola? RESPOSTA TOTAL DAS RESPOSTAS SIM 12 NÃO 08 TOTAL GERAL 20 Fonte escolas Municipais de Paranavaí PORCENTAGEM % 60% 40% 100% ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 40 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Cerca de 60% dos entrevistados concordam que a escola disponibiliza meios para a utilização das ferramentas tecnológicas existentes. Este dado é bastante relevante, pois mostra a preocupação geral relacionada com a melhoria da qualidade do ensino. 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização deste trabalho permite concluir que a simples utilização dos recursos computacionais não traz benefício, é necessário que os professores atuem como participantes neste processo de transformação da escola em uma instituição que tem por objetivo proporcionar a construção do conhecimento e da criticidade. Portanto, há necessidade de discutir nas escolas a utilização da informática na educação, possibilitando a construção de um posicionamento crítico por parte dos educadores para que essa utilização seja feita de maneira correta, trazendo benefícios para o processo de ensino-aprendizagem. Além disso, uma questão prioritária é o treinamento dos professores para utilização dos recursos da informática em sala de aula. No entanto, apenas o treinamento não basta, é fundamental a presença de um profissional especializado em informática em educação dentro da escola, trabalhando de forma interdisciplinar e auxiliando os ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 41 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ professores na utilização do computador nas mais variadas tarefas. Muitas vezes os professores têm ideias diferentes que podem ser trabalhadas através dos recursos computacionais, porém não sabem como aplicá-las e é neste momento que se faz necessário o profissional especializado. Assim, informática na educação deve ter como princípio básico o aprendizado através de computadores e não sobre eles. Sendo uma ferramenta de auxílio que seja utilizada em todas as disciplinas de maneira complementar, como um recurso para melhorar a qualidade do ensino e facilitar o processo de aprendizado do aluno e não como uma disciplina isolada das demais. REFERENCIAS: BERVIAN, Pedro Alcino. CERVO, Amado Luiz. SILVA, Roberto da. Metodologia Científica. 6° ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. FERREIRA, A. L. D. Informática educativa na educação infantil: Riscos e Benefícios. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará-UFC, 2000. Monografia (Especialização em Informática Educativa). FRÓES, Jorge R. M. Educação e Informática: A Relação Homem/Máquina e a Questão da Cognição - http://www.proinfo.gov.br/biblioteca/textos/txtie4doc.pdf. (2012) MORAN, José Manuel. Novos desafios na educação: a internet na educação presencial e virtual. In: MARIA, Tânia (ogr). Saberes e Linguagens de educação e comunicação. RJ, Pelotas: UFPel, 2001, p. 19-44. MORAN, José Manuel. Mudar a forma de ensinar pela internet: transformar a aula em pesquisa e educação. São Paulo, s/d, p. 6. PAPERT, Seygmour. A Máquina das Crianças: Repensando a Escola na Era da Informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: novas ferramentas pedagógicas para o professor da atualidade. 2 ° ed. São Paulo: Érica, 2000. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 42 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Novas Tecnologias na Educação: novos cenários de aprendizagem e formação de professores. s/d, 31 p. VYGOTSKY, LEV S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 3ª.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 168p. (Coleção Psicologia e Pedagogia. Nova Série). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 43 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A EDUCAÇÃO FEMININA NO SÉCULO X: MONJA ROSVITA¹ BORGES, Aline Imaculada Conceição² PERIN, Conceição Solange³ RESUMO Este trabalho tem por finalidade apresentar um estudo sobre as alterações sociais que envolveram a educação feminina no século X. Para tanto, analisaremos o papel da mulher naquele período e a forma de comportamento entre os indivíduos. Com o objetivo de entender a importância da mulher no contexto do século X, fundamentaremos o estudo na personagem da Monja Rosvita (935-1000) a qual representou e marcou, por meio de seus ensinamentos, a necessidade de valores cristãos na sociedade. Em um período em que a influência da igreja predominava, Rosvita usou da sua educação religiosa para ensinar e apresentar uma forma de ensinar a matemática. Ela trabalhava com os conceitos morais, sem fugir da sua realidade cristã, ou seja, acreditar que a fé, a bondade e a caridade fariam o homem retornar ao seu criador, Deus. Nesse sentido, consideramos necessário entender o contexto histórico para compreender as alterações sociais/educacionais que influenciaram na educação dos homens do período em questão. Assim, autores como Marc Bloch (1886-1944), Le Goff (1924-), dentre outros estudiosos que tratam sobre a História e a Idade Média, farão parte das leituras consideradas essenciais para a compreensão histórica e social do século X. Palavras-chave: Século X. Educação feminina. Monja Rosvita. INTRODUÇÃO Na Idade Média a mulher não demarcou posição nas diferentes instâncias da sociedade, sendo afastada das funções públicas, políticas e administrativas, ¹ Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2013 à banca examinadora. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA, e-mail: [email protected] ³ Professora orientadora professora Conceição Solange Bution Perin – Doutora em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA, e-mail: [email protected] ² ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 44 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ dedicando-se apenas aos afazeres da casa, que era, segundo Macedo (1997, p.9), [...] governada pelo pai, pelo marido ou pelo sogro, onde a sua liberdade dependia muito da posição que ocupava na sociedade, e ainda que ―livre‖ suas decisões eram limitadas pelos interesses da família´´. Isso porque, conforme o autor, a mulher era vista pelos religiosos, pelo olhar cristão, como um ser inferior ao homem. A Igreja revelava que na criação da humanidade o homem foi criado primeiro e respeitou a imagem e semelhança de Deus. Quanto a mulher seguiu apenas o reflexo da imagem masculina. Diante dessa questão, Macedo explica que essa dominação do homem em relação a mulher se deu pelo fato dos preceitos cristãos a considerarem como responsável pela queda da humanidade no pecado e ainda era afirmado que as dores do parto eram como um castigo pelo feito do pecado, que perdurou desde o início da criação do homem, segundo as escrituras. Dessa forma, Macedo (1997) destaca que a mulher era educada à obediência, onde uma educação mais avançada resultaria em ousadias, falações, questionamentos, ambição, isso implicava inclusive em saber ler e escrever, permitido apenas quando resolvesse se dedicar à vida religiosa, ou seja, àquelas que viviam nos mosteiros e que com isso poderiam participar da educação recebida naquele período. Nos mosteiros as mulheres recebiam educação religiosa fundamentados nos ensinamentos da igreja e aprendiam conceitos básicos necessários para a sua vida, dentre eles, a matemática, a aritmética, a música e a geometria, mas, esses ensinamentos estavam sempre pautados na religião, ou seja, tinham fundo religioso, incorporando nos conteúdos valores cristãos que estavam de acordo com o que a igreja propunha para o período. Monja Rosvita, no ambiente dos mosteiros do século X, dedicou-se aos ensinamentos por meio do teatro e por meio dessa metodologia de ensino a monja evidenciava a sua preocupação com o conhecimento e da matemática e da aritmética. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 45 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Dessa forma, é possível perceber os diferentes meios, em relação à educação e ao desenvolvimento, utilizados pelos homens ao longo dos períodos históricos, onde nos deparamos com uma Monja do século X que decide inovar e estabelecer algo que já existia, mas não era aceito, e que para isso teve que enfrentar muitos desafios, em relação a sua posição como mulher e em relação ao período em que vivia, onde a mulher tinha pouca influência na sociedade. Portanto, o objetivo da pesquisa é entender o período em que a Monja Rosvita vivia os motivos que a levaram a pensar em educação de uma forma diferente, inserindo em seu meio o uso do teatro, entendendo o contexto, os enfrentamentos e resultados, tendo como base o enredo de suas peças e os personagens. 1. CONTEXTO HISTÓRICO O Tratado de Verdum8 originado através de conflitos entre os herdeiros de Carlos Magno, após sua morte, gerou a divisão do império Carolíngio. Aos poucos, os proprietários das terras foram tornando-se independentes e sem vínculo com o Imperador, ocasionando a desestruturação do poder. Desta forma, os sucessores de Carlos Magno, segundo Bovolim (2005), não conseguiram continuar sua obra, pois com a independência dos proprietários de terra, começaram a criar suas próprias regras, leis tribunais, pesos, medidas e exércitos. A desestruturação do Império Carolíngio fortaleceu então às relações feudais, propiciando o cessar das lutas e a ida da população para o campo, projetadas para formarem famílias e trabalharem nas atividades ali existentes. As relações feudais corresponderam a uma relação de servo e senhor, ou seja, o proprietário das terras e os trabalhadores (servos). O proprietário da terra era aquele que possuía domínio sob os bens produzidos e o servo era quem cultivava a terra e produzia para seu 8 Disputa entre os herdeiros pela divisão do Império de Carlos Magno, originando uma nova realidade para o período, a sociedade com bases econômicas feudais. (BOVOLIM, Z.Z.C.P., 2005. p. 73) ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 46 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ senhor. Para Bovolim (2005), essa forma de organização das famílias nos feudos, permitia o desenvolvimento de noções de relações sociais, pois produzia laços de sentimentos, mudava hábitos, valores e costumes. 2. A MULHER NA SOCIEDADE MEDIEVAL De acordo com Macedo (1997), o casamento na Idade Média é um tema que pode explicitar o papel que a mulher desenvolvia. O autor assevera que o casamento era um pacto entre as famílias, onde a mulher era submetida a obediência e a submissão Nesse sentido, além de na maioria das vezes não possuir escolha, a família tinha a preocupação de que o casamento poderia de certa forma colocar em risco o patrimônio da família, nesses casos o pai ou chefe da família enviava suas filhas para os mosteiros, para que fossem de acordo com o autor ―esposas do Senhor‖. A diminuição de jovens solteiras aptas ao matrimonio além de proteger os bens da família, já que não haveria dotes, valorizava as arras, o valor dos bens que as moças deveriam receber do marido quando casavam. Às vezes, era mais barato para os chefes das famílias dotá-las para a união mística com Cristo do que para a relação matrimonial. (MACEDO, J. R., 1997. p. 16) Quando submetida ao casamento, a mulher convivia ainda com as relações próprias do feudalismo, onde o homem tinha o poder e à mulher cabia a obediência. Nessa relação de poder masculino nem sempre, como aponta Macedo (1997), o amor e o afeto estiveram presentes na união. Até mesmo porque a personagem da mulher perante a igreja era vista como inferior ao homem, desde os primórdios da criação, quando Deus criou primeiramente o homem à sua imagem e semelhança e somente depois a mulher como reflexo de sua criação perfeita, e como pontua Macedo (1997), a mulher tinha uma imagem secundária. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 47 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Nesse período a mulher era classificada como de fato o ―sexo frágil‖, diante da inferioridade que possuía perante a sociedade, e de acordo com Macedo (1997) da sua fraqueza perante os perigos da carne. O autor coloca que a mulher deveria servir exclusivamente para a procriação. Os homens por volta do século XIII achavam que a primeira virtude ensinada à mulher deveria ser a obediência, e que não era favorável que esta soubesse ler e escrever, a não ser que resolvesse seguir a vida religiosa, Macedo (1997), descreve que uma moça deveria, saber fiar e bordar. E mesmo pertencendo a uma família rica, deveria conhecer o trabalho, para que pudesse administrar e supervisionar seus pertences. O autor afirma que nem sempre na Idade Média as mulheres foram oprimidas pelos homens: As diferenças sociais foram sempre tão fortes quanto as diferenças de sexo. Não é possível alinhar, num mesmo plano, condessas e castelãs, com servas e camponesas livres, ricas burguesas com artesãs, domesticas ou escravas. A opressão muitas vezes foi exercida pelas próprias mulheres poderosas sobre as suas dependentes. (MACEDO, J. R., 1997. p. 26) Nesse período, as esposas dos senhores, tinham o comportamento semelhante ao do marido, em relação ao tratamento com os dependentes. Isso porque, como defende Macedo (1997), foram forçadas pela dificuldade do tempo, a desempenhar ao lado do esposo ou sem ele, várias atividades fora do lar, demonstrando dessa forma uma luta pela sobrevivência, no sentido de, desempenhar várias funções, para agradar ou obedecer às ordens do marido. Quanto ao grupo das servas e camponesas, estes foram os mais numerosos do período, desempenhavam seu trabalho sem questionar devido a classe pobre a que pertenciam e a ausência de estudo, impedindo-as de ter uma visão crítica em relação a tudo o que eram submetidas, característica essa pertencente ao contexto ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 48 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ e à situação da mulher perante a sociedade ―Ela plantava ervilhas, feijão, pescava, batia o trigo, ordenhava as vacas, tosquiava os carneiros. Apenas deixava de cultivar e lavrar a terra‖ (MACEDO, J. R., 1997. p. 27). Além de todas essas tarefas, algumas vezes, as mulheres prestavam serviços na casa do senhor, já que a esposa de um servo de acordo com Macedo (1997) via-se reduzida ao domínio senhorial. Tendo que, pagar obrigações na forma de serviços. As grandes abadias germânicas do século IX eram abastecidas com tecidos confeccionados pelas dependentes. As servas faziam todo tipo de roupas para a abadia de Hersdorf. Também em Etteldorf, o trabalho de fiação do linho, de tecelagem, e a lavagem das roupas eram incumbência das esposas dos colonos dependentes. (MACEDO, J. R., 1997. p. 28) Macedo (1997) pontua que os reis merovíngios e carolíngios deste período possuíam muitos estabelecimentos de ordem artesanal, onde este trabalho era na maioria das vezes reservado para as mulheres, dentre esses estabelecimentos havia oficinas de cosméticos, sabão, pentes, e também confecções de tecidos. As servas ou escravas trabalhavam supervisionadas por uma contramestra. Quando a mulher se dedicava aos serviços da casa, encontrava dificuldade devido a economia doméstica bastante complicada nesse período, e para Macedo (1997) essa atividade exigia da mulher muita habilidade e senso de organização, tendo em suas mãos toda a responsabilidade, desde o suprimento de alimentos até a vestimenta de toda a família. Nesse sentido, algumas mulheres romperam os costumes, exercendo os direitos de um senhor feudal, tornando-se lideres. Macedo (1997) coloca que se tornavam mais ou menos poderosas, se tornavam lideres de acordo com a extensão dos domínios sob sua posse, tratava-se de viúvas, e que, portanto tinham como responsabilidade os filhos menores, porém, apesar de algumas mulheres terem se destacado, a mulher continuou sendo vista como inferior ao homem. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 49 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 3. A EDUCAÇÃO DA MULHER: Segundo Bovolim (2005) no século VI em oposição ao desmoronamento social, com a decadência do Império e das Invasões bárbaras, a Igreja e os mosteiros eram de grande importância para a preservação do conhecimento cultural e intelectual produzido na Antiguidade, tornando-se centros educativos, sem deixar de transmitir pensamentos e valores cristãos. A mulher desde muito jovem já era orientada aos valores cristãos, sendo, de acordo com Nunes (1978) consagrada a Deus antes mesmo do seu nascimento, e por isso, vinda de uma promessa que deveria receber uma educação de acordo com o seu nascimento. Ela nada deve aprender a ouvir ou a falar, ensina que não pertença ao temor de Deus. Não ouça palavras torpes, e ignore as canções do mundo, enquanto em sua terna língua se embeba de suaves salmos. Fiquem longe delas os meninos lascivos. As próprias meninas e serventes sejam conservadas longe do convívio com as pessoas seculares a fim de que não ensinem de modo pior a ela o que tiveram aprendido de mau. (NUNES, R. A. C., 1978. p.180) Nunes (1978), inspirado em Quintiliano9 propõem que as meninas no inicio da alfabetização sejam estimuladas, ou seja, oferecer a cada silaba formada um prêmio, correspondente a sua idade. Quanto a forma de ensinar, de início Nunes (1978) coloca que a apresentação e o contato com as letras deveriam ser uma forma de brincar, e que a partir daí o jogo das letras fossem tornando-se uma instrução, onde a mistura e a descoberta de novas palavras transformassem o conhecimento, deixando de ser algo monótono. Além disso, deveria ter muito cuidado com a escolha dos nomes para a formação das palavras, tratando-se de meninas consagradas a Deus. 9 Professor e orador de retórica romana. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 50 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Eles deverão ser escolhidos com esmero e tirados dos profetas, apóstolos e dos patriarcas, desde Adão, conforme as listas apresentadas por Mateus e Lucas. Assim, ela já vai preparando-se para o que irá aprender de cor mais tarde. (NUNES, R. A. C., 1978. p.181) Nesse sentido, Nunes (1978) cita a facilidade normal do ser humano quanto à inclinação para as coisas do mal, para os vícios da linguagem e os costumes, e diante disso, entende que era preciso ter o cuidado quanto à escolha da pessoa que seria a governanta da menina, pela qual a menina se espelharia como mulher. A governanta não deveria ser dada à bebida, desonesta ou faladeira, deveria ser uma mulher modesta que induza a menina a ser tudo aquilo que os pais sonharam antes do nascimento, de modo que os parentes se alegrem de que lhes tenha nascido uma rosa (Nunes, 1978). A menina como prometida deveria vestir-se de tal modo que assim fosse notada e não deveria ter vaidades, não furar as orelhas para brincos, ou passar qualquer tipo de maquiagem no rosto (Nunes, 1978). Ainda segundo o autor não deveria usar pedras ou ouro no pescoço, nem jóias na cabeça ou pintura nos cabelos. Quanto a isso, para Nunes (1978) os pais deveriam estar atentos, pois isso também fazia parte da educação das filhas, já que acreditavam que qualquer um desses luxos seria um passo para o precipício dos vícios, e assim estariam em divida com Deus. Os pais devem estar atentos a tudo isso na educação das filhas, pois deslizam com facilidade para o precipício dos vícios e, antes de os meninos atingirem a idade do senso critico e da responsabilidade pessoal, todo o encargo da educação corre por conta dos pais, que responderão a Deus pelo modo como educaram os seus filhos. (NUNES, R. A. C., 1978. p.181) Esse tipo de educação era parte de todas as meninas cristãs da época e de qualquer lugar daquele período, independentemente se já havia sido destinada por votos dos pais a seguir a vida religiosa nos mosteiros. Quando meninas, de acordo com Nunes (1978) deveriam acompanhar os pais ao templo do Pai verdadeiro, para ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 51 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ que fossem crescendo com sabedoria e graça e as que já estavam destinadas à religiosidade, cresciam semelhantes ao seu Esposo. Em relação à sua educação religiosa, a menina recebia, de acordo com Nunes, (1978) todos os dias uma lição das Escrituras, aprendia uma quantidade de versículos gregos e também a instrução latina, já que segundo o autor, se esta não for recebida desde cedo, a língua se acostuma com os acentos estranhos do idioma estrangeiro. Os pais precisavam primar pelo exemplo, ou seja, a menina nada poderia notar em seu pai ou em sua mãe, algo que a levasse a pecar. Nunes (1978) coloca que as meninas não deveriam sair sozinhas em público de modo algum, deveria frequentar as basílicas dos mártires e igrejas, acompanhadas com a mãe. Ela não deve sair em publico sem companhia, de modo algum. Só frequente as basílicas dos mártires e as igrejas junto com a sua mãe, e não pactue com os sorrisos de moço algum, especialmente cabeludo (cincinnatus). Ela deve passar as vigílias ao lado de sua mãe e não deve, também, ter segredinhos com nenhuma de suas criadinhas, mas que chegue ao ouvido de toso o que ela tiver de dizer a alguma delas. (NUNES, R. A. C., 1978. p.182,183) Essa educação, inspirada na preocupação quanto aos princípios religiosos tinham origem na família, ainda que a filha não tivesse sido prometida a Deus e que futuramente não fosse seguir a vida religiosa, entretanto os homens daquele período para Macedo (1997) achavam que a primeira virtude que deveria ser ensinada à mulher, era a obediência, pois defendiam que o sexo frágil foi feito para obedecer. Não esperavam naquele período mulheres ousadas, faladeiras ou ambiciosas, por isso segundo o autor não era bom que soubessem ler e escrever a não ser que entrassem para a vida religiosa. Caso fosse instruída estaria à mercê de rodeios e galanteios dos homens. Assediada, a dama dificilmente resistiria ao desejo de responder aos admiradores; manteria uma correspondência e sabe o diabo mais o quê. Uma moça deveria, isso sim, saber fiar e bordar. Se fosse pobre, teria necessidade do trabalho para sobreviver. Rica, ainda assim ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 52 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ deveria conhecer o trabalho para administrar e supervisionar o serviço dos seus domésticos dependentes. (MACEDO, J. R., 1997. p. 25) É importante ressaltar que neste período a maior parte da educação, acontecia nos mosteiros, para Bovolim (2005) foi um espaço que se tornou possível conservar e produzir conhecimento, onde foi desenvolvido um sistema educacional que ao mesmo tempo em que era eclesiástico, promovia o desenvolvimento intelectual. Eram centros difusores da literatura, da arte e da educação; organizados, tinham disciplina, regras e prosperavam. Ali os monges se responsabilizavam em manter as tradições dos séculos precedentes. (BOVOLIN, Z.Z.C.P., 2005. p. 59) Neste período, destacam-se alguns pensadores, que dedicaram suas vidas à educação e diversos estudos, que inspirados em monges anteriores adaptaram esses conhecimentos às necessidades do século X, que para Bovolim (2005) foi o período em que os mosteiros e a própria sociedade sofreram uma reorganização, após períodos de crises, conseguiram preservar e dissipar o conhecimento a que foram inspirados. 4. MONJA ROSVITA No contexto do século X, destaca-se a Monja Rosvita, considerada para Lauand (1986) uma espécie de feminista da época, que propõe, como mulher e monja do período conceitos fundamentais da Aritmética. Seus ensinamentos forma significativos para o período, apresentaram a metodologia do ensino por meio do teatro [...] desde os primeiros séculos, os espetáculos em geral o teatro em particular (dado o modo como se realizava o teatro romano...) eram vistos por muitos cristãos com desconfiança. (LAUAND, L.J., 1986) ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 53 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Rosvita entrou muito cedo no mosteiro de Gandersheim, com 23 anos, onde logo de inicio já começou a escrever, somando ao todo oito poemas e seis peças de teatro, dentre elas, a peça Sabedoria, que destacaremos a seguir. O referencial de teatro que possuíam na época, era Terêncio, onde atraídos pela beleza de suas peças, muitos cristãos liam suas obras e se manchavam com o conteúdo, vão e imoral que ia contra os valores da igreja cristã. Diante disso, a Monja Rosvita, inspirada nessas obras, restabeleceu a composição do teatro no Ocidente, incorporando em suas obras valores cristãos. Por meio de uma adaptação, Rosvita, contou uma história já existente, adaptou ao teatro a história da Santa Sabedoria e suas três filhas: Fé, Esperança e Caridade, que por persistirem na fé, são martirizadas e levadas ao céu juntamente com a sua mãe. A ―voz forte de Gandersheim‖ soube perceber que o teatro em si não é mau, soube reconhecer o talento genial de Terêncio; simplesmente propõem correções quanto ao rumo do teatro latino: ―non recusavi illum imitari dictando‖; soube imita-lo, substituindo o triunfo do escabros por uma visão cristã. (LAUAND, L.J., 1986) Ao interpretar as obras em que fora inspirada, Rosvita procurou associar as personagens com o período histórico em que estava inserida, onde as caracterizam com alguns traços de monjas, evidentes nos diálogos existentes na peça ―Sabedoria‖, na qual Sabedoria consagra as filhas a Cristo e exorta o martírio, para que, com a morte alcançassem à graça eterna. Nesse mesmo contexto, os cristãos eram perseguidos, por proclamarem a existência de um Deus único. Os governadores daquela época defendiam outros deuses e queriam que o povo assim o fizesse. Em sua peça, Rosvita cita o imperador Adriano, que recebe a denuncia feita por Antíoco sobre Sabedoria e suas filhas, denunciadas por praticarem a religião cristã. As meninas são torturadas a fim de que o Imperador ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 54 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ conseguisse, com isso, demonstrar o seu poder e a sua contrariedade com aqueles que acreditavam em um único Deus e a religião cristã. Como elas admitem a existência de um Deus único, decidem seguir o que era para os cristãos o caminho da virtude. Em varias cenas, o imperador insiste para que a mãe e as filhas prestem culto aos seus deuses; no entanto, em todos os momentos, mesmo diante dos castigos, elas se negam veementemente a adorar os deuses pagãos. (BOVOLIM Z.Z.C.P.p,97) As atitudes demonstradas pelas personagens de Rosvita, evidenciam os conhecimentos da Monja em relação ao meio em que vivia, onde a prática da fé em Cristo não era aceita pelos governadores da época. E Rosvita chega mesmo – para realçar o contraste – a apresentar em suas poesias e peças, cenas que podem parecer escabrosas, sobretudo tendo-se em conta que são compostas por uma monja e para serem encenadas no mosteiro. (LAUAND, L.J.p, 32) Monja Rosvita procurava desta forma adaptar para o teatro algo já existente, que de acordo com Lauand (1986) celebrava-se liturgicamente nesse período a festa das Santas Sabedoria, Fé, Esperança e Caridade, personagens estas pertencentes em sua peça de uma forma personificada com virtudes teológicas. RESULTADOS PARCIAIS O presente trabalho analisou o papel da mulher neste período e a intervenção de Monja Rosvita como mulher na educação do século X. Diante disso, por meio de leituras da obrada Monja Rosvita e análises das obras dos autores que tratam do período estudado, foi possível perceber que a mulher da Idade Média possuía uma posição submissa e sem a possibilidade de expressar a própria opinião. Entendemos que no século X a sociedade, em geral, dependia dos ensinamentos da ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 55 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ igreja, que ditava as regras e a forma como deveriam viver e se comportar. Desse modo, a mulher, nesse contexto, era impedida de tomar uma posição que não fosse a de cuidar dos filhos e da casa. Deste modo, a pesquisa realizada, procurou mostrar o papel da Monja Rosvita nesse período histórico, no qual, mesmo a mulher não tendo espaço para se posicionar socialmente, se destacou por utilizar de um método que permitiu a possibilidade de uma visão diferenciada quanto ao ensino e os métodos a serem utilizados. Rosvita, na sua singularidade transformou o que era visto como imoral pela igreja, numa forma de ensinar, por meio do teatro, fundamentada nas Escrituras Sagradas. Portanto, conclui-se até o momento que Rosvita tinha a intenção de ensinar e não de confrontar o período ou as exigências da igreja, pois além de se tratar de uma Monja, ela em nenhum momento se opôs ao que já havia aprendido ou ao que a igreja ensinava, procurou através de um método já existente, diferenciar a forma de ensino, para assim produzir novas formas de conhecimento. REFERÊNCIAS BOVOLIM, Zenaide Z.C.P. A proposta educacional de Rosvita de Gandersheim no século X. 2005. 128 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de PósGraduação: Mestrado, Universidade Estadual de Maringá, Maringá. 2005. Disponível em: http://www.ppe.uem.br/dissertacoes/2005-Zenaide_Zago.pdf Acesso: 07/03/2013. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Atlas, 2002. LAUAND, Luiz J. Educação, Teatro e Matemática Medievais. São Paulo, Perspectiva, 1986. LE GOFF, Jacques. Os Intelectuais na Idade Média. Rios de Janeiro, José Olympio, 2011. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 56 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ MACEDO, José R. A mulher Na Idade Média. 3ªed. São Paulo: Contexto, 1997. TRIVIÑUS, Augusto N.S.Introdução à pesquisa em ciências sociais:A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 57 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ APRENDER/ENSINAR COM O LÚDICO10 Aline Malagi11 Patrícia Gnoatto2 Eliana Maria Magnani12 RESUMO O brincar é um direito da criança, reconhecido pela legislação brasileira em que se destacam: a Constituição Federal, de 1988; a Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989; o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990); a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (1996). A partir do respaldo legal, e da teoria piagetiana, está em andamento, no município de Francisco Beltrão - PR, o projeto de extensão ―Aprender com o lúdico e as situações problema‖, que surgiu da necessidade de compreensão, organização e (re) implantação das Brinquedotecas nos Centros Municipais de Educação Infantil - CMEIs, na Associação Marrecas do Bem Estar ao Menor – AMARBÉM e na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. A metodologia baseia-se na análise/reflexão de situações-problema ocorridas no cotidiano educacional, e/ou provocadas com o apoio de materiais lúdicos. As atividades desenvolvidas vêm favorecendo a revisão da práxis pedagógica de educadores, bem como a readequação de diferentes ambientes educacionais. Palavras-chave: Lúdico; aprendizagem; formação. 10 Atividade desenvolvida no projeto de extensão ―Aprender com o lúdico e as situações-problema‖, realizada na Universidade Estadual de Francisco Beltrão – UNIOESTE, financiada pelo Programa Universidade Sem Fronteiras, Apoio às licenciaturas (USF/SETI), do Paraná. 11 Pedagogas do Projeto de Extensão ―Aprender com a lúdico e as Situações-Problema‖/Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Francisco Beltrão, PR. E-mail: [email protected] 12 Professora Orientadora. Doutora em Educação. Professora e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão. E-mail: [email protected]. _________________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 58 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO Embora o brincar seja um direito da criança, reconhecido pela legislação brasileira em que se destacam: a Constituição Federal, de 1988; a Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989; o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990); a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (1996), muitas crianças estão sendo tolhidas do direito de brincar. Isso ocorre em função de vários fatores, entre os quais se destacam, falta: de acompanhamento dos adultos, de tempo/espaço e materiais adequados. Para suprir tal carência instituições estão implantando brinquedotecas – local onde a criança pode escolher de quê e como deseja brincar. Esse ambiente propicia à criança verbalizar desejos, vivenciar fantasias, além de canalizar energias, vencer dificuldades e modificar a realidade, propiciando condições de libertação, protagonismo de sua história social e sujeito da construção de sua identidade/conhecimento. Estudos (MAGNANI, 2012) revelam que a brinquedoteca tem contribuído fundamentalmente para o desenvolvimento de seus usuários; mas, apontam que, falta aos educadores formação lúdica crítica para acompanhar as crianças e manter esse ambiente longe do consumismo exacerbado. A partir desse contexto, o projeto de extensão ―Aprender com o lúdico e as situações problema‖, se propôs a investir na (re) implantação das Brinquedotecas e na formação lúdica de educadores de Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná. Até o presente momento, pode-se afirmar que a intervenção realizada durante o curso tem contribuído para a realização de mudanças nos ambientes lúdicos, isso indica que os educadores estão revendo a suas práxis ludo-pedagógicas. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 59 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1 A (RE) CONSTRUÇÃO DO LÚDICO O projeto ―Aprender com o lúdico e as situações-problema‖, proposto pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, em parceria com a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior SETI, subprograma Apoio às Licenciaturas, inserido no Programa de Extensão ―Universidade Sem Fronteiras‖ – USF/SETI, tem como principal objetivo rever a implantação de brinquedotecas e a práxis pedagógica de professores e educadores a partir de materiais e atividades lúdicas. Para tanto, num primeiro momento, reorganizaram-se o acervo de jogos, brinquedos e outros equipamentos existentes no Laboratório de Ensino e Aprendizagem da Pedagogia – LABPED (ambiente de formação permanente), tendo como referência o Sistema ESAR (GARON, 1996) e a tabela elaborada por KOBAYASHI (2009), também baseada nesse sistema, que se fundamenta em Jean Piaget. É imprescindível que esses conhecimentos sejam adquiridos em ambiente adequado com materiais diversificados e com pessoas capacitadas, as quais possam também orientar acadêmicos dos diferentes cursos da UNIOESTE, especialmente da Pedagogia, além da comunidade local/regional envolvidas com a infância e adolescência. Para Kishimoto (2011), a ideia de brinquedoteca surgiu como biblioteca de brinquedos e está relacionada à Grande Depressão Americana dos anos de 1930. Nesse período, em Southwet, Los Angeles, um lojista identificou que alunos de escolas particulares roubavam materiais para confecção de brinquedos. A fim de evitar a delinquência, a municipalidade propôs o empréstimo de objetos lúdicos (toy library). Com o tempo, nesses ambientes, outros serviços passaram a ser realizados como assessoria de brinquedos a educadores e a crianças usuárias de creches e escolas. Mas, foi a Suécia, em 1963, que, iniciou a expansão da atividade por meio de duas professoras, mães de crianças excepcionais. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 60 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Conforme Fuches (2011), na Europa, há hoje aproximadamente 6.500 brinquedotecas e a grande maioria é frequentada por todas as pessoas até 99 anos de idade. Esses ambientes são dirigidos pelas autoridades locais ou por organizações privadas, sem fins lucrativos, regidas por profissionais e voluntários que, além de acompanharem os usuários quando solicitados a participarem nas brincadeiras, realizam serviços como empréstimo de jogos e brinquedos (por tempo determinado); cursos de orientação para pais sobre brinquedos e jogos; cursos de músicas e teatro; atividades lúdicas especiais para lares de idosos. A França é um dos países que mais tem brinquedoteca/ludoteca. Estudos realizados por Lucot (2011) mostram as características de algumas delas: em d‘ Istres, região com 43.000 habitantes, a ludoteca tem uma superfície de 550m2, conta com 10.000 jogos e brinquedos, trabalham nesse ambiente 11pessoas de forma integral e 2 em tempo parcial, seu orçamento anual de compra de jogos e brinquedos é de 18.000 euros; em Vitrolles, região com 42.000 habitantes, a ludoteca possui uma superfície de 900m2 e um acervo de 8.300 jogos e brinquedos, conta com um orçamento anual de 10.000 euros para compra desses materiais, mantém 8 funcionários em tempo integral; em Chole, há 54.600 habitantes, a ludoteca possui uma superfície de 526m2, conta com 7.004 jogos e brinquedos e com um orçamento anual para a compra de 22.000 euros. Há também os ônibus-ludoteca que atendem nas áreas rurais, servindo de 5 a 25 comunidades. Segundo Kishimoto (1996), há milhares de brinquedotecas espalhadas pelo mundo inteiro, que atendem diversas áreas do conhecimento e propõem vários objetivos, quais sejam: escolar - ampliar o acervo de brinquedos, materiais e jogos necessários para o desenvolvimento de brincadeiras e atividades pedagógicas, colaborar com a educação dos pais visando ao aperfeiçoamento na escolha de brinquedos, estimular a interação entre pais e filhos por meio de jogos; em bibliotecas - emprestar jogos/brinquedos; em comunidade ou bairros - propiciar encontros entre jogadores de todas as idades, treinar membros da comunidade para dar continuidade ao projeto; para testes de brinquedos - realizar testes de brinquedos conforme as ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 61 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ normas de segurança vigente no país, oferecer espaços à ação lúdica, pesquisar o mercado de consumo; universitária - formar profissionais que valorizem as brincadeiras, oferecer serviços de assessoria a profissionais, instituições infantis e empresas, desenvolver pesquisas que apontem a relevância do jogo para a educação, oferecer informações, organizar cursos e divulgar experiências, estimular ações lúdicas entre as crianças; hospitalar - auxiliar na recuperação da criança doente; circulantes - levar brinquedos às crianças que moram em lugares distantes; clínicas - colaborar no tratamento de crianças; em centros culturais - estimular a transmissão da cultura infantil. A partir do quadro a seguir, visualiza-se a relevância que vários países concedem as brinquedotecas. Algo interessante é que a maioria desses ambientes mantém a proposta de empréstimo de brinquedos iniciada com o surgimento dessa ideia. Tal atividade desenvolve o senso de responsabilidade e incute a importância de aprender a usufruir sem ter que possuir. O serviço proposto exige a organização de um setor de recursos pedagógicos, que serve, ainda, para subsidiar a utilização dirigida dos materiais na orientação de crianças e de adolescentes bem como de seus familiares (Sistema ESAR). Esse suporte ao público é realizado por, praticamente, todas as ludotecas europeias que recebem uma contribuição mensal dos associados para ajudar na manutenção da proposta. Fuches (2011) atribuiu os seguintes significados para as siglas apresentadas no quadro 1: E, todos; C, criança; A, adultos; SP, necessidades especiais. Os itens em branco indicam que não há informação. Inseriu-se o Japão no quadro, para mostrar que esse país tem um especial apresso pelo brincar/brinquedoteca. Grupo de brinquedotecas europeias-ETL criado por iniciativa da Suíça e da França. País Quant. Assoc. Alemanha 100 Sim Áustria 50 Não 1ª 1971 Usuário Emprést. Suporte A equipe público recebe Paga E Sim Sim Não Sim E Sim Sim Sim Sim ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 62 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Bélgica 200 Sim 1973 C, E, SP, C Croácia 18 Não Chipre 6 Não 2004 C, SP Dinamarca 29 Sim 1977 Espanha 600 Não França 1.175 Grã Sim Sim Sim/Não Sim Sim Não Sim Sim Não SP, C, A Sim Sim Sim Não 1980 E, SP, C Não Sim Sim Sim Sim 1967 E Sim Sim Sim Sim 2.000 Sim 1967 C, SP, C, A Sim Sim Sim/Não Sim Grécia 4 Sim 1990 C, SP, A Sim Sim Sim/Não Não Holanda 500 Sim 1978 E, SP, C, A Sim Sim Sim/Não Sim Hungria 8 Sim 1993 E Sim Sim Sim/Não Sim Itália 450 Não 1977 E Sim Sim Sim Sim Lituânia 108 Não 1994 E, SP, C Sim Não Portugal 800 Não 1975 E, SP, C Algumas Sim Sim Algumas Romênia 27 Não 1994 C, SP, C Sim Sim Sim Não Suécia 5 Sim 1964 SP, C Sim Sim Sim Não Suíça 380 Sim 1972 E Sim Sim Sim/Não Sim Turquia 7 Não 1999 C 500 Sim 1975 SP, C Sim Não SP Sim Bretanha 13 Japão Quadro 1. Brinquedotecas de alguns países Quanto ao Brasil, Nilse Cunha fundou a primeira brinquedoteca brasileira (em 1981), localizada na Escola Indianópolis, em São Paulo. Conforme dados levantados por Kishimoto (2011), em 2008 e 2009 havia 565 brinquedotecas em todo o país 14. Boa parte delas, 212, encontrava-se agregadas aos cursos de formação de professores para a infância e 98 estavam vinculadas às escolas (parece que essa é uma característica brasileira). Quanto às demais, estavam distribuídas entre hospitais15, ONGs e outras categorias. Alguns desses ambientes afiliaram-se à Associação 13 O Japão tem uma proposta que os familiares dos usuários (médicos, terapeutas, professores e cuidadores de crianças) participam nas atividades da brinquedoteca como voluntários (MINEJIMA, 2011). 14 Estados onde foram localizadas as brinquedotecas: Amapá, 1; Amazonas, 3; Bahia, 14; Brasília, 2; Ceará, 14; Goiás, 4; Maranhão,4; Mato Grosso, 2; Mato Grosso do Sul, 7; Minas Gerais, 14; Pará, 8; Paraíba, 2; Paraná, 18; Pernambuco, 3; Piauí, 2; Rio de Janeiro, 8; Rio Grande do Norte, 3; Rio Grande do Sul, 7; Rondônia, 2; Santa Catarina, 5; São Paulo, 70; Tocantins, 5. Total: 198 brinquedotecas. Disponível em: <www.brinquedoteca.org.br>. Acesso em: 23 maio 2012. 15 Lei nº 11.104, de 21 de março de 2005: dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 63 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Brasileira de Brinquedotecas-ABBri. Entre os objetivos dessa Associação citam-se: evidenciar a importância do brincar e das atividades lúdicas na infância; promover cursos para a conscientização do valor do brinquedo no desenvolvimento infantil, para organização de Brinquedotecas, para preparação de profissionais especializados e para a orientação educacional aos pais e familiares; defender o direito das crianças a uma infância saudável e digna. No Brasil, há universidades que desenvolvem projetos de ensino, de pesquisa e de extensão em suas próprias brinquedotecas desde a década de 1980. A Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo é pioneira nesse sentido. Outras instituições de nível superior também contam com esse ambiente para desenvolver tais atividades, entre as quais a Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRG, a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, a Pontifícia Universidade Católica - PUC de Campinas e de São Paulo, a Universidade Federal do Paraná UFPR, a Universidade Estadual de Maringá/PR - UEM, a Universidade Estadual de Londrina/PR - UEL. As pesquisas revelam que nas brinquedotecas os materiais lúdicos são distribuídos em pequenas áreas/cantos a fim de melhor representar as atividades do cotidiano como o supermercado, o hospital, o escritório, a fábrica. Essa tem sido a maneira encontrada para que as crianças expressem melhor os desejos, as emoções e a cultura local. Em tais cantos encontram-se: objetos para a brincadeira de faz-deconta, com móveis infantis (berço, caminha, guarda-roupas, cozinha com pia de lavar louça, geladeira, fogão, mesas e cadeiras) e variedade de materiais como bonecas com diferentes roupas, carrinhos, bichos de pelúcia e outros acessórios; o camarim, com espelhos, fantasias, bijuterias, roupas, sapatos, etc.; materiais diversificados para a leitura/escrita, organizados num cantinho com tapete e almofadas para acolher as crianças (os livros podem ser utilizados como brinquedos, para incentivar o gosto pela leitura); objetos para invenções, para as crianças construírem com blocos de (des)montar ou com material reciclável; mesas com ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 64 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ vários jogos de regras, como dominós, damas, pega-varetas, baralhos e outros (FRIEDMANN, 1996a). Em função da modernidade, principalmente na região urbana e grandes cidades, as brincadeiras perderam espaço e tempo para os brinquedos/jogos eletrônicos, cujo lugar, em todas as classes sociais, está garantido pelos meios de comunicação. Muitos desses e de outros materiais lúdicos são classificados, testados, catalogados e selados com proteção legal e amparo no código do consumidor. Possuem também, objetivos, normas de instrução como faixa etária indicada. Todavia, é importante que essa indicação não seja levada à risca, pois se uma criança de três anos, por exemplo, deseja brincar com um jogo de xadrez simplesmente para explorar a sua imaginação está atendendo aos seus interesses (PIAGET, 1964/1995; 1946/2010). Essa reflexão está sendo realizada no curso ―Aprender com o lúdico e as situações-problema‖, pois atualmente o consumismo tem atingido todas as idades e classes sociais. Assim, as grandes indústrias fazem o marketing e se beneficiam até da brinquedoteca para a divulgação de seus produtos (PORTO, 2008). No ambiente da brinquedoteca, é possível ter diferentes tipos de brinquedos/jogos; sugerem-se aqueles construídos com o apoio das famílias e que, um dia, estiveram presentes nas brincadeiras dos pais como os piões, os bilboquês, a sinuca, o pegavaretas e demais jogos. Nesses e em outros objetos o professor pode mencionar que há ciência, ou seja, compreensão e repasse de informação, pois, enquanto jogam, as crianças manipulam variáveis, formulam hipóteses, ―[...] engendram investigações, realizam testes, observam, reúnem e classificam dados, avaliam condições, tomam decisões, e desenvolvem competências interpessoais‖ (WASSERMANN, 1990, p. 39). Essas experiências criam o contexto propício ao desenvolvimento do entendimento conceitual, à aprendizagem de valores e ao comportamento responsável em grupo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 65 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 2 JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA Friedmann (1996), Kishimoto (1994), Cunha (1988), Piaget (1946/2010) e outros autores, têm entendimentos diferentes do lúdico: jogos, brinquedos e brincadeiras. Entretanto, eles acordam que tais atividades envolvem situações-problema, que promovem o desenvolvimento da imaginação, da criatividade e da autonomia. Smole (2000a) cita alguns problemas: elaborar hipóteses, argumentar e avaliar a adequação de uma resposta bem como o desenvolvimento de atitudes como ouvir o outro, saber trabalhar de forma cooperativa e respeitar regras combinadas pelo grupo; as perguntas a que as crianças tentam responder pensando por si mesmas; que surgem a partir de questionamentos dos professores, como onde e de que maneira se organizar para jogar, como marcar a posição do jogador, quem joga primeiro. Estudos apontam que é importante para o desenvolvimento integral do ser humano, tanto da educação infantil (MANTOVANI DE ASSIS, 1993, 1994; MACEDO, 2000; PIAGET, 2001, 2010; WINNICOTT, 1975 e outros autores) como do ensino superior (ARAÚJO e SASTRE, 2009) que se escolham situações-problema para serem estudadas e vivenciadas, pois elas envolvem vários conhecimentos e promovem a autonomia, aqui entendida como algo relacionado aos aspectos políticos, intelectuais, morais e emocionais (KAMII, 1991). A solução para diversos problemas são encontradas na realização de atividades lúdicas, mas indevidamente exploradas pelas instituições educacionais. Para Friedmann (1996), atividade lúdica abrange, de forma ampla, os conceitos de brincadeira, de jogo e de brinquedo. ―Brincadeira: refere-se basicamente à ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada. Jogo: trata-se de uma brincadeira que envolve regras. Brinquedo: refere-se ao objeto de brincar‖ (ibid, p. 28). Já para Kishimoto, ―brinquedo será entendido sempre como objeto, suporte de brincadeira, brincadeira como a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 66 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ descrição de uma conduta estruturada, com regras e jogo infantil para designar tanto o objeto e as regras do jogo da criança (1994, p.7)‖. Cunha (1988) emprega o termo brinquedo para se referir às atividades da criança, aquilo que ela mais pratica. Essa autora afirma que as crianças podem brincar com ou sem brinquedos e que estes podem ter regras (re) criadas por elas próprias. Piaget (1946/2010) adota a terminologia jogo para diferentes tipos de atividades lúdicas. Ele propõe uma classificação genética dos jogos (exercício, faz-de-conta, construção e regras) baseada na evolução das estruturas mentais, que estão ligadas aos diferentes períodos de desenvolvimento. As instituições educacionais desconhecem a importância do lúdico e das situaçõesproblema para o desenvolvimento integral do ser humano. Por isso, não organizam situações em acompanhamento que e as/os crianças/adolescentes intervenção atividades possam lúdicas para escolher com realizarem. A impossibilidade de opção educa para a submissão, para o cumprimento mecânico de tarefas. Ruiz (2004) afirma que ―[...] uma das críticas mais persistentes dirigidas à escola é a que aponta a pequena atenção ao exercício da autonomia, ao autogoverno‖ (p. 2). A ausência desses aspectos do desenvolvimento deixa o ser humano sem ferramentas para viver em sociedade, isso o torna presa fácil, suscetível a ser manipulado, induzido ao consumo, ao vício. Para que brincadeiras/jogos sejam colocadas(os) em prática e desencadeiem problemas e a construção do conhecimento, três procedimentos são importantes: planejamento, execução e avaliação (MANTOVANI DE ASSIS, 2001, p. 73-81). O planejamento de atividade exige critérios básicos: que os jogos/brinquedos sejam interessantes e que solicitem esforços por parte das crianças; que possibilitem a aquisição do conhecimento físico e social; que apresentem desafios e que oportunizem a solução de problemas. Sobre a execução, é importante inserir as crianças, por exemplo, na re/organização dos espaços e materiais e nas escolhas de suas atividades, assim, elas encontram a oportunidade para realizar atividades que envolvem conservação, classificação e seriação. Durante essas situações, elas podem verificar que as suas escolhas têm consequências. Em relação à avaliação, é um processo de coleta e análise de informações tanto do desenvolvimento das crianças, ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 67 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ recomendando-se - que sejam registradas as observações referentes a todos os aspectos do desenvolvimento infantil - quanto da prática dos professores, conhecida como autoavaliação. Magnani (2012) revela que os ambientes frequentados por crianças/adolescentes carecem de pessoas com formação específica a respeito do lúdico de maneira crítica e, que compreendam como o ser humano se desenvolve a partir de tal atividade. Sendo assim, o projeto ―Aprender com o lúdico e as situações-problema‖ está sendo realizado no Laboratório de Ensino e Aprendizagem da Pedagogia, pois nesse ambiente há materiais diversificados, e as pessoas podem aprender quando, com o quê e como intervir durante as atividades lúdicas. A metodologia proposta baseia-se: na escolha dos materiais e das atividades lúdicas pertinentes ao currículo da Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental (e conforme o Sistema ESAR - instrumento elaborado com base nas ideias de Jean Piaget; ESAR significa jogos de (E) exercício, (S) simbólico, (A) acoplagem e (R) regras). Esse sistema traz indicações de materiais lúdicos que podem ser utilizados durante diferentes tipos de brincar (livre, dirigido e mediado), que desencadeiam a resolução de problemas. A noção de problema comporta a ideia de novidade, de algo nunca feito, ainda não compreendido. A seguir, exemplo de situação-problema apresentada/analisada durante o curso. Com ajuda do jogo de boliche - apontado na tabela ESAR, o educador interveem para que a criança aprenda várias noções. Primeiro, as crianças precisam explorar o jogo. Depois de várias jogadas, o professor questiona como jogaram e, posteriormente, sobre a quantidade de garrafas derrubadas. Se as crianças não se lembrarem, ele pergunta se há uma maneira de fazer isso. Durante o diálogo as próprias crianças sugerem diversas formas de registro e, com o acompanhamento do professor, avaliam o modo como jogaram e poderiam jogar. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 68 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Num outro momento o professor explica às crianças que o jogo tem como objetivo derrubar o maior número de garrafas, o que sucede com o lançamento de uma bola (por vez) a certa distância e que o jogador faz pontos a cada jogada. Inicialmente podem surgir conflitos, - desencadeados pela ansiedade e falta de conhecimento das crianças, - identificados e problematizados pelo adulto que pergunta: como podemos nos organizar para jogar? Onde e como dispor as garrafas? De que forma indicar a posição do jogador? Quem será o primeiro (o segundo e o terceiro...) a jogar? O professor/adulto solicita que essas questões sejam resolvidas coletivamente. Posteriormente, para as crianças familiarizarem-se com as regras e o modo de jogar, o professor solicita que se realizem o registro das garrafas derrubadas. É fundamental respeitar as formas particulares de anotação. Em seguida, ele levanta problemas, como: quantos pontos fizeram o primeiro (o segundo e o terceiro...) jogador? Quem adquiriu mais pontos? Por quê? As questões possibilitam diferentes respostas e envolvem conhecimentos, como de número, de quantidade, a formulação de hipóteses, a argumentação e o respeito mútuo. No final da atividade é importante que o professor solicite às crianças que expressem o que aprenderam. A tarefa pode ser feita em forma de desenho e depois apresentada à classe. Essa é uma maneira de revelarem o que entenderam, sentiram e se ficou alguma dúvida. Depois da análise do jogo de boliche, apresentou-se aos participantes do curso situações-problema ocorrida num Centro de Educação Infantil. Obs. 5, a professora do Pré II solicitou que Lara subisse na carteira e cantasse a música da aranha, cuja letra e desenho já estavam no quadro. Em seguida, a professora fez alguns questionamentos sobre a história contada no dia anterior, como: quem eram as crianças que brincavam no sitio do Sr. Lobato? O que um dos personagens deu para a sua namorada? Após as respostas, entregou massa de modelar a cada criança, perguntou sobre a cor que receberam e ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 69 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ pediu para fazerem uma flor como a da história. Ela fez a sua flor, colocou-a no meio da roda. Uma menina a imitou, um menino revestiu o dedo de massinha e disse que era um curativo. As crianças construíram várias coisas como sabonete, cobra e bolinhas. A professora disse: as bolinhas parecem ovinhos, façam um ninho para protegê-los. Após, guardou as massinhas e pediu para as crianças formarem fila, carimbou a mão delas com a figura de um sapo e solicitou que imitassem esse animal. Algumas pularam, outras coaxaram. Posteriormente, entregou a cada criança uma bala (MAGNANI, 2012, p. 88). Durante a análise das atividades mencionadas os educadores concluíram que, embora a professora tenha realizado diversas atividades lúdicas, em determinadas situações ela agiu de maneira inadequada como: ao solicitar que uma menina subisse à carteira; ao apresentar um modelo de flor e ao dar uma bala para cada criança. Num outro momento, apresentou-se ao grupo uma situação retirada do livro A ética na educação infantil: A mãe de M traria nosso lanche hoje, mas ela não chegou aqui a tempo e então ficou para amanhã. A única coisa que possuímos para comer aqui são algumas caixinhas de passas de uva. Nosso problema é que não temos o suficiente para darmos a cada pessoa uma caixa inteira. (M levanta a mão). M tem uma ideia. O que devemos fazer, M? (M sugere que abram as caixinhas e distribuam as passas em pratos). Essa é uma ideia. Se todos tivessem um prato, quantos pratos precisaríamos (sorri, na expectativa)? (E diz que 17, mas L chama a atenção para o adulto que está filmando (B), para N (que preferiu não participar no grupo) e para duas crianças que estão dormindo e não foram contadas). Ah, não contamos todos (a professora e as crianças discutem a contagem. Uma criança conclui que há 20 pessoas, e outra diz que são 22). Quantas crianças temos geralmente em nossa sala? (E diz que são 21). E quem está faltando hoje? (L diz que J faltou). Então, 21 menos 1, quanto dá? (L e E responderam que o resultado é 20). Se você contar B (o adulto que está filmando) e eu, então serão 20 mais 2. Quanto dá isso? (H responde 22). Então precisamos de 22 conjuntos de passas (D sugere: ―E se dermos as caixas a duas pessoas para serem servidas nos pratos?‖) Esta é uma ideia! E se cada um dividisse com um colega? Esta é uma boa ideia, E (diversas crianças ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 70 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ aprovam espontaneamente, dizendo: ―É mesmo!‖). Muito bem, cada um de vocês encontre um parceiro. (As crianças reúnem-se em duplas, algumas abraçando os parceiros na expectativa). Estou indo (com os pratos). Quando vocês receberem seus pratos, como decidirão com o colega quanto cada um comerá? (Uma criança diz: ―Conta 1, 1, 2, 2‖, colocando uma passa em cada prato com cada número dito). Ok, esta é uma ideia. Prestem atenção para dividirem certo e todos ficarem com a mesma quantidade. D, esta foi uma boa ideia (As crianças formam duplas, dividem suas caixas de passas e conversam enquanto comem). Por meio do exemplo acima é possível compreender melhor a importância das situações-problemas e do lúdico para o desenvolvimento/aprendizagem das crianças/educadores. CONSIDERAÇÕES FINAIS Parece que, no decorrer das atividades realizadas no curso os educadores tomaram consciência que para as crianças crescerem seguras e autoconfiantes, elas necessitam da participação e da intervenção do professor. Essas ações podem acontecer por meio do reconhecimento de suas atividades, da abertura para as escolhas das crianças, do levantamento de problemas durante as brincadeiras, de modo a provocar desequilíbrios cognitivos. Piaget (1976/1977) revela que o momento de tomada de consciência da ação é o movimento de um plano para outro mais elevado, da ação para representação. Quando alguém reflete em um plano mais avançado, necessita enriquecê-lo com novos elementos. Então precisa estendê-lo, bem como transpô-lo a um segundo nível. Isso requer o reconhecimento do desejo de mudança e da revisão dos princípios metodológicos implícitos na prática atual. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 71 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Em consonância com esse autor, Winnicott (1975/1971) reforça a ideia da importância de se compreender a psicologia infantil juntamente com a capacidade de enxergar a criança em sua totalidade, especificidade e atualidade. Tal olhar se conquista por meio do brincar junto, numa relação em que o tamanho psicológico de cada um seja equivalente. Quando o professor consegue brincar com a criança, torna-se capaz de identificar o que ela está vivenciando e do que precisa; assim, poderá ajudá-la individualmente. Os participantes do projeto/curso estão tendo a possibilidade de aprender sobre os interesses/necessidades da/os crianças/adolescentes. Este aprendizado os torna capazes de atuar em diferentes contextos, tais como: educação, saúde, cultura/lazer e na criação e testes de brinquedos/jogos. Ademais, tais atividades procuram garantir os direitos constitucional de educação, cultura e lazer com qualidade, razões pelas quais está sendo (re) implantadas brinquedotecas em diferentes ambientes. REFERÊNCIAS DEVRIES, R.; ZAN, B. A ética na educação infantil: o ambiente sócio-moral na escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. FORESTI, S. M.; BOMTEMPO, E. Aprendendo o esquema corporal na creche com Pinóquio. BOMTEMPO, Edda; ANTUNHA, Elsa G.; OLIVEIRA, Vera B. (Org). Brincando na escola, no hospital, na rua. 2. ed. 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Este é um grande problema que os professores vêm enfrentado nas escolas, é um assunto de grande repercussão entre eles, por ser um fator que dificulta a prática pedagógica, levando-os a possíveis desmotivações profissionais. Não é possível designar apenas uma causa para estas atitudes, ela pode ser social, familiar ou escolar, e também não apresenta soluções definitivas. Esse projeto tratase de uma pesquisa bibliográfica e de campo, onde em um primeiro momento serão realizadas leituras e análises de textos referentes a indisciplina escolar e em um segundo momento será feita uma pesquisa de campo, onde serão realizadas observações com alunos em sala de aula, do 6° ano do Ensino Fundamental, de uma escola estadual do município de Paranavaí/Pr. Os resultados do trabalho deverão ser divulgados sob a forma de artigo. Neste texto será apresentada apenas a primeira parte da pesquisa, pois o trabalho de campo será desenvolvido posteriormente. Palavras-chave: Indisciplina. Educação básica. Relação professor-aluno. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem por objetivo investigar as características e as possíveis causas da indisciplina escolar. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de campo, onde em um primeiro momento serão realizadas leituras e análise de textos referentes à indisciplina escolar e em um segundo momento será feita uma pesquisa de campo, _______________________ 1 Trabalho parcial de Conclusão do Curso de Pedagogia. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. ³ Professora orientadora Ms.em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. ² ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 74 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ onde será realizada observações com alunos do 6° ano, em sala de aula de uma escola estadual situada no município de Paranavaí/Pr. O presente artigo visa problematizar acerca dos elementos que levam os alunos a se tornarem cada vez mais indisciplinados, já que esse é um assunto de grande repercussão entre os professores. Para tanto é necessário entender o conceito de indisciplina. Nos dias de hoje é recorrente a fala da comunidade escolar (professores, pais, gestores, alunos) evidenciando que está cada vez mais árduo estabelecer a disciplina em uma sala de aula, o que em muitos casos contribui para o denominado fracasso escolar, a indisciplina não tem uma causa específica, podendo ser tanto externa, relativo a problemas de relação social e relação familiar, quanto interna, na relação ensino-aprendizagem. Torna-se cada vez mais indispensável que o professor obtenha métodos e teorias mais atraentes, para desenvolver um trabalho que consiga manter o aluno interessado por mais tempo em sala de aula. Sobretudo se considerarmos o mundo tecnológico e interativo que cercam as crianças da atualidade. Para que se possa estabelecer a disciplina, mesmo que não inteiramente, o professor deve adquirir uma postura profissional autônoma e que demonstre conhecimento e habilidade com o seu componente curricular. Ambos devem se mobilizar para o conhecimento, a partir de uma prática pedagógica que considere o perfil desses alunos que chegam à escola oriundos de uma sociedade em que a informação é disponibilizada de forma maciça, mas que não tem a preocupação de transformá-la em conhecimento, como pode-se evidenciar com as informações obtidas pela internet e pela televisão, que tem alcançado grande parte das crianças a qual nos propomos trabalhar. No entanto não se deve confundir a autoridade que o professor deve possuir sobre a sala de aula, com o autoritarismo, com gritos ou ameaças. Discutindo de forma ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 75 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ coletiva ás regras e normas impostas, sabendo ouvir, e dialogar visando a preparação do aluno para conviver em sociedade. O professor não deve ficar apenas na sua formação inicial sendo necessário que ele continue se qualificando, buscando refletir se a sua prática está de acordo com a realidade em que atua, tentando assim amenizar o problema da indisciplina na sua sala de aula e também melhorando a qualidade do ensino, pois a medida que o professor investe em sua carreira profissional ele ajuda a melhorar a qualidade do ensino. Não deve ser atribuído somente ao professor a função de educar e preparar para conviver em sociedade, pois a família tem um papel muito importante na formação da educação dos filhos, esse seria um trabalho em conjunto pais e escola. Bencini (2012, p.1) considera que ―o apoio da família é crucial no desempenho escolar‖. Em uma sala que possui muitos casos de indisciplina o professor fica impossibilitado de ministrar sua aula, tornando assim difícil a relação professor-aluno. A questão disciplinar vem atingindo desde a educação infantil até o ensino superior, sem restrições quanto a instituição ser pública ou privada, e também independente da localização que a escola se encontra. A disciplina tem ocupado um espaço cada vez maior no cotidiano escolar, ultrapassando a vinculação ao tipo de mantenedora (pública, comunitária ou privada) e de localização geográfica (de centro ou de periferia, nas capitais ou interior, urbanas ou rurais). (VASCONCELLOS, 2009, p. 55). A família tem uma influência muito grande em relação às atitudes e ao comportamento da criança, que vêem nos adultos um exemplo a seguir, fazendo-os acreditar que a forma que seus pais agem seja a forma adequada, exigindo assim atitudes que sirvam de exemplo positivo para seus filhos. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 76 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 2. CONCEITUAÇÃO ACERCA DA INDISCIPLINA Existem muitas definições para a indisciplina escolar. Segundo o dicionário Informal (2010), indisciplina significa [...] ―falta de respeito ás regras, negação às normas, mau comportamento que compromete a convivência social‖. Já para o Dicionário Globo (1994) Indisciplina é ‗‗Falta de disciplina; desordem; desobediência; rebelião‖. Ferreira (2010 p.2) define que: A indisciplina escolar se apresenta como o descumprimento das normas fixadas pela escola e demais legislações aplicadas (ex. Estatuto da Criança e do Adolescente - ato infracional). Ela se traduz num desrespeito, seja do colega, seja do professor, seja ainda da própria instituição escolar (depredação das instalações, por exemplo). De acordo com Vichessi (2009, p.1): A indisciplina é a transgressão de dois tipos de regra. O primeiro são as morais, construídas socialmente com base em princípios que visam o bem comum, ou seja, em princípios éticos. Por exemplo, não xingar e não bater. Sobre essas, não há discussão: elas valem para todas as escolas e em qualquer situação. O segundo tipo são as chamadas convencionais, definidas por um grupo com objetivos específicos. Aqui entram as que tratam do uso do celular e da conversa em sala de aula, por exemplo. Isso mostra uma diversidade de conhecimentos conceituais para o termo indisciplina, visto que é considerada o comportamento inadequado dos alunos, o não cumprimento de regras estabelecidas por uma instituição de ensino. A indisciplina possui origem tanto externa quanto interna, a externa pode ser fitada nas influências dos meios de comunicação, violência social, problemas psicológicos e na relação familiar, já as causas externas são vistas no ambiente escolar e na relação ensino-aprendizagem. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 77 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Atualmente é cada vez mais difícil instituir a disciplina nos alunos em sala de aula sendo assim um dos grandes problemas da escola contemporânea, podendo levar ao fracasso escolar. A indisciplina vem sendo considerada como um dos grandes problemas da escola contemporânea, indicada como uma das causas do fracasso escolar e um dos principais obstáculos para o trabalho docente. Associada a outros problemas escolares, tais como baixo rendimento acadêmico do aluno e sua condição sócio-familiar, a indisciplina se configura como um componente da chamada ―crise da educação‘‘. (MELETTI, 2010. p.87). 3. POSSÍVEIS CAUSAS DA INDISCIPLINA ESCOLAR Quando se fala em indisciplina, na maioria das vezes não se consegue encontrar uma solução, nos remetendo a procura de algum responsável, ela pode ser acompanhada de atos violentos ou não. Segundo Volpato (2010), para que um professor possa lidar com estes atos de indisciplina ele precisa ter autonomia. O que na maioria dos casos não ocorre, devido sua falta de autoridade. Para o professor desenvolver com eficiência o seu trabalho, ele deve ter competência para lidar com os alunos considerados indisciplinados, competência essa que às vezes é analisada de forma inadequada podendo esse professor ser julgado por não conseguir desenvolver seu trabalho inteiramente, por ter em sala alunos considerados sem limites. Onde há mais indisciplina, mais comprometido fica o aprendizado. Já outros professores que conseguem mesmo com práticas tradicionais de ensino manter a disciplina na sala de aula, podem ser vistos como um bom profissional. Por outro lado, professores que não conseguem manter essa ordem acabam ficando ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 78 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ insatisfeitos com sua atuação profissional, levando-os a desmotivação profissional e em alguns casos acarretando doenças emocionais, mesmo sabendo que não se deve confundir disciplina com autoritarismo. Segundo Gentile (2013, p.1): É impossível falar de indisciplina sem pensar em autoridade. E é impossível falar de autoridade sem fazer uma ressalva: ela não é dada de mão beijada, mas é algo que se constrói. Ou seja, ter autoridade é muito diferente de ser autoritário. Um professor autoritário pode impor regras que sejam impossíveis de se cumprir, e isso pode acabar contribuindo para aumentar a indisciplina na sala de aula, além de não contribuir com a aquisição do conhecimento que é a função central do trabalho educativo. Para que possa encontrar as raízes da indisciplina, é imprescindível conhecer como o ser humano se desenvolve, ter conhecimento portanto, de questões psicológicas atreladas ao desenvolvimento cognitivo dos alunos. A maioria dos professores não sabem como agir diante de uma situação de indisciplina, levando-os a ter ações desastrosas. A indisciplina seria, talvez o inimigo número um do educador atual, cujo manejo as correntes teóricas não conseguiriam propor de imediato, uma vez que se trata de algo que ultrapassa o âmbito estritamente didático-pedagógico, imprevisto ou até insuspeito no ideário das diferentes teorias pedagógicas. (AQUINO, 1996, p.40). A maioria dos alunos usa a indisciplina como uma forma de chamar a atenção e de se mostrar, ou como uma forma de gastar as energias que fica limitada perante uma escola que não ofereça espaços para atividade física. Em uma sala de aula com alunos indisciplinados, o professor fica impossibilitado de ministrar sua aula, impedindo assim a transmissão do conhecimento, desestimulando o professor profissionalmente, ―[...] por não aguentarem, alguns alunos, os quais, não respeitam ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 79 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ ninguém, não tem limites e não querem obedecer nenhum tipo de regra‖. (SANTOS, 2009.). Na medida com que a tecnologia aumenta, os professores vão se tornando desinteressantes aos olhos dos alunos, não respeitam e não se interessam por nada que o professor fala. A questão disciplinar está no entorno de duas queixas básicas: A falta de interesse dos alunos: desinteresse, indiferença, apatia, desmotivação, falta de perspectiva, cinismo, descrença, desesperança, falta de clareza de objetivos. A falta de limites dos alunos: desrespeito, agressividade, transgressão, desobediência as normas; parece que o aluno não ―sabe estar‖. O espectro aqui vai da simples transgressão da norma até a violência. (VASCONCELLOS 2012. p. 62). A indisciplina parece ser um problema sem fim, mas que em alguns casos pode ser amenizada, com o uso do Projeto Político Pedagógico, pois por meio dele a família, os professores e até mesmo a comunidade contribuem. Santos (2009, p. 10), afirma que: Para amenizar o problema da indisciplina torna-se viável que a escola primeiramente conte com o projeto político pedagógico, o qual contará com a presença do supervisor, orientador, professores, família até mesmo a comunidade, pois através do acionamento deste o processo educativo fluirá boas respostas a respeito de problemas apresentados dentro do âmbito educacional. Crianças que vivem em uma família que não estabelece limites, onde tudo é liberado e que fazem o que bem entendem, quando chegam a uma escola, onde nem tudo é permitido e que possui regras, esta criança tem dificuldades de adaptação e de respeitar as regras, o que os incita a atos de indisciplina, crianças estas que tem dificuldades em conviver em sociedade. A educação formal se torna muito importante, pois ela vai interferir nas atitudes dos alunos no ambiente escolar, a escola não deve educar sozinha, esse é um processo ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 80 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ que deve ocorrer em conjunto. A família tem grande influência no comportamento dos seus filhos, ela começa o trabalho de educar antes de qualquer escola. A relação dos pais com a escola influencia muito no desenvolvimento dos alunos. Pais que frequentam a escola e têm uma relação amigável com ela, muitas vezes contribuem para uma melhor relação também da criança com a escola, pois os filhos se espelham em seus pais na hora de tomar decisões e na forma de agir, assim em uma família onde os pais não se respeitam e nem respeitam seus filhos, dificilmente essa criança saberá respeitar os demais. A questão familiar é um dos fatores que mais influenciam em sala de aula. 4. INDISCIPLINA NA PROBLEMATIZADORA CONCEPÇÃO BANCÁRIA E CONCEPÇÃO Ao analisar a indisciplina escolar, podemos associá-la sob duas concepções escolares: a Bancária e a Problematizadora. A concepção bancária, está muito presente nas escolas, e traz o aluno como o único responsável pelo acontecimento da indisciplina. Nesse modelo de educação, é como se o professor depositasse os conteúdos nos alunos, e depois ele retirasse na hora da prova, considerada uma forma de memorização dos conteúdos. Rebelo (2011, p.47) afirma que: A relação entre ele e o aluno se dá de forma vertical, portanto numa relação de poder na qual o professor, considerado o único detentor do saber no processo de ensino/aprendizagem e em poder da palavra, ocupa posição superior em relação ao aluno que espera passivamente receber todos os ensinamentos. Baseada no modelo tradicional, ela é classificada como domesticadora, pois leva os alunos a memorizar ao invés de adquirir conhecimentos, tornando-se assim submissos da sociedade opressora e excludente. O aluno perde seu poder de ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 81 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ participação, ficando sem possibilidades de construir novos conhecimentos ou de se impor diante das regras já estabelecidas pela sociedade dominante, sendo essa uma prática antidialógica, ―[...] não proporciona aos envolvidos ação-reflexão-ação (práxis) sobre as suas realidades, impedindo a conscientização da posição em que vivem, gerando contraditoriamente a indisciplina‖. (REBELO, 2011, p. 48.). Para que esse modelo de educação ocorra é necessário que os alunos sejam disciplinados e obedientes, para receber passivamente os conteúdos depositados neles pelos professores, e segundo o dicionário Aurélio disciplina significa: O conjunto dos regulamentos destinados a manter a boa ordem em qualquer assembléia ou corporação; a boa ordem resultante da observância desses regulamentos: a disciplina militar. / Submissão ou respeito a um regulamento. / Cada uma das matérias ensinadas nas escolas. Para essa concepção ser deixada de lado, seria necessário que os professores inovassem seus métodos, buscando aprendizagens significativas. Já a concepção problematizadora, é vista como uma proposta para superar a bancária, assim superando também a indisciplina na escola. ―[...] enquanto prática educativa, o diálogo deve ocorrer numa relação horizontal em que tanto o educador como educando buscam saber mais em comunhão‖ (REBELO, 2011, p. 50). Essa concepção não tem um modelo de currículo fechado e excludente, como a bancária, ela deve trabalhar de acordo com a realidade a qual a escola está inserida, assim o diálogo é um fator muito importante na educação. Tem como objetivo libertar o homem dessa sociedade de tantas desigualdades, e com essa concepção não seria possível acabar com a indisciplina escolar mais com ela buscam superar a indisciplina gerada, mais para que o professor junto ao aluno consiga manter uma educação expondo suas idéias, dando oportunidade do aluno intervir na realidade em que vive para tentar melhorá-la. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 82 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O aluno deixa de ser o único responsável pela indisciplina, e os métodos não atraentes, pais não participativos, as desigualdades sociais, passam a serem fatores relevantes para essa desordem na sala. CONSIDERAÇÕES PARCIAS: O estudo sobre a temática indisciplina realizado até o momento, foi baseado em alguns autores que foram citados no desenvolvimento do trabalho. A partir disso analiso que a indisciplina é a falta de obediência dos alunos as regras, um mau comportamento. Pelas leituras realizadas entendemos que para a superação desse problema, seja necessário uma ação conjunta entre todos os envolvidos com a educação escolarizada. Um fator muito importante na questão disciplinar é a relação familiar, pois está relação influencia muito no comportamento em sala de aula. Muitas vezes por o aluno fazer o que quer, ou até mesmo pela falta de interesse dos pais na vida escolar dos filhos. Outro fator relevante é a questão do professor que não tem recebido uma formação inicial que o preparasse para lidar com esses casos indisciplinados que está cada vez mais frequente. A escola deve incentivar os professores a ter uma formação continuada, para melhorar a aprendizagem dos alunos e desenvolver cada vez melhor seu trabalho docente em sala de aula. Esses elementos serão analisados de forma mais detida na pesquisa de campo, que é o próximo passo desse trabalho. A mesma será realizada por meio de observações e questionário escrito, serão entrevistados alguns alunos e professores de uma sala do 6° ano, em uma escola estadual do município de Paranavaí-PR. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 83 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS AQUINO, J.G. 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MELETTI, S. M. F. Indisciplina como condição de desvio no cotidiano escolar. In: HENNING, L. M. P.; ABBUD, M. L. M. (Org.). Violência, indisciplina e educação. p. 87. Londrina: Eduel, 2010. PARRAT-DAYAN, S. Como enfrentar a indisciplina na escola. Editora Contexto. 2008 REBELO, R. A. A. Indisciplina Escolar: Causas e Sujeitos. 6. ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,2011. SANTOS, M.G.A. Indisciplina Escolar. Monografia – Licenciatura Plena em Pedagogia, Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Disponível em: <monografias.brasilescola.com/educação/indisciplina-escolar.htm> Acesso em: 10 abr. 2013. VASCONCELLOS, C.S. 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Londrina: Eduel, 2010. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 85 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DA CRIANÇA16 VICENTE, Ana Claudia17 (Unespar- Fafipa. [email protected]) RESUMO Este trabalho tem por finalidade propor e discutir a importância da brincadeira infantil para o desenvolvimento intelectual das crianças, visto que a brincadeira não é utilizada com relevância por professores dentro do contexto educacional. Partindo de uma pesquisa qualitativa com enfoque metodológico no materialismo histórico dialético, serão realizados estudos bibliográficos, por meio de um breve recorte histórico do desenvolvimento da brincadeira, abrangendo desde a antiguidade até a idade contemporânea, demonstrando, assim, os avanços e retrocessos das brincadeiras infantis. Além disso, serão enfatizadas diferentes concepções de brincadeiras vistas por estudiosos clássicos e contemporâneos. Nessa direção, o texto irá descrever os estudos de Vigotski referentes à brincadeira e sua importância para o desenvolvimento intelectual infantil. Por fim, realizaremos uma pesquisa de campo coletando dados em um ambiente escolar da educação infantil, com o intuito de relacionar a pesquisa bibliográfica com a prática na realidade escolar. Palavras-chave: Educação Infantil. Brincadeira. Aprendizagem. Desenvolvimento intelectual. INTRODUÇÃO O presente trabalho insere-se na área da educação mais especificamente na área da educação infantil, tendo como eixo principal analisar as contribuições que a brincadeira pode oferecer para o desenvolvimento intelectual da criança em idade escolar. Nesse sentido, procurará compreender como a brincadeira vem sendo 16 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2013 à banca examinadora constituída pelos professores 17 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 86 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ utilizada dentro e fora da sala de aula pelos professores, pois esta se encontra no meio social e cultural, tanto da criança quanto do adulto. Desta maneira este trabalho terá como enfoque metodológico a perspectiva materialista histórico dialética, explicando a brincadeira infantil incluída dentro do meio social e cultural além de suas transformações ocorridas com o passar dos tempos. Partindo deste enfoque, descreveremos a história da brincadeira e as diferentes concepções que estudiosos clássicos e contemporâneos atribuem a ela. A partir desta descrição, nos questionamos se houve um progresso ou um retrocesso do brincar. Como a brincadeira influência na formação do psiquismo e desenvolvimento da aprendizagem da criança? Além disso, qual a função e o espaço que a escola atribui a brincadeira e como esta observa a importância do brincar visto que este é eminentemente educativo? Desta maneira, em busca destas respostas este trabalho dará maior ênfase aos estudos produzidos por Vigotski, Leontiev, Kishimoto, Freidmam, Wasjokp entre outros. A partir dessas concepções ressaltaremos de que maneira a brincadeira infantil pode influenciar no desenvolvimento intelectual das crianças em idade escolar. Segundo Vigotski (2012) o ato de brincar pode ser entendido como a atividade que desenvolve a inteligência e a personalidade da criança, abrangendo as funções psíquicas superiores, como a atenção voluntária, a memória ativa, a linguagem, o pensamento abstrato. Deste modo vale destacar, que para Vigotski (2012) as brincadeiras são fundamentais no processo de ensino e aprendizagem. Ao brincar, a criança se relaciona com outras crianças, sendo capaz de perceber-se como um ―ser‖ no mundo e numa permanente relação entre o que é pessoal (interior) e o que é do grupo (realidade externa). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 87 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Nessa mesma direção também Wajskop, apresenta suas considerações: [...] a brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil onde o desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos, exatamente pela possibilidade de interação entre os pares em uma situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos ( WAJSKOP, 2007, p.35) Em função disso o texto apresentará uma breve pesquisa sobre as brincadeiras realizadas e empregadas dentro do contexto escolar, com o intuito de estabelecer a relação entre teoria e prática, visando assim, demonstrar como a brincadeira contribui com o desenvolvimento intelectual das crianças. BRINCADEIRA: UM RECORTE HISTÓRICO DE SUAS TRANSFORMAÇÕES Historicamente, a brincadeira passou por diferentes momentos e por isso, foi sofrendo modificações em seu aspecto estrutural e social. Para Friedmann (1998) as brincadeiras atuais têm perdido todos os referenciais de antigamente. Na Antiguidade, a brincadeira representava um importante segmento na vida dos adultos e das crianças, sendo realizadas com total valor por todos. [...] como o mais vigoroso elemento da cultura, do riso, do carnaval e do folclore. As brincadeiras eram fórmulas condensadas de vida, modelos em miniatura da história e destino da humanidade. A brincadeira era o fenômeno social do qual todos participavam e foi só bem mais tarde que ela perdeu seus vínculos comunitários e seu simbolismo religioso, tornando-se individual (FRIEDMANN, 1998, p. 29) Nesta passagem é possível constatar que este foi o inicio de um processo de abandono da brincadeira por parte dos adultos além da transformação das brincadeiras, que antes era realizada coletivamente e a partir deste momento tornase individual. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 88 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Na Idade Média, de acordo com Wajskop (2007), o brinquedo passou a despertar interesse nas crianças, porque descobriu-se que com ele poderiam brincar. De acordo com Kishimoto (1993), no Renascimento, o brincar tornou-se uma atividade exclusiva das crianças, visto que até este momento o ato do brincar também fazia parte do universo adulto. Neste período as crianças passaram a manusear o brinquedo criando um vínculo entre seu mundo e o universo lúdico. Neste contexto, perceberam que existiam inúmeras possibilidades educativas contidas nos jogos e assim, Wajskop (2011) explica que passaram a utilizá-los como uma ferramenta para formar a personalidade da criança, aproximando-a do mundo real. No período da Idade Moderna, Friedmann (1998) explica que a brincadeira passou a ser considerado um vício, por isso, foi institucionalizada com a intenção de tornar o espaço educativo mais prazeroso para as crianças, além de ser um espaço de ensino e aprendizagem. A brincadeira sofreu diversas transformações durante o decorrer dos séculos até chegar aos dias atuais. Como explica Friedmann (1998) diversos fatores influenciaram estas modificações, como o avanço das tecnologias e a redução do espaço físico, pois se diminuíram estes espaços para as brincadeiras, visto que ainda são poucos os lugares destinados para as crianças brincarem. Se antes brincavam nas ruas, em frente de suas casas, hoje, nos grandes centros urbanos, encontram-se impedidas de brincar nestes lugares. Além disso, destaca-se também a redução do espaço temporal dentro das instituições educacionais e também fora delas, onde as crianças estão sendo ocupadas por outras atividades consideradas mais importantes do que o simples ato de brincar. Apesar das alterações que as brincadeiras foram sofrendo no decorrer do tempo, é preciso lembrar que a brincadeira é essencial na vida da criança, pois de acordo com Vigotski (2008) toda brincadeira influência seu desenvolvimento intelectual. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 89 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ AS CONCEPÇÕES DE BRINCADEIRA Muitos são os estudiosos que tratam do tema brincar desenvolvendo diferentes concepções. Por isso, devemos primeiro, compreender o conceito de brincadeira que de acordo com o dicionário da língua portuguesa significa ―o efeito de brincar por meio de um ato ou ação‖ (SILVEIRA, 2007, p. 129). Para Leontiev (2012 p. 119) brincadeira significa ―uma atividade caracterizada por uma estrutura que o motivo está no próprio processo‖, ou seja, para o autor a brincadeira é uma atividade que surge na criança em idade pré-escolar para satisfazer suas necessidades vitais, onde o brincar torna-se uma atividade puramente humana. Nesse sentido, Leontiev (2012) sustenta que a brincadeira é o principal meio que leva ao desenvolvimento psíquico da criança, onde o brincar é visto como atividade dominante ou principal. A atividade principal é, então, a atividade cujo desenvolvimento governa as mudanças mais importantes nos processos psíquicos e nos traços psicológicos da personalidade da criança, em certo estágio do seu desenvolvimento (LEONTIEV, 2012, p.65) Podemos inferir com Leontiev (2012), que o desenvolvimento psíquico da criança está de certo modo interligado à brincadeira, visto que ela influência na ampliação dos fatores que intervém no seu desenvolvimento, pois brincando a criança pode aprender sem notar que isso está acontecendo. Além de Leontiev, outros estudiosos falaram sobre a brincadeira, entre eles estão Rossler (2006, p.62) que, assim compreende a brincadeira infantil: [...] atividade de importância fundamental para o desenvolvimento psíquico do individuo, e, assim, para o desenvolvimento da própria sociedade, uma vez que por essa atividade desenvolvem-se nos indivíduos aquelas capacidades, aptidões, e faculdades, físicas e psíquicas, que são pré-requisitos para o desenvolvimento do gênero humano, da humanidade. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 90 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A partir desta reflexão podemos entender a amplitude que a brincadeira está inserida, abrangendo diversos fatores de desenvolvimento, não só intelectual, mas o físico e o social. Rossler (2006) também enfatiza que a brincadeira para a criança acontece de forma objetiva quanto à percepção de mundo, dos objetos e também dos símbolos humanos, pois isto lhe permite determinar o conteúdo e a forma da brincadeira. Em suas pesquisas Rossler (2006) constatou que para Leontiev a brincadeira pressupõe a atividade geradora do desenvolvimento do individuo que e encontra na fase pré-escolar. A brincadeira é um importante meio para o desenvolvimento intelectual infantil, desta maneira vale ressaltar que é por meio da brincadeira que ocorre os diferentes modos de interpretação e expressão por parte das crianças, pois segundo Borba (2006) a brincadeira proporciona a transformação e produção de novos significados para as coisas. É importante enfatizar que o modo próprio de comunicar do brincar não se refere a um pensamento ilógico, mas a um discurso organizado com lógica e características próprias, o qual permite que as crianças transponham espaços e tempos e transitem entre os planos da imaginação e da fantasia explorando suas contradições e possibilidades. Assim, o plano informal das brincadeiras possibilita a construção e a ampliação de competências e conhecimentos nos planos da cognição e das interações sociais, o que certamente tem conseqüências na aquisição de conhecimentos nos planos da aprendizagem formal (BORBA, 2006, p. 38) Nesse sentido, Borba (2006) considera que a brincadeira proporciona uma articulação entre o que já foi dado e o que está para acontecer além de permitir que a criança se relacione com diferentes esferas do desenvolvimento. Enfim, constata-se que são inúmeras as concepções de brincadeiras e do modo de brincar, mas primordialmente devemos pensar na brincadeira como uma fonte essencial na criança, tanto no processo educativo, quanto psicológico, cognitivo e ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 91 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ sociocultural. Como ressalta Carneiro apud Picelli e Gomes (2005) os jogo, brinquedo e brincadeira não são apenas um passatempo, mas um ato que deve se fazer presente durante toda a formação da criança. A INFLUÊNCIA DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL INFANTIL. A brincadeira é uma atividade que existe em todas as sociedades e de certa maneira influência na formação do individuo. De acordo com Rego (1995, p. 56) Vigotsky atribui com relevância o ―[...] papel da interação social no desenvolvimento do ser humano‖, ou seja, o individuo inserido em um determinado contexto social se desenvolverá de acordo com este contexto, pois para ele todo o processo de desenvolvimento e de aprendizagem é constituído socialmente. Desta maneira a autora ressalta que; O desenvolvimento está intimamente relacionado ao contexto sóciocultural em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica e (dialética) através de rupturas e desequilíbrios provocadores de contínuas reorganizações por parte do indivíduo ( REGO, 1995, p. 58) Podemos inferir com a autora, que o individuo inserido culturalmente e socialmente dentro do mundo poderá desenvolver-se de acordo com cada sociedade e cultura com a qual convive, ou seja, ele aprende a ser e a agir diante de cada ambiente social que está inserido. No entanto, sabemos que é no processo de aprendizagem que a criança desenvolve-se socialmente e culturalmente o que ―[...] pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que as cercam‖ (VIGOTSKI, 1998, p. 99). Neste sentido, faz parte na criança a brincadeira do faz-de-conta ou jogos de papéis sociais, onde a criança pode assimilar o mundo adulto, incluindo-se assim no meio social e cultural. Este momento permite à criança um aprendizado prazeroso e ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 92 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ lúdico, pois brincando de imitar ela pode absorver os aspectos similares da intelectualidade adulta, aproximando-se deste universo e desenvolvendo-se através do aprendizado que obteve durante as brincadeiras. Assim, suas características psicológicas, de acordo com Rego (1995), podem ser reorganizadas culturalmente, ou seja, a criança brincando de faz-de-conta, de imitar, irá interioriza a cultura e consequentemente o aprendizado e desenvolvimento. Para Vigotski (2012), a brincadeira infantil possui um cunho essencial para o aprendizado da criança, não é somente o ensino sistemático que pode desenvolver o aprendizado, mas também o ato de brincar, ou seja, a brincadeira, também pode e deve ser considerada primordial na aprendizagem e desenvolvimento infantil, desta maneira Rego (1995) ressalta que ―apesar do brinquedo não ser o aspecto predominante da infância, ele exerce uma enorme influência no desenvolvimento infantil‖ (p. 80). Nas análises de Rego a criança atingi, por meio do brinquedo, uma enorme gama cognitiva que é adquirida dependendo das motivações internas. Sendo assim, na idade pré escolar, a criança pode diferenciar os campos de visão e significado, pois ―o pensamento que antes era determinado pelos objetos do exterior passa a ser regido pelas ideias‖ (VIGOTSKI apud REGO, 1995, p. 81). Isto indica que a criança poderá abstrair e imaginar as características dos objetos que ela manipula ficando definido o significado da brincadeira para ela. A criança passa a criar uma situação ilusória, como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. Esta, aliás, a característica que define o brinquedo de um modo geral. A criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos que ela tem acesso (REGO, 1995, p. 82). Fazendo alusão à autora podemos compreender que o significado da brincadeira para a criança é bem maior do que o simples ato de realizá-la torna-se algo bem ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 93 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ mais complexo do que o simples ato em si, ou seja, é o momento em que a criança aprende e desenvolve, se aproximando mais da zona de desenvolvimento próxima relatada por Vigotski. A criança pode se aproximar das ações reais dos adultos, delimitando a realizar as ações da brincadeira o mais coerente possível com a realidade, assumindo coerentemente os papéis ali assumidos, pois ―toda situação imaginária contém regras de comportamento condizentes com aquilo que está sendo representado‖ (REGO, 1995, p. 82). Agindo desta maneira por meio da brincadeira, a criança pode alcançar níveis mais elevados de aprendizagem e desenvolvimento do que ela se encontra. Deste modo; [...] a atuação no mundo imaginário e o estabelecimento de regras a serem seguidas criam uma zona de desenvolvimento proximal na medida em que impulsionam conceitos e processos em desenvolvimento (REGO, 1995, p. 83). Sendo assim é possível observar que a brincadeira é algo grandioso, pois promove a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual infantil. Vigotski (2012) traz muitas contribuições para a área da educação, entre elas está o conceito de zona de desenvolvimento próxima ou imediata que ocorre na relação entre ensino, aprendizagem e desenvolvimento. Desta maneira as crianças por meio da imitação que pode ser chamada também de jogos de papéis sociais ou faz-deconta podem realizar ações que passam de suas capacidades, abstraindo e internalizando o conhecimento externo que estas podem observar em seu meio social e cultural ― a imitação dos modelos fornecidos pelos sujeitos assume um papel estruturante pois amplia a capacidade cognitiva individual‖ (VIGOTSKI apud REGO, 1995, p. 111), ou seja, por meio da imitação a criança pode aprender e estruturar seu comportamento. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 94 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Considerando que a brincadeira de papéis ou faz-de-conta pode desempenhar o processo de desenvolvimento intelectual da criança, ela passa por diversas fases de desenvolvimento, como constou Facci (ELKONIN apud FACCI, 2006, p.69) Os principais estágios de desenvolvimento pelos quais os sujeitos passam são: comunicação emocional do bebê; atividade objetal manipulatória; jogos de papéis atividade de estudo; comunicação íntima pessoal e atividade profissional/estudo. Facci (2006) sucinta que no momento em que a criança encontra-se inserida na préescolar a atividade principal é o jogo e a brincadeira, onde a criança apropria-se da manipulação dos brinquedos desenvolvendo assim o ato de brincar.Desse modo, ela se esforça para realizar as ações, a fim de alcançar o mundo mais amplo, ou seja, se relacionar com os adultos, sendo assim ―[...] tenta integrar uma relação ativa com as coisas diretamente acessíveis à ela ,mas também com o mundo mais amplo, isto é, ela se esforça para agir como um adulto‖( LEONTIEV apud FACCI, 2006). Desta maneira, por meio da brincadeira, a criança pode executar ações que ainda não conseguem desempenhar da mesma maneira que os adultos, ou seja, ela pode ―resolver a contradição entre a necessidade de agir e a impossibilidade de executar as operações exigidas pela ação do outro‖ (FACCI, 2006, p.72). Para Martins (2006) o brincar é muito mais do que algo prazeroso, mas uma ação em que a criança aprende a posicionar-se diante das pessoas, coisas e situações, estruturando seus processos internos por meio das ações praticas realizadas. Os jogos de papéis ou brincadeiras de faz-de-conta são de extrema importância para o desenvolvimento psíquico e consequentemente intelectual da criança. Além disto, Martins (2006) ressalta que há nos jogos e brincadeiras três propriedades, o primeiro é o caráter semiótico, a dotação de argumentos e conteúdos e por fim as relações lúdicas e reais, que a criança pode desempenhar e desenvolver com a brincadeira. Também Rossler (2006) enfatiza que mesmo que o individuo encontra-se no mundo do faz-de-conta ele consegue abranger o significado real e social da ação que está executando durante suas brincadeiras. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 95 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Para Leontiev (2012) a brincadeira infantil é uma atividade tipicamente humana, isto é, a brincadeira da criança é constituída de uma atividade objetiva, conforme há a expansão do mundo objetivo humano, a criança recorrerá a brincadeira ou atividade lúdica como forma de dominar estas modificações. Nesta etapa a criança quer por si só realizar a atividade dos adultos, mas já que não pode realizá-la de maneira real recorrem às brincadeiras de faz-de-conta para suprir suas necessidades. Rossler (2006) ressalta que a criança, para dominar este aspecto humano ela pode alcançá-lo por meio do jogo. Podemos inferir com Rossler (2006) que as crianças recorrem a brincadeira para dominar e participar do mundo social que as rodeiam, brincam para ser um adulto, voltando-se plenamente á estas atividades, detendo-se no brincar e no brinquedo. [...] o brinquedo aparece na criança em idade pré-escolar. Ele surge a partir de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo dos objetos diretamente acessíveis a ela, mas também em relação ao mundo mais amplo dos adultos. Uma necessidade de agir como um adulto surge na criança, isto é, de agir da maneira de como ela vê os outros agirem, da maneira que lhe disserem, e assim por diante. Ela deseja montar um cavalo, mas não sabe como fazê-lo; isto está além de sua capacidade. Ocorre por isso, um tipo de substituição; um objeto pertencente ao mundo dos objetos diretamente acessíveis a ela toma lugar do cavalo em suas brincadeiras. (LEONTIEV, 20012, p. 125). Deste modo, agindo por meio da brincadeira, a criança atinge níveis mais elevados de aprendizagem e desenvolvimento. Ela pode alcançar o mundo adulto, utilizandose de objetos e brinquedos nas brincadeiras de faz-de-conta. A criança age na brincadeira com uma postura de maior idade, ou seja, como se fosse mais velha, mais capaz do que ela é na realidade, assim no brinquedo o ato de brincar aparece mesmo que de forma condensada, uma tendência para o desenvolvimento posterior da criança. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 96 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Ao brincar a criança utiliza diversos objetos, mas para Rossler (2006) estes objetos perdem seus significados reais quando passam a obter um novo significado que a criança lhe atribui durante a execução de suas brincadeiras, ou seja, [...] no brinquedo os objetos que a criança utiliza perdem seu significado real e sua força determinante, motivadora de um comportamento padrão.[...] A criança no brincar age independentemente de seu campo visual imediato, seu pensamento está separado dos objetos e suas ações decorre de suas idéias e não somente das coisas. (ROSSLER, 2006, p.59). Agindo desta maneira, Rossler (2006) afirma que a criança encontra um elo entre o significado real e o imaginário, permitindo a orientação do comportamento infantil tanto da percepção de mundo quanto da situação a ser produzida em sua mente. Enfim, a brincadeira infantil é uma atividade primordialmente importante para o desenvolvimento das crianças, onde enfoca o desenvolvimento intelectual, social e pessoal do individuo. CONFRONTANDO TEORIA COM A PRÁTICA Esta pesquisa aconteceu no ano de 2013 em uma escola de cunho privado, situada na cidade de Paranavaí, os sujeitos que dela participaram foram alunos e professora do Jardim 1, crianças entre 3 e 4 anos de idade. A presente pesquisa tem por finalidade abranger e observar o modo de brincar destas crianças, além de realizar uma entrevista semi-estruturada com a professora, visando entender como esta utiliza as brincadeiras em sala de aula. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 97 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ No primeiro momento foi aplicada com estas crianças a história ―A princesa e o Grão de ervilha‖ do escritor Andersen, que depois tiveram um tempo livre para brincar, referente ao que ouviram. As crianças utilizaram a brincadeira do faz-de-conta, assumindo papéis que continham na história, como a princesa, príncipe, rei, rainha além da cozinheira. Ao brincar, fizeram uso de falas que pertenciam aos personagens, às posturas dos mesmos, podendo perceber que a criança deixa de ser ela mesma para atuar em outro papel, podendo também ser compreendido como a brincadeira de papéis sociais que ela vem desempenhando naquele momento. Deste modo, ao brincar e assumir outro papel a criança adquiri um desenvolvimento intelectual, visto que está esforçando-se para atingir um nível de desenvolvimento maior do que ela se encontra. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Esta produção, tendo como objeto de estudo a brincadeira infantil, objetiva evidenciar a importância de uma prática educativa a partir do lúdico e da utilização das brincadeiras em sala de aula para o desenvolvimento cognitivo e intelectual das crianças, uma vez que uma ação pedagógica organizada e desenvolvida nesta perspectiva poderá contribuir para o desenvolvimento das crianças nas dimensões: social, cultural e intelectual, deste modo a brincadeira infantil realizada tanto dentro como fora das instituições de ensino é de extrema importância para o desenvolvimento intelectual infantil,abrangendo as maneiras de brincar da criança e as maneiras que o professor faz uso destas em sala de aula. As contribuições da brincadeira para o desenvolvimento intelectual infantil são inúmeras, entre estas estão a permanente relação entre seu interior e a realidade externa, a criança relaciona-se com o grupo e com a realidade social que as cerca. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 98 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Deste modo durante o brincar as crianças podem atingir níveis mais elevados e complexos de desenvolvimento, pois brincando respeitam regras e interagem com diversas situações, sendo assim, a criança aprende brincando. Enfim, o brincar além de ser uma fonte de lazer para a criança, torna-se também uma fonte de conhecimento. As brincadeiras proporcionam assim, o desenvolvimento intelectual e a aprendizagem infantil, desta forma deve fazer parte do cotidiano escolar e não ser deixado em segundo plano, mas estar lado a lado com as demais atividades do cotidiano escolar. Sendo assim, o profissional da educação infantil deve planejar de maneira coerente suas ações, oportunizando aos alunos o desenvolvimento intelectual e a autonomia. REFERÊNCIAS BORBA, Ângela M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. CARNEIRO,M. A. O jogo e suas diferentes concepções. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v.14, n. 32-34, p. 30-31,1995. FACCI, M.G.D. Os estágios de desenvolvimento psicológico segundo a psicologia sociohistórica. 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Essa compreensão está sendo desenvolvida/adquirida na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão, no curso de extensão ―Aprender com o lúdico e as situações problema‖. A fundamentação teórica segue as ideias de Jean Piaget. A metodologia do curso baseia-se na análise de diversos jogos de regras, especialmente os considerados simples, que podem ser confeccionados com materiais alternativos e/ou aqueles em que o corpo é o instrumento principal da brincadeira. As atividades realizadas tem favorecido a introdução desses jogos no meio educacional. Palavras-Chave: Jogos-de-regras; formação; professores. INTRODUÇÃO Estudos desenvolvidos por Kishimoto (2001) e Magnani (1998; 2012) revelam que os jogos de regras são os menos explorados nas pré-escolas. Há diversos tipos 18 Acadêmicas do Curso de Pedagogia/Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Francisco Beltrão – PR. E-mail: [email protected] 19 Professora Orientadora. Doutora em Educação. Professora e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão. E-mail: [email protected] ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 101 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ desses jogos, este artigo destaca os considerados simples, que podem ser confeccionados com materiais alternativos e/ou aqueles em que o corpo é o instrumento principal da brincadeira. Magnani (1998; 2009; 2012) desenvolveu pesquisas em diferentes ambientes (brinquedotecas e Centros de Educação Infantil) e identificou que adultos/professores alegam que as crianças até seis anos de idade, ainda, não sabem utilizar os jogos de regras; por isso, preferem outros(as) materiais/atividades. Esse entendimento indica o desconhecimento de que os jogos auxiliam na descentração do pensamento, na construção de diversos conceitos e valores como cooperação, solidariedade e cidadania. No prefácio do livro Jogos em Grupo na Educação Infantil, Piaget afirma que ―[...] o jogo é uma forma de atividade particularmente poderosa para estimular a vida social e a atividade construtiva da criança‖. Esses jogos atingem várias disciplinas tradicionais, por isso Kamii e DeVries (1991) os utilizaram para promover/rever a reflexão pedagógica, por exemplo, ao apresentarem os jogos de alvo, como boliche, as autoras discutem os conceitos de aritmética e de física envolvidos. Na mesma obra, as autoras destacam que, por meio dos jogos, as crianças se desenvolvem de forma social, moral, cognitiva, política e emocional, pois, em tal concepção, um jogo começa quando todos os jogadores concordam com as regras (ou querem aprendê-lo). Uma vez iniciado, somente continua se os jogadores aceitarem a interpretação das mesmas. Para Kamii e DeVries (ibid), quando as crianças percebem a necessidade de cumprir as regras, aceitam voluntariamente certas imposições. Identificam também a necessidade de reforçá-las, e quando são construídas por elas, as regras facilitam o caminho para o desenvolvimento da autonomia. Não obstante, ―[...] obedecer regras elaboradas por outros é um processo mais superficial, a menos que a criança tenha tido oportunidade de questioná-las e adotá-las voluntariamente‖ (KAMII; DEVRIES, 1991, p. 282). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 102 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Segundo as autoras, há dois princípios básicos a se extrair da teoria de Piaget: que os jogos sejam modificados a fim de se ajustarem à maneira como a criança pensa, e que a autoridade do adulto seja reduzida tanto quanto possível. Depois que as crianças já tiverem certa prática com vários jogos, é muito bom propor-lhes que inventem seu próprio jogo. Conforme Freire e Guimarães (2011), isso é altamente pedagógico e um ato político. As ideias apresentadas estão sendo desenvolvidas no curso de extensão ―Aprender com o lúdico e as situações problema‖, realizado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/FB, financiado pelo Programa de Extensão Universidade Sem Fronteiras – USF/SETI (Convênio 01/2013, Apoio às Licenciaturas), que tem como principal objetivo rever a formação lúdica de professores e educadores da Educação Básica. 1 O JOGO DE REGRAS E A TEORIA PIAGETIANA Piaget (1946/2010) distinguiu duas situações que envolvem jogos de regras: as regras transmitidas e as regras espontâneas. Os jogos, cujas regras são transmitidas e tornaram-se institucionais, são combinações sensório-motoras (como corridas, jogos de bola de gude) ou intelectuais (como o xadrez) que ocorrem com competição entre os indivíduos e são regulamentados. Quanto aos jogos de regras espontâneos, promanam da socialização ―[...] quer dos jogos de exercícios simples, quer mesmo, por vezes, dos jogos simbólicos, e de uma socialização que, embora possa comportar as relações entre mais novos e mais velhos, permanece quase sempre uma relação entre iguais e contemporâneos‖ (p. 161). O autor (1932/1994), em O juízo moral na criança, apresenta os jogos de bolinha de gude - que se tornou institucional - e do pique, o entendimento que as crianças têm das regras e como acontece a sua evolução. Inicialmente, no primeiro estágio, a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 103 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ criança joga ―[...] como bem entende, procurando simplesmente satisfazer seus interesses motores ou sua fantasia simbólica‖ (ibid, p. 50). No segundo estágio, ocorre a imitação e, nos demais, em que a imitação ainda predomina, as crianças consideram as regras como sagradas e invioláveis. A seguir ilustra-se essa situação com as respostas das crianças aos questionamentos referentes ao entendimento do jogo de bolinha de gude: PHA (cinco anos): Joga-se sempre assim? – Sim, sempre assim. – Por quê? – Porque não se poderia jogar de outra maneira [...] Pha demonstra claramente como as regras o dominam: não podemos mudá-las. MAR (seis anos), cujo comportamento em relação à prática das regras que estudamos em (3), declara que no tempo do seu pai e no tempo de Jesus se jogava como hoje. Recusa-se a inventar um novo jogo: Nunca inventei jogos. STOR (sete anos) nos diz que antes da arca de Noé as crianças já jogavam bolinhas: Como elas jogavam? – Como a gente joga [como nós jogamos]. Como começou? – Elas compraram as bolinhas. – Mas como aprenderam? – Seu pai as ensinou (PIAGET, 1932/1994, p. 56/58). Esses jogos atingem o terceiro estágio quando a heteronomia (ser governado por outrem) é sucedida pela autonomia (ser governado por si próprio): MALB (doze anos) pertence ao quarto estágio no tocante à prática das regras. Todos jogam como você me mostrou? – Sim. – E antigamente jogava-se dessa maneira? – Não. – Por quê? – Empregavam-se outras palavras. – E as regras? – Também não, porque meu pai disse que ele não jogava assim. – Mas, em seu tempo jogava-se com as mesmas regras? – Não inteiramente com as mesmas regras. [...] – Como você acha que começou o jogo de bolinhas? – Primeiro, entre as crianças, que procuravam pedrinhas arredondadas. [...] Será que poderíamos mudar as regras? – Sim, claro. – E você? – Sim, eu poderia fazer um outro jogo. [...] – Qual é o mais justo, o primeiro jogo que você me explicou ou o que você inventou? – Os dois são igualmente justos. – Se você mostrar esse novo jogo aos pequenos, o que eles farão? – Pode ser que eles joguem (PIAGET, 1932/1994, p. 62). Nesse estágio, identifica-se que a regra do jogo se apresenta não mais como ―[...] uma lei exterior, sagrada, enquanto imposta pelos adultos, mas como o resultado de uma livre decisão, e como digna de respeito na medida em que é mutuamente ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 104 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ consentida‖ (PIAGET, 1932/1994, p. 60). Para o autor, nessa fase, a democracia sucede a teocracia e a cooperação prevalece sobre a coação. Piaget afirma que, ao começar a se submeter verdadeiramente às regras e a praticálas conforme uma cooperação real, as crianças adquirem nova concepção da regra: ―[...] pode-se mudá-las, com a condição de haver entendimento, porque a verdade da regra não está na tradição, mas no acordo mútuo e na reciprocidade‖ (PIAGET, 1932/1994, p. 82). Conforme Macedo (2000), as situações problema que surgem durante o jogo geralmente apresentam as seguintes características: são elaboradas a partir de momentos significativos do próprio jogo; apresentam um obstáculo, ou seja, representam alguma situação de impasse ou decisão sobre qual a melhor ação a ser realizada; favorecem o domínio cada vez maior da estrutura do jogo; têm como objetivo principal promover análise e questionamentos sobre a ação de jogar, tornando menos relevante o fator sorte e as jogadas por ensaio e erro. Além disso, tais situações podem ocorrer por meio de uma intervenção oral com questionamentos ou pedidos de justificativas de uma jogada que está acontecendo; uma remontagem de um momento do jogo. No trabalho com os alunos, Macedo (ibid) propõe, sempre que possível, e adequado à idade, diferentes possibilidades de análise, apresentando novos obstáculos a serem superados. A análise das ações, neste contexto, permite que o sujeito enriqueça suas estruturas mentais e rompa com o sistema cognitivo que determinou os meios inadequados ou insuficientes para a produção de determinado resultado. Pressupõe Macedo que esta situação, dita artificial, possa servir de modelo ou quadro referencial para o sujeito, possibilitando transferir as estratégias utilizadas no contexto do jogo para outras situações. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 105 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Para os jogos de regras, o sistema ESAR 20 indica diversos materiais, que são utilizados para promover o desenvolvimento/aprendizagem da criança. O primeiro campo de experimentação do modelo ESAR foi o da Centrale des Bibliotèques, de Quebec, que serviu para verificar aproximadamente dois mil e quinhentos jogos. O instrumento possibilita a análise dos objetos de jogo, pois ressalta as suas diferenças. Permite, ainda, aos serviços de empréstimo realizar a classificação da sua coleção de material lúdico, que também serve de apoio à gestão informatizada das brinquedotecas. O sistema ESAR aponta diversos jogos de regras, todavia, serão citados os simples de mesa, praticamente inexistentes nas instituições de Educação Infantil, quais sejam: loto, serve para calcular, memorizar, associar e imaginar; dominó e jogo da memória, ajudam a reconhecer letras, números, imagens (como instrumentos musicais, personagens de histórias) e formas. Esses jogos possibilitam, também, explorar o pensamento, enriquecer o vocabulário e a imaginação, identificar semelhanças e diferenças. Há aqueles conhecidos como sequência (série de imagens e símbolos para pôr em ordem), que ajudam a identificar os algarismos, a desenvolver a ordem numérica, a noção de antecessor e sucessor, o conceito de par e ímpar, a orientação espacial, a organização de atividades. Na mesma categoria encontram-se os jogos destreza (ou pontaria, como o dardo e o boliche), que auxiliam na ampliação da coordenação motora ampla, na coordenação 20 ESAR é um sistema de classificação de materiais lúdico elaborado para orientar profissionais que trabalham na área da educação/saúde e serviço social. ESAR significa: E para jogo de exercício; S para jogo simbólico; A para jogo de acoplagem e R para jogo de regras simples ou complexas. ESAR é constituído de várias facetas: A, B, C, D e E. A faceta A, chamada atividades lúdicas, baseia-se nas ideias de Piaget. A faceta B - condutas cognitivas - apresenta cinco categorias: os comportamentos sensório-motores, os simbólicos, os intuitivos, os concretos e os formais. A faceta C mostra quatro níveis principais de habilidades: exploração, imitação, desempenho e capacidade de criação. A faceta C - habilidades funcionais - descreve quatro níveis principais de habilidades: a exploração, a imitação, o desempenho e a capacidade de criação. Já a faceta D - atividades sociais - cita as atividades individuais e as coletivas. A faceta E - habilidades linguísticas - constitui-se da linguagem receptiva e oral, da linguagem produtiva e oral, da linguagem receptiva escrita e da linguagem produtiva escrita. A faceta F - condutas afetivas - destaca cinco categorias: confiança, autonomia, iniciativa, trabalho e identidade. As duas últimas facetas, E e F, baseiam-se no quadro teórico de Freud, Erikson e Winnicott (GARON, 1996). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 106 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ viso-motora, na contagem, no equilíbrio, na noção de espaço. Há os jogos de sorte (alguns possuem cartas com letras, números ou imagem), que estimulam a formação de palavras, a composição e a decomposição, exploram a imaginação e a socialização. O jogo da velha e de tabuleiro como as damas compõem esse acervo, proporcionam o desenvolvimento de estratégias e a descentração do pensamento. Há, também, os jogos conhecidos como tradicionais, são aqueles transmitidos de uma geração a outra, fora das instituições oficiais, na rua, nos parques, nas praças, e são incorporados pelas crianças de forma espontânea, variando as regras de uma cultura a outra ou de um grupo a outro. Entre eles, destacam-se: a amarelinha, a cabra-cega e as cinco-marias (FRIEDMAN, 1996b). Smole (2000) revela que os jogos de atirar como (a bola de gude) a amarelinha auxilia no desenvolvimento de noções de números, medidas e geometria. Contagem, sequência numérica, reconhecimento de algarismos, comparações de quantidades, avaliação de distância, avaliação de força, localização espacial, percepção e discriminação visual são alguns conceitos e habilidades do pensamento matemático envolvidos neste jogo. Já as brincadeiras de corda oferecem intenso exercício físico e ajudam no desenvolvimento de habilidades motoras, sincronização de movimentos e atenção, e auxiliam na exploração de ideias referentes: a números, como contagens e sequência numérica; medidas, noção de velocidade, tempo, altura e distância; e geometria, discriminação visual e percepção espacial. Quanto às brincadeiras de perseguição como cabra-cega, esconde-esconde, barramanteiga, duro ou mole, Kamii (1991) informa que, estimulam o processo de descentração do pensamento e a elaboração de estratégias para fugir do perseguidor ou para perseguir; estas estratégias exercitam o raciocínio espacial, pois levam as crianças a tentarem descobrir, por exemplo, o caminho mais curto ou a inverter a direção para fugir do perseguidor ou para pegar alguém de surpresa. Esse processo permite a tomada de consciência de seus próprios recursos corporais, ou seja, do controle do próprio corpo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 107 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1.1 CONFECÇÃO DE JOGOS As crianças de antigamente não dispunham de brinquedos/jogos como as de hoje, usavam juntamente com os adultos a criatividade para construí-los. Com o passar dos anos, a modernidade trouxe os materiais prontos. Além disso, as crianças estão rodeadas pela tecnologia, e muitas vezes por falta até mesmo de opção, passam boa parte do tempo em frente ao computador e a TV, completamente seduzidas pelas aventuras futurísticas, cheias de efeitos visuais. Quando as crianças permanecem horas do dia jogando no computador, por exemplo, tendem a ser prejudicadas, pois a máquina não pode intercambiar pontos de vista, não possibilitando a cooperação. Apesar de esses jogos desenvolverem o raciocínio e a agilidade, sugerem-se os jogos/brinquedos confeccionados com materiais recicláveis. Aconselha-se que a confecção dos jogos seja feita com diversos materiais, como madeira, lata, borracha, papelão e outros recursos extraídos do cotidiano (atividade que resulta num trabalho de transformação). Reaproveitar é econômico, ecológico e, às vezes, o material reciclável é a única matéria-prima disponível. Além disso, o uso do recurso indicado proporciona oportunidade para criação e para a libertação do vício do consumismo. Essa atitude pode ser bem mais do que uma alternativa de material para brincar e ser também uma alternativa para uma escala de valores. Usar sucata para confeccionar jogos implica pesquisar e conhecer os materiais, as técnicas e, principalmente, as etapas de desenvolvimento do ser humano. As crianças de três a seis anos, por exemplo, não realizam construções, mas explorações e experimentações (WEISS, 1997). Entretanto, elas podem com a ajuda do educador confeccionar jogos como a trilha/dama, o boliche, a peteca, a cincomarias. Segundo Cunha (1988), esse é um exercício extremamente pedagógico. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 108 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Entre os materiais denominados sucata, há praticamente dois tipos: a sucata natural, o reália, que como o próprio nome indica, constitui-se de sementes, pedras, conchas, folhas, penas, galhos e pedaços de madeira areia, terra, etc. A sucata industrializada que inclui todos os tipos de embalagens, copos plásticos chapas metálicas, tecidos papéis, papelões, isopor, caixas de ovos, etc. (WEISS apud FREIDMANN, 1996ª, p. 110). Percebendo a importância do levantamento das possibilidades e sua contribuição para potencializar a criatividade nos indivíduos, Weiss (ibid), afirma que a construção do brinquedo, sucata passa por diversas etapas, sendo elas: Levantamento dos mais variados materiais de sucata pelos alunos e pelo professor, com a colaboração dos pais; Percepção dos diversos materiais extraídos da natureza, dos objetos em desuso, do lixo etc. Separação e classificação desses materiais segundo critérios de textura, superfície, cor, tamanho, cheiro etc.; Escolha a adaptação dos instrumentos necessários para a manipulação das sucatas: ferramentas, cola, tintas, arames etc.; Preparação e adaptação da sala de aula para a criança se sinta à vontade no espaço de construção; Ordenação e arrumação de todo o material e da sala ao final de aula, com a participação ativa dos alunos, estimulando-os a demonstra respeito pelo material (p.111). A produção de objetos/brinquedos artesanais tem uma tradição, mas está desaparecendo gradativamente, dando lugar à produção industrializada. Estas transformações estão ligadas ao domínio da indústria cultural da elite. Assim, se torna cada vez mais difícil perceber as manifestações populares nos grandes centros, absorvida pela indústria cultural, criando artes hibridas, incorporando assim várias culturas com a finalidade de transformar a arte em produção industrial em grande escala. O brinquedo sucata diferencia-se do brinquedo produzido em escala industrial, é feito pelo aluno, não há dois absolutamente iguais, por ser um objeto construído artesanalmente com diferentes materiais como: latas, embalagens, rótulos, madeiras, sementes, folhas, pedras, entre outros. ―É um trabalho de transformação, de reaproveitamento‖ (FRIEDMANN, 1996ª, p.112). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 109 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Para Weiss (apud FREIDMANN, 1996ª), o aburguesamento do brinquedo não se reconhece só pelas formas sempre funcionais, mas também pela sua substância. Enquanto os brinquedos construídos com sucata são desvalorizados, pois são feitos de material descartável, os outros são produzidos de uma química. A construção de um brinquedo sucata não deve seguir um modelo estereotipado, com a finalidade de alcançar a perfeição nos acabamentos, e sim, a valorização da criatividade no seu sentido cultural e afetivo. Na escola, a sucata entra como um material de pesquisa, colagem e construção. Embora a diversidade seja importante, a quantidade de produto é desnecessária, pois as crianças utilizam a imaginação para reproduzir o que e como desejam (FRIEDMANN, 1996ª). Ao se trabalhar com a construção do brinquedo sucata notase o valor afetivo dado pela criança ao objeto, material com que trabalha e constrói. Não se pode esquecer a questão do acabamento do brinquedo sucata feito pela criança, tão importante visualmente pela indústria e sociedade. Isso se dá, aos olhos dos ―outros‖, como sendo um material meio ―bruto‖, com a ideia de acabamento ―imperfeito‖. Aos olhos das crianças, este acabamento está relacionado a dois aspectos, conforme descreve Friedmann (1996ª), A criança atua de acordo com sua capacidade físico-motora, no estágio em que se encontra; A criança não tem, como o adulto, a mesma preocupação de acabamento dos objetos; o brinquedo é construído para ser imediatamente utilizado (p.114). Tudo isso representa uma riqueza que vêm sendo negligenciada e esquecida por causa da indústria dos brinquedos fabricados, com seus mecanismos ocultos, brinquedos com pilhas, abstratos (OLIVEIRA, 2000), onde se tem pouco espaço para interação e criatividade. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 110 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1.2 JOGOS DE MESA EM GRUPO Kami e DeVries (1991) referem que os jogos em grupo devem ser utilizados para promover a habilidade de coordenar pontos de vista, ou seja, para estimular a cooperação e para incentivar a construção/compreensão de regras. Em sala de aula, sugere-se que as atividades com jogos de mesa (material que também pode ser utilizado no chão, entre os mais indicados para a pré-escola encontram-se dominó, memória e pega-varetas) sejam iniciadas com pequenos grupos de crianças. Depois que elas adquirirem intimidade com o material e com suas regras conseguirão jogar de forma organizada. Nesse momento o professor terá liberdade para observar as crianças, fazer os seus registros e intervenções, a fim de rever o planejamento, ou, então, poderá enriquecer a relação brincando junto com a turma. Para que brincadeiras/jogos sejam colocadas(os) em prática e desencadeiem a construção do conhecimento, três procedimentos são importantes: planejamento, execução e avaliação (MANTOVANI DE ASSIS, 2001, p. 73-81). O planejamento desse tipo de atividade exige alguns critérios básicos: que os jogos/brinquedos sejam interessantes e que solicitem esforços por parte das crianças; que possibilitem a aquisição do conhecimento físico e social; que apresentem desafios e que oportunizem a solução de problemas. Sobre a execução, é importante inserir as crianças, por exemplo, na re/organização dos espaços e materiais e nas escolhas de suas atividades, assim, elas encontram a oportunidade para realizar atividades que envolvem conservação, classificação e seriação. Durante essas situações, elas podem verificar que as suas escolhas têm consequências. Em relação à avaliação, é um processo de coleta e análise de informações tanto do desenvolvimento das crianças, recomendando-se - que sejam registradas as observações referentes a todos os aspectos do desenvolvimento infantil - quanto da prática dos professores, conhecida como autoavaliação. Recomenda-se ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 111 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ [...] organizar uma ficha ou caderno com os objetivos que desejamos observar, registrar e datar as observações feitas, de modo que todos os alunos possam ser observados em diferentes momentos, é uma maneira simples e prática para auxiliar as intervenções a serem feitas no planejamento ou, eventualmente, com alguns alunos em especial (SMOLE; DINIZ; CÂNDIDO, 2000, v. 2, p. 83). Smole; Diniz; Cândido (2000, v.2), afirmam que é difícil observar todas as crianças ao mesmo tempo, mas, em algum momento, é necessário fazê-lo. Elas destacam a relevância dos adultos saberem avaliar, observar, monitorar e registrar o que ocorre através dos jogos e providenciar os recursos necessários; pois, as crianças realmente desenvolvem-se cognitiva e afetivamente a partir do brincar/jogar, dentro de um ambiente bem organizado. É fundamental que haja um tempo para que o professor e as crianças se autoavaliem. Essa prática permite a tomada de consciência das próprias ações e requer respeito mútuo. Com esse procedimento o professor incentiva a criança a falar de si sem medo. Esse exercício favorece a superação da heteronomia. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da reflexão realizada compreende-se que os jogos de regras contribuem para a educação de todas as pessoas nos diferentes aspectos do desenvolvimento. Ademais, esses jogos ensinam de maneira significativa a matemática, por exemplo, área do conhecimento que apresenta os maiores problemas de aprendizagem. Sendo assim, entende-se que se as crianças forem respeitadas em seus direitos, ou seja, se os seus interesses e necessidades individuais e sociais forem supridos desde o início da escolarização, terão menos chances de fracassarem na vida escolar. Portanto, é dever da escola promover esse direito e, para isso, faz-se necessário que a instituição seja equipada com materiais adequados e que os professores recebam uma formação contínua baseada nos jogos de regras. Afinal ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 112 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ de contas, jogar na escola é algo sério... REFERÊNCIAS BRENELLI, R. P. 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Com apoio da secretária da instituição, levantamos: o número de concluintes na escola no ano de 2012; a estrutura da escola e a matriz curricular utilizada; a carga horária e o período de conclusão dos alunos; os documentos do governo do estado que normatizam a oferta da EJA nestas escolas e o índice de evasão escolar da modalidade estudada. Nossa hipótese é de que o tempo de conclusão dos alunos da Educação de Jovens e Adultos atualmente é muito grande, ultrapassando a média de tempo prevista, fator de desestímulo e de evasão dos alunos da EJA. Assim, a evasão escolar em qualquer nível de ensino é um desafio para os profissionais da educação e um déficit no nosso sistema de ensino. Números do abandono escolar no Brasil mostram que a todo ano milhares de crianças e adolescentes deixam as salas de aulas pelos diversos motivos. Palavras-chave: Educação. Educação de Jovens e Adultos. CEEBJA Paranavaí. INTRODUÇÃO Esta pesquisa, inserida no campo da educação, considera a questão do tempo médio de conclusão do aluno na Educação de Jovens e Adultos. Refletindo sobre a complexidade do ato de elaborar este trabalho, acreditamos que o mesmo foi 21 Trabalho apresentado a XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA em 2013. Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. 23 Professora Orientadora. Doutora em Educação. Professora e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ 22 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 115 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ construído procurando chamar a atenção de todos aqueles que fazem a educação e estão envolvidos no processo ensino-aprendizagem, para os agravantes da evasão escolar que tem sido alarmantes e ocasionam graves entraves no processo educativo. Atualmente, na educação de modo geral e na EJA em específico, este é um dos maiores problemas enfrentados. Muitos alunos que iniciam a vida escolar infelizmente não chegam a concluí-la, por diversos motivos. Convém analisar mesmo que basicamente que a evasão escolar ocupa uma posição histórica dentro do panorama da educação nacional, se coloca como um dos temas mais debatidos por profissionais no âmbito de educação e que infelizmente, ainda ocupa até os dias atuais, espaço de significativa relevância no cenário nacional como um todo (MENEZES, 2010). Portanto, analisaremos o tempo médio de conclusão dos alunos do Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos (CEEBJA) de Paranavaí – Paraná no ensino fundamental fase II, dos concluintes de 2012. Para chegar a está finalidade utilizaremos de levantamento bibliográfico, dados quantitativos e pesquisa de campo. Tipicamente, o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos outros, tais como a análise de documentos, filmagem e fotografias. (GIL, 2002, p.153) A pesquisa de campo foi realizada na instituição de ensino, juntamente com a secretária, focando uma análise das matrículas, aprovações e aproveitamento ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 116 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ escolar dos alunos concluintes de 2012, assim resultando em dados quantitativos por nós aqui analisados. Para melhor compreensão do objeto por nós estudado faremos, nos itens a seguir, uma retomada histórica das escolas de jovens e adultos – os atuais CEEBJAs – no estado do Paraná. Em seguida apresentamos a forma como a legislação atual preconiza o funcionamento destas escolas no atendimento aos jovens e adultos. 1 AS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA DE JOVENS E ADULTOS NO PARANÁ – CEEBJAS O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos atende os alunos de 5ª série ao 3º ano do ensino médio, e também há ofertas de cursos profissionalizantes. Uma diferença básica para as escolas de ensino fundamental e médio que atendem crianças e adolescentes na faixa dos seis aos quatorze anos, é que nesta modalidade de ensino o aluno pode completar seus estudos em um período menor. Nos CEEBJAs aluno estuda uma disciplina por vez (dependendo de sua disponibilidade de horários, pode cursar várias disciplinas ao mesmo tempo). Além disso, existe o programa denominado de Aproveitamento de Estudos, pelo qual os alunos podem aproveitar as séries anteriormente cursadas, tendo, com isso, um tempo de conclusão menor. (CORREIA, 2008). Segundo Correia (2008) os CEEBJAs até 2001 não tinham carga horária mínima obrigatória, a matrícula poderia ser feita a qualquer momento do ano, cada disciplina era dividida em avaliações/módulos, o aluno tinha o direito de comparecer apenas para fazer as avaliações individuais, as disciplinas realizadas em outras escolas de ensino supletivo, podiam ser aproveitadas nos CEEBJAs. Não havia material didático exclusivo, cada escola escolhia o que julgava adequado e era vendido aos alunos. Apenas em 2001 a Secretária Estadual de Educação e o Departamento de ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 117 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Educação de Jovens e Adultos (SEED/DEJA) definiu um material didático, mas continuou a ser custeado pelos alunos. Pelo fato de existir muitas práticas pedagógicas diferentes nos CEEBJAs, foram acrescentados momentos e atividades coletivas para tentar diminuir os índices de evasão dos alunos, deixando clara a necessidade de padronização. Em 1997 a Instrução Normativa n.10/97 procurou dar unidade às práticas educativas dos CEEBJAs, que só foram postas em prática em 1998. O documento em questão determinava que as matrículas seriam feitas por blocos de disciplinas, (exceto às de Educação Física, Educação Artística e Língua Estrangeira que seriam realizadas por meio de projetos) e que o material didático e as avaliações deveriam ser contínuas e cumulativas (CORREIA, 2008). Outra medida importante da SEED/DEJA no período foi a criação das ações descentralizadas dos centros de Estudos Supletivos. Por meio dessas ações foram criadas salas de EJA fundamental e médio em locais afastados das escolas centrais. Isso garantiria um aumento das matrículas nesta modalidade de ensino. Outra questão importante, é que estas escolas, em sua maioria, funcionavam com turmas de atendimento coletivo. Em 1997, a Instrução Conjunta DG/SUED N.03/97, de 26 de setembro de 1997, determinou os Critérios para Implantação de Descentralização de 1ª a 4ª séries e Postos Avançados dos Centros de Estudos Supletivos (PACs), conforme anexo J. Pela instrução, estas ações deveriam ser realizadas em parceria com os municípios, que cediam os espaços físicos das escolas municipais e eventualmente, um coordenador local, e autorizadas por resolução secretarial. Vinculado à matrícula e proposta pedagógica dos CES, o PAC previa atendimento individual e coletivo, com um número prédeterminado de dias letivos para cada uma das disciplinas, com a realização de matrículas no início de cada uma delas (CORREIA, 2008, p.121). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 118 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Correia (2008) nos mostra que no contexto da EJA no Paraná os CEEBJAs passaram a utilizar os chamados ―projetos especiais‖ que levavam o aluno à conclusão dos estudos num período menor de tempo. Em 1999 o ofício da SEED/DEJA/CEF/CDE n.059/99 orientava que nas matrículas por transferência deveria ser feita a reclassificação dos alunos para continuarem os estudos. Reclassificação é o mecanismo que consiste em rever e alterar a classificação do aluno, matriculando-o em série mais avançada em relação à anteriormente cursada, observando a correspondência de idade e série. A preocupação com a velocidade de conclusão dos educandos, com a correção de fluxo do sistema e seus índices numéricos presente na gestão, tornaram-se evidentes com as orientações para as práticas burocráticas e pedagógicas dos CEEBJAs. Desta forma, as ações da Secretaria de Educação do Estado do Paraná voltavam-se cada vez mais para a obtenção de um número cada vez maior de concluintes nestas escolas. (CORREIA, 2008). Em 1998, a partir dessas cobranças, ocorreu a definição dos parâmetros para preenchimento do quadro docente, técnico-pedagógico e de apoio administrativo dos CEEBJAs. Segundo Correia (2008), durante 1999 e 2000 a SEED/DEJA definiu diversas minutas de resolução, segundo as quais para aumentar o numero de docentes e funcionários da escola, estas deveriam alcançar 40% de aprovação por disciplina e, também, 40% de conclusão de curso. Caso as escolas não atingissem estes índice haveria uma redução de 20% no quadro de docentes e funcionários da escola. Com essas medidas, milhares de paranaenses retornaram a escola, pois o EJA estava mais próxima de suas residências. Outro atendimento descentralizado ocorreu, ainda, por meio dos Termos de Cooperação Técnica entre a SEED e empresas privadas. As empresas podiam ofertar a escolarização dentro dos locais de trabalho, para os funcionários. Cabia a SEED: a proposta pedagógica, a capacitação de professores, a matriz do material pedagógico, a matrícula e a certificação. A empresa ficava responsável pelo espaço ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 119 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ físico para as aulas, a reprodução do material pedagógico e pela contratação de professores. Correia nos mostra, que em 2002 os CEEBJAs tiveram que adequar a sua proposta pedagógica a Deliberação 08/00, assim passaram a oferta o curso como semipresencial, se estendendo até 2005. Essa nova proposta previa momentos presenciais obrigatórios, no mínimo 30% da carga horária total do curso, distribuídas entre as disciplinas, o restante do 70% teria que ser cumprida em momentos nãopresenciais, por meio de guia de estudos. Estabeleceu também um numero fixo de avaliações para cada disciplina: 6 para português e matemática e 4 para as demais disciplinas. Os CEEBJAs constituíram-se como o principal mecanismo de atendimento de jovens e adultos que buscaram processos de escolarização no estado do Paraná, no período de 1995 a 2002. Sua forma de oferta mais flexível, sua dinamicidade para realizar as matrículas, a multiplicidade de atendimentos descentralizados, a possibilidade de aproveitamento de estudos concluídos anteriormente e a perspectiva de conclusão dos estudos de forma rápida resultou num acelerado aumento do número de matrículas nessa oferta que, no período entre 1996 e 2000, cresceram cerca de 300%.(CORREIA, 2008, p.124). Assim percebemos que cada vez mais as pessoas estão procurando os CEEBJA‘s para darem continuidade a seus estudos. 2 CEEBJA PARANAVAÍ Segundo o Projeto Politico Pedagógico (PPP) de 2012 da escola, o Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos de Paranavaí – Ensino Fundamental e Médio surgiu por iniciativa da Secretária Municipal de Educação de Paranavaí. Iniciou-se o processo de solicitação para implantação do CEEBJA – Paranavaí em outubro de 1991, junto ao Departamento de Ensino Supletivo da Secretária de ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 120 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Estado da Educação do Paraná, com o objetivo de conseguir a expedição do ato de criação e autorização de funcionamento dos cursos de 1º e 2º graus do Ensino Supletivo – Função Suplência de Educação Geral (PARANAVAÍ, 2012). Como diz Paranavaí (2012), os cursos reivindicados foram aprovados para o funcionamento em Outubro de 1992, na sequência o Secretário de Estado da Educação assinou a Resolução nº 3835/92, na qual criava o CES – Centro de Estudos Supletivos de Paranavaí. O Estado ficou responsável pelos recursos humanos e a Prefeitura Municipal de Paranavaí pelos recursos físicos, onde a sede da escola foi instalada em prédio alugado. Inicialmente denominada de Centro de Estudos Supletivos de Paranavaí (CES), onde tinha como principais características: frequência livre, ensino personalizado, estudo modular, ritmo próprio do aluno, recuperação paralela, matricula por disciplina e atendimento individual, provas presenciais (PARANAVAÍ, 2012, p.4). Em 1993, o CES de Paranavaí, ampliou o atendimento para alunos de 1ª e 4ª série com necessidades especiais, na deficiência mental e auditiva. Ainda neste ano, foi instituída a Associação de Professores e Alunos – APAP. No ano seguinte, 1994, houve ampliação em suas instalações, sendo utilizada uma residência anexa ao prédio. E em 1996, a escola foi transferida para um novo prédio pertencente ao município de Paranavaí, com 1050 m² (PARANAVAÍ, 2012). Pela Resolução 3120/98, em 1998, a escola teve seu nome alterado para Centro de Educação Aberta, Continuada, a Distância de Paranavaí, Ensino Fundamental e Médio – CEAD. No mesmo ano foi construído um auditório com capacidade para 100 pessoas e um Laboratório de Informática. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 121 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Segundo o PPP do CEEBJA Paranavaí (2012), em 1999, através da Resolução nº 4561/99 a escola passou a se denominar Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos de Paranavaí, Ensino Fundamental e Médio – CEEBJA. De acordo com o parecer do Conselho Estadual de Educação nº 357/01, o Centro teve sua Proposta Pedagógica modificada, passando a ofertar ensino semipresencial, em 2001. Em 2006, a escola transferiu sua sede para um prédio pertencente ao Governo do Estado do Paraná, com área construída de aproximadamente 850 m², e área útil de mais de 2500 m², dando assim continuidade ao atendimento aos alunos de Paranavaí e da região na sede e ações descentralizadas (PARANAVAÍ, 2012). No ano de 2009, foi implantado o Ensino Profissionalizante Integrado (PROEJA), ofertando os cursos: Técnico em Secretariado e Técnico em Estética e Imagem Pessoal. Segundo o PPP (2012), atualmente a sede da escola atende aproximadamente 800 alunos nos Ensinos Fundamental, Médio e Profissionalizante e as ações descentralizadas, atuando em 3 municípios do Núcleo Regional de Educação de Paranavaí, atende aproximadamente 400 alunos, num total aproximado de 1200 alunos. 3 CEEBJA PARANAVAÍ 2013 Atualmente o Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos de Paranavaí tem por objetivo ofertar escolarização para jovens, adultos e idosos que procuram continuar os estudos no Ensino Fundamental, Médio e Profissional, por meio de ações didático-pedagógicas coletivas ou individuais assegurar-lhes oportunidade apropriadas, considerando as particularidades de cada educando. (PARANAVAÍ, 2012). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 122 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A clientela da instituição é muito diversificada, contendo várias causas para acarretar no afastamento do ensino regular, tais como as questões sociais , econômicas, culturais e experiências de fracasso escolar. Desta forma, compõem o quadro de estudantes dessa escola, adolescentes, jovens, alunos com necessidades educacionais especiais, pessoas mais idosas, donas de casa, viajantes, trabalhadores (ou não), trabalhadores em condições precárias, desempregados que anseiam por um trabalho, jovens e adultos com situação econômica estável, jovens e adultos que almejam a realização profissional, jovens e adultos carentes, pessoas da cidade, pessoas vindas da zona rural, mães de família, pais de família, jovens e adultos privados de liberdade, acampados, vileiros rurais, e como bem afirma as Diretrizes Estaduais, ―de diferentes etnias, gerações, gêneros, crenças e de diferentes modos de trabalhar e de viver, de se organizar, de resolver problemas, de lutar, de ver o mundo e de resistir no campo‖ (PARANAVAÍ,2012, p. 18). Segundo o Projeto Político Pedagógico (2012) os estudos são presenciais, onde todas as disciplinas se organizam de forma coletiva ou individual; onde fica a critério do aluno a escolha da maneira que melhor se adapte as suas necessidades individuais, podendo mesclar as duas formas. O educando do Ensino Médio ainda tem a opção de cursar através da Educação Integrada (PROEJA), nos cursos de Imagem Pessoal e Secretariado. A organização coletiva é programada pela escola e oferecida aos educandos em forma de cronograma que estipula o período, dias, horários das aulas e previsão de inicio e termino de cada disciplina. No ato da matricula a equipe pedagógica prioriza o encaminhamento do educando para a forma de organização onde a interação social e a relação professor/alunos considera os saberes adquiridos no sensocomum (PARANAVAÍ, 2012). O PPP do CEEBJA Paranavaí (2012) diz que na organização individual é contemplada a relação pedagógica personalizada e o ritmo individual do aluno. Esta ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 123 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ organização é orientada aos educandos que não podem cumprir o cronograma com dias e horários determinados para frequentar as aulas. Quando o educando realiza a matrícula, ele tem o direito de requerer aproveitamento de estudos de disciplinas, apresentando documentos que comprovem: conclusão com êxito de série/período a ser aproveitada; disciplinas concluídas com êxito por meio de cursos organizados por disciplinas ou exames supletivos. A cada série concluída com êxito no ensino regular, equivale ao aproveitamento de 25% da carga horária total da disciplina, de acordo com a Matriz Curricular da EJA. No Ensino Fundamental Fase II a disciplina poderá ter aproveitamento de 25%, 50%, 75% ou 100%; já no Ensino Médio apenas 25% ou 50% da carga horária total. (PARANAVAÍ, 2012). A Proposta Pedagógica vigente, assegura o acesso dos alunos com no mínimo 15 anos para cursar o Ensino Fundamental e no mínimo 18 anos para o acesso ao Ensino Médio. A carga horária presencial é bem ampla, onde exige maior permanência do aluno na escola. Para se alcançar resultados satisfatórios, a instituição de ensino conta com uma gestão democrática, onde toda a comunidade escolar tem o objetivo de fortalecer o trabalho coletivo, assim organizando uma escola voltada para o ensino/aprendizagem. 4 PESQUISA DE CAMPO Atualmente os números da evasão escolar tem sido cada vez mais alarmantes, ocasionando em grandes barreiras no processo ensino/aprendizagem. Muitos alunos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 124 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ iniciam a vida escolar, mas infelizmente não chegam a conclui-la por diversas causas. Refletindo sobre este assunto nos propomos a analisar o tempo médio de conclusão dos alunos do Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos – CEEBJA Paranavaí no Ensino Fundamental Fase II. Para este fim nos utilizamos de levantamento bibliográfico sobre a Educação de Jovens e Adultos, evasão escolar e sobre os CEEBJA‘s, e nos apoiamos na pesquisa de campo. A pesquisa de campo foi realizada no CEEBJA Paranavaí no ano de 2013, juntamente com a secretária e equipe pedagógica da instituição. Analisamos as fichas individuais dos 43 alunos que concluíram o Ensino Fundamental Fase II em 2012, onde colocamos ênfase no tempo de conclusão desses alunos, onde resultou no seguinte gráfico: Pelos dados apresentados percebe-se que 56% dos alunos concluintes de 2012 demoraram entre 2 e 5 anos, oque podemos dizer que é um tempo razoável. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 125 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Mas podemos notar também que 14% concluíram com menos de um ano e o mesmo percentual com mais de 7 anos, analisamos mais a fundo a ficha destes alunos, onde encontramos dados que podem justificar estes números. Dos seis alunos que concluíram em menos de um ano todos tinham aproveitamento de estudos de 75% e tinham idade inferior a 30 anos. Dos alunos que concluíram com mais de 7 anos todos eram mais maduros com idade acima de 30 anos e com profissões que exigisse mais esforço físico como trabalhador rural e babá. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS As considerações aqui evidenciadas são parciais, pois o trabalho encontra-se em andamento. Desse modo, procuramos analisar o objetivo proposto para esse estudo, que foi o de analisar o tempo médio de conclusão dos alunos do CEEBJA Paranavaí no ensino fundamental Fase II. O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos atende os alunos de 5ª série ao 3º ano do ensino médio, e também há ofertas de cursos profissionalizantes. Uma diferença básica para as escolas de ensino fundamental e médio que atendem crianças e adolescentes na faixa dos seis aos quatorze anos, é que nesta modalidade de ensino o aluno pode completar seus estudos em um período menor. Nos CEEBJAs aluno estuda uma disciplina por vez (dependendo de sua disponibilidade de horários, pode cursar várias disciplinas ao mesmo tempo). Além disso, existe o programa denominado de Aproveitamento de Estudos, pelo qual os alunos podem aproveitar as séries anteriormente cursadas, tendo, com isso, um tempo de conclusão menor. (CORREIA, 2008). O CEEBJA escolhido para a pesquisa de campo foi o Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos de Paranavaí que atualmente tem por objetivo ofertar escolarização para jovens, adultos e idosos que procuram continuar os estudos no Ensino Fundamental, Médio e Profissional, por meio de ações didático-pedagógicas ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 126 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ coletivas ou individuais assegurar-lhes oportunidade apropriadas, considerando as particularidades de cada educando. (PARANAVAÍ, 2012). A clientela da instituição é muito diversificada, contendo várias causas para acarretar no afastamento do ensino regular, tais como as questões sociais, econômicas, culturais e experiências de fracasso escolar. A pesquisa de campo foi realizada no CEEBJA Paranavaí no ano de 2013, juntamente com a secretária e equipe pedagógica da instituição. Analisamos as fichas individuais dos 43 alunos que concluíram o Ensino Fundamental Fase II em 2012, onde colocamos ênfase no tempo de conclusão desses alunos. Pelos dados analisados percebe-se que 56% dos alunos concluintes de 2012 demoraram entre 2 e 5 anos, oque podemos dizer que é um tempo razoável. Mas podemos notar também que 14% concluíram com menos de um ano e o mesmo percentual com mais de 7 anos, analisamos mais a fundo a ficha destes alunos, onde encontramos dados que podem justificar estes números. Dos seis alunos que concluíram em menos de um ano todos tinham aproveitamento de estudos de 75% e tinham idade inferior a 30 anos. Dos alunos que concluíram com mais de 7 anos todos eram mais maduros com idade acima de 30 anos e com profissões que exigisse mais esforço físico como trabalhador rural e babá. Assim parcialmente podemos notar que os alunos que estão inseridos no mercado de trabalho demoram mais tempo para voltarem aos estudos. REFERÊNCIAS BEISIEGEL, Celso de Rui. Estado e educação popular: um estudo sobre a educação de adultos. São Paulo: Pioneira, 1974. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 127 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CORREIA, Jorge Luiz. A Política Pública para a Educação de Jovens e Adultos no Paraná (1995-2002). 178f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Profª Drª Angela Mara de Barros Lara. Maringá, 2008. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. HADDAD; DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n.14, p.108-130, maio/jun./jul./ago. 2000. Disponível em: <http://www.anped.org.br>. Acesso em: 06 abr. 2013. MENEZES, Adriana Guedes da Silveira. A evasão escolar e a aprendizagem: uma reflexão. 2010. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-evasao-escolar-e-aaprendizagem-uma-reflexao/34585/. Acesso em: 2 abr. 2013. PAIVA, Vanilda. Educação Popular e Educação de Adultos. São Paulo: Loyola, 1973. _____________. História da educação popular no Brasil: educação popular e educação de adultos. 6.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003. PARANAVAÍ. Secretária Municipal de Educação. Projeto Politico Pedagógico. Paranavaí – PR: SME, 2012. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 128 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O BULLYING NO ÂMBITO DA ESCOLA PÚBLICA24 CAPELLO, Andressa Oliveira do Amaral 25 BRANDÃO, Elias Canuto26 RESUMO Esta pesquisa investiga a manifestação do bullying no âmbito escolar analisando suas causas e consequências na escola pública, especialmente no ensino fundamental. Metodologicamente, a pesquisa é desenvolvida baseada no materialismo histórico dialético. Para o feito, realizamos pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, utilizando-se de uma entrevista semiestruturada com a pedagoga de uma instituição pública. A discussão do bullying poderá contribuir com equipes pedagógicas de diferentes instituições de ensino, assim como ajudar pais e professores a ficarem atentos sobre a temática, o que possibilitará diagnosticar o bullying e outras formas de violência escolar e social, o que prevenirá agressões ocorridas nos espaços das instituições educacionais, como também na sociedade. Palavras- chaves: Bullying. Violência escolar. Educação básica. INTRODUÇÃO O presente artigo debate as práticas agressivas que resultam em bullying nos ambientes escolares por meio dos comportamentos agressivos praticados nos ambientes escolares, acarretando a exclusão de vítimas. Discutiremos o bullying enquanto problema que causa traumas e danos com cicatrizes para o resto da vida em quem sofre. A metodologia utilizada ―histórico- 24 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2013. Acadêmica do 4º ano do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPARCampus Paranavaí). E-mail: [email protected] 26 Doutor em Sociologia. Colegiado de Pedagogia da UNESPAR-Campus Paranavaí. E-mail: [email protected] ___________________________________________________________________________ 25 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 129 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ cultural dialética‖ possibilitará uma compreensão crítica dialética do bullying, contribuindo com orientações às crianças e adolescentes, pais e professores, visando o conhecimento sobre a problemática. Para o feito, apresentaremos alguns pontos para melhor compreensão do bullying no âmbito da escola pública, sendo: o significado do bullying; o surgimento; como ele ocorre no ambiente escolar; quais são seus personagens; como prevenir na escola e como combatê-lo, confrontando a teoria com a prática a fim de compreender melhor esta problemática. Neste sentido, entender o significado do bullying no âmbito escolar significa aprofundarmos na compreensão do tema encontrando soluções para o mesmo, contribuindo com as equipes pedagógicas, pais e professores no que tange à atenção sobre este tipo de violência, possibilitando diagnósticos que vise à prevenção. 1 O BULLYING E SUA HISTÓRIA O bullying é uma forma de violência existente na sociedade desde a antiguidade e que, na contemporaneidade vem se agravando, com destaques para o contexto escolar, evidenciando a falta de se viver em coletivamente, prevalecendo o estranhamento. De acordo com Guareschi e Silva (2008) a palavra bullying vem do inglês, cujo significado é valentão e resume-se em agressões físicas, verbais, sexuais e virtuais. Na prática, [...] o bullying vem crescendo com inúmeras formas de agressões, no entanto, cabe salientar a necessidade de se estar atento para as relações que são estabelecidas no contexto escolar, sendo esta uma tarefa de todos que participam do desenvolvimento dos estudantes. (ARAÚJO E SILVA, 2011, p. 2). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 130 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ De acordo com Silva (2010) o bullying começou a ser estudado na Suécia, nos anos de 1970, pois era preocupação constante no ambiente escolar. Na década seguinte, em 1982, na Noruega, aprofundou-se a compreensão sobre a temática, visto os maus-tratos que os alunos sofriam nos colégios, levando o Ministério da Educação daquele país a realizar uma campanha com o intuito de controlar esse problema. Preocupado com a questão, Dan Olweus, pesquisou o assunto, avaliando os casos ocorridos dentro da escola, descrevendo-os como bullying, aprofundando sua análise. O bullying escolar, termo usado no mundo anglo-saxão, é um novo conceito que se dá para designar o fenômeno de maltrato e de intimidação entre escolares. Esta é uma forma de violência não física – os insultos, os apelidos cruéis e as gozações que magoam profundamente, as ameaças que ocorrem, sobretudo nos recreios e as saídas das escolas, levam muitos estudantes à exclusão, ocasionando danos físicos e materiais – junto a formas de violência física. (ORTE, 1996 apud NOGUEIRA, 2005, p. 97). É importante destacar que a prática do bullying se desenvolve mais no ambiente escolar que no ambiente social, vez ser a escola um ambiente onde há convivências entre adolescentes e crianças em um mesmo espaço, propiciando a difusão da violência. 2 BULLYING NO CONTEXTO ESCOLAR No contexto escolar, o bullying ocorre por meio de humilhações e agressões verbais e físicas, podendo levar à exclusão. Os adolescentes e crianças que se sentem ameaçados podem ter, mesmo que inconscientes comportamentos agressivos, excluindo-se de seus pares no grupo do qual faz ou fazia parte. É importante frisar que o bullying se revela quando as atitudes agressivas são repetitivas e frequentes e, devido a essas características, acarreta uma evolução de problemas àqueles que sofrem e também àqueles que o praticam. O bullying, na maioria dos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 131 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ casos, atinge os alunos que, por terem algumas características que os distinguem dos outros, tornam-se mais isolados e acabam virando um alvo fácil para os agressores. (MARTINS, 2010, p. 13). Alerta Araújo e Silva (2011, p. 3) que a exclusão no ―[...] início pode parecer uma brincadeira, no entanto, quando a agressão começa a persistir, toma um caráter diferente‖, podendo prejudicar diretamente o atingido. Segundo Fante (2005), os casos de bullying pode-se dizer que ocorrem dentro da escola, mas para que este comportamento seja detectado como bullying é essencial distinguir brincadeiras sem malícias de atitudes que dizem ser brincadeiras mais no fundo são graves. Portanto, os atos de bullying entre os alunos apresentam determinadas características comuns: são comportamentos produzidos de forma repetitiva num período prolongado de tempo contra uma mesma vítima; apresentam uma relação de desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima; ocorrem sem motivações evidentes; são comportamentos deliberados e danosos. (FANTE, 2005, p. 49). De acordo com Silva (2010) os praticantes do bullying perseguem e chantageiam, mexendo com o psicológico dos ameaçados, fazendo-os ficar com medo e recuado. As atitudes sobre as vítimas são de desrespeito e, de acordo com diferentes autores e estudos, o bullying leva as vítimas ao isolamento e desânimo, gerando à exclusão e evasão escolar. Os bullies geralmente escolhem pessoas com atributos específicos para seu público alvo, a exemplo dos mais quietos para praticar agressões, causando consequências graves nas vítimas como: transtornos comportamentais e psíquicos, gerando aflições ou medos intensos, com sintomas psicossomáticos e físicos, dores de cabeça e dificuldades em prestar atenção, causando desconfortos. Outra consequência é o transtorno do pânico no enfrentar as situações adversas. As vítimas do bullying também podem passar a obter fobia e depressão devido às ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 132 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ humilhações, baixando a autoestima, interferindo no seu humor. Segundo Silva (2010, p. 28), Os sintomas mais característicos de um quadro depressivo são: tristeza persistente, ansiedade ou sensação de vazio; sentimentos de culpa, inutilidade e desamparo; insônia ou excesso de sono; perda ou aumento de apetite; fadiga e sensação de desânimo; irritabilidade e inquietação; dificuldades de concentração e de tomar decisões; sentimentos de desesperança e pessimismo; perda de interesse por atividades que anteriormente despertavam prazer; ideias ou tentativas e suicídio. Com isso, muitos perdem o prazer de viver, já que se isolam para que não sejam vítimas novamente desse problema. Desta forma, o bullying pode causar graves consequências na pessoa, interferindo diretamente na sua vida adulta. 3 PERSONAGENS DO BULLYING Os estudiosos do bullying dividiram os personagens do bullying em três grupos. De acordo com Silva (2010), esta divisão foi realizada para se conhecer os efeitos do bullying nos diferentes personagens: vítima, agressor e espectador. As vítimas são os indivíduos que sofrem as agressões, sendo geralmente quietas e tímidas, que não se envolvem em conflitos, isolando-se no mundo. Segundo Camargo e Costa (2010, p. 28), As vítimas, de modo geral, são pouco sociáveis, quietas, passivas, justamente porque acreditam que são menos e incapazes, portanto, merecedoras da agressão. Tornam-se inseguras e com autoestima rebaixada, dificultando uma reação e, até mesmo a procura daqueles que poderiam ajudar. Devido às humilhações, os indefesos tendem a sofrer fobia, depressão e pânico, dependendo de profissionais para ajudá-las a superar os traumas sofridos. Dessa forma, é necessário ficar atentos se existe na sala de aula alunos com tais sintomas. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 133 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Se há na classe um aluno que apresenta características psicológicas como ansiedade, insegurança, passividade, timidez, dificuldade de impor-se e de ser agressivo e com frequência se mostra fisicamente indefeso, do tipo bode expiatório [...] ele logo será descoberto pelo agressor. Esse tipo de aluno representa o elo frágil da cadeia, uma vez que o agressor sabe que ele não vai revidar se atacado, que se atemorizará, vindo talvez chorar, não se defenderá e ninguém o protegerá dos ataques que receber. (FANTE, 2005, p. 48). Segundo Camargo e Costa (2010) os agressores, ou seja, autores dos atos agressivos, também podem ser aqueles que já passaram por situações de vexame. Talvez, se sentido ameaçados e com medo, submetem outras pessoas aos algozes da violência, sentindo-se por cima, ganhando força, tendo a sensação de estar superando seu medo, o que não é verdade e ainda prejudicam outras pessoas. Os agressores geralmente convivem com situações de conflitos, como por exemplo, em casa brigando com os pais, o que pode influenciar na sua vida, tornando-o mais agressivo. Na verdade, são infelizes e querem fazer os outros também infelizes, socializando seu sofrimento. Acreditam que dessa maneira conseguem obter força e poder e, consequentemente, popularidade ou simplesmente serem aceitos no grupo. (CAMARGO E COSTA, 2010, p. 29). Para Silva (2010) os agressores possuem maldades e atitudes desrespeitosas para se manter no poder, demonstrando isso por meio de agressões, sejam estas verbais ou físicas. Relata Silva (2010) que os espectadores são aqueles que assistem os conflitos em condição passiva, talvez com medo ou insegurança de testemunhar o que está sendo presenciado e de serem ameaçados posteriormente pelos agressores. De acordo com Scachetti e Vichessi (2013), para prevenir o bullying é preciso trabalhar valores éticos entre professores, pais e equipe pedagógica, propondo discussões sobre a temática para que os indivíduos se expressem sobre o que ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 134 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ ocorre e compreendam as diferentes situações, não se esquivando ao se depararem com agressões, agressores e agredidos. 4 PREVENÇÕES NA ESCOLA Como diz Fante (2005) muitos profissionais da educação querem esconder que o bullying não existe nas escolas. Ao relatarem sobre esse tema, alguns dizem que não há nas escolas em que trabalham, ressaltam que o que existe são apenas casos de brincadeiras de mau gosto, mas que rapidamente são solucionados. Somente se dão conta quando se deparam com estudos sobre o bullying em suas instituições. Posteriormente, após a apresentação dos resultados das pesquisas mostrando a existência do bullying, ficavam perplexos por nunca terem imaginado que isso ocorresse em seu meio. Alguns pediam sigilo sobre a divulgação dos resultados; outros sobre o nome da escola ou do município, quando este era de pequeno porte, temendo talvez pela reputação da sua escola. (FANTE, 2005, p. 51). Diante do analisado, é sempre bom que os educadores se informem e orientem os pais e a sociedade sobre o que é bullying para que este problema seja amenizado, não se agravando. Quando identificados um autor e uma vítima, ambos devem ser orientados. Seus pais devem ser alertados e estar cientes que seus filhos, agressor ou agredido, precisam de ajuda especializada. O comportamento dos pais diante deste comunicado é muito importante: não se deve cobrar o revide, nem intimidar ou agredir. Este é um momento de aprendizado para todos, e mostrar como se controlar, manter a calma e evitar comportamentos de violência é imprescindível. (ORTE, 1996 apud NOGUEIRA, 2005, p. 101). Segundo Martins (2010) é necessário à prevenção deste problema para que este não venha crescer chegando a um ponto onde será difícil de controlar, mas é indispensável à participação da família e também da comunidade escolar buscando ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 135 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ estratégias que proporcione a diminuição desse tema, promovendo a formação ética para os indivíduos. 5 O COMBATE AO BULLYING Na intenção de solucionar este problema é preciso que todos os envolvidos como: pais, professores e equipe pedagógica, busquem soluções para essa temática. Segundo Fante: Acreditamos, portanto, que a prevenção ao bullying deve começar pela capacitação dos profissionais de educação, a fim de que saibam identificar, distinguir e diagnosticar o fenômeno, bem como conhecer as respectivas estratégias de intervenção e de prevenção hoje disponíveis. (FANTE, 2005, p. 95). Ressalta Silva (2010) que a escola é quem reproduz os valores para os alunos viver em sociedade e é nela que os problemas vividos na família e sociedade se manifestam. Com isso, esta deve fazer um papel eficiente ajudando seus alunos a adquirirem conhecimentos, formando bons cidadãos. Sendo assim: O ambiente escolar é um espaço onde forma-se cidadãos críticos, pensantes, criativos e onde se constroem grandes elos de amizades, entretanto, as vezes essa convivência pode se tornar um verdadeiro tormento na vida de alguns estudantes. As brincadeiras na escola entre adolescentes são divertidas somente quando prejudicam ninguém (sic), no entanto, o bullying vem tomando conta das escolas seja ela pública ou privada. (ARAÚJO E SILVA, 2011, p. 11). Segundo Fante (2005) a escola deve estimular os alunos a respeitar os demais. Assim é importante fazer trabalhos em grupo para que estes se socializem, sendo solidários uns com os outros. Percebe-se que em alguns casos a família se encontra mais afastada do papel de educar, acabando não passando os valores éticos para os indivíduos, afetando a sua educação. É como disse Araújo e Silva (2011, p. 13), ―[...] É preciso que os pais ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 136 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ estejam atentos ao comportamento de seus filhos, sabendo identificar quaisquer mudanças nas suas atitudes‖. Segundo Fante (2005), a fim de combater o bullying, as estratégias buscadas são de conscientizar os pais, professores e profissionais envolvidos nesta temática, mostrando que é possível reduzir o bullying por meio de programas específicos e idôneos, buscando identificar esse problema para intervir. Entre os programas, Fante cita o Programa Educar para a Paz, [...] que foi pioneiro em nosso país, resultando na redução significativa do comportamento bullying entre os escolares com quem trabalhamos. Esse programa por nós idealizado, desenvolvido e implantado em uma escola de rede pública de ensino de São José do Rio Preto, é composto de estratégias psicopedagógicas e socioeducacionais que visam à intervenção e à prevenção da violência nas escolas, com enfoque específico na redução do fenômeno bullying entre os escolares. (FANTE, 2005, p. 90). Ressalta o autor que é necessário os professores saberem identificar as vítimas e propõe observar alguns comportamentos: se o aluno durante o recreio fica isolado dos grupos, se sua aparência é sempre de tristeza, se apresenta um desfalque em seu rendimento escolar. Na maioria das vezes, entretanto, os professores ou outros profissionais da escola não percebem a agitação ou não se encontram presentes no local quando acontecem os ataques à vítima; assim, os próprios alunos ficam entregues a si mesmos para resolver seus conflitos. (FANTE, 2005, p. 49). O autor também diz que para identificar os agressores são indispensáveis algumas observações: se os agressores apelidam maldosamente as vítimas, se faz ameaças e agridem fisicamente. Ressalte-se que na visão de Silva (2010), tanto a escola como os pais devem buscar diagnosticar esse problema para intervir e saber preveni-lo. Neste sentido faz-se necessário adquirir conhecimentos sobre este fenômeno e sempre estar em diálogo ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 137 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ com as crianças e adolescentes para evitar o bullying, conscientizando sobre os prejuízos que podem afetar a sociedade. Nesse sentido, se a violência é um comportamento que se aprende nas interações sociais, também existem maneiras de ensinar comportamentos não violentos para que se possa lidar com as frustações e com a raiva, e ensinar habilidades para que os conflitos interpessoais possam ser solucionados por meios pacíficos. Portanto, a violência pode ser desaprendida e a tolerância e a solidariedade ensinadas. (FANTE, 2005, p. 93). Ressaltamos que na escola o professor deve estar atento às situações adversas em sala de aula que envolva constrangimentos e humilhações, intervindo de modo ponderado, pois assim poderá amenizar os desconfortos, estimulando os praticantes do bullying a não cometerem tais atos e, as vítimas a não se prejudicarem com as ―brincadeiras‖ recebidas indevidamente. Para Araújo e Silva (2011, p. 10), é ―[...] imprescindível à manutenção do diálogo entre professor e aluno, servindo como ação preventiva ao combate do bullying escolar‖. Enfim, as investigações indicam que o bullying apesar de ser um entrave perigoso na vida de uma criança e adolescente, há possibilidades de se investir na sua amenização com sucesso. Para tal, cabe à instituição escolar promover discussões sobre essa temática a fim de elaborar trabalhos que envolva a coletividade, visando diminuí-lo. Por fim, trataremos do ciberbullying, nova modalidade de bullying por meio da mídia escrita, televisiva e internet. Segundo Silva (2010), também a violência ocorre por meio do ataque virtual denominado ciberbullying, pelos meios de comunicações sociais (MCS), e-mails, facebook entre outros. Os praticantes de ciberbullying ou ―bullying virtual‖ utilizam, na sua prática, os mais atuais e modernos instrumentos da internet e de outros avanços tecnológicos na área da informação e da comunicação (fixa ou móvel), com o covarde intuito de constranger, humilhar e maltratar suas vítimas. (SILVA, p. 126, 2010). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 138 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A esta modalidade cabe à responsabilidade dos pais ficarem atentos quando seus filhos conectarem a internet, observando se estão provocando agressões virtuais e se são repetitivas, explicando os riscos e aconselhando os filhos, criando um clima de harmonia, deixando claro que sempre que precisarem os ajudarão. Os alunos se valem da tecnologia para hostilizar colegas e educadores pela facilidade de tornar públicos imagens e comentários depreciativos nas redes sociais. Além de discriminar as pessoas, os agressores se mantêm no anonimato. (MARTINS, 2010, p. 12). A diminuição da violência pode estar presente na forma como as escolas pensam sua gestão, de como planeja a discussão dos direitos, deveres e regras para os alunos terem uma boa convivência, assim como na metodologia adotada para discussão dos perigos do bullying e ciberbullying além da escola, ou seja, na internet e as consequências que pode gerar ao se compartilhar informações, fotos e fatos online. Segundo Camargo e Costa (2010) o bullying e ciberbullying, pela internet ou não, será difícil de acabar, portanto temos que relevar algumas atitudes para que não aumente o grau de violência, vez que o prazer do agressor é humilhar as vítimas para estas retornarem com respostas brutas gerando brigas. O bullying como um fenômeno novo deve ser objeto de investigação, uma vez que se apresenta na desigualdade entre iguais, resultando num processo em que os iguais protejam seu mau caráter de forma oculta dentro de um mesmo contexto. (ORTE, 1996 apud NOGUEIRA, 2005, p. 97). Neste sentido, é necessário detectar o bullying o mais rápido possível, visto que ele se amplia rapidamente, principalmente por meio do ciberbullying. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 139 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 6 CONFRONTANDO A TEORIA COM A PRÁTICA Para melhor se discutir o bullying, saímos da teoria bibliográfica e visitamos uma instituição escolar. Confrontamos a teoria com a prática ao dialogarmos com uma pedagoga sobre a temática, a qual expôs que o bullying quando acontece é por meio de brigas e agressões entre famílias, moradores de bairros e na escola. Na escola o bullying cria muito atrito entre os alunos e o trabalho do pedagogo que, na maioria das vezes tem de dedicar parte do trabalho pedagógico para saná-lo. Afirmou uma pedagoga que o bullying ocorre por meio de brincadeiras com os colegas mais íntimos, acabando envolvendo os demais. Para se evitar, realizam palestras preventivas e orientação e, os envolvidos são advertidos. Se necessário, os alunos envolvidos são encaminhados a órgãos competentes como Conselho Tutelar, Fórum e Patrulha Escolar. O corpo pedagógico da escola observada realiza orientações com os professores para que adquiram conhecimento da gravidade das ações, preparando-os para lidar com esse tipo de situação. O levantamento revelou que a escola, juntamente com os pais, busca soluções quando acontecem estes problemas. Segundo a pedagoga, as humilhações dos agressores levam as vítimas ao choro e isolamento, afastando-se dos colegas para se sentirem melhor, o que não é o caminho. Adiantou que profissionais da escola já sofreram com esse transtorno por meios verbais e eletrônicos. O que fez a escola? Realizou palestra com os familiares, professores e trabalho individual com os alunos. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 140 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Apesar de o bullying ocorrer desde a antiguidade é pouco estudado, mas é uma temática que vem se agravando, já que os casos de maus-tratos nas instituições escolares estão se elevando rapidamente. No âmbito escolar a cada dia os educadores observam a violência por meio de brincadeiras desagradáveis que acabam prejudicando os demais educandos, estabelecendo relações de conflito, por meio de agressões físicas e verbais repetitivas, onde as vítimas acabam sendo menosprezadas, gerando exclusão no espaço escolar, uma vez que é neste local que crianças e adolescentes têm maior contato. Constatamos também no decorrer do estudo que também o ciberbullying tem sido uma preocupação atual, parte da pauta de discussão e estudo, visto as agressões por meio das tecnologias, onde as humilhações são expostas para uma quantidade maior de pessoas por meio da rede online além das instituições escolares, levando em alguns casos à vítima a morte. Diante do exposto, os gestores, educadores, pais e também a comunidade devem trabalhar juntos, discutindo soluções para diminuição do bullying e ciberbullying por meio de palestras e orientações, conscientizando todos os indivíduos – professores, alunos e pais – na escola ou fora dela. REFERÊNCIAS ARAÚJO, C. P. D. A. e SILVA, L. R. D. Bullying na Escola: essa brincadeira não tem graça! São Cristovão: V Colóquio Internacional, 2011. CAMARGO, J. S. e COSTA, L. P. O papel do professor frente ao bullying. In: Saberes e sabores da educação. SILVA, H. M. et al. (Org.). Maringá: Eduem, 2010, p. 25-33. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 141 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas, SP: Verus Editora, 2005. GUARESCHI, P. A., SILVA, M. R. (Coord.). Bullying: mais sério do que se imagina. Porto Alegre: Edipucrs, 2008. MARTINS, Adriana. Bullying é coisa séria. In: O papel da comunidade escolar no combate ao bullying. Revista Atividades e Experiências. Ed: Positivo: Curitiba. p. 10- 13, set. 2010. NOGUEIRA, Rosana Maria César del Picchia de Araujo. A prática de violência entre pares: o bullying nas escolas. Revista Beroamericana de Educación. Nº 37, 2005. P. 93- 102. SCACHETTI, A. L., VICHESSI, B. O que fazer contra o cyberbullying. In: Jogos quando, como e por que usar. Revista Nova Escola. p. 45-48, mar. 2013. SILVA, A. B. B. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. 1. ed. Rio de Janeiro: Fontanar, 2010. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 142 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A REALIZAÇÃO DA MÍSTICA NO MOVIMENTO SEM TERRA Andriele dos Santos Rodrigues27 Elias Canuto Brandão28 INTRODUÇÃO A presente pesquisa discute a mística como prática no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), partindo de questões como: Qual a origem da mística? Como era realizada no passado e como se realiza agora? O que é necessário para a realização de uma mística nos movimentos sociais do campo? Mas o que é mística? Conforme o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1986), Mística se refere a: ―1. O estudo das coisas divinas ou espirituais. 2. Vida religiosa ou contemplativa; misticismo. 3. Crença ou sentimento arraigado de devotamento a uma idéia, causa, clube, etc. 4. Essência doutrinária: a mística liberal‖. Seu significado no dicionário não é diferente do que se pratica no movimento, sendo uma representação do que ocorreu de real no dia a dia. A esse respeito Costa (2010) expressa que a mística feita pelos movimentos sociais do campo ―[...] surgiu a partir da teologia da libertação herdada pela igreja católica e inspirada no ideário das lutas socialistas históricas [...]‖ (COSTA, 2010, p. 3). No movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), não se trata de um ato religioso ou filosófico e sim de um ato político e social, unindo forças, reativando a coragem entre os participantes da comunidade, renovando o companheirismo. 27 Acadêmica do 3º ano no Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPARCampus Paranavaí); bolsista PIBIC. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas de Educação do Campo (GEPPPEC-UNESPAR). E-mail: [email protected] 28 Doutor em Sociologia. Docente do Colegiado de Pedagogia da UNESPAR-Campus Paranavaí; Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas de Educação do Campo (GEPPPEC-UNESPAR). E-mail: [email protected] ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 143 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Bogo (2002) destaca que o conceito original da palavra ―mística‖ está vinculado a questão religiosa. Entretanto, relata que no MST é materializada e usada em um sentido político, tendo a função de exercer uma conscientização para os que vivenciam as lutas contra o estado – transmitindo sempre em suas realizações a importância da união. Em suma, a mística é uma prática que está inserida na recuperação da cultura ligada ao campo e projetada na construção de novos sujeitos. Como afirma Bogo, ―[...] mais do que explicar o que é a Mística, demonstra a sua força e nos faz viver intensamente nos identificando no próprio texto‖. (BOGO, 2002, p. 7). Os estudos realizados por diferentes autores indicam que historicamente a mística é resultado da credibilidade de um mundo mais justo, que possuí harmonia com a natureza. O homem do campo sempre teve a esperança na ascensão de grandes transformações, pois o modo de vida que as pessoas do campo se adequaram, foi esmagando sua cultura diante da dominação capitalista que desvaloriza o ser humano, vendo-o apenas como um instrumento de trabalho. Fernandes (1998) observa que os temas abordados nas místicas são comuns entre todos da comunidade, desde as crianças até os adultos, sendo uma prática entre os assentados e acampados. A mística demonstra atos de coragem, marcos de situações reais ressaltando a importância do resgate dos valores vividos diariamente pelos trabalhadores, assim como o resgate de situações de enfrentamentos conflituosos, sociais, políticos, econômicos e educacionais, apresentados por meio da representação da Mística. Como se dá na prática? A mística é realizada nos acampamento ou assentamentos como também em momentos especiais: abertura ou encerramento de encontros, eventos, congressos, manifestações, seminários, reuniões, visitas, estudos e ou trabalho da organização ou comunidade camponesa, resgatando valores e história da essência das lutas, conquistas, enfrentamentos, prisões, mortes, negociações entre outros. Para o feito, utilizam símbolos que contribuem para o resgate da história dos acontecimentos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 144 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ apresentados. Os participantes diretos e indiretos da mística a vivenciam de tal forma que a torna quase que uma realidade. Aprende quem participa, emociona que acompanha. A mística é um momento de expressão da realidade e de comunicação com a sociedade presente. É como afirma Chaves: Em datas e locais expressamente selecionados, através de ações coletivas definidas por um repertório limitado, valores sociais são evocados pelos sem-terra, constituindo modos de expressão e comunicação com a sociedade mais abrangente, de legitimação de suas reivindicações [...]. É através mesmo dessas ações coletivas, tidas por muitos como transgressoras da ordem legal, que a identidade de sem-terra é estabelecida e o MST se constitui como sujeito coletivo. (CHAVES, 2003, p.1 ) A mística é na prática um ritual – celebração –, realizada de diferentes maneiras e com sentidos variados. Tem sempre o objetivo de resgatar e relembrar situações esquecidas, assim como valores sociais, políticos ou morais, visando à construção do sujeito político, de forma coletiva. A MÍSTICA E SEUS SÍMBOLOS A mística esboça-se como uma prática do MST sem o caráter religioso. No Movimento, o caráter é político e politizador. Contribui com o desenvolvimento da consciência social, política, econômica, cultural e educacional. A mística parece permitir implantar na alma uma força interior que impulsiona às ações dos que participam do movimento e de quem acompanha ou apóia, sobretudo nos momentos de dúvida. A mística resgata valores sociais e políticos por meio do uso de instrumentos de trabalho ou simbólicos, a exemplo da bandeira do Brasil ou do MST. Observa-se que com o passar do tempo a mística tem se tornado algo cada vez mais forte entre os membros do movimento, transmitindo a construção/desconstrução da justiça, sem ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 145 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ crueldade, de forma equilibrada, ―justiça‖ que no dia-a-dia das organizações sociais do campo não tem sido realidade política. De acordo com a busca por outras definições da mística, Fernandes (1998) afirma: Mística é um ato cultural e político desenvolvido por meio de diversos rituais. É quando os sem-terra expressam suas leituras das realidades vividas, por meio da poesia, da música, da mímica, da pintura, da arte em geral. É também uma forma de linguagem dos iletrados que constroem suas expressões, se comunicam e se interagem na construção da consciência da luta pela terra. (FERNANDES, 1998, p.34) Dessa forma a mística propicia enriquecer-se na luta e a organizar-se, propiciando energia que contagia os integrantes, desafiando a ampliar as reflexões, estas por sua vez carregadas de emoções, ações e conteúdo político. Afirma Bogo o ―[...] ideológico, de poesia que, com certeza, dará um novo vigor à nossa Mística, individual e coletiva‖. (BOGO, 2002, p. 7). Abaixo uma definição do sentimento dos integrantes do movimento que lutam pela terra e tem a Mística como um momento de reafirmar os valores que contagia os integrantes, a exemplo das músicas e poemas: Hino do Movimento – geralmente tocado no início ou durante a realização das místicas e outras ações políticas, sociais e educativas, assim como outros hinos, publicados em caderno ou livro para animação, a exemplo do hino do MST, em Maia (2005). Vem, teçamos a nossa liberdade braços fortes que rasgam o chão sob a sombra de nossa valentia desfraldemos a nossa rebeldia e plantemos nesta terra como irmãos! Vem, lutemos punho erguido nossa força nos leva a edificar nossa pátria livre e forte construída pelo poder popular. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 146 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Braço erguido ditemos nossa história sufocando com força os opressores hasteemos a bandeira colorida despertemos esta pátria adormecida amanhã pertence a nós trabalhadores! Nossa força resgatada pela chama da esperança no triunfo que virá forjaremos desta luta com certeza pátria livre operária camponesa nossa estrela enfim triunfará! Autor da música: Ademar Bogo Título: Hino do Movimento Sem Terra Os poemas ou as músicas são em razão de acontecimentos como a luta pela conquista da terra ou pela perca de ―companheiros (as)‖ que morrem nos combates e são lembrados – nas místicas – no decorrer da história do MST. A movimentação em torno da organização que antecede o ato/apresentação de uma mística é intensa. São realizadas reuniões para definições dos participantes, tema, músicas, símbolos e recitadores de poemas. Para participar da mística não se determina idade. Quando a mística é realizada por crianças, elas mesmas se organizam de acordo com o proposto nas reuniões que antecedem a apresentação. Os participantes carregam os símbolos, de maneira que não priorizam ordem e ninguém melhor que outro, sejam homens ou mulheres, crianças ou adultos. Todos se sentem honrados em participar e vivenciam o personagem representado, fazendo o melhor possível. Para cada mística, novos símbolos podem ser introduzidos. Entre os símbolos, utiliza-se o cesto de frutas que representa o plantio, colheita, fartura da terra. Têmse os girassóis simbolizando a educação no campo. O girassol simboliza a razão do trabalhador do campo se orientar pelo sol. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 147 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ É na mística que estão também elementos essenciais para o fortalecimento dos povos do campo organizados em Movimento, no coletivo, na luta pela reforma agrária e na efetivação de mudanças sociais e políticas. A MÍSTICA NA FORMAÇÃO POLITICA DO HOMEM DO CAMPO A busca em formar sujeitos na cultura do homem do campo é um desafio constante. O despertar através de cada mística torna-se algo essencial na luta pela terra e, nas pelejas cotidianas. De acordo com Bogo (2002), quem está de fora do Movimento observa-o como um povo unido em suas revoluções, pois o Movimento, de forma indireta, mantém essa união em suas práticas internas, buscando se fortalecer e estar preparados para fazer valer a dignidade. Afirma, portanto que ―[...] a revolução é um processo histórico que, no caso do brasileiro, está em marcha há muito tempo; que herdamos de lutadores heróicos que nos antecederam‖. (BOGO, 2002, p. 11). Nas palavras de Bogo (2002), a mística é pensada pelo Movimento como parte de sua organização interna. Logo, entende-se que sua prática, além de simples apresentações, também pode ser encarada como mais uma estratégia de luta do MST. Torna-se uma prática de valorização da luta pela terra em seus diversos sentidos. Afirma Costa (2010) que: A mística é uma identidade própria do movimento sem terra, sendo atualmente o único movimento social do campo no Brasil e no mundo que tem a mística como parte da formação humana dos trabalhadores do campo. (COSTA, 2010, p. 3). O Movimento tem como foco apresentar através das transformações, na luta contra o capitalismo, a valorização de sua cultura, com o objetivo de contribuir diretamente ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 148 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ na construção de uma cultura própria no movimento. No MST, a mística é realizada coletivamente com o claro dever de combater a política de pensamento dominante e transmitir valores morais e éticos que valorizem o ser humano como pensante e atuante na sociedade e não como peça do sistema capitalista unicamente para o mundo trabalho, de fornecimento de mão-de-obra para o mercado globalizado. PEDAGOGIA E A MISTICA A relação mística e educação estão presentes em sala de aula nas escolas do campo – escolas de assentamentos e escolas itinerantes, assim como nas escolas de agroecologia. Nestas, a mística acontece num observar de um girassol 29; nos momentos em que os educandos e educadores refletem a vida real dos agricultores, mantendo o processo de tradição também na educação. Um dos precursores da Educação do Campo, Paulo Freire (apud COMILO, 2008) afirma que: Nosso papel não é falar ao povo sobre a nossa visão do mundo, ou tentar impô-la a ele, mas dialogar com ele sobre a sua visão do mundo, que se manifesta nas várias formas de sua ação, reflete a sua situação no mundo, em que se constitui. A ação educativa e política não podem prescindir do conhecimento crítico dessa situação, sob pena de se fazer bancária ou de regar no deserto. (COMILO, 2008, p.13). Dessa forma, a mística é desenvolvida como meio de conscientização, resgate e politização em sala de aula ou fora dela, promovendo nos alunos um senso crítico, sem seguir a idéia dominante, permitindo visualizar alternativas que possam solucionar seus problemas diários. Para Comilo ―A pedagogia do MST busca ser dialógica e dialética. Tem íntima relação com a realidade, pois traz, para o interior da sala de aula, as ações e 29 Girassol: símbolo da educação do campo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 149 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ reflexões dos trabalhadores que formam a identidade do Movimento Sem Terra‖. (COMILO, 2008, p.12). Partindo das palavras de Carvalho (2010) analisamos que: Do ponto de vista político, diante do recuo na atuação do Estado, a educação é vista como condição para formar a nova cidadania, ou seja, a ‗cidadania ativa‘. Nesse caso, o cidadão é responsável tanto por suas ações, idéias e autopreservação quanto pelo seu grupo e pelo mundo em que habita. (CARVALHO, 2010, p. 42). Portanto educar inclui a responsabilidade de desenvolver no ser humano conceitos de sustentabilidade que o construa enquanto camponês, reafirmando o compromisso do individuo como ser humano presente na construção de democracias de várias etnias. A construção da identidade educacional politizada na educação do campo está intimamente relacionada com a categoria ‗coletividade‘. É necessário ressaltar que a identidade construída é fruto da coletividade, da democracia, do diálogo, da interatividade e essa é uma categoria histórica, segundo Comilo, defendida por Makarenko, [...] Uma coletividade não é simplesmente uma reunião nem um grupo de indivíduos que cooperam entre si [...]; é um conjunto de pessoas norteadas num sentido determinado, um conjunto de pessoas organizadas que têm à sua disposição organismos da coletividade [...] e a questão das relações entre camaradas deixa de ser uma questão de amizade, de afeto ou vizinhança para se converter num assunto de responsabilidade [...]. (COMILO, 2008, p. 21 apud MAKARENKO, 1986, p. 135). É como afirma Comilo: A pedagogia do MST busca ser dialógica e dialética. Tem íntima relação com a realidade, pois traz, para o interior da sala de aula, as ações e reflexões dos trabalhadores que formam a identidade do Movimento Sem Terra. A identidade dos trabalhadores do movimento trazida para a sala de aula através de uma pedagogia que trabalha ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 150 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ as vivências, emoções, dores, místicas30 (nota do autor) e ações. A pedagogia do MST leva para o debate social a proposta de um projeto popular para as escolas do campo no Brasil e busca a democratização dos saberes cientificamente acumulados ao longo da história. Esta pedagogia é, também, uma construção coletiva, pautada sempre na educação que os trabalhadores do MST querem e merecem. (COMILO, 2008, p.12). Assim a prática da mística está acompanhada com o conteúdo do cotidiano, garantindo uma solidez para a tarefa de ―[...] transformar as pessoas, transformando o mundo dialeticamente‖. (BOGO, 2002, p. 11). A MÍSTICA NA PRÁTICA Para melhor compreendermos a mística, não somente acompanhamos algumas, como dialogamos com educadores e educandos que vivem no campo e a pratica, resgatando valores em sala de aula. A mística relatada foi realizada no Assentamento Elias Gonçalves de Moura, durante a Pré-Conferência de Educação do Campo, na Escola Itinerante Carlos Marighella, em Planaltina do Paraná. A primeira parte foi realizada com Edvaldo Martins (E.M - morador e assentado), Maria Edi (M.E – professora, assentada). Eis o que compreendem da mística: 1) A mística é realmente um instrumento de conscientização entre os homens do compo? E.M: Sim, a mística vai transmitir no momento em que é realizada alerta, mostrando lampejos das lutas que podem vir a existir. M.E: Auxilia no processo de formação do homem do campo. 2) Toda a cultura produzida no campo precisa ser valorizada, para impulsionar e até mesmo incentivar as lutas e desafios. A mística é um desses elementos? 30 A Mística é um momento específico que tenta, através de uma manifestação do grupo, expressar períodos marcantes do trabalho, da história e da perspectiva daquele momento. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 151 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ E.M: Pode ser utilizada como instrumento que incentiva, dá dicas e cria novas possibilidades. 3) Qual a importância da mística para a vida de um acampado ou assentado? E.M: Em vários sentidos, a principal delas é poder vivenciar – o que está por acontecer e ainda não existi, mas servi como alerta. M.E: É um ato de solidariedade realizar a mística. O passo seguinte foi dialogarmos com crianças entre 10 e 15 anos. Para o feito, participaram João Pedro (10 anos), Leomar (13 anos), Andreína (13 anos), Joeriston (14 anos), Cristiane (14 anos) e Lariane (15 anos). 1) Qual o valor da mística para a sua vida? J.P: É muito legal. J: Com a mística dá pra se divertir com os aprendizados que traz. Leo: Representa a história do acampamento, a Escola do Campo e suas ocupações. 2) O que é mais importante no momento em que se realiza a mística? A: Envolve a família. Os participantes entram representando com símbolos do campo, policiais, facão, enxada, livros. Lari: A dedicação na hora da prática, no momento de fazer sem brincadeirinhas, assim como tudo que fazemos pelo movimento. Cris: Gosto muito quando cantamos a música Lençol – sempre marca as realizações das místicas. 3) Tem alguma mística realizada que mais gostou e marcou sua vida? Qual? A: Aquela que falava sobre drogas – ela emociona. É a história de um jovem que saiu de casa e andou pelo mundo e depois a família o resgata para voltar pra casa. Foi realizado no dia da família. Mística é uma ação que resgata sentimentos e que passeiam delicado e lento por dentro do coração e do imaginário, ativando o comportamento. O ato místico é como ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 152 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ se, por meio das mãos, colocasse por meio do sentimento diferentes comportamentos no jeito de andar, falar e sorrir. É a força mística fazendo sentir prazer no que se realiza: trabalho, produção, educação, passeata, fechamento de uma praça de pedágio ou na luta pela terra. Constatamos que quem pratica a mística desenvolve a consciência social e política, sentindo-se realizado. Mais ainda. A mística aproxima-se da chama de um candeeiro, provocando à flora os talentos escondidos nos participantes. Desafia as habilidades amadurecendo os trabalhadores no movimento, nas brigadas, no estudo e na produção-comercialização. CONCLUSÃO A pesquisa visou investigar a mística, resultando-nos na compreensão de que, no MST não tem caráter religioso. Identificamos que a preocupação do Movimento é resgatar os valores culturais e políticos em esquecimento, atualizando-os para o momento histórico e educacional que o grupo vive, transmitindo a essência das lutas e conquistas, para isto, utilizam símbolos vivenciados durante o processo organizativo. É o antes, o durante e o depois da mística que a pesquisa analisou, socializando os resultados a quem só conhece por meio das reportagens midiáticas da imprensa escrita e televisiva, na maioria das vezes de forma deturpada. Os dados levantados foram baseados no que acontece no MST: acampamentos, assentamentos, congressos, entre outros, momento em que a mística acontece como algo único, mais do que uma apresentação. Cada mística realizada possui um significado e é algo único preparado e planejado por aqueles que irão apresentar e participar e, não contém apenas apresentação de ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 153 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ símbolos, também homenagens como poesias, poemas, músicas e/ou cartazes, reafirmando o compromisso de fidelidade entre os que fazem parte do Movimento, trazendo ao indivíduo a oportunidade de rever o passado e, para aqueles que não presenciaram, traz aprendizagem. É uma forma estratégica de preparar os trabalhadores para possíveis conflitos agrários. A mística emociona quem acompanha, a exemplo das místicas durante o Encontro Estadual de Educação do Campo, na cidade de Candói-PR, organizado pela Articulação Paranaense Por Uma Educação do Campo, de 22 a 24 de agosto de 2013. A mística, para o público, funciona como vigor. Os participantes acabam se envolvendo, mais ainda pelo fato de não ter falas, vozes e somente expressão corporal, levando o público à atenção máxima. É como descreveu um casal de cinegrafistas atores durante o Encontro em Candói: Como cinegrafistas, fazemos teatro e organizamos apresentações, mas desenvolver a mística é totalmente diferente, pois a expressão vem sem a fala, muitas vezes sem gestos. Sentimos muita emoção. É realmente coração e garra pelos ideais que eles defendem. Vigor este que devíamos ter pela vida. CLEMENTE E ROSENI ZUBRESKI. REFERÊNCIAS BOGO, Ademar. O vigor da mística. Caderno de cultura n° 2. MST. São Paulo: ANCA. Nov. 2002. CARVALHO, Elma Júlia Gonçalves de, FAUSTINO, Rosangela Célia (org.) Educação e diversidade cultural. Maringá: Eduem, 2010. COMILO, Maria Edi da Silva. In.: Fernando José Martins (Org.). Educação do campo e formação continuada de professores: uma experiência coletiva. – Porto alegre: EST Edições; Campo Mourão: FECILCAM, 2008. COSTA, Wilma Vieira da; VIEIRA, Maria Leliana; SANTOS, Maria Vanuzia dos; A Mística no processo de formação de educadores do campo em Sergipe. Anais da IV Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade INSS 1982-3657 – Laranjeiras, SE – Set. /2010. Disponível em: <http://www.educonufs.com.br/IVcoloquio/cdcoloquio/eixo_04/E4-56a.pdf>. (Acesso em 09/09/2012) ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 154 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CHAVES, Christine de Alencar. Símbolos de luta e identidade no MST. A Marcha Nacional dos Sem-Terra. Um estudo sobre a fabricação do social - Rio de Janeiro, Relume – Dumará, 2000. Disponível em: <www.comciencia.br/reportagens/agraria/agr18.shtml> (Acesso em 03/01/2013) FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2.ª ed., Curitiba: Positivo, 1986. FERNANDES, Bernardo Mançano. Gênese e desenvolvimento do MST. Caderno de Formação n. 30. São Paulo: Editora Perez, 1998. MAIA, Lucíola Andrade; Música, mística e educação no Movimento Sem Terra MST. Anais da 57° Reunião Anual da SBPC – Fortaleza, CE. Julho/2005. Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/senior/RESUMOS/resumo_2987.ht ml> (Acesso em 17/09/2012). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 155 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A FILOSOFIA NO SÉCULO XII, E O PENSAMENTO DE PEDRO ABELARDO31 COLOMBO, Ane Marcelly (Unespar, [email protected])32 PIZOLI, Rita de Cássia (Unespar, [email protected])33 RESUMO Este trabalho objetiva analisar o pensamento de Pedro Abelardo (1079-1153) e as influências na educação do século XII. Para isso, pretende compreender as relações sociais, econômicas e religiosas do Ocidente Cristão no século XII e estudar a constituição das escolas em Paris, importante centro filosófico da época. A partir daí analisará o conflito teórico ocorrido entre Pedro Abelardo e Bernardo de Claraval (1090-1153) a fim de perceber as mudanças que estavam ocorrendo no ensino e no currículo dos cursos de teologia daquele período. Se fundamentará nas obras de Pedro Abelardo e Bernardo de Claraval e utilizará a metodologia da História Social. Palavras-chave: Pedro Abelardo. Educação. Idade Média. INTRODUÇÃO Este trabalho nos leva a analisar a educação no século XII e as alterações ocorridas no ensino, em especial, no ensino de filosofia, onde pensadores como Pedro Abelardo (1079-1142) e Bernardo de Claraval (1090-1153) geraram grandes discussões a respeito deste ensino, pois cada um defendia uma ideologia. A partir do momento em que as escolas catedrais começaram a ganhar espaço no contexto educacional foram várias as alterações que ocorreram no ensino daquela época. 31 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia. Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. 33 Professor Orientador. Doutoranda em Educação. Professor e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ 32 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 156 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Por meio da metodologia da história social pretendemos analisar algumas obras produzidas neste período pelos dois autores em questão. O objetivo é compreender a postura desses intelectuais frente ao ensino da dialética e função do saber. Bernardo de Claraval seguia a base agostiniana e Pedro Abelardo analisava os temas teológicos a partir das reflexões dos livros de Aristóteles. Isso provocou um conflito entre os dois. A história social se destaca pelo estudo de batalhas, empenho, acontecimentos e pensamentos que busca compreendê-los, afinal compreender determinado período histórico é estabelecer de modo social a identidade, valores, cultura que o homem vive e constrói em determinado período histórico. Desse modo Castro (1997) afirma que: [...] É a cultura compartilhada que determina a possibilidade de sociabilidade nos agrupamentos humanos e dá inteligibilidade aos comportamentos sociais. Deste ponto de vista não apenas as representações, mas também as ações sociais são ―textos‖, passiveis de serem culturalmente interpretados, [...]. (CASTRO, 1997, p.86). O presente texto nos fará entender as modificações ocorridas no século XII, devido a isso esse trabalho será dividido em três partes, primeiramente será apresentado o contexto histórico do século XII, em seguida as alterações ocorridas nas escolas catedrais que foram influenciadas por Pedro Abelardo e finalmente apresentar as alterações ocorridas no ensino de teologia a partir do conflito entre Pedro Abelardo e Bernardo de Claraval. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 157 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 2 BIOGRAFIA DE PEDRO ABELARDO E BERNARDO DE CLARAVAL No século XII ocorreram algumas alterações na maneira de estudar teologia nas escolas catedrais. Um dos autores que colaboraram para que essas mudanças ocorressem foi Pedro Abelardo (1079-1142). Em seu livro Abelardo (1973) conta um pouco de sua vida, nasceu em Le Pallet, filho de militar não seguiu junto aos irmãos a mesma profissão do pai, pois queria seguir os argumentos dialéticos e a filosofia, que fez Pedro Abelardo residir em Paris, onde conseguiria aprofundar os seus estudos da filosofia. Abelardo (1973) retrata em seu livro que teve como mestre Guilherme Champeaux, o principal mestre nesse assunto, que inicialmente aceitou muito bem Pedro Abelardo, mas após algumas contradições que Abelardo teve ao pensamento do mestre Champeaux ele logo percebeu que Abelardo o incomodava. Abelardo acreditava que o conhecimento não depende apenas da fé, mas também da razão, e os filósofos daquela época diziam que bastaria ter fé em Deus que ele mostraria o caminho. O autor, Abelardo (1973) comenta em seu livro que tinha o objetivo de levar o seu estudo para Melun. Cidade que era sede real, o seu mestre já imaginando que isso iria acontecer, quis afastar Abelardo do seu meio, mas havia alguns partidários que aprovaram o seu pensamento, com isso a sua fama se espalhou, mas por motivo de doença Abelardo teve que retornar a sua terra natal. Passados alguns anos Abelardo voltou a Paris e tentou novamente estudar retórica com o seu mestre Guilherme que na ocasião fez funcionar uma escola pública devido aos costumes estabelecidos, e mais uma vez Abelardo o decepcionou tentando modificar a sua decisão a respeito dos universais, e devido a essa mudança o fluxo de alunos diminuiu nas aulas de Guilherme, e aqueles que ignoravam o pensamento de Abelardo começaram a frequentar as aulas que ele oferecia sobre o seu pensamento. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 158 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ De acordo com Abelardo (1973), Guilherme se destacou com bispo e Anselmo de Laon tornou-se o mestre, Abelardo não frequentava muito as suas aulas pois "[...] na verdade, parecia admirável aos olhos dos ouvintes mas era nulo aos olhos dos que lhe faziam perguntas [...]" (ABELARDO, 1973, p. 254), na qual não tinha argumentos suficiente para fazer um confronto de ideias com seus alunos. Abelardo (1973) conta em seu livro que começou a lecionar em Paris onde suas aulas foram bem recebidas, devido a sua dedicação aos estudos Abelardo não se relacionava com as mulheres. Até o momento em que ele foi contratado pelo cônego de Paris Fulberto para lecionar aulas particulares para a sua sobrinha Heloísa que se destacava no estudo da ciência literária, o seu tio com a intenção de que Heloísa adiantasse os seus estudos, contratou-a para aprimorar os seus conhecimentos. Com tanta proximidade Abelardo e Heloísa se apaixonaram e começaram a viver um romance secreto. Segundo Abelardo (1973), eles caíram em tentação, Abelardo se sentiu pecador por ferir os princípios da igreja, Heloísa fugiu grávida da casa de seu tio e se casou com Abelardo, o cônego se sentindo humilhado com o comportamento da sobrinha fez com que seus capangas ferissem o corpo de Abelardo o castrando. O autor Abelardo (1973) nos revela sobre o livro escrito por ele mesmo que retratava "[...] o próprio fundamento da nossa fé por meio de analogias proposta pela razão humana Sobre a Unidade e a Trindade de Deus [...]" (ABELARDO, 1973, p. 268), que gerou discussões, Abelardo foi convocado ao concílio e o obrigaram a queimar o seu próprio livro. Decepcionado, Abelardo (1973) relata que após o acidente decidiu seguir a carreira de monge e insistiu para que Heloísa se tornasse freira, o filho do casal ficou aos cuidados da irmã de Abelardo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 159 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Segundo Abreu (1991), Bernardo nasceu no ano de 1090 na cidade de Dijon, passando já vinte e dois anos de sua vida, Bernardo vai se habitar em um mosteiro levando consigo alguns parentes e os amigos mais próximos. Três anos depois Bernardo funda Claraval, uma habitação para monges, onde ele é o coordenador, e até o fim de sua vida funda setenta e três comunidades e cento e setenta e quatro casas a Ordem Cisterciense. Abreu (1991) destaca que Bernardo tinha como objetivo realizar algumas mudanças na igreja, principalmente mudanças religiosas. [...] alertar para a necessidade de renovação do homem interior, para a necessidade de uma união pessoal, real, intima, profunda do homem com Deus manifestando em Cristo e presente na igreja pela força do Espírito [...] (ABREU,1991, p.15). Segundo Abreu (1991), Bernardo escreve a sua primeira obra: Tratado sobre os graus da humildade e da soberba (ABREU, 1991, p.18), que são os degraus da humildade e do orgulho excessivo, baseado na escada de Jacob, pois o homem desce doze degraus do orgulho e em seguida sobe os mesmos degraus praticando a humildade em encontro com Deus. Pois para Bernardo o homem deve ser humilde e ter o espírito de pobreza. O pensamento de Bernardo era baseado na teologia monástica, com base agostiniana. O objetivo era formar o homem santificado no mosteiro, o homem capaz de agir no mundo inspirado pela contemplação dos textos sagrados, que se conseguia por meio da meditação. Os estudos norteados pela teologia monástica não permitia a aplicação da dialética para o entendimento das Sagradas Escrituras, portanto, nos mosteiros beneditinos essa prática era vista como vaidade e por isso, condenada. Isso não significa que os intelectuais monásticos como Bernardo de Claraval não eram cultos, o que eles não aceitavam era o conhecimento pelo conhecimento, uma tendência que crescia entre os mestres autônomos como Pedro Abelardo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 160 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 3 O SÉCULO XII E O ENSINO FORMAL Segundo Baschet (2006) é difícil compreender as mudanças e desenvolvimentos ocorridos na Idade Média, pois é trabalhoso encontrar estudos de confiança que descreve algo verdadeiro durante esse período. Baschet (2006) destaca que foi na Idade Média, basicamente no século XII, que o comércio começou a desenvolver, pois havia naquela época o sistema de troca de mercadorias e o desenvolvimento artesanal, onde pessoas da região ou de regiões um pouco mais distantes praticavam a troca dos alimentos gerando movimentação dos produtos, e no comércio. Essas cidades foram se destacando entre as outras devido ao seu desenvolvimento, chamando a atenção das pessoas que ali freqüentavam [...] oferecendo aos que vinham habitá-las condições econômicas, sociais, políticas completamente novas [...] (VERGER, 1990, p.27). Verger (1990) comenta que devido a mudança dos povos para a cidade reunindo em um só lugar vários homens com culturas e pensamentos diferentes, uma nova geração iria se formar, homens mais enriquecidos intelectualmente e espiritualmente. Verger (1990) explica, que devido ao desenvolvimento urbano as escolas também modificaram a sua forma de ensinar, atraindo estudantes de toda a região, com o número elevado de pessoas interessadas a estudar era necessário mais escolas para atender a esse público. As escolas começaram a aplicar o método da dialética incorporado por Pedro Abelardo, que permitia analisar e questionar as escrituras para um melhor entendimento. [...] a pedagogia e o conteúdo dos estudos haviam-se profundamente modificado ao longo do século XII [...] os métodos e os próprios objetivos do ensino haviam mudado completamente. Os estudos não era mais apenas propedêutico a uma leitura inteligente da Sagrada Escritura: com a dialética podia-se, agora, isolar da massa dos textos um certo número de problemas (quaestiones) filosóficos e científicos, ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 161 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ nos quais os homens se interrogava sobre si mesmo, o mundo, Deus. Para reunir sobre cada problema o dossiê das referências textuais necessárias, para confrontá-las e procurar extrair delas uma solução era norma recorrer à dialética, em todas as audácias eram permitidas, contanto que fossem respeitados os princípios lógicos do raciocínio correto [...] (VERGER, 1990, p.30). Devido ao uso da dialética nas escolas, os homens não se questionavam mais a si mesmo, mas sim buscavam nas leituras formas de resolver os problemas podendo questionar sobre ele. Segundo Verger (2001) o mestre Anselmo coordenava o estudo bíblico na escola catedral de Laon que era a mais indicada no início do século XII para exercer essa prática de estudo. Mas a sua escola fora perdendo a importância, e foi em Paris que as principais escolas de Teologia ganhavam fama. Entre elas, se destacava a da comuna francesa em Saint-Victor pois o estudo da bíblia mantinha um lugar importante, de profunda interpretação e com um longo período de duração. Destaca Verger (2001) que as escolas urbanas e catedrais foram se desenvolvendo entre o século XI e XII em diversas regiões do ocidente, e as escolas catedrais foram ganhando espaço aumentando o fluxo de aluno que ali frequentava. De acordo com Verger (2001) as escolas monásticas não atraíam mais tantos alunos, com isso foi perdendo a importância dando lugar as escolas que estavam surgindo, nesse caso as urbanas. O modelo da pedagogia monástica se constituía a partir de leitura e dos comentários perfeito dos superiores, já a escola catedral estava usando de outra metodologia que era uma prática baseada apenas nas experiências e não a uma lei dominada pelo Estado. Segundo Verger (2001) durante o século XII as escolas canonicais foram aparecendo, mas não eram reservadas aos jovens cônegos. Então Pedro Abelardo fundou a sua própria escola, com aulas autônomas que tinha como objetivo atender aqueles atraídos por sua ideologia. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 162 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O estudo da teologia era destinado as pessoas que tinham interesse de estudar questões referentes ao conhecimento da divindade e de suas relações com os homens, para isso existiam as disciplinas e elas eram classificadas de acordo com a necessidade do curso. Os autores do século XII herdaram da antiguidade muitos sistemas de classificação das disciplinas [...] O mais simples era o sistema das sete artes "liberais" (únicas dignas do homem livre) em duas categorias: as artes da palavra e do signo (gramática, retórica, dialética), no trivium e as artes do número e das coisas, (geometria, aritmética, astronomia música) o quadrivium [...]. (VERGER, 2001, p. 73-74). Essas matérias realizavam a introdução da Santa Escritura, não era um estudo aprofundado mas sim uma visão geral do estudo em questão. Segundo Verger (2001) a matéria que as escolas da Idade Média proporcionavam aos alunos eram fundamentadas em textos comuns ou autoridade, que nada mais era que textos da Bíblia concluída por doutores de igreja, e não permitia que os estudantes fizessem uso de sua razão. Com o surgimento da dialética os estudantes começaram a questionar, debater assuntos desenvolvidos nas aulas para descobrir se aquilo que estava sendo dito era realmente verdade, então durante as aulas eles realizavam a leitura e grifavam aquilo que mais o chamava a atenção para trocarem ideias sobre o assunto, deveria sempre haver o respeito entre eles nas contradições expressas, e das contradições surgiam questões para chegar a uma única verdade. A dialética desenvolve a sua função nas escolas parisienses na presença do texto sagrado. Destaca Verger (2001) que a dialética foi se tornando algo indispensável nas aulas que eram ministradas, então Abelardo e seus rivais compreenderam que essa disciplina tinha como objetivo nos estudos bíblicos interpretar as obras e realizar descobertas. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 163 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Afirma Verger (2001) que para os mestres da época obterem um bom desenvolvimento em suas aulas era necessário aprofundar os seus conhecimentos em outros escritos, que era encontrado apenas no Oriente onde o mesmo estavam escritos em grego, então Verger (2001) afirma que houve um movimento para realizar as traduções. O grande movimento das traduções latinas que se estendeu aproximadamente duas gerações (1130-1190) é um dos fenômenos culturais mais importantes no século XII, ainda mais significado por ser um trabalho organizado, com equipes de tradutores de financiadores de traduções e uma verdadeira rede de divulgação das mesmas [...] O afluxo destes novos textos transformou o conteúdo e o espírito de muitos ensinamentos [...] (VERGER, 2001, pg. 70-71). De acordo com o autor essas traduções obteve um resultado positivo, pois os mestres que tiveram acesso às obras puderam melhorar suas aulas de dialética, tendo a oportunidade de enriquecer ainda mais o seus conhecimentos e de seus ouvintes. O uso constante e cada vez mais aprofundado da dialética começa a causar conflitos, pois vários pensadores da época não permitiam que os alunos tornassem seres pensantes, mas que continuassem a serem seres irracionais, incapazes de questionar. 4 O CONFLITO ENTRE PEDRO ABELARDO E BERNARDO DE CLARAVAL O conflito entre esses dois mestres ocorreu porque o método das escolas monacais não permitiam o uso da dialética no texto sagrado ou na doutrina e Pedro Abelardo insistiu em aplicá-la a esses textos, devido a essa insistência foram grandes as discussões, gerando um confronto entre esses dois mestres que ocorreu no Concílio de Sens, no ano de 1140. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 164 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Segundo Costa (2010) Guilherme era monge de Reims e abade se Saint Thierry (1075-1148) o mesmo teve acesso as duas obras escrita por Abelardo, a Theologia Christiana (1123-1124) e a Introduction ad Theologiam. Guilherme de Saint Thierry se deparou com erros graves que poderia mudar o direção da doutrina católica. Pensando no bem das ideias doutrinais, Guilherme colocou a situação para Godofredo de Léves, que na ocasião era bispo de Chartres protetor de Abelardo, Bernardo ao ser informado da situação, foi até Paris para resolvê-la. Costa (2010) retrata que Abelardo e Bernardo tentaram entrar em um acordo, para que Abelardo corrigisse seus erros, de inicio Abelardo concordou em fazer as correções da qual Bernardo não estava satisfeito, mas logo se redimiu, pois Abelardo não concordava com as críticas feitas por Bernardo, afinal cada um seguia uma ideologia, e Abelardo decidiu defender os seus escritos. Abelardo então, resolveu escrever ao acerbispo de Sens para que fosse realizado uma assembléia convocando os bispos locais e principalmente Bernardo, para que Ele tivesse a oportunidade de se defender das acusações que lhe eram feitas. Bernardo recebeu a carta para comparecer ao concílio, e ao ler se recusou de participar explicando o motivo: Em primeiro lugar, porque sou uma criança, e ele um guerreiro adestrado desde a adolescência, ademais, porque me parecia indigno provar a solidez da fé com pobres raciocínios humanos, quando nos conta que ela se apoia em uma verdade certa e imutável. Repeti que bastam seus escritos para acusá-lo, e que não era preciso as minhas palavras e sim a dos bispos, a quem compete a julgar o dogma. (CARTA, 189, p. 629 apud COSTA, 2010, p.2). Costa (2010) faz comentários sobre outra carta que Bernardo enviou aos bispos, para que o mesmo tomasse providência e analisasse os escritos de Abelardo, pois a fé estava sendo discutida, em razão do que ele havia escrito e aplicado em suas aulas. Bernardo sugeriu que Abelardo fosse advertido em meio a todos, para que servisse de exemplo aos demais que ousasse a discutir a fé cristã. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 165 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Costa (2010) nos revela que Bernardo estava indeciso, se deveria ou não comparecer a Sens, e diante disso resolveu escrever ao Papa Inocêncio II (11301143) retratando toda a sua angústia pelo momento em que a fé cristã estava passando devido aos pensamentos contrários defendido por Abelardo, que não estava de acordo como que a igreja propunha. Segundo Costa (2010) Bernardo queria resolver o problema da melhor forma, mas Abelardo já enfurecido com os julgamentos que lhes apontavam resolveu desafiar o seu julgador. Segundo Bernardo ele dizia [...] que se enfrentaria comigo em Sens no dia marcado. Chegou aos ouvidos de todos e foi impossível que eu ignorasse. Em primeiro momento, tergiversei, pois não me movo por rumores populares, mas cedi diante do rogo dos amigos, embora com muito esforço e lágrimas. (CARTA, 189, p. 629 apud COSTA, 2010, p.4) Essa situação que estava posta no momento, estava sendo interpretada como uma disputa entre rivais, onde o objetivo era chegar a um grande confronto, para um provar ao outro quem estava certo. Costa (2010) relata que Bernardo recebeu uma carta para comparecer ao concílio, o mesmo ao ler a carta toma a decisão de ir até o local que lhe foi determinado para fazer o desfecho dessa situação, no concílio havia muitos religiosos e seus superiores. Costa (2010) afirma que no primeiro dia da realização do concílio, Abelardo ficou em um lugar isolado enquanto era realizada a leitura de alguns capítulos de sua obra. Bernardo interrogou Abelardo, mas o mesmo não aceitou, pois desejava o Papa como juiz, e se retirou do local. Com a sua ausência, os representantes do concílio analisaram a sua obra, e chegaram a conclusão de que 19 de seus artigos escritos, que aqui menciono, eram opostos à Fé e à Verdade. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 166 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1- O Pai é potência plena, o Filho certa potência, e o Espírito Santo nenhuma potência; 2- O Espírito Santo não é da mesma substância do Filho e do Pai; 3- O Espírito Santo é a alma do mundo; 4- Cristo não assumiu a carne para livrar-nos do jugo do diabo; 5- Nem Deus nem o Homem, nem a pessoa que é Cristo, é a terceira pessoa da Trindade; 6- O livre-arbítrio basta por si mesmo para algum bem; 7Deus só pode fazer ou omitir o que faz ou omite, e só no modo e tempo que faz, não em outro; 8- Deus não deve nem pode impedir os males; 9- Não contraímos a culpa de Adão, somente a pena; 10- Não pecaram os que crucificaram Cristo por ignorância, a tudo que se faz por ignorância não se deve atribuir a culpa; 11- Não houve em Cristo o espírito de temor a Deus; 12- O poder de atar e desatar foi dado somente aos apóstolos, não a seus sucessores; 13- O homem não é nem melhor nem pior por suas obras; 14- Ao Pai, o qual não vem dos outros, pertence próprio ou especialmente a operação, mas não também a sabedoria e a benignidade; 15- O temor casto está excluído da vida futura; 16- O diabo coloca sua sugestão por operação nas pedras e ervas; 17- O advento ao fim do mundo pode ser atribuído ao Pai; 18- A alma de Cristo não desceu por si mesma aos Infernos, mas só por potência; 19- Nem a obra, nem a vontade, nem a concupiscência, nem o prazer que o move são pecado, nem devemos querer que se extinga. ( KENNY,2008, p.67, DENZINGER, 1963, p. 114-115 apud COSTA, 2010, p.8). Segundo Costa (2010) após Abelardo abandonar o concílio, o mesmo se encaminhou até a Roma para que o Papa tomasse a decisão sobre seus escritos. Nesse intervalo de tempo Bernardo escreve para Guido de Castelo, aconselhando a ele não confundir os seus sentimentos entre Abelardo e seus escritos, e ao Papa Inocêncio II informa sobre os acontecimentos que envolve Pedro Abelardo, e pede para que o Papa tome uma atitude definitiva. Assim foi feita a vontade de Bernardo, o Papa condenou os capítulos e os ensinamentos cristã que Pedro Abelardo havia espalhado, e também ordenou a todos que o defendia que excluísse todos ou alguns de seus bens espirituais. De acordo com Costa (2010), Abelardo foi até Roma, visitando todos os mosteiros das cidades por onde passava, quando chegou a Cluny, Pedro, o Venerável (10921156) promoveu a paz entre Abelardo e Bernardo. Abelardo passou a morar em Cluny onde lhes permitiram transmitir o seu ensinamento e fazer seus escritos. Abelardo permaneceu ali até o fim da sua vida. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 167 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CONSIDERAÇÕES PARCIAIS As reflexões realizadas durante o estudo tinha como objetivo apresentar as mudanças ocorridas no ensino durante o século XII. Foi durante esse período que as escolas urbanas e catedrais foram ganhando espaço nesse cenário, alterando o ensino até então predominante liderado pelas escolas monacais. O Renascimento proporcionava pelo desenvolvimento do comércio e das cidades requeria a utilização de novos saberes. Nesse sentido os mestres autônomos e os teólogos das escolas catedrais reconheceram essa necessidade e desenvolveram aplicação de novos métodos ao ensino da teologia. Somado a isso a chegada das traduções aristotélicas feitas pelos filósofos árabes forneceram subsídios para a aplicação desses métodos. O século XII porém ainda não estava pronto para o pensamento de teólogos dispostos a mudar a base agostiniana no conhecimento teológico, algo que será mais favorável no século posterior quando a teologia monacal perder sua influência e as universidades se tornarem o espaço, por excelência do saber. No entanto podemos concluir que o conflito entre Pedro Abelardo e Bernardo de Claraval significou conflito entre duas bases teóricas diferentes com relação ao ensino e aplicação da dialética. Porém o uso da dialética foi considerado importante no século XII e nos séculos posteriores devido ao desenvolvimento que estava ocorrendo naquele período, pois se tudo estava se desenvolvendo era necessário que os homens da época também se desenvolvessem, tornando-se seres críticos e pensantes. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 168 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS ABELARDO, Pedro. História das minhas calamidades. In: Os Pensadores. São Paulo: Abril S.A, 1973. p. 247-277. ABREU,Paulo. Bernardo de Claraval: a época e o pensamento. In: Actas do IX Centenário do nascimento de S. Bernardo. Encontros de Alcobaça e Simpósio de Lisboa. Universidade Católica Portuguesa: Braga, 1991. BASCHET, Jérôme. A civilização Feudal: do ano 1000 à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. CASTRO, Hebe. História Social. In: CASTRO, Hebe. et al. Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997, p. 76-96. COSTA, Ricardo da. Há algo mais contra a razão que transcender a razão só com as forças da razão? A disputa entre São Bernardo e Pedro Abelardo. Disponível em: <http://www.ricardocosta.com/artigo/ha-algo-mais-contra-razao-quetentar-transcender-razao-so-com-forcas-da-razao-disputa-entre>. Acesso em: 15/06/2013. VERGER, Jacques. As universidades da Idade Média. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1990. VERGER, Jacques. Cultura, ensino e sociedade no Ocidente, nos séculos XII e XIII. Bauru: EDUSC, 2001. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 169 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA34 SILVA, Bárbara Muller (UNESPAR, [email protected]) 35 GARCIA, Dorcely I. Bellanda (UNESPAR, [email protected]) 36 RESUMO Este artigo insere-se no campo da Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva. Tem como objetivo pesquisar sobre a Deficiência Intelectual (DI), no Atendimento Educacional Especializado (AEE), em Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) nas escolas municipais, no contexto da educação básica em Paranavaí. É uma pesquisa pautada em estudos bibliográficos e de campo desenvolvida por meio de entrevistas semiestruturada com os professores que aí atuam. Essa pesquisa de caráter qualitativo fundamenta-se na teoria HistóricoCultural e em documentos normativos, tais como a Politica Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, Resolução nº 4 de 2009 e em autores como Shimazaki (2012), Mori (2012), Fierro (2004), Della-Rosa (2010), Barroco (2007), que pesquisam sobre a DI, dentre outros. A pesquisa até o momento aponta que as políticas de inclusão neste município estão sendo implantadas e as escolas municipais estão caminhando para efetivação do AEE na Educação Básica, embora num processo inicial. Palavras-chave: Deficiência intelectual. Atendimento educacional especializado. Inclusão escolar. Educação básica. INTRODUÇÃO Este estudo tem o intuito de pesquisar sobre a Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva na Educação Básica, especificamente sobre o Atendimento 34 Trabalho realizado durante a participação da acadêmica no Programa de Iniciação Científica da Unespar- Campus Paranavaí, com o apoio da Fundação de Apoio à FAFIPA, no período de 2013 35 Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná-Campus Paranavaí. 36 Professora Orientadora. Mestre em Educação e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná-Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 170 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Educacional Especializado (AEE), e suas implicações na prática pedagógica do público alvo da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, com Deficiência Intelectual (DI), em Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) no município de Paranavaí. Analisar a DI implica conhecer um pouco de sua história, suas causas e prevenções e suas políticas específicas. O texto consiste em estudos sobre as políticas públicas da inclusão, encaminhamentos legais sobre o AEE em especial em SRM. Sobre a etiologia e prevenção da DI. Realizamos também uma pesquisa de campo, por meio de entrevista semiestruturada com a Coordenadora da Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (SEDUC) do município de Paranavaí referente ao trabalho desenvolvido e com a professora da SRM da escola municipal que atende o maior número de alunos com DI. O interesse em trabalhar com esse público alvo, no contexto do AEE, em SRM motivou a discente a pesquisar na Educação Especial. 1 O ESTUDO DA ETIOLOGIA DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL A preocupação com os estudos científicos para a DI teve início a partir do século XIX, no século XVIII não havia diferenciação entre deficiência e doença mental, as pessoas que apresentavam essas condições recebiam o mesmo atendimento. Diversas terminologias já foram utilizadas para nomeá-los, sendo elas: retardado, oligofrênico, cretino, imbecil, idiota e subnormal. Segundo Shimazaki e Tsukamoto (2012) atualmente a terminologia utilizada é deficiência intelectual. Em 2004, em um evento promovido pela Organização PanAmericana de Saúde (OPS) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em Montreal, Canadá, foi redigido e provado o documento intitulado Declaração de Montreal sobre deficiência intelectual e ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 171 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ decidiram utilizar o termo deficiência TSUKAMOTO, 20012, p. 65). intelectual (SHIMZAKI; De acordo com Della-Rosa (2010), a DI é difícil de ser definida e diagnosticada, pois é um distúrbio complexo, pode fazer parte de uma síndrome, ser isolada ou associada a defeitos congênitos. Barroco (2007) em sua tese “A educação especial do novo homem soviético e a psicologia de L.S. Vigostki: implicações e contribuições para psicologia e a educação atuais” buscou o conceito de DI nos documentos da Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR) e no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) e definiu: A Deficiência Mental refere-se a um estado de redução notável do funcionamento intelectual significativamente inferior à média esperada para as pessoas da mesma idade e nível de experiências semelhante. Isto deve ser associado às limitações em, pelo menos, dois aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, competências domésticas, utilização de recursos comunitários, aptidões escolares, autonomia, lazer e trabalho, saúde e segurança (BARROCO, 2007, p. 280). A autora destaca que as pessoas com DI são aquelas que necessitam de apoio em determinadas áreas de habilidades adaptativas, sendo que esse pode ser com curta duração (apoio intermitente e apoio limitado) ou em longa duração (apoio extenso e apoio generalizado). Para o seu diagnóstico é realizado, até os dias atuais, uma triagem de acordo com os níveis de inteligência, o denominado teste de Quociente de Inteligência (QI). As autoras Shimazaki e Mori (2012) discutiram sobre o tema e pautaram-se no DMS-IV para apontar os níveis intelectuais. Retardo mental leve (QI de 50-55 a aproximadamente 70); retardo mental moderado (QI de 35-40 a 50-55); retardo mental severo (QI de 20-25 a 35-40); retardo mental profundo (QI abaixo de 20 ou 25); retardo mental, gravidade inespecífica (quando existe forte suposição ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 172 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ de retardo mental, mas a inteligência da pessoa não pode ser testada por instrumentos padronizados) (SHIMAZAKI e MORI, 2012, p. 61). Vygotsky no século XX já criticava a identificação da deficiência por meio da análise do resultado do teste de QI e essa crítica perdura até os dias atuais. Acredita-se que o teste QI ―[...] não captava o modo rico e dinâmico do funcionamento mental; mas se fixavam em recortes que eram negativos nelas […]‖ (BARROCO, 2007, p. 283). A etiologia da DI, assim como as demais deficiências e algumas doenças, pode ser originada antes do nascimento (causas pré-natais), durante o parto (causas perinatais), ou após o parto (causas pós-natais). Para aflição de muitas famílias existem diagnósticos que por serem complexos não são concluídos e consequentemente as causas da DI não conseguem ser definidas, mas na grande maioria são de origem pré e perinatal (DELLA-ROSA, 2010). Em relação ao estudo da origem da deficiência pode ser de origem não ambiental ou não hereditária e de origem genética ou hereditária. A DI originada por causas não hereditárias diz respeito às doenças que foram adquiridas durante ou anterior à gestação pela figura materna e que afetou o Sistema Nervoso Central (SNC) da criança, dentre elas: rubéola, toxoplasmose, sífilis, herpes e citomegalovirose. Os agentes infecciosos, os agentes químicos, a prematuridade, o parto distócico , anorexia e desnutrição são também fatores que corroboram. Quando acontece por origem hereditária foi originada por má formação genética, como: caso de casamentos consanguíneos, hiperfenilalaninemia/fenilcetonúria (distúrbio do metabolismo dos aminoácidos), hipotireoidismo congênito (produção inadequada de hormônios tireoidianos). Ainda de origem hereditária a DI pode acontecer de etiologia cromossômica, que são denominadas síndromes e nomeadas de acordo as suas particularidades, Síndrome de Down, Síndrome de Turner e Síndrome de Klinefelter (DELLA-ROSA, 2010). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 173 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A melhor prevenção das deficiências, em especial da DI é a informação e divulgação dos cuidados pré-natais, perinatais e pós-natais, além do acompanhamento médico periodicamente durante a gestação. Quando se tratar de causas ambientais, as vacinas, a prevenção, o tratamento e o controle de certas doenças maternas, como, por exemplo, a diabete materna, diminuem, sobremaneira, o risco de nascer uma criança com DI e/ ou outra anomalia. Nos casos de DI de etiologia desconhecida, deve-se procurar um especialista para fazer o diagnóstico, já que só a partir do diagnóstico é que se pode determinar se a causa é ambiental ou genética, embora, como já mencionado, um grande número de casos, especialmente a DI isolada, permanece sem determinação etiológica (DELLA-ROSA, 2010, p.18). A visita aos geneticistas que pesquisará e interpretará a história familiar e gestacional da criança com DI é importante para prevenção para os próximos filhos do casal (DELLA-ROSA, 2010). 2 POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) tem como principal objetivo assegurar o acesso, a participação e aprendizagem dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) no ensino regular, para efetivação um dos encaminhamentos, por meios legais foram à garantia e execução do AEE (BRASIL, 2008). A Resolução nº 4 que institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial, afirma que: Art. 2º O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 174 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem (BRASIL, 2009, p.1). O AEE é uma política pública elaborada pelo governo federal que objetiva identificar e eliminar as barreiras existentes no processo de escolarização dos alunos com deficiência cooperando para o desenvolvimento das potencialidades. O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008, p.14). Sendo assim, o AEE não trabalha as disciplinas e conteúdos curriculares, mas propõe atividades que desenvolvam o potencial cognitivo e as operações mentais, para superar os limites e dificuldades encontrados no cotidiano social e escolar. Por isso Gomes (et al) afirma: O objetivo do Atendimento Educacional Especializado é propiciar condições e liberdade para que o aluno com deficiência intelectual possa construir a sua inteligência, dentro do quadro de recursos intelectuais que lhe é disponível, tornando-se agente capaz de produzir significado/conhecimento (GOMES, 2007, p. 25). De acordo com os seguintes documentos normativos, Resolução nº 4 que institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial (2009), Nota Técnica sobre as Orientações para a institucionalização da Oferta do AEE em SRM implantadas nas escolas regulares (2010), Decreto nº 7.611 (2011) e Nota Técnica sobre Orientação à atuação dos Centros de AEE, na perspectiva da educação inclusiva (2013), o AEE deve ser realizado, prioritariamente, em SRM da própria escola ou de outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, ou em centros de atendimento ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 175 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ educacional especializado de instituição pública ou instituições comunitárias, confessionais e filantrópicas sem fins lucrativos, especializados em educação especial. Brasil (2013) considera o público alvo da educação especial atendidos pelo AEE, os alunos que possuem deficiência, TGD e AH/SD. Já o Estado do Paraná, por meio da Instrução 016/2011 possui uma política diferenciada em relação ao AEE, pois admite o atendimento em SRM dos transtornos funcionais específicos (TFE), que são os alunos que apresentam ―dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas, na atenção e concentração‖. (PARANÁ, 2011, p.2). As SRM são classificadas em dois tipos, a do tipo I e a do tipo II, ambas recebem equipamentos, mobiliários, materiais didáticos e pedagógicos específicos. O diferencial existente é que no tipo II além de conter todos os recursos do tipo I possuem ainda recursos de acessibilidade para os alunos com deficiência visual (BRASIL, 2010). Os alunos com deficiência são matriculados no ensino regular e no período contrário no AEE, ou seja, para esse público alvo é admitido pelo FUNDEB dupla matrícula, duplo registro no Sistema Estadual de Registro Escolar-SERE e duplo recurso financeiro (BRASIL, 2008). De acordo a Nota Técnica nº 055 do ano de 2013, o AEE deve ser articulado ao ensino regular, orientando a ação dos professores, para que ambos conjuntamente promovam a participação e aprendizagem dos alunos com NEE. Projeto Politico Pedagógico (PPP) da instituição que oferece o AEE deve ser organizado e apresentar a função e contribuição desse programa e o professor responsável devem participar da sua elaboração e desenvolver as atividades de acordo com as necessidades especificas do seu alunado, sendo elas: ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 176 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Ensino da língua brasileira de sinais – libras, ensino de língua portuguesa como segunda língua para estudantes com deficiência auditiva ou surdez, ensino de informática acessível, ensino do sistema de braile, do uso do soroban, das técnicas para a orientação e mobilidade, ensino de comunicação aumentativa e alternativa – CAA, ensino do uso de recursos de tecnologia assistiva - TA e desenvolvimento de atividades de vida autônoma e social, enriquecimento curricular para as altas habilidades/superdotação e desenvolvimento das funções mentais superiores (BRASIL, 2013, p. 56) O atendimento deve ser organizado pelo professor responsável estabelecendo um cronograma de carga horária e o atendimento individual ou em grupos pequenos. Além disso, é imprescindível a orientação aos pais e responsáveis a fim de promover a autonomia e independência no cotidiano familiar (BRASIL, 2013). 3 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM SALA DE RECURSO MULTIFUNCIONAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE PARANAVAÍ A entrevista semiestruturada realizada com a coordenadora da Educação Especial e com a professora da SRM da escola A37, ambas do município de Paranavaí, teve como referência a Nota Técnica nº 9/2010 – Orientações para a Organização de Centros de Atendimento Educacional Especializado (BRASIL, 2010), na qual foram embasadas a elaboração das categorias de análise pesquisadas. Segundo a coordenadora, a Educação Especial é uma política recente no estado do Paraná tendo em média 50 anos. No município de Paranavaí foi na década de 80 que aconteceu a abertura de Classes Especiais, Centro de Atendimento Especializado na Área da Surdez e Deficiência Visual e Sala de Recursos. A coordenadora afirmou que à oferta de AEE aos educandos com NEE no município vem sendo orientada de acordo com a legislação vigente, com destaque aos documentos: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9394/96 – 37 O nome da escola foi substituído pela letra “A” para preservar seu anonimato. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 177 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Capítulo V, art. 58, 59 e 60, Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica – Parecer nº 17/01 CNE, Resolução nº 02/01 e Deliberação nº 02/03 – CEE. Após a Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), a Secretaria de Educação transformou, no ano de 2012, as SR em SRM e disponibilizou os materiais e equipamentos enviados pelo MEC para as escolas que oferecem o AEE. Os equipamentos recebidos até o momento pelo município são para SRM tipo I. A SEDUC, segundo a coordenadora, oferece anualmente aos professores da Educação Especial no máximo 32 horas de formação continuada durante o ano letivo, e orientação individual ao professor titular que recebe o aluno com deficiência, propondo metodologias capazes de contemplar as especificidades do aluno e articular o trabalho da sala de aula com o AEE. O município oferta serviços e apoios especializados na rede regular de ensino para os alunos com NEE, sendo eles: SRM – tipo I que tem como objetivo complementar a escolarização dos alunos com: deficiência intelectual (DI), deficiência física neuromotora (DFN), TGD e TFE. O aluno frequenta a SRM no contraturno, com objetivo de assimilar conteúdos e atividades que autenticam a autonomia e independência em sua rotina acadêmica e social. Os outros serviços oferecidos são: Classe especial38; Centro de Atendimento Especializado na área da surdez (CAES); Centro de Atendimento Especializado na área da Deficiência Visual (CAEDV); Profissional Tradutor e Intérprete de Libras/ Língua Portuguesa (TILS) e Centro de Atendimento Educacional Especializado – Iniciação para o trabalho, área da deficiência intelectual e múltipla deficiência. A Escola Renascer, que tem como objetivo oportunizar, através de atividades artesanais, o desenvolvimento da criatividade do aluno além de estimular hábitos e atitudes, tanto individualmente quanto em grupo e promover a integração social, por meio do trabalho. A seguir os alunos com NEE deste município. 38 A classe especial é uma sala de aula nas escolas de ensino regular que atende os alunos com DI. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 178 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Quadro 1 - Números de alunos com NEE atendidos na Educação Especial do município de Paranavaí nos anos de 2012 e 2013 ANO SRM Classe Especial CAES CAEDV Renascer 2012 432 149 3 8 30 2013 334 155 3 7 * *Dado não disponibilizado pela entrevistada. Fonte: Arquivo da pesquisadora. Ressaltando que há dois alunos com deficiência no município de Paranavaí, um cadeirante e o outro com osteogênese imperfeita que frequentam apenas o ensino regular e não tem necessidade de participar de nenhum programa da educação especial, pois não apresentam dificuldades de aprendizagem. Foi escolhida a escola A para realizarmos a entrevista semiestruturada com a professora da SRM, pois de acordo com a coordenadora da educação especial da SEDUC de Paranavaí, essa é a escola que atende o maior número de alunos na SRM e possivelmente o maior número de DI. 39. A professora entrevistada informou quais são as atribuições do professor que atende o público-alvo da SRM; a organização do PPP para garantir o acesso e eliminar as barreiras existentes no processo de escolarização; a organização e aprática pedagógica utilizada neste atendimento,descrevendo as atividades, recursos pedagógicos e acessibiilidade da prática docente; a infraestrutura e a acessibilidade da institutuição e o procedimento avaliativo do AEE.(BRASIL, 2013) Com base nas informações coletadas, a escola A funciona em tempo integral e atende em média 200 alunos, possuem uma gestão democrática e embasam a organização da proposta do AEE no contexto da educação inclusiva fundamentados 39 A seleção foi a escola com o maior número de alunos em SRM, pois a SEDUC não nos informou a escola que atende o maior número de alunos com DI no AEE. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 179 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ na teoria histórico-cultural. Atende na SRM 21 alunos40 no período vespertino divididos em grupos de 5 alunos com 2 atendimentos por semana. Dos 21 alunos 14 possuem o diagnóstico de DI e 7 de Transtorno do Defict de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O plano de aula é individualizado. No período da manhã os alunos atendidos nas SRM estão matriculados no ensino regular de acordo com as orientações da Resolução nº4, de 2 de outubro de 2009. Quadro 2 - Alunos atendidos na SRM e as modalidades de ensino que estão inseridos no ensino regular Turma 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano Número de Alunos 3 alunos 3 alunos 11 alunos 4 alunos Total: 21 alunos atendidos Fonte: Arquivo da pesquisadora As atividades na SRM são diversificadas, de acordo com a necessidade de cada aluno. Segundo a professora, os alunos com DI atendidos possuem dificuldades em raciocínio lógico matemático, leitura e interpretação, produção textual, concentração, desafios matemáticos e construção das quatros operações matemáticas, por isso são utilizadas práticas pedagógicas e estratégias lúdicas que melhorem a concentração para o processo ensino e aprendizagem. Dentre os jogos pedagógicos específicos dessa SRM temos: dominó de multiplicação, divisão, adição e subtração, torre de equilíbrio, jogos de psicomotricidade, mosaico, caça palavras, figura-fundo, dominó de trânsito, sequência lógica de fatos, cruzadinha, completando fatos, jogo dos sete erros e sequência de histórias. A avaliação na SRM da escola A é contínua e se concretiza por meio de relatório semestral e anual, os professores que atendem esses alunos no ensino regular também elabora o relatório semestral e anual apontando os avanços obtidos. 40 De acordo com os documentos normativos a SRM pode atender somente 20 alunos, mas segundo a professora entrevistada a escola recebeu recentemente a transferência de um aluno que já frequentava a SRM, portanto a instituição não pode negar a vaga. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 180 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ As entrevistas realizadas foram elucidativas para constatarmos o que os documentos prevêem e o que está sendo efetivado. Percebemos que as SRM do município de Paranavaí seguem as orientações da Resolução nº 4, de 2 de 2009, a Instrução nº 016/2011 do Estado do Paraná e a Nota Técnica nº 11/2010, entretanto um dado interessante que vale ressaltar, em relação ao ano anterior, é sobre o aumento do número de alunos nas classes especiais. A política nacional da Educação Especial não garante mais esse atendimento, garantia que ainda se mantém na Deliberação 02/03 no Paraná. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir de 2008 com a organização da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva foram introduzidos novas orientações para a inclusão, os documentos normativos a partir de então elaborados, garantem o AEE, em especial na SRM, nas escolas regulares para atender o públlico-alvo no contraturno à escolarização. De acordo com as leituras dos autores que pesquisam a temática, foi possível compreender que a DI é uma deficiência no funcionamento intelectual, assim sendo, o intelecto se desenvolve inferiormente a média esperada. O aluno com DI necessita de apoio especializado para se desenvolver independente da origem de sua deficiência e a melhor prevenção é a informação. Os dados analisados até o momento demonstraram que a Política da Educação Especial na perspectiva inclusiva, neste município, está sendo implantada. Em 2012 as SR foram transformadas em SRM e receberam o Kit do MEC para funcionamento em SRM tipo I. Constatamos que os encaminhamentos estão de acordo com a Nota Técnica nº 11/2010, que faz parte da Política Inclusiva Nacional, embora o município mantenha as classes especiais e respaldam este atendimento na Resolução 02/03 do Estado do Paraná. Sendo assim, a pesquisa aponta que as escolas municipais ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 181 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ de Paranavaí estão iniciando sua caminhada para efetivação do AEE no contexto da Educação Básica. REFERÊNCIAS BARROCO, S. M. S. A educação especial do novo homem soviético e a psicologia de L. S. Vigostki: implicações e contribuições para psicologia e a educação atuais. Araraquara: [s.n], 2007. p. 280-312. BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília. Diário oficial da União, Brasília, DF, 18 nov. 2011 Acesso em: 08/09/13. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20112014/2011/Decreto/D7611.htm>. Acesso em: set. 2013 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação especial. Nota Técnica – SEESP/GAB/Nº 9/2010: sobre Orientações para a Organização de Centros de Atendimento Educacional Especializado. Brasília, DF: MEC/SEESP, 2010.: 08 de Disponível em: http://www.ppd.caop.mp.pr.gov.br/arquivos/File/NOTATECNICAN055CentrosdeAEE. pdf>. Acesso em set. 2013. BRASIL. Nota Técnica nº 11/2010, de 7 de maio de 2010: Orientações para a institucionalização da Oferta do Atendimento Educacional Especializado- AEE em Salas de Recursos Muultifuncionais, implantadas nas escolas regulares. Brasília, SEESP/GAB, 2010. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/legislacao/nota-tecnica-n11-2010-srt-mte.htm. Acesso em: agost. 2013 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC/SEESP, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf>. Acesso em: agost. 2013 BRASIL. Resolução CNE/CEB, de nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Diário Oficial da União, Brasília, DF, seção 1, p. 17, 5 out. 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf. Acesso em: set. 2013 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 182 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ DELLA-ROSA, V. A. Etiologia e prevenção da deficiência intelectual. In: RIBEIRO, M.J. L; DELLA-ROSA, V.A(Orgs). Laboratório Temático de Inclusão Digital e Diversidade: teoria e experiências. Maringá: EDUEM, 2010. FIERRO, A. Os alunos com deficiência mental. In: COLL, C., MARCHESI, A., PALACIOS, J. Desenvolvimento psicológico e educação. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 193 – 214. GARCIA, I. B. G. Aprendizagem e desenvolvimento das funções complexas do pensamento e a deficiência intelectual na perspectiva histórico–cultural. In: SHIMAZAKI, E. M.,PACHECO, E. R. (Orgs). Deficiência e inclusão escolar. Maringá: EDUEM, 2012. p. 69-82. GOMES, A. et al. Deficiência Mental. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. PARANÁ. Deliberação n.º 02/03, de 2 de junho de 2003. Estabelece Normas para Educação Especial, modalidade da Educação Básica para alunos com necessidades educacionais especiais, no Sistema de Ensino do Estado do Paraná. Curitiba: CEE, 2003. Disponível em <http;//www.nre.seed.pr.gov.br/Maringá/arquivos/File/Educação_Especial/Deliberaca o_02_03.pdf>. Acesso em: jun. 2013. PARANÁ. Instrução nº 016/2011 – SEED/SUED. Estabelece critérios para o atendimento educacional especializado em Sala de Recursos Multifuncionais, Tipo I - na Educação Básica – área da deficiência intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos. Curitiba, 22 nov. 2011. Disponível em: http://www.educacao.pr.gov.br/arquivos/File/instrucoes/Instrucao162011.pdf >. Acesso em: set. 2013. SHIMAZAKI, E. M. , TSUKAMOTO, N. M. S. O atendimento educacional especializado para alunos com deficiência intelectual. In: MORI, N. N. R., JACOBSEN, C.C. (Orgs). Atendimento educacional especializado no contexto da educação básica. Maringá: Eduem, 2012. p. 65 - 72. SHIMAZAKI, E. M. , MORI, N. N. R.Oatendimento educacional especializado à pessoa com deficiência intelectual. In: SHIMAZAKI, E. M., PACHECO, E. R. (Orgs). Deficiência e inclusão escolar. Maringá: EDUEM, 2012. p. 55-67. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 183 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ AUTISMO E MÉTODO TEACCH: POSSIBILIDADE DE ESCOLARIZAÇÃO NO ENSINO REGULAR41 ANTONIO, Bianca Marcele Virche42 DAMBROS, Aline Roberta Tacon43 RESUMO O presente projeto tem por objetivo investigar as características básicas do transtorno autista, bem como o método para o trabalho educativo denominado Tratamento e educação para crianças autistas e com distúrbios correlatos da comunicação (TEACCH). O autismo é definido como um transtorno global do desenvolvimento, acompanhado por déficits na comunicação, comportamento e interação social. Observa-se que a inclusão de crianças autistas em escolas regulares necessita de uma decisão bastante criteriosa, pois ao ser incluído na escola ela necessita de recursos pedagógicos e metodologias de ensino próprias para o seu desenvolvimento integral. Essa pesquisa trata-se de um estudo bibliográfico, foram realizadas leitura e análise de textos e documentos oficiais relacionados ao desenvolvimento e educação de pessoas autistas. Os resultados do trabalho deverão ser divulgados sob a forma de trabalho de conclusão de curso, bem como por meio da produção de material demonstrativo sobre método TEACCH, o qual deverá ser encaminhado para o acervo do Laboratório de Apoio Pedagógico, do Departamento de Educação da UNESPAR/FAFIPA. Palavras-chave: Inclusão Escolar. Autismo. Método TEACCH. INTRODUÇÃO No Brasil os estudos sobre o Autismo e os Transtornos Globais do Desenvolvimento são recentes e insuficientes, dados como quem são e onde estão essas crianças, os 41 Trabalho parcial de Conclusão do Curso de Pedagogia. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 43 Professora orientadora Ms.em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 42 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 184 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ tipos de atendimentos educacionais e seu desempenho, bem como os serviços prestados são ainda escassos. Desta forma, nossa pesquisa visa ampliar os estudos sobre a área. Atualmente definimos o Autismo como um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), que apresenta como principais aspectos déficits nas áreas: comunicação, comportamentos sociais e interação social. Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. (MELLO, 2005, p.11) Observa-se que com o avanço da política nacional de educação inclusiva no Brasil, é cada vez mais comum ouvirmos falar de histórias escolares que apresentam como personagem principal crianças autistas, porém ao pensarmos em estudos teóricos que compreendam a metodologia de ensino para os mesmos percebemos uma escassez de pesquisas. Diante desta fragilidade o objetivo deste trabalho é Investigar as características básicas do transtorno autista, bem como o método para o trabalho educativo Tratamento e educação para crianças autistas e com distúrbios da comunicação (TEACCH). Um dos métodos de intervenção pedagógicos mais utilizados é o TEACCH, criado na Universidade da Carolina do Norte nos Estados Unidos, no ano de 1966. Essa metodologia de ensino, bastante difundida em nosso país, baseia-se na utilização de estímulos visuais, corporais e áudio-cinestésico-visuais, para desenvolver a criança e auxiliá-la na promoção de uma vida independente. Para trabalharmos com essa temática o presente trabalho está estruturado da seguinte forma: No primeiro momento, abordaremos quem são os alunos diagnosticados autistas e quais suas especificidades. No segundo momento, apresentaremos um dos métodos de intervenção pedagógica, denominado ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 185 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ TEACCH, seus objetivos e materiais utilizados. E para finalizar, no terceiro momento relatamos a visita a Escola Dinâmica de Maringá. Que é referência em Educação Especial. 1. O QUE É O AUTISMO? O termo Autismo foi propagado em 1911, por Bleuler, psiquiatra suíço, ao descrever um quadro de perda de relação da pessoa com sua realidade. Mas somente em 1943, com o americano Dr. Leo Kanner, que os estudos sobre o autismo ganharam novo corpo teórico passando a ser denominado Distúrbio Autístico do Contato Afetivo. Em suas pesquisas Kanner investigou crianças que apresentavam incapacidade de se relacionar com outras pessoas, falha na comunicação e obsessividade pela rotina, para Kanner esta desordem fundamental consistia na ―incapacidade das crianças de estabelecer relações normais com as pessoas e de reagir normalmente às situações, desde o início da vida‖ (FERRARI, 2012, p.9). Atualmente, o autismo é considerado um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD). Segundo a AMA (Associação de Amigos do Autista) (2011), ―[...] o que caracteriza o autismo são aspectos observáveis que indicam déficits na comunicação e na interação social, além de comportamentos repetitivos e áreas restritas de interesse.‖ Estas características costumam ser detectadas por volta dos 3 anos de idade, correspondendo a cerca de 1 a 5 casos a cada 10000 crianças, na maioria dos casos homens (ASSUMPÇÂO, 2000). O diagnóstico do autismo deve ser fundamentalmente clínico, guiando-se pelos critérios estipulados pelo DSM-IV Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Academia Americana de Psiquiatria e pelo CID-10 Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde, em função disso, de acordo com Assumpção Jrº e Pimentel (2000), ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 186 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O autismo infantil corresponde a um quadro de extrema complexidade que exige que abordagens multidisciplinares sejam efetivadas visandose não somente a questão educacional e da socialização, mas principalmente a questão médica e a tentativa de estabelecer etiologias e quadros clínicos bem definidos, passíveis de prognósticos precisos e abordagens terapêuticas eficazes (ASSUMPÇÃO JR e PIMENTEL, 2000, p. 39). Sendo realizado um diagnóstico prematuro do autismo infantil admite a composição ―(...) cuidados educativos e terapêuticos para a criança e o acompanhamento dos pais‖ (FERRARI, 2012, p.108), sendo executável a fundamentação deste diagnóstico através de observações feitas na residência do paciente ou em uma instituição de apoio. Ao referenciar as abordagens multidisciplinares destacamos que a instituição escolar possui grande relevância no processo de inserção da criança autista no universo social. Nesse sentido, são essenciais iniciativas e políticas educacionais que garanta o acesso e permanência deste menor na escola regular de ensino. Temos a defesa de uma escola para todos, ou seja, uma escola inclusiva. Quando o assunto é a inclusão da criança autista em uma escola regular, surgem diversas dúvidas e controvérsias, Serra (2010) afirma que ―a inclusão não é o único modelo de educação para os indivíduos com autismo e a decisão de incluir deve ser bastante criteriosa‖. Incluir uma criança autista não significa apenas inseri-la em uma escola, mas garantir recursos pedagógicos e metodologias de ensino para o desenvolvimento integral do estudante. Segundo o Ministério da Educação (MEC), para tornar a inclusão praticável a escola deve contar com salas de apoio e professores especializados, vale destacar que estes professores devem receber formação e capacitação para lidar com as mudanças de seu modo de trabalho, entendendo que esse aluno com NEE requer métodos e procedimentos de ensino diferenciados para alcançar desenvolvimento cognitivo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí um 187 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Em resumo, para que haja uma aprendizagem efetiva por parte do aluno autista, é necessário que o professor esteja disposto a mudar suas concepções de ensino-aprendizagem, e reconhecer que a inclusão deste no ensino regular trará a ele e aos demais alunos os benefícios de uma nova visão sobre o mundo e as pessoas. (SILVA, 2009, p. 3) Mello (2005) acredita que, ―[...] um atendimento especializado, antes da inclusão numa escola regular, pode ajudar a criança a desenvolver a consciência de si mesma, preparando-a para utilizar-se de modelos, posteriormente‖. O professor deve conhecer as dificuldades de cada criança, para que assim possa utilizar um método de ensino mais adequado. Nesta mesma vertente, a Declaração de Salamanca de 1994, considerada um dos documentos mais importantes quando se trata de inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais, afirma que ―(...) escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras‖ (UNESCO, 1994), o que significa que as escolas devem se adaptar as necessidades educacionais de cada criança para que assim ela se sinta incluída e não apenas inserida. Quando se trata do desenvolvimento da criança autista maior instrumento de ajuda é a educação e para integrar esta criança não é algo simples, pois ―(...) envolver a tarefa de colocar em um meio social não preparado uma pessoa (autista) de comportamento estranho e desconhecidos para todas as outras pessoas‖(MELLO, 2001,p.41), para que este processo ocorre ele necessita da educação de todos os envolvidos. No próximo item conheceremos uma das metodologias educacionais existentes para escolarização da criança autista, o método TEACCH. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 188 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 2. MÉTODO TEACCH: ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA PARA ESCOLARIZAÇÃO Em busca desta inclusão, um dos referenciais metodológicos utilizados pelos professores na intervenção pedagógica da criança autista é o método TEACCH (Tratamento e educação para crianças autistas e com distúrbios correlatos da comunicação), criado na Universidade da Carolina do Norte nos Estados Unidos, nos anos 60. De acordo com Barbosa (2009), O Modelo Teacch (Treatmentand Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children) surgiu em 1943 e basicamente apela a uma intervenção específica, caracterizada por uma adequação do ambiente, no sentido de reduzir a ansiedade e deste modo, potencializar a aprendizagem (BARBOSA, 2009, p. 23). São utilizados estímulos visuais (fotos, figuras, cartões), corporais (apontar, gestos, movimentos corporais) e áudio-cinestésico-visuais (som, palavras), segundo Mello (2005), este método consiste na organização do ambiente de modo que facilite a compreensão da criança, por meio de quadros, painéis ou agenda e a avaliação utilizada é denominada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado) levando em conta os pontos fortes e fracos da criança individualmente. De acordo com o Universo Autista (2013), um ambiente disposto de maneira organizada concebe uma forte base de aprendizado para os autistas, Acredita-se que um ambiente estruturado para uma criança autista, crie uma forte base para o aprendizado. Embora o TEACCH não foque especificamente nas habilidades sociais e comunicativas tanto quanto outras terapias, ele pode ser usado junto com essas terapias para torná-las mais efetivas. (UNIVERSO AUTISTA, 2013) De acordo com Ferrari (2012), ao auxiliar no diagnóstico, na orientação e no acompanhamento dos autistas, o método TEACCH possibilita o desenvolvimento na área escolar e profissional de crianças, adolescentes e os adultos. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 189 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O método TEACCH tem como propósito apoiar o desenvolvimento do autista, para que ele tenha o máximo de autonomia quando chegar à idade adulta, é também um método muito flexível podendo se adaptar de acordo com as necessidades do aluno autista. A meta para a criança autista é desenvolver a comunicação funcional, para que assim haja possibilidade de desenvolver a fala, ―Quando a comunicação acontece, havendo competência para a fala, esta muitas vezes acontece como consequência da aquisição da comunicação‖ (SILVA, 2003). O objetivo deste método é trabalhar as dificuldades que o aluno autista apresenta, segundo o Universo Autista (2013) o terapeuta do método TEACCH deve manejar o ambiente do autista de modo que os comportamentos indesejados sumam e as condutas adequadas ganhem reforço, [...] o terapeuta do programa Teacch tem a possibilidade de desenvolver categorias de repertórios que permitem avaliar de maneira qualitativa aspectos da interação e organização do comportamento, bem como o curso do desenvolvimento individual em seus diferentes níveis. É imprescindível que o terapeuta manipule o ambiente do autista de maneira que comportamentos indesejáveis desapareçam ou, pelo menos, sejam amenizados, e condutas adequadas recebam reforço positivo (UNIVERSO AUTISTA, 2013). Vale destacar que esse método consiste em um dos modelos educacionais mais importantes, dentro dele é firmado um plano terapêutico com uma programação diária para cada criança, partindo do objeto concreto e evoluindo aos poucos, de acordo com suas possibilidades, com o propósito de ensinar a crianças autistas o que as outras crianças aprendem com a própria experiência. De acordo com o Centro de Estudos e Desenvolvimento do Autismo e Patologias Associadas- CEDAP Brasil, os materiais utilizados neste método podem ser objetos, fotografias, imagens, desenhos de escritas pictográficas e qualquer outra disposição que considere a imaginação do autista, o TEACCH utiliza cartões ilustrados pelo fato de acreditar que o aluno compreende conceitos através da imagem. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 190 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Em uma sala de TEACCH as atividades do dia são expostas visuavelmente, podendo haver um quadro onde é apontado em sequência as tarefas que a criança deve realizar, segundo o Instituto Imaculada Conceição (2009), Numa Sala TEACCH existem áreas com actividades específicas determinadas pelos materiais existentes. Cada área deve ser delimitada por fronteiras compostas por armários, cadeiras e mesas e representada por um símbolo que informa o aluno sobre o que aí acontece. Este suporte visual indica à criança o local e tipo de actividade a desenvolver (INSTITUTO IMACULADA CONCEIÇÃO, 2009). Após a avaliação PEP-R (Perfil Psicoeducacional revisado), que segundo Leon e Bosa (2003) ―é um instrumento de avaliação da idade de desenvolvimento de crianças com autismo ou com outros transtornos da comunicação‖, é possível saber em que área a criança autista tem mais dificuldade e assim se faz praticável organizar o método TEACCH de modo que ajude a desenvolver estas áreas, com isso possibilitando que ele conquiste o máximo de autonomia possível, assim como menciona Dambrós E Mori (2007), Desta forma, os profissionais que atendem as pessoas pertencentes ao espectro autístico necessitam compreender as peculiaridades envolvidas na maneira como elas veem e vivenciam o dia-a-dia. Bem como, compreender estas diferenças e se esforçar para em determinados momentos ver o mundo pelos olhos deles, fato essencial para a criação de boas estratégias terapêuticas e educacionais (DAMBRÓS; MORI, 2007,p.8). O método TEACCH oferece apoio também para as famílias de pessoas com autismo, é de fundamental importância que estes pais participem da vida escolar de seus filhos, eles recebem um treinamento especial do programa, de acordo com Ferrari (2012) no método TEACCH ―os pais são convidados a participar ativamente da realização de exercício educativos, e suas observações e experiências são utilizadas para a formulação educativa do filho‖. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 191 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Na sequencia do texto, relataremos as observações realizadas em uma escola que emprega o programa TEACCH em sua rotina pedagógica. 3. PRODUÇÃO DO MATERIAL TEACCH No dia 19 de agosto de 2013 foi realizada uma visita na escola Dinâmica de Maringá, criada em 1996 no início era uma clínica de fisioterapia e terapia ocupacional, nesta época as crianças com necessidades especiais ficavam na APAE, quando começou a atender estas crianças a escola já possuía toda a estrutura e com o tempo foram filtrando a clientela, hoje a escola atende alunos com deficiência intelectual, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos específicos do desenvolvimento, conta com pedagogos e psicopedagogos especializados em educação especial, utilizando o método TEACCH, da boquinha, dialético e o programa Son Rise. No primeiro momento da visita, observamos a sala estruturada pelo modelo TEACCH para alunos da Educação Infantil. A sala é composta por uma estrutura convencional de sala, altamente organizada em painéis, jogos e caixas, atualmente atende alunos para inicialização do ensino das primeiras letras e números. Além da programação da rotina diária da criança, auxiliando no ensino de cuidados básicos de saúde e organização do dia. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 192 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Figura 1: Sala de aula referente à Educação Infantil Fonte: pesquisadora Na segunda sala de aula, destinada aos alunos do Ensino Fundamental, possui caixas e cartazes de modo a organizar a sala e estimular os alunos, com as carteiras dispostas de forma clássica. Nesta fase, inicia-se a organização da rotina da criança por meio do TEACCH e a complementação da alfabetização apoiado no método das boquinhas. Figura 2: Sala de aula referente ao Ensino Fundamental Fonte: pesquisadora ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 193 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Para finalizarmos os estudos, produzimos materiais de classificações de imagens e de quantidades, cujo objetivo é trabalhar com o raciocínio da criança buscando que ela organize seu pensamento, desenvolva a coordenação motora fina, bem como a alfabetização por meio dos numerais. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente a discussão sobre o Autismo e sua possibilidade de escolarização ganhou grande destaque na comunidade acadêmica, discutisse como incluir uma criança que apresenta déficits na comunicação, comportamento e interação social de forma qualitativa. Antes de incluir, é importante retomarmos uma discussão anterior, o diagnóstico. Este deve ser pautado em uma análise clínica, envolvendo observações constantes e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, com profissionais da saúde, psicologia e da educação. Em relação ao universo escolar, é importante que o professor conheça o transtorno autístico e suas especificidades, além de compreender os processos de consolidação do conhecimento pela criança, a fim de implementar uma metodologia adequada ao desenvolvimento potencial de cada uma. O TEACCH é um destes métodos que trabalha com a individualidade de cada aluno, a criança autista necessita de organização para aprender e este método possibilita esta organização do ambiente, buscando apoiar o desenvolvimento deste aluno para que ele tenha mais autonomia quando adulto. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 194 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 5. REFERÊNCIA AMA. Autismo: Definição. São Paulo: SP, 2011. Disponível <http://www.ama.org.br/site/pt/autismo.htm/>. Acesso em: 15 mar. 2013 em: AMA. PEP-R. São Paulo: SP, 2011. 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Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/atendimento-educacional-especializadopara-alunos-autistas/85518/> Acesso em: 13 ago. 2013 FERRARI, P. Autismo infantil: o que é e como tratar. 4. ed. São Paulo: Paulinas, 2012. MELLO, A.M.S.R. Autismo: Guia Prático. São Paulo: AMA; Brasilía: CORDE, 2005. SERRA, Dayse. A educação de alunos autistas: entre os discursos e as práticas inclusivas das escolas regulares. 2007. 9 f. Tese de doutoradoDoutorado em desenvolvimento, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http://www.polemica.uerj.br/pol23/oficinas/artigos/lipis_3.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2013. SILVA, M.C.B.L. Autismo e Inclusão: da teoria a prática. Paraná: Maringá, 2009. Disponível em: ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 195 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ <http://www.cesumar.br/epcc2009/anais/maria_carmo_bezerra_lima_silva.pdf> Acesso em: 17 mar. 2013. UNESCO. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Brasília: UNESCO, 1994. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pd>. Acesso em 18 jun. 2013. UNIVERSO AUTISTA. Método Teacch: Introdução. Disponível em:<http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/works/item.php?id=6> Acesso em: 13 ago. 2013. UNIVERSO AUTISTA. Método Teacch: Propósito. Disponível em: <http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/works/item.php?id=10> Acesso em: 13 ago. 2013 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 196 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A IMPLEMENTAÇÃO DE JOGOS DE REGRAS NO COTIDIANO ESCOLAR COMO FORMA DE PREVENÇÃO A DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 44 Bruna Kathyusca Santana (UNESPAR/FAFIPA – e-mail: )45 Lilian Alves Pereira (UNESPAR/FAFIPA – e-mail: [email protected]) 46 RESUMO Estudos sobre como o cérebro aprende trazem à tona questões tratadas por grandes teóricos da psicologia. O avanço das metodologias de pesquisa e da tecnologia permitiu que novos estudos se tornassem possíveis. Atualmente, a neurociência defende sobre como o processo de aprendizagem se assemelha ao que os teóricos mostravam por diferentes caminhos. A neurociência faz isso por meio de experimentos comportamentais e do uso de aparelhos como os de ressonância magnética e de tomografia, que permitem observar as alterações no cérebro durante o seu funcionamento. A psicologia cognitiva, sem desconsiderar o papel do cérebro, foca os significados, se pautando em evidências indiretas para explicar como os indivíduos percebem, interpretam e utilizam o conhecimento adquirido. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo apresentar a proposta do projeto de iniciação científica tem irá refletir sobre as ideias neurocientíficas para a sala de aula. Para tanto, no primeiro momento estamos realizando um estudo bibliográfico sobre a temática para contextualizar como a Neurociência e a psicologia cognitiva se ocupam de entender a aprendizagem, pois as duas áreas permitem entender de forma abrangente o desenvolvimento da criança e que esses fatores são indissociáveis. No segundo momento, iremos realizar a aplicação dos instrumentos de pesquisa e análise dos dados coletados. Palavras-chave: Educação. Jogos. Dificuldade de aprendizagem. 44 Projeto em andamento no Programa de Iniciação Científica da Universidade Estadual do Paraná Campus Paranavaí, no período de 2013-2014. 45 Acadêmica do terceiro ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná - Campus Paranavaí. 46 Professora Orientadora. Mestra em Educação. Professora Colaboradora e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 197 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1 INTRODUÇÃO Com bases nos resultados apresentados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o Brasil obteve um avanço nos resultados apresentados, ou seja atingiu as metas estabelecidas. Porém, se analisarmos o contexto histórico percebe-se que houve também um regresso, pois as avaliações anteriores as médias ficaram abaixo do esperado. Atualmente, nas séries iniciais do Ensino Fundamental (primeiro ao quinto ano), o Ideb nacional alcançou média 5,0. Percebese um declínio com relação ao ano de 2002 em que a média foi igual a 6,0. O objetivo maior é que o Brasil atinja o patamar educacional da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE. De acordo com esses dados, os alunos de primeiro ao quinto ano do ensino fundamental continuam apresentando defasagem de ensino. O desempenho insatisfatório na área da educação dos alunos é evidenciado em vários estudos, e em diversos aspectos, iremos nos limitar ao estudo das ciência cognitiva, mais especificamente da neurociência e da epistemologia genética de Jean Piaget, como meio de estímulo para o desenvolvimento educacional. De acordo com a neurociência, o cérebro não se move e 80% (oitenta) se constitui em água, existem bilhões de neurônios e várias sinapses agindo nesse órgão. Nele se encontra o pensamento, as paixões, as emoções, tristezas. E como isso acontece? Os neurônios se comunicam incessantemente entre si por si por meio das sinapses cerebrais, que nos permite ver, ouvir, entender o mundo que nos rodeia e interagir com ele. A propriedade de ―fazer e desfazer‘‘ conexões entre neurônios chamamos de neuroplasticidade. Ela possibilita a reorganização da estrutura do sistema nervoso e do cérebro e constitui a base biológica da aprendizagem e do esquecimento. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 198 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A partir da metade do século XX os cientistas puderam pesquisar profundamente o cérebro. Por meio da tecnologia, aumentaram se as alternativas para estudar o funcionamento do cérebro, dentre elas apresenta-se as neuroimagens, que são imagens do cérebro do sistema nervoso, e que ajudaram a constituir e ampliar um novo campo científico, a neurociência. O termo neurociência é uma criação recente que tentou embarcar todas as áreas que estudam o sistema nervoso. Este estudos surgiram para entender melhor como é que o cérebro se desenvolve e aprende. Aprendizagem, por sua vez, requer várias funções mentais como atenção, memória, percepção, emoção, função executiva, emoções, presentes no cotidiano e nas relações sociais, como sentir e perceber, gostar e rir, dormir e comer, falar e se movimentar, compreender e calcular, ter atenção, lembrar e esquecer, planejar, ajudar e decidir, pensar, imaginar, entre outras. São funções mentais produzidas pela atividade do sistema nervoso resultando o cérebro em funcionamento. Pode-se dizer que as práticas pedagógicas utilizadas por educadores no processo de ensino-aprendizagem são estímulos que produzem a reorganização do sistema nervoso em desenvolvimento, resultando em mudanças comportamentais. Neste sentido, faz-se necessário o estudo da neurociência, pois a mesma contribui na formação do educador, pois possibilita conhecimento a organização e as funções do cérebro, as potencialidades e as limitações do sistema nervoso, as dificuldades para aprendizagem e as intervenções a elas relacionadas. A inclusão dos fundamentos da neurociência no processo ensino-aprendizagem na formação inicial do educador proporcionará uma nova e diferente perspectiva da educação e de suas estratégias pedagógicas, influenciando também a compreensão dos aspectos sociais, psicológicos, culturais e antropólogicos tradicionalmente estudados pelos pedagogos. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 199 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Neste sentido, o presente projeto de iniciação científica terá por objetivo investigar como as dificuldades de aprendizagem em alunos do ensino fundamental pode ser trabalhadas por meio de intervenção pedagógica de caráter construtivista, envolvendo o uso dos jogos de regras mais especificamente, o jogo sudoku. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O presente estudo tem como hipótese conceitual que alunos com desempenho insatisfatório em algumas disciplinas escolares, submetidos à intervenção pedagógica de caráter construtivista, envolvendo o uso dos jogos de regras mais especificamente, o jogo sudoku obtêm ampliação de seu domínio nessas áreas. Para tanto, para abordar a psicologia cognitiva estaremos nos apropriando dos estudos de Jean Piaget, nas obras ―O Juízo Moral na Criança‖ (1932-1994) e ―A Formação do Símbolo na Criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação‖ (1946-1990) e para abordar os estudos da neurociência estaremos utilizando o referencial teórico desenvolvido e descrito pelo autor Fonseca (2008). Conforme já estudado, sabemos que o cérebro é considerado o órgão do corpo humano mais complexo, possui uma ordem de dimensão imensa, contendo centenas de bilhões de neurônios. Os neurônios são células especializadas em comunicação, resultando a atividade cerebral, é a troca de estímulos entre os neurônios. Porém, essas células (neurônios) jamais se tocam, e a comunicação, se dá então, por meio das sinapses, a conexão entre os neurônios. Nosso cérebro nasce aproximadamente com cerda de 250 bilhões de sinapse, com 8 meses o bebê tem um aumento para 600 bilhões de sinapses, esse excesso de conexão é apenas matéria-prima, como se fosse um bloco de gelo, pronto para ser moldado. Para que esse material se transforme em uma escultura, é necessário retirar o material em excesso, esse processo acontece a medida em que o cérebro é ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 200 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ colocado em uso, quanto mais usamos o cérebro mais ele vai se definindo, contudo as conexões que não ativamos serão eliminadas. Neurocientistas afirmam que é possível melhorar a capacidade do nosso cérebro sempre, até o último dia de nossas vidas. Mas como isso é possível? Uma das possibilidades é usar e manter o cérebro desafiado continuamente e intelectualmente. A aprendizagem consiste em tudo que adquirimos ao longo de nossas vidas. E como parte desse processo de aprendizagem está a educação, que visa ao desenvolvimento de novos comportamentos em um indivíduo, oferecendo-lhes recursos que permitem transformar sua prática e o mundo em que vive. Tal aprendizagem, por sua vez, requer várias funções mentais, que estão relacionadas à cognição, emoção, percepção, memória, função executiva entre outras. As funções mentais são produzidas pela atividade do sistema nervoso, resultando o funcionamento do cérebro que recebe e processa os estímulos ambientais e elabora respostas adaptativas que garantem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie. Conhecer a organização e as funções do cérebro, os períodos receptivos, os mecanismos da linguagem, da atenção e da memória, as relações entre cognição, emoção, motivação e desempenho, as potencialidades e as limitações do sistema nervoso, as dificuldades para aprendizagem e as intervenções a elas relacionadas, contribui para o cotidiano do professor. Esse entendimento influencia também na compreensão dos aspectos sociais, psicológicos, culturais e antropólogos tradicionalmente estudados pelos pedagogos. Diversos autores da área da neurociência e da psicologia cognitiva apresentam as funções executivas – FE como ferramentas essenciais para o desenvolvimento de habilidades necessárias para se concluir as atividades com êxito. E para que isso ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 201 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ ocorra é necessário compreender as informações, saber trabalhar com elas, abstrair formar novos conceitos, raciocinar, planejar, desenvolver o raciocínio lógico e estratégias de resolução de problemas, etc. Habilidades estas consideradas base para um desenvolvimento pleno, tanto na área profissional quanto na área interpessoal. Baseado na teoria piagetiana, os estágios de desenvolvimento, entre os 6 e 12 anos é denominado o período das operações-concretas, na qual a criança possui capacidade de manipular representações mentalmente, porém a manipulação mental esta limitada a objetos concretos, em que a criança possui ainda conservação de quantidade e reversibilidade do pensamento descentralizado. Dessa maneira pode-se salientar que esta idade oferece um momento propício para a estimulação orientada e estruturada do desenvolvimento de funções cognitivas que viabilizam o incremento das estruturas do indivíduo. Jean Piaget e Lev Semionovich Vygotsky são os referências mais usados para as orientações pedagógicas destinadas a criação de metodologias de ensino, suas contribuições são validas para teorias psicológicas da educação e do desenvolvimento cognitivo. A psicologia cognitiva é uma das áreas de grande investimento atualmente, é a compreensão da relação entre as bases biológicas e comportamentais do desenvolvimento cognitivo, bem como das habilidades cognitivas tais como: atenção e concentração, planejamento metacognição, etc. Conforme já citado, para este projeto estaremos utilizando o referencial teórico desenvolvido e estudado por Jean Piaget. Piaget (1996, apud LA TAILLE, 1992, p. 314) afirma que ''a inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interação sociais que são, em geral, demasiadamente negligenciadas''. Escreve ainda ''o homem normal não é social da mesma maneira aos seis meses ou aos vinte anos de idade, e, por conseguinte, sua individualidade não pode ser da mesma qualidade nesses dois ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 202 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ diferentes níveis'' (Piaget, 1996, apud LA TAILLE, 1992, p. 12). Assim, pode-se destacar o binômio biológico-social na construção a inteligência e psique humana. O processo da ciência cognitiva é marcado por diversos autores, cientistas, com informações pesquisas e teorização. E a partir da década de 50 várias áreas do conhecimento se unem com um objetivo em comum: explicar como a mente funciona. O cognitivismo, epistemologia básica das ciências cognitivas, é abordado por diversos autores, para Piaget (apud LA TAILLE, 1992, p.17), ―o processo cognitivo é regido pela aplicação de regras, que são construídas durante o processo de desenvolvimento através da ação no mundo de um sujeito orientado para metas e dotado de consciência como fenômeno biológico básico''. O paradigma piagetiano segue um referência ontogenética, que compreende o ser humano a partir de uma teoria evolutiva. A descrição do desenvolvimento e das mudanças evolutivas são pautadas em um processo de acomodação e assimilação das informações ambientais. Como dito anteriormente o período operatório concreto é o aperfeiçoamento de algumas funções cognitivas em crianças, como: aumento do conhecimento específico, maior capacidade de processamento de informação, avanços na capacidade metacognitiva, desenvolvimento de sentido de jogo, e o aperfeiçoamento as competências já existentes. Tais funções integradas processam uma habilidade essencial para a adaptação e desenvolvimento da criança, a inteligência, que pode ser compreendida como a capacidade de compreender ideias mais complexas, usar diferentes formas de raciocínio. E o fortalecimento das FE ampliam as possibilidades de aprendizagem escolar e não escolar. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 203 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 2.1 JOGOS E APRENDIZAGEM O uso de jogos no ambiente escolar tem sido um recurso comum para envolver as crianças na aprendizagem escolar. O jogo é identificado como uma atividade que envolve regras, na qual todos devem agir de comum acordo. Porém, não basta apenas jogar, é preciso todo um projeto pedagógico considerando a inserção dos jogos em sala de aula. Para elucidar essa melhor essa questão, será utilizado dos estudos realizados por Piaget (1946/1990) em a Formação do símbolo na criança. Na obra, o autor estuda e descreve como a criança constrói a inteligência passando das formas mais elementares às mais complexas. O ato da inteligência, caracterizado como um processo cognitivo e denominado de adaptação cognitiva, se dá por completo quando a assimilação e acomodação estão equilibrados. Assim, os sujeitos são capazes de interpretar o mundo a partir de seus esquemas assimiladores ao entrarem em contato com elementos do meio, assimilando-os, podendo ou não acomodá-los. Pode-se dizer que, os novos conhecimentos são constituídos quando os conhecimentos anteriores se reorganizam transformando em um conhecimento ampliado. Como podemos notar na primeira parte da obra o autor descreve a gênese da imitação, este estudo nos possibilita entender como o jogo é essencial na vida da criança, pois no primeiro momento temos a imitação como forma do processo de acomodação e com as ações e interações com o meio o passamos a evidenciar a integração entre a assimilação e a acomodação. Levando em consideração o desenvolvimento cognitivo Piaget (1946/1990) organizou os jogos em três grandes estruturas: o jogo de exercício, o jogo simbólico e o jogo de regra. Os jogos de exercício (0 – 2 anos) têm início quando os reflexos cedem lugar aos primeiros esquemas de ação. Neste momento, atos involuntários são transformados ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 204 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ em voluntários, iniciando a formação da consciência a criança começa a repetir exaustivamente a ação, a fim de obter o resultado considerado interessante. Os jogos simbólicos (por volta dos 3 a 6 anos) caracterizam-se por ir além do simples prazer de agir, passando a fazer uso de símbolos. A criança é capaz de reproduzir e recriar as experiências vividas em seu dia-a-dia. É por meio dessa representação construída no jogo simbólico que as crianças lêem e interpretam o mundo. O foco do projeto de iniciação científica estará nos jogos de regras (por volta dos 7-8 anos), neste período a criança tem o domínio do pensamento operatório concreto. Macedo (1994) coloca que os jogos de regras facilitam na criação de situações de observações e troca de informações a partir do diálogo entre os pares, o que favorece a construção do conhecimento e o estabelecimento de relações sociais. Piaget (1946/1990, p. 182) define o jogo de regras como sendo ―uma atividade lúdica do ser social‖ devido a existência de um conjunto de leis e um conjunto de regras que devem ser seguidas o que predomina um caráter eminentemente social, pois a sua violação apresenta uma falta. Em sua obra O juízo moral na criança (1932/1994), Piaget teve por objetivo pesquisar a gênese e a evolução da prática e da consciência das regras entre as crianças. Para tanto, utilizou o método clínico para investigar a prática das regras (maneira como os sujeitos de diferentes idades se adaptam e aplicam as regras), a consciência das regras (maneira pela qual as crianças sentem, interpretam e assimilam o caráter obrigatório das regras). Segundo Cezar (2009) [...] o confronto de diferentes pontos de vista, essencial ao desenvolvimento do pensamento lógico, está sempre presente no jogo, o que torna essa situação particularmente rica para estimular a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 205 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ vida social e a atividade construtiva do indivíduo. Ao tomar decisões usando as regras propostas pelo jogo, os alunos constroem seus limites agindo como sujeitos da aprendizagem (CEZAR, 2009, p. 38). Para vários autores (MACEDO, 1994; 2000; 2005 e BRENELLI, 1996), o jogo interfere no desenvolvimento da imaginação, representação simbólica, dos sentimentos, do prazer, das relações, dos movimentos, da auto-imagem e principalmente no desenvolvimento cognitivos dos indivíduos. Para Macedo (1994) os jogos de regras demonstram as transformações que a criança passa até atingir a reversibilidade do pensamento. Jogar e compreender o jogar implica a assimilação recíproca de esquemas de pensamento, de ação e coordenação de diferentes pontos de vista. Quando o sujeito realiza essa coordenação ele se descentraliza e trabalha junto com os seus parceiros, assim podemos dizer que o jogo de regras favorece a cooperação entre os indivíduos ao submeter suas ações às normas do grupo. Com relação aos jogos de regras, esses se mostram adequados a uma análise voltada para área da neurociência, pois as tarefas propostas no jogo tende a favorecer as atividades cognitivas e seu exercício, proporcionando à criança a utilização de áreas do cérebro até então pouco usadas. Assim, com essas tarefas o experimentador pode observar o desenvolvimento das descobertas que a criança faz ao tentar resolver o problema. No jogo, apesar de existirem regras que colocam certos limites, várias ações podem ser tentadas. Ele apresenta muitas possibilidades para as crianças utilizarem os esquemas que lhe pareçam adequados, ou seja, ela tem a liberdade de escolher a maneira como deve atuar na elaboração de uma jogada ou na solução de um problema. Além disso, o jogo se caracteriza como uma tarefa concreta que a criança tem que resolver e com situações bastante ricas que favorecem o interesse cognitivo. Na elaboração de cada jogada é preciso tomar decisões para se atingir o ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 206 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ objetivo de ganhar o jogo. Essas decisões revelam o tipo de representação da tarefa que o sujeito faz para si mesmo e os procedimentos utilizados nela. 3 METODOLOGIA Para atingir os objetivos da pesquisa, optou-se pelo desenvolvimento de uma pesquisa de caráter qualitativo. De acordo com Lüdke e André (1986), a pesquisa qualitativa é a que oferece maiores condições para a compreensão da dinâmica presente no ambiente escolar, pois: ―[...] a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo [...]‖ (LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 11) Conforme Lüdke e André (1986) e Bodgan e Biklen (1999), para que uma pesquisa seja qualitativa o pesquisador deve ser orientado por cinco pressupostos básicos: assumir o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento; os dados coletados devem ser descritivos; priorizar mais o processo do que o resultado; tratar com atenção a maneira como os informantes encaram as questões propostas; e, por último, a análise dos dados deve tender a seguir um processo indutivo. A pesquisa contempla as quatro últimas características, pois a primeira característica não será atendida visto que no momento das intervenções os sujeitos serão retirados da sala de aula para vivenciar uma situação excepcional. Participarão da pesquisa 6 (seis) alunos de uma escola pública, com idade variando entre 8 (oito) a 9 (nove) anos. Para seleção dos alunos será aplicado o teste sobre dificuldades em escrita elaborados por Sisto (2001b) – ADAPE – Avaliação de Dificuldades de Aprendizagem da Escrita. Os níveis de dificuldade de escrita nos alunos identificados por meio do ADAPE serão organizados por categorias ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 207 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ estabelecidas a partir do número de erros apresentados por cada criança, conforme tabela (tabela 1) abaixo: Palavras erradas Classificação Até 10 erros Sem indícios de DA 11-19 erros DA leve 20-49 erros DA média 50 ou + erros DA acentuada Tabela 1: ADAPE – Avaliação de Dificuldades de Aprendizagem da Escrita elaborados por por Sisto (2001b). A pesquisa será desenvolvida com alunos do ensino fundamental, de uma escola pública do município de Paravanaí/PR. A escola será selecionada de acordo com sua aceitação à realização da pesquisa. Optou-se por realizar a pesquisa em uma escola pública por facilitar a coleta de dados dentro do prazo previsto para o desenvolvimento do projeto de iniciação científica. Prevê-se que a aplicação a revisão bibliográfica e a elaboração dos artigos científicos para os eventos sejam realizados ao final do segundo semestre de 2013, enquanto que a organização dos instrumentos de pesquisa, coleta de dados, análise dos dados, elaboração do relatório da pesquisa sejam realizados no primeiro semestre de 2014. Em conformidade com essa modalidade de pesquisa será utilizada para a coleta de dados referentes à intervenção pedagógica a observação sobre o desempenho dos alunos com relação as dificuldades apresentadas. Além disso, a observação dos alunos será reforçada pela gravação de todas as sessões envolvendo a aplicação do jogo sudoku com os alunos antes, durante e depois do processo de intervenção pedagógica. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 208 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Serão realizadas entrevistas individuais sobre Tomada de Consciência, adaptadas dos estudos de Piaget (1977) com os alunos antes, durante e depois do processo de intervenção pedagógica. Serão realizadas 10 (dez) sessões com 1 (duas) horas de duração cada uma em contra turno, e os alunos serão divididos em 3 (três) duplas. A análise dos dados, conforme citado anteriormente terá uma abordagem quantiqualitativa. Trata-se de um estudo empírico, quantiqualitativo que conforme já citado terá o método clínico como categoria de análise. Este método é utilizado por Piaget na medida em que ele descreve todas as minúcias da conduta dos sujeitos ao longo do processo de coleta de dados. Essa abordagem faz-se necessário para mostrar a dinâmica da conduta do sujeito, suas instruções e seus valores, ou seja, seus procedimentos e suas estratégias para obter um resultado, o que possibilita a percepção de seu funcionamento psicológico e neurológico na organização de uma ação. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabemos, por exemplo, com base em evidências neurocientíficas, que há uma correlação entre um ambiente rico e o aumento das sinapses (conexões entre as células cerebrais). Neste sentido, espera-se com a pesquisa que se possa dar subsídios para definir o que é um meio estimulante para cada tipo de aprendizado, quais devem ser as intervenções para intensificar o efeito do meio, e como o aluno irá reagir, além de, compreender que a neurociência não fornece estratégias de ensino. Isso é trabalho da pedagogia, por meio das didáticas. Assim, espera-se entender como, então, o professor pode enriquecer o processo de ensino e aprendizagem usando as contribuições da neurociência. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 209 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 5 REFERÊNCIAS BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: Uma introdução à teoria e aos métodos. Coleção Ciência da Educação. Porto editora, 1999. BRENELLI, R. P. O jogo como espaço para se pensar: a construção de noções lógicas e aritméticas. Campinas, SP: Papirus, 1996. CEZAR, Kelly Priscilla Lóddo. Acentolândia: criação e aplicações de um jogo de regras sobre acentuação gráfica para séries iniciais do ensino fundamental. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Estadual de Maringá. Maringá, PR, 2009. FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. LA TAILLE, Y. de. O lugar da interação social na concepção de Jean Piaget. In: LA TAILLE, Y. de.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygostky, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MACEDO, L. Ensaios construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994. MACEDO, L.; PETTY, A. L. S. e PASSOS, N. C. Aprender com jogos e situações problema. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. PIAGET, Jean. Biologia e conhecimento: ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognoscitivos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. ______. (1932). O juízo moral na criança. São Paulo: Summus,1994. ______. (1946). A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 3ª ed. Rio de Janeiro, LTC Editora, 1990. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 210 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ ______. A tomada de consciência. São Paulo: Melhoramentos, 1977. SISTO, F. F. Dificuldades de aprendizagem em escrita: um instrumento de avaliação (ADAPE). In: SISTO F. F. (orgs.). Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico Rio de Janeiro: Vozes, 2001b. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 211 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ JOGOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA47 SILVA, Carla Lidiane da (UNESPAR/FAFIPA, [email protected]) 48 MORAIS, Lygia Christina Zerbato de (UNESPAR/FAFIPA, [email protected] )49 RESUMO A presente pesquisa busca apresentar a importância dos jogos matemáticos no desenvolvimento infantil, mostrando aos profissionais da educação a importância deste tema para os conteúdos pedagógicos, no inicio da interatividade dos educandos com o ensino regular (escola). Foi feito um levantamento frente às possibilidades que os jogos matemáticos auxiliam no processo ensino e aprendizagem. É uma pesquisa de natureza qualitativa, de caráter bibliográfico. Fundamentado em documentos, como a Constituição Federal de 1988, as Diretrizes Curriculares de Educação Física, e em autores como TizukaMorchidaKishimoto (1998), Jean Piaget (1975), Lev SemyonovichVygostky (1991), que fundamentará esta pesquisa sobre a relevância dos jogos no desenvolvimento infantil. Os jogos matemáticos ajudam os professores a desenvolver o ensino do conteúdo de forma lúdica, interagindo com a aprendizagem significativa e a mediação de novos conhecimentos. Palavras-chave: Brincar. Jogos. Jogos matemáticos. INTRODUÇÃO O presente trabalho visa à importância dos jogos no aprendizado da matemática na educação infantil, onde poucos professores se arriscam a utilizar esse método no desenvolvimento e no aprendizado da criança, vindo o mesmo ajudar os professores a ensinar brincando, de maneira mais lúdica e interessante aos alunos. 47 Trabalho de conclusão do curso de Pedagogia a ser apresentado à banca avaliadora em 2013. Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. 49 Professor Orientador.Professor e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ 48 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 212 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Sabemos que o conteúdo de matemática apresenta dificuldades entre os educandos nas series iniciais, pois é de difícil compreensão, levando assim o desinteresse pela disciplina. O desinteresse vem pelas aulas terem os métodos repetitivos, mecânicos. Deste modo é necessário a utilização de jogos no desenvolvimento metodológico das aulas, deixando-as atraentes. A criança ao ser mediada ludicamente e pedagogicamente passa a desenvolver o gosto pelo conteúdo, assim vem a pensar, ouvir, cooperar, desenvolvendo também seu senso crítico e seu raciocínio obtendo novos conceitos e dando vazão ao conhecimento lógico, ou seja, através dos jogos os estudantes adquirem conhecimentos matemáticos de maneira alternativa deixando para trás as formas tradicionais, elevando seus conhecimentos com o lúdico. Segundo Kishimoto (1998) o uso do brinquedo e jogos educativos pedagógicos é importante para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem da criança. Busca-se comprovar que a partir da alteração do método de ensino contribua para a facilitação do ensino e aprendizado nas escolas, mediando ludicamente e pedagogicamente ajudam os alunos a desenvolver o gosto pelo conteúdo matemático, pois através dos jogos os estudantes adquirem conhecimento de maneira prazerosa e indiretamente a formalidade que tais conteúdos requerem. É importante ressaltar que, Os jogos exercem um papel importante na construção de conceitos matemáticos por se constituírem em desafios aos alunos. Por colocar as crianças constantemente diante de problemas, os jogos favorecem as (re)elaborações pessoais a partir de seus conhecimentos prévios. Na solução dos problemas apresentados pelos jogos os alunos levantam hipóteses, testam sua validade, modificam seus esquemas de conhecimentos e avançam cognitivamente (STAREPRAVO, 2006, p. 15). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 213 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O jogo tem favorecido na concepção de ensino-aprendizagem sendo utilizado como brincadeira e assim facilitando a aprendizagem na matemática, mas este só será uma metodologia didática se o mesmo for planejado e orientado pelo educador, visando à apropriação dos conteúdos matemáticos intrínsecos nestes, resultando o aprendizado na criança. A criança tem o direito de aprender, não o aprender mecânico, sem significados, mas o aprender em que ele participa, raciocina, compreende que o jogo ajuda a ocorrência do raciocinar lógico através do brincar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (MEC, 1997) apontam que os jogos são de aspecto relevante que provocam os alunos com desafios genuínos, gerando o interesse e prazer, por esse motivo, é importante que o mesmo faça parte da cultura escolar. Os trabalhos com os jogos e as brincadeiras são de relevância para o desenvolvimento do ser humano, pois atuam como maneiras de representação do real através de situações imaginárias, cabendo, por um lado, aos pais e, por outro, à escola fomentar e criar as condições apropriadas para s brincadeiras e jogos. (PARANÁ, 2008, p. 66). O interesse nesta pesquisa surgiu da observação do trabalho docente cotidiano, cuja análise a prioriconstatei a não utilização deste recurso metodológico que são os jogos, ainda observei que tais profissionais da educação tinham pouca compreensão ou nada a respeito, então venho propor com esta pesquisa a fundamentação teóricoprática instrumentalizar estes docentes para alterar seus métodos e facilitando o aprendizado do conteúdo de forma lúdica, deixando a resistência de lado e vindo a conhecer o potencial dessa ferramenta. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 214 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Esse é um estudo de pesquisa qualitativa, voltado para os jogos na matemática, os procedimentos metodológicos são de caráter bibliográfico. 1. DEFINIÇÕES DE JOGOS PARA PIAGET E VIGOTSKY As brincadeiras são fontes interativas para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança, ela contribui para o processo de socialização o brincar é uma coisa seria não é apenas um passatempo com o objetivo de entreter a criança, ou seja, brincar além de lazer é ensinamento, pois brincando a criança desenvolve o discernimento de resolver situações e aprender ao mesmo tempo, aprende a compartilhar, cooperar e compreender o mundo em que vive, desenvolvendo assimsua liberdade e expressão. Toda criança gosta e tem o direito de brincar. De acordo com a Constituição Federal de 1988, artigo 227 diz que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, a profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. E no Estatuto da Criança e do Adolescente no art. 16,diz que a criança tem o direito a brincar, praticar esporte e divertir-se;A criança tem o direito de brincar e se divertir, assim ela se torna mais feliz e com uma vivencia plena. Devendo assim as escolas utilizar de novos métodos a partir de jogos e brincadeiras. Definir o jogo não é fácil, pois pode se ter de várias formas, pode-se entender de jogos de adultos, de crianças, xadrez, quebra-cabeça, brincar de mamãe e filhinha entre outros. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 215 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Nesse sentido,Kishimoto (1988) ressalta que o jogo, os brinquedos e as brincadeiras são termos que se misturam, as diversas brincadeiras faz de conta, jogos simbólicos, sensório motores, intelectuais, dentre outros mostram a existência da diversidade de jogos. O jogo para a criança é a preparação para a vida adulta, cujas regras permeiam a formação moral adulta, isto é, aprende-se brincando conceitos que se formalizam com a maturidade. Para Piaget (1975) esta atividade prevalece à assimilação, em um significado funcional, no qual a realidade é incorporada e transformada pela criança. Há três estruturas que caracterizam os jogos infantis: os jogos de exercício, os jogos simbólicos e os de regras. O jogo de exercício na criança é o primeiro a aparecer com manifestações lúdicas, quando há o prolongamento dessas manifestações, a criança se adapta e passa a fazê-lo sem sentimento apenas por fazer. Vale ressaltar que ―[...] jogos de exercício simples, isto é, aqueles que se limita a reproduzir fielmente uma conduta adaptada, de ordinário, a um fim utilitário, mas retirando-a do seu contexto e repetindo-a pelo único prazer de se exercer tal poder (PIAGET, 1975, p. 150)‖. O jogo simbólico aparece na criança a partir dos dois anos de idade, com manifestações de função semiótica, possibilitando a representação limita-se a fazer de conta, ―[...] o símbolo implica a representação de um objeto ausente, visto ser comparação entre um elemento dado e um elemento imaginado e uma representação fictícia, portanto essa comparação consiste numa assimilação deformante (PIAGET, 1975, p. 146)‖. Os jogos de regra é o abandono do jogo egocêntrico é a socialização da criança com outras crianças, passando a ter controle e regularidade, ou seja, obrigações a serem seguidas pelo grupo, tanto em jogos sensório-motores (futebol, corrida) ou ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 216 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ intelectuais (xadrez, dama), por haver competição há a necessidade de regras. A partir dessa reflexão podemos dizer que ―[...] a regra é uma regularidade imposta pelo grupo, e de tal sorte que sua violação representa uma falta (PIAGET, 1975, p. 148)‖. Segundo Piaget (1975), o jogo ajuda no desenvolvimento infantil, pois jogando as crianças assimilam e podem transformar a realidade, e favorecendo essas situações no âmbito educacional a criança assimila as realidades intelectuais impedindo que permaneça exteriores a sua própria inteligência. Para Vygotsky (1991), a brincadeira é importante para o desenvolvimento da criança e a utilização da imaginação como elemento fundamental para as brincadeiras e jogos. De acordo com Vygotsky, [...] no brinquedo a criança cria uma situação imaginária. Esta não é uma ideia nova, na medida em que situações imaginárias no brinquedo sempre foram reconhecidas; no entanto, sempre foram vistas como um tipo de brincadeira (1991, p. 107). Assim, a brincadeira contribui para a aprendizagem infantil, o papel essencial para a brincadeira é a imitação no qual para Piaget é o jogo simbólico e para Vygotsky é o faz de conta. Mas, além da situação imaginária se comporta a regra. É importante ressaltar que, [...] não existe brinquedo sem regras. A situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já contem regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais estabelecidas a priori. A criança imagina-se como mãe e a boneca como criança, dessa forma, devem obedecer às regras do comportamento maternal (1991, p. 108). Deste modo contribui-se para a construção da realidade e a possibilidade de transformá-la. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 217 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ As brincadeiras e jogos oferecidos para as crianças devem estar de acordo com sua zona de desenvolvimento real. Podemos compreender que zona de desenvolvimento real é o primeiro nível do desenvolvimento das funções mentais da criança, é o que a criança consegue fazer sozinha, sem ajuda, define que suas funções já estão amadurecidas, na definição de zona de desenvolvimento imediato é quando a criança ainda precisa de ajuda, ou seja, a mediação do adulto para resolver algum problema, define que suas funções não amadureceram, mas está em processo de maturação (VYGOTSKY, 2000). De acordo com essas zonas de desenvolvimento há a necessidade do professor conhecer a teoria de Vygotsky. O jogo sob a ótica do brinquedo ainda deverá encontrar um espaço maior nas escolas para obter a execução efetiva e compreensão dos professores, vindo assim contribuir ao desenvolvimento da criança. 2. OS JOGOS MATEMÁTICOS COMO RECURSO DIDÁTICO Para estimular o pensamento, a criatividade e o desenvolvimento do raciocínio lógico é preciso que os professores alterem seus métodos, procurem alternativas para motivar a aprendizagem da matemática. Os jogos quando planejados são um instrumento eficaz na construção do conhecimento, com o objetivo de fazer os alunos a gostarem da matéria, de maneira divertida, mas sempre dirigida pelo professor, ao optar pelo jogo, se faz com a intenção de ensinar um conteúdo ou uma habilidade, mas a escolha deve ter os objetivos claros. O jogo para ensinar matemática deve cumprir o papel auxiliar no ensino do conteúdo, propiciar a aquisição de habilidades, permitir o desenvolvimento operatório do sujeito e, mais, estar perfeitamente ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 218 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ localizado no processo que leva a criança ao conhecimento [...] (Moura, 2012 , p. 47). Desse modo, podemos perceber que, o jogo auxilia no desenvolvimento e no ensino de habilidades, estimula estratégias, que ajudam também na resolução de problemas. E ao justificar a inserção dos jogos nas aulas de matemática, podemos citar pontos positivos para esta prática acontecer, como o lúdico, o desenvolvimento intelectual e a formação social, que acontece ao jogar. Esse método pode ser utilizado para auxiliar o amadurecimento dos conteúdos, o aprofundamento dos itens estudados, preparando cada vez mais para que possam adquirir novos conceitos matemáticos, desbloqueando os medos que cercam os alunos dessa matéria. Nesse aspecto, Borin ressalta, [...] outro motivo para a introdução dos jogos na aula de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muito de nossos alunos que temem a matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem. (BORIN, 1996, p. 9). Ao trabalhar com os jogos matemáticos, os professores poderão perceber os benefícios desse método como um recurso didático, no desenvolvimento do aprendizado dos alunos, pois assim, o professor verá a real dificuldade que seu aluno apresenta, o que conseguiu assimilar, o que conseguiu aprender no decorrer do processo, suas superações, poderá perceber também que se sente mais confiante e feliz, por ter aprendido o conteúdo e assim poderá debater se necessário, outro fator importante é o prazer de uma aula diferente, e a eliminação do medo de errar. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 219 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Mas, para que ocorra um melhor aprendizado, com o uso dos jogos é preciso que os mesmos sejam estudados antes de serem aplicados. Assim, será trabalhado com o concreto, em busca de soluções de problemas e da construção do conhecimento do aluno. Alves destaca que, [...] os jogos propiciam condições agradáveis e favoráveis para o ensino da matemática, uma vez que, com esse tipo de material, o individuo é motivado para trabalhar e pensar tendo por base o material concreto, descobrindo, reinventando e não só recebendo informações. Assim, o jogo pode fixar conceitos, motivar os alunos, propiciar solidariedade entre colegas, desenvolver o senso crítico e criativo, estimular raciocínio, descobrir novos conceitos. (ALVES, 2001, p. 24-25). O importante nos jogos, é que provocam reflexão após trabalhar com o concreto, estabelece relações lógicas por parte do aluno, potencializa a construção do conhecimento. E, é considerada uma estratégia que estimula o raciocínio, ajudando a enfrentar situações vividas no cotidiano. 3. OS JOGOS MATEMÁTICOS DESENVOLVENDO O RACIOCÍNIO LÓGICO Os professores devem ver nos jogos matemáticos, um instrumento para a construção do conhecimento e para os alunos um momento de descoberta, de interesse, para que consigam superar os desafios e atingir o objetivo proposto pelo professor. Para que se desenvolva um raciocínio lógico, o jogo não deve ser apenas um passatempo, mas uma atividade de caráter desafiador, como forma complementação do ensino e aprendizagem de forma concreta. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí de 220 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Ao buscar alternativas para a utilização dos jogos matemáticos, no desenvolvimento do raciocínio lógico, pode-se pensar em matemática desafiadora. Assim, Lara afirma: [...] somente quando nós educadores, centrarmos todos nossos esforços para ensinar matemática seja: desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, desenvolver a criatividade, desenvolver a capacidade de manejar situações reais, será possível pensar em uma matemática prazerosa e interessante, que motive nossos alunos, dando-lhes recursos e instrumentos que sejam úteis para o seu dia-a-dia, buscando mostrar-lhes a importância dos conhecimentos matemáticos para a sua vida social, cultural e politica. (LARA, 2003, p.19). Dessa maneira, Lara coloca a responsabilidade de ensinar nos educadores, dependendo deles o que será transmitido para os alunos, e os recursos utilizados para melhorar as aulas e o desenvolvimento da transmissão do conteúdo. Os professores não devem deixar de inovar, utilizar métodos, e oportunizar aos alunos momentos de construção do raciocínio de forma diferente. Sendo possível inovar, através dos jogos matemáticos, utilizando material concreto, e fazendo com que gostem da disciplina. [...] a matemática tem sido abordada de forma abstrata, com poucas demonstrações concretas e problematizações de conceitos com a realidade, fato esse que dificulta o entendimento dos discentes e como consequência muitos passam a não gostar da área exata. É nesse contexto, que os materiais concretos se configuram em uma possibilidade de recurso para ser inserido no currículo, criando um elo entre teoria e pratica minimizando as rupturas da articulação do cotidiano para o saber escolar. (SILVEIRA, NOVELLO, LAURINO, 2011, p. 20) Assim, os jogos matemáticos como material concreto, auxiliam no desenvolvimento do raciocínio, contemplando os conhecimentos adquiridos e caracterizando a formação intelectual e social dos alunos. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 221 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 4. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Ao longo do desenvolvimento desse trabalho, pude perceber que os jogos no ensino da matemática podem auxiliar no desenvolvimento da aprendizagem do aluno, começando na educação infantil e passando para os outros níveis de ensino. Acredito que a inserção metodológica dos jogos na sala de aula, facilitaria o ensino do conteúdo planejado pelo professor, passando do abstrato para o concreto, mas para que ocorra perfeitamente o desenvolvimento desse método, é preciso que o professor tenha os objetivos claros, total domínio do conteúdo e da técnica a ser utilizada, para a obtenção dos objetivos propostos. Dessa forma, a aula deixa de ter métodos repetitivos e mecânicos, passando a ser mais prazerosa e produtiva, mas para que a utilização dos jogos facilite o ensino e aprendizado é preciso que seja mediado todo o tempo pelo professor. REFERÊNCIAS ALVES, Eva Maria Siqueira. A ludicidade e o ensino da matemática: uma prática possível. Campinas, São Paulo: Papirus, 2001. BORIN, Júlia. Jogos e resolução de problemas: uma estratégia para as aulas de matemática. São Paulo: IME-USP, 1996. BRASIL. Constituição Federal da República Brasileira de 1988. Brasília, [s.n.], 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> Acesso em: 19 abr. 2013. BRASIL. Lei n° 8069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providencias. Brasilia, [s.n.], 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm> ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 222 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Acesso em: 21 abr. 2013. KISHIMOTO, TizukoMorchida (Org). jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1998. LARA, Isabel Cristina Machado de. Jogando com a matemática. São Paulo: Respêl, 2003. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais (1ª a 4ª série): matemática.Secretaria de Educação. Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF,1997. MOURA, M. O. O Jogo e a Construção de Conhecimento Matemático. In: SCRIBD. [S. I. : s. n.]. jun./2012. P. 45-53. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/97134972/A-ludicidade-e-o-ensino-da-matematica> Acesso em: 20 set.2013. PARANÁ. Diretrizes curriculares da Educação física. Curitiba, SEED, 2008. PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. RICCETTI, Vanessa. Jogos em grupo para a educação EducaçãoMatemática em Revista. São Paulo: SBM, 2001, Ano 8 – n° 11. infantil. SILVEIRA, D. S. et al. O uso de materiais concretos no ensino da matemática nas primeiras etapas da escolaridade. In: ICCEEg - Revista de Iniciação Científica em Ciências Exatas e Engenharia. [S. I. : s.n.]. ago./2011. p. 19-22. Disponível em: <http://www.icceeg.c3.furg.br/index.php?Itemid=558&option=bloco_texto&id_site_co mponente=774> Acesso em: 20 set. 2013. STAREPRAVO, Ana Ruth. Jogos para ensinar e aprender matemática. Curitiba: Coração Brasil Editora, 2006. VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 223 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ VYGOTSKY, L. S. A formação da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 224 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ PROCESSO DE LETRAMENTO: UMA VISÃO SOBRE AS PRÁTICAS DOCENTES DO ENSINO BILINGUE PRA ALUNOS SURDOS DA ESCOLA MUNICIPAL ANA RITA DE CÁSSIA. 50 TEIXEIRA,Carla Roberta (Unespar, [email protected]) 51 CRUZ. Elizete Pinto (Unespar, [email protected]) 52 RESUMO Este projeto estudará as bases históricas do ensino do surdo e dos procedimentos adotados até os dias atuais, destacando o processo de letramento bilíngue que é o ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS como primeira língua e o ensino do Português como segunda língua, inserida no campo da educação especificamente no atendimento especializado. Tem como objetivo analisar as práticas pedagógicas do professor de português e do instrutor de libras no processo de letramento oferecido no Centro de Atendimento Especializado ao Surdo - CAES para assim compreender a importância e os desafios encontrados por esses profissionais nesse processo. A metodologia será materialista histórica dialética de cunho bibliográfico e de campo, contando com autores contemporâneos e com a observação livre das práticas dos professores do CAES de Nova Esperança –Pr. Palavras-chave:Letramento. Bilinguismo. Práticas de Ensino. INTRODUÇÃO A dificuldade de comunicação entre surdos e ouvintes tem proporcionado nas últimas décadas uma preocupação dos profissionais e professores envolvidos nesse contexto. Tornar essa mediação mais frequente e comum tem sido um desafio e um desejo desses profissionais. Esses desafios estão atrelados aos métodos utilizados pelos professores, que devem garantir ao surdo um conhecimento científico que 50 Trabalho realizado durante a participação da acadêmica no Programa de Iniciação Científica da Unespar- Campus Paranavaí, com o apoio da Fundação de Apoio à FAFIPA, no período de 20102011. 51 Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. 52 Professor Orientador. Doutor em Educação. Professor e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 225 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ prepare o mesmo para interagir com mais facilidade na sociedade, como define Baldo e Lacono (2008, p.3): ―[...] a educação de surdos também enfrentou – e ainda enfrenta – muitos desafios para proporcionar ao aluno surdo conhecimentos científicos, e através desses conhecimentos, torná-los capaz de interagir e se tornar independente. [...]‖. Dada a especificidade da surdez pautada na experiência visual, no uso de uma língua viso-gestual, e na importância dos educadores da área refletirem sobre o papel da imagem no processo de letramento dos surdos, fomos conduzidos a elaborar esse projeto fundamentado na seguinte pergunta: Qual a importância e os desafios metodológicos para os professores e instrutores de Libras, frente às práticas de letramento no ensino bilíngue para surdos? Com isso busca-se com esta pesquisa analisar as ações docentes envolvidas nas práticas de letramento, tendo o ensino de Libras como primeira língua e o Português como segunda língua a ser ensinada na modalidade escrita, examinar em livros, artigos e documentos nacionais da Educação Especial que apresentem subsídios políticos, teóricos e metodológicos contribuindo para a prática docente, além de compreender o bilinguismo como proposta metodológica para o letramento dos surdos no Centro de Atendimento Especializado ao Surdo. A metodologia terá um enfoque materialista histórico dialética, com análises documentais, bibliográfico e de pesquisa de campo, tomando por base a coleta de dados que será feita através de observações livres. A pesquisa será dividida em três seções, sendo que a primeira abordará aspectos históricos da educação especial que começou de forma trágica na época do extermínio onde matavam as crianças que nasciam com algum tipo de deficiência e só com o passar dos anos e com a evolução da humanidade é que chagamos ao ponto de ―inclusão‖ onde estamos hoje. A segunda seção traz como enfoque ensino bilíngue53oferecido através do método de letramento. Na terceira seção o trabalho traz como temática a pesquisa de campo sob a análise dos dados coletados no processo de letramento como metodologia de ensino aos surdos. 53 Ensino de LIBRAS – língua brasileira de sinais- juntamente com o português. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 226 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Neste sentido, podemos identificar alguns comportamentos sociais, em diferentes períodos, que determinaram a vida e o destino das pessoas com surdez entre as civilizações de ontem e de hoje e assim, apontar a importância do atendimento especializado ao surdo. 1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: DA ANTIGUIDADE AO PERÍODO CONTEMPORÂNEO O atendimento educacional destinado às pessoas com necessidades educacionais especiais, ao longo da história, primou pela exclusão, segregação e até pela eliminação. É possível observarmos que, desde os tempos mais remotos, ao menos dos quais temos alguma informação, os diferentes ou deficientes foram tratados de forma preconceituosa e afastados do convívio social. Durante anos os deficientes auditivos foram vistos como seres incapazes de estudar, trabalhar e de receber ensinamentos bíblicos, essa visão se dava pelo fato da grande influência dos filósofos que viam na fala a única maneira de adquirir conhecimento, dessa forma eram impedidos de realizar algumas atividades como afirma Nogueira, Carneiro e Nogueira (2012, p.3) ―[...] não frequentavam escolas. As pessoas surdas, principalmente as que não falavam, eram excluídas da sociedade, sendo proibidas de casar, possuir ou herdar bens e viver como as demais pessoas‖. Esse pensamento só foi modificado no século XVI em que inicia os primeiros estudos a respeito da capacidade do surdo em aprender. Segundo Skiliar(apud, MOURA, LODI, HARRISON, 1997)até esse século não existia uma escola especifica para surdos o ensino se dava na forma de preceptorato54. 54 Ensino destinado aos nobres onde familiares contratavam professores particulares para desenvolver a fala nos deficientes auditivos, para que esses pudessem herdar as heranças e os títulos familiares. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 227 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Nogueira, Carneiro e Nogueira (2012) salientam que neste século passou-se a acreditar que os surdos podiam aprender sem a intervenção divina em que os profissionais passaram apresentar resultados de seus trabalhos que na maioria das vezes buscavama oralização dos surdos. Durante épocas a língua de sinais teve grande aceitação, porém a partir do Congresso de Milão em 1880 foi abolida dando inicio a prática do Oralismo 55. Na década de 60 o oralismo perde forças devido o insucesso nas tentativas de tornar o surdo ouvinte. Nesse contexto surge uma nova proposta: a Comunicação Total, como define Schinoler (apud, MOURA, LODI, HARRISON, 1997, p.14): Esta nova abordagem, desenvolvida nos EUA, recebeu o nome de Comunicação Total. Ela não foi considerada somente como uma metodologia, mas como uma filosofia que incorpora as formas de comunicação auditivas, manuais e orais apropriadas para assegurar uma comunicação efetiva com as pessoas surdas. Nesse sentido a comunicação total proporcionava uma visão mais ampla em relação ao ensino do surdo, mesmo ainda atrelada ao método oralista, essa nova abordagem incorpora formas de comunicação manual, oral e auditiva fazendo com que o surdo pudesse se comunicar com todos fazendo uso da oralidade e tendo a língua de sinais como apoio na aquisição da linguagem oral eescrita, saindo do seu isolamento, porém essa abordagem não foi suficiente para educação integral do surdo. Os estudos de Stokoe(apud MOURA, LODI e HARRISON, 1997)contribuíram para a proposta bilíngue, ele passou a comprovar que a língua de sinais era uma língua legítima com fragmentos linguísticos como qualquer outra, esse estudo passou a criticar a prática da comunicação total pelo fato da língua oral se sobressair da 55 Essa prática ganhou força a partir da segunda metade do século XIX, na qual era vista como única forma de comunicação existente entre o surdo e o ouvinte e o único meio de desenvolvimento cognitivo, já que a língua de sinais era evitada, pois acreditava-se que essa barrava o desenvolvimento da oralização e era compreendida como uma forma de comunicação rudimentar e incapaz de transmitir conceitos abstratos, resumida a gestos ligados exclusivamente ao meio imediato de comunicação ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 228 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ língua de sinais.Através desses estudos surgiu a modalidade bilíngue que tem como princípio: [...] oferecer à criança um ambiente linguístico, onde seus interlocutores se comuniquem com ela de uma forma natural, da mesma forma que é feito com a criança ouvinte através da língua oral. A criança surda tem a possibilidade, desta forma, de adquirir a Língua de Sinais como primeira língua, não como uma língua ensinada, mas apreendida dentro de contextos significativos para ela (MOURA, LODI, HARRISON, p.19, 1997). Nessa modalidade a língua de sinais é ensinada como primeira língua e em seguida é ensinado à segunda língua que é diferente em cada país, no caso do Brasil a segunda língua ensinada é o português, na modalidade escrita. A língua de sinais também sofre variações de país para país, aqui no Brasil é denominada LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) que teve suas primeiras contribuições teóricas na década de 80. 1.1 PRINCÍPIOS E DOCUMENTOS QUE FUNDAMENTAM A EDUCAÇÃO ESPECIAL De acordo com LDB569394/96 a educação especial é um modelo de educação escolar disponibilizado preferivelmente no ensino regular para alunos que apresentarem necessidades educacionais especiais e que necessitem adaptações específicas nos recursos pedagógicos e metodológicos. O público alvo dessa modalidade são educandos com altas habilidades/ superdotação, condutas típicas, deficiência física motora, visual, auditiva e mental. (BRASIL, apud MORI e SHIMAZAKI, 2012). Porém para chegar a uma modalidade de educação especial foi necessário superar alguns conceitos trazidos desde a Antiguidade em que os deficientes eram vistos como não humanos e muitas vezes mortos ou excluídos do meio social, essa forma de pensar só foi modificado com o surgimento do Renascimento que abriu caminhos 56 Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação Nacional. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 229 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ para a educação especial, sua primeira tentativa se deu de forma assistencialista em meados do século XVIII. (MORI e SHIMAZAKI 2012). A Declaração de Salamanca fez com que se expandisse o conceito de escola inclusiva cuja seu principio central ―é o de que todas as crianças, sempre que possível, devem aprender juntas, independentemente de suas dificuldades e diferenças‖ (MORI E SHIMAZAKI, 2012, p.35). Em função dessa Declaração as Leis brasileiras passaram a incorporar o princípio de integração e inclusão de todos os alunos independentes de suas limitações e/ou dificuldades, leis brasileiras como a Constituição Federal de 1988 que delibera responsabilidade do Estado oferecer atendimento especializado preferivelmente no ensino regular aos alunos que necessitarem a Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional nº 9394/96 que vem confirmar a Constituição de 88 garantindo um ensino na rede regular gratuito e especializados aos deficientes e a Lei Federal 7.853 de 89que confirma tanto a LDB 9394/96 quanto a CONSTITUIÇÃO de 88 com o ensino gratuito e especializado a quem necessitar, no entanto ela criminaliza as instituições que discriminar ou negar matricula ao aluno com necessidades especiais. Leis recentes também reforçam os princípios de integração e inclusão, como a Lei 10.098/2000 que instrui normas gerais sobre a acessibilidade desses alunos no meio escolar(MORI e SHIMAZAKI 2012). 1.2 A INCLUSÃO E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA ÁREA DA SURDEZ No contexto de integração encontram-se os alunos com deficiência auditiva que apresentam mais dificuldades do que os demais, e o ensino se dá de forma oral o que não permite sua participação e interação. Para a participação desse aluno vista sob processo de educação inclusivaé necessário algumas adaptações como define Nogueira, Nogueira e Carneiro (2012, p.4): ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 230 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ No que se refere à surdez, a adaptação escolar significa a oferta de currículo adaptado; critérios diferenciados para a correção de provas discursivas e de Língua Portuguesa; conhecimento de Libras para uma comunicação funcional por parte dos professores e funcionários; a presença do intérprete de Libras, além da oferta de Atendimento Educacional Especializado (AEE) no contra turno [...]. O Atendimento Educacional Especializado – AEE é disponibilizado pela educação especial e tem por objetivo organizar os recursos pedagógicos para proporcionar aos alunos uma ampla participação e interação com o meio social levando em conta suas necessidades específicas, podendo atender de forma suplementar ou complementar. É garantido por lei sendo definido pelo Decreto Nº7611 de 2011: Art. 2o A educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 1º Para fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão denominados atendimento educacional especializado, compreendido como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes formas: I – complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo edos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou II – suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação(BRASIL apud MARQUEZINI, LOPES, 2012, p.45). Como cada deficiência apresenta limitações diferenciadas o AEE passa a atender especificamente cada limitação. Para os alunos apresentem deficiência auditiva o AEE é denominado pelo CAES- Centro de Atendimento Especial ao Surdo onde recebem um ensino de forma complementar e bilíngue, como dispõe o Artigo 22 do Decreto N° 5.626 de 2005 ―[...]§ 2o Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de informação[...]‖(BRASIL apud MARQUEZINI, LOPES 2012, p.78). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 231 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Os profissionais dentro do CAES devem utilizar metodologias que busquem a vivência dos alunos e proporcione meios para aprendizagem disponibilizando o ensino em três momentos didáticos - pedagógicos: Momento do Atendimento Educacional Especializado em Libras onde são ensinados em Libras os conteúdos curriculares; Momento do Atendimento Educacional Especializado de Libras em que é ensinado a Libras como língua Momento do Atendimento Educacional Especializado em Língua Portuguesa onde são explicadas as especificidades da Língua Portuguesa. É válido salientar que o profissional do CAES deve buscar recursos que priorizem a visão para que os alunos compreendam os conteúdos transmitidos (MARQUEZINI, LOPES, 2012). 2EDUCAÇÃO BILINGUE: O SURGIMENTO DO LETRAMENTO NO ENSINO ESPECIALIZADO AOS SURDOS A educação de surdos tem se apresentado como um grande desafio que inquieta os professores das salas de aula regulares e em especial os docentes surdos e ouvintes do CAES, que desenvolvem o trabalho pedagógico no ensino da Língua Brasileira de Sinais como língua materna e no ensino da Língua Portuguesa como segunda língua a ser aprendida por esses alunos na modalidade escrita. Para os professores do CAES, essa inquietação se dá em função da diferença linguística, entre a Língua Portuguesa e a Língua Brasileira de Sinais, entre o ensino dessas línguas e a prática metodológica para garantir uma aprendizagem significativa. O ensino da Língua Portuguesa se dá por meio do letramento que segundo Soares (2006, p.47) é ―estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita‖, ou seja, o individuo não só aprende a ler e a escrever mais sim as utilizam para interagir no meio social. O letramento e a escrita na língua portuguesa dependem da constituição de seu sentido na Língua de Sinais. Daí a importância de se entender que a metodologia ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 232 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ pautada no letramento é a forma mais adequada no processo ensino/aprendizagem do aluno surdo. Percebe-se que na maioria dos encaminhamentos metodológicos envolvendo a prática docente no ensino de Libras e do Português, são utilizados recursos e estratégias com base no processo alfabetização que pressupõe a oralidade como requisito fundamental ao domínio da escrita. Esse tipo de encaminhamento metodológico adotado pelos professores alfabetizadores coloca os alunos surdos em desvantagem em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem da leitura interpretativa e escrita do Português. Quanto mais tradicional for à prática do professor, menores serão as chances de avanços do aluno. Seja partindo de textos, de palavras, de famílias silábicas ou de letras isoladas, o processo de alfabetização baseia-se na relação entre fonemas e grafemas. Assim, não é possível ensinar os surdos a ler e a escrever através do processo metodológico de alfabetização. Para que esse processo se efetive há que se repensar as metodologias atualmente utilizadas no CAES, que em sua grande maioria tem ignorado as singularidades linguísticas dos surdos e seguem reproduzindo as estratégias baseadas na oralidade e na audição como referências para apropriação da leitura e da escrita. Desta forma, faz-se necessário cada vez mais à leitura do processo de letramento aplicado aos alunos com surdez, impondo-se na retomados do conhecimento, da recontextualização pedagógica, da reconstrução das novas maneiras de ensinar e de aprender frente às necessidades e exigências, a identificação de novos problemas, a invenção de novas soluções ou encaminhamentos para uma prática docente que atenda as particularidades de aprendizagem desse alunado. 3PESQUISA DE CAMPO: AS METODOLOGIAS DE LETRAMENTO NO ENSINO BILINGUE PARA SURDOS DO CAES. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 233 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Os dados foram obtidos através de observações realizadas no CAES da Escola Municipal Ana Rita de Cássia, localizada na cidade de Nova Esperança - Pr. As observações ocorreram no mês de junho do corrente ano, tendo como principal objetivo, compreender como funciona o CAES e como se dá as práticas de letramento no ensino/aprendizagem do surdo. As observações serão relatadas de acordo com as atividades aplicadas pelos docentes, sendo descritas as práticas metodológicas desses educadores,bem como, o processo de aquisição da Língua Brasileira de Sinais e da Língua Portuguesa na modalidade escrita por esses alunos com surdez. O Centro faz o atendimento individual em dias específicos para os cinco alunos surdos no período vespertino.A estrutura física da sala é pequena e não comporta um atendimento com todos os alunos nos mesmos dias. O atendimento especializado leva em consideração também os diferentes níveis de aprendizagem que esses alunos se encontram. Para esse atendimento o CAES conta com dois educadores, sendo eles: um instrutor surdo, que ensina a língua natural dos surdos (Libras) e uma professora ouvinte, graduada em Letras com habilitação em Língua Brasileira de Sinais, para o ensino da Língua Portuguesa na modalidade escrita. Foram acompanhadas as práticas docentes aplicadas a dois alunos, que serão chamados de aluno ―A‖ e aluno ―B‖. Na primeira observação acompanhamos as atividades de matemática, trabalhadas primeiramente em Libras e depois em Português. A proposta pedagógica era que o aluno ―A‖ tivesse o conceito maior (<) e menor(>). Para isso, o professor/ instrutor surdo apresentou o livro ―O valor de cada um‖, o aluno ―A‖ pegou livro e foi apontando e fazendo os sinais dos números que apareciam. O professor fez a leitura em língua de sinais, depois foi foliando as páginas apontando para as figuras e mostrando o sinais. Após a exploração feita no livro foi entregue uma atividade ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 234 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ impressa, que pedia para que o aluno ―A‖ pintasse os quadradinhos de acordo com os números e esses eram representados em LIBRAS através da configuração de mãos. Outra atividade proposta pedia para que o aluno circulasse o número maior dentre os demais números. Houve muita dificuldade para o aluno compreender a relação de maior (<) e menor (>), pelo fato dele fazer associação de maior e menor com altura.Os professores então buscaram em outros recursos para a compreensão, como: lápis de cor e material dourado, na tentativa que o aluno ―A‖ associasse quantidade com maior (<) e menor (>). Nessa mesma folha outro exercício pedia para que ele olhasse os números representados em LIBRAS e escrevesse em português o nome dos mesmos. Os professores aproveitaram para retomar o conceito de maior (<) e menor (>) pedindo para que ele representasse com o material dourado a quantidade de cada número e pediu para que ele mostrasse qual seria o maior deles. Ao terminar as atividades, os professores auxiliaram na tarefa da sala de aula regular e fizeram a retomada deste conteúdo. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Com a realização deste trabalho buscamos esclarecer a importância do trabalho pedagógico do Centro de Atendimento Especializado ao Surdo que torna esse sujeito participante e ativo na sociedade, e o destacado o valor do ensinode ensinar a língua de sinais juntamente com a língua portuguesa num processo de letramento. Nas observações realizadas percebemos o quanto é importante a açãoconjunta entre o professorinstrutor de Librase professor ouvinte de Língua Portuguesa que tentam tornar o ensino bilíngue compreensivo e interativo para os alunos surdos, mas que por vezes encontram dificuldades no desenvolvimento desse processo, dificuldades estas que visivelmente se baseiam na falta de interesse dos alunos em aprender o português que é escrito, mas que precisa ser compreendido de forma interpretativa, isso se dá pelo fato de que esses alunos têm como língua materna a Língua de Sinais e o Português seria a segunda língua a ser aprendida por eles, ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 235 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ outro fator de importância nas dificuldades desse processo está relacionado com a frequência flutuante desses alunos, tendo em vista que muitos pais acham desnecessária o comparecimento de seus filhos no Centro em um horário contrario ao ensino regular. Sem duvida, há sim uma busca constante por parte dos educadores do CAES por tornar evidente o uso de práticas diversificadas que privilegiem o ensino visual, que valorize o ensino bilíngue, que crie nos alunos uma expectativa positiva em relação ao processo de letramento, de modo que esses sejam participantes autônomos no processo ensino/aprendizagem educacional e também social. REFERÊNCIAS BALDO,CirleiF. IACONO, Jane P. Letramento para alunos surdos através de textos sociais.[s.l.][s.n.]:UNIOESTE,2008. BRASIL:Atendimento educacional surdez.Brasilia:SEESP/SAED/MEC,2007. especializado: pessoa com BRASIL: A educação especial naperspectiva da inclusão escolar:abordagem bilíngue na escolarizaçãode pessoas com surdez.Brasília:SESP/ MEC,2010. MARQUESINE,Maria C.; LOPES, Esther.Atendimento Educacional Especializado In: MORI, Nerli N.R.; JACOBSEN, Cristina C.(Orgs.) et. al.Atendimento educacional especializado no contexto da educação básica.Maringá:Eduem.2012. MOURA,Maria C; LODI, Ana C. B. 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Letramento: um tema em três gêneros.Belo Horizonte: Autêntica, 2006. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 237 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CAMINHOS HISTÓRICOS DA GESTÃO ESCOLAR: UMA CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES CLÁSSICOS57 SILVA, Célia Regina Ril Teixeira da58 DAMBROS, Aline Roberta Tacon59 RESUMO O presente trabalho vem fazer uma retrospectiva histórica do desenvolvimento da administração escolar no Brasil. Além de abordar alguns teóricos e suas concepções pioneiras que edificaram as bases da administração escolar. Ao decorrer dos estudos, se faz evidente que para chegar a uma gestão democrática foi necessários vários estudos envolvendo fatores econômicos, políticos e social de cada período. Palavras-chave: Administração escolar. Teóricos. Gestão Democrática. Introdução Este artigo tem como objetivo ressaltar os caminhos percorridos da gestão escolar, suas mudanças e continuidades até chegar à gestão democrática. Nesse sentido teve como ponto crucial a reabertura político-democrática no Brasil, através da constituição federal de 1988, conforme o artigo 206, trazendo a gestão democrática como essencial para melhorar a qualidade da educação pública. Através da Carta Magna a Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional-LDBEN 9394/96, ressalta que a educação é um direito de todos e um dever do Estado. Assim a gestão se caracteriza como uma conquista da sociedade civil que visa uma administração escolar voltada nos princípios da democracia, autonomia, da coletividade, da responsabilidade de toda a sociedade ―(...) na busca de que a educação se torne um dos caminhos para a democratização e para a transformação social‖ (BEZERRA, 1996, p.102). 57 Trabalho apresentado na disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico e Gestão Escolar. Acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná/ Fafipa. 59 Professora Ms. Em Educação - UNESPAR/FAFIPA. 58 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 238 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Nessa perspectiva podemos analisar que, para chegar ao espaço de uma gestão democrática que refletem os ideais de toda a sociedade voltada a participação e autonomia que busca a emancipação dos indivíduos na reestruturação de uma sociedade mais justa, é preciso uma analise critica em relação a construção enquanto princípios educacionais. Segundo Drabach e Mousquer (2009), As políticas públicas materializam questões que não se constituem a partir da realidade imediata, mas são decorrentes de um processo histórico envolvendo fatores políticos, econômicos, sociais e culturais, identifica-se a necessidade de reconstruir a trajetória que culmina na configuração atual da gestão escolar, a fim de identificar o percurso deste campo e compreender as bases em que este se assenta (DRABACH E MOUSQUER, 2009, p.258). Diante disso vale destacar a importância de se compreender as inúmeras alterações que acontece e se processam no âmbito educacional, fazendo-se necessário o esforço para abranger todas as transformações que forem necessárias e expressivas para a educação, não se deixando cair por nomenclatura vagas. Diante dessa trajetória histórica o objetivo é ressaltar a luta pela construção legal das políticas publicas no campo educacional, sendo, portanto o caminho que leva até a gestão democrática. Neste trabalho, faremos um retrospecto das contribuições de Leão (1945), Ribeiro (1986), Lourenço Filho (2007) e Teixeira (1961; 1964; 1997) para a organização da escola. Os primeiros escritos teóricos sobre a administração escolar Ressaltamos que a partir da década de 1930, com o avanço da industrialização houve necessidade de uma educação voltada para os interesses de uma sociedade capitalista, com novos ideais de educação inda em contraposição a educação ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 239 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ tradicional, que não se encaixava nessa nova fase do desenvolvimento do país. Nesse momento ―começamos a escrever um novo capitulo no campo da administração da educação‖ (SANDER, 2007b, p.425). Dentro dessa nova realidade muito intelectual preocupado com a educação brasileira, que estava necessitando de um novo campo educacional, com métodos mais científicos, surge o manifesto dos pioneiros da educação nova como um divisor das águas, mencionando, a falta de ―espírito filosófico e científico na resolução dos problemas da administração escolar‖, mostrando esse fato como o principal responsável pela ―desorganização do aparelho escolar‖ (MANIFESTO, 1932). Em função disso, os pioneiros e aqueles que assinaram o manifesto, e o legitimaram tornando oficialmente público em 1932, os idealizadores desse projeto educacional, estavam preocupados em atender as necessidades sociais, culturais e educacionais da Brasil. Foi nesse contexto histórico, que surgiu a base dos primeiros escritos teóricos que contribuíram muito nesse período, e na organização do tema educacional, relativo à administração escolar. Assim, entendemos que houve uma ruptura entre o ―tradicional‖ e o ― novo‖, diante disso o manifesto dos pioneiros da escola nova reflete o momento histórica da educação brasileira. Este documento reivindicava a construção de um sistema de educação, na qual era dever do Estado garantir ao cidadão o direito a uma educação integral, portanto é dever do Estado ―(...) considerar a educação, na variedade de seus graus e manifestações como função social e eminentemente Pública (...) (MANIFSTO,1932) Vale ressaltar que dentre muitos autores que compartilham das idéias destaca-se neste cenário Leão (1945), Ribeiro (1986), Lourenço Filho (2007) e Teixeira (1961; 1964; 1997). A partir desses autores que são considerados pioneiros na temática da administração escolar destacaremos suas principais idéias, tendo em vista que o campo educacional organiza-se como ―arena de lutas, de conflitos nos quais os ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 240 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ agentes almejam impor, como legítimos, os arbitrários culturais mais compatíveis com seus capitais‖ (PEREIRA e ANDRADE, 2007p. 139). a) Leão (1945) Entre os autores que se dedicaram a estudar a administração escolar, destaca-se em primeiro os escritos de Antônio de Arruda Carneiro Leão (1945). Leão, em seus estudos sobre a administração era contra a ideia de administração escolar ser considerada empírica, destacando a difícil tarefa de dirigir a educação e compreender uma forma de administração escolar modernizada, nesse sentindo, ‖A Administração da educação começa a inspirar-se na organização inteligente das companhias, das empresas, das associações industriais ou comerciais bem aparelhadas‖ (DRABACH e MOUSQUER, 2009, p.261apud LEÃO, 1945, p.154) Leão (1945) fundamenta seus estudos sobre a administração escolar no âmbito da administração geral de Henri Fayol. Nesse sentido deixa explicito uma estrutura escolar baseada na hierarquia de funções, cuja figura central e o diretor de educação. Nesta perspectiva de administração, os diretores assumem papel predominante. O Diretor da Educação é a figura central, Pois é ele quem ―dirige o trabalho modelador de outras vidas, ajuda a progredir, mental e moralmente a comunidade inteira. È o líder, condutor educacional de sua gente, o árbitro nos assuntos de educação‖. (DRABACH e MOUSQUER, 2009, P.261apud LEÃO, 1945, p.158). Portanto para desempenhar esta tarefa, esse profissional deve ser culto com uma boa formação acadêmica, ser conhecedor e experiente para tomar as decisões referentes às suas atribuições nessa função. Algumas das prioridades de sua função seriam preparar o orçamento, supervisionar as atividades pedagógicas, acompanha e determina a política educacional, selecionar o corpo técnico etc. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 241 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Esse Diretor seria interessante que conhecesse o modo de vida e o cotidiano dos alunos de sua época, que são atendidos nessa instituição, compreendendo as teorias de Psicologia, Filosofia e Sociologia da Educação, para garantir que seus ideais de educação proporcionam-se o desenvolvimento de estratégias administrativo que condizem seus ideais de administra esse espaço. Por isso o diretor que ‖renova, deve ser educador, no mais amplo sentido do termo ―(LEÃO, 1945, p.159). O autor ressalta que a figura do Diretor Escolar é de suma importância tanto, política e socialmente nesta estrutura, reforça que este tem que ser um educador ―(...) com conhecimento da política educacional e dos saberes técnicos administrativos‖. Sendo subordinado ao Diretor da Educação, tendo concentradas as funções administrativas. Ele não deixa de ser educador, mas sua ação amplia-se .É então o coordenador de todas as peças da máquina que dirige, o líder de seus companheiros de trabalho , o galvanizador de uma comunhão de esforços e de ações em prol da obra educacional da comunidade ( LEÃO ,1945,p.167). b) Ribeiro (1986) Outro autor que se destacou significativamente com suas produções acadêmicas foi José Querino Ribeiro. Suas obras sobre administração escolar foi de suma importância histórica, especialmente o clássico, Ensaio de uma teoria da administração escolar, que informa maneiras de organização e administração escolar. Para Ribeiro (1986) argumenta que em decorrência do ―processo social geral‖, a escola ganha cada vez mais importância ― na constelação das instituições sociais :suas atividades especificas começam a ser sobrecarregadas pela multiplicação , ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 242 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ variação e extensão das coisas que deve ensinar e fazer aprender‖ (DRABACH e MOUSQUER ,2009,p.262apaud RIBEIRO , 1986,P.27). Portanto com esse novo cenário que começou com o movimento de escola nova, surge à necessidade de construir uma instituição escolar que pudesse atender amplamente as classes sociais, principalmente as populares, através do financiamento publico da educação, a unificação do ensino. Mas, seria necessário que a educação garantisse bons resultados. Para que a escola atingisse esse objetivo era importante que a escola pudesse contar com profissionais habilitados, que tivesse conhecimento e técnica das formas de administrar, coordenar essa instituição e modificá-la adequando as novas demandas, para obter uma educação publica de qualidade, que levasse o desenvolvimento social e econômico o país. Nesse sentido, Ribeiro, como também Leão (1945), via a efetivação de uma administração escolar segura como uma alternativa necessária: A administração escolar vai funcionar como um instrumento executivo, unificador e de integração do processo de escolarização, cuja extensão, variação e complexidade ameaçam a perda do sentido da unidade que deve caracterizá-lo e garantir-lhe o bom êxito (DRABACH e MOUSQUER, 2009, p.263 apud RIBEIRO, 1968, p.30) Portanto, administração deveria ser fundamentada nos princípios da filosofia e de uma Política de Educação e constituir suas atividades escolares nesses princípios, procurando melhores objetivos e idéias que fossem de encontro a essa nova escola, ou seja, que objetivos pretendem alcançar e que escolhas deverão determinar esse processo educativo com base nessa Filosofia, na qual se almeja realizar, sendo assim seus suportes deverão ser relacionadas a muitas ciências, como a biologia, a psicologia e a sociologia. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 243 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Um dos fatores desse processo de escolarização moderna, sob o ponto de vista técnico, destacado por Ribeiro (1986), são principalmente os princípios que incluem idéias, de liberdade, responsabilidade, unidade e princípios de economia, ou seja, melhor rendimento das atividades com menos gastos dos recursos , para atingir os objetivos da escola .Assim tanto Leão (1945),Ribeiro (1986) , buscaram suas teorias de Administração Escolar nos fundamentos de Administração Empresarial com base cientifica de Taylor e Fayal, cuja a figura central é o Diretor que tem o direito de mandar e de se fazer obedecer.Visto que sua autoridade , lhe é conferida por lei e mandar é uma das competências de seu cargo .Portanto a figura do Diretor seria ideal pois esse controla o processo de organização das escolas. No entanto nas relações de trabalho dentro das instituições escolares, segundo Ribeiro deve ser estabelecida através de manuais e regulamentos internos, deve ser estabelecido de forma autoritária e hierarquia na figura do Diretor, na qual não há participação dos demais membros da escola , pois suas ordens são garantidas Por lei, devendo ser obedecidas e respeitadas por todos severamente. Os chamados manuais descrevem minuciosamente como os indivíduos devem utilizar os materiais (...) instruindo sobre técnicas, processos, cuidados, precauções e demais medidas pertinentes. Os regulamentos estabelecem as normas de procedimento dos indivíduos em relação aos chefes, subordinados e colegas do mesmo nível hierárquico (RIBEIRO, 1986, p.140). Conforme os dados acima, constatamos que as teorias e estudos apresentados no decorrer de sua obra sobre a administração escolar, Ribeiro conclui que: Administração Escolar é o complexo de processos, cientificamente determináveis, que, atendendo a certa filosofia e a certa política de educação, desenvolve-se antes, durante e depois das atividades escolares para garantir-lhe unidade e economia (RIBEIRO, 1986, p.179). c) Lourenço Filho (2007) ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 244 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Outra importante contribuição Foi de Manuel Bergstrom Lourenço Filho (2007), na sua visão ―as escolas existem para que produzam algo , em quantidade e qualidade‖(LOURENÇO FILHO ,2007,p.19), através dessa idéia percebe-se sua preocupação em relação a administração escolar e como essa instituição pode contribuir no progresso da ―produção econômica da cada país , segundo o que estejam gastando , e como estejam gastando os dinheiros públicos ―(LOURENÇO FILHO,2007,p.20). Neste contexto percebe-se a semelhança dos conceitos entre os autores já relacionados sobre as influencias e decisões no ramo econômico. Lourenço Filho ressalta que a administração escolar deve perder as características de improviso, buscando pautar seu desenvolvimento racional, e sua estrutura na ciência, organizando esse conhecimento para que se possa desenvolver-se na área acadêmica da administração escolar e aplicar em seus espaços e que esse seja adequado na realidade e situações na qual o ensino se apresente. Nesse raciocínio, Lourenço Filho defende que a organização seja o elemento principal desse novo espaço escolar e organizar, que nessa direção, diz respeito a ―bem organizar elementos (coisas e pessoas) dentro de condições operativas (modos de fazer), que conduzam a fins determinados‖ (FERNANDES ,2011,p.22 apud LOURENÇO FILHO ,2007,p.46). Dessa maneira a administração escolar, vai se empenhar em organizar esse novo contexto, demarcando um ambiente de responsabilidade e níveis de atuação, com o objetivo de garantir que a escola execute um trabalho coeso e eficiente. Lourenço Filho (2007), não descarta as teorias clássicas (Taylor e Fayol), porém embasou suas teorias nos estudos das teorias novas (March e Simon), essas teorias lançam um novo olhar para esse indivíduo, que fazem parte dessas organizações, buscando no campo da psicologia e sociologia importante contribuição e informações a respeito dos recursos humanos que compõem essa organização. Ou ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 245 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ seja, enquanto ―as teorias clássicas centralizam sua atenção no processo administrativo formal; nas teorias novas, essa atenção se estende ao comportamento administrativo ―(IDEM, p. 57). No entanto as teorias novas vêm completar as teorias clássicas não rejeitá-las. Por isso Lourenço Filho apóia-se nessas duas correntes, e afirma que o sistema escolar não esta limitada as atividades de planejamento, supervisão, controle e avaliação, porém, destaca a importância da valorização das relações humanas nesse espaço escolar, sem esquecer as estruturas hierárquicas e organizacionais, mas ponderar seu comportamento e sua atuação, no sentido de ajustar esses indivíduos, em busca de uma satisfatória eficiência do grupo docente. No entanto, Lourenço Filho descreve a organização da estrutura hierárquica em quatro ―níveis essenciais‖ que vão pautar a administração escolar: o aluno cujo ―papel é aprender, ou de participar de situações em que possam adquirir formas úteis de comportamento e discernimento, guiados pelos mestres‖ (LOURENÇO FILHO, 2007, p.69); ao mestre cujo papel é ensinar; diretor da escola na qual o papel cabe a autoridade sob os demais, que lhe fora delegado pelos órgãos mais amplos. Nesse sentido, ressaltamos que a atuação do diretor referente as atividades escolares já defendida por Ribeiro (1986) e Leão (1945),como : ―planejar e programar , dirigir e coordenar , comunicar e inspecionar , controlar e pesquisar‖(IDEM, P.88), o diferencial para Lourenço Filho esta relacionado no fato de que na escola , por se tratar de serviço ( ensino)e não de produto (industria) , esta atividade administrativa estão pautadas , basicamente , nas relações humanas , dessa forma levar os sujeitos a participarem desse seguimento de forma ―integra e solidaria , responsável pelo bom funcionamento do processo no qual não conceberam, mas são os sujeitos principais‖ (FERNANDES,2011,p.24). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 246 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ d) Teixeira (1961; 1964; 1997) Anísio Teixeira começou escrever sua teoria sobre administração escolar, a partir das suas próprias observações e experiências enquanto administrador em órgãos da educação especialmente como secretário da educação na qual reformou o sistema educacional do Distrito Federal. Seus escritos encontra-se em periódicos ou capítulos de seus livros, não chegou a estruturar uma obra especifica sobre esse assunto. Teixeira (1986) compartilha da mesma visão dos demais autores, em relação à necessidade de mudanças na estrutura escolar: Pois as transformações que ocorrem na sociedade requerem uma escola com capacidade de atender as necessidades sociais e individuais. Assim a escola que sempre foi espaço privilegiado da elite, agora precisa de um espaço democrático que de acesso a todos os indivíduos indistintamente, destacando a necessidade de uma escola ampla que garanta a todos o direito de aprender com igualdade e qualidade. Dessa maneira Teixeira manifesta uma preocupação eminente sobre a questão de qualidade do ensino diante desse processo de expansão dos sistemas escolares, demonstra sua preocupação com a administração escolar, pois se o espaço escolar precisa ser transformado conseqüentemente seus agentes também. Assim haverá a garantia de uma escola onde todos, tivesse acesso ao conhecimento. Portanto, nas pequenas escolas, na qual um único mestre experiente concentrava muitas funções, não se restringindo apenas ao ato de ensinar, mas, a função de administrar este pequeno espaço passa por mudanças na sua estrutura e precisa adaptar-se a essa nova realidade, a complexificação dos sistemas escolares tendo necessidade de buscar novos profissionais em todas as camadas sociais e intelectuais para que atuem nesse novo cenário. Assim a administração escolar necessita de novos métodos. Nas palavras de Teixeira: ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 247 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Como tenho de educar toda a população, terei de escolher os professores em todas as camadas sociais e intelectuais e, a despeito de todo o esforço de prepará-lo, trazê-los para a escola ainda sem o preparo necessário para que dispensem eles administração. Este se terá de fazer altamente desenvolvida, a fim de ajudá-lo a realizar aquilo que faziam se fossem excepcionalmente competentes. (...) Quanto mais imperfeito for o magistério mais preciso de melhorar as condições de administração(TEIXEIRA,1986,p.86) Conforme, constatamos que aquelas três funções que se davam intrinsecamente ao ato educativo-administrar, ensinar e guiar – estas deverão constituir, a partir de então, as funções do administrador escolar, supervisor de ensino, orientador, ou guia dos alunos. Desta forma afirma Teixeira que ―somente o educador ou o professor pode fazer administração escolar‖ (1964, p.14), desde que esse profissional tenha uma vasta experiência no ensino e especialização em estudos que sejam pós-graduados, com vista a garantir a manutenção do processo educativo Ao ponderar sobre a natureza própria da educação –na qual o produto final absolutamente e humano ; diferente da fabrica , na qual o produto são objetos , coisas , o autor nega para administração escolar conceitos da administração clássica , afirmando que: Embora alguma coisa possa ser aprendida pelo administrador escolar de toda a complexa ciência do administrador de empresas de bens materiais de consumo, o espírito de uma e outra administração são de certo modo até opostos. Em educação, o alvo é o educando a que tudo mais está subordinado; na empresa, o alvo supremo e o produto material, a que tido mais está subordinado. Nesta, a humanização do trabalho é a correção do processo de trabalho, na educação o processo é absolutamente humano e a correção um certo esforço relativo pela aceitação de condições organizatórias e coletivas aceitáveis . São, assim, as duas administrações polarmente opostas (FERNANDES, 2011, p.27 apaud LOURENÇO FILHO, 2007, p.15). O autor apesar de contemporâneo aos demais, ele é o pioneiro que rompe com a defesa de conceitos de administração clássica no âmbito escolar, afirmando que busque sua identidade respeitando e adequado á educação. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 248 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Considerações finais Ao concluir este artigo ficou evidente a importância que alguns teóricos clássicos tiveram na elaboração de uma nova organização escolar, baseada nos princípios filosóficos e científicos, voltado para uma nova sociedade capitalista, onde o capitalismo industrial determina suas bases atribuindo a sua necessidade de formação de mão -de –obra para uma nova educação que viesse de encontro aos seus objetivos. Contudo é evidente que a gestão escolar sempre teve sua organização relacionada com as necessidades e interesses da sociedade capitalista. Portanto, para se chegar à implantação de uma política educacional, voltada não somente para o capitalismo, mas, para a real necessidade da sociedade, foram necessários movimentos redemocratizantes do país e das instituições sócias para um novo modelo de educação, alterando assim a técnica administrativa que era exercida na época, reelaborando uma gestão atual que ultrapassasse as fronteiras do capital em direção a uma educação de qualidade. Desta forma, temos a promulgação das bases democráticas na escola, como uma possibilidade de melhor articulação entre Estado e Comunidade. Referências DRABACH, N. P. Primeiros Escritos sobre Administração Escolar no Brasil aos escritos sobre gestão escolar: mudanças e continuidade. 2009.81f.monografia (Especialização em Gestão Educacional) - Universidade Federal de santa Maria, Santa Maria, 2009. LEÃO, A. C. 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(ADORNO/HORKHEIMER, 1991, p. 80) RESUMO O presente artigo tem como pretensão pontuar alguns elementos da indústria cultural, sob a ótica da Teoria Crítica, que influenciam na deformação do imaginário social, no emudecimento dos homens, na banalização da cultura, na elaboração da personalidade, bem como na formação da identidade humana. Para tanto, faremos o resgate histórico das ideias iluministas buscando compreender este período conhecido como o século das luzes, período em que as idéias iluministas eram apresentadas com o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade naquele momento. Também abordaremos o processo de industrialização no Brasil, momento em que a indústria cultural emerge. Finalizando, analisaremos a música popular sertaneja ―Vidro Fumê‖ dos cantores Bruno e Marrone, buscando encontrar elementos da indústria cultural que interferem na constituição da subjetividade humana, no desenvolvimento psíquico, na formação da consciência crítica e do sujeito emancipado. Portanto, a música que se supõe popular tem como intuito manipular a sensibilidade do povo, apaziguar o instinto humano, regredir a audição e impedir a valorização de outras nuanças teóricas. Dessa forma, propomos a reflexão crítica da temática, mola propulsora para uma possível emancipação humana. PALAVRAS-CHAVE: Teoria Crítica. Indústria Cultural. Emancipação. Banalização. 60 Trabalho realizado durante a participação da acadêmica no Programa de Pós Graduação Mestrado da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no período de 2011. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 251 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO A busca pela compreensão de aspectos referentes à indústria cultural tem impulsionado pesquisas nas mais diversas áreas de estudo. O que chama a atenção para a presente pesquisa é a influência dos elementos característicos do mundo industrial na deformação do imaginário social, na banalização da cultura, bem como na formação da identidade humana. A partir do exposto, o presente artigo tem como objetivo proporcionar reflexões iniciais para compreender alguns elementos da indústria cultural, sob a ótica da Teoria Crítica, que influenciam no emudecimento dos homens, na elaboração da personalidade, além de impedir a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e decidir conscientemente. Para o desenvolvimento da pesquisa adotamos como referencial teórico a Teoria Crítica, como já mencionado anteriormente. É no contexto social, cultural e histórico que pautamos a investigação acerca das implicações dos elementos característicos da indústria cultural na falsificação das relações entre os homens e deste com a natureza. Tendo em vista esse propósito, teceremos nossas considerações acerca do tema em pauta, organizando para tanto, um estudo bibliográfico sobre a temática. Nesse sentido, estruturamos o presente artigo em duas partes. Na primeira parte faremos o resgate histórico das idéias iluministas, buscando compreender este momento conhecido como o século da luzes. Em seguida, apresentaremos algumas reflexões sobre o processo de industrialização no Brasil, período em que a indústria cultural se efetiva. Para finalizar, analisaremos a música popular sertaneja ―Vidro Fumê‖ dos cantores Bruno e Marrone, em busca de encontrar elementos da indústria cultural que interferem na constituição da subjetividade humana e na formação da consciência crítica. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 252 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1 UM BREVE ESBOÇO HISTÓRICO Para compreender o processo histórico de preocupação com o novo homem, faz-se necessário remeter ao século XVIII, momento histórico marcado por grandes transformações econômicas, políticas, sociais e filosóficas, entre elas, encontramos o movimento iluminista, o qual defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica. Adversos aos princípios absolutistas e a dominação religiosa, os filósofos iluministas questionavam as formas de opressão, a falta de liberdade e a injustiça que afastava o homem do seu direito natural. Neste sentido, as ideias iluministas eram apresentadas com o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade naquele período, ou seja, esclarecer o obscuro, e o homem a capacidade de dirigir-se, de emancipar-se. Nesse sentido, o pensamento iluminista defendia a razão como o grande instrumento de reflexão, não só enquanto faculdade humana, mas como uma ordem e estrutura da realidade que tem correspondência com a estrutura da mente. Afirmavam ainda que, se o homem não tivesse assegurado sua liberdade, acabaria por aceitar a imposição das crenças religiosas ou do governo que o oprimia. Assim, Adorno/Horkheimer (1991, p. 20) afirmam: No mundo do iluminismo (...) a dominação não é paga apenas com a alienação do homem com respeito aos objetos dominados: com a reificação do espírito, as próprias relações entre os homens foram enfeitiçadas, bem como as de cada um dos indivíduos consigo mesmo. Ele se atrofia até virar o ponto nodal das reações e dos modos de funcionamento convencionais dele esperados concretamente. O animismo animou o real, o industrialismo reificou as almas. De acordo com as considerações dos autores, o iluminismo negou sua proposta emancipadora, a de fazer com que o sujeito se conhecesse, assumisse uma postura crítica e se resgatasse enquanto sujeito. A razão passou a desviar-se da racionalidade técnica e o progresso tecnológico gerou regressão social. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 253 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Outro ponto ressaltado por Adorno/Horkheimer (1991, p. 23) é que: A essência do iluminismo é a alternativa cuja inevitabilidade é a da dominação [...] Coagido pela dominação, o trabalho humano desde sempre se distanciara do mito, em cujo círculo encantado recai sempre de novo sob a dominação. De acordo com os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, todavia era corrompido pela sociedade ao longo do tempo. Acreditavam que fazendo parte de uma sociedade justa, ele alcançaria todos os direitos, até mesmo o de ser feliz. Logo, os filósofos eram contra a imposição de caráter religioso, contra o absolutismo do rei e contra as práticas mercantilistas. Outro fator relevante diz respeito aos burgueses, os principais interessados nos ideais iluministas, uma vez que não tinham poder em questões políticas devido à participação limitada imposta pelo governo, e ainda, eram impedidos de realizarem práticas mercantilistas, no qual o governo interferia nas questões econômicas. Remetendo ainda ao processo histórico, faz-se necessário mencionar a segunda metade do século XIX, período impulsionado pela economia cafeeira, o qual se efetiva no Brasil o processo de industrialização. Na busca de escoar mais rápido e a custos bem menores o café, nosso principal produto de exportação, implanta-se estradas de ferro. Na verdade, as ferrovias constituíram-se na base de um processo de urbanização e industrialização. Saviani (2007, p.188) menciona que, ‖[...] Com efeito, em torno de cada estação desenvolvia-se um núcleo urbano e constituíam-se oficinas de manutenção, (...) emergindo o gérmen de atividades industriais‖. Com o desenvolvimento do núcleo urbano, há invenção de novos equipamentos e o aprimoramento do maquinário, o trabalhador foi sendo substituído pelas máquinas, cabendo a ele apenas o controle delas para que nada de errado ocorresse dentro da linha de produção. Desta forma, o operário passou a ter um comportamento mais passivo diante do processo produtivo. A ele cabia somente as tarefas de alimentar a máquina com a matéria-prima e vigiar o seu funcionamento. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 254 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Nesse sentido, é pertinente mencionar que uma grande mudança nas relações sociais ocorreu. As classes sociais do capitalismo ficaram mais evidentes, de um lado os donos dos meios de produção - burguesia, que buscavam em primeiro lugar lucros, do outro os trabalhadores – proletários, que trabalhavam em condições precárias, ganhando salários miseráveis ao vender sua força de trabalho. Desde o surgimento da propriedade privada e dos meios de produção, até o momento atual, a organização da sociedade permanece fundada nas classes e nas lutas de classes. A urgência desta transformação está estampada na miséria, na violência, na fome, na desigualdade social e econômica, na competição, na exploração, na corrupção, no embrutecimento intelectual, afetivo e moral dos indivíduos. Marx, (1981, p. 911) propõe que ―é preciso lutar por um mundo mais justo e igualitário porque a história do homem não terminou, primeiramente deve vir o ser humano e não a produção.‖ De acordo com Saviani (2007, p. 190) a burguesia industrial brasileira dos anos de 1920 submetia o trabalhador aos ditames da fábrica, controlando, inclusive, sua vida íntima. ―Os lazeres, os ócios, representam um perigo iminente para o homem habituado ao trabalho, e nos lazeres ele encontra seduções extremamente perigosas (...).‖ Essa situação histórica, que se concretizou no Brasil, marca também a edificação da indústria cultural, ou seja, a cultura é transformada em produto comercializado por meio da sociedade capitalista. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 255 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 2 A INDÚSTRIA CULTURAL IMPEDINDO O INDIVÍDUO DE DECIDIR CONSCIENTEMENTE A expressão indústria cultural foi apresentada pelos frankfurtianos Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, na obra ―Dialética do Esclarecimento‖, publicada em 1947. Tal expressão teve como propósito substituir cultura de massas, considerada inapropriada, uma vez que a cultura atual não é produzida pelas massas, mas sim, para elas, isto é, ela é imposta às massas por setores dominantes da sociedade. Aliás, a indústria cultural dedica-se a produção de bens simbólicos destinados ao consumo de massa, por meio dela tudo se torna negócio. Sua finalidade é a produção de cultura, com fins lucrativos e mercantis. [...] Hoje, a regressão das massas consiste na incapacidade de ouvir o que nunca foi ouvido, de palpar com as próprias mãos o que nunca foi tocado, uma nova forma de ofuscamento que supera qualquer ofuscamento mítico vencido. (ADORNO/HORKHEIMER, 1991, p. 26) Ao conquistar o sujeito com formas de espetáculo, a indústria cultural induz o mesmo a se apropriar de conceitos impostos como sendo verdadeiros, impedindo o indivíduo de decidir conscientemente sobre seus desejos, gostos e valores, impossibilitando a formação de cidadãos autônomos, independentes e emancipados. Suas escolhas internas passam a ser controladas pelos estímulos externos e não pelas manifestações autênticas e espontâneas da pessoa. Portanto, indivíduos alienados desfrutam dos produtos da cultura de massa pensando agir espontaneamente, como se seu prazer fosse fruto de sua liberdade, no entanto, toda escolha realizada é determinada por um esquema de astúcia, como Adorno; Horkheimer (1985, p. 119) enfatiza A violência da sociedade industrial instalou-se nos homens de uma vez por todas. Os produtos da indústria cultural podem ter a certeza de que até mesmo os distraídos vão consumi-los alertamente. Tomemos como exemplo a música popular sertaneja ―Vidro Fumê‖ de Bruno e Marrone , lançada em (2012) que diz: ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 256 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Vidro Fumê Foi num telefonema anônimo Uma voz disfarçada Me falou que eu estava sendo traído Eu nem quis acreditar Pensei que era só um trote Mas no fundo do meu peito Já desconfiava dessa minha sorte No calor de um momento Na loucura do meu pensamento eu fui atrás Em busca da verdade de um segredo Senti o amor estremecer Na hora em que eu te vi entrando Num carro importado de vidro fumê Quando você chegou em casa Eu te tratei naturalmente E quando fiz amor contigo a noite inteira, lentamente Foi a canção da despedida Foi de verdade diferente Foi última noite de amor da gente No calor de um momento Na loucura do meu pensamento eu fui atrás Em busca da verdade de um segredo Senti o amor estremecer Na hora em que eu te vi entrando Num carro importado de vidro fume. A partir da música apresentada que se supõe popular, podemos afirmar que o conteúdo interfere significativamente na constituição da subjetividade humana, já que a indústria cultural transmite valores, concepções e modelos de conduta que favorecem o consumismo e incentiva os mecanismos psíquicos regressivos, o que dificulta o desenvolvimento psíquico, a formação da consciência crítica e a formação do sujeito emancipado. A indústria cultural é pornográfica e puritana. Ela reduz o amor ao romance, até mesmo a libertinagem com uma especialidade vendável em pequenas doses e com a marca comercial. (ADORNO/HORKHEIMER, 1985, p. 131). Na medida em que as músicas banalizadas habituam os sentidos ao ‗novo‘ ritmo, aos padrões repetitivos, carregado de refrões, carregado de padrões mercadológicos, ela inculca em todas as cabeças a verdade de que a vida nesta ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 257 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ sociedade é egocêntrica, individualista, banal, vulgar e que não existe outro jeito. Assim, ela é apresentada como elemento de controle e por estar repleta desses elementos, a massa não se dá conta da manipulação imposta pela música. Parafraseando Adorno/Horkheimer (1991) se perguntarmos a alguém se gosta de uma música de sucesso lançada no mercado, perceberemos que o gostar e o não gostar já não corresponde ao estado real. Em vez do valor da própria coisa, o critério de julgamento é o fato de a canção de sucesso ser conhecida de todos. Dessa forma, a música que se supõe popular tem como intenção manipular a sensibilidade do povo, pois é uma forma de apaziguar o instinto humano, regredir a audição, que passará a não valorizar outras nuanças teóricas, como afirma Adorno; Hokheimer (1985, p. 126) O que é novo na fase da cultura de massas em comparação com a fase do liberalismo avançado é a exclusão do novo. Ao mesmo tempo em que já determina o consumo, ela descarta o que ainda não foi experimentado porque é um risco. Assim, a indústria cultural vai modelando o pensamento subjetivo e trabalhando com o conceito de liberdade, sem coibição. Quando se escolhe um programa de televisão ou de rádio, um filme ou uma música, o indivíduo é condicionado a ver ou escutar determinado programa para poder ser aceito em sociedade. Para Adorno/Horkheimer (1985, p. 128) a indústria cultural permanece a indústria da diversão. Seu controle sobre os consumidores é medido pela diversão. Do mesmo modo, milhões de pessoas não percebem que são meros reprodutores desse sistema que quer mandar nos gostos e educar os ouvidos para que se possa gostar de uma determinada programação, goste somente de um estilo de música, e que estejam condicionadas a comprarem somente em um determinado local para serem reconhecidos por sua própria sociedade. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 258 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Quem resiste só pode sobreviver integrando-se. Uma vez registrado em sua diferença pela indústria cultural, ele passa a pertencer a ela assim como o participante da reforma agrária ao capitalismo. (ADORNO/HORKHEIMER, 1985, p. 123) Os meios de comunicação não medem esforços no intuito de modificar hábitos, subordinar desejos e necessidades, incutir valores e idéias, eliminando as diferenças e uniformizando os indivíduos de acordo com os interesses dominantes. Na atual sociedade do consumo, torna-se cada vez mais pertinente refletir sobre o potencial da mídia, de transformar comportamentos e ideias. Consequentemente, gerar modificações e interferências sobre a formação do sujeito. A massa é um produto social – não uma constante natural; [...] proporciona aos indivíduos uma ilusão de proximidade e de união. Ora, essa ilusão pressupõe, justamente, a atomização, a alienação e a impotência individual. (ADORNO/HORKHEIMER, 1973, p. 87) Neste sentido, é pertinente destacar que na massa o sujeito perde sua especificidade, a subjetividade é anulada, pois há, a uniformização, a equalização de todos. A massificação desse homem faz com que este pense que a razão natural do trabalho é a obtenção de dinheiro. Desta forma ele substitui o mundo das relações sociais, das relações entre os homens, por um mundo de relações entre as coisas, entre as mercadorias, assim enfatiza Chauí (2001, p.16) ―Vivemos numa sociedade verticalizada e hierarquizada (embora não o percebamos) na qual as relações sociais são sempre realizadas ou sob a forma de cumplicidade (quando os sujeitos sociais se reconhecem como iguais), ou sob a forma de mando e da obediência entre um superior e um inferior.‖ Ainda nesse sentido, é possível afirmar que a infelicidade do homem moderno, do trabalhador, provém da perda, ou alienação, de seus meios de trabalho e dos produtos de seu trabalho, expropriados pela burguesia. Provém do fato de não dominar seu próprio trabalho, e sim ser dominado por ele. Como afirma Frigotto (1996, p.93). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 259 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ ―O trabalho, enquanto valor de uso, manifestação de vida, é um princípio educativo fundamental a ser socializado desde a infância. Todavia, o trabalho, como valor de troca, sob as relações capitalistas ou, anterior a elas, relações escravocratas e servis, é, para a grande massa de trabalhadores, um tormento e um processo alienador.‖ CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das idéias expostas, é possível analisar questões próprias dessa sociedade contidas na música popular sertaneja ―Vidro Fumê‖, e a superação do atual quadro de deformação do imaginário social, no qual visualizando as sociedades sob a ótica das suas contradições internas e externas, podemos entender o uso da música no sentido político-ideológico. De um lado, temos a música como elemento de distinção e identidade classista, servindo aos processos de dominação ideológica, de outro, como contestação destas e/ou como motivação para ações que visam à transformação da sociedade e também como forma de identidade e resistência, ou, ainda, apenas para o desvelamento da realidade. Portanto, da simples apropriação de um determinado gênero musical até a promoção de músicas nas sociedades (hegemônicas) estratificadas, estamos num campo que envolve privilégios, preferências, visões de grupo ou classe, enfim, relações de poder. Contudo, devemos ter atitudes voltadas para a superação deste caos. Para tanto, devemos formar sujeitos que saibam lidar com inúmeras informações que invadem diariamente suas vidas, posto que ao compreender a música como formadora ele passará a selecionar o que consome, realizando assim a seletividade. Enfim, as relações entre os homens precisam ser ressaltadas e as mercadorias ―esvaziadas‖, o dinheiro não poderá comandar o destino dos homens e estes não serão medidos pela quantidade que possuem. Enfim, será o reinado dos homens sobre a produção, em um processo de emancipação, modificando a realidade. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 260 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAUÍ, Marilena de Souza. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Editora UNESP, 2001. FRIGOTTO, Georges Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 1996. HORKHEIMER, M., ADORNO, T. W. A massa. In: Temas Básicos da Sociologia. São Paulo: Cultrix, 1973. HORKHEIMER, M., ADORNO, T. W. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. 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Campinas, SP: Autores Associados, 2007. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 261 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A FORMAÇÃO DOCENTE DIANTE DA PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE CIÊNCIAS Shalimar Calegari Zanatta (UNESPAR/FAFIPA, [email protected]) 1 Daiany S. dos Santos Carvalho (UNESPAR/FAFIPA, [email protected])2 Rodrigo da Silva Carvalho - [email protected](UNESPAR/FAFIPA)3 RESUMO Atualmente, em nosso país, existe grande déficit de profissionais da educação, principalmente em algumas áreas das ciências, como Física e Química, causando preocupação com a qualidade do ensino. Professores não adequadamente qualificados reforçam baixos índices de aproveitamento destas disciplinas, pelos estudantes do Ensino Médio, que acabam evitando cursos de formação que contemplem estes conteúdos. Estes professores reproduzem uma metodologia de ensino tradicional, propiciando a reprodução e não a construção de novos saberes. A melhoria da qualidade do ensino das Ciências está relacionada a um complexo processo ligado também às questões epistemológicas, pois a ciência é uma construção humana e, o conhecimento científico não nasce da observação pura e ingênua; as leis e teorias da física e das ciências em geral têm natureza hipotética, baseada em possibilidades e opiniões distintas, constituindo tentativas e não verdades fixas e 61imutáveis. A epistemologia da ciência é base para uma construção do conhecimento, instigada por pensamentos e visões não racionais provenientes da criatividade da mente humana. O conhecimento científico não é cumulativo e linear, não á ―receita‖ pronta para mediar o conhecimento científico, mas existem caminhos criativos que estimulem a ir à busca do conhecimento e assim formalizar instrumentos que sirvam como alicerce para a construção do seu próprio saber e sua formação critica social. Palavras chaves: Ensino aprendizagem. Formação docente. Conhecimento científico. 1 - Professora de Física e orientadora do PIBID/ Ciências, Paraná, CAPES. - Acadêmica do curso de Pedagogia e bolsista do PIBID/ Pedagogia, Paraná, CAPES. 3 - Acadêmico do curso de Ciências e bolsista do PIBID/ Ciências, Paraná, CAPES. 2 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 262 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO A ciência é entendida como uma construção do homem e esse conhecimento científico constitui um conhecimento contingente, pois suas preposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente. O conhecimento é fluente. (LAKATOS e MARCONI, 1991). De acordo com Amorim (1999) uma das maneiras de romper com as formas tradicionais de produção do conhecimento escolar é introduzir novos conteúdos culturais que interrompam as ações lineares de compreensão da realidade, e não apenas ilustrá-las ou estimulá-las. A falta de interesse na área das ciências e tecnologia, um fraco entendimento dos conteúdos e métodos das ciências, assim como de seu papel na sociedade como parte da cultura, está entre os problemas e tornaram-se desafios (TOLENTINO – NETO, 2008). E com isso podemos identificar vários fatores que podem explicar o desinteresse dos jovens pela área científica, mas o principal desafio está em promover uma transformação pedagógica, no âmbito do ensino de ciências, que deveria proporcionar mais atividades interessantes, como aulas práticas e de laboratório, do que se limitar ao espaço interno da sala de aula e ao uso exclusivo de livros (YANO, 2011). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 263 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ É necessário pensar na formação do professor levando em conta a contextualização e as críticas das condições em que fazem a prática pedagógica, buscando penetrar em seu processo real de escolarização, considerando que os seus diferentes saberes (disciplinares, curriculares, pedagógicos e da experiência) se articulam no trabalho diário em interação com os alunos e com os outros professores (TARDIF, 2006). A formação dos professores de ciências, geralmente, é pensada como uma tentativa de criar um profissional que tenha traços ideais selecionados a partir de uma reflexão teórica sobre o tema. Tem-se como perspectiva a construção de novas estratégias para a formação de recursos humanos para a educação de forma a obter as mudanças dos sistemas produtivos que exigem um novo perfil profissional capaz de localizar os desafios mais urgentes de uma sociedade "multimídia e globalizada", em que o rápido desenvolvimento, científico e tecnológico, impõe uma dinâmica de permanente reconstrução de conhecimento, saberes, valores e atitudes. 1 CONCEPÇÃO DA CIÊNCIA NO ENSINO-APRENDIZAGEM De acordo com o parecer nº 853/71 (p.166) do Conselho Federal de Educação, o ensino de matemática e ciências no Brasil, visa ―tornar o educando capaz de explicar o meio próximo e remoto que o cerca e atuar sobre ele, desenvolvendo para tanto o espírito de investigação, invenção e iniciativa; o pensamento lógico e a noção da universalidade das leis científicas e matemáticas‖. Tendo como base este parecer, observamos que este ensino no Brasil deveria então preparar cientistas. Mesmo porque, ―as crianças constroem de maneira espontânea conceitos sobre o mundo que as cercam e que esses conceitos em muitos casos chegam naturalmente a um estágio pré-científico com uma certa coerência interna.‖ (Piaget e Garcia, 1981, apud Carvalho et al, 1998). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 264 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ As secretarias de educação propõem objetivos que estão de acordo com o parecer antes citado, como também é o que indica os livros de ciências, mas estas semelhanças faz com que fique a mostra uma preocupação somente em transmitir o conteúdo que foi programado sem se ater ou considerar alguns pontos e detalhes do ensino de ciências, ou seja, nestes conteúdos programados o aluno não se sente motivado em buscar por mais conhecimento, nem em explorar seu lado pesquisador, questionador e critico, e o que não fica visível são os por quês, as origens do que se afirma em um livro didático. Os currículos escolares nacionais estão alicerçados nessa visão fragmentada, e isso se torna ainda mais visível quando analisamos as disciplinas da Educação Científica (BRITO et al., 2008). Embora haja uma demanda e uma busca por mudanças de possíveis outras relações com esses saberes, às pesquisas do campo educacional mostram que nas escolas, via de regra, os conhecimentos científicos são apresentados aos alunos como permanentemente verdadeiros imutáveis e superiores aos outros conhecimentos. É pouco discutido o surgimento do conhecimento científico, a partir de que momento histórico e de que movimentos sociais eles surgiram, dando lugar a eles no espaço, para que assim possa ser compreendido como e porque surgiram em certa época e local. É exigido que se considere as dimensões políticas desse conhecimento, para que se possa entender o processo de produção do conhecimento científico. O conhecimento científico que é mostrado, geralmente, não tem uma ligação com os problemas e questões vividos na atualidade, em que são vistos pelo aluno como algo de que ele possa usar, ou que ele possa utilizar para mudar algo ou até mesmo dar sua contribuição para que seja mudado. A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere alerta faz parte integrante do fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 265 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos (FREIRE, 2004). Portanto para que seja aguçado o interesse do aluno, se faz necessário que seja despertado à curiosidade dele, pois assim ele irá em busca de sana-las buscando pelo conhecimento, tornando-se um individuo criativo, pois novas ideias trazem novas descobertas e novos caminhos. É necessário oferecer oportunidades para que futuros professores possam refletir como desenvolver adequadamente os conteúdos - conceitos, procedimentos, atitudes e valores- e como estes são aprendidos pelas crianças, ou seja, proporcionar condições para que possam adquirir saberes conceituais e metodológicos, bem como pedagógicos e integradores, adequados em sua área de atuação (SILVA E MARCONDES, 2006). 2 O ENSINO DE CIÊNCIA EXIGE RIGOROSIDADE EPISTEMOLÓGICA Ensinar exige pesquisa, não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. O professor tem que ser pesquisador. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. É preciso pesquisar para se conhecer o que ainda não se conhece e comunicar ou anunciar novidades. Há o dever de respeitar os saberes do educando e os das classes populares. É preciso discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina (FREIRE, 2004). Atualmente, as escolas e seus lideres estão preocupados em oferecer uma educação para a cidadania, e esse fato vem desde os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN‘s), feitos pelo governo e também está nas palavras de vários educadores de prestigio. Mas este tipo de educação deve estar presente em todas as partes da escola e ensino, principalmente nas disciplinas de cunho tecnológico, como as ciências. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 266 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ E segundo Trivelato (1994), esse tipo de discussão entre os diferentes conteúdos e a formação voltada para um individuo critico vem gerando um mal estar. As discussões sobre o ensino de ciências na última década tem evidenciado uma forte preocupação dos educadores com os propósitos das disciplinas cientificas no ensino de primeiro e segundo graus. Parece haver uma insatisfação com os resultados obtidos ou uma incompatibilidade de pretensões. De um lado vemos a escola tradicional formando indivíduos mais aptos a aceitar regras e valores do que questionar e criar novas regras e valores; de outro temos uma sociedade que impulsiona o rápido desenvolvimento cientifico e tecnológico, demandando transformações de hábitos e, até éticas e morais. Nas escolas a ciência é transmitida como uma, sem dissensões, sem divergências, sem copetições internas, sem disputa – uma instituição capaz de alcançar ―a verdade‖, singular, segura; fora das escolas as ―verdades‖, plurais se contrapõem, há controvérsias, há valores que representam parcelas sociais (econômicas, culturais, raciais e políticas) distintas. Durante o ensino, o estudante é solicitado a identificar o que é certo (a distinguir o ―correto‖ do ―errado‖, o ―bem‖ do ―mal‖); em outras situações ele se depara com várias versões que podem ser apresentadas como corretas, de acordo com diferentes pontos de vista ou valores. (TRIVELATO, 1995, p. 122) 3 DESAFIOS E OPORTUNIDADES NA FORMAÇÃO DOCENTE Na verdade, é preciso discutir a formação docente para o Ensino de Ciências, isso significa perceber que a valorização do conhecimento científico e tecnológico pela sociedade contemporânea exige do professor a realização de um trabalho que rompa com os conceitos que lidam com as Ciências de forma dogmática, acrítica e descontextualizada da realidade global, a fim de que ele possa contribuir para a formação de cidadãos críticos, alfabetizados cientificamente. Existem algumas razões que podem ser apontadas como propulsoras do grande movimento de busca de qualificação profissional de docentes através da formação continuada, nas últimas décadas, em nosso país, são: a falta de formação adequada dos professores para enfrentarem as demandas vindas da grande produção de ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 267 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ conhecimentos científicos e a impossibilidade de efetivar uma formação inicial que cubra todas as exigências profissionais que precisam ser atendidas para o exercício qualidade da profissão docente. Ainda é bom destacar que, com o propósito de atender as exigências da LDB, de formação inicial em nível superior e de formação continuada, em pouco menos de uma década, o governo federal, desenvolveu várias iniciativas visando ajudar nas políticas de formação docente no país (GATTI et al., 2011). O Ministério da Educação e Cultura (MEC) criou em 2003, a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores visando à institucionalizar a formação ligada à pesquisa e à produção acadêmica, desenvolvida pelas Universidades através de Centros de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação que atuam em rede para atender as necessidades e demandas dos sistemas de ensino. O Governo estabeleceu em 2007 a Lei nº 11.502, em 11 de julho, que: Modifica as competências e a estrutura organizacional da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES, de que trata a Lei no 8.405, de 9 de janeiro de 1992; e altera as Leis nos 8.405, de 9 de janeiro de 1992, e 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, que autoriza a concessão de bolsas de estudo e de pesquisa a participantes de programas de formação inicial e continuada de professores para a educação básica. Neste mesmo ano criou o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) visando ao incentivo e à valorização do magistério e ao aprimoramento do processo de formação inicial de docentes para a Educação Básica. O MEC ainda, posteriormente a essa Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, formulou ainda em 2009, o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) em regime de colaboração com as Secretarias da Educação de Estados e Municípios e as Instituições Públicas de Ensino Superior (IPESs) para formar em nível superior os professores em exercício em escolas públicas que não apresentam titulação exigida pela LDB. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 268 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Portanto vemos que, os futuros professores encontram oportunidades para aprimorar sua iniciação a docência, mas nem por isso deixará de enfrentar dificuldades em sua jornada, é imprescindível uma base na formação dos professores para que os seus alunos possam receber um ensino de qualidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabe-se que refletir sobre a formação de professores é uma tarefa que necessita considerar diversos aspectos, portanto, é imprescindível que o professor compreenda as diversas demandas contemporâneas, perceba o seu papel como agente de transformação e, consequentemente, estimule os educandos, considerando as suas especificidades, a perceberem, a discutirem e a buscarem soluções para a realidade social na qual estão inseridos. Para realizar esta tarefa, é necessária a articulação dos saberes docentes (TARDIF, 2002), pois, de acordo com Shulman (1986/87), os professores têm conhecimento de conteúdo especializado e assim são protagonistas de uma construção que ele denomina ―o conhecimento pedagógico do conteúdo‖ e que deve ser articulado e não justaposto, ou seja, não se separa forma e conteúdo. É possível analisar também que, além de buscar por uma boa formação o professor deve passar o senso critico e questionador ao aluno, ao que este não perca o interesse, mas sim busque por novos rumos e use sua criatividade em busca do conhecimento cientifico. REFERÊNCIAS AMORIM, A. C. Avaliar e redimensionar a prática científica e tecnológica na nossa sociedade: contexto para aulas de ciências. Anais IV Escola de Verão , 1999, pp. 74 - 7. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 269 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ BRASIL, U. Ensino de Ciências: o futuro em risco 2005. Acesso em 22 de julho de 2013, disponível em <http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/282/cienciarejeitada>. BRASIL. Lei nº 11.502, de 11 de julho de 2007. Modifica as competências e a estrutura organizacional da CAPES. Brasília: Casa Civil da Presidência da República Federativa do Brasil/Subsecretaria para Assuntos Jurídicos, 2009. Disponível emhttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/. Acessado em 19/09/2013. BRITO, L. D. Formação inicial de professores de ciências e biologia: a visão da natureza do conhecimento científico e a relação CTSA 2008, pp. 129 - 148. CARVALHO, Ana Maria Pessoa de. Ciências no Ensino Fundamental - O conhecimento físico. São Paulo: Scipione, 1998. CHAGAS, Valnir. Núcleo Comum para os Currículos do Ensino de l° e 2º Graus. 1993, p. 385-423. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra S/A, 2004. GATTI, B. A., BARRETO, E. S. de S. e ANDRÉ, M. E. D. de A. Políticas docentes no Brasil: um estado da arte. Brasília: UNESCO, 2011. LAKATOS, E. M., & MARCONI, M. A. (1991). Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas. PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. 23a. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998. SHULMAN, L. S. Knowledge and teaching: foundations of the new reform. Harvard Education Review, vol. 57, n. 1, 1987. SILVA e MARCONDES, A. e., & Ribeiro, E. (01 de 05 de 2006). ENSINO E APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS NAS SÉRIES INICIAIS: CONCEPÇÕES DE UM GRUPO DE PROFESSORAS EM FORMAÇÃO. Acesso em 18 de jul de 2013, disponível em http://fep.if.usp.br/~profis/arquivos/vienpec/CR2/p586.pdf TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 7 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 270 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ TOLENTINO-NETO, L. C. B. Os interesses e posturas de jovens alunos frente às ciências: resultados do projeto ROSE aplicado no Brasil. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. 164 pp. TRIVELATO, S.L. F, Ensino de ciências e movimentos CTS (ciência tecnologia e sociedade) Escola de verão de prática de ensino. Serra Negra/São Paulo, Faculdade de Educação – USP p. 145-150, 1994. YANO, C. (14 de julho de 2011). Ciência rejeitada. 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Por isso buscou-se livros da literatura infanto-juvenil, principalmente autores brasileiros que tivessem em seu currículo a familiaridade com a literatura inclusiva como: Ziraldo (1983), Sônia Junqueira (2007), Vinícius de Moraes (1980), Roseana Murray (1984), Ruth Rocha (2001), Luís Camargo (2008), entre outros. A pesquisa se justifica pela carência de estudos sobre o tema, no sentido de apontar teóricos que abordem sobre o autismo, como Silva (2012), Cunha (2012), e também teóricos da literatura infanto-juvenil, como Regina Zilberman (2005) e Nelly Novaes Coelho (2000), que se comprometem com o livro de qualidade, oferecendo inúmeras possibilidades de leituras, que poderão auxiliar na prática pedagógica. O papel do professor-mediador também será destacado na presente proposta, ao intermediar às questões de linguagem, facilitando a independência do autista e contribuindo para sua inclusão social. Palavras-chave: Educação inclusiva. Autismo infantil. Literatura infanto-juvenil. INTRODUÇÃO Até o momento desta pesquisa, é possível constatar algumas estratégias relacionadas à literatura infanto-juvenil, que possibilitem aos educadores o trabalho com crianças e jovens autistas, pois o atendimento ao autista requer conhecimentos prévios sobre os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) que os instrumentalizem, por meio de procedimentos e estratégias, proporcionando ao educando melhor desempenho social e pedagógico. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 272 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ É interessante que autores brasileiros como Ziraldo (1983), Sônia Junqueira (2007), Vinícius de Moraes (1980), Roseana Murray (1984), Ruth Rocha (2001), Luís Camargo (2008), entre outros, sejam contemplados nessa proposta, pela familiaridade que tais autores têm, quando utiliza as palavras de forma lúdica, inconporando-as à questão física, sensorial, cognitiva e emocional. As crianças e jovens, independente de terem uma deficiência ou não, têm o direito de estudar, brincar, conviver, interagir, ou seja, serem eles mesmos. A literatura infanto-juvenil tem um importante papel neste processo, trazendo à educação inclusiva uma cumplicidade aliada à cognição, imaginação e socialização. Segundo Coelho (2000, p.15): ―[...] A literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela escola‖. É evidente que uma história bem contada tem o poder de confortar, mostrar caminhos, ensinamentos, veicular valores, despertar a imaginação. Acredita-se que a dedicação contínua da família, juntamente com o dinamismo de educadores por meio da literatura, muitas vezes de forma constante e repetitiva, serão sempre bemvindas, no contexto escolar daqueles que possuem autismo. 1 O QUE É AUTISMO? De acordo com Silva (2012, p.11), autismo é um TGD, que se manifesta principalmente em indivíduos do sexo masculino antes dos três anos de idade e, se prolonga por toda a vida. Caracteriza-se por um conjunto de sintomas que afeta as áreas de comunicação, do comportamento e socialização, sendo essa última a mais comprometida. Pode ainda ser subdividido em categorias: Traços do autismo, com ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 273 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ características muito leves; Síndrome de Asperger; Autismo em pessoas com alto funcionamento; Autismo clássico, grave, com retardo mental associado. Silva (2012, p.89), afirma ainda que há 39 características comuns no funcionamento autístico na população infantil. Destaca ainda que a lista foi dividida em três grupos, a fim de enfatizar situações decorrentes dos sintomas primários do autismo. O primeiro grupo destaca a disfunção social, ou seja, as pessoas têm dificuldade de compartilhar, não conseguindo estabelecer contato visual direto. O segundo grupo relata as dificuldades de comunicação, já o terceiro grupo, referem-se às disfunções comportamentais, apego à rotina, movimentos repetitivos. O diagnóstico é essencialmente clínico. Leva-se em conta o comprometimento e o histórico do paciente e norteia-se pelos critérios estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria (DSM–IV) e pela Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde OMS (CID-10). Pode-se, em determinados casos, oferecer alternativas ao exame como o de cariótipo (com pesquisa de X frágil, Eletroencefalografia, Ressonância magnética e erros inatos do metabolismo). No 7º Encontro Anual para Pesquisa de Autismo, em 2008 na cidade de Londres, foi anunciada a possível detecção do autismo entre nove meses e um ano de idade. Segundo, Mel Rutherford (2008), professor de psicologia da Faculdade de Ciências da Universidade de MacMaster, no Canadá, sua equipe desenvolveu uma técnica que mede a direção e a manutenção do olhar dos bebês enquanto ele observa imagens de faces exibidas na tela do computador. O método também permite distinguir entre um grupo de irmãos aqueles que poderão desenvolver o autismo. Para Silva (2012), a noção de espectro do autismo foi descrita pela psiquiatra inglesa Lorna Wing em 1988, e sugere que as características do autismo variam de acordo com o desenvolvimento cognitivo; assim, em um extremo temos os quadros de autismo associados à deficiência intelectual grave, sem o desenvolvimento da ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 274 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ linguagem, com padrões repetitivos simples e bem marcados de comportamento e déficit importante na interação social. No extremo oposto, espectros de autismo, chamados de Síndrome de Asperger, sem deficiência intelectual, sem atraso significativo na linguagem, com interação social peculiar e bizarra, e sem movimentos repetitivos tão evidentes. O autismo infantil tem trazido com suas sintomatologias, um novo parâmetro diante da sociedade. Essas crianças ditas autistas têm em seu comportamento pouca ou nenhuma interação social, mostram-se restritas, repetitivas e detém algumas particularidades como ausências, trazendo dúvidas eminentes nos muitos estudos apresentados sobre outras síndromes, por suas similaridades e complexidades intervencionistas, como o caso da psicose infantil. Muitas crianças não fecham o diagnóstico final até ficarem mais velhas, o que se esbarra com o medo eminente dos próprios profissionais em amparar suas perspectivas e suprir a ânsia dos pais e/ou responsáveis. Como se pode observar há um grande disparate de crianças sem diagnóstico ou diagnosticadas erroneamente, não satisfazendo critérios para classificá-las com o Transtorno Autista. Os atuais critérios de diagnóstico estão formalizados na norma DSM – IV e no CID 10, que são examinados posteriormente. 1.1 TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO Termos como psicose e esquizofrenia da infância foram usados no passado para fazer referência a indivíduos nessas condições, mas evidências consideráveis sugerem que os transtornos invasivos do desenvolvimento são distintos da esquizofrenia, embora ocasionalmente o autista possa vir a desenvolver também a esquizofrenia. Após algumas reflexões, López (2000, p.2) conclui que: ―O autismo infantil precoce ainda está intimamente relacionado à esquizofrenia infantil, podendo ser uma manifestação prematura desta patologia‖. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 275 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ De acordo com Cunha (2012), o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) classifica o autismo como um dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID). Na descrição, o manual aponta também outros distúrbios com quadros autísticos. A saber: Síndrome de Asperger: difere do autismo clássico, principalmente por não ocorrer retardo mental, atraso cognitivo e considerável prejuízo de linguagem. Apesar de não haver retraimento peculiar autístico, a criança, entretanto, torna-se também muito solitária. Desenvolve interesses particulares em campos específicos, modos de pensamentos complexos, rígidos e impermeáveis a novas ideias. Autismo Atípico: esta categoria deve ser usada quando existe um comprometimento grave e global do desenvolvimento da interação social, da comunicação verbal e a presença de estereotipias de comportamento, interesses e atividades, não satisfazendo os critérios para a classificação de Transtorno Autista, em vista da idade tardia de seu início. Transtorno de Rett: proveniente de causas desconhecidas e com severo retardo mental. O transtorno de Rett é relatado até o momento em apenas crianças do sexo feminino. Ocorre pelo desenvolvimento progressivo de múltiplos déficits específicos após um período de funcionamento normal durante os primeiros meses de vida. Possui severo prejuízo no desenvolvimento da linguagem expressiva e receptiva, aliado a um grave retardo mental e psicomotor, além da probabilidade da incidência de convulsões. Transtorno Desintegrativo da Infância: É muito mais raro que o autismo, com sintomas semelhantes ao de Rett, mas incide predominantemente em meninos e, geralmente, é acompanhado de retardo mental. ―É uma regressão pronunciada em múltiplas áreas do funcionamento, após um período de pelo menos dois anos(até antes dos dez) de desenvolvimento aparentemente normal‖ (BAPTISTA & BOSA, 2002, p.46).No período que antecede a doença, a criança pode se tornar irrequieta, irritável, ansiosa e hiperativa. Ocorre o empobrecimento e a perda da fala e da linguagem, e é acompanhado por desintegração do comportamento. (CUNHA, 2012, p.21) O autismo, para autores contemporâneos, como Silva (2012) e Cunha (2012), mesmo tendo variados níveis de gravidade, não pode ser definido como uma forma de retardo mental, embora muitos quadros de autismo apresentem funcionamento intelectual abaixo da média. Autistas de bom rendimento podem apresentar ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 276 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ desempenho em determinadas áreas do conhecimento com características de genialidade, relacionando-os a Síndrome de Asperger. Vale ressaltar que a Síndrome de Asperger era definida na seção 299.80 do DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed.) por seis critérios principais, que definiam a síndrome como uma condição com as seguintes características: Prejuízo severo e persistente na interação social;Desenvolvimento de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades;Prejuízo clinicamente significativo nas áreas social, ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento;Nenhum atraso significativo no desenvolvimento da linguagem;Não há atrasos clinicamente significativos no desenvolvimento cognitivo ou no desenvolvimento de habilidades de auto-ajuda apropriadas à idade, comportamento adaptativo (em outra área que não na interação social) e curiosidade acerca do ambiente na infância; A não satisfação dos critérios para qualquer outro transtorno invasivo do desenvolvimento específico ou esquizofrenia.(AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION, 2002, p.81) Os médicos esse ano de 2013 deixaram essa determinação, por sua similaridade com os indivíduos de alto funcionamento. Agora a síndrome de Asperger é apenas mais uma manifestação do espectro autista. Em maio de 2013, a América Psychiatric Association publicou o DSM-V, onde a Síndrome de Asperger desaparece como diagnóstico distinto, passando a estar incluída no autismo. Podemos caracterizar a síndrome por: Interesses específicos e restritos ou preocupações com um tema em detrimento de outras atividades; Rituais ou comportamentos repetitivos; Peculiaridades na fala e na linguagem; Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo; Comportamento social e emocionalmente impróprio e problemas de interação interpessoal; Problemas com comunicação (não há comprometimento da linguagem, estritamente falando);Habilidade de desenhar para compensar a dificuldade de se expressar verbalmente;Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados; Freqüentemente, por um Q.I. verbal significativamente mais elevado que o não-verbal;Às vezes pessoas com Síndrome de Asperger ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 277 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ podem ser consideradas rudes,frias nos seus comportamentos, mas na verdade é só seu modo de tentar reagir ou entender ações;Nem sempre pessoas com Síndrome de Asperger são compreendidas,por isso devem ser tratadas com mais calma em alguns aspectos; (AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION, 2013, p. 541) Na adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem de como as pessoas conseguiram aprender as regras sociais e desenvolver comportamentos que favoreceram sua adaptação e sua independência, se tornando um indivíduo auto-suficiente. Adultos com Asperger são capazes de obter sucesso na vida sendo bons pais, profissionais capacitados e cidadãos respeitados. Porém os problemas de socialização e de comunicação os acompanharão por toda a vida. 2 MEDIANDO DE FORMA INCLUSIVA Mediador escolar é um profissional que acompanha uma criança ou adolescente na escola, atuando de forma global nos aspectos que formam o conhecimento, agindo como ―facilitador‖, daqueles que necessitam do mediador à nível social, comportamental e de aprendizagem. O papel de um mediador na vida de um autista é de intermediar as questões sociais e de linguagem, facilitando sua independência e inclusão social. Em alguns momentos têm-se a necessidade de traduzir a informação auditiva (ordens verbais) em informações visuais, apontando ou mostrando figuras relacionadas com o que foi dito. [...] é importante que o profissional que trabalhe diretamente com essa criança consiga: penetrar no seu mundo; concentrar-se no contato visual; trazer sempre o olhar do autista para a atividade que ele está fazendo; entreter-se com suas brincadeiras; tentar sempre enriquecer a comunicação; conectar cada palavra a uma ação e cada ação a uma palavra; fazer com que hábitos cotidianos sejam agradáveis; realizar todas as atividades com serenidade e voz firme e clara; executar uma tarefa de cada vez; privilegiar os vínculos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 278 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ afetivos e trabalhar a função simbólica das coisas por meio de livros, contação de histórias, música, artes e outros canais sensoriais. (ROCHA, 2012, p. 28) É fundamental o comprometimento do docente no processo ensino e aprendizagem na vida dessa criança ou adolescente, mesmo não sendo especialista nessa área. Como professor titular, deve-se ir à busca de conhecimento, da formação continuada. É importante avaliar as dificuldades e buscar estratégias que contribuam para a sua aprendizagem e desenvolvimento. 3 LITERATURA INFANTO-JUVENIL NA ORGANIZAÇÃO DO ENSINO COM AUTISTAS Inicialmente o primeiro contato com a literatura infantil se faz por meio do som, da fala: através da contação e interpretação de histórias. Com a posse dos códigos de leitura torna-se um leitor. Para Zilberman (2005, p.9), a literatura e a escola compartilham um aspecto em comum: a formação do indivíduo. A partir dessa reflexão, a autora observou que ―[...] livros lidos na infância permanecem na memória do adolescente e do adulto, responsáveis que foram por bons momentos aos quais as pessoas não cansam de regressar‖. Da mesma forma pensa Coelho (2000, p.15) ao apontar que: ―A literatura, e em especial, a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela escola‖. Então, a literatura transformada em conteúdo escolar contribui para transformar a criança num adulto capaz de enfrentar a vida. As histórias infantis devem fazer parte da infância de toda criança. São contribuições que colaboram para o amadurecimento cognitivo, emocional e criativo ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 279 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ do ser humano, e não há criança, adolescente ou adulto que não se encante com uma boa história, argumentam os especialistas. 3.1 AUTORES E LIVROS INFANTO-JUVENIS Saber ler não classifica o indivíduo em leitor. Formar um leitor é desafiá-lo continuamente por leituras que alimentam seu espírito e que compartilham suas visões de mundo, é assim que se formam cidadãos literários. A importância destinada à literatura infanto-juvenil é algo relativamente recente. A partir da década de 1970, a literatura tornou-se essencialmente lúdica e reflexiva. Não mais correspondente a um modelo, como acontecia com a leitura tradicional. É o boom da literatura infanto-juvenil no Brasil, segundo pesquisadores. Pelo aumento expressivo de obras, autores e editores, renovando-se com características e tendências próprias. Deixando o leitor à vontade, livre em suas interpretações e imaginações, os autores criam estímulos e consequentemente, autonomia. Tornando essas crianças e jovens em adultos que sabem o que quer, gerindo e interpretando sua própria existência. Fato elucidativo, sobre a importância da literatura infanto-juvenil na organização do ensino se deu a partir do caso de um adolescente com treze anos, diagnosticado com Síndrome de Asperger, que apresenta dificuldades de socialização e fobia escolar. O mesmo foi alfabetizado com a metodologia fonética há pouco mais de dois anos e encontrou na literatura de forma oral e visual, maneiras de se expressar - tendo um entendimento particular de mundo. Essa experiência se deu em cinco encontros em sua própria residência, com a autorização de seus pais. Após uma mediação realizada, feita de forma lúdica, líamos os livros préselecionados e visualizávamos a partir de seu interesse e sua interpretação. Para ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 280 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ isso, foi feito uma listagem de livros que pudessem minimizar alguns problemas encontrados, como: socialização, aquisição de linguagem, conceitos básicos, etc. Seria uma experiência em prol das dificuldades encontradas por professores em sala de aula, para facilitar sua vida, enquanto cidadão. São os seguintes livros destacados: a Coletânea Arca de Noé, de Vinícius de Moraes (1980), a trilogia Se ligue em você de Luiz Antônio Gasparetto (1998-2000), O menino e o muro de Sônia Junqueira (2007), Classificados Poéticos de Roseana Murray, Maneco Caneco Chapéu de funil de Luis Camargo (2008), a Coleção Corpim de Ziraldo (1983) e a série Marcelo marmelo martelo de Ruth Rocha (2001). Queremos ressaltar o quão importante é deixar o aluno relaxado, pois um dos principais sintomas que se enquadra no quadro autistico é a rotina. A pesquisa com o adolescente teve de ser estruturada em etapas, para não cansá-lo, e feito em seu próprio ambiente. Foi então observado seu interesse primeiramente nas imagens para após se envolver nas histórias, como na Coletânea Arca de Noé, de Vinícius de Moraes (1980). Com musicalidade e visualização de vídeos, conseguimos que prendesse sua atenção por alguns momentos e até interagisse; Os livros de Gasparetto (1998-2000) abordam de maneira prazerosa, a solidariedade, sentimentos, emoções, etc. Grifamos partes e trocamos informações com o adolescente, de acordo com os temas. A Coleção Corpim de Ziraldo (1983), em especial O Joelho Juvenal, trouxe referência à anatomia e ciências, aonde poderia estar seu hiperfoco; Nos Classificados Poéticos de Murray (1984), mostrou que está bem desenvolvido gramaticalmente, fazendo alguns anúncios de prontidão; A série Marcelo marmelo martelo de Ruth Rocha (2001), trata dos primeiros contatos da criança com o meio social: a família, a rua, o bairro e a escola. Com a intenção de socialização e aprendizagem, tentamos trazer o leitor do universo do Marcelo para seu universo; Maneco Caneco Chapéu de funil de Luis Camargo (2008) foi interessante ver que foi entendido ser diferente, ter o corpo do personagem formado por vários objetos lhe deu uma nova ótica do ser humano; por último O menino e o muro de Sônia Junqueira (2007), traz como personagem central um menino que passa o dia a pintar os muros de sua casa. Observamos sua interpretação do texto e ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 281 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ pedimos para que ilustrasse com desenhos o que compreendeu. Desenhou dinossauros, monstros e personagens, enquanto falava e ria sozinho. Depois foi constatado serem esses desenhos, personagens de programas televisivos. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Este trabalho é um despertar sobre a literatura infanto-juvenil para crianças e jovens autistas, tendo em vista que as pesquisas indicam um aumento considerável de pessoas diagnosticadas com o autismo no mundo. Sabe-se que toda criança precisa ser estimulada, com atividades gratificantes que possibilitem novas descobertas. É nesse contexto, que se torna relevante para o desenvolvimento do homem como ser social, e por que não provocar em sua vida uma influência positiva, com a literatura infanto-juvenil? Pode-se ter ali um autista que hiperfoque para a área literária e, mesmo que isso não aconteça, pode beneficiar-se de elementos que melhorem seu quadro clinico. Em última análise, pode haver uma apropriação de conhecimento da literatura infanto-juvenil, onde o livro favorecerá a aprendizagem, estimulando o imaginário e a fantasia que fazem parte do universo de qualquer criança. Em sala de aula, cabe ao professor o compromisso de atrair os alunos, independente do seu intelecto, para o universo literário. Pudemos constatar o quanto o professor se sente inseguro e despreparado no trabalho com crianças autistas. Dos pais à Direção, tudo tem de ser comunicado e expressado, portanto podemos dizer que estamos num processo inicial referente à inclusão . Acreditamos que a formação docente e a mediação pedagógica de qualidade, poderá trazer grandes benefícios ao aluno autista. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 282 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM IV TR. Tradução de: Cláudia Dornelles. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. CAMARGO, Luis. Maneco Caneco Chapéu de funil. São Paulo: Ática, 2008. COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. CUNHA, Eugênio. Autismo e inclusão: psicopedagogia e práticas educativas na escola e na família. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2012. GASPARETTO, Luiz Antônio. Se ligue em você. 12 ed. São Paulo: Espaço Vida e consciência, 1998. ________. Se ligue em você 2. 5 ed. São Paulo: Espaço Vida e consciência, 1999. ________. Se ligue em você 3.12 ed. São Paulo: Espaço Vida e consciência, 2000. JUNQUEIRA, Sônia. O menino e o muro.São Paulo: Ática, 2007. MORAES, Vinícius. Coletânea Arca de Noé. São Paulo: 1980. MURRAY, Roseana. Classificados Poéticos. São Paulo: Miguilim, 1984. ORRÚ, Sílvia Ester. Autismo, linguagem e educação. 3 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2012. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. PINTO, Ziraldo Alves. Coleção Corpim. São Paulo: Melhoramentos, 1983. ROCHA, Ruth. Série Marcelo, Martelo, Marmelo. São Paulo: Salamandra, 2001. ROCHA, Claudia Lopes. Professor-Mediador da Criança Autista. Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, 2012. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 283 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifacio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 284 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ REFLEXÕES ACERCA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL 62 TEMPORINI, Danielle Virginia63 (UNESPAR/FAFIPA, [email protected]) SILVA, Rosangela Trabuco M.64 (UNESPAR/FAFIPA, [email protected]) RESUMO O presente artigo tem por objetivo analisar a importância do brincar na Educação Infantil, destacando a mediação do professor nestes momentos. Para tanto este estudo bibliográfico, fará um paralelo entre o brincar de antigamente com os dias atuais, relatando as transformações ocorridas na sociedade capitalista, que influenciaram para que houvesse mudanças na forma das crianças brincarem. Na sequência, trata do brincar na educação infantil, resgatando alguns educadores que contribuíram para introduzir o brinquedo nos espaços educativos. Por fim tendo como referencial teórico os autores da teoria Histórico-Cultural tais como Vygotsky (1989) e Leontiev (1988), destaca a importância do educador mediar os momentos lúdicos na Educação Infantil, percebendo que o brincar não é apenas um momento de recreação, mas por sua importância é um momento especial para a aprendizagem infantil. Palavra chave: Educação Infantil. Brincar. Professor. Mediação. INTRODUÇÃO Será que as crianças sempre brincaram na história dos homens? Quando surgiu o primeiro brinquedo? Como o professor da educação infantil deve reagir diante do brincar? Para responder estas e outras questões, este estudo de cunho bibliográfico busca compreender o contexto histórico e social das brincadeiras e dos brinquedos utilizados pelas crianças em diferentes períodos. Para tratar sobre esta temática, realizar-se-à um paralelo entre o brincar de antigamente com os dias de hoje, na qual, as crianças inseridas no mundo moderno, deixam de brincar na rua ou em 62 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2013. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 64 Professora orientadora Ms. em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. ___________________________________________________________________________ 63 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 285 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ outros espaços sociais, para se isolarem dentro de casa, presas à mídia e aos brinquedos eletrônicos. Este artigo é norteado pela metodologia materialista histórico dialética fundamentada nos autores da teoria Histórico-Cultural como Vygotsky (1989), Leontiev (1988), dentre outros que seguem esta linha. Tem como objetivo, contribuir para que educadores percebam a importância do brincar na educação infantil, bem como o seu papel de mediador educativo proporcionando entendimento sobre esta atividade que é essencial para a vida da criança. Para Vygotsky apud Rego (1995), o brincar é uma atividade primordial na infância, na qual, ―ela recria sua realidade por meio de símbolos imaginários, conduzindo através dos brinquedos diversos papéis que são elaborados no seu cotidiano como, brincar de casinha, médico, escolinha, entre outros‖. (REGO, 1995, p. 80). Estas brincadeiras são comuns nas crianças que sabem falar, pois, são capazes de imaginar e interpretar simbolicamente estas situações reais, que ocorrem em sua vida, mas que por questões da idade, ainda não podem atuar concretamente como médico, professor, mãe, dentre outros. Diante das transformações que vem ocorrendo na sociedade atual, Brougère (2010) escreve que os brinquedos estão cada vez mais presentes no dia a dia das crianças, só que de forma diferenciada, pois as brincadeiras vêm de uma cultura absorvida pela mídia de modo geral, onde impactadas pela televisão tem contribuído para uma transformação na vida e na cultura das crianças, influenciando principalmente no aspecto lúdico. Por meio dessa e outras tecnologias da informação, as crianças adentram o mundo da imaginação, interpretam e se identificam com os personagens. Mas nem sempre foi assim, esta é uma característica da sociedade industrial. Desta forma o próximo item tratará sobre o brincar no decorrer da história, citando as transformações que ocorreram com o passar dos anos. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 286 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1. AS TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS NO BRINQUEDO E NO BRINCAR Analisando o contexto histórico e social dos brinquedos e das brincadeiras, Pazza (2009) cita o Egito, a China, a Grécia dentre outros países, relatando que os seres humanos criaram os jogos, as brincadeiras e os brinquedos para retratarem seus costumes, suas crenças e as modas vividas na época. Os brinquedos, como: os piões, jogos de tabuleiros (que originou o xadrez), os dados com seu primeiro formato de pirâmide, dominós, marionetes, pipa, bola, bambolês (que antes eram de aros), e entre muitos outros, foram criados pelos egípcios, chineses e romanos. Estes são considerados brinquedos simples, mas com grande significado, pois serviam para divertir crianças e adultos. Lembram uma época em que não existiam muitos recursos e que o ser humano deveria explorar sua própria imaginação para criá-los. Conforme Silva (2009) as brincadeiras foram elaboradas de acordo com a época e o contexto histórico dos homens. Assim, as crianças na Idade Média, brincavam com os brinquedos de sua época explorando-os de acordo com o modo de vida que os adultos levavam. De acordo com Rodrigues (2009) na Idade Média os brinquedos surgiram nas oficinas dos entalhadores de madeiras, dos artesões e dos produtores de velas. No entanto: [...] tais brinquedos não foram em seus primórdios invenções de fabricantes especializados; eles nasceram, sobretudo nas oficinas de entalhadores em madeira, fundidores de estanho etc. Antes do século XIX a produção de brinquedos não era função de uma única indústria. O estilo e a beleza das peças mais antigas explicam-se pela circunstância de que o brinquedo representava antigamente um produto secundário das diversas indústrias manufatureiras, as quais, restringidas pelos estatutos corporativos, só podiam fabricar aquilo que competia a seu ramo (BENJAMIM, 1984 apud RODRIGUES, 2009, p 13). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 287 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Estes, que antes eram considerados pequenos objetos que serviam para enfeites de estantes, passariam a ganhar um novo sentido nas mãos das crianças. Conforme estas o manuseava, criou-se o mundo das brincadeiras, ganhando uma nova função, pois com estes objetos, as crianças se divertiam no quintal de casa ao ar livre, onde passaria a construir seus próprios brinquedos e brincadeiras. De acordo com Pereira (2010), as maneiras de brincar mudaram com o tempo, e atualmente as crianças se encantaram por TVs, computadores e vídeo games, fazendo destes, seus brinquedos prediletos. Esta forma de brincar virtual vem se tornando cada vez mais presente na vida das crianças, pois, muitas moram em apartamentos, perdendo os espaços de lazer. Assim o acesso das crianças ao ar livre, no quintal de casa fica cada vez mais difícil surgindo o brincar isoladamente, contribuindo com que está se relacione com as novas tecnologias e não com outras crianças. Brougère (2010) escreve que atualmente, as fábricas procuram desenvolver brinquedos ligados aos personagens de desenhos animados, isto porque estes têm a preferência das crianças - e os pais normalmente dão preferência para os produtos do gosto dos filhos. Desta forma, percebe-se que a televisão e o brinquedo têm uma ligação estreita. Sem contar os comerciais que induzem o consumo dos brinquedos eletrônicos ou bonecos em miniaturas de personagens de desenhos. Outra questão a ser observada, é que os brinquedos estão cada vez mais coloridos, emitindo sons variados, e muitas vezes oferecem estereótipos de beleza. A televisão influência também as brincadeiras infantis. Quando se observa crianças brincando livremente, é comum que estas reproduzam as atitudes dos personagens dos desenhos animados. Por exemplo, homem aranha, batmam, superman, entre outros. Do ponto de vista da educação, Brougère (2010, p. 63) menciona que: [...] a brincadeira ligada à televisão pode permitir uma abordagem distanciada, até mesmo critica, de determinados ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 288 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ conteúdos televisivos. Na verdade, a brincadeira permite a descarga das emoções acumuladas durante a recepção televisiva, a tomada de distanciamento com relação às situações e os personagens, a invenção e a criação em torno das imagens recebidas. Desta forma, é interessante observar as crianças brincando de lutas, imitando os super-heróis, bandido e ladrão. São situações que merecem a intervenção do professor, mas também a necessidade do direcionar as brincadeiras para que as mesmas possam extravasar, descarregar as emoções acumuladas nos momentos de sedentarismo em frente à TV ou aos jogos eletrônicos. A brincadeira é, dentre outras coisas, a maneira da criança representar a sociedade na qual ela está inserida. De acordo com Pereira (2010), é possível notar que essa influência, de alguma forma acaba trazendo conseqüências para o desenvolvimento da criança. Por exemplo, a criança que fica muito em frente à televisão, ou ao vídeo game, pode ficar obesa, por não se movimentar e gastar energia. Outro aspecto levantado por Pereira (2010) é o fato de algumas crianças ficarem mais agressivas, ou perderem a criatividade, pois não precisam criar nenhum brinquedo, pois tudo já está pronto. Isso porque é bem mais prático sentar em frente ao computador, assistir televisão, jogar vídeo-game, brincar com brinquedos industrializados, do que criar brincadeiras ou até mesmo resgatar algumas brincadeiras antigas. É importante considerar, de acordo com Pereira (2010) que as crianças de hoje não se encontram interessadas nas brincadeiras que eram desenvolvidas antigamente tais como: pião, pipa, bola, cavalinho de pau, bonecas, jogos de montar, entre outros, pois não fazem parte do seu dia a dia. Atualmente divertem-se com jogos e brinquedos ligados a nova tecnologia, que contribui com o brincar isolado, fazendo com que deixem de lado as brincadeiras antigas e os brinquedos manuais, passando o dia envolvido com jogos virtuais. Um aspecto que pode contribuir para desenvolver a criatividade é possibilitar aos alunos, criarem brinquedos com materiais recicláveis. Segundo Machado (2009) não ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 289 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ se sabe quando foi ao certo que surgiram os brinquedos recicláveis, mas eles nunca deixaram de ser fabricados nas regiões mais pobres do Brasil – onde serve de sobrevivência para maioria da população. São diversas as variedades desses brinquedos, criados de sucatas e materiais vegetais. Mas o brincar não está só na casa da criança. Está na escola também. O próximo item destaca o brincar e os jogos no contexto educativo, ressaltando alguns educadores que contribuíram para que os brinquedos fossem utilizados nos centros de educação, como forma de desenvolver a aprendizagem. 1.2 O BRINCAR E O JOGO NO CONTEXTO EDUCATIVO Conforme Marquez (2011), ao longo da história, as brincadeiras estiveram presentes na vida das crianças, e com o passar do tempo, foram integradas à vida escolar como elemento de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Kishimoto (2009) demonstra que o surgimento referente ao jogo educativo teve início na Grécia Antiga e em Roma, onde jogos eram destinados ao preparo físico e para a modelagem do corpo. No Cristianismo, era visto como uma recreação, aparecendo assim, como forma de relaxamento após as atividades que exerciam esforço físico, intelectual e escolar. Na Idade Média, a concepção de jogo era considerada como algo não sério, por ser associado ao jogo de azar, por isso eram condenados na época, e as brincadeiras eram consideradas sem importância. Novas concepções pedagógicas surgem no século XVI com o Renascimento. Rodrigues (2009) escreve que no início desse período os jogos e as brincadeiras que envolviam as crianças e os adultos foram se transformando em uma particularidade somente das crianças. Com o passar do tempo, alguns educadores perceberam sua importância e começaram a utilizá-las como meio educativo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 290 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Kishimoto (2009) cita o uso dos brinquedos e dos jogos como finalidades pedagógicas. Destaca a relevância de instrumentos para situações de ensinoaprendizagem e de desenvolvimento infantil, permitindo uma ação afetiva. O jogo neste contexto passa a contemplar várias formas de representação da criança, contribuindo para uma melhor aprendizagem e desenvolvimento infantil. Dentre os autores que contribuíram para difundir o brincar na educação infantil, encontra-se Froebel65. Kishimoto (2009) escreve que a teoria froebeliana proporciona subsídios para que o professor entenda a brincadeira como uma ação livre da criança, tendo os brinquedos como suporte da ação docente que são destinados como forma de habilidades e conhecimentos. Froebel foi o criador dos jardins-de-infância (kindergartens) e dizia que a educação do homem deveria estar em harmonia com o mundo. Este deu origem ao método froebeliano direcionado para a primeira infância. Assim: [...] é na teoria froebeliana, que o brincar necessita de orientações do professor, permitindo a inclusão de atividades livres por meio de brinquedos e brincadeiras e que o organizar dessa, serviria como forma de unir os diversos grupos étnicos de classes sociais distintas (KISHIMOTO, 2009, p. 28). Conforme Kishimoto (2009), Froebel considerava a criança um ser criativo, e propôs introduzir jogos e as brincadeiras como estimulantes para a aprendizagem e o desenvolvimento e, em função disso teve suas ideias espalhadas por todo o mundo ao longo dos séculos XIX e XX. Concebia o brincar como uma atividade livre e espontânea, da qual é responsável pelo desenvolvimento físico, motor e cognitivo, e os brinquedos como os objetos que subsidiam as atividades infantis. 65 Friedrich Wilhelm August Froebel nasceu em Oberweibach na região sudeste da Alemanha em 1782 e faleceu em 1852 (SILVA, 2013). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 291 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Em relação aos jogos, brinquedos e brincadeiras Santos (2008) cita outros educadores como, Montessori, Pestalozzi e Dewey, que defendem o lúdico como uma importância para o processo de aprendizagem das crianças. Neste sentido, dando ênfase ao lúdico na educação infantil, Santos (2008) escreve sobre Decroly que considera o lúdico como forma de despertar a atenção da criança. Já para Pestalozzi, o jogo tem como função ser um instrumento formativo, que, além de exercitar o corpo prepara para a vida em sociedade. Outra educadora e médica, que também deu extrema importância aos brinquedos, foi Maria Montessori66. Valente (2011) escreve que seu método era utilizado para desenvolver a criatividade e a aplicação, tendo como principal objetivo atividades motoras e sensoriais de crianças com necessidades especiais. Como seus materiais pedagógicos obtiveram ótimos resultados, foram aplicados também em crianças ditas normais. Atualmente, pode-se citar Vygotsky (1989), teórico da teoria Histórico-Cultural, que em seus estudos, preocupou-se com o brinquedo e com o brincar. O lúdico se refere a uma determinada atividade, ao ato de brincar. Relacionado ao brincar, tem-se o brinquedo que representa a realidade na qual a criança está inserida. Segundo Vygotsky (1989), cabe ao professor fazer o melhor uso desses recursos para chamar atenção de seus alunos, conhecendo suas limitações, fortalecendo a interação entre ambos gerando uma maior participação de todos no processo de ensino-aprendizagem. Mas não basta apenas o brincar para que o aluno tenha um bom desenvolvimento intelectivo, motor e psicológico. O instrumento utlizado pelo professor para promover situações significativas do brincar na educação é a mediação. Desta forma, o próximo tópico buscará discorrer sobre a mediação entre 66 Uma de suas maiores contribuições utilizadas até hoje pelos educadores, é o material dourado, que servem para auxiliar o ensino e a aprendizagem dos números decimais e as diversas operações encontradas. Com o manuseio desse material a crianças passam a ter uma imagem mais concreta, da qual facilita sua compreensão desenvolvendo um ótimo raciocínio (VALENTE, 2011). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 292 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ professor e aluno, nos momentos lúdicos, para que estes tenham um bom desenvolvimento diante do brincar. 2. O BRINCAR E A MEDIAÇÃO DOCENTE Vygotsky (1989) cita a mediação entre professor e aluno, aluno e ano, como um dos fatores responsáveis pelo processo da formação psíquica. Assim, o educador deve organizar seu trabalho na perspectiva lúdica observando e interagindo com as crianças, fazendo dessa ocasião momentos de mediação, a fim de desenvolver as habilidades coletivas e individuais de cada uma delas. No entanto, para que o brincar seja realmente um momento privilegiado no espaço educativo, é preciso que o professor articule as atividades entre conhecimento e aluno. Para isso é necessário que o educador insira o brincar em seu contexto educativo, tendo consciência sobre a importância de sua ação no desenvolvimento e na aprendizagem infantil, pois brincando a criança aprende a negociar, a esperar a vez, a repartir, dentre outros elementos. Conforme Carrara (2004), na mesma linha de pensamento de Vygotsky (1989), as funções psíquicas humanas, como linguagem oral, pensamento, memória, dentre outras são desenvolvidas no meio social antes de se tornarem próprias das crianças. Essas não se desenvolvem espontaneamente e sim por meio de atividades interpsíquica (entre pessoas). Nesse sentido, se todo processo resulta de uma ação interpessoal, então a ação que o educador exerce, é fundamental para direcionar o processo educativo, pois: O educador não é um facilitador no sentido que possibilita um nível de desenvolvimento que aconteceria independentemente da aprendizagem. Do ponto de vista da teoria histórico-cultural, a tarefa do educador é garantir a reprodução, em cada criança, das aptidões humanas que são produzidas pelo conjunto dos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 293 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ homens e que, sem a transmissão da cultura, não aconteceria. (CARRARA, 2004, p. 141). Diante do exposto, entende-se que o papel do educador é certificar-se que o conhecimento construído por gerações seja assimilado pelo aluno, pois todo o conhecimento é fruto das experiências históricas dos antepassados humanos. Dessa forma, é necessário que os educadores identifiquem os elementos culturais que serão assimilados pelas crianças e descobrir as formas mais adequadas de garantir a aprendizagem. Tendo entendimento sobre o brincar e a importância do professor mediar estes momentos, Navarro (2012) cita a brincadeira como sendo fundamental para o desenvolvimento humano da criança, pensando também na sua importância para o contexto escolar, pois, a mediação deve ser no sentido de que os momentos lúdicos aconteçam com qualidade. Brincando a criança desenvolve o senso afetivo, pois junto com os amigos ou professor ela aprende a conviver no ambiente social, a ganhar e perder no jogo, interagir entre a família, a se comunicar, lidar com frustrações momentâneas, esperar sua vez, entre muitas outras ações e, devido a isso, as crianças amadurecem e vão construindo pouco a pouco a sociabilidade infantil. Deve-se considerar também, que a mediação não ocorre somente por meio da linguagem. Ela pode acontecer por meio de gestos e expressões faciais. O brincar possibilita este tipo de comunicação. Por exemplo, quando brinca de mímica com o professor e colegas de classe, ela estimula seu pensamento transmitindo sentimentos, essa seria uma das diferentes atividades de comunicação que podemos trabalhar com as crianças. Outra que podemos citar é a brincadeira desenvolvida na frente do espelho, em que o educador desenvolve com as crianças a familiarização das diferentes partes do corpo, permitindo que ela toque em você e no corpo do amigo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 294 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Um aspecto importante a ser ressaltado, é a organização do ambiente e dos brinquedos nos centros de Educação Infantil. Quando o professor executa uma atividade em sala de aula, sua presença, a organização do lugar, a escolha dos objetos, os horários estipulados para brincar, também são considerados mediação. Brougere (1998) postula que o professor deve construir um ambiente agradável para as crianças, possibilitando e estimulando a brincadeira sempre que necessário. A importância do ambiente escolar estar adaptado e construído para e com a criança, e suas necessidades como foco, é muito relevante ao se pensar nas possibilidades de mediação do brincar na escola. As salas completamente ocupadas com mesas e cadeiras, que sempre devem estar organizadas da mesma forma, estantes fechadas e brinquedos guardados inibem o brincar. Não só o professor, mas também a equipe escolar, devem estar atentos à disposição de materiais nas salas (NAVARRO, 2012, p.1). Nesse caso, o suficiente não é só disponibilizar as crianças jogos e brinquedos, mais sim organizar a sala de aula o espaço lúdico. O professor deve estar atento sempre, procurando estabelecer atividades interativas que extraiam o melhor da brincadeira na criança. Vygotsky (1989) cita que o papel da mediação que o professor executa nos momentos lúdicos, faz com que as crianças se relacionem com o brincar e tenham assim um amplo desenvolvimento (intelectivo, social e motor). Segundo Rosa (2004), para garantir que as brincadeiras tenham fins educativos e não apenas seja recreação ou passa tempo, o educador deve elaborar um planejamento onde esteja previsto momentos interativos, bem como os recursos necessários para tais atividades. Entende-se que a maneira de mediar são muitas, basta reconhecer o valor dos objetos, do ambiente, de sua ajuda em orientar, da organização do espaço e dos horários, para que possa desenvolver um brincar divertido. Com essa reflexão, percebe-se que o processo de aprendizagem é resultado de uma ação conjunta entre o educador e a criança, proporcionando amplo ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 295 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ conhecimento de maneira diversificada. Deste modo, considerando o brincar atividade fundamental para o desenvolvimento psíquico da criança, este se torna mais dinâmico e atrativo quando orientado e planejado pelo educador. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final deste estudo pode-se concluir que o brincar na Educação Infantil é fundamental para o desenvolvimento afetivo, intelectivo, motor, dentre outros da criança. Diante dos estudos realizados, pode-se refletir que o brinquedo, no decorrer dos anos, deixou de ser um simples objeto e passou a ganhar espaço no contexto educativo, oferecendo para a criança, inúmeras oportunidades de aprendizagem, sejam elas motoras ou psíquicas. Percebe-se que em cada época se modificam as formas dos brinquedos e brincadeiras, a depender da realidade histórica e social. Pode-se considerar que o que acontece nos dias atuais é que as crianças não se interessam mais pelas brincadeiras de antigamente como pular corda, jogar bola, soltar pipa, brincar de pega-pega, pique-esconde, e sim, pela nova tecnologia que invade cada vez mais as casas, deixando as crianças sedentárias e presas em suas casas, conectadas nas TVs, nos vídeo-game, computador, tablet, celular, entre outros, do que se divertirem com amigos nas ruas. Alguns educadores, percebendo a importância do brincar e do jogar, passaram a utilizá-los como meio educativo. Destaca-se neste contexto, a relevância desses instrumentos para ensinar e desenvolver na criança uma ação mais afetiva, em que aprende-se por meio dos jogos e brinquedos a esperar sua vez, dividir, comunicar e se relacionar com a realidade, sendo também uma atividade que dá prazer para a criança. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 296 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Analisando a teoria vygotskyana, entende-se que o brincar é fundamental, pois por meio dele a criança constrói sua própria realidade elaborando diversos papéis no seu cotidiano. Devido a isto, os jogos e brinquedos não podem ser utilizados por acaso, sem função alguma, precisam ser planejados pelo educador com intuito de alcançar determinados objetivos didáticos. Vygotsky (1989) menciona que o papel da mediação é importante para relação professor-aluno, pois por meio desta, consegue-se que as crianças se relacionem com o brincar tendo assim um amplo desenvolvimento intelectivo, social e motor. Assim, cabe dizer que o papel da mediação não ocorre somente quando o professor intervém junto da criança, mas quando organiza sua sala, quando da escolha de objetos, nas atividades, nos horários estipulados para desenvolver o brincar, no tempo, entre outros. Sendo assim, ao final deste estudo, conclui-se que é necessário que o professor tenha um referencial teórico que lhe possibilite trabalhar com seus alunos, pois a construção do ambiente escolar não depende só da criatividade das crianças e sim do professor. REFERÊNCIAS BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: ARTMED, 1998. BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e Cultura. 8ª Ed. São Paulo: CORTEZ, 2010. CARRARA, Kester. (Org). Introdução à Psicologia da Educação: seis abordagens. São Paulo: AVERCAMP, 2004. KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação (Orgs). 12ª Ed. São Paulo: CORTEZ, 2009. LEONTIEV, A. N., LURIA, A.R., VYGOTSKY, L.S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. In: LEONTIEV, Alexis N. Os Princípios Psicológicos da Brincadeira Pré-escolar. São Paulo: ÍCONE, 1998. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 297 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ MACHADO, Regina Coeli Vieira. Brinquedos populares. 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São Paulo: Martins Fontes, 1989. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 299 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ FAMÍLIA E ESCOLA COMO INSTITUIÇÕES IMPRESCINDÍVEIS PARA A FORMAÇÃO SÓCIO-ESCOLAR DO INDIVIDUO SILVA, Débora Manoel dos Santos Liones67 (Fafipa,dé[email protected]) PEREIRA, Cássia Regina Dias68 (Fafipa, [email protected]) RESUMO A pesquisa tem por objetivo analisar os indicadores que levam a família se ausentar do contexto escolar. Neste sentido, se faz necessário conhecer o processo histórico da evolução social da família e da escola. Entre as várias instituições sociais a família se apresenta como a base de formação humana mais importante. A escola tornou-se, com o desenvolvimento econômico e social, o outro pólo de importância no processo educativo da criança. Um dos objetivos da pesquisa será também identificar na legislação educacional as responsabilidades da educação da criança tanto no ambiente familiar quanto no escolar. Dentre elas, Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 e Estatuto da Criança e do Adolescente nº 8.069. Observa-se que a participação da família no ambiente escolar não tem se demonstradoefetivae com a qualidade necessária. Esse comportamento individualista demonstra o quão distante estamos de conectar os pais à realidade do local onde seus filhos adquirem o conhecimento e no qual passam boa parte do dia. Sob este aspecto, faz-se necessário buscar mecanismos cujo norte seja promover esta aproximação que é produtiva tanto para a escola quanto para o próprio alunado. Isto contribuirá para melhoria do relacionamento entre pais, filhos e professores. Sendo assim, a pesquisa é caracterizada como bibliográfica qualitativa que nos permite remeter as características dessa linha de discussão. Palavras-chave: Educação. Família. Escola. 1 Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. 68 Professor Orientador. Doutor em Educação. Professor e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 300 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO Este trabalho tem como propósito analisar o processo de relação entre família e escola. Para isso, buscaremos, no contexto histórico, a trajetória da família dentro da evolução social. Entre as várias instituições sociais, a família se apresenta como a base de formação humana mais importante. Porém, com a evolução tecnológica foi precisooferecer ao homem uma formação escolar. Permitindo a ele dominar os princípios científicos possibilitando a construção dos princípios de cidadania. Assim, acoplada à família, foi instituída a escola com a função de garantir a educação formal do indivíduo . Como, instituição social, a família sempre esteve inserida na rede de inter-relações com outras instituições, em especial com a escola. No momento histórico (séc.XVII) em que a unidade escolar assumiu a educação formal, surge a preocupação com acompanhamento mais próximo dos pais junto a seus filhos (ARIÈSapudSZYMANSKI, 2007, p. 21). Neste sentido, buscaremos evidenciar como as mudanças no interior da escola também implicaram nas relações estabelecidas com a família, destacando os pressupostos da gestão democrática, como um possível percurso da participação familiar no contexto escolar. Outro fator importante que devemos destacar para tratar do tema é a respeito das leis que regem a Educação Brasileira. Dentre elas, Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 e Estatuto da Criança e do Adolescente nº 8.069. Nota-se ainda que as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais que ocorreram em meados do século XVIII, como a Revolução Industrial e implantação do sistema capitalista de produção, fizeram com que houvesse uma transformação estrutural da família. Por conta disso, a família mantém-se ocupada com o trabalho e acaba deixando de acompanhar o processo de aprendizagem de seus filhos. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 301 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Partindo desse pressuposto, pretende-se, com essa pesquisa caracterizada dentro dos princípios do materialismo histórico, propor uma análise dialética dametodologia escolar que contemple a participação efetiva da família no contexto escolar por meio de projetos que integram Família e Escola.Diante disso, o estudo voltado para o materialismo dialético que permite analisar o fato a partir do concreto e das contradições, vem ao encontro do problema levantado por esta pesquisa. A EVOLUÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA A família, ao longo de sua história, sofreu evoluções que acompanharam o desenvolvimento social e político dos vários povos e culturas. No sentido de propiciar uma visão panorâmica da evolução dos núcleos familiares na periodização histórica da humanidade,énecessário nos remetermosà antiguidade, mais precisamente às sociedades tribaisa fim de compreendermos como se dava a organização social da família e da escola no processo civilizatório. Nas comunidades tribais,não existia escola e a educação era totalmente garantida pela família. ―Nas comunidades tribais as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos nas atividades diárias e nas cerimônias dos rituais‖. (ARANHA, 1996, p.27). O desenvolvimento das relações sociais e econômicas culminoucom o surgimento das feiras e das cidades. A organização política instituiu o comércio, as regras de convivência e consequentemente exigiu nova estrutura familiar e a estruturação de uma instituição que pudesse ensinar a leitura e a escrita. No percurso da discussão sistematizada da evolução social familiar é importante citar as civilizações clássicas. Na Grécia Antiga, a educação era inicialmente de responsabilidade da família. Desde pequeno, o menino crescia ouvindo as histórias da Ilíada e da Odisséia, cantadas em praça pública por poetas pagos pelo governo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 302 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O intuito era ensinar os valores para a guerra e para a convivência numa sociedade que sobrevivia das lutas e dos despojos de outros povos. ―O período clássico (séculos V e IV a.C.) representa o apogeu da civilização grega. A esplêndida produção nas artes, literatura e filosofia delineia definitivamente o que virá a ser a herança cultural do mundo ocidental‖. (ARANHA, 1996, p.40). É importante destacar que essas transformações na educação são frutos das próprias mudanças que vinham ocorrendo com a sociedade grega, exemplo disso é a passagem do ―mundo mítico para o racional e filosófico‖ que resultaria no surgimento da filosofia. O surgimento do cidadão da pólis seria outro modelo dessas transformações importantes para a organização política das cidades. Diante de todas essas mudanças que ocorreram no universo clássico, foi necessário que houvesse uma formação superior, já que o homem da pólis deveria ter um bom discurso. Contudo, vale mencionar que essa educação até agora discutida era designada apenas para a classe nobre. Os pobres deveriam trabalhar, segundo Aranha, (1996, p.53). [...] a educação formal atende aos filhos da elite, excluindo os demais. Segundo Sólon, ―as crianças devem, antes de tudo, aprender a nadar e a ler; em seguida, os pobres devem exercitar-se na agricultura ou em uma indústria qualquer, ao passo que os ricos devem se preocupar com a música e a equitação, e entregar-se à filosofia, à caça e a frequência aos ginásios. Na civilização romana, a família era extensa e mantinha-se dividida em clãs, tendo como figura central o pater familias. Com base nessas afirmativas a respeito da instituição familiar, nota-se que não havia uma preocupação com relação àinfância da criança. A ênfase neste momento era voltada para os serviços domésticos no caso das meninas e para os meninos, a dedicação aos ofícios dos antepassados. [...] as meninas continuam no lar aprendendo os serviços domésticos, enquanto o pai se encarrega pessoalmente do filho. O menino o acompanha às festas e aos acontecimentos mais ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 303 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ importantes, ouve o relato das histórias dos heróis e dos antepassados [...]. (ARANHA, 1996, p.64). No final da Idade Média, mais especificamente no século XIV, a iconografia medieval é algo bastante forte. Utilizava-se desse recurso para representar as imagens de uma forma geral. No entanto, nota-se a ausência da família nessas cenas. A presença do homem sozinho era algo destacado desse período. Posteriormente no século XVI, a família começa aparecer com maior frequência. Philippe Ariés mostra essa presença familiar a partir dos ―Livros de horas‖ de Duque de Berry. Quanto mais avançamos no tempo, e, sobretudo no século XVI, mais frequentemente a família do senhor da terra é representada entre os camponeses, supervisionando seu trabalho e participando de seus jogos. Numerosas tapeçarias do séc. XVI descrevem essas cenas campestres em que os senhores e suas crianças colhem uvas e supervisionam a colheita do trigo. O homem não está mais sozinho. O casal não é mais apenas o casal imaginário do amor cortês. (ARIÈS 1978, p.197). Diante do exposto, a iconografia do final do período medieval e início do período moderno colaboraram para o fortalecimento da família. A partir de então o aparecimento de cenas onde congregavam todos da casa tornou-se mais presente. Conforme Ariés (1978) já existia na Idade Média uma vida familiar.Embora silenciosa,a mesma trazia consigo um sentimento capaz de despertar no artista a curiosidade de representá-la. O período medieval foi marcado pelo advento da escola que teve sua origem baseada nos moldes da igreja. Todos os ensinamentos eram transmitidos nos mosteiros e nas igrejas. Estes conceitos estavam sempre voltados para o estudo de tudo aquilo que era visto como profano.Por meio desses mestres, toda a sistematização do ensino foi implantada, principalmente o currículo das artes liberais que inclui o Trivium (gramática, dialética, retórica) e o Quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 304 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A escolástica era uma das doutrinas ou filosofia cristã desta época que exige uma reflexão sobre sua forma de organização do ensino. Todavia, era consideradapor muitos estudiosos um método apenas de memorização e disputa. A escolástica marcouum grande período histórico da educação escolaraté o advento do iluminismo. No século XVII, deparamos com uma transformação no universo familiar. Vimos despertar na família uma preocupação com relação à educação de suascrianças. Uma medida bastante natural dessa época era encaminhar os filhos a casas de pessoas que não faziam parte do contexto familiarpara receberem ensinamentos concernentes a valores morais, regras de convivência ou até mesmo para aprenderem algo relacionadoà execução de serviços domésticos. A essas casas, dava-se o nome de casas de aprendizagem.Era através do serviço doméstico que o mestre transmitia a uma criança, não ao seu filho, mas ao filho de outro homem, a bagagem de conhecimentos, a experiência prática e o valor humano que pudesse possuir (ARIÈS, 1978, p. 228). É importante destacar que nessa época no qual estamos referindo à escola era destinada aos clérigos, ou seja, aquelas pessoas que tinham maior aproximação com a igreja. Mas conforme Ariés (1978), isso não quer dizer que estes os clérigos não participassem dos ensinamentos transmitidos nas casas com os mestres. A transmissão do conhecimento se dava primeiramente no seio da família, sendo a principal responsável por essa tarefa. A transmissão do conhecimento de uma geração a outra era garantida pela participação familiar das crianças na vida dos adultos. (ARIÈS, 1978, p.230). No que tange os laços sentimentais da família é viável considerar que nesse momento (século XV), não havia uma preocupação por parte da família a esse respeito. O objetivo nessa ocasião era com relação à formação ética do individuo. A família não podia nutrir um elo de aproximação entre pais e filhos (ARIÉS, 1978). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 305 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ No século XVII, nota-se uma evolução na educação. A escola anteriormente era destinada apenas aos clérigos, passou a ser reivindicada e oferecida a todos os segmentos da sociedade. Nesse momento a instituição escolar tornou-se um instrumento fundamental para a formação de toda criança. Posteriormente, outro modelo de escolarização também foi implementado. Surgem as academias que viriam a substituir as casas de aprendizagem. Diante disso, nasce no seio familiar uma preocupação grandiosa a respeito do sentimento entre pai e filho. A substituição da aprendizagem pela escola exprime também uma aproximação da família e das crianças, do sentimento da família e do sentimento da infância, outrora separados. A família concentrou-se em torno da criança. (ARIÉS, 1978, p. 232). Nesse desfecho da educação, a família moderna começou a se consolidar com algumas diferenças dos períodos históricos anteriores. Nesta época a família vivia em casas grandes onde se concentravam todos da mesma família. De acordo com Ariés (1978), a diferença entre a família de século XVII e a moderna consistia na forma como eles conviviam entre si, partindo do pressuposto que a sociabilidade se concretizava no seio da própria família. Já a família moderna ausenta-se dessa forma de convivência social. Em meados do século XVIII, surgiu uma nova forma de organização, não apenas no universo familiar, mas também social. Isso tudo se deudevido a Revolução Industrial. Com isso, apenas a mão-de-obra do homem não foi suficiente para atender a demanda da indústria daquela época, sendo necessária a inserção da mulher no mercado de trabalho. Frente a essas novas exigências sociais, a escola teve que se modificar, deixando de ser privilégio de poucos. Diante dessas transformações, a escola não poderia continuar sendo a mesma, reservada às elites. Por outro lado, o desenvolvimento industrial passou a exigir um número muito maior de trabalhadores qualificados técnica e cientificamente. A escola é obrigada a se modernizar, a dar mais importância aos conteúdos técnicos e científicos, ao lado das antigas clássicas e literárias (PILETI, 1986, p.129). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 306 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Assim, esse modelo familiar é predominanteaté nossos dias.Poucas coisas se modificaram em seu entorno. Com toda a evolução da família, foi possível observar a presença da escola nesse processo.Por intermédio da instituição escolar, vimos ser dedicada à criança maior atenção no que se refere à aquisição do conhecimento. Em virtude disso, cabe à família moderna atual, à escola e à comunidade prosseguir com o mesmo objetivo dos primórdios:estabelecerem parceria entre si para que o processo educativo possa lograr êxito. EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO ÂMBITO LEGAL No Brasil a participação da família na vida escolar de seus filhos ganhou força a partir das mudanças nas políticas públicas para a educação principalmente a partir dos anos 80 do século passado (CASTRO e REGATTIERI, 2010).A partir daí, faz-se necessário resgatar algumas características desse períodoque remetem a estrutura e ao funcionamento da educação brasileira a fim de compreendermos como foiinstituída a atual legislaçãoeducacional do país pautada na gestão democrática. A década de 80 ficoumarcadapor inúmeros debates acerca da redemocratização do Brasil. Esse fato envolveu toda a sociedade da época, uma vez que o país vinha de um longo período de Ditadura Militar. Naquela ocasião, não havia o direito de livre expressão e a população era obrigada a conviver com esse modelo de organização social. No cenário educacional começaram a surgir grandes mudanças voltadas à participação efetiva da comunidade em todo o processo de organização do ensino. A luta pela educação pública e gratuita era uma das reivindicações daquele momento. Emergiu o debate voltado para uma gestão democrática nas escolas públicas do país uma vez que as instituições de ensino não dispunham de autonomia para elaborar e planejar suas ações. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 307 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ [...] verificou-se na década de 1980 o recrudescimento das defesas de uma educação pública e gratuita, assegurada pelo estado. [...] a população organizada, por meio de audiências públicas, seminários temáticos, entre outros, deveria participar da elaboração, implementação e fiscalização das políticas institucionais voltadas para as questões educacionais (COELHO, 2010,p.62). O debate em defesa da gestão democrática no campo educacional não ficou somente no plano das ideias.Os educadores elaboraram uma carta contendo propostas a este respeito para que fosse anexada juntoà Constituição de 1988. Tal reivindicação ganhou espaço também na legislação de 1990, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96. As diversas manifestações dessa época resultaram em uma reforma significativa do ensino no Brasil. Foi instaurada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96de forma democrática envolvendo diversos segmentos sociais do país. Esta lei não viria somente para nortear a organização do ensino no país, mas também faz menção dos seguintes aspectos. Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 308 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Em consonância com as leis que regem a educação brasileira e a sociedade como um todo, pode-se citar o Estatuto da Criança e do Adolescente (lei nº 8.069)que tem por objetivo maior assegurar seus direitos e deveres. O documento deixa clara a responsabilidade do Estado e da família em cumprir com a educação da criança. Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais. Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador; VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente. § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola. Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 309 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Contudo, segundo Castro e Regatieri(2009), as mudanças ocorridas no entorno da educação refletiram significativamente na vida da criança, uma vez que esta foi sendo retirada da periferia e trazida para o seio de sua família. Essas transformações foram frutos dos marcos legais implantados no país em meados das décadas de 80 e 90. Em linhas gerais, tanto a LDB nº 9394/96 quanto o ECA nº 8.069 determinam o compromisso do Estado, da Escola e da Família em zelar, cuidar e garantir o ensino da criança, uma vez, que todo o cidadão depende desses princípios básicos para garantir seu desenvolvimento em uma sociedade globalizada e com grandes avanços tecnológicos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com todas as transformações pelas quais a sociedade passou, podemos perceber a presença da família na educação da criança. Entretanto, esta participação, com o tempo, foi sofrendo alguns ajustes em sua atuação no campo educacional. No período da Ditadura Militar, por exemplo, não havia a interação da família no ambiente escolar. Já a partir da década de 80, esse paradigma começou a ser quebrado e com isso a gestão democrática ganhou espaço em todos os sentidos. Frente a essas mudanças, percebemos que a família e a escola não podem deixar de nutrir um elo de aproximação entre si, uma vez que isso implica incisivamente no processo de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem do indivíduo. A pesquisa acerca do tema permite fazer menção a um projeto de extensão e destacá-locomo um plano que contempla a interação entrefamília e escola. O projeto em questão – ―Familioteca‖ – faz parte do Projeto PIBID-Unespar – campus Paranavaí - Subárea Pedagogia financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID/CAPES que possibilita o ingresso dos acadêmicos à docência. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 310 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Dessa forma, é possível percebermos bons resultados por meio da implementação desse projeto no colégio onde ele é desenvolvido. São trabalhadas com as famílias questões relacionadas às dificuldades encontradas pelas mesmas na educação de seus filhos. O propósito do ―Familioteca‖ é justamente tentar encontrar recursos que contribuam para uma melhor educação doméstica e, por conseguinte, que essa educação possa refletir na conduta dos alunos no ambiente escolar. Assim, entram em cena as acadêmicas que, sob a supervisão de uma professora que atua no estabelecimento de ensino, procuram orientar os pais lançando mão de mecanismos como palestras, oficinas e outras atividades que contribuam para o fortalecimento do elo entre pais e filhos. Contudo, a pesquisa não esgota toda a discussão a respeito do tema, mas permite refletir sobre a necessidade de se compartilhar responsabilidades na educação dos nossos alunos e levar a família a perceber a necessidade de não delegar essa tarefa para a escola. Diante de tudo que foi exposto neste trabalho, vislumbramos a possibilidade de inserir pais e responsáveis por nossos alunos no contexto escolar para que estes possam participar ativamente da vida de seus filhos e incentivá-los na busca pelo conhecimento. É sabido por todos que a escola, embora na maioria das vezes não consiga agregar as famílias de seus alunos em sua realidade, a ausência da mesma dificulta e algumas vezes até inviabiliza algumas ações pedagógicas. Por isso, torna-se necessário buscar ações que resgatem a relação família, estudante e escola para que possa ser atingido o objetivo maior da escola pública que é garantir o conhecimento para o educando. REFERÊNCIAS ANTÔNIO, Pedro, CÁCERES, Florival. História Geral. 2. Ed. São Paulo: Moderna,1982. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 311 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996. ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2. ed. RJ: Guanabara, 1978. PILETTI, Claudino, PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. 3. ed. São Paulo: Ática, 1986. Szymanzki, Heloisa. A Relação Família/escola: desafios e perspectivas. 2. ed Brasília : LiberLivro, 1992. TOLEDO, Cézar de Alencar Arnaut, GONZAGA, Maria Teresa Claro (Orgs). Metodologia e técnicas de pesquisa: nas áreas de Ciências Humanas. Maringá: Eduem, 2011. MARGARETH, Jane e REGATTIERI, Marilza. Interação Família escola: Subsídios para práticas escolares. Brasília: UNESCO, Mec. 2009. ___. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 9394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em 16 Set. 2013. _____. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da criança e do adolescente e dá outras providencias. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 16Set. 2013. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 312 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CAMINHOS HISTÓRICOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA: BREVES CONSIDERAÇÕES SILVA, Débora Rosa69 PEREIRA, Lizeane H. Cândido70 NASCIMENTO, Débora Cruz71 DAMBROS, Aline Roberta Tacon 72 Resumo: O presente trabalho tem por objetivo identificar os caminhos da gestão escolar percorridos nas últimas décadas até implementarmos o modelo de Gestão Democrática. Para tanto, o artigo abordará a transição da visão de administração escolar que toma como exemplo princípios empresariais, que focam em buscar quantidades e lucros, apresentando formas mecânicas de desempenho, para gestão escolar com princípios que baseam-se em: democracia, organização, autonomia, participação. Assim como a formação do novo gestor escolar na perpectiva democratica. Palavras-chave: Administração escolar; Gestão escolar; Formação do gestor. 1. INTRODUÇÃO O modelo de organização escolar se alterou historicamente com as mudanças sofridas na própria dinâmica da sociedade. Com o desenvolvimento da história 69 Acadêmica do 2º ano vespertino de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. Acadêmica do 2º ano noturno de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 71 Acadêmica do 2º ano noturno de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 72 Professora orientadora Mestre em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 70 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 313 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ torna-se visível os caminhos que as escolas percorreram até atingir um modelo democrático de relações internas e externas. Considera-se que essa evolução via processo de democratização é de grande importância para o início de uma transformação educacional, já que buscamos uma educação de qualidade para todos, isto é, de forma democrática. Destacaremos como era a administração nas escolas, que seguiam o modelo de Taylor de forma mecânica, era um momento em que todos seguiam uma única opinião dada exclusivamente pelo administrador e trataremos da evolução da administração que passou a ser gestão, a escola transbordava a necessidade de ser democrática, envolvendo assim, não somente a direção, mas todo o corpo docente e a sociedade, com o objetivo de buscar uma educação com qualidade e não mais quantidade. Neste sentido, o presente trabalho será desenvolvido a fim de clarificar os caminhos que a gestão escolar percorreu nas ultimas décadas. O artigo será subdividido em três tópicos que apresentaram de forma sucinta esses caminhos. Iniciaremos a reflexão apresentando a administração escolar e suas características predominantes, de modo que fique claro o papel que o diretor exercia naquele determinado período. No segundo capítulo tentaremos esclarecer quais foram as razões que influenciaram a transição de administração escolar para uma gestão escolar em uma perspectiva democrática. Para finalizar analisaremos como deve ser a formação do gestor escolar, considerando que o mesmo deve estar habilitado de múltiplas competências para conseguir cumprir com êxito todas as funções delegadas a ele. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 314 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O objetivo dessa pesquisa bibliográfica é abordar a transição de administração escolar para gestão, também tenho por objetivo esclarecer quem é o gestor e quais suas funções em uma perspectiva democrática. 2. ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR A palavra administração tem origem latina administrare, nasceu antes da sociedade, se organizava a partir do ideal capitalista. A princípio na década de 1930, a escola era vista como uma fábrica, de forma mecânica, sua administração se caracterizava em buscar apenas resultados quantitativos. Tendo como exemplo Taylor, que criou as linhas de montagem, adaptadas em produzir em grande massa, minimizando gastos e aumentando lucros. Os principais escritos sobre administração escolar apareceram no Brasil na década de 1930. O que se tinha até então eram apenas ―memórias, relatórios e descriçoes de carater subjetivo, normativo, assistemático e legalista‖ (SANDER, 2007ª, p.21). Com o avanço da industrialização houve a necessidade de se superar o carater tradicional em que a educação se encontrava. Influenciados pelo movimento Escolanovista ―o discurso dos principais intelectuais brasileiros [...], pautava – se na necessidade de maior cientificidade no campo educacional acompanhado da ampliação da oferta educacional‖ (DRABACH; MOUSQUER; 2009, p,260). Com a expanção da oferta educativa surge a necessidade de um administrador escolar, ― a adminitração da educação começa a inspirar – se na organização inteligentedas campanhias, das empresas, das associações indústriais ou comerciais [...]‖. (LEÃO, 1945, p.154) Nessa perspectiva de administração empresarial o poder é centralizado ao diretor, ele é o líder e o único que toma as decisões. Cabe a ele o papel de liderar o setor ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 315 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ tecnico administrativo, pensar a política educacional, conduzir a avaliação do currículo e dos programas escolares. Para exercer todas essas funções o diretor conta com o apoio de inspetores e orientadores. As demais funçoes são organizadas hierarquicamente. ―A organização escolar é vista como uma realidade objetiva, neutra e tecnica que pode ser planejada, organizada e controlada de modo a alcançar maiores indices de eficiência e eficácia‖. ( BOGATSCHOU; GODOY; p. 34). Por fim a administração escolar é vista como aprisionante, dominadora e castradora, não visa o desenvolvimento individual dos discentes, seu único intuito é o de prepara – los para serem adultos eficiêntes e competentes para o mercado de trabalho. Pode – se dizer que nesse período iniciou – se o tecnicismo. 3. GESTÃO ESCOLAR VIA VISÃO DEMOCRÁTICA Para atender as transformaçoes sociais, econômicas e políticas que a sociedade vinha sofrendo na década de 1980, foi necessário uma nova forma de organização escolar, onde o caráter burocrático e técnico da adminstração empresarial fosse superada. Nesse período de reabertura política e democrática era essencial que se desenvolvessem práticas administrativas onde a comunidade esolar participasse da decisoes que dizião respeito a educação. A partir de então temos início a uma nova fase denominada ―gestão escolar‖. Totalmente antagônica a administração empresarial a gestão democrática enfatiza a descentralização, visa a participação de todos e os objetivos comuns. O conceito de gestão supera o de admintraçaõ pois se assenta na mobilização do elemento humano, coletivamente organizado, como condição básica e fundametal da qualidade de ensino e da ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 316 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ transformação da própria identidade das escolas (DRABACH; MOUSQUER, 2009, p.276). A gestão escolar abrange vários aspectos do processo educativo, sendo eles culturais, políticos e pedagógicos. Ela é transformadora e emacipatória, está posta para antever, prevenir crises e atender as necessidades da escola. Por todas essas necessidades que o gestor deve suprir, nenhum profissional mais qualificado do que o professor para assumir esse papel. Quando falamos em gestão democrática, nos referimos ao ensino, já que envolve tanto o público, quanto o particular. Os dois tem o mesmo propósito de democracia, educação para todos. O princípio da gestão democrática imposto na Constituição e na LDB (Leis de Diretrizes e Bases), enfatiza que ele deve ser desenvolvido em todos os sistemas de ensino. Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2006 p.19) A LDB/96, em seus artigos 14 e 15, apresentam as seguintes determinações: Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I. participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II. participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15 – Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus 5 de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro público. Mas quem participa dessa gestão democrática? São todos os profissionais da educação, a comunidade, pais e responsáveis pelo aluno. Nesta gestão, temos a abertura de espaço para ouvir a voz de todos. A perspectiva democrática envolve a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 317 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ participação e todos, com a exposição da opinião de todos envolvidos na instituição de ensino. 4. GESTOR ESCOLAR E SUAS MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS O gestor escolar é indispensável quando falamos em um bom funcionamento de uma escola. Seu desempenho está inteiramente relacionado com a eficácia do ensino, cabe a ele planejar, organizar, cordenar e avaliar, ou seja, desempenha diversos papéis sendo eles pedagógicos e administrativos. O gestor deve ser articulador, deve procurar atender as necessidades de todos, incentivando toda a escola a trabalhar em prol de uma educação de qualidade, que forme sujeitos autônomos, críticos, éticos, etc. Para LUCKESI (2007): ―A própria sala de aula é um lugar de gestão e, principalmente, de aprendizagem da gestão democrática, não só da escola, mas da vida. Exercitar a gestão democrática na escola é uma forma de ensinar e aprender‖. A gestão escolar é totalmente descentralizadora, nessa perpectiva a escola é um ambienteparticipativo, onde todos tem voz ativa. O gestor escolar deve ser democrático, antevendo e previnindo crises, desse modo ele ajuda no desenvolvimento do trabalho de sua equipe. Se a verdadeira democracia caracteriza-se, dentre outras coisas, pela participação ativa dos cidadãos na vida pública, considerados não apenas como ―titulares de direito‖, mas também como ―criadores de novos direitos‖, é preciso que a educação se preocupe com dotarlhes das capacidades culturais exigidas para exercerem essas atribuições, justificando-se portanto a necessidade de a escola pública cuidar, de forma planejada e não apenas difusa, de uma autêntica formação do democrata. (PARO, 2000, p. 78). Desse modo fica claro que o gestor deve ser muito bem preparado para atender tantas tarefas que são atribuidas a ele, e ninguem melhor do que o pedagogo para exercer tantas competências. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 318 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 5. CONCLUSÃO Os avanços que ocorreram na organização escolar são decorrentes de uma série de fatores ,experiencias e reflexoes inteiramente ligados ao interesses e as necessidades do sistema capitalista. A gestão escolar tenta superar o capital pois está em constante busca por uma educação de qualidade, que forme cidadãos críticos e autônomos. Assim como qualquer mudança a gestão escolar veio para tentar melhorar o sistema educacional, veio também para estabelecer a funçãos social da escola. Nessa perpctiva concluimos que a gestão tem por objetivo central o ensino de qualidade, os conteúdos propostos são desenvolvidos críticamente, a fim de fazer com que os educandos conversem a respeito do assunto, desse modo acontece o desenvolvimento pessoal dos discentes. A escola necessita de um olhar holístico, ou seja, deve ser olhada ao todo, não com objetivo de apenas faturar, obter lucros. Se deve buscar como objetivo a qualidade de ensino, inclusive este, é direito de todos. É por isso, que com o passar dos anos, esta administração foi se aprimorando, surgindo a gestão escolar, voltada para a participação da sociedade que está direta ou indiretamente envolvida na instituição escolar. Segundo o autor Estevão (2004), ―a gestão pode ser vista também como uma prática que distribui bens, recursos, informação e conhecimento‖; ela trabalhará com o apoio e/ou auxílio do corpo docente, conselho escolar, equipe pedagógica e ssociação de pais, mestres e professores (APMF), este último, além de auxiliar também irá fiscalizar a execução dos planos de desenvolvimento; desta forma a gestão passa a ter o modelo democrático – participativo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 319 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A gestão escolar não é definitiva, é uma proposta vúlneravel e sujeita a mudança. Assim que surgir novas necessidades sociais, surgira também uma nova e inovadora proposta para suprir tais necessidades. REFERÊNCIAS BAGATSCHOU; GODOY. Organização da educação básica. DRABACH, Neila Pedrotti; MOUSQUER, Maria Elizabete Londero. Dos primeiros escritos sobre administração escolar no Brasil aos escritos sobre gestão escolar: mudanças e continuidades. Currículo sem fronteiras. V.9, Nº 2, 2009, p.( 258 – 285). ESTÊVÃO, Carlos A. Vilar. Gestão educacional e formação. In: Política e gestão da educação: dois olhares. LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2008. LUCKESI, Carlos Cipriano. Gestão Democrática da escola, ética e sala de aula. ABC Educatio, n. 64. São Paulo: Criarp, 2007. PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo: Autores Associados, 2000. TEIXEIRA, Anísio. Que é administração escolar? Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, v. 36, n.84, 1961. P.84 – 89. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 320 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DA CRIANÇA73 REZENDE, Denilza Tobias de (UNESPAR/FAFIPA, [email protected]) 74 FRANCIOLI, Fátima Aparecida de Souza (UNESPAR/FAFIPA, [email protected])75 RESUMO O artigo tem como finalidade mostrar a importância da brincadeira na educação infantil. Partindo de uma análise bibliográfica, acrescida pesquisa de campo de cunho qualitativo e de observações diretas em uma sala de educação infantil em uma escola pública na cidade de Paranavaí, buscou-se observar como a brincadeira, nessa etapa da escolarização, pode promover o desenvolvimento intelectual da criança. Ancorada no aporte da teoria histórico-cultural e de demais pesquisadores, o estudo procurou abordar alguns aspectos da história das brincadeiras, destacando a importância das mesmas para o desenvolvimento infantil. Além disso, analisou-se de que forma as brincadeiras podem ser utilizadas como um importante instrumento pedagógico, visando alcançar as potencialidades da criança e promover o processo de ensino aprendizagem, bem como sua socialização. Outro aspecto destacado durante a pesquisa foi o papel dos professores e das instituições de educação Infantil nesse processo, ressaltando o modo como esses profissionais podem fazer uso da brincadeira como um recurso para auxiliá-los no processo de ensino e aprendizagem. Palavras-chave: Educação Infantil. Brincadeiras. Aprendizagem. Desenvolvimento Intelectual. INTRODUÇÃO Muitos pesquisadores têm realizado estudos para analisar a importância da brincadeira na vida da criança, chegaram a conclusão que se trata de um recurso 73 Trabalho de conclusão do curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA a ser apresentado à banca avaliadora em 2013. 74 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. 75 Professora orientadora. Dra. em Educação. Professora e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 321 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ que estimula tanto o desenvolvimento físico como intelectual da criança. Considerada como uma atividade fundamental na infância, a brincadeira passou a fazer parte do currículo escolar, principalmente na educação infantil servindo como estimulo para o desenvolvimento das crianças. Mas por que a criança brinca? Vigotski (2008) respondeu esta pergunta ao dizer que brincadeira é resultado dos desejos imagináveis da criança, ou seja, na brincadeira a criança realiza os desejos que na vida real não seria capaz de realizar. Buscando compreender essa vasta bibliografia sobre a importância da brincadeira para a criança, constatamos que essa atividade exerce um papel fundamental no desenvolvimento intelectual infantil. No entanto, uma questão nos tem inquietado, ou seja, será que as escolas, embora tenham uma variedade de recursos que podem ser utilizados para desenvolver todo o potencial das crianças, estão sabendo aproveitar essa riqueza pedagógica? Para responder esta inquietação, nos apropriamos de bibliografias que apresentam estudos sobre a brincadeira infantil, bem como observamos em uma escola de educação infantil como o trabalho com as brincadeiras vem sendo desenvolvido com as crianças. Sabendo que a brincadeira está presente na vida das crianças desde os primórdios da antiguidade, fez-se necessário um estudo sobre a influência dessa atividade no desenvolvimento da criança até os dias atuais. Nesse sentido, esta pesquisa está organizada em quatro momentos distintos, mas inseparáveis: no primeiro momento será apresentada a história do desenvolvimento das brincadeiras infantis; no segundo momento faremos uma breve definição de brinquedo e brincadeira procurando distinguir estes dois termos; no terceiro momento analisaremos a brincadeira como atividade principal para o desenvolvimento intelectual da criança e no quarto e último momento a análise dos dados coletados na pesquisa de campo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 322 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1- BREVE RELATO HISTÓRICO DAS BRINCADEIRAS As atividades de brincadeiras existem desde a Antiguidade, no entanto, elas não eram consideradas como atividades típicas e exclusivas das crianças. Na antiguidade as crianças brincavam junto com os adultos, pois suas atividades lúdicas eram as mesmas, de modo que os jogos, não tinham necessidade da supervisão de um adulto. As brincadeiras, entre as crianças de idade e sexo diferente aconteciam em praça pública e espaços livres (FRIEDMAN, 1998, p.28). Segundo a autora, a maioria dessas brincadeiras foi perdendo sua importância que lhes eram atribuídas até então. Friedman (1998, p. 29) destaca que as brincadeiras dessa época era um forte elemento da cultura do riso, do carnaval e do folclore, porém, houve um abandono das brincadeiras pelos adultos, sobrevivendo apenas entre as crianças e quando as brincadeiras não eram abandonadas elas eram transformadas. Isto é, elas deixavam de ser uma atividade lúdica para se transformar em trabalho infantil. Como vimos a atividade lúdica já fazia parte do universo infantil desde a antiguidade, porém, elas não eram consideradas como atividades típicas e exclusivas das crianças, foi somente na era do romantismo que essa atividade passou a ser vista com outros olhos. Na era do Romantismo que a brincadeira passou a ser vista como expressão da criança e a infância a ser compreendida como um período de desenvolvimento específico e com características próprias. Neste período as principais brincadeiras eram: piões, cavalinhos de pau, bola etc. (KISHIMOTO, 1990, apud OLIVEIRA, 2011, p.12). Com esse novo olhar atribuído às brincadeiras, elas passaram a adquirir um novo conceito e, de uma simples atividade de diversão e recreação tornaram-se uma atividade com possibilidade de contribuir significativamente para o aprendizado das ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 323 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ crianças, iniciando-se assim um grande interesse direcionado a educação das mesmas. A partir deste período, vários pesquisadores surgiram desenvolvendo propostas pedagógicas com a utilização de brinquedos e jogos, como por exemplo: Friedrich Froebel (1782-1852), Maria Montessori (18701909) e Ovide Decroly (1871-1932) (KISHIMOTO, 1990, apud OLIVEIRA, 2011, p.12). Tanto Kishimoto como Oliveira, entendem que as brincadeiras podem ser utilizadas como ferramentas de suma importância pra ajudar no processo de aprendizagem da criança, por isso, a brincadeira manteve seu caráter pedagógico, despertando interesse de importantes pesquisadores do século XX, entre eles Piaget e Vigotski. Esses pesquisadores defendem que a brincadeira infantil contribui significativamente para uma nova constituição de criança que se define socialmente pelo brincar. Dessa maneira, consideram as brincadeiras como sendo uma atividade de grande importância para o desenvolvimento intelectual da criança. 2 - DEFINIÇÕES DE BRINQUEDO E BRINCADEIRA Segundo o Dicionário Aurélio da língua portuguesa (2004), brincadeira é o ato ou o efeito de brincar. Para Vigotski (2008, p. 25), ―[...] a brincadeira é uma ação onde a criança consegue realizar ilusoriamente, através da imitação, as coisas que na realidade não são possíveis para ela". Nos estudos que Lev Semenovich Vigotski (1896-1934) realizou foi possível constatar que todos conhecem o enorme papel da imitação nas brincadeiras das crianças. ―As brincadeiras infantis, frequentemente, são apenas um eco do que a criança viu e ouviu dos adultos‖. (VIGOTSKI, 2009, p. 17), pois, a brincadeira através da imitação, só é possível quando a criança tem um prévio conhecimento do papel que se dispõe a fazer enquanto brinca respeitando as regras que nela contém. Quanto ao brinquedo, o Dicionário Aurélio da língua portuguesa (2004) define como sendo o objeto que as crianças utilizam para brincar. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 324 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Para Vigotski (2008), o brinquedo é o objeto que a criança utiliza para por em prática a ação de brincar. Nesse sentido, ele afirma que nas brincadeiras um objeto qualquer perde seu real significado e assume outro sentido no imaginário da criança. Devido ao fato de, por exemplo, um pedaço de madeira começar a ter o papel de boneca, um cabo de vassoura tornar-se um cavalo, a ideia separa-se do objeto, a ação em conformidade com as regras, começa a determinar-se pelas ideias e não pelo próprio objeto (VIGOTSKI, 2008, p. 30). Nesse mesmo sentido, Rossler (2006, p. 59) afirma que: ―[...] no brinquedo, os objetos que a criança utiliza perdem seu significado real e sua força determinante, motivadora de um comportamento padrão‖. Um objeto deixa de ter a sua característica própria para receber característica necessária que a brincadeira inventada pela criança exige no momento. Sendo assim, o brinquedo e as brincadeiras são peças fundamentais para conseguir um bom resultado de aprendizagem, buscando desenvolver a inteligência da criança de forma satisfatória, fazendo com que a mesma aprenda de forma prazerosa a respeitar as regras necessárias que fazem parte das brincadeiras. 3- A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DA CRIANÇA Para analisar este item tomaremos como base as ideias de Vigotski, que considerou que a brincadeira não é a atividade predominante da infância, ou seja, ela é um processo secundário, mas exerce grande influência no desenvolvimento infantil, ―[...] do ponto de vista do desenvolvimento, a brincadeira não é uma forma predominante de atividade, mas, em certo sentido, é a linha principal do desenvolvimento na idade pré-escolar.‖ (VIGOTSKI, 2008, p. 24). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 325 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Na idade pré-escolar, a criança tem necessidades que são muito importantes para seu desenvolvimento como a vontade de realizar atividades que são específicas para um adulto, e somente é possível para a criança conseguir essa realização através das brincadeiras. Assim como Vigotski, Leontiev também considera a brincadeira um fator fundamental no desenvolvimento da criança. No período pré-escolar da vida de uma criança o desenvolvimento das brincadeiras é um processo secundário, redundante e dependente, enquanto a moldagem da atividade-fim que não é uma brincadeira constitui a linha principal do desenvolvimento. (LEONTEV, 2012, p. 120). Para Leontiev a brincadeira surge como uma atividade para realizar os desejos irrealizáveis através da imaginação. Sendo assim, podemos afirmar que na medida em que o mundo da criança se expande, os brinquedos aos quais ela tem contato e que lhe é permitido já não são suficientes para satisfazer suas necessidades de realização de desejos, por isso, ela procura realizá-lo através dos objetos pertencentes ao mundo adulto. Porém, para a criança a satisfação dessa necessidade só é possível através da brincadeira em uma situação imaginária. Nesse sentido, Fontana e Cruz (1997, p. 123) afirmam que para Vigotski, ―a situação imaginária da brincadeira decorre da ação da criança. [...] Isso significa que a criança não imagina uma situação para depois agir. Ao contrário, para imaginar ela precisa agir‖. Quando se trata de imaginação o próprio Vigotski (2009, p.14), diz que a ―[...] imaginação é tudo que não corresponde a realidade e, portanto, não pode ter nenhum significado prático sério‖. Nesse caso, se a brincadeira é como uma ação que ocorre no plano da imaginação, ao brincar a criança deve expressar o domínio da linguagem simbólica. Isto significa que ela precisa ter consciência da diferença existente entre brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizá-la. Por isso, a criança precisa apropriar-se dos elementos reais que ela já conhece e atribuir-lhes novos significados. Nesse aspecto, o Referencial Curricular para a Educação Infantil volume 1 (BRASIL, 1998, p. 27) afirma que essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 326 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada no plano das emoções e das ideias de uma realidade anteriormente vivenciada. Portanto, ―a situação imaginária, longe de ser algo criado pelas crianças, sem nenhuma relação com a realidade, traz marcas da experiência social das crianças, de suas vivências e conhecimentos da realidade‖. (FONTANA, CRUZ, 1997, p. 125). Isto significa que na brincadeira, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes permitiram tal ação, sabendo que estão brincando. Outro fator essencial que Vigotski destaca na brincadeira são as regras que toda criança se obriga a cumprir para permanecer inserida no jogo com os demais colegas. Segundo Vigotski (2008, p.33), ―[...] uma característica essencial na brincadeira é a regra‖. Por isso, qualquer brincadeira que a criança se dispõe a praticar necessariamente ela tem que respeitar as regras contidas na brincadeira ou impostas por elas mesmas. A situação imaginária em si já contem regras de comportamento, apesar de não ser uma brincadeira que requeira regras desenvolvidas, formuladas com antecedência. A criança imaginou-se mãe e fez da boneca seu bebê. Ela deve comportar-se submetendose as regras do comportamento materno (VIGOTSKI, 2008, p. 27). Nesse sentido, podemos considerar que para Vigotski é na brincadeira de faz-deconta, que as crianças conseguem realizar seus desejos e expressar suas experiências vivenciadas respeitando as regras de comportamento do papel que está interpretando. Nesse mesmo sentido, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil volume 1, afirma que as brincadeiras de faz-de-conta ―[...] propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica‖ (BRASIL, 1998, p. 28). É importante ressaltar que a atividade de faz-de-conta é uma brincadeira característica de crianças na fase pré-escolar, porque é nessa idade que surge a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 327 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ necessidade de realizar algo que não é possível para a criança, por isso, ela o faz através da brincadeira e isso lhe permite por em prática as regras de comportamento exigido pelo papel que ela se dispôs a fazer na brincadeira. Segundo Martins (2006, p. 40), ―é preciso considerar que a brincadeira tanto quanto outra interação social requer a mediação do adulto, que assume um papel organizativo na trajetória de apropriações e objetivações realizadas pela criança‖. Nesse sentido, a figura do professor é de suma importância, para que a brincadeira possa realmente atingir um nível satisfatório no desenvolvimento da criança. Percebemos que o professor tem papel fundamental na estruturação e potencialização da brincadeira na escola, inclusive para que ela possa contribuir para o pleno desenvolvimento das crianças que dela participam, considerando o momento em que se encontram, os seus desejos e as suas intencionalidades (MARTINS, 2009, p. 30). Conforme citação acima fica evidente a importância do professor como agente mediador das brincadeiras, na qual ele pode sugerir ou indicar brincadeiras que potencialize a imaginação e os desejos das crianças. Destacando ainda o importante papel da brincadeira, vale ressaltar que os professores da educação infantil tem que acreditar na contribuição dos brinquedos e das brincadeiras para a aquisição de conhecimentos, visto que o brinquedo dentro das instituições de educação infantil é peça fundamental para conseguir um bom resultado de aprendizagem com a criança. O Referencial Curricular para a Educação Infantil, volume 1, também deixa claro a importância da utilização dos brinquedos. Os brinquedos constituem-se em poderosos auxiliares de aprendizagem, mas para atingir um bom resultado, é preciso que os professores façam juntamente com as crianças o uso adequado desses objetos visando alcançar o objetivo proposto (BRASIL, 1998, p. 68). Esta passagem demonstra que é imprescindível a valorização das brincadeiras dentro do contexto escolar, reconhecendo-os como ferramenta de ensino e não apenas como uma atividade extra, responsável por distrair as crianças. Por conta da importância das brincadeiras é que podemos associar a importância do trabalho do ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 328 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ professor nessa etapa da educação infantil, ou seja, para Vigotski é de suma importância o papel do professor como agente mediador, entendido como o responsável pela transmissão da aprendizagem. 4- RESULTADOS DA ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO A pesquisa de campo foi realizada em uma instituição pública de Educação Infantil no município de Paranavaí com o objetivo de pesquisar e verificar como as brincadeiras estão sendo trabalhadas com as crianças. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada realizada com uma professora que trabalha com crianças de idade entre cinco e seis anos. A professora entrevistada tem formação em pedagogia e atua na área da educação Infantil a mais de sete anos. Ao ser questionada sobre o que ela entende por brincadeira, obtivemos a seguinte resposta. ―- A brincadeira é uma atividade que leva a criança a um melhor conhecimento de si própria, proporcionando um mundo cheio de imaginação e diversão‖. Quanto à importância da brincadeira dentro da sala de aula, ela diz que: ―- A brincadeira faz com que a criança interage com o meio, conhecendo e manifestando sua criatividade, habilidade e imaginação dentro da sala de aula‖. Com base na afirmação acima, podemos dizer que a professora considera as brincadeiras como um meio importante para despertar o interesse dos alunos, atribuindo às brincadeiras um papel fundamental para o desenvolvimento das crianças. No decorrer da pesquisa também foi questionado sobre quais os tipos de brincadeiras que as crianças mais brincam? Nesse sentido, ela fez uma pequena lista de brincadeiras preferidas pelas crianças. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 329 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ ―- As brincadeiras que estão na preferência das crianças são aquelas que podem ser realizadas em grupos, como por exemplo: O gato mia, brincadeiras de roda, dança da cadeira e jogo da memória‖. Quanto à frequência que ela utiliza as brincadeiras com as crianças e se estas são planejadas ou espontâneas, ela fez a seguinte afirmação: ―- Utilizo a brincadeira pelo menos uma vez por semana de forma lúdica, elas são planejadas junto com os conteúdos trabalhados durante a semana‖. Sobre qual o critério que ela utiliza para planejar as brincadeiras e se existe uma relação entre as brincadeiras que devem ser trabalhadas e as brincadeiras que não devem ser trabalhadas, obtivemos a seguinte resposta: ―- O critério utilizado é a faixa etária da criança, pois, existe sim uma relação de brincadeiras a serem trabalhadas de acordo com a idade da criança, por isso algumas brincadeiras acabam não sendo utilizadas, pois tudo depende do resultado que se quer alcançar através da brincadeira escolhida dentro do planejamento‖. Ao dar sua opinião sobre a contribuição da brincadeira no processo do desenvolvimento cognitivo da criança, ela deixou claro sua posição quanto a essa questão. ―- A brincadeira é sem dúvida um recurso que pode proporcionar meios facilitadores para a aprendizagem escolar, ela realmente auxilia no aprendizado, porém, não é a atividade principal‖. Ao analisar essa resposta, pudemos constatar que sua fala se aproxima das ideias de Friedman. [...] quero situar a atividade lúdica como mais uma alternativa metodológica. [...] não considerar a atividade um único e exclusivo recurso de ação, já que esta seria uma postura ingênua. Trata-se de uma alternativa significativa e importante, mas seu uso não exclui outros caminhos metodológicos (FRIEDMAN, 2006, p. 54). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 330 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Quanto à pergunta sobre quais os tipos de brincadeiras que ela utiliza como forma de aprendizagem, ela nos deu a seguinte resposta: ―- Faço uso daquelas que são possíveis para tornar o aprendizado mais atraente e divertido aproveitando a motivação própria das crianças‖. Por fim, quando levantamos a questão sobre o papel do professor no processo de aprendizagem através das brincadeiras, ela enfatizou a importância do professor como mediador nesse processo. ―- O papel do professor é de suma importância, pois, ele é quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das brincadeiras, ou seja, ele faz a mediação da construção do conhecimento‖. Nesse sentido, constatamos como ponto positivo a importância que a professora atribui as brincadeiras como instrumentos de aprendizagem. Por outro lado, observamos que infelizmente, nem sempre a teoria é colocada em prática, pois, mesmo tendo todo esse conhecimento teórico sobre a importância desses recursos didáticos, constatamos que as brincadeiras não estão sendo utilizadas dentro da sala de aula. A professora, na maioria das vezes, tem priorizado um ensino mais técnico, como a utilização constante de livros, cadernos, quadro de giz e autoritarismo. Ao contrário desse posicionamento pedagógico poderia unir os conteúdos escolares com as brincadeiras para tornar a aprendizagem mais prazerosa, eficaz e consequentemente alcançar um desenvolvimento integral da criança. Mesmo sabendo que a escola deve ser o lugar ideal para trabalhar esse tipo de atividade, não é isso que está ocorrendo na prática. Como afirmam Fontana; Cruz: Na escola, como lugar essencialmente destinado a apropriação, elaboração pela criança de determinadas habilidades de terminados conteúdos do saber historicamente construído, a brincadeira é negada, secundarizada ou vinculada a seus objetivos didáticos. Nesse ultimo caso, diz-se que brincar é uma forma de aprender, ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 331 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ privilegiando-se assim a atividade cognitiva implícita na brincadeira, em detrimento de seu caráter lúdico (FONTANA; CRUZ, 1997, p. 136). Com base nessas afirmações, visto que muitas crianças passam grande parte de seu tempo na escola, as brincadeiras poderiam ser mais bem trabalhadas pelos professores dentro da sala de aula. Assim, entendemos que as ações realizadas pela professora, além de contrariar suas respostas referentes ao questionário da pesquisa, contrariam também as propostas do Referencial Curricular Nacional, que indica o trabalho com as brincadeiras como uma ferramenta para auxiliar o professor a alcançar um melhor resultado no desenvolvimento da criança. Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem (BRASIL, 1988, p. 28). Com base na afirmação do documento e em outras referências pesquisadas que salientam a importância da atividade lúdica dentro das Instituições de educação infantil, podemos considerar que o problema da não utilização dos brinquedos e brincadeiras dentro da escola se comprovou, visto que a professora, apesar de ter um vasto conhecimento teórico sobre a importância das brincadeiras, ainda se utiliza de instrumentos tradicionais como principal recurso para aprendizagem, deixando de lado a atividade do brincar que ela mesma coloca como sendo de grande importância para o desenvolvimento da criança. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS A partir dos estudos realizados por Vigotski, podemos compreender que o brincar não é uma simples atividade de passa tempo e sim, que ela está associada ao aprender, dessa forma devemos acentuar a importância das brincadeiras como fontes de prazer e aprendizado, entendendo-as como parte da realidade das crianças na qual elas podem vivenciar situações de alegrias, tristezas, realizações de desejos com estabelecimentos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 332 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ de normas e regras que devem ser respeitadas. Esse comportamento contribui para o conhecimento e o crescimento da criança. No entanto, constatamos que apesar das inumeras pesquisas sobre a importância das brincadeiras para o desenvolvimento da criança, as escolas e os professores não estão valorizando esse tipo de atividade visto que, através da pesquisa de campo ficou comprovado que as brincadeiras dentro das instituições de educação infantil estão sendo deixadas de lado, uma vez que os professores optam por outras atividades escolares, desconsiderando a eficácia das brincadeiras como um essencial recurso pedagógico para o desenvolvimento intelectual da criança em idade escolar. REFERÊNCIAS BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a educação infantil: Ministério da Educação e do Desporto. vol. 1. Brasília: MEC/SEF, 1998. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 6 ed. Curitiba: Positivo, 2004. FONTANA, Roseli; CRUZ, Maria Nazaré da. Psicologia e Trabalho Pedagógico. São Paulo: Atual, 1997. FRIEDMAN, Adriana et al. O direito de brincar: a brinquedoteca. São Paulo: Edições Sociais, 1998. FRIEDMAN, Adriana. O desenvolvimento da criança através do brincar. São Paulo: Moderna, 2006. LEONTIEV, A.N. Os princípios psicológicos da brincadeira pré-escolar. In: VIGOTSKII, L.S, LURIA, A.R, LEONTIEV, A.N. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. 12 ed. São Paulo: Ícone, 2012, p. 119-142. MARTINS, Ilda Carneiro. As relações do professor de educação infantil com a Brincadeira: do brincar na rua ao brincar na escola. 2009. 169 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2009. MARTINS, Ligia Márcia. A brincadeira de papéis sociais e a formação da personalidade. In: ARCE, A, DUARTE, N. (Orgs.). Brincadeira de papéis sociais na educação infantil: as contribuições de Vigotski, Leontiev e Elkoin. São Paulo: Xamã, 2006, p. 27-50. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 333 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ OLIVEIRA, Juliana Ribeiro de. O Prazer de Aprender brincando 2011. 39 f. Artigo Pós-Graduação Lato ―Sensu" em Psicopedagogia. Universidade Cândido Mendes, Niterói, 2011. Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/N203980.pdf> Acesso em: 19 de abr. 2013. ROSSLER, J.H. O papel da brincadeira de papéis sociais no desenvolvimento do psiquismo humano. In: ARCE, A, DUARTE, N. (Orgs.). Brincadeira de papéis sociais na educação infantil: as contribuições de Vigotski, Leontiev e Elkoin. São Paulo: Xamã, 2006, p. 51-63. VIGOTSKI, L.S. A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança. Revista Virtual de Gestão de Iniciativas Sociais, ano 7, n.8, p.23-35, junho, 2008. ______ Imaginação e criação na infância. São Paulo: Ática, 2009. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 334 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A INTERDISCIPLINARIDADE NA OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO76 CANATO, Desirée Marisa([email protected]) 77 SANTOS, Gersonita Elpídio dos ([email protected]) 78 RESUMO O objetivo deste estudo é apontar alguns elementos relacionados à interdisciplinaridade presentes na obra infanto-juvenil de Monteiro Lobato. Serão contemplados dois livros de sua obra intitulada Sítio do Picapau Amarelo, que são: O Poço do Visconde e Histórias de Tia Nastácia. De acordo com a crítica, Monteiro Lobato acreditava que a Escola poderia ser um sítio, onde as crianças e jovens pudessem aprender, com experiências reais e fictícias Por isso seus textos promovem o diálogo com várias disciplinas do conhecimento, geografia, matemática, mitologia grega, ciências, etc. Monteiro Lobato acaba valorizando o ambiente local daquela época, construindo uma realidade ficcional, conhecido como o Sitio do Picapau Amarelo. Dentro dele, cria personagens nacionais e de mitologia autônoma, a boneca Emília que de uma simples boneca de pano se torna uma grande boneca tagarela, Narizinho e Pedrinho, alegres e sem problemas e que tem uma avó ideal, Dona Benta. Ela mora nesse Sítio com toda essa criançada e com Tia Nastácia, uma serviçal. Neste sitio ainda tem muitos personagens como Visconde de Sabugosa, feito de uma espiga de milho, o Rabicó um porco muito guloso, Tio Barnabé, Quindim o rinoceronte, o Burro Falante, a Cuca o Saci, entre outros. Os resultados obtidos nesta pesquisa bibliográfica serão todos analisados através de livros sobre o assunto para a melhor compreensão da importância da interdisciplinaridade no ensino- aprendizagem. Palavras-chave: Literatura Infantil – Interdisciplinaridade - Monteiro Lobato. 76 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2013 à banca examinadora constituída pelos professores: (citar). 77 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 78 Professora orientadora Ms. em Estudos Literários pela UEM . Professora do Colegiado de Letras da UNESPAR/FAFIPA. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 335 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO O estudo tem como propósito apresentar um recorte no que se refere às relações de interdisciplinaridade e de contextualização estabelecidas em dos livros de José Bento Renato Monteiro Lobato (1882 – 1948), na categoria infanto-juvenil, que são: O Poço de Visconde (1937) e Histórias de Tia Nastácia (1937). São textos que fazem parte das obras completas do autor, intitulada no ―Sitio do Picapau Amarelo‖. Ao enforcar a interdisciplinaridade no ensino aprendizagem, relacionada às várias possibilidades metodológicas, buscou-se a pesquisa bibliográfica, alicerçada no materialismo histórico dialético, que, segundo Martins (2008, p. 137), contribui a uma representação mas próxima possível daquilo que existe na realidade. Porque a representação do real é feita por um longo processo, que passa pela abstração ―do que apresenta de forma desorganizada, avançando para a análise das suas partes constituintes, até chegar à síntese.‖ Metaforicamente, o sitio poderia representar uma grande escola, onde as crianças e jovens pudessem aprender de forma significativa, até mesmo, àqueles conteúdos que são considerados difíceis de se estudar, mas que se tornam um espaço ideal para viver, sonhar e se divertir com os personagens Emília, Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Nastácia, Visconde de Sabugosa, entre outros. Isso porque Monteiro Lobato conseguiu romper com a seriedade e rigidez da linguagem culta, de cunho português que, em geral predominava nas traduções de literatura infantil que nos vinha da Europa. Daí a sua importância como ―criador da Literatura Infanto-juvenil Brasileira, segundo Coelho (1983, p 718). Nas histórias, Monteiro Lobato contempla diversas disciplinas do conhecimento, realizando a interdisciplinaridade, bem anterior ao uso do vocábulo que se utiliza hoje, quando se admite que ―as disciplinas escolares não são herméticas, fechadas em si, mas a partir de suas especialidades, chamam umas as outras na prática ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 336 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ pedagógica,‖ de acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica.(2008, p.27) Portanto o que se propõe na pesquisa é abordar alguns aspectos significativos das obras supracitadas, em que o escritor Monteiro Lobato aponta questões importantes relacionadas a interdisciplinaridade. 2. O ESCRITOR MONTEIRO LOBATO Monteiro Lobato, de uma personalidade dinâmica e criativa, aberta às renovações que o século XX prometia, foi um homem que perseguiu, com paixão ou obstinação, diferentes ideais ou objetivos. Foi um batalhador da palavra: Nascendo no ocaso do Império, conheceu todas as mutações que fizeram o Brasil de Hoje: a Abolição da Escravatura; a Implantação da República; a eclosão do Modernismo; o fim da República Velha; a Revolução de 30 e o Advento da Era Getuliana; assistiu a queda do Estado Novo, em 1945, e a redemocratização do país [...].(COELHO, 1983, p.719). Na literatura Infanto-juvenil, é considerando um verdadeiro divisor de águas. Sua maior novidade estava nas novas relações crianças X adultos. Relações baseadas na afeição mútua e na harmonia, mas livres do tradicional condicionamento exemplar a ser assimilado pelos pequenos. Antes do século XVIII não existia a infância, a criança era vista como um ―adulto em miniatura‖ como nos explica Zilberman: [...] a concepção de faixa etária diferenciada com interesses próprios e necessitando de uma formação específica, só aconteceu em meio a Idade Moderna. Essa mudança se deu a outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em relações de parentescos, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios internos) e estimular o afeto entre seus membros.‖ (ZILBERMAN, 1985, p.13). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 337 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O mais interessante dessa época é que não existia diferença na faixa etária das crianças, todos participavam dos mesmos acontecimentos, da vida e da morte. Com a valorização da infância gerou-se assim uma união familiar, pois não existia nenhum laço amoroso que os aproximavam. A literatura infantil é convocada para suprir essas necessidades. Os primeiros registros de textos para crianças foram feitos por pedagogos e professores com o intuito de educar, desenvolver habilidades e conceitos a partir deles. O aparecimento da infância está totalmente ligado com o surgimento da literatura infantil, pois quando surgiu a literatura, só existia para os adultos, pois naquela época a criança ainda era vista como uma miniatura de adulto, não tinha a infância nem a divisão de faixas etárias. A literatura infantil teve seu inicio com Charles Perrault entre os anos de 1628 e 1703. Perrault foi o primeiro a escrever para crianças no nosso mundo ocidental. Ele foi um adaptador dos temas populares europeus. Percorria todas as faixas etárias das classes sociais mais simples. Ele colaborou com os seguintes livros para a literatura infantil: ―Mãe Gansa‖, ―O Barba Azul‖, ―Cinderela‖, ―A Gata Borralheira‖, ―O Gato de Botas‖, entre outros. Depois de Perrault surgiram outros escritores: Andersen, Collodi, Irmãos Grimm, Lewis Carrol, entre outros... No Brasil, no século XX, a literatura infantil primeiramente foi marcada por Andersen com seu livro ―O Patinho Feio‖. ( COELHO, 2000). Segundo Coelho (1983) o paulista José Bento Monteiro Lobato foi o criador da Literatura Infantil/Juvenil brasileira. Ele foi uma das figuras que marcou a realidade sócio-econômica-cultural de seu tempo. Outro fato importante é sua atração para diferentes áreas de atividades e a todas se dedicava com afinco, entusiasmo e persistência. Não era um homem que desistia diante dos obstáculos da vida , segundo Nelly Novaes Coelho. Lobato decide escrever ―A Menina do Nariz Arrebitado‖ destinada ao público infantil, nas escolas [...] com 38 anos Lobato voltase para o setor mais descuidado da Literatura, a Literatura Infantil. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 338 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Com o passar do tempo conseguiu despertar o interesse pela leitura de muitas crianças, como nos afirma Zilberman: O Papel exercido por Monteiro Lobato no quadro da literatura infantil nacional tem sido seguidamente reiterado, e com justiça. É com este autor que se rompe (ou melhor: começa a ser rompido) o circulo da dependência aos padrões literários providos da Europa, principalmente no que diz respeito, ao aproveitamento da tradição folclórica. Valorizando a ambientação local predominante na época, ou seja, a pequena propriedade rural, Monteiro Lobato constrói uma realidade ficcional coincidente com a do leitor de seu tempo e inventa o Sítio do Picapau Amarelo. Alem disso, não apenas utiliza personagens nacionais, como também cria uma mitologia autônoma que se repete em quase todas as narrativas; eis por que a presença constante de Pedrinho, Emília, Narizinho, Dona Benta, Tia Nastácia, o Visconde. É Igual razão de seu êxito literário e estético o emprego de crianças como heróis, o que possibilita uma identificação imediata com o leitor. (ZILBERMAN, 1985, p.54 e 55). Outro teórico que aborda a respeito de Monteiro Lobato é Nelly Novaes Coelho principalmente quando argumenta: Dentro do universo lobatiano, esse modelo de rebeldia criadora e de individualismo audaz, confiante e empreendedor vai encontrar na Emília, sua mais complexa realização. A boneca Emília é a única que evolui dentro do universo do Sítio do Picapau Amarelo. Nasce como simples ―boneca de pano, fabricado pela preta (Nastácia) e muito feiosa, a pobre, com seus olhos de retrós preto e as sobrancelhas tão la em cima que é ver uma cara de bruxa‖. [...] ela é a personagem-chave do universo lobatiano, pois é a única que vive em tensão dialética com os demais e, também a única que sofre transformações em sua personalidade. Todas as demais personagens que formam a constelação familiar do Sítio do Picapau Amarelo são arquétipos: Narizinho e Pedrinho são crianças sadias, alegres e sem problemas que servem para dar suporte a trama dos acontecimentos, e em geral que servirem de contraponto a boneca. Dona Benta a avó ideal. Tia Nastácia – a serviçal eficiente, afetuosa e humilde, mas querida e respeitada. (COELHO, 2000, p.733). Monteiro Lobato faz do Sítio do Picapau Amarelo um lugar extremamente fantástico, podemos compreender com base em Zilbermam (1985), o Sitio do Picapau Amarelo é um mundo fictício a partir do qual se desenvolvem os outros contextos ambientais de seus livros, num crescente avanço rumo aos espaços fantásticos ( pois passa em ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 339 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ um cenário de Certo modo reconhecido e mencionado no Sítio, para horizontes cada vez mais fantasiosos, como o Reino das Água Claras, a Lua a Grécia clássica, entre outros), pois no Sítio existem apenas dois seres mais velhos, Dona Benta e Tia Nastácia, sendo que experiência, maturidade e responsabilidade, que são propriedades especificas dos adultos fica apenas para a Avó Dona Benta. As demais personagens são divididas em: as realistas que são as crianças Narizinho e Pedrinho, e as fantásticas: Emília, Visconde e Peninha, os animais mágicos: o Rinoceronte Quindim e o Burro Falante, já a cozinheira Tia Nastácia, seu nível intelectual e comportamental não ultrapassa o dos pequenos, sendo, as vezes, mesmo inferior. [...] no Brasil deu-se por muito tempo o transplante da tradição estrangeira, sendo que as narrativas de orais de cunho local não receberam atenção similar, mesmo durante a vigência de movimentos literários de cor nacionalista, como o Romantismo, o Regionalismo ou o Modernismo. Foi Monteiro Lobato quem procurou incorporar este acervo as suas histórias, através do aproveitamento de certas personagens, fantásticas, como o Saci Pererê, históricas, como Hans Staden, por exemplo, e dos relatos populares; daí a presença do ciclo das lendas relativas a onça ou ao jabuti, entre outras. Por outro lado, se a ambiência modernista do Autor transparece em tais procedimentos, cabe a ressalva de que ele emprega igualmente a mitologia clássica (como O Minotauro ou Os doze trabalhos de Hércules) e os personagens oriundos da literatura européia (Peter Pan, D. Quixote) ou da religião (S. Jorge, em Viagem a Lua) integrando o universo infantil de suas pessoas imaginárias e leitores a história nacional e ocidental, assim como ao mundo cultural que os cerca. (ZILBERMAN, 1985, p.56). 2.1 A INTERDISCIPLINARIDADE Os estudos sobre a interdisciplinaridade surge na França e na Itália em meados a década de 1960, em um momento marcado por movimentos estudantis que reivindicavam um ensino mais sintonizado com as questões de ordem social, política e econômicas da época. A interdisciplinaridade acabou sendo uma resposta para essas reivindicações, na medida em que os problemas da época era algo que não ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 340 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ seria resolvido de imediato. No final da década de 60 a interdisciplinaridade chega no Brasil. Em seu livro, o autor apresenta uma síntese das principais questões que envolvem a interdisciplinaridade e anuncia os pressupostos fundamentais para uma metodologia interdisciplinar. Sobre o tema intitulado de interdisciplinaridade, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica na disciplina de língua portuguesa, salienta: Anunciar a opção político-pedagógica por um currículo organizado em disciplinas que devem dialogar numa perspectiva interdisciplinar requer que se explicite qual concepção de interdisciplinaridade e de contextualização o fundamenta, pois esses conceitos transitam pelas diferentes matrizes curriculares, das conservadoras às críticas, há muitas décadas [...] as disciplinas escolares são entendidas como campos do conhecimento, identificam-se pelos respectivos conteúdos estruturantes e por seus quadros teóricos conceituais. Considerando esse constructo teórico, as disciplinas são o pressuposto para a interdisciplinaridade. A partir das disciplinas, as relações interdisciplinares se estabelecem quando: conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina são chamados à discussão e auxiliam a compreensão de um recorte de conteúdo qualquer de outra disciplina; ao tratar do objeto de estudo de uma disciplina, buscam-se nos quadros conceituais de outras disciplinas referenciais teóricos que possibilitem uma abordagem mais abrangente desse objeto. [...] estabelecer relações interdisciplinares não é uma tarefa que se reduz a uma readequação metodológica curricular, como foi entendido, no passado, pela pedagogia dos projetos. A interdisciplinaridade é uma questão epistemológica e está na abordagem teórica e conceitual dada ao conteúdo em estudo, concretizando-se na articulação das disciplinas cujos conceitos, teorias e práticas enriquecem a compreensão desse conteúdo. No ensino dos conteúdos escolares, as relações interdisciplinares evidenciam, por um lado, as limitações e as insuficiências das disciplinas em suas abordagens isoladas e individuais e, por outro, as especificidades próprias de cada disciplina para a compreensão de um objeto qualquer. Desse modo, explicitase que as disciplinas escolares não são herméticas, fechadas em si, mas, a partir de suas especialidades, chamam umas às outras e, em conjunto, ampliam a abordagem dos conteúdos de modo que se busque, cada vez mais, a totalidade, numa prática pedagógica que leve em conta as dimensões científica, filosófica e artística do conhecimento. (PARANÁ, 2008, p. 27). Sendo assim, a pesquisa poderá contribuir no sentido de destacar nuances dessa interdisciplinaridade presentes nas obras mencionadas, como por exemplo em O Poço de Visconde, ao compreender o descobrimento de Petróleo no Brasil, pois na ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 341 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ época, o país não tinha e nem poderia ter petróleo, segundo os técnicos do governo, empenhados em propagar tal ideologia. Na vida real, o escritor foi preso pelo governo de Getúlio Vargas, quando escreveu um artigo, no jornal da época dizendo que no estado da Bahia havia petróleo. Chegou ao ponto de envolver-se em uma campanha pela exploração do solo brasileiro. Sua defesa fervorosa do petróleo nacional fez com que tivesse problemas políticos que acabaram por coordená-lo a três meses de prisão, em 1941. O livro de ficção aborda justamente o tema da atualidade, no qual as crianças puderam compreender sobre o recurso do petróleo como um bem que um dia poderá acabar e de sua importância para a humanidade. Um dos personagens mais empenhado nessa peripécia é Visconde de Sabugosa, que descobre nos livros de Dona Benta um tratado de geologia, e a partir disso começa a estudar essa ciência, e como a criançada do sitio já estavam pensando em cavar um poço de petróleo dentro do Sítio do Picapau Amarelo, não existia personagem melhor para explicar um pouco da geologia para as crianças do sitio. Vejamos um trecho de sua explicação sobre o petróleo: As jazidas de petróleo mais importantes que o homem conheceu encontram-se, como já contei, perto da costa e nos extintos mares interiores, ou mediterrâneos, como foi o nosso Mar de Xaraés. Os riquíssimos campos de petróleo de Bacu, rente ao Mar Cáspio, estão nessas condições. O mesmo direi dos campos petrolíferos da Mesopotâmia, rente ao Golfo Pérsico. Aqui na América do Sul temos os campos petrolíferos Comodoro Rivadávia, na Argentina, rente ao Golfo de S. Jorge. Esse golfo já foi muito maior. Os aterros é que o reduziram ao tamanho atual, na parte aterrados os argentinos abriram mais de 3.000 poços de petróleo. (LOBATO, 1996, p.20). O Poço do Visconde, é um livro didático, onde Lobato passa às crianças, uma boa noção de Geologia e também de patriotismo. O Visconde é o professor e o empresário, que, auxiliado pelo maravilhoso faz-de-conta da Emília, ergue, nas terras do sítio, um poço de petróleo dos mais férteis. Incrível que o episódio aconteceu mesmo na vida real, em janeiro de 1939, no mesmo local onde o Visconde de Sabugosa previu, dois anos antes. O livro foi escrito para que as ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 342 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ crianças entendessem a formação do petróleo como sendo um recurso finito e de muita importância para a humanidade. Já na obra Histórias de Tia Nastácia, Monteiro Lobato através das histórias de Tia Nastácia nos mostra o símbolo idealizado da raça negra que está na gênese do povo brasileiro e foi a melhor fonte das histórias que alimentaram a imaginação e a fantasia de gerações e gerações de brasileiros, segundo Coelho (1983, p. 730). Ao criar a personagem Tia Nastácia, Monteiro Lobato deu voz e vez ao afrodescendente que tanto influenciou a nossa cultura. Lobato foi apenas realista, registrou que acontecia na realidade. Sobre o assunto, assim escreve Coelho: Inclusive o acusado racismo de Lobato (principalmente encarnado em Tia Nastácia) evidentemente, uma meia representação do racismo açucarado que define a atitude do brasileiro em relação a raça negra. O que essa atitude tem de negativa, resulta do racismo peculiar ao mundo-dos-brancos, em qualquer latitude ou longitude, nas quais eles se tenham fixado, durante o avanço colonizador, na conquista do Poder e do Progresso, que constituiu este novo mundo de grandezas e misérias. (COELHO, 1983, p.734). O que se pode apreciar no livro são histórias fantásticas contadas por Tia Nastácia. A começar pelo início, vê-se a curiosidade das crianças querendo saber mais sobre a palavra ―folclore‖, Pedrinho faz com que Tia Nastácia conte tudo sobre o ―folclore‖, com isso ela começa a contar várias histórias infantis de folclore brasileiro. Tia Nastácia é a narradora que conta as histórias, que reproduz às crianças aquelas lendas que lhe foram transmitidas por avós e avós dos avós. Lobato recupera as narrativas populares, mas fazendo com que as crianças se posicionem, gostando ou não do que ouviram, discutindo o valor dessa literatura. Porque, na época em que foi escrito, o modelo repressivo era único. Os jovens leitores, provavelmente se identificariam com a irreverência da Emília, diante de todos os ―não pode‖ sociais e familiares. Vejamos um trecho nos mostra um pouco da importância que as crianças viram na Tia Nastácia e em sua sabedoria sobre o assunto folclore: ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 343 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Pedrinho, na varanda, lia um jornal. De repente parou e, e disse à Emília, que andava rondando por ali: - Vá perguntar a vovó o que quer dizer a palavra folclore. [...] – Dona Benta disse que folk quer dizer gente, povo; e lore quer dizer sabedoria, ciência. Folclore são as coisas que o povo sabe de boca, de um contar para o outro, de pais a filhos – os contos, as histórias, as superstições, as bobagens, a sabedoria popular, etc. e tal. Porque pergunta isso Pedrinho? O menino calou-se. Estava pensativo, com os olhos lá longe. Depois disse: - Uma ideia que eu tive. Tia Nastácia é o povo. Tudo o que o povo sabe vai contando de um para o outro, ela deve saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia, para tirar o leite do folclore que há nela. [...] – As negras velhas – disse Pedrinho – são sempre muito sabidas. (LOBATO,1973, p. 101). No sítio não existe pai nem mãe, adultos que impõem tarefas, reprimem atitudes. Dona Benta é uma avó inteligente e educadora, mas um educador ―socrático‖, aos moldes do filósofo grego, instrui as crianças deixando-as chegar sozinhas ao final do raciocínio; incentiva a sua curiosidade, faz elogios, mas não pune severamente. Tia Nastácia, na sua simplicidade, cheia de crenças populares, muitas vezes é levada pelas crianças, sem saber, à lua, em Viagem ao céu (1932), ou raptada pelo Minotauro. Jamais é modelo repressor. No fundo também se orgulha dos ―diabinhos‖, como os chama. 2.2 A IMPORTÂNCIA DE SE CONTAR HISTÓRIAS ÀS CRIANÇAS O ato de contar histórias, é algo muito importante para a formação de de uma criança, pois escuta-las é o começo de sua aprendizagem, é o inicio de um futuro leitor. Segundo Abramovich (1997), a leitura tem seu início ainda quando a criança não sabe ler: O primeiro contato da criança com um texto é feito oralmente, através da voz da mãe, do pai ou dos avós, contando contos de fada, trechos da Bíblia, histórias inventadas, livros atuais e curtinhos, poemas sonoros e outros mais...contados durante o dia – numa tarde de chuva, ou estando todos soltos numa grama, num feriado ou domingo – ou num momento de aconchego, a noite antes de dormir, a crianças se preparando para um sonho rico, embalado por uma voz amada. (ABRAMOVICH,1997, p 104). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 344 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A partir do momento que se conta histórias a crianças, nós adultos nos divertimos juntamente com as crianças através das situações vividas pelos personagens das histórias, de acordo com Abramovich (1997), com as histórias podemos mostra a criança a possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos, através dos problemas que são sendo defrontados, enfrentados, resolvidos, pelas personagens da história, ouvindo história a criança, pode sentir-se emoções importantes, tristeza, raiva, irritação, bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e outras mais atitudes, sem contra que ela acabavivendo profundamente tudo aquilo que a história provoca em quem esta ouvindo, pois ouvir significa enxergar com os olhos do imaginário! [...] É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica, ... É bem sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver que, deixar de ser literatura, deixar de ser prazer e passar a ser Didática, que é outro departamento (não tem preocupado em abrir as portas da comprrensão do mundo). (ABRAMOVICH,1997, p 105). Monteiro Lobato, atraves de suas literaturas quer nos mostra que se pode ensinar atraves da interdiciplinaridade, que podemos fazer dos conteúdos algo mais dinâmico e menos didático. Em 1918, Lobato fundou o Monteiro Lobato Editora, publicando Narizinho Arrebitado, o primeiro livro das quase cinco mil páginas que escreveria sobre as aventuras de Pedrinho, Narizinho, Visconde de Sabugosa, Dona Benta e Empilia, personagens inesquecíveis do Sitio do Picapau Amarelo. Sua paixão pelos livros envolvia justamente a arte de contar histórias as crianças. A boneca Emília seria a Sherazade das mil e uma noites, aludindo a capacidade para enredar o leitor com narrativas fantásticas. Contar histórias é uma arte. Para bem fazê-lo, deverá o contador seguir os seguintes passos, de acordo com Malba Tahan: Conhecer a história; Apreciar, realmente a história; Despertar o interesse das crianças para a história que vai ser narrada; Viver e vibrar com os diferentes personagens, dramatizando todas as ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 345 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ situações e incidentes narrados; Adaptar o vocabulário à compreensão das crianças, apresentando a história de preferencia em diálogos facilitando assim a dramatização espontânea; Acomodar as crianças o mais perto possível da professora, de preferencia em semicirculo, facilitando-lhes a apreciação das gravuras; Limitar a história a duração máxima de dez minutos. (TAHAN,1966, p. 48). Monteiro Lobato enquanto criador de seus personagens, faz com que os mesmos possam interagir com seus leitores, produzindo situações inusitadas, como por exemplo no livro Histórias de Tia Nastácia: [...] Emília torceu o nariz. – Essas histórias folclóricas são bastante bobas – disse ela. – Por isso é que não sou ―democratica!‖ Acho o povo muito idiota... – Nossa senhora! - exclamou dona Benta. – Vejam só como anda importante nossa Emilinha. Fala que nem um doutor. [...] Dona Benta voltou-se para Tia Nastácia. – Vê, Nastácia, como esta ficando êste meu povinho? Falam como se fôssem gente grande, das sabidas. Democracia, para cá, folclórico para la, mentalidade... Neste andar meu sítio acaba virando Universidade do Sítio do Picapau Amarelo. (LOBATO,1973, p. 101). CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Mediante o breve estudo, considera-se que tanto O Poço do Visconde como Histórias de Tia Nastácia são obras que evidenciam a preocupação do escritor Monteiro Lobato com o exercício da interdisciplinaridade, compreendendo a dinâmica resultante entre o conhecimento e a existência humana, ―a necessidade de construção de um novo paradigma de ciência, de conhecimento, e a elaboração de um novo projeto de educação, de escola e de vida‖, segundo Fazenda (2012,p.18). José Bento Monteiro Lobato, o nacionalista que lutou pelo petróleo brasileiro, que foi um editor arrojado. Seu grande prazer são as crianças, se enternece com o carinho recebido dos jovens leitores. São milhares de cartas, respondidas por ele. Pedem a receita dos bolinhos de Tia Nastácia, querem ouvir as suas histórias carregadas de emoção, que vêm lá da mãe África, e que os afrodescendentes que vieram para o ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 346 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Brasil como escravos, não puderam contar, pois foram calados pela voz do colonizador, obrigados a trabalhar dia e noite, sem salários, sem casa, totalmente desenraizados, os ―Condenados da Terra‖, do livro de Franz Fanon. Agora Tia Nastácia pode falar, porque o escritor lhe deu a palavra, mesmo que seja pela voz de Monteiro Lobato. Os resultados ainda que parciais são que este artigo tem como objetivo mostrar a importância da literatura, da interdisciplinaridade na vida escolar de uma criança, pois Monteiro Lobato através de suas histórias consegue ensinar muitos conteúdos de forma diferenciada. Sem contar na importância da leitura para uma criança, pois uma criança que tem um boa leitura, que se interessa por ela e que navega dentro dos livros, será um futuro adulto leitor, e é disso que precisamos para nosso mundo, de pessoas inteligentes, que pense no futuro, que esteja sempre ligado a tecnologia, a livros da atualidade. REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices. São Paulo: Scipione, 1997. COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. 1ªed. São Paulo: Moderna, 2000. _________ Dicionário crítico , da literatura infantil e juvenil brasileira. 1ªed. São Paulo: Quíron, 1983. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 18ªed. São Paulo. Papirus, 2012. LOBATO, José Bento Monteiro. O Poço de Visconde. 21ªed. São Paulo: Brasiliense, 1996. __________ Histórias de Tia Nastácia. 18ªed. São Paulo: Brasiliense, 1973. MARTINS, Marcos F. Marx, Gramsci e o Conhecimento: Ruptura ou continuidade? Campinas. Autores Associados. 2008 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 347 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Básica. Superintendência da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: língua portuguesa e literatura. Curitiba: SEED, 2008 TAHAN, Malba. A arte de ler e contar histórias. 5ªed.Rio de Janeiro: Copyright de conquista, 1966. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 4ªed. São Paulo: Global, 1985. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 348 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O LÚDICO NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL79 Eliane Torqueti Rodrigues80 (UNESPAR- Campus Paranavaí [email protected]), 81 Mari Tatiane de Col (Colégio Estadual Professor Bento Munhoz da Rocha [email protected].) RESUMO O objetivo deste estudo foi analisar a importância do lúdico na Educação Infantil para o desenvolvimento da criança, bem como o papel do professor, pois, este é um período fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e aprendizagem de forma significativa. Portanto, para realizar este trabalho, utilizamos a pesquisa bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos e sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Para definir a brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os pais, educadores e sociedade em geral sobre a ludicidadevivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem. A partir de pesquisa bibliográfica vemos que a criança aprende enquanto brinca. De alguma forma a brincadeira se faz presente e acrescenta elementos indispensáveis ao relacionamento com outras pessoas. Palavras-chave: Lúdico. Desenvolvimento. Ensino. Aprendizagem. 79 Trabalho realizado durante a participação da acadêmica no Programa de Iniciação Científica da Unespar- Campus Paranavaí, com o apoio da Fundação de Apoio à FAFIPA, no período de 21 a 24 de outubro de 2013. 80 Acadêmica do segundo ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. Bolsista do PIBID/CAPES- Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. 81 Professora Orientadora. Pedagoga/Psicopedagoga Clínica e Institucional, Professora da Educação Especial- Sala de Recursos Multifuncional l no Colégio Estadual Professor Bento Munhoz da Rocha Neto- EFMP. Supervisora da Subárea Pedagogia- PIBID/CAPES. Da Universidade Estadual do Paraná – Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 349 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO A infância é a idade das brincadeiras, pois por meio delas a criança satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de inserção na realidade. Além disso, pelas brincadeiras a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. Destacamos o lúdico como uma das maneiras mais eficaz de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo que a cerca. Para definir a brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os pais, educadores e sociedade em geral sobre a ludicidade que deve estar sendo vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem (FANTACHOLI,2009). Neste contexto, o brincar na educação infantil proporciona a criança estabelecer regras constituídas por si e em grupo, contribuindo na integração do indivíduo na sociedade. Deste modo, à criança estará resolvendo conflitos e hipóteses de conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de compreender pontos de vista diferentes, de fazer-se entender e de demonstrar sua opinião em relação aos outros. É importante perceber e incentivar a capacidade criadora das crianças, pois esta se constitui em uma das formas de relacionamento e recriação do mundo, na perspectiva da lógica infantil. Neste sentido, o objetivo central deste estudo é analisar a importância do lúdico na Educação Infantil para o desenvolvimento da criança,bem como o papel do professor, pois, este é um período fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e aprendizagem de forma significativa. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 350 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL Sabemos que a ludicidade é muito importante na vida da criança. Brincar de boneca, de carrinho, de faz-de-conta, de mamãe, de super-herói é para a criança um momento de refletir sobre as suas concepções de mundo. Segundo Oliveira (2000), o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida. Assim, através do brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos (BRASIL, 1998, p. 27). Portanto, a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Nas situações em que ela é estimulada, é possível observar que rompe com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento. É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao outro. Por meio da ludicidade a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando sua alegria ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 351 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ de brincar. Zanluchi (2005, p.91) afirma que ―A criança brinca daquilo que vive; extrai sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia.‖, portanto, as crianças, tendo a oportunidade de brincar, estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar da sua vida. Vygotsky (1998, p. 137) afirma que ―A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento e situações reais‖. Essas relações irão permear toda a atividade lúdica da criança, serão também importantes indicadores do desenvolvimento da mesma, influenciando sua forma de encarar o mundo e suas ações futuras. De acordo com Vygotsky (1998), ao discutir o papel do brinquedo, refere-se especificamente à brincadeira de faz-de-conta, como brincar de casinha, brincar de escolinha, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo. Faz referência a outros tipos de brinquedo, mas a brincadeira faz-de-conta é privilegiada em sua discussão sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual, o mesmo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento. 2 LÚDICO E O PAPEL DO EDUCADOR Todo educador tem grandes responsabilidades na renovação das práticasescolares e, consequentemente, na mudança que a sociedade espera da escola,na medida em que é ele que faz surgir novas modalidades educativas visandonovas finalidades de formação, só atingíveis através dele próprio. Assim, oeducador é o responsável pela melhoria da qualidade do processo de ensino e aprendizagem, cabendo a ele ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 352 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ desenvolver novas práticas didáticas que permitamaos discentes um maior aprendizado. As inovações que a educação sofreu nosúltimos tempos vieram refletir no processo ensino e aprendizagem. Desta forma, éimprescindível que as aulas venham receber esses recursos inovadores, diversificados e que motivem os alunos para a construção do seu percurso deensino/aprendizageme que, ao mesmo tempo, contribuam para um trabalho maisdinâmico e profícuo. Vygotsky (1998) quecoloca em sua obra que as atividades lúdicas têm por objetivo facilitar o progressoda personalidade integral, o progresso de cada uma das funções psicológicasintelectuais e morais. Possibilita também, diminuição de bloqueios apresentadospor muitos alunos, quese sentem incapacitadospara aprender. Moura (2005) tambémcoloca queas atividades lúdicas influenciam no desenvolvimento psicomotor,sóciocognitivo e afetivo; desenvolve a autonomia, a criatividade, a cooperação,favorecendo o equilíbrio emocional; estimula o relacionamento entre o aluno e oprofessor. Portanto, o êxito do processo ensino e aprendizagem dependem em grande parte dainteração professor e aluno, sendo que nesse relacionamento, a atividade do professor é fundamental. O professor deve antes de tudo ser um facilitador da aprendizagem, criandocondições para que as crianças explorem seus movimentos, manipulem materiais,interagem com seus companheiros e resolvam situaçõesproblemas. Vygotsky (1998) afirma que é papel fundamental do docente provocar avanços nos alunos e isso se torna possível com sua interferência na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) que segundo O brinquedo cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal na criança, lembrando-se do que ela afirma que a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 353 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ aquisição do conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento: real e a proximal, a zona de desenvolvimento real é a do conhecimento já adquirido, é o que a pessoa traz consigo, já a proximal só é atingida, de início, com o auxílio de outras pessoas que já tenham adquirido esse conhecimento (OLIVEIRA, 2000, p.67). A brincadeira é uma atividade rica em estimulação e pode conter desafio necessário para provocar uma determinada aprendizagem ao liberar um potencial existente e como consequência, uma situação de descoberta. Como estratégia de ensino o brincar propicia a aprendizagem, o ensino de um conteúdo ou de uma habilidade, por isso ao escolher uma brincadeira o educador tem que ter em mente o cumprimento deste objetivo. Os educadores devem aproveitar também esse momento para observar o comportamento de suas crianças, conhecendo-as mais e sabendo identificar dificuldades caso apareça, deve-se ter uma atitude ativa sobre elas. As crianças gostam de serem encarregados de responsabilidades em família, ajudarnos afazeres domésticos e em pequenas tarefas na escola e entre amigos nas organizações esportivas. A presença do adulto é muito importante, poisele deve ser um dinamizador, um guia, um estimulador das faculdades. A escola representa agora, a essência de sua formação. Nela o aluno se educa e incorpora conhecimentos novos. Os jogos, nessapratica educativa, tornam-se atividades sérias (trabalho) queauxiliam, enriquecem a incorporação desses conhecimentos semfazê-lo perder a satisfação ou o prazer de realizar e buscar (ALMEIDA, 2003, p. 54). Devemos brincar juntos, todas as crianças gostam de brincar com seus familiares e com pessoas que gostam como os professores. A presença do adulto é fundamental, pois a criança precisa ser desafiada a novas aprendizagens como também precisa ser prestigiada em suas evoluções. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 354 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir de pesquisa bibliográfica vemos que a criança aprende enquanto brinca. De alguma forma a brincadeira se faz presente e acrescenta elementos indispensáveis ao relacionamento com outras pessoas. Assim, a criança estabelece com as brincadeiras uma relação natural e consegue extravasar suas tristezas e alegrias, angústias, entusiasmos, passividades e agressividades, é por meio da brincadeira que a criança envolve-se no jogo e partilha com o outro, se conhece e conhece o outro. Vemos que a ludicidade é uma necessidade do ser humano, principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada, não apenas como diversão, mas com objetivo de desenvolver as potencialidades da criança, visto que o conhecimento é construído pelas relações interpessoais e trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a formação integral da criança. Quanto ao papel do educador nas brincadeiras é de extrema importância, podendo analisar o aluno, o professor reconhece suas necessidades podendo assim, intervir. Colaborando nas dificuldades e promovendo facilidades na aprendizagem para que o ensino aconteça da melhor maneira. Conclui-se que o aspecto lúdico voltado para as crianças facilita a aprendizagem e o desenvolvimento integral nos aspectos físico, social, cultural, afetivo e cognitivo. Enfim, desenvolve o indivíduo como um todo, sendo assim, a educação infantil deve considerar o lúdico como parceiro e utilizá-lo amplamente para atuar no desenvolvimento e na aprendizagem da criança. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: prazer de estudar: técnicas e jogos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 355 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ pedagógicos. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2003. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2. FANTACHOLI, Fabiane das Neves. A Importância do Brincar na Educação Infantil. 2009. Disponível em: http://monografias.brasilescola.com/educacao/aimportancia-brincar-na-educacao-infantil.htm. Acesso em: 10/09/2013. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsk: Aprendizagem e Desenvolvimento um Processo Sócio - histórico. São Paulo: Scipione, 2000. OLIVEIRA, Vera Barros de (org). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. 6ª ed. São Paulo, SP. Martins Fontes Editora LTDA, 1998. VYGOTSKY, L.S; LURIA, A.R. & LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem.São Paulo: Ícone: Editora da Universidade de São Paulo, 1998. ZANLUCHI, Fernando Barroco. O brincar e o criar: as relações entre atividade lúdica, desenvolvimento da criatividade e Educação. Londrina: O autor, 2005. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 356 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTEGRAÇÃO ENTRE MÍDIA E EDUCACÃO82 FERRO, Elizabete Cristina ([email protected])83 SILVA, Rosangela Trabuco M. ([email protected])84 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo analisar a influência da mídia no processo de aprendizagem, destacando a necessidade do professor mediar os momentos em que a mídia e as novas tecnologias são utilizadas na escola. Este estudo bibliográfico está pautado na teoria histórico cultural e tem como principais autores: Libâneo, Teruya, Vygotsky, entre outros citados. Na atualidade as crianças chegam à escola, com muita vivência das tecnologias da informação que deve ser analisada pelo professor, juntamente com os conhecimentos prévios e experiências sociais. Neste contexto, busca-se descrever historicamente a criação das mídias, destacando a influência das mesmas na formação do pensamento. Propõe reflexões acerca da prática educativa do professor que contemple as mídias no ambiente escolar, ressaltando a necessidade da mediação para que as crianças não sejam meros receptores, mas que também comecem desde cedo a refletir sobre as mensagens veiculadas pela mídia. Por fim conclui-se que no mundo globalizado, de constantes mudanças, frente a realidades desafiadoras e complexas, centrada na informação, a tecnologia virou um aliado da educação, criando novas formas de aprendizado. Palavras-chave: Mídia. Tecnologias da Informação. Educação. Mediação. INTRODUÇÃO Atualmente, com o desenvolvimento da internet a comunicação é rápida e se encontra disponível em vários lugares, sendo uma das características do mundo 82 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia. Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. 84 Professor Orientador. Doutor em Educação. Professor e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ 83 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 357 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ globalizado. Aliados a este fato, têm-se um grande desenvolvimento científico e tecnológico que contribuem para gerar mudanças no comportamento e na cultura. Com todas as transformações que estão ocorrendo na sociedade, os indivíduos vivem em um ritmo acelerado, não tendo muito tempo para refletir sobre as imagens e informações veiculadas pela mídia. Conforme Teruya (2005), as novas tecnologias de informação e telecomunicação vêm alterando a maneira de ser e de viver de cada sociedade, de cada família e de cada cidadão. Por exemplo, percebe-se que as pessoas têm saído menos de suas residências, pois podem fazer pela internet compras, consultas e pagamentos bancários, vendas e serviços diversos. A escola está inserida nesta sociedade tecnológica e midiática, havendo a necessidade do professor estar apto a lidar com essas novas tecnologias de comunicação. De acordo com Teruya (2005) cabe aos professores o preparo, para que possam desenvolver nos alunos, aptidões necessárias para lidar com esses novos meios de comunicação. Ao mesmo tempo, devido à internet, as pessoas têm a possibilidade de receber informações em qualquer hora e lugar. Pensa-se que porque dispõe de informação, estão tendo uma boa educação, mas é necessário destacar: para se formar cidadãos críticos, capazes de intervir em seus problemas futuros, é preciso saber refletir sobre as mesmas e intervir nesta realidade. Os professores devem criticar e analisar as informações que são transmitidas para as crianças, pois segundo Teruya (2005), são disseminadas pela mídia, algumas noticias que não são verdadeiras, muitas vezes com objetivos ocultos (como manter-se no poder, controlar ideologicamente a população, status social, consumismo, política partidária, moral dentre outros). Cabe ao professor criar possibilidades para questionar algumas destas situações com seus alunos, tornando as novas tecnologias e os meios de comunicação em si, aliados da educação, para uma maior qualidade de ensino e de aprendizagem. Outro fator a ser analisado, é que os alunos estão inseridos nesta sociedade digital. Segundo Teruya (2005), no século XXI, os professores são responsáveis pela ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 358 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ formação da geração que nasce nos meios tecnológicos, sendo um desafio o uso desses meios em sala de aula. Desta forma, este estudo é de suma importância, pois atualmente percebe-se a influência da mídia nos indivíduos. Neste contexto, entende-se que o professor poderá utilizar a mídia na escola como aliada, oferecendo subsídios importantes para o desenvolvimento do aluno. Diante do exposto, a partir da metodologia materialista histórica, o objetivo deste estudo de cunho bibliográfico, é analisar a influência da mídia no processo de formação do pensamento infantil. Para tanto, em um primeiro momento, contextualiza historicamente a criação das mídias, destacando a influência da mesma na formação do pensamento infantil, e consequêntemente, em seu aprendizado. Por fim, propõe reflexões acerca da prática educativa do professor que contemple as mídias no contexto escolar, numa perspectiva emancipatoria e não apenas de continuidade, conformismo e alienação. 1 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA SOCIEDADE CAPITALISTA Pode-se observar que a mídia está presente em vários lugares: em casa, no trabalho e no lazer. Mas nem sempre as crianças e os jovens conviveram com as tecnologias da informação as do mundo atual: o rádio, a televisão, o aparelho de som, o computador, a internet, o celular, dentre outros que fazem parte do cotidiano da maioria da população, foram criados recentemente na história dos homens. Ao fazer um breve histórico, percebe-se que o homem na pré-história já usava tecnologias, e ele só conseguiu construir sua vida graças ao desenvolvimento das mesmas – muitos utensílios e ferramentas utilizadas hoje para o trabalho foram criados e desenvolvidos em épocas antigas, mas mesmo assim ainda são úteis. Para Altoé e Silva (2005) o homem registrou sua história por meio de símbolos que depois de milênios contaram sua vida, como caçavam e como cultivavam. Também ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 359 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ utilizaram pedras, ossos e paus para fazer facas, lanças e depois com o tempo, foram aprimorados – todos esses instrumentos são tecnologias. Mas o que é tecnologia? Segundo Ferreira (1986, p. 55), a palavra tecnologia significa ―[...] um conjunto de conhecimentos, especialmente princípios científicos, que se aplicam a um determinado ramo de atividade‖. Percebe-se que na atualidade a tecnologia está presente em todas as atividades que as pessoas realizam em seu dia a dia (em casa, no trabalho, na escola). Com o desenvolvimento tecnológico, as invenções passaram a facilitar a vida dos indivíduos, como por exemplo: os meios de transporte – a carroça, a bicicleta, o barco, o carro, a moto, o avião, que facilitaram a locomoção dos homens. A energia elétrica impulsionou outras invenções como a lâmpada, a televisão, os computadores. De acordo com Chauí (2003), os primeiros estudos sociológicos, psicológicos e filosóficos sobre os meios de comunicação de massa foram feitos quando se deu a expansão das ondas de rádio. Mais do que o telefone, o telégrafo sem fio e o fonógrafo, o rádio despertou interesse porque com ele iniciou-se efetivamente a informação e a comunicação de massa a distância. Segundo Costa (2005) o rádio revolucionou a sociedade no século XX, lançando bases da recepção domestica, de um tipo de programação peculiar da qual a televisão foi herdeira. Altoé e Silva (2005) escrevem que a televisão surgiu em 1936 e em 1940, mas só foi implantada no Brasil em 1950. Costa (2005) complementa que a televisão, por meio da produção e transmissão de imagens, e sua estrutura com programações divididas em horários com a interrupção dos programas por comerciais, promoveu um processo de identificação cultural, das pessoas com os programas que estavam sendo transmitidos. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 360 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Chauí (2003), escreve que o rádio e a televisão podem oferecer o mundo inteiro num instante, mas o fazem de tal maneira que o mundo real desaparece, restando apenas retalhos fragmentados de uma realidade desprovida de raiz no espaço e no tempo. Isto gera nos indivíduos a falsa idéia de participação, pois ao se envolverem com os enredos tão bem elaborados dos noticiários, das novelas e filmes, acabam por achar que estão participando dos mesmos, quando na verdade são apenas expectadores. Quantas pessoas não dizem boa noite no final do Jornal Nacional, em resposta aos ancoras do mesmo? Esta é apenas uma dentre tantas outras situações que se poderia citar. Outro grande invento que impactou a comunicação foram os computadores. De acordo com Altoé e Silva (2005), a primeira tentativa de criação foi em 1951, mas foi concretizada em 1981, gerando a revolução da informática e das mídias digitais. Com o desenvolvimento das pesquisas na área, foram aumentando as descobertas tecnológicas. A criação dos computadores facilitou o dia a dia das pessoas, tornando mais rápido os cálculos, a organização das informações, mas por outro lado também influenciaram o trabalho, onde as atividades repetitivas tomaram lugar de atividades complexas. A tecnologia no campo educativo se desenvolveu na década de 40 nos Estados Unidos já na década de 60 a chamada ‗revolução eletrônica‘ foi sustentada pelo rádio e televisão esse desenvolvimento influenciou na vida cotidiana de muitas pessoas dos costumes sociais, na maneira de fazer política, na economia, marketing, informação jornalística e principalmente no desenvolvimento na educação (ALTOÉ e SILVA, 2005, p. 123). Os vídeos, as imagens e as noticias, passaram a ser partilhados com toda população, o professor deixou de ser definitivamente o detentor de todo saber e teve que assumir uma nova roupagem a de orientar na analise da fidedignidade das fontes de informação. Segundo Costa (2005) a sociedade hoje globalizada tem sua base nos meios de comunicação. Isso possibilita que a informação produzida seja disponibilizada em ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 361 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ qualquer lugar, estando disponível em todo mundo, originando as mudanças nas praticas educacionais como leitura, forma de escrever, pesquisa e até mesmo como instrumento complementar em sala de aula. A linguagem oral passou a ser mais evidenciada que a linguagem escrita, tornando-se um desafio para o professor e para a escola, pois a sala de aula e a TV formaram uma parceria que propiciou uma abertura para novos horizontes. Professor e aluno passam a interagir o conhecimento adquirido por ambas as partes. [...] O domínio da tecnologia só faz sentido quando se torna parte do contexto das relações entre homem e sociedade. Assim, ela representa formas de manutenção e de transformação das relações sociais, políticas e econômicas, acentuando a barreira entre os que podem e os que não podem ter acesso a ela (BRASIL, 1998, p.28). Diante do exposto, entende-se que a tecnologia pode proporcionar melhorias somente se oferecer oportunidade para o indivíduo obter conhecimento, encontrar novas ideias, evoluir e criar algo, fazendo assim que o ser humano se aprimore juntamente com a civilização. Com toda esta transformação, nesta era de globalização, em todos os setores se faz necessário se capacitar, para saber lidar com as novas tecnologias e suas transformações, para não ser excluído da sociedade. Por outro lado, a mídia também contribui para formar ou deformar o pensamento da criança. Desta forma, o próximo item discute algumas implicações da mídia para o pensamento dos indivíduos. 2 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA FORMAÇÃO DO PENSAMENTO INFANTIL Segundo os estudos dos autores da teoria Histórico-Cultural, Luria (1979) e Vygotsky (1987), o homem nasce um ser humano no ponto de vista biológico, mas do ponto de vista psicológico precisa formar-se. Os homens tornam-se homens ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 362 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ porque vivem em sociedade, se comunicam, existe a mediação entre os seres humanos. Ocorre que a linguagem não é apenas um meio de comunicação, ela forma e organiza o pensamento dos seres humanos. Desta forma, o desenvolvimento do indivíduo se dá a partir das relações que este trava na sociedade, e neste contexto, conforme Vygotsky (1987), a mediação social, é um fator importante no desenvolvimento do pensamento, pois este está ligado a interação, a troca e a comunicação entre os seres humanos. As crianças da atualidade estão aprendendo a manipular todos os tipos de tecnologias da informação, como a televisão, DVD, microcomputadores, jogos de vídeos games, celulares, entre tantos outros. Ela não recebe somente os estímulos auditivos e visuais, mas também recebe valores, os conceitos, formas de pensar, dentre outros, que são veiculados pelos mesmos. Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e, sendo dirigidas a objetivos definidos, são refratadas através do prisma do ambiente da criança. O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa e um produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre historia individual e historia social (VYGOTSKY, 1984, p. 77). Uma criança pode aprender gestos, falas e trejeitos de personagens, por meio do que ela vê e escuta nas mídias – além do que ela convive em sociedade. Percebese hoje, a grande influência das mídias nas ações das crianças. Muitas crianças escutam músicas variadas e não apenas aquelas voltadas para sua idade, por exemplo, cantam o Camaro Amarelo e o pai acha lindo, sem perceberem o conteúdo que permeia a letra da mesma. É normal não assistirem matérias educativas, mas sim assistirem novelas com cenas impróprias para sua idade. Diante do exposto, percebe-se que é papel da escola e ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 363 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ dos educadores a orientação adequada das crianças para o uso das mídias, ela tem muito a oferecer para o desenvolvimento infantil quando bem utilizada e bem informada. É preciso usar a mídia com responsabilidade, com esta parceria, escola e sociedade só têm a ganhar. De acordo dom Chaui (2003), o sistema educacional necessitou de uma adaptação a nova ordem e tornou-se ponte junto com os meios de comunicação social: televisão e rádio, uma nova forma de expressão contra repressões políticas, e que criou ponto de grandes conflitos, mas também influenciou na formação acadêmica dos jovens que com as mídias estabeleceram uma nova visão educacional: crítica, ostensiva e aberta. Esta educação cuja meta é valorizar o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária, agregada ao fato de fortalecer cada vez mais a democracia no processo pedagógico, encontra em uma gestão democrática, uma oportunidade real de transformar a escola em um espaço público onde diversas pessoas têm a possibilidade de articular suas ideias, estabelecer diálogo e considerar diferentes pontos de vista, e isto ocorrerá com maior agilidade com a utilização das tecnologias educacionais. 3 PROFESSOR FRENTE ÀS TECNOLOGIAS E MÍDIAS NA EDUCAÇÃO O acesso à mídia e as tecnologia da informação tem causado impactos no desenvolvimento intelectual das pessoas, e com isso acaba encantando os jovens, pois combina sons, imagens coloridas e atrativas. Segundo Libâneo (2004), há algumas décadas, as pessoas precisavam aguardar dias e/ou até mesmo semanas para receber notícias que atualmente são enviadas apenas com o teclar de um botão. O mundo globalizado apresenta diariamente fatos importantes que se tornam banais devido à velocidade com que as mudanças e as informações ocorrem. A ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 364 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Internet, grande rede de computadores, mantém conectados milhares de pessoas, com uma diversidade de informações que seriam inimagináveis. Neste contexto, o ensino necessita adaptar-se a esta nova realidade. Percebe-se que os educadores devem fazer a mediação das imagens e mensagens veiculadas junto aos meios de comunicação, em sala de aula. Mas para tanto, precisam ter uma teoria que lhes possibilite estas leituras. Costa (2005) destaca que o cotidiano escolar permite uma interação entre os processos de ensino-aprendizagem e os instrumentos tecnológicos colocados à disposição dos docentes e dos discentes. Conforme Corrêa (2001, p. 89): Devemos construir uma nova articulação entre tecnologia e educação, aquilo que chamaríamos de uma visão crítica, apesar do desgaste da palavra ‗crítica‘. Ou seja, compreender a tecnologia para além do mero artefato, recuperando sua dimensão humana e social. Lembrando que as tecnologias que favorecem o acesso à informação e aos canais de comunicação não são, por si mesmas, educativas, pois, para isso, dependem de uma proposta educativa que as utilize enquanto mediação para uma determinada prática educativa. A mídia pode ser utilizada na escola como meio de conhecimento e de articulação entre o aluno e o mundo que o rodeia, mas não se pode esquecer que o grande responsável por este contato é o professor que necessita estar preparado para esse novo formato de educação. [...] A tecnologia educacional é cada vez mais disponível nos lares e nos contextos comunitários: a venda de CD-ROM de ensinoaprendizagem para o uso doméstico cresceu 136% no primeiro semestre de 1995. [...] Há uma nova insistência na alfabetização. [...] O preparo destes em relação ao emprego, de tecnologia educacional é encarado como um veiculo fundamental no movimento de reforma educacional e reestruturação do ensino aprendizagem (PLOTNICK, 1995 apud NETO, 1998, p. 78). O uso das mídias pode proporcionar uma ampliação de conhecimento quando bem utilizado, os filmes, a rede mundial de computadores, a internet, faz com que o aluno tenha contato com o conhecimento do mundo em pequenos instantes. Mas o ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 365 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ professor deve estar ciente de seu papel mediador nestes momentos. Teruya (2005) destaca que a clientela escolar procura estar além do que uma simples verbalização ou anotações no quadro negro, pois fora da escola o uso das mídias está ocupando um espaço bem maior em sua vida do que na escola. [...] Lidam com materiais tridimensionais, convivem com imagens e sons que ensinam e lidam com computadores. Chegamos ao paradoxo de termos nas bancas de jornal e revistas da esquina mais e melhores informações que ensinam mais atrativas e mais bem articuladas, do que as proporcionadas pelas escolas e pelos livros didáticos [...] ( NETO, 1998, p. 143). Esses recursos chamam a atenção dos educandos e devido a isso o professor não pode mais fechar seus olhos a essa tecnologia e sim torná-la um aliado no processo de ensino. Mas é necessário um diálogo crítico, voltado para a educação, pois é preciso formar professores preparados para essa nova realidade digital. Estes não podem mais ignorar ou fingir que não conhecem esses novos recursos, mas sim incorporá-los em seu dia a dia na escola. Segundo Teruya (2005), alguns educadores não possuem um referencial teórico que lhe possibilite a leitura crítica das mensagens veiculadas pela mídia e assim, tornamse uma presa muito fácil para as manobras do pensamento hegemônico. Contudo pode-se observar que a mídia e educação podem caminhar juntas desde que o professor tenha critérios claros para selecionar os filmes, os documentários, e as informações necessárias em sua aula. Com as novas tecnologias, se oportunizam uma melhor assimilação dos conteúdos educacionais, não se tem limites para que o educando possa obter conhecimento, pois elas permitem as mais variadas formas de informação, fazendo assim o aprendizado se concretizar de maneira motivadora e agradável, aprimorando o interesse. Sendo assim, os educadores podem utilizar destes recursos para tornar suas aulas mais atrativas. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 366 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Segundo Santos & Moreira (1995, p. 201): O conhecimento escolar apropriado é o que possibilita ao estudante tanto um bom desempenho no mundo imediato quanto a análise e a transcendência de seu universo cultural. Para isso, há que se valorizar, acolher e criticar as vozes e as experiências dos alunos. Educar envolve o respeito, a crítica e a ampliação de horizontes e de tradições culturais. Desta forma, entende-se que a utilização das novas tecnologias no ambiente escolar, contribui para modernizar as práticas pedagógicas, criando novas possibilidades que não existiriam sem elas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final deste estudo conclui-se que a sociedade vive constantes mudanças, e as escolas cada vez mais têm de acompanhar, participar e formar cidadãos para lidarem com mudanças, continuidades e rupturas. Exigindo-se novas maneiras de atuar dos profissionais de educação. Em um primeiro momentos abordamos a evolução tecnológica e globalização. Em seguida a influência destas mídias na sociedade capitalista, e a influência da mesma na formação do pensamento infantil, e por fim analisamos a postura do professor frente às tecnologias e mídias na educação, a necessidade do professor saber atuar neste contexto tecnológico. O futuro das escolas constitui uma das áreas mais importantes do atual ensino, e em particular é devido à importância das tecnologias digitais que é crescente na sociedade com seu potencial educativo. Faz-se necessário apresentar novos caminhos para sociedade contemporânea para a introdução das tecnologias da informação na educação, para podermos assim ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 367 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ contribuir para a formação de cidadãos críticos e reflexivos capazes de intervir e contribuir na sociedade. Com base nos argumentos apresentados, considera-se que a educação sofreu mudanças significativas ao longo da história e isso refletiu diretamente nas formas de atuação dos profissionais da educação projetando uma nova forma de agir, direcionar e de conceber as questões educacionais, e estas mudanças se deram também devido aos avanços tecnológicos estarem cada dia mais incorporados junto da educação, alavancando a formação integral do indivíduo, ajudando a transformar a escola em um ambiente para análise e possíveis reconstruções tanto em relação ao sistema educacional, como em relação do educando com o mundo globalizado, onde a tecnologia da informação e da comunicação é instrumento percussor e fundamental no fazer educativo, sob a perspectiva de uma sociedade do conhecimento. No mundo globalizado, de constantes mudanças, frente a realidades desafiadoras e complexas, centrada na informação, a tecnologia virou um aliado da educação, criando novas formas de aprendizado, quebrando paradigmas, disseminando conhecimento e inovando as relações entre educador e educando. REFERÊNCIAS ALTOÉ, Anair; SILVA, Heliana da. O Desenvolvimento Histórico das Novas Tecnologias e seu Emprego na Educação. In: ALTOÉ, Anair; COSTA, Maria Luiza Furlan; TERUYA, Teresa Kazuko. Educação e Novas Tecnologias. Maringá: Eduem, 2005, p. 98 – 123. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998, p. 28. CHAUÍ, Marilena, Convite à filosofia. São Paulo: Ática. Unidade 8.Capitulo 3. 2003, p. 296-298. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 368 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ COSTA, M. A sociedade em rede. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005, p. 37 – 62. CORRÊA, Juliane. Devemos aplaudir a educação à distância? In: Revista Pátio, ano V, nº 18, AGO/SET2001, p. 89. FERREIRA, S. (Org.). Profissionais de educação infantil: gestão e formação. São Paulo: Ática, 1986, p. 55. LIBANIO, José Carlos. Organização e gestão Escola. Teoria e Prática. 5.ed.Goiânia: 2004, p. 68. SANTOS, L. L. C. P. & Moreira A. F. (1995). Currículo: Questões de Seleção e de Organização do Conhecimento. In: TOZZI, Devanil et alli. Currículo, Conhecimento e Sociedade. São Paulo: Fundação para o desenvolvimento da educação. p. 201. SILVA, J. C.T.; PLONSKI,G.A. Gestão da tecnologia : desafios para pequenas e médias empresas, Revista Produção, Associação Brasileira de Engenharia de Produção – 1999, p. 78 – 143. TERUYA, Teresa Kazuko. Trabalho e educação na era mediática. Maringá, PR: Eduem, 2005, p. 45 – 64. VYGOTSKY, L. S., LURIA, A. R., LEONTIEV, A. N.: tradução Maria da Pena Villalobos. Linguagem Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo, Universidade de São Paulo, 1979, p. 77. VYGOTSKY, L.S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: 2005, p. 78. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 369 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ BULLYING ESCOLAR SOB A ÓTICA DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO85 SANTOS, Emanuelle Rodrigues Alves dos ([email protected]) CHILANTE, Edinéia Fátima Navarro ([email protected]) 86 87 RESUMO O presente texto apresenta resultados parciais de pesquisa que tem por objetivo identificar as práticas de violência escolar sob a denominação de ―Bullying”. Este representa um grande desafio para os pais, os professores e a comunidade em geral. Traz pesquisa bibliográfica que subsidiam a pesquisa de campo realizada no Colégio Estadual Silvio Vidalcom os professores, a fim de identificar as práticas mais comuns do bullying na instituição. Concluímos que a violência é um tema que está presente no nosso cotidiano, ganhando espaço em todos os meios de comunicação, e invadindo o âmbito escolar. A violência entre os alunos podem ser físicas ou morais, que são cometidas repetidamente, tais práticas podem ocasionar diversos problemas na vida de uma criança e de um adolescente que são vítimas dessas terríveis agressões. Salientamos que a escola e pais possuem papel fundamental na identificação e superação das vítimas do bullying. Palavras-chave: Bullying. Violência escolar. Escola. INTRODUÇÃO Uma das formas de violência que está se tornando cada vez mais frequente é o bullying. Ele está presente principalmente no âmbito escolar. Segundo Silva(2010b), o bullying no território escolar pode ser considerado o retrato da violência e da covardia estampadas diariamente no templo do conhecimento e do futuro de nossos jovens: a escola. 85 Trabalho de Conclusão de Curso, realizado na disciplina de Produção Científica. Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. 87 Doutora em Educação pela Unicamp. Professora na Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí. ___________________________________________________________________________ 86 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 370 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Diante de tanta violência que ocorre diariamente nas escolas, cometidas por alunos que não medem as consequências de seus atos, é necessário que este tema seja discutido a fim de buscar solução para o enfrentamento desta prática n cotidiano escolar. Infelizmente, o bullying é uma palavra que está em moda, devido aos inúmeros casos de perseguição e agressões que se estão detectando nas escola e colégios, e que estão levando muitos estudantes a viverem situações verdadeiramente aterrorizantes. Diante do anseio de construirmos uma sociedade e uma escola mais justa, solidária, livres de violência, é preciso conscientizar os alunos sobre a importância da boa convivência para se criar um ambiente saudável dentro e fora da escola, uma reflexão sobre a violência escolar ―Bullying”,a valorização do ser humano e suas diferenças. Este artigo tem como objetivo identificar os principais tipos de bullying que ocorrem na instituição escolar, de acordo com a percepção dos professores e equipe pedagógica. Em muitos casos os professores se fazem indiferentes diante de uma situação de bullying, por acreditarem em se tratar de brincadeiras da idade, e por falta de informação sobre o tema, já que o bullying ganhou notoriedade nos últimos anos. Pretende-se através da pesquisa de campo verificar as ações do colégio no combate ao bullying. 1. BULLYING: SIGNIFICADO E FORMAS DE AGRESSÃO Se recorrermos ao dicionário, encontraremos as seguintes traduções para a palavra bully: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Já a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 371 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. (SILVA, 2010b). De acordo com Silva (2010b), qualquer coisa que fuja ao padrão imposto por um determinado grupo pode deflagrar o processo de escolha da vítima do bullying. Os motivos (sempre injustificáveis) são os mais banais possíveis. O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o (a) agressor (a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência. O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda. Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho (CAMARGO, 2012). Sendo assim o bullying pode apresentar diversas formas: verbal (insultar, ofender, xingar, fazer gozações, colocar apelidos pejorativos, fazer piadas ofensivas, ―zoar‖); físico e material (bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar, furtar ou destruir os pertences da vítima, atirar objetos contra a vítima); psicológico e moral (irritar, humilhar e ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar ou fazer pouco caso, discriminar, aterrorizar e ameaçar, ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 372 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ chantagear e intimidar, tiranizar, dominar, perseguir, difamar, passar bilhetes e desenhos entre os colegas de caráter ofensivo, fazer intrigas, fofocas ou mexericos, mais comum entre meninas); sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar) e virtualouciberbullying (praticado através da internet e celular) (Silva, 2010b,p.23-24). Uma das causas para a pratica do bullying é a tolerância dos pais em relação à educação de seus filhos, em que muitos fazem todas as suas vontades, ―em sua grande maioria, agem desta forma sob a alegação de que não querem ferir a sensibilidade dos filhos ou para evitar desavenças familiares‖ (SILVA, 2010b, p.61), outros, o fazem como forma para reparar o tempo que passam longe dos filhos devido ao trabalho. E as consequências são terríveis para a criança, que aprende deste cedo ter suas vontades realizadas, não aceitando contradições. De acordo Silva (2010a), a identificação precoce do bullying pelos responsáveis (pais e professores) é de suma importância. As crianças normalmente não relatam o sofrimento vivenciado na escola, por medo de represálias e por vergonha. A observação dos pais sobre o comportamento dos filhos é fundamental, bem como o diálogo franco entre eles. Os pais não devem hesitar em buscar ajuda de profissionais da área de saúde mental, para que seus filhos possam superar traumas e transtornos psíquicos. 2. OS ENVOLVIDOS NA PRÁTICA DO BULLYING Os participantes podem ser divididos em: agressores, vítimas e espectadores. Os agressores são conhecidos como ―valentões‖ da escola, sendo que: Possuem em sua personalidade traços de desrespeito e maldade e, na maioria das vezes, essas características estão associadas a um perigoso poder de liderança que, em geral, é obtido ou legitimado através da força física ou do intenso assédio psicológico (SILVA, 2010b, p.43). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 373 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Os agressores muitas vezes não agem sozinhos, suas vítimas são pessoas que possuem características relevantes, alto, magro, gordo, baixo, tímido, nerd, enfim qualquer característica que fuja do padrão estético ou comportamental imposto por um determinado grupo. Segundo Silva (2010b, p.37-38): As vítimas são os alunos que apresentam pouca habilidade de socialização. Em geral são tímidas ou reservadas, e não conseguem reagir aos comportamentos provocados e agressivos provocados contra elas. Normalmente são frágeis fisicamente ou apresentam alguma ―marca‖ que a destaca da maioria dos alunos: são gordinhas ou magras demais, altas, ou baixas demais; usam óculos; são ―caxias‖, deficientes físicos; apresentam sardas ou manchas na pele, orelhas ou nariz um pouco mais destacados; usam roupas fora da moda; são de raça, credo; condição socioeconômica ou orientação sexual diferentes... A vítima sofre calada na maioria dos casos. O maltrato intimidatório o fará, em alguns casos, levá-los a consequências devastadoras como o suicídio. Além das vítimas e dos agressores, nesse conflito há outro participante, o espectador. Este não é reconhecido como atuante em uma agressão, entretanto, é fundamental para dar continuidade ao conflito. Sendo uma testemunha dos fatos não sai em defesa das vítimas, nem se junta aos agressores. Os espectadores são divididos em três grupos distintos: espectadores passivos, espectadores ativos e espectadores neutros. Para Santomauro (2010, p.71), o espectador: Quando recebe uma mensagem não repassa. Esta atitude passiva ocorre por medo de ser alvo de ataques ou por falta de iniciativa para tomar partido (...) também consideramos espectadores, há os que atuam como uma plateia ativa ou uma torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo. Eles transmitem imagens ou fofocas, tornando-se coautores ou corresponsáveis. Com o avanço da tecnologia o ciberbullying ou bulllying virtual, vem se propagando de maneira avassaladora entre os jovens, e-mails ameaçadores, mensagens negativas nas redes sociais, torpedos com fotos constrangedoras para a vítima, ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 374 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ assim, se configura o ciberbullying. Esta modalidade de bullying possibilita que os agressores fiquem no anonimato escondendo sua covardia. No caso do ciberbullying, a natureza vil de seus idealizadores e-ou executores ganha uma ―blindagem‖ poderosa pela garantia de anonimato que eles adquirem. Sem qualquer tipo de constrangimento, os bullies cibernéticos (ou virtuais) se valem de apelidos (nicknames), nomes de outras pessoas conhecidas ou de personagens famosos de filmes, novelas, seriados. (SILVA, 2010b, p.126). 3. BULLYING NO ÂMBITO ESCOLAR Sabemos que é na escola que iniciamos a jornada para a vida adulta, porém, é na escola que muitas vezes somos vítimas de brincadeiras que não são nada sadias, fazendo com que nos sentimos mal, sem vontade de voltar para este ambiente que deveria ser prazeroso. De acordo com Silva (2010b), quando apenas alguns se divertem à custa de outros que sofrem, isso ganha outra conotação, bem diversa de um simples divertimento. A escola é o espaço em que o aluno deveria aprender somente os conhecimentos científicos, mas diante do aumento dos casos de agressões e transgressões, as instituições escolares se veem obrigadas a trabalhar com temas, como o bullying. Segundo Silva (2010b), o fenômeno expõe não somente a intolerância às diferenças, como também dissemina os mais diversos preconceitos e a covardia nas relações interpessoais dentro e fora dos muros escolares. A sociedade é maior influenciadora na vida de um indivíduo na qual determina vários padrões, como de beleza, de status, de moda, de comportamento, de vocabulário o que ocasiona uma discriminação dos indivíduos que não seguem esses padrões. Sendo a escola um local de sociabilidade, a criança e o adolescente sofrem muitas influências, sendo estas boas ou más. Neste sentido, a escola e os pais devem ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 375 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ firmar uma aliança para que juntos auxiliem seus filhos na prevenção ou superação do bullying. Pais e professores não podem esquecer que, no grupo de colegas e amigos de seus filhos e alunos, existem fortes ―rivais‖ que podem influenciar, de forma positiva ou negativa, toda a sua estrutura emocional. Por essa razão, é preciso ter flexibilidade e humildade para aprender o ―funcionamento‖ desses grupos de indivíduos: como pensam, que linguagem utilizam, que roupas vestem, que músicas ouvem e que ideologias fazem suas cabeças. Somente assim poderemos interferir, objetivamente, nessa engrenagem tão sólida e influente que rege o comportamento de muitos adolescentes. (SILVA, 2010b, p.65). Um dos grandes problemas das escolas é que muitos pais não estão cumprindo suas obrigações de educadores, transferindo esta responsabilidade para a escola, são os pais que não participam do processo educativo dos filhos, sempre com algum motivo injustificáveis. Eles alegam falta de tempo, atenção, novos valores dos jovens, o que puderem, para se eximir de sua responsabilidade como pais. Conhecemos bem esses tipos. Nunca vão às reuniões com os pais, são os primeiros que reclamam quando a escola pretende fazer uma mudança para melhorar, adoram falar de direitos (e sempre se esquecem dos deveres), alteram a voz na defesa de seus filhos, ameaçam processar as pessoas por qualquer motivo, etc. não procuram saber com quem o filho anda e nem como está o comportamento do mesmo na escola ou na rua. (CALHAU, 2010, p.25). As conseqüências dessa renúncia dos pais aos seus papéis de educadores são, no mínimo, desastrosas, para não dizer explosivas. Resultam em filhos egocêntricos, sem qualquer noção de limites, totalmente despreparados para enfrentar os desafios e obstáculos inerentes à própria vida. Sem contar com o pior: filhos viciados em substâncias químicas ou em comportamentos que lhes garantam prazer imediato e inconsequente. (SILVA, 2010b). A escola possui um papel importante no combate ao bullying: (...) A direção da escola(como autoridade máxima da instituição) deve acionar os pais, os Conselhos Tutelares, os órgãos de proteção ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 376 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ a criança e ao adolescente etc. Caso não o faça poderá ser responsabilizada por omissão. Em situações que envolvam atos inflacionais (ou ilícitos) a escola também tem o dever de fazer a ocorrência policial. Dessa forma, os fatos podem ser devidamente apurados pelas autoridades competentes e os culpados responsabilizados. Tais procedimentos evitam a impunidade e inibem o crescimento da violência e da criminalidade infanto-juvenil. (SILVA, 2010a, p.12). Impossível pensar que, para um plano contra a violência, as escolas possam trabalhar sozinhas, sem o apoio dos pais e sem o conhecimento da comunidade em geral. Os debates sobre os diversos tipos de violência devem ser levados ao público, para que um número maior de participantes se sinta engajado na educação necessária para transformação de hábitos que ferem a saúde mental. Os planos de ação da escola para diminuir a violência, por sua vez, devem ser discutidos junto com os alunos, após estudo sobre o seu crescimento em todos os setores da sociedade. Filmes, teatro, debates, contos, crônicas, música, matérias jornalísticas, pesquisas nas Delegacias da Mulher, em presídios, em hospitais, em asilos, estatísticas sobre a morte de adolescentes, etc., podem subsidiar encontros programados ao longo do ano. Por outro lado, a escola deve, também, com base em decisões coletivas, organizar um regulamento que oficialize sua legítima intenção de viver dentro dos limites sociais indispensáveis para uma convivência solidária. Regulamento que pode ser estendido a um tipo de contrato assinado, já no ato da matrícula, pelos pais que se comprometem a educar para a verdadeira cidadania ( NAGEL, 2013). A escola sozinha, não irá acabar com esta forma de violência. É necessário que cada um faça a sua parte, o bullying só será combatido com a participação da escola, comunidade, pais, alunos. Todos que querem viver em uma sociedade realmente democrática. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 377 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 4. A SOCIEDADE E SUA INFLUÊNCIA NO INDIVÍDUO Pode-se constatar que as transformações ocorridas na sociedade, incidiram mudanças de valores e costumes. Nagel (2013, p.2) afirma que na cultura atual: [...] tem-se um indivíduo, em geral, que se caracteriza pela busca incessante do prazer, essencialmente, voltado para seus próprios desejos, para suas necessidades emocionais mais primárias. A satisfação imediata é o seu ponto de partida e o seu ponto de chegada. A geração da pós-modernidade passa a viver sob forças internas direcionadoras ao gozo pessoal. As exigências relativas à individualidade tornam-se uma obsessão. A subjetividade torna-se radical. No discurso e na prática dos sujeitos atuais, constata-se que o ―tempo é dele‖, o ―espaço é dele‖, a ―escolha é dele‖. A sociedade tem forte influência na forma de ser de um indivíduo, sendo que, a sociedade atual produziu ―uma geração voltada para si mesma, desenraizada. Os vínculos que explicariam socialmente o homem, que o determinariam, desaparecem no horizonte da consciência. A complexidade das inter-relações desfaz-se no ar. No limite da convivência real, os indivíduos não se reconhecem. Os atos em sociedade deixam de ser percebidos como mediações que dão forma e conteúdo aos homens. A coletividade, transformando-se em mero somatório de indivíduos, deixa de ser referência para análises comportamentais. A consciência do homem como ser social desaparece‖ (NAGEL, 2013, p.2). Para Nagel (2013) à escola - que teria, até meados do século XX, a bem definida função de educar, de alterar comportamentos, de formar gerações competentes para as mais diversas profissões - dentro da pós-modernidade, ela perde, em grande parte, a possibilidade de realizar tais encargos com sucesso. Submersa nessa cultura do individualismo exacerbado, com todas as suas variantes e/ou derivações, a escola pouco dispõe de armas para redirecionar ou redimensionar os processos educativos. Isso porque mudar o homem implicaria em contestar e/ou alterar características culturais. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 378 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A proposta ideal da escola de encaminhar a participação eficiente de todos na construção da sociedade ―morre na praia‖, no limite das contradições dos próprios conteúdos curriculares, dos docentes. Os homens ―pós-modernos‖ são induzidos a desvalorizar o trabalho produtivo até mesmo em textos pedagógicos direcionados às crianças. Uma provável explicação nos lança ao atual estágio da produção de mercadorias que, em larga escala, demanda, por excelência, um consumidor inveterado. O papel do consumidor, bastante distante do produtor, não exige conhecimentos específicos, formação especial, esforços definidos. A figura do consumidor, sendo passiva, tal como a do espectador, corresponde mais ao desejo de prazer, subjetivo, do que ao esforço produtivo, objetivo. A produção de bens, cada vez mais rápida e menos dependente de indivíduos, e sim de tecnologia, carece de compradores em número cada vez maior. A necessidade de formação do trabalhador pela escola já não é mais significativa para a sobrevivência da economia. A escola, como uma caixa de ressonância, convive, por não estabelecer relações mais complexas, com o desinteresse por atividades produtivas (NAGEL, 2013). Contraditoriamente, a escola - como espaço destinado para a produção de conhecimentos, não conseguindo resgatar a importância do trabalho na construção da sociedade, na concretização do homem enquanto ser social - perde as bases para a execução de sua função educativa. Da mesma forma, a escola perde sua possibilidade educativa quando - ao tentar reagir contra a perda de significado do contrato social, do efetivo sentido das trocas, do significado da equivalência, da compreensão de que os direitos são imbricados em deveres - enfrenta uma população que, por seus valores e sua prática, não a justifica, embora a mantenha ideologicamente (NAGEL, 2013). O indivíduo da sociedade pós-moderna possui características individualistas, incapaz de pensar no coletivo, sendo que a escola perde seu papel educativo. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 379 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CONSIDERAÇÕES FINAIS A violência é um tema que invade as nossas vidas todos os dias, que ganha cada vez mais espaço no âmbito escolar. Devido as praticas de violência, a educação sofre grandes transformações, pois a escola passa a ser um lugar temido pelos que sofrem bullying, e o império para os agressores. Diante desta realidade se faz necessário que pais e professores dialoguem com seus alunos e filhos para que esse mal erradicado. O sistema capitalista domina o indivíduo, no seu modo de ser e de agir. Há a necessidade de indivíduos que tenham responsabilidade e autoridade sobre si, para que se possa construir uma sociedade mais solidária e humanitária. REFERÊNCIAS CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevenção e repressão. 2ª ed.Niterói,RJ: Impetus, 2010. SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying:Cartilha 2010-Justiça nas escolas. Brasilia/DF: CNJ. 1ª ed, 2010a. SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2010b. SANTOMAURO, Beatriz. Violência Virtual. Nova Escola. SP.n.233, p.67-73, jun./jul. 2010. CAMARGO, Orson. Bullying. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/sociologia/bullying.htm>Acesso em: 20 de abril de 2013. NAGEL, Lizia Helena. A educação dos alunos (ou filhos) da pós-modernidade. Disponível em: < file:///F:/bulllying/recentes/A_Educacao_dos_Alunos_ou_Filhos_da_pos_Modernidad e.pdf> Acesso em: 20 de setembro de 2013. NAGEL, Lizia Helena. Bullying: termo estrangeiro para práticas muito brasileiras. Disponível em: <http://www.nre.seed.pr.gov.br/cascavel/arquivos/File/semana%20pedagogica%202 010/Bullying_termo_estrangeiro_para_praticas_muito_brasileiras.pdf> Acesso em: 20 de setembro de 2013. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 380 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTELECTUAIS NA IDADE MÉDIA: PEDRO ABELARDO 88 ANDRADE, Fabiane Cavalcanti(UNESPAR/FAFIPA,[email protected]) 89 PERIN, Conceição Solange Bution (UNESPAR/FAFIPA,[email protected]) 90 RESUMO O presente trabalho apresenta um estudo bibliográfico sobre Pedro Abelardo e as transformações sociais/educacionais do século XII e está pautado nos pressupostos da metodologia da História Social, considerando a história em sua totalidade, situando o homem em um contexto social em constante transformação. Para tanto, nos fundamentaremos em autores que estudam sobre o período, tais como, Le Goff (2011), Oliveira (2002) entre outros que analisam a educação na Idade Média. Faremos um estudo sobre o contexto e as alterações sofridas no período como: o renascimento urbano, o nascimento das cidades e sobre a importância do intelectual nesse contexto. Para tanto, analisaremos em especial Pedro Abelardo, um dos grandes intelectuais do século XII, que teve um grande destaque pelos grandes embates que criou com seus alunos dentro da universidade de Paris. O método utilizado por Pedro Abelardo, a dialética, apresentou uma nova forma de explicitar e de questionar, proporcionando aos ouvintes o conhecimento filosófico, que propunha a utilização da razão para explicar os mistérios da fé. Palavras-chave: Século XII. Pedro Abelardo. Questões educacionais INTRODUÇÃO Este artigo insere-se no campo da História da educação, especificamente na educação medieval do século XII. O objetivo deste estudo é o de fazer uma reflexão sobre a importância dos intelectuais nesse período, em especial análise do método 88 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2013 da Unespar- Campus Paranavaí,2013. 89 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 90 Professora Orientadora. Doutora em Educação. Professora e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 381 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ utilizado por Pedro Abelardo para os debates e questionamentos criados na Universidade de Paris. Desse modo será destacado o contexto social do momento histórico em questão, enfocando o renascimento urbano, o nascimento das cidades e o nascimento do intelectual deste período. Considerando que o intelectual é resultante do nascimento das cidades e da necessidade de homens que se dedicassem ao ofício de ensinar. Para tanto, nos fundamentaremos em autores que estudam sobre o período, tais como Le Goff e Oliveira que analisam a educação na Idade Média. O presente artigo está embasado nos pressupostos da metodologia da História Social, que considera a história em sua totalidade, situando o homem em um contexto social em constante transformação. O método utilizado por Abelardo, a dialética, confrontava as questões consideradas como verdades daquele período, esse método apresentou uma nova forma de explicitar e de questionar, propondo a utilização da razão para explicar a fé. Desse modo, entendemos que o século XII gerou dúvidas, angústias e a busca por novos caminhos que favorecessem a compreensão do real, do que os homens poderiam conhecer pela experiência de ir, vir e se relacionar com os demais. Para uma análise mais detalhada do nosso estudo, dividiremos este artigo em dois momentos: o primeiro sobre o contexto social que o intelectual medieval se destacou como modelo de educação; o segundo trataremos sobre algumas questões da vida e do pensamento de Pedro Abelardo e que influenciaram a mudança de comportamento dos homens da época. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 382 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1. CONTEXTO SOCIAL E O NASCIMENTO DO INTELECTUAL NO SÉCULO XII Desde a decadência do feudalismo, o Ocidente passou por diversas transformações que resultaram em novas estruturas na economia, na cultura, na política e na sociedade. Essas modificações se intensificaram com o renascimento urbano e com o surgimento das cidades. O século XII foi marcado por grandes transformações sociais. Jacques LeGoff, estudioso do período medieval, revela que o desenvolvimento urbano junto com as atividades comerciais (modestamente artesanal) estabeleceu mudanças nesse período, pois, esses fatores acarretaram no desenvolvimento das cidades. Foi nesse contexto de mudanças que surgiu o intelectual desse período, um trabalhador que tem como ofício ensinar. Um homem que acompanha as transformações de seu período, que responde ao seu modo de sociedade. Segundo Le Goff (2011): No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente- nasceu com elas. Foi o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial- digamos modestamente artesanalque ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs divisão do trabalho (LE GOFF, 2011, p.29). Este trabalhador atuará nas escolas catedrais e nas universidades, que são resultantes das mudanças no âmbito educacional e cultural desse período. ―Inicialmente a educação nessas instituições de ensino mantida pela Igreja privilegiava os aspectos morais e espirituais‖ (RODRÍGUES, s/d, p.1). Le Goff (2011) afirma que, com todas as transformações sociais do século XII, esta situação mudou, pois a igreja já não tinha todo o poder como no feudalismo e o Ocidente estava recebendo matéria-prima do Oriente e, juntamente com a comercialização, vinham os manuscritos da cultura Greco-árabe como as obras de ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 383 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Aristóteles, de Euclides, de Ptolomeu e entre outros autores que acompanharam no Oriente os cristãos heréticos. As obras desses antigos mestres começaram a ser estudadas e seus materiais traduzidos (LE GOFF, 2011, p. 37-38). No próprio dizer deles, segundo seus escritos, a palavra moderni está de volta para designar os escritores de seu tempo. Modernos, isso é que eles são e sabem sê-lo. Mas modernos que absolutamente não contestam os antigos; ao contrário, imitam-nos, bebem dessa fonte, seguem as pegadas deles (LE GOFF, 2011, p. 34). Nesse contexto, os intelectuais do século XII faziam o proveito da leitura de autores da Antiguidade e ensinavam aos seus ouvintes que era preciso questionar, refletir sobre o pensamento dos autores, ou seja, era preciso ser capaz de compreender e questionar sobre os ensinamentos/os conteúdos e não simplesmente reproduzi-los. De todos os centros que receberam a contribuição da cultura oriental, Paris, segundo Le Goff, foi o mais brilhante, tanto que para uns ficou denominada como cidade-farol. Dessa maneira é importante ressaltar que: Paris deve sua fama primeiro a explosão do ensino teológico, que está no topo das disciplinas escolares, porém logo, mais ainda, ao ramo da filosofia que , usando plenamente a contribuição aristotélica e o recurso ao raciocínio, faz triunfar métodos racionais do espírito: a dialética (LE GOFF,2011,p.44). Desta maneira, a cultura Greco-árabe proporcionou ao Ocidente uma nova forma de pensar, de raciocinar, de questionar, de compreender o universo, através da razão ―[...] a clareza do raciocínio, o cuidado da exatidão científica, a fé e a inteligência apoiada uma na outra‖ (LE GOFF, 2011, p. 46). É neste contexto de grandes transformações sociais, que atuará o grande mestre, Pedro Abelardo, contribuindo com grandes debates na universidade de Parisum dos grandes intelectuais do século XII, que teve destaque pelos grandes embates que criou com seus alunos dentro da universidade. Abelardo debateu os temas do ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 384 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ período com uma nova forma de explicitar e de questionar, proporcionando aos ouvintes o conhecimento filosófico. Esta nova forma de pensar e questionar proposta por Pedro Abelardo está pautada no método de ensino filosófico da Idade Média, a escolástica, essa tinha como currículo o trivium e o quadrivium, conhecidos como as sete artes liberais. O trivium (gramática, retórica, dialética) e o quadrivium (aritmética, geometria, música, astronomia). Segundo Piletti (1988): O termo escolástica significou inicialmente o conjunto do saber, tal como era transmitido nas escolas do tipo clerial. O escolástico era o mestre das Sete Artes Liberais ou o chefe das escolas monásticas ou catedrais [...]. Mais tarde se deu o mesmo nome aos escolarmente se dedicavam á filosofia e a teologia (PILETTI, 1988, p. 85). Neste sentido, a escolástica é a mais alta demonstração da filosofia cristã medieval, surgindo como resposta às questões que foram colocadas aos homens do século XII. A escolástica era a filosofia a ser ensinada nas escolas. Sendo que o método educativo da escolástica ocorria através da memorização e da disputa. Para que os estudantes dos séculos XII pudessem preservar o conhecimento, era preciso a memorização, já que, era o único recurso da época disponível para conservar o conhecimento. A disputa, era a maneira de instigar o pensamento e as discussões teóricas. (OLIVEIRA, 2002, p. 48). Nas aulas de dialética ministradas por Pedro Abelardo, as disputas ocorriam baseadas nas Sagradas Escrituras, que privilegiavam os aspectos morais e espirituais para compreensão do universo, confrontadas com obras como de Aristóteles, que privilegiavam o pensamento racional nesta compreensão. Neste sentido Oliveira (2002) afirma: As discussões de Pedro Abelardo mostram como as questões do século XII precisam, de fato, ser consideradas. É preciso discutir o ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 385 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ significado da fé, da razão, do amor, de Deus, das sentenças, do verbo, enfim aprender como os homens fazem para pensar. Mais, aprender como os homens existem, qual a razão e definição de Universal. O pensar e o questionar estão embricados com a forma de ser de Abelardo (OLIVEIRA, 2002, p. 55). Desta maneira, as aulas ministradas por Abelardo acompanhavam as mudanças sociais e respondia ao modo de ser da sociedade daquele período. A forma com que discutia os assuntos permitia, refletir e entender as mudanças do contexto social do século XII. Nos debates Abelardo valorizava a razão, explicando a fé junto com a razão. Neste contexto é necessário ressaltar a importância do pensamento de Pedro Abelardo para o desenvolvimento da escolástica nos séculos posteriores. Este desenvolvimento está atrelado à introdução das obras de Aristóteles no pensamento filosófico ocidental. Segundo Piletti: Num sentido amplo, porém, podemos dizer que a escolástica é um movimento intelectual oriundo da Idade Média, preocupado em demonstrar e ensinar as concordâncias da razão com a fé pelo método da análise lógica (PILETTI, 1988, p. 85). Em função disso, Abelardo não era contra a igreja, não criticava as crenças religiosas (fé), e nem estava à frente do seu tempo, mas correspondia o movimento intelectual que ocorria em seu período e acreditava que as questões universais podiam ser explicadas através da razão (lógica), através do resgate de ensinamento de filósofos antigos. Em sua obra Lógica para principiantes (1973) Abelardo destaca que: Para aqueles dentre nós que se iniciam no estudo da lógica digamos algumas palavras sobre suas propriedades, e comecemos por tratar do gênero a que ela pertence, ou seja, a filosofia. Boécio não denomina qualquer ciência filosofia, mas só aquela que consiste no estudo das coisas mais elevadas. De fato, não damos o nome de filósofos a quaisquer estudiosos, mas apenas aos sábios cuja inteligência se aprofunda na consideração das questões mais sutis. Boécio distingue três espécies de filosofia, isto é, a especulativa, que ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 386 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ investiga a natureza das coisas; a moral, que considera a questão da vida honesta; e a racional, denominada lógica pelos gregos e que trata da argumentação (ABELARDO, 1973, p. 207). Nesta passagem sobre o início do estudo da lógica, Abelardo mostra que a razão está presente no estudo filosófico e consiste em compor as investigações, as argumentações, as formas de raciocinar ou investigar diferentes assuntos. Sendo que o verdadeiro filósofo é aquele que produz o conhecimento humano através da lógica, através da sua capacidade de raciocinar. Assim, Abelardo propôs outro caminho, a razão, para entender uma sociedade que estava passando por transformações econômicas e sociais que resultaram em uma transformação na educação. 2. PEDRO ABELARDO (1079-1142) Pedro Abelardo nasceu em Pallet no ano de 1079. Abelardo estava destinado à carreira militar, mas abandonou a carreira pelo saber, para se dedicar aos estudos. Abelardo afirma: E, visto que eu preferi as armas dos argumentos dialéticos a todos os ensinamentos da filosofia, troquei as outras armas por essas e antepus os choques das discussões aos troféus das guerras. Por isso, perambulando, pelas diversas províncias a travar debates, onde quer que ouvisse dizer que florescesse o estudo dessa arte, torneime um êmulo dos peripatéticos (ABELARDO, 1973, p. 250). Assim Abelardo renunciou ás armas de guerreiro para se entregar a outros combates, ou seja, aqueles ocorridos dentro das universidades, questionando métodos utilizados por grandes mestres, como Guillaume de Champeux. Abelardo não se intimidou em relação ao mestre e começou a questionar seus ensinamentos tornando-se seu rival. Abelardo (1973) afirma a esse respeito que: ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 387 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Finalmente cheguei a Paris, onde essa disciplina conseguira florescer ao máximo, junto a Guilherme, a saber, o de Champeaux, meu preceptor, reputado então como o principal expoente nesse magistério, tanto pela fama como de fato. Com ele demorei algum tempo; de início fui bem aceito, mas logo depois eu lhe pareci muito incômodo quando tentei refutar algumas das suas opiniões e acometi contra ele a argumentar freqüentemente, sendo que, por vezes, eu parecia levar a melhor nas discussões (ABELARDO, 1973, p. 250). Segundo Le Goff (2011) Guillaume forçou o afastamento de Abelardo enquanto acadêmico, mas era tarde para abafar o talento o jovem que havia se tornado mestre. Antes de se tornar mestre em Paris, Abelardo abriu duas escolas primeiramente em Melun e depois Corbeil. Ao retornar a Paris travou novos debates com Guillaume que provocou a perda de prestígio do ilustre mestre, onde seus alunos o abandonaram e o mestre renunciou ao ensino. Abelardo em sua carta autobiográfica ressalta que: No entanto, em conseqüência desse meu tirocínio na escola, o meu nome começou a difundir-se de tal moda na arte da dialética, que não apenas a fama dos meus condiscípulos, como também a do próprio mestre, reduzia pouco a pouco, acabou por se extinguir (ABELARDO, 1973, p. 251). Le Goff afirma que em função disso Abelardo sente o fato de não ter mais adversários e se incomoda com os teólogos quererem ter o domínio de tudo. Desse modo, ele decide seguir a vida religiosa e passa a estudar as lições do teólogo, considerado como um dos ilustres da época, Anselmo. A esse respeito Abelardo afirma que: Então fui ter como esse velho que conquistara um grande nome mais pela sua longa prática do que pelo engenho ou pela memória. Se alguém vinha bater á sua porta, incerto, para consultá-lo sobre alguma questão, voltava incerto. Na verdade, parecia admirável aos olhos dos seus ouvintes, mas era nulo aos olhos dos que lhe faziam perguntas. Tinha uma elocução admirável, mas era vazio de conteúdo, oco de pensamento. Quando acendia o fogo, encia a sua casa de fumaça mas não iluminava. Sua árvore parecia toda vistosa ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 388 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ na sua folhagem aos que olhavam de longe, mas revelava-se infrutífera aos que observavam de perto e com cuidado. No entanto, quando eu me aproximei dela para lhe colher o fruto,percebi que se tratava daquela figueira que o Senhor amaldiçoou (ABELARDO, 1973, p. 254). Desta maneira, Abelardo se decepcionou com o mestre, que só tinha fama, mas não transmitia nenhum conhecimento a ele, por esse fato ―[...] a glória de Anselmo não se mantém por muito tempo ante a paixão e iconoclasta do fervoroso antitradicionalista‖ (LE GOFF, 2011, p.60). Com isso, Abelardo desconsiderou Anselmo como mestre e foi perseguido pelo mestre assim como foi com Guillaume. Abelardo ressalta que: Em conseqüências disso, esse velho senhor, abalado por violenta inveja e já estimulado então contramim pelas instigações de alguns, como lembrei acima, começou a perseguir-me pelas minhas aulas sobre ciência sagrada, não menos do que anteriormente o fizera meu Mestre Guilherme pelas de filosofia (ABELARDO, 1973, p.255). Abelardo, aos poucos, ganhou fama entre seus discípulos e em 1113 conseguiu ocupar a cátedra de dialética tão esperada e desejada, na Escola da Catedral, adquirindo grande renome, como mestre de dialética e retórica em Paris. No entanto sua glória foi interrompida em 1118 consequência de sua aventura amorosa com a jovem Heloísa uma jovem bonita e culta, sobrinha do cônego Fulbert. Segundo Abelardo (1973): Ora, todo inflamado de amor por essa mocinha, procurei a ocasião pela qual ela se tornasse familiar pelo convívio doméstico e cotidiano e assim arrastasse a ceder facilmente. Para que isso acontecesse, tratei com o mencionado tio da moça, por intermédio de alguns dos seus amigos, para que ele me recebesse em sua casa, que ele estipulasse,alegando na verdade o pretexto de que o cuidado da minha casa prejudicava os meus estudos e que a excessiva despesa me onerava. Ele era muito avarento e muito preocupado com que a sobrinha progredisse sempre mais nos estudos literários. Por meio dessas duas fraquezas obtive facilmente o seu consentimento e consegui o que desejava, uma vez que ele, de fato, era todo ambição de dinheiro e acreditava que a sua sobrinha aproveitaria alguma coisa do meu ensino(ABELARDO, 1973, p. 258). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 389 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Assim Abelardo se aproximou mais da sua grande paixão (Heloisa).Com ela Abelardo vivenciou um romance secreto se casou e teve um filho. O resultado desse casamento foi à retirada de Heloísa para um convento e a punição de Abelardo que foi a mutilação. Abelardo relata que: Ocorria-me o pensamento da grande glória que eu havia pouco desfrutava e de que modo ela fora abatida por um incidente vulgar e vergonhoso, ou melhor, como ela fora completamente destruída e, por justo juízo de Deus, eu fora castigado naquela parte do meu corpo em que eu pecara, e como por uma justa traição àquele que eu antes atraiçoara me deu troco por sua vez (ABELARDO, 1973, p. 266). Segundo Le Goff (2011) apesar de todos os problemas entre Abelardo e Heloisa, a paixão intelectual o curou, Abelardo escreveu seu primeiro tratado em teologia, Sobre a Unidade e a Trindade de Deus, no entanto o livro foi queimado e Abelardo condenado a viver em um convento. Depois de um tempo ele fugiu do convento e passou a se instalar em diversos lugares, pois sempre era perseguido por seus inimigos. Este fato Abelardo relata em sua carta autobiográfica dizendo: Depois disso, convocado para o concílio, compareci imediatamente e, sem nenhum exame ou discussão, obrigaram-me a lançar ao fogo, com minha própria mão, o meu livro, que assim foi queimado [...] o abade e os monges daquele mosteiro, pensando que eu ia permanecer ali com eles por mais tempo, receberam-me com a maior alegria e, tratando-me com todo o cuidado, tentavam consola-me em vão [...] (ABELARDO,1973, p. 275-274). Em 1136 Abelardo volta para Paris e retoma sua atividade de ensinar, desde sua obra condenada Abelardo havia parado de escrever, em 1140 seus inimigos retomam o ataque contra suas obras, a situação agrava quando o intelectual decide fazer suas ligações com proscrito romano fazendo uma aliança entre a dialética urbana com o movimento comunal democrático. (LE GOFF, 2011, p. 69) Um dos principais inimigos de Abelardo foi Bernardo de Claraval, que não concordava com os ensinamentos do mestre, tanto que o denunciou para os bispos ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 390 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ da França. Abelardo solicitou uma reunião com os bispos para que ele pudesse debater suas ideias com Bernardo de Claraval. No entanto, uma noite antes da abertura dos debates Bernardo de Claraval se direcionou até os bispos sem Abelardo com uma documentação completa que apresenta Abelardo como herege perigoso. No outro dia Abelardo foi condenado, porém ficou em liberdade. Não satisfeito Bernardo de Claraval escreveu uma carta para os membros da Igreja romana, essa foi resultante de uma condenação do papa, onde os livros de Abelardo foram queimados. Abelardo recebe a noticia de sua condenação quando viajava para se refugiar em Cluny. Nessa cidade recebeu o apoio de Pedro, o Venerável que reconcilia Abelardo com Bernardo e obtém de Roma o cancelamento de sua excomunhão e o manda para o convento de Saint-Marcel, em Chalon-sur-Saône, onde ele morre no dia 21 de abril de 1142 (LE GOFF, 2011, p.70). Em sua carta autobiográfica titulada a História das minhas calamidades (1973) Pedro Abelardo chega à seguinte conclusão sobre a sua história: [...] esta é a história das minhas calamidades, que venho sofrendo continuamente quase desde o berço. Penso que já é o suficiente o que escrevi em vista da tua desolação e da injustiça que sofreste, para que julgues, como declarei no inicio de minha carta, que a tua provação é nula ou ínfima em comparação das minhas, e para que as suportes mais pacientemente, considerando-a pequena... E assim, encorajados por esses ensinamentos e por esses exemplos, suportemos mais tranquilamente estas provações quanto mais injustas elas são. Não duvidemos de que, se elas não servem para nosso mérito, pelo menos concorrem para nossa purificação, e visto que todas as coisas ocorrem por disposição divina, que cada um dos fieis se console com este pensamento de que a suprema bondade de Deus não permite jamais que nada aconteça desordenadamente, e que todas as coisas que se fazem de mal Ele próprio se encarrega de levar a um ótimo fim... (ABELARDO, 1973, p. 278). Desta maneira, Abelardo mostra que mesmo acreditando na razão humana, não deixou de acreditar em Deus e seus desígnios divinos. Assim, Abelardo foi considerado o filosofo, o lógico, o moralista, o apaixonado e o teólogo que teve um importante papel no processo de renovação pedagógica durante a Idade Média, onde enfrentou e questionou a realidade de seu tempo. Abelardo debateu os temas ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 391 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ do período com uma nova forma de explicitar e de questionar, seu método foi o da dialética, método que expõe os prós e os contras, proporcionando ao aluno o conhecimento filosófico. Propôs a utilização da razão para explicar os mistérios da fé. CONSIDERAÇÕES FINAIS As considerações aqui evidenciadas são parciais, pois o trabalho encontra-se em andamento. Desse modo, procuramos analisar o objetivo proposto para esse estudo, que foi o de analisar o método educacional proposto por Abelardo, a partir das transformações da sociedade no século XII. Pudemos entender por meio do contexto social em questão que foram vários fatores que acarretaram as mudanças daquele período que resultaram em uma nova estrutura na economia, na educação e na forma de pensar daquela sociedade. Logo, para maiores esclarecimentos das questões que levaram Abelardo a sugerir um novo método educacional, destacamos o contexto social do século XII enfocando as atividades comerciais, o renascimento urbano, o nascimento das cidades e o nascimento do intelectual deste período. Considerando o intelectual um homem que teve como oficio ensinar e acompanhar as transformações de seu período, respondendo o seu modo de sociedade. Pedro Abelardo estava inserido nesse contexto de transformações, e foi influenciado por suas mudanças que o levaram a analisar uma diferente forma de entendimento e de análise de mundo, para o seu período. Abelardo, com o seu método, influenciou o pensamento da sociedade da sua época, principalmente daqueles que o ouviam nas universidades, pelos grandes embates que criou com seus alunos dentro da universidade de Paris. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 392 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A nosso ver, o autor acompanhou as mudanças e fez a leitura do seu tempo. A forma com que o autor debatia os assuntos permitia com que seus ouvintes refletissem sobre o tema e pudessem opinar questionar e criar dúvidas as afirmações dadas pelos autores da Antiguidade. Nos debates ele valorizava a razão, mas explicava a razão pela via da fé. Abelardo debateu os temas do período com uma nova forma de explicitar e de questionar, proporcionando aos ouvintes o conhecimento filosófico. O método utilizado por Abelardo, a dialética, confrontava as questões consideradas como verdades daquele período, e proporcionava o conhecimento humano através da lógica, através da sua capacidade de raciocinar, de investigar, de questionar, ou seja, a possibilidade de reflexão. Assim, consideramos que analisar sobre a educação de um determinado período histórico requer um estudo sobre o contexto e as alterações sofridas no período. Desse modo, entender um determinado período da Idade Média, especificamente do século XII, nos faz entender a importância dos debates realizados pelos intelectuais e a relevância do pensamento desses homens para a sociedade do seu período. REFERÊNCIAS Livros: ABELARDO, Pedro. História das minhas calamidades. In: ABELARDO, Pedro. et al. Os pensadores. 1. ed. São Paulo: Abril, 1973. p. 247-278. ABELARDO, Pedro. Lógica para Principiantes. In: ABELARDO, Pedro. et al. Os pensadores. 1. ed. São Paulo: Abril, 1973. p. 207-245. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4°ed. 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Disponível em: <http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=46>. Acesso em : 4 abr. 2013. RODRÍGUES, Margarita Victoria. O pensamento filosófico medieval de Pedro Abelardo: Educação e Docência. [s/d] Disponível em http://www.hottopos.com/notand18/pensfilabel.pdf. Acesso em: 4 abr.2013. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 394 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ O PAPEL DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 91 SOUZA, Fernanda de Oliveira Ávila de (Instituição, e-mail)92 SILVA, Rosangela Trabuco M.93 RESUMO Esta pesquisa tem por objetivo destacar a importância do lúdico e dos jogos no contexto educativo do Ensino Fundamental, como um recurso auxiliar ao professor que contribua para a aprendizagem dos alunos. Kramer (2008) escreve que no processo de ensino aprendizagem o lúdico e o jogo podem contribuir para os professores organizarem situações de ensino mais condizentes com a diversidade de seus alunos. A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, e pauta-se em Toledo (2011), Piaget (1985), Oliveira (2011), dentre outros. Em um primeiro momento contextualiza a sociedade atual, onde o jogo e o lúdico não são valorizados no dia a dia das escolas do Ensino Fundamental. Na sequência diferencia o jogo da brincadeira, ressaltando a importância do lúdico na educação. Por fim, destaca o as capacidades que o jogo desenvolve nos alunos e o papel do professor nestes momentos. Ao final deste estudo, depreende-se que o professor é fundamental para que se estabeleça um ensino de qualidade buscando novas alternativas para auxiliar o educando, estimulando-os e incentivando-os ao aprendizado por meio dos jogos e brincadeiras. Este trabalho destina-se a fundamentar teoricamente os profissionais da educação, para que assim entendam a importância dos jogos no processo de ensino e aprendizagem. Palavras-chave: Jogos. Aprendizagem. Professor. Aluno. INTRODUÇÃO Atualmente vive-se momentos de grandes transformações no mundo, a maioria no campo tecnológico, alterando a forma de viver de muitas pessoas. Conforme Toledo (2011), não é nada fácil para a criança, acostumada a esta sociedade tecnológica, 91 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia. Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. 93 Professora orientadora Ms.em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 92 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 395 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ acompanhar os passos impostos pela escola. Esta é muitas vezes chamada de chata, e os alunos dizem que não oferece nenhum atrativo. O que a escola deve fazer para não ficar defasada diante de tantas inovações? Essa questão aponta para a necessidade de se investir no humano, na educação, no conhecimento, no desenvolvimento do educador, para que assim, este possa fazer escolhas metodológicas adequadas e que instiguem a aprendizagem dos alunos. Segundo Kramer (2008), as atividades lúdico-educativas podem ser vistas como uma forma alegre e descontraída de aprender e ao mesmo tempo desenvolver no aluno o espírito crítico e pesquisador, bem como os sentimentos de disciplina, seriedade e respeito mútuo. Neste contexto, os jogos podem ser um recurso que possibilita ao professor tornar o ensino significativo e atrativo ao aluno. O professor, por meio dos jogos lúdicos pode proporcionar uma prática eficaz, dinâmica e motivadora. Para Kramer (2008) a atividade lúdica, quando bem conduzida, é um entretenimento que tem a propriedade de despertar o interesse da criança. Em sala de aula é útil para reforçar valores, como: honestidade, lealdade, fidelidade, cooperação, solidariedade e respeito mútuo. E, além de incitar sentimentos como o amor e a tolerância, promove caracteres como o domínio próprio, segurança e limites. Este estudo é relevante para os educadores, pois conforme Macedo (2005), o lúdico e os jogos na aprendizagem escolar têm como foco o desenvolvimento do educando, desafiando o mesmo a não desistir das atividades e tentar novamente quando perder ou tiver dificuldades. Esta prática contribui para uma nova maneira do aluno se integrar com o mundo: pela imaginação, da representação e do jogo simbólico. Para tanto se realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o uso do lúdico no processo de ensino aprendizagem, sua gama enorme de vantagens para a aprendizagem, entre outros aspectos importantes. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 396 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1 O LÚDICO E A EDUCAÇÃO As atividades lúdicas são naturais da criança, mas segundo Kramer (2008), no Ensino Fundamental nem sempre os professores trabalham com o lúdico em sala de aula. Isto porque, para muitos, tratar do lúdico e dos jogos no Ensino Fundamental parece ser algo surpreendente e sem nenhum tipo de compromisso com a educação. Macedo (2005) escreve que tanto o lúdico como os jogos são caminhos que facilitam o aprender. Para tanto, os educadores necessitam de materiais adequados, espaço, tempo e conhecimento. Por meio dos jogos, o educador pode analisar suas ações e produções em diferentes situações de aprendizagem, fixando um contexto de troca de diálogo. Segundo Marli (apud ANDRADE e RODRIGUES, 1995, p. 43): Os brinquedos e as brincadeiras, embora sendo elementos presentes no mundo da criança em todas as épocas, culturas e classes sociais não tinham a conotação que tem hoje [...]a maioria das nossas escolas ainda considera o brinquedo como não sério e utilizando-o como divertimento e passatempo. Arce (2004) escreve que a educação no início do século XX, passou a ser determinada por um pensamento racional, fragmentado e reducionista, levando professores e alunos a restringirem sua prática educativa, à reprodução do conhecimento, pela cópia e pela imitação. A ênfase do processo pedagógico recai no produto, no resultado, na memorização do conteúdo, que, muitas vezes, não apresentavam sentido ou significado para quem as realizava. Toledo (2011) destaca que este método orienta o saber e a ação propriamente pela razão e pela experimentação, revelando assim o culto do intelecto e o exílio do coração. Ou seja, o homem a separou o racional do emocional. Desta forma, a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 397 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ escola trabalha com a razão, com os conhecimentos científicos, onde o jogo é visto como algo que não é importante, ou seja, não é produtivo. Kramer (2008), destaca que atualmente, esta concepção está mudando, pensa-se em uma educação diferenciada que leve o aluno a pesquisar, construir seu conhecimento tendo uma postura ativa. Para que isso ocorra é preciso buscar meios que possam estimular a criança e o adolescente a se interessar pelo estudo. Neste contexto, o jogo pode contribuir não só para a aprendizagem da criança, mas para estimular a atenção e a concentração, pois muitos alunos tem dificuldade de se concentrar, de ficar sentado, e de ter atenção focada no professor. De acordo com Kramer (2008), o papel do lúdico e dos jogos para o Ensino Fundamental é tornar o conhecimento científico em conteúdos significativos, deixando o aluno mais interessado no ensino. Neste contexto, os jogos podem ser um importante aliado do ensino, pois, por meio do jogo, a criança pode se envolver com o conteúdo que se está ensinando. Segundo Macedo (2005) em uma escola para todos os desenvolvimentos e a aprendizagem devem ser considerados pontos fundamentais na prática educativa, e uma das condições para que isso ocorra, é a dimensão lúdica. Mas afinal, existe diferença entre o jogar e o brincar? 2 DIFERENCIANDO O BRINCAR E O JOGAR O significado dos jogos e dos brinquedos e das brincadeiras e sua relação com o desenvolvimento e a aprendizagem há muito tempo vêm sendo investigados por pesquisadores de várias áreas do conhecimento com diferentes contribuições. Segundo Brougére (2000, p. 32): Faz parte da natureza humana o ato de brincar, com a vantagem de favorecer o desenvolvimento da criança e mesmo dos adultos. Estes se realizam plenamente, entregando-se por inteiro ao jogo. Já para ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 398 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ a criança quase toda atividade é jogo e é pelo jogo que ela adivinha e antecipa as condutas superiores. Portanto, o brincar é uma atividade inerente ao ser humano. Ao observar um bebê, mesmo com poucos meses de vida, percebe-se que ele já brinca com suas mãos, com as pessoas que estão ao seu redor, e é estimulada com os brinquedos. O adulto que o ajuda a descobrir sua utilização estará contribuindo para seu desenvolvimento psicomotor, além disso, Oliveira (2002) acrescenta que brincando, a criança vai construindo os alicerces da capacidade e habilidade em perceber, criar, manter e desenvolver laços de afeto e confiança no outro. Segundo a ótica de Piaget (1985, p. 118), ao observar a brincadeira de uma criança: Deve-se ater ao comportamento inteligente da criança, a intencionalidade de sua brincadeira, o uso do fio como instrumento, a consciência de si como agente construtor da ação sensório-motora num contexto significativo, a repetição cíclica como condição para a formação de esquemas, enfim, a organização significativa de sua ação frente às coisas, no sentido de internalização dessa ação. Há pouco tempo atrás, brincadeira como queimada, esconde-esconde, amarelinha, mãe da rua, corrida de saco, cabo de guerra, soltar pipa dentre outras, eram comuns. Hoje muitas vezes são esquecidas, e os jogos que as crianças tem preferência são os desenvolvidos por meio de computadores, televisão e videogame. Oliveira (2002), destaque que mesmos podem tornar as crianças sedentárias, sem o comprometimento de trabalhar em equipe, estimulando em algumas situações a agressividade e o isolamento. Alguns pais e professores podem se sentir satisfeitos com estas atividades passivas, já que de certa forma mantêm seus filhos e alunos sob controle com maior facilidade. Mas em contrapartida, quando na criança brinca com as brincadeiras tradicionais, tem a oportunidade de relacionar-se com outras, se movimentar, conversar, negociar, podendo ter um desenvolvimento saudável em diversos aspectos: intelectual, social, emocional e físico. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 399 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Os jogos e brincadeiras são conhecidos por todos, sem distinção de raça, religião ou ideologia. Sendo atividades agradáveis e podendo ser aplicadas desde o nascimento da criança, são fundamentais para um bom desenvolvimento de suas experiências e o despertar de suas expectativas, desenvolvendo assim a concentração, o que contribui para uma aprendizagem significativa. De acordo com Queiroz et al. (2006), a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Na brincadeira, conforme Oliveira (2011), a criança aprende a desenvolver habilidades, sentimentos ou pensamentos, porém não tem regras rígidas como o jogo. Por exemplo: a criança que brinca de casinha, não é um jogo com regras, mas é preciso de algumas regras na brincadeira para que ela se realize. Segundo Oliveira (2011), o jogar é o brincar que evoluiu. Este tem normas, têm objetivos, sendo um jogo de ideias, pessoas, situações, sentimentos, entre outros. É uma brincadeira com ordem, convencional, com papeis e posições demarcadas. Por sua vez, a brincadeira é um jogo partilhado, é uma atividade aprendida na cultura que possibilita que os alunos se constituam como sujeito em um ambiente em contínua mudança. É no jogo que a criança por meio de suas ações, buscam estratégias para solucionar o então contexto de regras. Para Kramer (2008), o jogo permite que as crianças vivam experiências ricas para seu aprendizado, pois ao jogar devem respeitar as regras, esperar a vez, cumprir os passos previstos, dentre outros. Estes geram respeito e responsabilidade com o grupo. Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. [...] Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação (BRASIL, 1998, p. 76). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 400 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ De acordo com Macedo (2005), os jogos são de suma importância, pois, irão ajudar o educando a conhecer as regras, os limites, aceitar o adversário, entretanto vai ensinar a criança/adolescente a agir com respeito e com responsabilidade. Isto irá refletir no contexto de sala de aula como uma ferramenta necessária para uma melhor compreensão de seus alunos naquilo que foi trabalhado. Para Oliveira (2011, p. 49): Já o brincar exige troca de pontos de vista, o que leva a criança a observar os acontecimentos sob várias perspectivas, pois sozinha ela pode dizer e fazer o que quiser pelo prazer e contingência do momento, mas num grupo, diante de outras pessoas, percebe que deve pensar aquilo que vai dizer, que vai fazer, para que possa ser compreendida Segundo Macedo (2005), é uma ação associada ao movimento, e a criança ao brincar constrói conhecimento, desta forma, a importância dos mesmo para o desenvolvimento físico, intelectual, social da criança é inegável. Por este motivo, o próximo item irá abordar. 4. O JOGO NO CONTEXTO EDUCATIVO Diante do exposto, percebe-se que o brincar e o jogar estão intimamente ligados e que estes são importantes para a aprendizagem da criança. Conforme Kishimoto (2000), quando a criança está jogando, se vê frente a sentimentos e ações, inserese em um ambiente que instiga curiosidade, iniciativa, imaginação. O professor, ao conhecer as potencialidades dos jogos, poderá entender que o mesmo pode tornar as aulas mais atraentes e produtivas. Para Piaget (1985), os jogos alcançam um caráter educativo, contribuindo na formação da personalidade da criança, desenvolvendo valores como honestidade, fidelidade, respeito aos outros, bem como atenção, concentração, compreensão e ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 401 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ esperar a vez. Neste sentido os jogos em sala de aula podem contribuir para que os alunos desenvolvam os mesmos. Oliveira (2011), diz ser de fundamental importância que o educador participe com os seus alunos destes momentos, ao fazer isso estará incentivando os mesmos a jogarem, exercendo seu papel de mediador como um companheiro mais experiente, além de servir como modelo (já que sabe as regras do jogo). Segundo Oliveira (2011), é importante a utilização dos jogos no contexto educativo, pois as possibilidades de análise dos jogos sob diversas óticas, bem como sua utilização com diversos fins em diversos espaços como, por exemplo, o da educação, entre outros componentes. Para Macedo (2005), por meio dos jogos, o educador pode analisar as ações e produções dos alunos, em diferentes situações de aprendizagem, fixando um contexto de troca de diálogo. Uma questão importante a ser observada, são os recursos pedagógicos. O professor deve verificar se os jogos tem peças completas, pois podem desestimular os alunos.Quem já não montou um quebra cabeça e no final as peças faltaram? Isso é frustrante, pois tem-se a impressão que o trabalho ficou incompleto. O jogo, segundo Macedo (2005), como elemento estratégico para auxiliar o aprendizado, é considerado como um conjunto de atividades agradáveis, divertidas, com regras que permitem reforçar valores como: respeito, tolerância, responsabilidade, solidariedade, autoconfiança e segurança, pois promove a amizade, a partilha de ideias, conhecimentos e preocupações. É estimulante e propicia qualidades e comportamentos morais em crianças e jovens, como: honestidade, domínio de si, segurança, determinação, reflexão, procura de soluções alternativas em detrimento de suas dificuldades, curiosidade, imaginação, iniciativa, senso comum, solidariedade com os amigos e com o grupo. Além disso, o jogo também pode ser visto como um canal para o alívio de tensões. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 402 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Todos estes valores desenvolvidos por meio dos jogos lúdicos facilitam a interiorização do conhecimento de modo significativo. Conhecimentos que, embora inerentes a um ou mais domínios, favorecem o crescimento biológico, mental, emocional, social e individual do participante. Para Kishimoto (2000), na educação, o brincar deve ser tão valorizado quanto o cuidado, o amor, o descanso e a nutrição. O jogo como mediador no processo de aprendizagem auxilia o educando a resolver os seus conflitos internos e frente a situações posteriores, a tomar decisões com mais convicção. Uma ação lúdica pode ser entendida como o brincar, pois é considerada como um ato espontâneo, que exercita a imaginação, atenção, memória e até mesmo a imitação que a criança faz do mundo adulto, descobrindo o mundo, vivenciando leis, regras e experimentando sensações. Brougère (2000) percebe que o jogo é essencial no campo educativo, pois ele abrange dois pólos, que é o divertimento; o sentimento do prazer, o educativo; apropriação de aprendizagem e o desenvolvimento da imaginação. Segundo Macedo (2005), é importante a utilização dos jogos no contexto educativo, pois ele visa a contribuir para que as crianças possam adquirir conhecimento e desenvolver suas habilidades e competências, mostrando que as atitudes e as competências desenvolvidas ao jogar vão tornando-se propriedade das crianças, caracterizando um conjunto de ações adequadas à atividade proposta. Kramer (2008) destaca que atualmente pensa-se em uma educação diferenciada que leve o aluno a pesquisar, construir seu conhecimento tendo uma postura ativa. Para que isso ocorra é preciso buscar meios que possam estimular a criança e o adolescente a se interessar pelo estudo. Neste contexto, o jogo contribui não só para a aprendizagem da criança, mas para estimular a atenção e a concentração, pois muitos alunos têm dificuldade de se concentrar, de ficar sentada e de ter atenção focada no professor. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 403 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ De acordo com Kramer (2008), o papel do lúdico e dos jogos para o Ensino Fundamental é de modificar as informações presentes, em dados significativos, é trazer um colorido todo especial para aquele momento de aprendizado, é deixar o aluno mais interessado no ensino. O professor, ao utilizar o lúdico, possibilita ao aluno a oportunidade de ser o responsável por seus atos, pois ele tem vontade de desafiar, se errar tem o gosto de repetir ou seja de tentar novamente. Segundo Macedo (2005) em uma escola para todos os desenvolvimento e aprendizagem deve ser considerado pontos fundamentais na prática educativa, e uma das condições para que isso ocorra, é a dimensão lúdica. 4.1 O JOGO E O PROFESSOR O brinquedo educativo merece algumas considerações antes de assumir função lúdica e educativa: para assumir a primeira, ele tem que propiciar a criança diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente; já para assumir a segunda função, é necessário que o brinquedo ensine algo que complete a criança em seu saber, seus conhecimentos e sua percepção do mundo. Nem todo jogo é um material pedagógico. Em geral, o elemento que separa um jogo pedagógico de um outro de caráter apenas lúdico é que os jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo conhecimento e, principalmente, despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória (BROUGÉRE, 2000, p. 45). Entende-se por brinquedo ou jogo educativo, aquele que ensina, desenvolve e educa a criança de forma divertida, tornado o aprendizado prazeroso. Existem infinitos tipos de brinquedos e jogos que podem contribuir de maneira satisfatória para o aprendizado, sendo, portanto a sua utilização de grande importância para o ensino-aprendizagem e desenvolvimento infantil. A dimensão educativa surge a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 404 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ partir do momento em que o adulto cria situações lúdicas com o intuito de estimular o aprendizado infantil (OLIVEIRA, 2002). Pedagogicamente falando, o ato de brincar tem se revelado uma estratégia poderosa para fazer a criança aprender. Atualmente, o brincar vem sendo cada vez mais utilizado na educação, constituindo-se numa peça fundamental na formação da personalidade, nos domínios intelectivos e de todas as funções mentais superiores, se transformado num meio viável na construção do conhecimento. Segundo Arce (2004), o jogo não pode ser considerado como atividade exclusiva das crianças, mas como algo que se prolonga até a vida adulta. Ao confirmar isto, oficializa-se que as atividades lúdicas pode ser de fato um grande instrumento socializador. A escola pode utilizar o lúdico e os jogos como instrumentos pedagógicos, onde a criatividade, as regras, a espera da vez, o ouvir o outro, entram em campo, auxiliando assim no ensino-aprendizagem. Entretanto, é quando o jogar torna-se uma constante em sala de aula assim como as atividades lúdicas, a aprendizagem pode ser agradável. De acordo com Queiroz (2006), é preciso destacar o papel do professor neste processo de ensino aprendizagem. Este deve ampliar os mesmos considerando as vivências dos alunos, o ambiente físico, os brinquedos e jogos disponíveis, organizando as brincadeiras com outras crianças. O professor é quem deve organizar estes momentos, para que o bom andamento dos jogos, brincadeiras aconteçam, podendo resultar no objetivo proposto de aprender através do lúdico. Buscando sempre um ambiente instigante e acolhedor, para que contribua com o educando. Portanto percebe-se que o lúdico e os jogos, com a mediação do professor, podem ajudar os estudantes a fazerem as tarefas de uma forma melhor, mais saudável e com mais sentido, levando a aprendizagem para o resto de suas vidas. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 405 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final deste estudo conclui-se que os jogos e brincadeiras podem ser aplicados desde o nascimento da criança e são fundamentais para um bom desenvolvimento de suas experiências, desenvolvendo a concentração, o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social, o que contribui para uma aprendizagem significativa. Atualmente o que se encontra nas instituições de ensino é uma metodologia estritamente teórica, expositiva e impositiva, que conduz a diminuição do rendimento e do interesse pelo aprendizado por parte do aluno. Neste contexto, a atividade lúdica é uma alternativa que pode ser aplicado em determinadas situações, de acordo com os propósitos e as características do grupo, capaz de conduzir o processo de ensino-aprendizagem de maneira eficaz e motivadora. Valores como: honestidade, lealdade, fidelidade, cooperação, solidariedade e respeito mútuo, são alguns dos efeitos propiciados pela correta aplicação dos jogos. Cognitivamente, o jogo desenvolve as competências da língua, faz a criança reconhecer e resolver problemas e descobrir seu potencial humano. Por isto a importância dos educadores compreenderem que a interação da criança com as brincadeiras e jogos, não pode ser apenas um passatempo, e sim um fator importante e essencial para seu pleno desenvolvimento. Tais atividades lúdicas devem ser planejadas e executadas com cuidado para que seu real objetivo de aprendizagem seja alcançado, já que em resumo, o objetivo como pais e educadores é favorecer um ambiente propicio e motivador para a criança poder adquirir hábitos que o torne um ser crítico e produtivo, encontrando assim seu lugar no mundo. Com isto conclui-se que o jogo pode ser um importante aliado do ensino, pois é por meio do jogo, que a criança pode se envolver com o ensino. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 406 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Isabel e RODRIGUES, Simone Pascoal. 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A pesquisa se constituirá de levantamento bibliográfico por amostragem tendo como objetivo entender se o bullying manifestado no ambiente escolar ocorre também fora dela e se a repercussão nela é conseqüência de manifestações na sociedade. Estudar-se-á também como pais, responsáveis e educadores podem ajudar no combate a essa violência. Palavras-chave: Bullying. Violência. Escola. Sociedade. INTRODUÇÃO O tema bullying está relacionado a qualquer tipo de intimidação sofrida de maneira repetitiva contra uma mesma vítima, causando dor e sofrimento. Aprofundaremos o estudo identificando suas várias formas, os personagens praticantes, os que sofrem as conseqüências na escola e na sociedade e as tragédias decorrentes. As leituras nos indicam que, sobretudo as crianças e adolescentes, praticam o bullying considerando-o como uma brincadeira inofensiva e, sem se perceber, causam estragos em seus pares, praticando-a nas formas, verbal, física, psicológica, 94 Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPARCampus Paranavaí-PR), em 2013. 95 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR-Campus Paranavaí-PR. 96 Doutor. em Sociologia; Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR-Campus Paranavaí-PR. E.mail: [email protected] ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 408 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ sexual ou virtual. O fato é que o bullying cresce de maneira devastadora, com inúmeras formas de agressões. Para evitá-la, há a necessidade de se estar atentos às relações interpessoais no âmbito escolar e na sociedade. O trabalho intenta observar as conseqüências aos envolvidos, visando possibilitar o desenvolvimento de ações educativas. FORMAS DE BULLYING De acordo com Marini (s/a), Wada (2010) e Nogueira (2005), o bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica repetitivas e intencionais. Guareschi (2008) também se aprofunda sobre esta questão e diz que a palavra bullying não tem uma tradução no Brasil, mais está relacionada a situações de maus tratos, humilhações e opressões que acontecem entre jovens e crianças, por um ou mais estudantes contra outros. Estes que praticam se acham valentões, coagindo os colegas, agindo pela intimidação. ―Assim, o termo bullying pode ser adotado para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, proposital e sistemático inerente às relações interpessoais‖. (SILVA, 2010, p. 22). Pais e profissionais da educação do mundo todo estão preocupados com a violência entre os adolescentes, sobretudo quando a mesma é praticada em forma de bullying. Autores como Nogueira (2005) e Silva (2010) definem o bullying como uma palavra de origem inglesa que caracteriza ato de violência física ou psicológica, agressões intencionais e repetidas contra uma mesma vítima, sem motivação específica ou justificável. De um modo geral, o bullying é situações de maus tratos, repressão e humilhação entre jovens e crianças. De acordo com a maioria dos autores analisados, os agressores na maioria das vezes fazem parte de famílias desestruturadas, resultando em atitudes inaceitáveis. Por outro lado, o bullying em pleno mundo contemporâneo e com o avanço da tecnologia e as influências de programas televisivos que incentivam a violência, tem ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 409 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ sido praticado por adolescentes e jovens de diferentes procedências sociais. Destacamos que o bullying pode acompanhar negativamente o agredido durante a vida adulta. De acordo com Fante, O tipo de experiência vivenciada pela criança no ambiente familiar poderá predispô-la a tornar-se uma protagonista do fenômeno. Para o seu pleno desenvolvimento a criança necessita sentir-se amada, valorizada, aceita, incentivada à auto-expressão e ao diálogo, principalmente na adolescência, porém a noção de limites precisa ser estabelecida com firmeza e com coerência. (FANTE, 2002, s/p). De acordo com Silva (2010), mesmo que a palavra bullying ainda não tenha uma tradução na língua portuguesa, caracteriza-se por comportamentos violentos no âmbito escolar. ―Dentre esses comportamentos podemos destacar as agressões, os assédios e as ações desrespeitosas, todos realizados de maneira recorrente e intencional por parte dos agressores‖ (SILVA, p. 21). O estudo indica que o bullying é um fenômeno que caracteriza a luta desigual entre iguais, onde os mais fortes utilizam-se dos mais fracos como objetos de diversão, prazer e poder, com a finalidade de aterrorizar, amedrontar, atormentar, difamar, intimidar e humilhar suas vitimas, lhes causando um enorme sofrimento e dor, nos piores casos cometendo o suicido. De acordo com Silva, os agressores impõem total domínio sobre sua vítima, impossibilitando-a de se defender pelo simples prazer em vê-los sofrer. ―Assim, o termo bullying pode ser adotado para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, proposital e sistemático inerente às relações interpessoais‖ (SILVA, 2010, p. 22) prejudicando profundamente as vítimas. De acordo com Araújo e Silva (2011), bullying não é brincadeira e não é saudável, pois a pessoa alvo encontra-se sempre em desigualdade de poder, sentindo-se inibida e ofendida pela violência investida contra sua pessoa. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 410 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Autores como Wada (2010) e Silva (2010), citam diferentes formas de bullying: verbal, física, psicológica, sexual, virtual. Na verbal o agressor irá xingar, ofender, difamar, insultar, colocar apelidos depreciativos, ameaçar e fazer piadas ofensivas em relação a vítima. Segundo Guareschi (2008), a violência na forma física e material caracteriza-se de forma visível e de fácil identificação, onde o agressor irá bater, empurrar, puxar cabelo, chutar, morder, espancar, trancar pessoas em lugares, ferir, beliscar, furtar objetos das vítimas, atirar objetos contra as vítimas. Na violência psicológica e moral, Silva (2010) diz que o agressor irá excluir, isolar, irritar, humilhar, desprezar e ridicularizar, ameaçar, dominar, discriminar, aterrorizar, chantagear, perseguir, fazer intrigas contra suas vítimas. Ainda para a autora, na violência sexual o agressor se utilizará do assédio, da insinuação e abuso contra sua vítima. Nogueira (2005), nota que uma grande parte de pais e profissionais da Educação não distingue indisciplina de agressividade na forma de bullying, arriscando um descuidado diagnóstico. Na prática, incorporam todo tipo de violência como se iguais. Por isso, a importância de refletir sobre um assunto pouco estudado, que é o bullying. Pesquisadores de todo o mundo atentam para este fenômeno, que toma cada vez mais aspectos preocupantes quanto ao seu crescimento, e por atingir faixas etárias inferiores, relativas aos primeiros anos de escolaridade. Estima-se que, em torno de 5% a 35% de crianças em idade escolar, estão envolvidas de alguma forma em atos de agressividade e de violência na escola. (FANTE, 2002, s/p, Apud NOGUEIRA, 2002). As constatações dos autores e a observação atenta sobre o comportamento dos alunos possibilitam os professores a serem capazes de identificar agressores e alvos do bullying, vendo-o como uma violência inaceitável entre jovens e crianças, ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 411 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ visto as sérias conseqüências no desenvolvimento social, intelectual, emocional e cognitivo das vítimas. Percebe-se pelas diferentes leituras que este fenômeno cresce rapidamente com conseqüências devastadoras a todos os envolvidos, podendo ser justificativa às escolas criarem projetos na prevenção e combate, com o objetivo de identificar o preconceito, a violência e a covardia entre alunos, através de ações voltadas à valorização e respeito às diferenças. Nessa luta épica, cujo cenário principal é a escola e os atores principais são os profissionais de educação, estão em jogo os bens mais preciosos da humanidade: a solidariedade, o respeito às diferenças, a tolerância, a cooperação, a justiça, a dignidade, a honestidade, a amizade e o amor. (SILVA, 2010, p.174). A educação é uma grande aliada na transformação e formação da sociedade através da transmissão de uma cultura de paz em busca das tolerâncias às diferenças presentes em todo o mundo, mas não a responsável direta. OS PERSONAGENS Segundo Silva (2010) as vítimas típicas são alunos com dificuldades de socialização, inseguros e passivos, de modo geral tímidas ou reservadas, incapazes de reagir às provocações e agressividades realizadas contra ela. Normalmente está relacionado a crianças superprotegidas em casa que se tornam alvos fáceis para o agressor, pois se trata de crianças frágeis, com enorme faltas de confiança em si mesma. Normalmente são mais frágeis fisicamente ou apresenta alguma ―marca‖ que as destaca da maioria dos alunos: são gordinhas ou magras demais, alta ou baixa demais; usam óculos; soam ―Caxias‖, deficientes físicos; apresentam sardas ou manchas na pele, orelhas ou nariz um pouco mais destacados; usam roupas fora de moda; são de raça, credo, condição socioeconômica ou orientação sexual diferentes [...]. Enfim, qualquer coisa que fuja ao padrão imposto por ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 412 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ um determinado grupo pode deflagrar o processo de escolha da vítima do bullying. Os motivos (sempre injustificáveis) são os mais banais possíveis. (SILVA, 2010, p. 38). Os alunos alvos de bullying comumente passam a ter baixo desempenho na vida escolar. Em alguns casos praticando a evasão escolar, ou nos casos mais graves a vítima cai em profunda depressão, pois se trata de pessoas com auto estima destruída, podendo desenvolver síndrome do pânico, transtornos alimentares, perda de sono e pesadelo. Trata-se de pessoas com poucos amigos, o que dificulta e a impede de solicitar ajuda, aumentando de forma significativa sua dor e sofrimento. De acordo Pereira (2009), há também a vítima provocativa. É aquela que provoca reação agressiva contra si mesma, não tendo o domínio de responder as provocações de maneira eficaz e satisfatória. Quando são provocadas responde de forma agressiva, em geral discutem e brigam quando são atacadas e ofendidas. Segundo Silva (2010) geralmente encontra-se nesse grupo as crianças ou adolescentes hiperativos, portadores de TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), impulsivos e imaturos, inquieta, dispersiva e ofensora. Criando muitas vezes sem intenção um ambiente tenso, chamando pra si a atenção dos agressores. Por fim, ainda segundo Silva, as vítimas agressoras se tratam de crianças ou adolescentes que reproduz os maus tratos sofridos de forma violenta, no velho ditado popular ―Bateu, levou‖, ―Tudo que vem tem volta‖. São vitimas de bullying, que por revolta se apodera de pessoas mais frágeis e vulneráveis, cometendo contra essa as agressões sofridas por ela. Em geral, as vítimas segundo Pereira (2009) não revelam espontaneamente o bullying sofrido, talvez por medo ou vergonha e muitas vezes são entendidas pelos adultos como brincadeiras de mau gosto, que o mesmo não irá repetir o ato. Assim na maioria das vezes a vítima prefere manter segredo por medo que o agressor ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 413 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ venha a se vingar por ter sido denunciado. Só tendo certeza que serão ouvidas, valorizadas e respeitadas é que as vítimas conseguem romper o silêncio da violência sofrida. Os agressores de acordo com Pereira (2009) podem ser de ambos os sexos, agindo sozinho ou em grupo. De modo geral acredita que todos devem realizar suas vontades, talvez por terem recebido má educação familiar, no qual se encontrava como o centro das atenções, prejudicando seus pares no ambiente social e escolar. [...] o agressor normalmente se apresenta mais forte que seus companheiros de classe e que suas vítimas em particular; pode ter a mesma idade ou ser um pouco mais velho que suas vítimas; pode ser fisicamente superior nas brincadeiras, nos esportes e nas brigas, sobretudo nos casos dos meninos. [...] é mau-caráter; impulsivo, irrita-se facilmente e tem baixa resistência a frustrações. Custa a adaptar-se às normas [...]. É malvado, duro e mostra pouca simpatia para com suas vítimas. Adota condutas antissociais, incluindo o roubo, o vandalismo e o uso de álcool, além de se sentir atraído por más companhias. Seu rendimento escolar, nas séries iniciais, pode ser normal ou estar acima da média; nas demais séries, em geral, ainda que não necessariamente, obtém notas mais baixas e desenvolve atitudes negativas para com a escola. (PEREIRA, 2009, p. 44 apud LOPES; FANTE, 2005). Pereira (2009) coloca em questão se o agressor é mesmo um valentão. Para o autor, uma pessoa psicologicamente bem não necessita de diminuir alguém para se sentir bem, forte ou respeitado. Esses alunos são tão ou mais frágeis que suas vítimas. Na verdade, essa falsa valentia também necessita de ajuda profissional. Para Silva (2010), Pereira (2009) e Calhau (2010) os espectadores ou testemunhas são aqueles que presenciam as agressões do bullying, podendo ser divididos em dois grupos: espectadores passivos e ativos. De modo geral os espectadores passivos observam a agressão do bullying assumindo uma postura neutra por medo de se tornar a próxima vítima. Mesmo não concordando com as atitudes dos bullies, ficam de mãos atadas em relação à defesa ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 414 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ da vítima, não comunicando o fato a algum adulto na escola ou sociedade para que tome as atitudes cabíveis para acabar com a agressão. Os espectadores ativos incluem alunos ou adolescentes e jovens nas comunidades que participam indiretamente dos ataques do bullies, dando apoio moral para que agressão ocorra, através de palavras de incentivo, risadas, empurrões. Eles ajudam a tramar as agressões e misturados às testemunhas, saem como bons moços por não serem diretamente identificados. CYBERBULLYING: UMA AGRESSÃO VIRTUAL Salla (2013) diz que a violência na forma virtual é conhecida como ciberbullying e as vítimas são alvos dos agressores através de celulares e internet. De acordo com Silva (2010) essa nova forma de agressividade vem preocupando especialistas em comportamento humano, professores, pais e personalidades de todo o mundo. Isso se deve ao tamanho efeito de sofrimento que causa às suas vítimas. Os ataques podem incluir ameaças, ridicularização da vítima, apelidos depreciativos, exposição de fotos alteradas, invenção de mentiras, boatos, insultos, rumores, em alguns casos invadem e clonam e-mail pessoal, entre outros. Para que a agressão virtual ocorra é preciso à utilização do meio eletrônico como instrumento no bullying. Segundo Martins (2008) e Silva (2010) a publicação de imagens e comentários depreciativos se torna mais fácil no mundo virtual por meio da utilização de blogs, fotoblogs, orkut, youtube, skype, twitter, facebook, torpedos... Uma vez que o conteúdo foi lançado em rede, a vítima perde controle sobre ele, embora a vítima apague o que lhe foi enviado, outras pessoas já podem ter visto e passado adiante. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 415 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Calhau (2010) relata que os agressores virtuais se utilizam de apelidos, contas falsas (fake), personagens famosos de filmes, novelas e seriados, acreditando na impunidade por estar escondido atrás do anonimato. Por outro lado, a identificação de agressores é possível pelo numero IP (internet protocol) de cada computador, possibilitando a identificação e a procedência da agressão. Destacamos que na grande maioria dos casos os praticantes de bullying conhecem suas vítimas e por vezes são vítimas por se destacarem em sala de aula, no trabalho ou no meio social e, apesar de não existir uma lei especifica contra essa violência, os bulies e ciberbullying podem ser punidos com base na lei de proteção aos indivíduos. No entanto é importante reunir provas para instrução de processo judicial. PESQUISA DE CAMPO O estudo impulsionou a realização de pesquisa de campo através de entrevistas com alunos do 2° ano do ensino médio e com professores e pais dos mesmos. Chamaremos de escola A, localizada na cidade de Paranavaí e escola B, a qual no distrito de Graciosa, a 17 km de Paranavaí. Percebemos pela pesquisa que os alunos souberam definir de forma clara e correta o que é o fenômeno bullying, mais se confundiram quando perguntado se já presenciaram o bullying na escola ou na sociedade. A maior parte dos alunos descreveu cena de preconceito presenciada por eles pelo menos uma vez. Aluno da escola A. 1- Você é capaz de diferenciar bullying de brincadeira? O que é bullying e o que é brincadeira? ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 416 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Sim. Bullying são agressões físicas e verbais que o agressor faz de tudo para agredir por diversas vezes. Brincadeira tem limites, dependendo das brincadeiras pode até ser um bullying. 2- Já presenciou bullying na escola ou na sociedade? O que presenciou? Sim. Na escola, já vi muitos meninos e meninas que xingava, batia um no outro, era brigas feias. E já vi também dentro da sala colegas humilhando o outro. 3- Qual foi sua atitude ao ver a violência bullying? Tentar ajudar, se acontecer na escola chegar à direção e falar o que aconteceu. 4- Você sabe o que é cyberbullying? Cyberbulying é violências que são feitas por redes sociais, de meninos e meninas xingando um a outro, ou ate mesmo filmando brigas e colocando na internet. 5- O que você faria ao se deparar com uma cena de bullying? Eu tentaria ajudar chamando alguém para me ajudar, dependendo quem sabe, vai que me batem também. Podemos observar que eles têm consciência que cyberbullying é o bullying realizado através do uso da internet e redes sociais. Por outro lado, os pais confundem bullying com preconceito. Aluno da escola B. 1- Você é capaz de diferenciar bullying de brincadeira? O que é bullying e o que é brincadeira? Sim. Bullying é quando você julga as pessoas como elas são de forma repetitiva causando sofrimento na vítima. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 417 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Brincadeira é quando o outro aceita numa boa, dependendo a brincadeira. 2- Já presenciou bullying na escola ou na sociedade? O que presenciou? Já, presenciei sim. Um dia vi uma pessoa chamando a outra de ―Macaca‖ por apenas ser negra. 3- Qual foi sua atitude ao ver a violência bullying? Falei pra parar, porque essa pessoa estava cometendo bullying. 4- Você sabe o que é cyberbullying? Sim. Quando você comete o bullying pela internet. 5- O que você faria ao se deparar com uma cena de bullying? Falaria para esta pessoa parar porque ele não gostaria que fizesse com ele, o mesmo. Pai de aluno da escola A. 1- Você sabe o que é bullying? Sim. 2- Você já presenciou a violência bullying no decorrer de sua vida? Como foi e o que foi? Sim. Vi uma colega ser agredida verbalmente por ser gorda e ter o cabelo ruim. 3- Você sabe o que é cyberbullying? Não 4- Você já presenciou o bullying contra pessoas com deficiência? Sim. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 418 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 5- O que você faria ao se deparar com uma cena de bullying? Conversaria com a pessoa e depois orientaria procurar a justiça. Pai de aluno da escola B. 1- Você sabe o que é bullying? Sim. É todo tipo de agressão verbal ou física por parte de uma ou mais pessoas com fases repetidas em que a pessoa que está sofrendo o bullying se sinta constrangida, intimidada ou ameaçada. É algo negativo que não acontece só no ambiente escolar mais em qualquer ambiente. 2- Você já presenciou a violência bullying no decorrer de sua vida? Como foi e o que foi? Sim. Foi no desfile do dia 07 de setembro, quando minha neta B. R. de 11 anos, estava desfilando, e por ter os cabelos cacheados, a pedagoga entrou no meio do desfile com uma xuxinha e foi prender os cabelos dela. Eu vi nos olhos dela as lagrima rolarem pelas suas faces, então eu entrei no meio do desfile e soltei o cabelo dela. 3- Você sabe o que é cyberbullying? Não tenho certeza, mas acredito ser uma forma de agressão através dos meios tecnológicos, em especial a internet e as redes sociais, onde ofendem e caluniam as pessoas. 4- Você já presenciou o bullying contra pessoas com deficiência? Não, felizmente. 5- O que você faria ao se deparar com uma cena de bullying? ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 419 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Creio que a denuncia seria a minha opção a revolta seria a primeira, é claro. O mundo precisa saber que existem meios para se punir as pessoas que cometem o bullying. Para finalizar as conclusões sobre as entrevistas realizadas a campo, os professores entrevistados conhecem o fenômeno bullying, mas não se sentem preparados para lidar com esse fenômeno dentro das escolas. Mais uma entrevista chamou a atenção. Uma professora toma a iniciativa de expor o problema e juntamente com os alunos encontrarem a solução para eliminar a perseguição da sala contra uma única aluna. Professor da escola A. 1- Você é capaz e diferenciar bullying de brincadeiras? O que é bullying e o que é brincadeira? Sim, o bullying é um tipo de preconceito. A pessoa é comparada as demais como cor, religião, posição social. Já a brincadeira é uma maneira de se divertir com as pessoas, com os colegas. 2- Já presenciou bullying na escola? O que presenciou? Sim, foi dentro de sala de aula, dividi a sala em grupos, isto foi no começo do ano, para a elaboração de um trabalho, todos juntaram e deixaram uma menina de lado. Observei que ela se vestia diferente, porque era evangélica e nem conversava muito. Era tímida. Tentei conversar com os colegas e todos já tinham formado o grupo certo. Percebi que ninguém a aceitava. Pedi para a sala, os alunos se desfazerem as equipes, pois o trabalho seria individual achei que seria melhor, para avaliar. No outro dia procurei a coordenadora e contei a história e ela me disse que todos os professores falavam a mesma coisa. Expliquei o que fiz e ela disse que agi da melhor forma, pois ela fazia sempre sozinha porque os outros professores preferiam assim. Eu e a coordenadora montamos um projeto sobre o bullying junto ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 420 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ com eles, durante três meses. No final todos queriam que ela participasse junto com eles, porque ela era muito inteligente e as melhores notas era dela. 3- Qual foi sua atitude e dos alunos ao ver a violência bullying? Junto com a coordenadora, nós elaboramos o projeto onde todos participaram, não só a sala em que atuava, mais toda escola e, a maioria dos alunos sentiram que todos são iguais nas suas diferenças. Os próprios colegas perceberam que estavam errados em relação aos colegas. 4- Você conhece ou desenvolve algum trabalho na prevenção ou intervenção do bullying? Sim, pois através desse projeto os alunos compreenderam que nem todos somos iguais e que cada um tem seu limite e suas deficiência. Foi muito bom. 5- Você acredita que sua escola esta preparada para enfrentar o fenômeno bullying? Isto vai depender muito da vontade dos professores, coordenadores e da própria direção. O trabalho que participei deu certo, pois tivemos palestras, teatros, músicas, apresentações, etc. 6- Como você lidaria com o bullying contra os alunos com deficiência? Interviria de maneira adequada, para que a agressão terminasse, mostrando ao agressor a dor que estava causando a vitima. 7- Você sabe o que é cyberbullying? O cyberbullying é a maneira de criar imagens vexatórias de uma pessoa, como filmar, fotografar e depois colocar na internet ou outros órgãos para que a pessoa seja vista como um palhaço. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 421 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CONCLUSÃO PARCIAL Através da pesquisa bibliográfica sobre o fenômeno Bullying, pude perceber que é uma violência presente em toda sociedade, sendo ela de violência física ou psicológica repetitiva e intencional contra a mesma pessoa, causando dor e sofrimento deixando muitas vezes seqüelas irreversíveis a vitima. Essa violência pode acontecer na presença de todos os envolvidos, ou pela internet que tem o nome de Cyberbullyin, o que dificulta a identificação do agressor. Por fim, participaram das entrevistas nas escolas e famílias quatro professores, cinco pais e 31 alunos da Escoa A e, quatro professores, quatro pais e dezenove alunos da Escola B, o que enriqueceu o estudo, evitando ficar somente na teoria bibliográfica. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Carla Patrícia da Silva. SILVA, Luciana Rios. Bullying na escola: essa brincadeira não tem graça. In: V Colóquio Internacional. Educação e Contemporaneidade. 2011. Disponível em: <http://www.educonufs.com.br/vcoloquio/cdcoloquio/cdroom/eixo%2014/PDF/Micros oft%20Word%20-%20BULLYING%20NA%20ESCOLA.pdf> Acesso em: 17/04/2013. CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevenção e repressão. Lélio Braga Calhau. 2°ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2010. FANTE, Cléo. Bullying escolar: o outro lado da escola. Revista do Projeto Pedagógico: IV - Orientação aos gestores das unidades escolares, 2002. Disponível em: <http://www.udemo.org.br/RevistaPP_04_06Bullyng.htm> Acesso em 05/03/2013. GUARESCHI, Pedrinho A. Tipos de bullying. Porto Alegre. 2008. Disponível em: <http://bullyingpoa.blogspot.com.br/p/aporte-teorico.html> Acesso em 15/04/2013. MARINI, Elaine. O que é bullying? Disponível em: <http://eduquenet.net/bullyng.htm> Acesso em: 01/04/2013. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 422 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ MARTINS, Ana Rita. Cyberbullying: massacre virtual. In: Nova escola. 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Disponível em: <http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&moe=212&id=16265> Acesso em: 15/04/2013. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 423 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM OLHAR PARA AS BASES HISTÓRICAS E POLÍTICAS DO CURRÍCULO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁFAFIPA97 FRANÇA, Francielle da Silva98 DAMBROS, Aline Roberta Tacon99 RESUMO Este artigo insere-se no campo da Educação, na área específica da Educação Especial. Tem como objetivo principal, analisar a disciplina de Educação Especial no curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná, campos de Paranavaí Unespar/Fafipa. Busca-se, por meio de um estudo bibliográfico, pesquisar como a disciplina de Educação especial foi, ao longo da última década, estruturada na grade curricular do curso. Para tanto, realizaremos, no primeiro momento, estudos sobre as literaturas e as políticas educacionais que fundamentam a Educação Especial e Inclusiva. No segundo momento, pesquisas sobre as teorias curriculares e, por fim, análise da grade curricular da Pedagogia, observando a inserção da Educação Especial como componente curricular. Os estudos embasados na Teoria HistóricoCultural ressalva que a criança com necessidades educacionais especiais (NEE) deve ser vista com potencial de aprendizagem e sem discriminação, fazendo cumprir os seus direitos em ambientes inclusivos. Ressaltamos também a importância da formação docente, no almejo de cursos que preparem e qualifiquem seus estudantes para atender um ambiente escolar diversificado. Neste sentido, observamos que a educação especial, após a década de 1990, tenha sido voltada a uma nova perspectiva, a de inclusão, na qual todos os alunos com NEE possam ser inseridos em um espaço qualitativamente científico, isto é, na escola. PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Políticas Públicas. Pedagogia. 97 Trabalho parcial de Conclusão do Curso de Pedagogia. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 99 Professora orientadora Mestre em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. ___________________________________________________________________________ 98 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 424 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO Este artigo, inserido na área de Educação Especial, tem como objetivo analisar a disciplina desta modalidade no curso de Pedagogia na Universidade Estadual do Paraná Unespar/Fafipa. A metodologia está norteada pelos pressupostos do materialismo-histórico-dialético. Historicamente a educação especial foi compreendida de inúmeras formas, como, o período de exclusão, de interação, de separação, e por fim inclusão. De princípio, na Idade Média o deficiente era visto como uma imperfeição natural, com isso ficava sempre à margem da sociedade. Já com o cristianismo é considerada uma obra de Deus para a manifestação da caridade e benevolência dos homens. Resumidamente, a partir do século XVIII, observamos que esse foi um período de interação, no qual é marcado pelo assistencialismo, um dever social de apenas cuidar. O período de separação ocorrido nos finais do século XVIII e começo do século XIX, no qual é definido por instituições especiais para alunos com deficiência e escolas regulares para os alunos ditos ―normais‖. Por sua vez a inclusão é a junção de todos os alunos no ensino regular, sob os mesmos direitos, sem discriminação, com acesso ao conhecimento, cultura e lazer (BRASIL, 2008). A concepção de inclusão escolar foi impulsionada, principalmente, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, na qual assegurava educação como direito universal. Diante das contribuições que a CF trouxe a educação em geral, como direito de todos, sob o princípio de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Indagamo-nos se os espaços formativos, como as universidades públicas, acompanharam a tendência social de inclusão, sendo assim problematizamos: Quais são os procedimentos tomados pela universidade, para preparar seus futuros educadores dentro da proposta de inclusão? ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 425 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Para fundamentar a discussão, trabalharemos com que abordam a temática, tais como: Bianchetti (1995), Garcia e Michels (2011) e Mazzotta (1996). E aos seguintes documentos legais: Declaração de Salamanca (1994); Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008). Desse modo, primeiramente compreenderemos o contexto histórico da Educação Especial e suas transformações na busca de igualdade no processo de ensino em defesa de todos os alunos estarem juntos, participando e tendo oportunidade de aprender, dando acesso a todos sem discriminação. No segundo momento, analisar as políticas que norteiam a Educação Especial e Inclusiva no Brasil. Essas que trouxeram progressos significativos, como a ―Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva‖, esses documentos fundamentados pelo Ministério da Educação de 2008, onde busca legitimar os direitos educacionais, constituindo políticas públicas. Por fim, relacionar a Política Nacional com currículos que rege o curso de Pedagogia, com intuito de conhecer e contribuir para o fortalecimento da Educação Especial enquanto ação inclusiva, além disso, reafirmar que a formação dos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) seja desenvolvida por profissionais de Pedagogia. 1 CONTEXTO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL A história da Educação Especial no Brasil inicia-se com influências de movimentos pelo atendimento aos deficientes ocorridas na Europa e nos Estados Unidos da América do Norte. Até o século XVIII, as pessoas com deficiência, eram marginalizadas e ignoradas pela sociedade. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 426 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Segundo Bianchetti (1995), na Grécia Antiga, era valorizado o físico e a perfeição do corpo, uma criança ao nascer com alguma deficiência era logo eliminada do contexto social. Outro modelo de homem nesta mesma sociedade é o ateniense, que valoriza muito uma boa argumentação, a retórica. Já na era cristã o deficiente era visto como um castigo por algum pecado cometido, uma alerta de Deus aos homens para praticarem a caridade. Com o início e desenvolvimento do capitalismo, que ocorreu na passagem da Idade Média para Idade Moderna, surgem outras formas de vida e trabalho baseado no acúmulo de capital. Com o renascimento, o homem passa a ser visto como o centro do universo. São características deste período as grandes descobertas e invenções tecnológicas. O corpo humano passa a ser considerado uma máquina para o benefício da produção. Logo (...) se o corpo é uma máquina, a excepcionalidade ou qualquer deficiência nada mais é do que a disfunção de uma peça. Se na Idade Média a deficiência esta associada a pecado, agora esta relacionada à funcionalidade (BIANCHETTI, 1995, p.12) O indivíduo com deficiência de nada serve em uma sociedade que está se desenvolvendo tecnologicamente. Prossegue: É evidente que alguém, portador de alguma deficiência natural ou impingida na luta pela sobrevivência, acaba-se tornando um empecilho, um peso morto, fato que o leva a ser relegado abandonado e sem que isso cause os sentimentos de culpa. Utilizando uma linguagem dos dias atuais podemos afirmar que nas sociedades primitivas ‖que não tem competência não se estabelece‖. Não há uma teorização, uma busca de causas, simplesmente uma espécie de seleção natural. Os mais fortes sobrevivem (BIANCHETTI, 1995, p.9). De acordo com Mazzotta (1996), a primeira obra impressa sobre a educação do deficiente, foi de Jean-Paul Bonet na França em 1620, denominada ―Redação das Letras e Arte de Ensinar os Mudos a Falar‖. Em 1829, Louis Braille, fez uma adaptação do código militar de comunicação noturna, criado por Charles Barbier, para as ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 427 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ necessidades dos cegos, denominado de método Braille, que é um sistema de leitura em códigos que possibilita várias combinações, utilizando o tato. Ainda segundo Mazzotta (1996) Maria Montessori, médica Italiana e educadora, aprimorou as pesquisas do médico Jean Itard de pessoas com deficiência intelectual, desenvolvendo um programa de treinamento para as crianças com internatos de Roma, a partir do século XIX. Contribuindo assim para a evolução da educação especial em vários países da Europa e da Ásia. 2 POLÍTICAS ATUAIS E A INCLUSÃO A década de 1990 foi um período de reformas em vários setores sociais e consequentemente influenciando o campo educacional em geral. Também foi a partir deste momento que se inicia a elaboração de vários documentos que constituem hoje a legislação da educação especial em favor da inclusão. A Declaração Mundial Sobre Educação para Todos de 1990 retoma alguns elementos da Declaração Universal dos Direitos humanos, que apesar de muitos esforços ainda não foram efetivados, como o fato de toda pessoa ter direito à educação, e que esta é fundamental para o crescimento pessoal e social. Dentre os seus objetivos relata que as necessidades das pessoas com deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos deficientes de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo. Segundo o Ministério da educação (1994), a Declaração de Salamanca e Enquadramento da Ação – Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais, é um dos mais importantes documentos da inclusão social, realizada na cidade de Salamanca, Espanha. Reconhece a necessidade de uma educação de qualidade para as crianças, jovens e adultos com NEE. Propõe que os governos invistam em projetos, fomentando o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos acadêmicos sobre o tema. No ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 428 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ entanto o objetivo principal é trazer os princípios de uma educação inclusiva. Assim afirma que as escolas devem buscar formas alternativas de educar estas crianças, que respondam e reconheçam as necessidades dos alunos, de acordo com seus estilos e ritmos de aprendizagem. No documento do Ministério da Educação (1994) há o compromisso de uma pedagogia adequada às crianças e jovens: O desafio que confronta a escola inclusiva é no que diz respeito ao desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e capaz de educar todas as crianças, incluindo aquelas que possuam desvantagens severas (BRASIL, 1994, p. 4). Outro aspecto importante é ressaltar que a escola para ser inclusiva independente da sua situação física e social, deve se ajustar às crianças. O mesmo ocorre com o currículo, este deve ser adaptado às necessidades dos alunos, e não os alunos se adaptarem ao currículo. Esta Declaração influenciou os demais documentos nacionais. Dentre eles a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB n. 9394 de 1996 que traz um artigo específico sobre a educação especial, apontando que é dever do Estado possibilitar o atendimento aos deficientes. Neste sentido, É indubitável o avanço da discussão sobre integração, porém, é importante destacar que o termo ―preferencialmente‖ abre a possibilidade de que o ensino não ocorra na rede regular, mas que permaneça as instituições especializadas. Além disso a Lei indica no Artigo 58, parágrafo 1˚, que haverá quando necessário, serviços especializados na rede regular, mas não há referência de quem define sua necessidade. No segundo parágrafo do mesmo artigo está prescrito que as modalidades de atendimento fora da classe comum da rede regular serão aceitas quando, pelas condições específicas do aluno, a integração não for possível. Desta forma, criam-se instrumentos legais para manter os alunos considerados com condições graves de deficiência em instituições especializadas. (GARCIA; MICHELS, 2011, p. 107-108). Em 2001 o Conselho Nacional de Educação institui as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (2001), substitui o termo ―preferencialmente‖ por ―exclusivamente‖, ou seja, o atendimento educacional especializado deve ser ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 429 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ oferecido na rede regular de ensino. A Convenção de Guatemala ocorrida no final dos anos 90, também contribuiu de forma significativa, pois traz os princípios básicos de uma educação inclusiva. Tem por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas com deficiência e possibilitar sua plena integração à sociedade. Estes foram eventos internacionais fundamentais para proporcionar mudanças no modo de pensar e ver o deficiente, compreendendo que este também pode aprender, mas de forma diferenciada. Isto mais tarde resultou na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008). Esta política se constitui em um movimento político, cultural, social e pedagógico pela inclusão, que visa superar as práticas de discriminação. Tem como objetivo garantir o acesso (acessibilidade arquitetônica e comunicativa) no ensino regular, à participação e aprendizagem dos alunos com deficiência nas escolas regulares, além de orientar os sistemas de ensino visando uma educação de qualidade. A inclusão escolar tem início na educação infantil, perpassando o ensino fundamental, médio e superior, chegando até na educação de jovens, adultos e profissional. Na educação infantil a inclusão se baseia em uma intervenção precoce que pretende estimular o processo de desenvolvimento e aprendizagem. Além de possibilitar o desenvolvimento das (...) bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nesta etapa o lúdico, o acesso as formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. (BRASIL, 2008, p.16). Na educação de jovens e adultos e educação profissional, o atendimento especializado visa à entrada do aluno no mercado de trabalho e a participação social. A educação a inclusão tem como objetivo possibilitar a acessibilidade arquitetônica, a comunicação, além de uma proposta didática e pedagógica diferenciada. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 430 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Segundo Brasil (2008), na sua organização, os sistemas de ensino devem disponibilizar as funções de cada profissional, tal como instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia interprete, e também monitores para os alunos com necessidades de apoio para higiene, alimentação, entre outras atividades diárias. O professor que deseja atuar nesta área deve ter uma formação inicial e continuada, exercício da docência, conhecimentos específicos, também conhecendo um pouco sobre a gestão educacional inclusiva. 3 CURRICULOS DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁFAFIPA Em esfera nacional, o curso de Pedagogia institucionalizado em 1939 pelo Decreto n°1.190, teve como objetivo principal a formação de professores a licenciatura, inicialmente com cursos de Ciências, Letras, Pedagogia e História. Mas grande foi o desafio para o curso de Pedagogia em se especializar a preparar novos profissionais de qualidade, onde somente a partir 1996 com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN), a Lei Federal n° 9394/96, proporcionou uma análise melhor a identidade do pedagogo. Art. 62 - A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal (LDBN nº. 9394/96). Art. 63 - Os institutos superiores de educação manterão; I- cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental (LDBN nº. 9394/96). Art.64- A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 431 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ em pedagogia ou em nível de pós graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional (LDBN nº. 9394/96). A partir da LDB, o curso focou na formação dos profissionais da educação, no qual, mas a frente, em 1999 proporcionou a criação de uma Comissão, organizada por vários especialistas do curso de Pedagogia, para se discutir as principais propostas ao curso de Pedagogia, como habilitar o profissional a atuar no ensino, na organização e gestão de sistemas, unidades e projetos educacionais e na produção e difusão do conhecimento em diversas áreas da educação, tendo à docência como base obrigatória de formação e identidade profissional. Deste modo, após várias discussões e propostas, no dia 15 de maio de 2006, foi aprovada a Resolução CNE/CPN°01 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia ficando definido que deverá abranger, tanto à docência como outros setores que fazem parte da educação. Art.4. O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nos quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação e na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino englobando: I-planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação e projetos e experiências educativas não-escolares. II- planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares. III- produção e difusão de conhecimento cientifíco-tecnológico de campo educacional, em contextos escolares e não-escolares (RESOLUÇÃO CNE/CPn°1/2006). No Parecer CNE/CP 9/2001, referente às Diretrizes para Formação Inicial de Professores da Educação Básica, em cursos de nível superior, de licenciatura que compreendem a Educação Infantil a Ensino Médio diz: ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 432 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ As novas tarefas atribuídas à escola e a dinâmica por elas geradas impõe a revisão e formação docente em vigor na perspectiva de fortalecer ou instaurar processos de mudanças no interior das instituições formadoras, respondendo a novas tarefas e aos desafios apontados [...]. Para isso, não bastam mudanças superficiais. Faz necessária uma revisão profunda de aspectos essenciais na formação de professores, tais como: a organização institucional, a definição e estruturação dos conteúdos para que respondam às necessidades da atuação dos professores, aos processos formativos que envolvem aprendizagem e desenvolvimento de competências do professor, a vinculação entre escolas de formação e os sistemas de ensino, de modo assegura-lhes a indispensável preparação profissional (BRASIL, 2002, p.10-11). Conforme os dados acima, constatamos que formação inicial dos professores do curso de Pedagogia, devem estar preparados de modo a compreender e assumir o processo de inclusão de alunos com NEE, sobretudo, na ocasião de planejamentos e execução de atividades didáticas, com atenção a organização da sala de aula, aos materiais didáticos, a sequência e ao ritmo de exigência e realização das atividades a modo de contemplar as diferenças apresentadas pelos alunos presentes em sala de aula, bem como interagir com os alunos com NEE, de modo de orientar seu processo de aprendizagem e promover sua socialização com os colegas de turma. As Diretrizes Curriculares de Pedagogia tem compromisso com formação dos novos profissionais, onde se se destaca dois componentes importantes, os estudos independentes e práticas pedagógicas. E que as instituições de ensino superior ofereçam mecanismo de aproveitamento de conhecimentos, proporcionando aos estudantes através de estudos e práticas. Em meio a esse contexto, o curso de Pedagogia da Universidade Estadual do ParanáUNESPAR/FAFIPA vem buscando durante anos prepararem novos profissionais qualificados. E com inclusão de alunos com necessidades especiais nas escolas, que era a preparação para atuarem nessa perspectiva. Sendo assim, ao analisar as Matrizes Curriculares do curso de Pedagogia, podemos constatar que desde 2001 há uma preocupação focada nessa formação qualificada e ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 433 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ teórica, no qual já consta como obrigatoriedade a carga de 68 horas na disciplina de Educação Especial no 3° ano do curso. Constata-se que o curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA, antecedeu as discussões em âmbito nacional da educação especial e educação inclusiva, visto que já em 2001 oferecia uma formação diferenciada em relação a educação de alunos com NEE. Nas matrizes subsequentes, de 2003 e 2004 a disciplina continua a ser ofertada com a carga horária de 68h. No ano de 2008, com a reformulação da matriz, a carga horária ao aumenta para 102 horas, isto ocorreu devido à necessidade de que os futuros professores pudessem responder as exigências do contexto educacional e ao atendimento à diversidade entre alunos e as horas não estavam suprindo a abrangência dos conteúdos e as práticas realizadas através de estágio. Vale destacar que 2008 foi um ano também de ampliação das discussões sobre a educação especial no Brasil, efetivando políticas essenciais para pensarmos a inclusão de alunos especiais. Na Matriz do ano 2010, acompanhamos mudanças na 4ª série do curso, tivemos a redução da carga horária da disciplina Educação e Trabalho e de Processos Avaliativos e Projeto Pedagógicos, para a implantação da disciplina de Língua Brasileira de SinaisLIBRAS, com carga horária de 68 horas, para o acadêmico que estejam cursando o 4°ano. Destacamos que a disciplina de LIBRAS no curso não está sendo oferecida, pois semelhante ao contexto nacional, faltam profissionais capacitados nessa modalidade. No entanto, o curso já está se reestruturando para que no ano de 2014 inicie a proposta efetiva de LIBRAS na grade curricular. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 434 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao finalizar esse trabalho, no qual nos propusemos a analisar a disciplina de Educação Especial nos currículos de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná-Fafipa, ressaltamos a nítida preocupação do curso em formar profissionais da educação com um olhar especial à escolarização de alunos com necessidades educativas especiais. Destacamos os períodos de transformação vivenciados pela educação de alunos especiais, no qual décadas passadas eram praticamente excluídos da sociedade. Interpretados como um castigo e também uma obra de Deus, para despertar a caridade nos homens. A Grécia Antiga é um clássico exemplo de uma sociedade excludente, que valoriza a perfeição física do corpo e a capacidade intelectual, sendo este o modelo de homem a ser aceito. No Brasil Imperial temos o surgimento de várias instituições individualizadas para atender as deficiências. Em 1854 temos o Instituto dos Meninos Surdos, atualmente denominado Instituto Benjamim Constant. Instituições que iniciaram a visão assistencialista de educação. Todavia, é a partir da Constituição Federal de1988 que se inicia um pensamento voltado para o processo de inclusão, ou seja, a igualdade de condições, acesso e permanência na escola. A década de 90 é marcada pelo surgimento de vários documentos que visam garantir e mais tarde efetivar os direitos e princípios propostos pela Constituição Federal. A Declaração de Salamanca de 1994 traz os princípios de uma educação inclusiva, dentre eles, o fato de que a escola é quem deve se ajustar e se adequar tanto na arquitetura como também no currículo. A escola deve ter condições para receber a todos, independentemente de suas condições, para se efetivar os direitos garantidos pela Constituição. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 435 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, publicada em 2008, vem para nortear toda a modalidade da Educação Especial, com objetivo de garantir uma educação inclusiva, sem discriminações. Diante do contexto de avanços políticos, observamos a preocupação da Universidade Estadual do Paraná- Campus FAFIPA em preparar novos profissionais para lidar com essa nova demanda. O curso da instituição tornou-se um dos pioneiros na formação docente para atender a diversidade cada vez mais latente em nossa sociedade. A partir da disciplina de Educação Especial, com conteúdo especializados, os pedagogos formados recebem uma capacitação referente às múltiplas deficiências, a flexibilidade pedagógica, as potencialidades de cada aluno, além de um olhar amplo para as políticas nacionais e internacionais que permeiam a discussão de educação qualitativa para todos os alunos na escola regular. REFERÊNCIAS BIANCHETTI, L. Aspectos históricos da Educação Especial. Revista brasileira de Educação Especial, Piracicaba, v.II, n.3, p.7-19, 1995. BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução 1/2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia - licenciatura. Maio de 2006. BRASIL. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. 1994 Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Acesso em: 30 maio de 2013 BRASIL. Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 9 out. 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/guatemala.pdf>. Acesso em: 22 maio 2013. BRASIL. Lei nº. 9394/96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 436 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC/SEESP, 2008. GARCIA, R. M. C; MICHELS, M. H. A Política de educação especial no Brasil (19912011): uma análise da produção do GT15 – Educação Especial da ANPED. Ver. Brás. Ed. Esp., Marília, v. 17, p. 105-124, Maio-Ago. 2011. MAZZOTTA, M. J. S. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1996. ______. Parecer CNE/CP nº. 09/2001. Trata das DCN para a formação de professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. 2001. PARANÁ. Matriz Curricular do curso de Pedagogia. Paranavaí: Universidade Estadual do Paraná-FAFIPA, 2001. PARANÁ. Matriz Curricular do curso de Pedagogia. Paranavaí: Universidade Estadual do Paraná-FAFIPA, 2003. PARANÁ. Matriz Curricular do curso de Pedagogia. Paranavaí: Universidade Estadual do Paraná-FAFIPA, 2004. PARANÁ. Matriz Curricular do curso de Pedagogia. Paranavaí: Universidade Estadual do Paraná-FAFIPA, 2008. PARANÁ. Matriz Curricular do curso de Pedagogia. Paranavaí: Universidade Estadual do Paraná-FAFIPA, 2010. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 437 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ PROEJA: A PARTIR DO SEU DOCUMENTO BASE100 Helen Cristina de Oliveira (UNESPAR - FAFIPA, [email protected])101 Edinéia Fátima Navarro Chilante RESUMO Este estudo apresenta e analisa o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA a partir do o Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006. O referido decreto Institui, no âmbito federal, como Política Pública Nacional para a Educação e a formação a profissional dos jovens e adultos trabalhadores no Brasil. Nosso objetivo é apresentar a organização do PROEJA integrado ao Ensino Médio a partir de seu de seu Documento Base problematizando a sua relação com a formação profissional dos jovens e adultos pouco escolarizados no Brasil. Palavras-chave: PROEJA. Formação Integral. Formação Integrada. Trabalhador. INTRODUÇÃO O Governo Federal nos últimos anos vem trabalhando para a elevação da escolaridade juntamente com a profissionalização de jovens e adultos no Brasil. Para isso, entre outros Programas, criou o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA). A ideia de uma formação profissional para os alunos da Educação de Jovens e Adultos nasceu em 2005 durante o governo Lula, quando foi editada a Portaria 2.080/2005 que obrigou os Institutos destinar 10% de suas vagas para os alunos de EJA. Tal ação desencadeou, posteriormente, a aprovação do Decreto no 5.478, de 100 Trabalho realizado como parte da Monografia apresentada ao Curso Especialização em Ciências Sociais e Humanidades – CEICH UNESPAR/FAFIPA. 101 Mestranda em Ensino turma 2013 – UNESPAR/FAFIPA. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 438 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 24 de junho de 2005 revogado já no ano seguinte e a aprovação do Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006, que Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, objeto de nosso estudo. O PROEJA – Programa de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos propõe uma formação humana integrada à formação profissional do trabalhador. Sua oferta se dá na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos e pode ser em Nível Fundamental: Formação Inicial e Continuada e em Nível Médio: Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Ainda pode contemplar a especificidade indígena, com a oferta na Educação Básica, Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - Educação Profissional e Tecnológica Integrada à Educação Escolar Indígena. Para este estudo analisaremos a oferta do PROEJA de nível Médio. A princípio o PROEJA foi implantado apenas nos Centros Federais de Educação Tecnológica na Rede Federal (CEFETs). Justificava-se à época, tal medida, pela necessidade de tornar estas escolas mais inclusivas recebendo, para isto, os alunos da EJA. 1 PROEJA NO DOCUMENTO BASE O Documento Base para Educação Profissional Técnica de Nível Médio – Ensino Médio propõe uma discussão acerca do fundamento que sustenta a proposta para o funcionamento dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio, a serem implantados em nível nacional. A redação do documento inicia-se com uma análise, da situação da Educação de Jovens e Adultos no país. Aponta que a evasão e o insucesso escolar no Brasil continuam a produzir um alto número de jovens e adolescentes que não concluem seus estudos em idade própria e se dirigem à EJA, para reparar essa situação. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 439 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Vale ressaltar que, o texto não despreza as desigualdades socioeconômicas das famílias brasileiras, que dependem do trabalho infantil e juvenil, para compor a renda familiar, causando o abandono escolar, consequente, aumento do número de jovens e adolescentes fora da escola, que no futuro serão atendidos na EJA, por conta do discurso capitalista mercantilista, focado na exigência de estudos ou certificação, para manterem-se no trabalho ou para adquirirem um. A partir dessa reflexão, delineia o perfil da EJA: A EJA, em síntese, trabalha com sujeitos marginais ao sistema, com atributos sempre acentuados em consequência de alguns fatores adicionais como raça/etnia, cor, gênero, entre outros. Negros, quilombolas, mulheres, indígenas, camponeses, ribeirinhos, pescadores, jovens, idosos, subempregados, desempregados, trabalhadores informais são emblemáticos representantes das múltiplas apartações que a sociedade brasileira, excludente, promove para grande parte da população desfavorecida econômica, social e culturalmente (BRASIL, 2007, p.11). Sobre esse perfil de marginalizados, o PROEJA como política pública pretende contemplar a ―elevação da escolaridade com profissionalização no sentido de contribuir para a integração sociolaboral desse grande contingente de cidadãos cerceados do direito de concluir a educação básica e de ter acesso a uma formação profissional de qualidade‖ (BRASIL, 2007, p.11). 1.1 CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS DETERMINANTES SOCIAIS ECONÔMICOS DO PÚBLICO ATENDIDO NA MODALIDADE DA EJA E Outro ponto contido no Documento Base, a considerar, é a preocupação em pontuar os fatores sociais e econômicos como determinantes numa gestão de políticas públicas sociais, entre elas a educacional. O Documento pondera que, o padrão de desenvolvimento socioeconômico vivido no Brasil ainda é de dependência capitalista externa, dado que favorece um quadro negativo para o país, pois não desenvolve ―um modelo próprio de desenvolvimento orientado às suas necessidades econômicas e melhorias sociais‖. Assim, a fragilidade apresentada se afirma, na ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 440 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ ―submissão aos indicadores econômicos ditados desde fora, aos organismos internacionais de financiamento e aos investidores internacionais, principalmente os de curto prazo, na verdade, especuladores.‖ (BRASIL, 2007, p. 23). Assim, percebemos que essa submissão aos organismos internacionais de financiamento, que se configura numa perspectiva neoliberal, favorece uma política de ―ajustes‖102 sociais, e um entrave na implantação e fortalecimento de políticas públicas sociais significantes, gerando um contingente ampliado, de excluídos, imersos em profundas desigualdades, ―exercito de reserva‖, de uma população precária. Ainda sob essa perspectiva, e considerando os estudos de Soares (2003), no que diz respeito ás políticas de ajustes sociais, esclarece que: A políticas de ajuste fazem parte de um movimento de ajuste global, que se desenvolve num contexto de globalização financeira e produtiva. Esse processo de ajuste global na economia mundial caracteriza-se por um rearranjo da hierarquia das relações econômicas e políticas internacionais, feito sob a égide de uma doutrina neoliberal, cosmopolita, gestada no centro financeiro e político do mundo capitalista. (SORAES, 2003, p.19). Esse esclarecimento, nos leva a compreender que, a posição de periferia no cenário capitalista internacional, em que o Brasil se encontra, favorece a implementação de políticas frágeis, reduzidas a medidas reformistas de ―ajustes‖, agravando assim, a situação de miséria e pobreza, ampliando as desigualdades sociais. No artigo recente de Ronaldo Coutinho, que traz o título: ―A ‗crise urbana‘: urbanização da pobreza e lógica do Capital‖, o autor realiza uma análise do contexto social brasileiro contemporâneo, retratando a crise urbana numa perspectiva crítica, explicitando como a lógica neoliberal repercute em todos os setores da sociedade, inclusive na urbanização das cidades. O autor esclarece que: (...) Nunca é demais salientar que a configuração social das cidades no capitalismo periférico está intimamente relacionada à reestruturação produtiva do capital e às mudanças no mundo do 102 Para compreender mais sobre o conteúdo desse termo ver: SORAES, 2003 p.13 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 441 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ trabalho, assentada na conjugação da intensa exploração da força de trabalho com as precárias condições de vida (...). (grifos nossos, COUTINHO, 2013). Compreendemos que, ambos os autores tecem uma crítica ao sistema capitalista neoliberal fundamentado no de modelo produção toyotista, fruto da reestruturação produtiva, decorrente da crise de acumulação capitalista, que traz em sua essência a flexibilidade e competitividade, além de considerarem que os limites verificados na condição sócio–econômica, geridas por políticas de ajustes - neoliberal, interferem diretamente no modo de organização da vida das pessoas, reforçando a situação de exploração e marginalidade da grande maioria da população brasileira. Ao contemplar aspectos econômicos e sociais, o Documento Base, reflete sobre a situação educacional país, no que diz respeito à perspectiva de escolaridade e formação dos jovens brasileiros. Pondera que, para a população de ―classe médiaalta e alta, oferece-se uma educação de caráter mais ‗refinado‘, voltada para ciências e artes, quase sempre em escolas privadas de alto custo mensal.‖ (BRASIL, 2007, p. 25), que efetivamente objetiva a um estudo instrumental, com vistas à aprovação em vestibulares que dão acesso às ―boas‖ universidades, geralmente públicas. Assim, a profissionalização dessa parcela da sociedade acontecerá em Nível Superior. Esclarece, que em contra partida, a formação da população trabalhadora, por não terem poder aquisitivo suficiente para pagar, utilizam-se do ensino gratuito, da escola pública, que ―não consegue assegurar in totum essa ‗educação científica‘, dificultando, na prática, que seus egressos alcancem uma formação humana integral ou continuem os estudos na educação superior‖. (BRASIL, 2007, p. 27). No que diz respeito à formação profissional, essa grande maioria, se encaminha para cursos profissionalizantes, numa perspectiva de qualificação para o mercado de trabalho, ainda em nível de ensino fundamental, ou médio, cooperando assim, para uma terminalidade em seus estudos, (mesmo que precoce), ocupando postos de ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 442 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ subempregos e exploração do trabalho, ou encaminhando-se para o ―submundo da marginalidade‖, devido à sua baixa escolaridade (discurso do grupo hegemônico). Dessas acepções, o documento afirma que: ―diante desse quadro é imperiosa a implantação de uma política pública de Estado para potencializar a oferta integrada entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio na modalidade EJA‖, como caminho para superara a dualidade histórica 103 nesta fase de estudos. 1.2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS CONCEPÇÕES DO PROEJA O PROEJA está fundamentado em uma Política de governo voltada à formação, numa perspectiva, de integração do ―trabalho, ciência, técnica, tecnologia, humanismo e cultura geral‖ (BRASIL, 2007, p.35), com objetivo de enriquecer os aspectos: científico, cultural, político e profissional da população, voltado ao não desmembramento dessas dimensões no mundo concreto. Em função disso, configura-se como uma das finalidades mais significativas dos cursos técnicos integrados do PROEJA, a ―capacidade de proporcionar educação básica sólida, em vínculo estreito com formação profissional, ou seja, a formação integral do educando‖. (BRASIL, 2007, p.35), vislumbrando a integração social, que compreende as relações do mundo do trabalho, porém não se resume a ele, o que possibilitará o prosseguimento nos estudos. Em linhas gerais, objetiva a formação de ―cidadãos-profissionais capazes de compreender a realidade social, econômica, política, cultural e do mundo do trabalho, para nela inserir-se e atuar de forma ética e competente, técnica e 103 Acacia Kuenzer trabalha bem esse tema em Ensino Médio e Profissional: as políticas do Estado neoliberal, 1997. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 443 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ politicamente‖, compreendendo um ideário maior que é a ―transformação da sociedade em função dos interesses sociais e coletivos especialmente os da classe trabalhadora.‖ (BRASIL, 2007, p.35). Outro aspecto a destacar encontrado no texto do Documento Base, é a sensibilidade em compreender que a formação dos professores para atuarem neste segmento de ensino, deve acontecer de maneira diferenciada, por compreender a peculiaridade distinta do público alvo, desta política educacional. Assim, é colocado como prioritário a formação dos profissionais que irão atuar no PROEJA, assim enfatiza: (...) ―é fundamental que preceda à implantação dessa política uma sólida formação continuada dos docentes, por serem estes também sujeitos da educação de jovens e adultos, em processo de aprender por toda a vida‖ (BRASIL, 2007, p.37, grifos nosso). 1.3 CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS PRINCÍPIOS DO PROEJA O Documente Base, pressupõe 6 princípios na composição dos fundamentos do PROEJA como política pública, estes são definidos bom base nas teorias da educação, estudos sobre a Educação de Jovens e Adultos, como também estudos sobre a Educação Profissional da ―Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica‖. Compreenderemos cada princípio: Primeiro, trata de incluir o grupo de jovens e adultos que não concluíram seus estudos (educação básica), em idade regular em entidades públicas, assegurando o acesso e a permanência. Segundo, consiste na inserção da modalidade EJA integrada à educação profissional nos sistemas públicos. Trazendo a reboque, a seguridade prevista em Lei, no que diz respeito ao dever do estado com o ensino fundamental, projetando-o para a educação básica. Terceiro, versa sobre a universalização do ensino médio, por compreender que a formação humana não se da em curto prazo. Quarto, consiste em enxergar o trabalho como princípio ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 444 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ educativo, compreendendo que ―homens e mulheres, produzem sua condição humana pelo trabalho – ação transformadora no mundo, de si, para si e para outrem‖. Quinto, afirma a ―pesquisa como fundamento da formação do sujeito‖, o que possibilitará na contribuição de sua autonomia intelectual. Sexto, ―considera as condições gerenciais, de gênero, de relações étnico-raciais com fundantes da formação humana e dos modos como se produzem as identidades sociais‖. (BRASIL, 2007, p.37 e p.38). 2 ORGANIZAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO INTEGRADO A organização do Projeto Político-Pedagógico do PROEJA, está alicerçado no conceito de integração que se desemboca num currículo integrado. Ou seja, a integração entre educação profissional com a Educação de Jovens e Adultos em nível médio de educação básica. Sabemos que se trata de integrar duas modalidades de ensino, que trabalham num mesmo nível: o ensino médio. Isso, portanto, desenvolve um sério desafio, pois em ambas modalidades existem grandes ―nós‖, como por exemplo o grande número de evasão na EJA, e a precarização dos laboratórios na educação profissional. Sublinhando, essas duas modalidades distintas: Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional, se integram no currículo do PROEJA. Apresentaremos aqui como é compreendida a especificidade de cada uma das modalidades. Para pontuar a EJA, o documento busca no parecer CNE/CEB nº. 11/2000, que teve como relator Jamil Cury, e assim escreve: A EJA é entendida aqui, então, tanto como modalidade de ensino como estratégia de formação continuada. As funções reparadora e equalizadora, por meio das quais o Parecer CNE/CEB nº. 11/2000 atribui o caráter de fazer cumprir o dever do Estado para assegurar o direito de todos à educação, reduzindo a desigualdade entre os que a tiveram e aqueles aos quais o acesso foi interditado, associa-se à terceira função — a qualificadora. Esta função, segundo o Parecer, revela o verdadeiro sentido da EJA, compreendida na perspectiva da ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 445 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ formação para o exercício pleno da cidadania, por meio do desenvolvimento do pensamento crítico e autônomo de cidadãos participativos, conscientes de seus direitos sociais e de sua compreensão/ inserção no mundo do trabalho, entendido como elemento fundamental ao processo de omnização de homens e mulheres e de produção cultural. (BRASIL, 2007, p.42). No que diz respeito ao Ensino Médio, o documento busca o contido na LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, onde trata das finalidades: I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática. (...) (BRASIL, 1996, Art. 35 in BRASIL, 2007, p.46). Da mesma maneira para pontuar a Educação Profissional, considera o contido na LDB 9394/96, em seu artigo 39 : ―A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva‖. (BRASIL, 1996, Art. 39 in BRASIL, 2007, p.46). Assim, fazendo estas referências, o Documento mostra um limite, que poderíamos conceber como uma fragilidade, uma vez que, o contido na LDB 9394/96, tanto para o que se refere ao Ensino Médio (EM), como para ao que se refere à Educação Profissional, traz uma visão capitalista de educação. Conforme anteriormente citado a respeito das finalidades do Ensino Médio o compreendido no inciso II explicita muito bem isso, quando diz: ―a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores‖. Da ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 446 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ mesma maneira, no que diz respeito à Educação Profissional: ―A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva‖. (BRASIL, 1996, Art. 35 e 39). Essa ideia meramente mercantilista, utilitarista da educação, foi difundida maciçamente nos final dos anos de 1990, com a implantação do Decreto 2.208/97, fazendo uma ruptura entre o Ensino Profissional e o Ensino Médio onde se propunha uma educação voltada para competência, flexibilidade, inovação, pautado pela lógica neoliberal, prevista e sugerido pelo Documento elaborado pela Unesco, ―Educação: um tesouro a descobrir‖ ou ―Relatório Jacques Delors‖ 104, para ser disseminada e efetivada nos países em desenvolvimento, ou seja uma pedagogia capitalista. Dentre muitos autores que tratam desse assunto, podemos destacar Araújo e Batista que ao se reportarem à Freitas, afirmam: ―A pedagogia do capital, no complexo de reestruturação produtiva visa a conformação e ‗preparação de um trabalhador mais adequado aos novos padrões de exploração‘ (Freitas, 1995, p. 126 in BATISTA e ARAUJO, 2009, p.166), reforçam a afirmação citando Duarte: ―As mudanças nos padrões de exploração passaram a exigir novas habilidades dos trabalhadores, razão pela qual as classes dominantes e também o Estado colocam centralidade na educação básica‖ (Duarte, 2001, p. 46 in BATISTA e ARAUJO , 2009, p.166). Nesse particular, é importante ressaltarmos, que mesmo dentro do limite imposto pelos textos da LDB, o documento propõe uma política em educação, que concebe o trabalho como princípio educativo, ousando um pouco mais, avança na utopia de uma educação emancipatória. Sintetiza os fundamentos políticos-pedagógicos como: 104 Para saber mais leia Chilante 2005 p.139 ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 447 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ a) A integração curricular visando à qualificação social e profissional articulada à elevação da escolaridade, construída a partir de um processo democrático e participativo de discussão coletiva; b) A escola formadora de sujeitos articulada a um projeto coletivo de emancipação humana; c) A valorização dos diferentes saberes no processo educativo; d) A compreensão e consideração dos tempos e espaços de formação dos sujeitos da aprendizagem; e) A escola vinculada à realidade dos sujeitos; f ) A autonomia e colaboração entre os sujeitos e o sistema nacional de ensino; g) O trabalho como princípio educativo (Adaptado do documento Saberes da Terra, 2005, p. 22-24). (BRASIL, 2007, p.47). Levando esses aspectos em consideração, o PROEJA avança numa concepção de educação profissional integrada à educação de jovens e adultos no ensino médio. 2.1 PROPOSTA PARA A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR E AVALIAÇÃO No PROEJA a organização curricular é concebida como uma ―construção contínua, processual e coletiva‖ e procura articular ―dinamicamente experiências, trabalho, valores, ensino, prática, teoria, comunidade, concepções e saberes observando as características históricas, econômicas e socioculturais do meio em que o processo se desenvolve‖ (BRASIL, 2007, p.49). A Estrutura do Currículo busca considerar: a) A concepção de homem como ser histórico-social que age sobre a natureza para satisfazer suas necessidades e, nessa ação produz conhecimentos como síntese da transformação da natureza e de si próprio (RAMOS, 2005, p. 114); b) A perspectiva integrada ou de totalidade a fim de superar a segmentação e desarticulação dos conteúdos; c) A incorporação de saberes sociais e dos fenômenos educativos extra- escolares; ―os conhecimentos e habilidades adquiridos pelo educando por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames‖ (BRASIL, 1996, §2º, Art. 38, LDB); d) A experiência do aluno na construção do conhecimento; trabalhar os conteúdos estabelecendo conexões com a realidade de educando, tornando-o mais participativo; e) O resgate da formação, participação, autonomia, criatividade e práticas pedagógicas emergentes dos docentes; f ) A implicação subjetiva dos sujeitos da aprendizagem; g) A interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a interculturalidade; h) A construção dinâmica e com participação; i) A prática de pesquisa (adaptado de MACHADO, 2005). (BRASIL, 2007, p.49) ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 448 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ No que diz respeito às abordagens Metodológicas de integração utiliza-se do que foi elaborado por Machado, podendo ser de Abordagens embasadas na perspectiva de complexos temáticos; Abordagem por meio de esquemas conceituais; Abordagem centrada em resoluções de problemas; Abordagem mediada por dilemas reais vividos pela sociedade; Abordagem por áreas do conhecimento. A avaliação é concebida conforme estabelecido na LDB 9394/96, não se limitando a provas e a trabalhos, devendo acontecer de maneira contínua e sistemática. Traz como objetivo maior ―o acompanhamento do processo formativo dos educandos, verificando como a proposta pedagógica vai sendo desenvolvida ou se processando, na tentativa da sua melhoria‖ no decorrer do processo de ensino e aprendizagem, como parte da construção do conhecimento. (BRASIL, 2007, p.53). Podendo desenvolver-se nas dimensões: diagnóstica, processual, formativa, somativa. Destaca-se que ―o que importa é que não se reproduzam, pela avaliação, as exclusões vigentes no sistema, que reforçam fracassos já vivenciados e corroboram a crença internalizada de que não são capazes de aprender‖ (idem, p.55). 2.2 SOBRE OS ASPECTOS OPERACIONAIS A SETEC/MEC – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação é responsável pela operacionalização (monitoramento, implantação, implementação e avaliação) do PROEJA em nível nacional. Segundo o Documento Base, as instituições proponentes serão as instituições públicas dos sistemas de ensino federal, estaduais e municipais, entidades privadas nacionais de serviço social, aprendizagem e formação profissional vinculadas ao sistema sindical e entidades vinculadas ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Social do Transporte (Sest), ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 449 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). (idem, p.57). Nesse particular, verificamos a abertura da oferta às escolas do Sistema ―S‖, apresentando uma contradição no que diz respeito aos princípios que regem o PROEJA, uma vez que tal sistema trabalha numa perspectiva empresarial capitalista de formação de mão de obra para o mercado de trabalho. Poderíamos dizer que é um retrocesso no próprio processo de uma política de formação profissional emancipadora e integral ou podemos pensar que é mais um ponto a favor da hegemonia empresarial, que ainda interfere nos rumos educacionais em nosso país. No que diz respeito à oferta dos cursos, estas poderão acontecer de maneira: presencial, como também semi-presencial (20% a distância). Para a oferta de vagas, inscrição, matrícula e organização de turmas: Os cursos deverão ser gratuitos e de acesso universal segundo os critérios do Programa. A instituição proponente se responsabilizará pela oferta de vagas, inscrição, matrícula e organização de turmas. As vagas deverão ser ofertadas na forma de edital público, podendo a seleção ser realizada por meio de processo seletivo simplificado, sorteio, entrevistas ou a combinação de vários instrumentos seletivos ou outros meios que a escola venha a adotar, considerando-se, imprescindivelmente, a condição de democratização do acesso. Os critérios para inscrição e matrícula dos interessados nos cursos e programas de educação profissional técnica de nível médio articulada ao ensino médio na modalidade EJA são: a) ter ensino fundamental concluído; b) ter idade compatível com a definida no projeto e em conformidade com a legislação sobre EJA (Parecer CNE/CEB nº 11/2000 e Resolução CNE/CEB nº 01/2000). (idem, p.59) O documento finaliza apontando o Plano de implantação, destacando que anualmente ocorrerá o ―planejamento, análise de resultados alcançados, discussão de mudança de política e definição de ações para o ano seguinte‖ (idem, p.63). Estas ações demostram a responsabilidade nas ações de implantação e acompanhamento do Proeja em âmbito nacional. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 450 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ CONSIDERAÇÕES FINAIS Em considerações finais sobre o Documento Base analisado, compreendemos que o perfil de formação a ser atingido no PROEJA, é o de uma formação humana em seu sentido amplo, proporcionando o acesso aos ―saberes e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos historicamente pela humanidade, integrada a uma formação profissional (...).‖, pondo um fim na dualidade histórica entre a formação clássica humanística para a classe dominante e formação técnica profissionalizante para os trabalhadores. Fica claro que o texto explicita que a proposta do Proeja, permitirá ao estudante a compreensão do mundo em que vive, bem como, compreender-se, nesse mundo, para assim atuar na ―busca de melhoria das próprias condições de vida e da construção de uma sociedade socialmente justa. A perspectiva precisa ser, portanto, de formação na vida e para a vida e não apenas de qualificação do mercado ou para ele.‖ (Brasil, 2007, itálico nosso). Assim, a ideia não envolve uma formação apenas de qualificação para o mercado de trabalho, como era a intenção da LEI 5692/71, que tratava da educação profissional nos anos de 1970 a 1980 como qualificadora para o mercado de trabalho, que trazia a gênese da ―teoria do capital humano‖ 105. No entanto, percebemos vários pontos frágeis nessa proposta, o que nos leva a identificar um sentido hibrido no conteúdo de seu texto, por um lado fala-se em compreender o trabalho como principio educativo, por outro, abre-se as portas para a oferta dos cursos para o sistema ―S‖ que tem como filosofia a visão mercantilista, economicista de trabalho. De certa maneira, compreendemos que este aspecto hibrido, presente no texto é fruto de tensões e conflitos, reflexo da falta de um plano de política de desenvolvimento próprio de nosso país, dados aos limites impostos no cenário mundial global capitalista. 105 ―(...) a versão originária da teoria do capital humano entendia a educação como tendo por função preparar as pessoas para atuar num mercado em expansão que exigia . força de trabalho educada‖. (SAVIANI, 2011, p. 429) ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 451 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS BATISTA, Roberto Leme. A ideologia na nova educação profissional no contexto da reestruturação produtiva. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. BATISTA, Roberto Leme, ARAÜJO & Renan. Reestruturação Produtiva e o Festival de teses sobre educação e qualificação profissional. In: Revista Especial Histedbr On-line, www.histedebr.fae.unicamp/br/revista/edições. BRASIL. Decreto 2.208, de 17 de abril de 1997. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 42 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2208.htm>. Acesso em: 10.09.2012. ______. Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: 23 de julho de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2004/decreto/d5154.htm>. Acesso em 10.09.2012. ______. Decreto nº 5.478, de 24 de junho de 2005. Institui, no âmbito das instituições federais de educação tecnológica, o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – Proeja. Brasília, DF. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Decreto/D5478.htm>. Acesso em: 10.09.2012. ______. Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006. Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica ao na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – Proeja. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2006/decreto/D5840.htm>. Acesso em: 10.09.2012 ________. LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm >. Acesso em 10.09.2012. ________. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Carlos Roberto Jamil Cury (relator). Parecer CEB11/2000 - Diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf1/proeja_parecer11_2000.pdf>. Acesso em: 10.09.2012 ______. Ministério da Educação. Documento base – Programa de Integração da Educação Profissional técnica de nível médio ao Ensino Médio na modalidade ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 452 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ de Educação de Jovens e Adultos – PRO EJA. Brasília: SETEC, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf2/proeja_medio.pdf>. Acesso em 29.03.2013 CHILANTE, Edinéia Fátima Navarro. A educação de jovens e adultos brasileira pós - 1990 : reparação, equalização e qualificação. – Maringá, PR, 2005. CHILANTE, Edinéia Fátima Navarro. 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Para esse estudo foi selecionado a Pedagogia Histórico Crítica e os cinco passos que constituem sua didática que raramente são praticadas no trabalho de professores da rede municipal e estadual de ensino. Identificar a prática dessa pedagogia e os cinco passos que compõem sua didáticano contexto da ação pedagógica de uma professora atuante no magistério no município de Nova Londrina foi a investigação principal da pesquisa aqui evidenciada. Para isso buscou-se entender o conceito de tendência pedagógica, o surgimento dessa pedagogia assim como os cinco passos que constituem essa didática. Ateoria da psicologia Histórico Cultural e a filosofia materialista principais fundamentos epistemológicos dessa temática. Através de estudosrealizados por meio de pesquisas bibliográficas e pesquisa de campo qualitativa apresenta-se aqui uma síntese dos resultados obtidos parcialmente sobre as teorias norteadoras dessa pesquisa, evidenciando que essa didática é viável e aplicável na ação docente. Palavras – chaves: Pedagogia Histórico Crítica. Didática. Ensino. 106 Trabalho parcial de Conclusão do Curso de Pedagogia, que será apresentado em 2013 à banca examinadora. 107 Acadêmico do quarto ano do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná – Campus Paranavaí. 108 Professora Orientadora. Doutoranda em Educação. Professora e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR – Campus Paranavaí). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 454 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO O que são Tendências pedagógicas da educação? O que é a Pedagogia Histórico Crítica e quando surgiu? Quais os precursores dessa pedagogia? Que passos compõem a sua didática? É possível essa ser trabalhada nas escolas contemporâneas? Quais os impasses enfrentados por essa no cotidiano das salas de aulas? Essas foram as questões levantadas inicialmente para a realização dessa pesquisa, tomando como base uma investigação da ação didática de uma professora atuante no magistério do município de Nova Londrina, Paraná, afim de se explicitar uma didática que é possível de ser trabalhada. As práticas docentes das escolas contemporâneasresultam em um ecletismo de tendências pedagógicas. Tendências que para Gasparin (2008) se baseiam em movimentos sociais, filosóficos e antropológicos, e ao momento histórico no qual estão inseridas. Uma boa ação didáticaexige nesse sentido uma reflexão sobre as tendências pedagógicas brasileiras que de forma direta ou indireta influenciaram o cotidiano dessa educação , sendo essas, classificadas por Libânio (1992) como pedagogias Liberais: Tradicional, Escolanovista, Tecnicista e Progressistas, Libertadora, Libertária e Crítico Social dos conteúdos. Este texto toma como base a Pedagogia Histórico Crítica de Dermeval Saviani (1983) com o método da prática social dos conteúdos e os cinco passos da Pedagogia Histórico Crítica proposta pelo professor João Luiz Gasparin (2002). Autores que estudam e escrevem sobre essa temática. De modo geral a máxima aqui destacada cumpre compreender que influencias pedagógicas da educação brasileira de meados do século XIX à sociedade contemporânea influenciaram o surgimento da pedagogia Histórico Crítica e quais as contradições em trabalhar essa pedagogia diante do contexto capitalista, uma vez que seu principal precursor Dermeval Saviani com sua proposta se contrapõe a esse ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 455 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ sistema. A observação didática de uma professora atuante nessa pedagogiaque aqui será evidenciada mostrará o quão possível é a realização desse trabalho. Para isso esse trabalho se constituiu em dois momentos, o primeiro a busca de pressupostos teóricos e metodológicos que norteiam a pedagogia e a didática histórico critica seu surgimento, a fim de compreendê-la, através de sua filosofia Materialista e sua psicologia Histórico Cultural, . O segundo momento compôs uma pesquisa de campo com uma professora do curso de formação de docentesdurante dois bimestres a fim de identificar os cinco passos da didática da pedagogia histórico crítica, destacando questões negativas e positivas diante da aplicação de cada conceito que compõem essa didática. Mais que uma observação foi realizada uma entrevista com a professora regente com questionários voltados para sua ação didática , sua concepção sobre a pedagogia histórico critica assim como os pontos negativos e positivos encontrados por essa diante da elaboração e aplicação dos seus planos de trabalhos docentes. Também com as dezenove alunas que compõem a quarta série do curso de formação de docentes, onde essas estudaram essa pedagogia e aplicaram suas regências na perspectiva histórico Crítica contribuindo com suas experiências nas questões que foram analisadas. Com a realização desse trabalho constata-seque a pedagogia histórico critica se faz presente no cotidiano das nossas escolas, inclusive nos cursos de formaçãode professores, não sendo essa uma utopia e sim uma prática que acontece de forma lenta e gradual. Pensamos que mais do que conhecer essa temática é preciso analisar e praticar os cinco passos dessa didática. Como destaca Gasparin (2008) que para a realização de uma teoria é indispensável o seu estudo teórico aprofundado, afim de possibilitar sua compreensão quanto ao que ela propõe e se fundamenta. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 456 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO – A PEDAGOGIA HISTÓRICO CRÍTICA Para Saviani (2005) podemos denominar Tendências Pedagógicas no ponto de vista da pedagogia como concepções de educação. Sendo a pedagogia conceituada por ele como uma teoria da educação, onde nem sempre toda teoria da educação é de fato uma pedagogia. Com efeito, entendida a pedagogia como ―teoria da educação‖, evidencia-se que se trata de uma teoria da prática educativa. Não podemos perder de vista, porém, que se toda a pedagogia é teoria da educação, nem toda teoria da educação é pedagogia. Na verdade o conceito de pedagogia se reporta a uma teoria que se estrutura a partir e em função da prática educativa. A pedagogia, como teoria da educação, busca equacionar, de alguma maneira, o problema da relação educador – educando, de modo geral, ou no caso especifico da escola, a relação professor –aluno, orientando o processo de ensino e aprendizagem. Assim, não se constituem como pedagogia aquelas teorias que analisam a educação pelo aspecto de sua relação com a sociedade não tendo como objetivo formular diretrizes que orientem a atividade educativa, como é o caso das teorias que chamei de ―crítico – reprodutivistas (SAVIANI, 2005, p.1). Saviani (2005) destaca quedo ponto de vista das pedagogias podem ser agrupadas essas concepções de educação em duas grandes tendências, sendo a primeira composta por concepções que priorizavam as teorias sobre as praticas e a segunda inversamente a teoria à pratica, ou seja dissolvem a teoria na prática. No primeiro grupo estariam as diversas modalidades da pedagogia tradicional, sejam elas situadas na vertente religiosa ou na leiga. No segundo grupo se situariam as diferentes modalidades da pedagogia nova. Dizendo de outro modo, poderíamos considerar que, no primeiro caso, a preocupação se centra nas teorias do ensino, enquanto que, no segundo caso a ênfase é posta nas teorias da aprendizagem (SAVIANI, 2005, p.2). A pedagogia Tradicional segundo Saviani (1983) encontrou terreno fértil para sua consolidação com a constituição dos chamados Sistemas Nacionais de ensino de meados do século XIX, cuja a sua organização buscou no principio de que a ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 457 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ educação era de direito de todos e dever do estado, sendo esse direito à educação decorrente ao interesse da nova classe social, a burguesia. Tinham como ideia principal construir uma sociedade democrática que consolidasse a burguesia. Somente por meio da escola segundo Saviani (2009, p.5) ― [...] seria possível transformar os súditos em cidadãos, isto é, em indivíduos livres porque esclarecidos, ilustrados‖, essa tarefa só poderia ser realizada através do ensino, a escola deveria moldar o individuo que a sociedade necessitava. Marginalizados, conceito usado por Saviani (1983) para definir os que não tinham conhecimento ou acesso a educação escolar nesse sentido eram os ―ignorantes‖. A escola tinha assim quesuperar a marginalidade, e garantir uma sociedade igualitária como destaca Saviani (2009): Sua função coincide, no limite, com a superação do fenômeno da marginalidade. Enquanto ainda existir, devem intensificar-se os esforços educativos, quando for superada, cumpre manter os serviços educativos num nível pelo menos suficiente para impedir o reaparecimento do problema da marginalidade. Como se vê no que respeita as relações entre educação e sociedade, concebe-se a educação como uma ampla margem de autonomia em face da sociedade. Tanto que lhe cabe um papel decisivo na conformação da sociedade evitando sua desagregação e, mais do que isso garantindo a construção de uma sociedade igualitária‖ (SAVIANI, 2009, p.4). O ensino nessa tendência estava relacionado com a forma como a escola se organizava, sendo essencial um professor como diz Saviani (2009) razoavelmente bem preparado, as turmas organizadas em classes contando apenas com um professor, onde esse como detentor do conhecimento expunha as lições, os alunos apenas recebiam o que o professor ensinava, realizavam as atividades disciplinadamente. Esse ideal de escola não obteve êxitos enão conseguiu alcançar seus objetivos, como afirma Saviani (2009, p.6) ―[...] a referida escola, além de não conseguir realizar seu desiderato de universalização (nem todos nela ingressavam e mesmo os que ingressavam nem sempre eram bem sucedidos)‖. A influência dessa ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 458 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ tendência chamada Tradicional se consolidou apenas na forma com a escola se organiza até mesmo nas escolas contemporâneas, onde temos turmas organizadas em classes e alunos agrupados em filas. Com as criticas à pedagogia Tradicional no final do século XIX começou a se consolidar uma nova teoria da educação, um novo rumo que acreditava que somente a escola através do ensino poderia equalizar a sociedade, ou seja o problema da marginalidade. Que segundo Saviani (2005) não excluiu a concepção tradicional que se contrapõe às novas correntes, disputando com elas a influência sobre a atividade educativa no interior das escolas. Se a escola não vinha cumprindo essa função, tal fato devia-se a que o tipo de escola implantado – a escola Tradicional – se revelaria inadequado. Toma corpo, então, um amplo movimento de reforma cuja expressão mais típica ficou conhecida pelo nome de ―escolanovismo‖. Tal movimento tem como ponto de partida a escola tradicional já implantada segundo as diretrizes consubistanciadas na teoria da educação que ficou conhecida como pedagogia Tradicional (SAVIANI, 2009, p. 6). Na metade do século XX o escolanovismo apresentava sinais de fracasso, era necessário uma pedagogia que mudasse os rumos da educação não só teoricamente e sim na prática, muito se tinha escrito sobre a pedagogia nova mas pouco se tinha de prática sobre essa teoria segundo Saviani (2009, p.10) ―[...] a pedagogia nova é portadora de todas as virtudes e de nenhum vício, ao passo que a pedagogia tradicional é portadora de todos os vícios e de nenhuma virtude‖. Da necessidade de desenvolver uma escola nova popular tendo como exemplo as pedagogias de Freinet e de Paulo Freire e na preocupação com os métodos pedagógicos já presentes no escolanovismo foi que surgiu a terceira abordagem aqui exposta, a pedagogia Tecnicista. ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 459 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ Essa pedagogia desejava reordenar a educação tornando-aobjetiva e operacional, nesse sentido se passou utilizar recursos tecnológicos e instruções programadas como podemos compreender com base em Saviani (2009). O fenômeno mencionado ajuda-nos entender a tendência que se esboçou com o advento daquilo que estou chamando de ―pedagogia Tecnicista‖. Buscou-se planejar a educação de modo a dotá-la de uma organização racional capaz de minimizar as interferências subjetivas que pudessem por em risco suas eficiência. Para tanto, era mister operacionalizar os objetivos e, pelo menos em certos aspectos, mecanizar o processo. Daí a proliferação de propostas pedagógicas tais como o enfoque sistêmico, o micro ensino, o telensino, a instrução programada, as máquinas de ensinar etc (SAVIANI, 2009, p.11). Na pedagogia Tradicional a iniciativa cabia ao professor que era sujeito do processo, tomava decisões, na pedagogia nova o foco era o aluno e suas questões intersubjetivas, com a pedagogia tecnicista o foco não era o professor e o aluno e sim a organização racional dos meios, como utilizá-los, onde o professor e o aluno eram questões secundárias. A marginalidade na concepção Tecnicista para Saviani (2009)pertencia aosque eram improdutivos onde a educação deveria contribuir para superar esse problema, ou seja formar indivíduos aptos a darem sua contribuição no aumento da produtividade da sociedade. A educação cabia a função de proporcionartreinamento para execução de atividades sociais, o importante era aprender a fazer. A pedagogia Tradicional mudou o cotidiano das escolas: [...] o magistério passou, então, a ser submetido a um pesado e sufocante ritual, com resultados visivelmente negativos. Na verdade, a pedagogia Tecnicista, ao ensaiar transpor para a escola a forma de funcionamento do sistema fabril, perdeu de vista a especificidade da educação, ignorando que a articulação entre escola e processo produtivo se da de modo indireto e por meio de complexas mediações (SAVIANI, 2009, p.13). ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 460 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A pedagogia Tecnicista fracassou, pois aumentou o caos no campo educativo, o problema da marginalidade aumentou, vários foram os índices de evasão e repetência. As escolas em alguns casos possuíam recursos tecnológicos e sabiam como utilizar em outros casos sabiam utilizar mas não contavam com esse recursos. Após analisar as pedagogias que compõem as tendências liberais da educação chegamos ao ponto primordial dessa unidade a Pedagogia Histórico Crítica, pertencente as pedagogias Progressistas da educação. A Tendência Progressista tem como ponto de partida a análise critica das realidades sociais, ou seja, a análise da sociedade Capitalista. Uma Pedagogia que não se enquadra ao contexto dessa sociedade e sim se contrapõe a esse sistema. Essa concepção se manifesta através de três tendências: a Libertadora, também conhecida como de Paulo Freire, a Libertária que reúne os defensores da autogestão e a Histórico-Crítica que aqui analisamos. Onde primeiramente se questiona: O porquê do nome pedagogia Histórico Critica? Segundo Gasparin (2008) esta é chamada de Histórico Crítica por Saviani primeiramente porque nesta perspectiva e educação também interfere sobre a sociedade, podendo contribuir para a sua transformação (histórico). Segundo por ter certa consciência da determinação exercida pela sociedade sobre e a educação ( crítica). A pedagogia Histórico Crítica segundo Gasparin (2005) é uma teoria a qual o conhecimento se constrói a partir das bases materiais , o que podemos chamar de prática social dos homens, que envolve questões culturais, artísticas, políticas, econômicas, religiosas e demais cotidianas do homem enquanto sujeito social. Seu ensino tem por base uma articulação entre teoria (conhecimento sistematizado) e a prática seja esta inicial aquilo que o aluno já sabe ou final, aquilo que poderá ser realizado para reverter sua condição social. Nesse sentido destaca Batista e Lima (2012): ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 461 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ A pedagogia histórico Crítica tem por proposta a ação pedagógica fundamentada na articulação entre a teoria e a prática (práxis), contribuindo para que os indivíduos ultrapassem a visão imediata dos fenômenos. Entendemos que se trata de um projeto comprometido com a transformação social, ancorado na prática educativa, questionadora, crítica e emancipadora (BATISTA e LIMA, 2012, p.2). A pedagogia Histórico Crítica tem como precursor o professor Dermeval Saviani podemos denominá-lo de criador dessa perspectiva por segundo João Luiz Gasparinaprimorador dessa teoria que através de seu livro Uma didática para a Pedagogia Histórico Crítica expôs os cinco passos de sua didática para a aplicação desta pedagogia. Neste sentido o questionamento que não se cala ao estudar essa teoria são os seguintes: Quando surgiu as primeiras reflexões que levaram a elaboração dessa pedagogia? Isso é explicito por Saviani (2007) apud Batista e Lima (2012): As ideias que vieram a constituir a proposta contra hegemônica denominada ―pedagogia histórico – crítica‖ remontam as discussões travadas na primeira turma do doutorado em educação da PUC – SP em 1979. A primeira tentativa de sistematização deu-se no artigo ―Escola e Democracia: para além da curvatura da vara‖, publicada no número 3 da revista da Ande, em 1982, que, em 1983 veio a integrar o livro Escola e Democracia. Esse livro, conforme foi assinalado no prefácio à 35ª edição, redigido em agosto de 2002, pode ser lido como manifesto de uma nova teoria pedagógica, uma teoria crítica não reprodutivista ou, como foi nomeada no ano seguinte após seu lançamento, pedagogia histórico – crítica, proposta em 1984. (SAVIANI, 2007 apud BATISTA e LIMA, 2012, p.14). Sobre o livro Escola e Democracia primeiro manifesto dessa pedagogia e o método proposto por Saviani trataremos na unidade dois desses escritos, procuraremos nos ater a filosofia e psicologia que fundamenta essa pedagogia, sendo essas filosoficamente o Materialismo Histórico Dialético e a psicologia Histórico Cultural. Segundo Petenucci (2008) este foi idealizado por Marx e traz princípios cujo os fundamentos tem como base a interpretação da realidade; através da materialidade (a forma como os homens se organizam em sociedade para a produção da vida); e ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 462 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ o que denomina concreticidade, o caráter histórico sobre a organização que os homens constroem através de sua história. Segundo essa filosofia toda a historia da humanidade esta relacionada aos modos de produção e formas como os homens se organizavam para se manter. A dialética nesse sentido como destaca Petenucci (2008)consiste em uma contradição entre tese, antítese e síncrese, parte da realidade empírica ( baseado na experiência) tese, passa por abstrações (reflexões, elaboração do pensamento) antítese e por fim chega ao concreto pensado ( compreensão elaborada do que de essencial), síncrese. A psicologia que fundamenta esta pedagogia é segundo Petenucci (2008)a teoria Histórico Cultural de Vigotski, onde o homem é o compreendido como um ser histórico, construído através de suas relações com o mundo natural e social. O homem se difere das outras espécies pela sua capacidade de transformar a natureza com o seu trabalho. O conhecimento é construído através da interação sujeito – objeto a partir das ações socialmente mediadas, o homem aprende a ser homem na sociedade e na interação entre a natureza. Sendo o objetivo dessa pesquisa uma observação sobre a ação didática de uma professora atuante no município de Nova Londrina, cidade do interior do Paraná é relevante refletir sobre quando aconteceu o aprimoramento dessa pedagogia pelos professores Paranaenses. Segundo Baczinski (2011) essa implementação ocorreu com o processo de redemocratização do país, década de80, especificamente nos governos peemedebistas de José Richa, Álvaro Dias e Roberto Requião de 1983 a 1994. Nesse processo de transição política, em que os educadores se mobilizavam para a universalização da educação pública e de qualidade para todos, constitui-se uma nova proposta educacional, que se fundamentou na concepção da pedagogia Histórico Crítica. Pedagogia anunciada como teoria crítica da educação, no livro Escola e Democracia, de Dermeval Saviani, nesse mesmo ano de ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 463 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ 1983. Essa proposta constitui-se no currículo básico para a escola pública do estado do Paraná, sendo sistematizado em redação final no ano de 1990, no mandato do governador Álvaro Dias, também do PMDB (1987 – 1990). ( BACZINSKI, 2011, p.6). Esta proposta de implementação perdeu forças no terceiro mandato peemedebista de Roberto Requião, com uma proposta educacional fundamentada no Multiculturalismo. Segundo Baczinski (2011) essa pedagogia não saiu do papel e pouco foi compreendido da parte dos professores nas escolas, tratando-se de governos Liberais a pedagogia Histórico Crítica é uma teoria educacional pautada na perspectiva Marxista, que tem por objetivo a superação do modelo de sociedade capitalista. Diante disso tornou-se difícil aceitar a tese de que o estado do Paraná objetivou naquele momento histórico, a implantação legitima dessa proposta. 2 OS CINCO PASSOS DA DIDÁTICA NA PERSPECTIVA HISTÓRICO CRÍTICA Diante da didática da pedagogia histórico critica é importante compreender que Saviani apenas apresentou essa pedagogia filosoficamente destinada aos estudantes e pesquisadores da Educação e não de uma forma didática onde todos pudessem estudá-las. O método da Prática Social dos Conteúdos de Saviani (1983) é constituído por cinco momentos, Prática Social Inicial, Problematização, Instrumentalização, Catarse e Prática Social Final ou ponte de chegada, abaixo sintetizadas. Prática Social (ponto de partida): Perceber e denotar, identificar o objeto e da aprendizagem e lhe dar significação. O aluno tem uma visão sincrética (mecânica, desorganizada, nebulosa, de senso comum) a respeito do conteúdo. É comum a professores e alunos, já que sentem a sabem a pratica social em nível sincrético, mas ambos encontram-se em momentos diferentes (o professor domina o ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 464 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ conteúdo, enquanto o aluno não domina), por isto o professor realiza uma síntese precária ( o professor também vai aprofundar os conteúdos). Problematização (aquilo que se quer resolver com a aula): Instruir e conotar, momento para detectar as questões que precisam ser resolvidas no âmbito da pratica social e, em consequência, que conhecimentos são necessários a serem denominados. Prever assim os futuros problemas e limites (juízos de valor ou de qualidade), bem como identificar os tipos de conhecimento e técnicas necessários à solução desses problemas. Instrumentalização: Apropriação pelas camadas populares das ferramentas culturais necessárias à luta social para superar a condição de exploração em que vivem. (professor e aluno em ação) Catarse: Raciocinar e criticar, incorporação dos instrumentos culturais, transformados em elementos ativos de transformação social. Elaboração superior da estrutura em superestrutura na consciência dos homens, passagem da ação para a conscientização. Prática Social (ponto de chegada): Retorno a pratica Social, com o saber concreto pensado para atuar e transformar as relações de produção que impedem a construção de uma sociedade igualitária; A compreensão sincrética dos alunos ponto de partida é agora elevada a nível sintético. Visão essa (elaborada, sistematizada, explicita, orgânica, compreendida). Nesse sentido, para uma didática na perspectiva Histórico Crítica e para elaboração do Planejamento didaticamente, Gasparin (2012) propõe o que ele chama de Prática Social inicial dos conteúdos (o que os alunos já sabem) para o inicio de um trabalho docente em sala de aula. Nesse sentido, fazem-se uma anunciação prévia do que será trabalhado, nesse momento o professor faz um levantamento de todo o ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 465 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ conhecimento que os alunos possuem de suas vidas cotidianas em sociedade, ou seja, o levantamento da vivência. A prática Social Inicial é sempre uma contextualização do conteúdo. É um momento de conscientização do que ocorre na sociedade em relação àquele tópico a ser trabalhado, evidenciando que qualquer assunto a ser desenvolvido em sala de aula já está presente na pratica social, como parte constitutiva dela (GASPARIN, 2012, p.24). Em síntese ao trabalharpor exemplo o tema Água, o aluno não vai aprender que a água é importante para a saúde, que a água é importante para as plantas, pois isso ele já traz de seu dia a dia, de sua vivencia e sim o aluno irá aprender que a água possui uma fórmula química chamada também de H2O e todas as suas outras funções científicas. Uma das formas para motivar os alunos é conhecer sua pratica social imediata a respeito do conteúdo curricular proposto. Como também ouvi-los sobre a prática social mediata, isto é, aquela prática que não depende diretamente do individuo, e sim das relações sociais como um todo. Conhecer essas duas dimensões do conteúdo constitui uma forma básica de criar interesses por uma aprendizagem significativa do aluno e uma pratica docente também significativa (GASPARIN, 2012, p.16). Como segundo ponto na elaboração de um Planejamento o autor propõe a Problematização, onde o professor transforma o conteúdo que será trabalhado em questões problematizadoras. A Problematização é um elemento chave na transição entre a prática e a teoria. A problematização é expressa em forma de questionamentos que serão resolvidos com um estudo aprofundado do conteúdo trabalhado. Questionamentos esses voltados para o contexto ao qual o aluno se insere, questionamentos voltados para problemas sociais que precisam ser resolvidos. A Problematização é também um questionamento do conteúdo escolar confrontado com a prática social, em razão dos problemas que precisam ser resolvidos no cotidiano das pessoas ou da sociedade. Ao relacionar o conteúdo com a prática social, definem-se ___________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí 466 Anais da XII Jornada de Pedagogia da FAFIPA - 21 a 24 de outubro de 2013 “Políticas educacionais no Brasil: perspectivas, desafios e possibilidades” ISSN: 1983-7208 _________________________________________________________________________________ as questões que podem ser encaminhadas e resolvidas por meio desse conteúdo especifico (GASPARIN, 2012, p.37). Assim considerando o ensino e um Planejamento voltado para a realidade dos alunos e para a solução dos problemas dos mesmos a Problematização deve considerar as dimensões que o conteúdo trabalhado abrange, e não somente a dimensão científica. De maneira geral, e de modo especifico no ensino superior os conteúdos são, quase sempre, comunicados aos educandos por uma única dimensão, a conceitual-científica. Aliás, o professor sempre enfatiza que o conteúdo é cientifico e se esforça para que seja aprendido como tal. Toda