UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
DIVERSIDADE GENÉTICA DE ACESSOS DE MANIÇOBA
(Manihot spp.) DE OCORRÊNCIA NATURAL NO SEMIÁRIDO DO
BRASIL
ANA PAULA GOMES DA SILVA
AREIA - PB
DEZEMBRO DE 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
DIVERSIDADE GENÉTICA DE ACESSOS DE MANIÇOBA
(Manihot spp.) DE OCORRÊNCIA NATURAL NO SEMIÁRIDO DO
BRASIL
ANA PAULA GOMES DA SILVA
Tese
apresentada
ao
Programa
de
Doutorado Integrado em Zootecnia da
Universidade
Universidade
Federal
Federal
da
Paraíba,
Rural
de
Pernambuco e Universidade Federal do
Ceará
como
requisito
parcial
para
obtenção do título de Doutor em
Zootecnia.
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Phd Divan Soares da Silva – PDIZ- CCA- UFPB
Prof. Dr. Phd Mailson Monteiro do Rêgo – PPGA- CCA- UFPB
Prof. Dr.Alberício Pereira de Andrade – PDIZ- CCA- UFPB
AREIA - PB
DEZEMBRO DE 2013
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
S586d
UFPB/BC
Silva, Ana Paula Gomes da.
Diversidade genética de acessos de maniçoba (Manihot
spp.) de ocorrência natural no semiárido do Brasil / Ana Paula
Gomes da Silva.-- Areia, 2013.
112f. : il.
Orientador: Divan Soares da Silva
Tese (Doutorado) – UFPB-UFCE-UFPRP
1. Zootecnia. 2. Banco de germoplasma. 3. Composição
bromatológica. 4. Marcadores moleculares. 5. Morfologia.
6.Morfoagronomia.
CDU: 636(043)
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
ANA PAULA GOMES DA SILVA, filha de José Gomes da Silva e Candida Aparecida
Oliveira da Silva.
Em março de 2008 graduou-se em Zootecnia pela Universidade
Federal de
Alagoas (UFAL).
Em março de 2008, ingressou no curso de pós-graduação em Zootecnia pela
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Produção Animal com área de concentração
em Forragicultura, concluindo no ano de 2010.
No ano de 2010 ingressou no Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia da
Universidade Federal de Areia (UFPB), em Produção de Animal com área de concentração
em Forragicultura, submetendo-se à defesa de tese em 13de dezembro de 2013.
Epígrafe
1
2
O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas
tranqüilas.
3
Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu
nome.
4
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum,
porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
5
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com
óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.
6
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da
minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.
(Salmo 23)
“Não importam as circunstâncias e não importam as adversidades, por mais dificil que seja
eu vou seguir em frente e vou reunir todas as forças para que eu me transforme cada vez
mais na pessoa que eu decidir ser.”
Madre Tereza de Calcutá
Dedicatória
A Minha Família, razão pela qual enfrento todas as dificuldades, vocês são tudo para mim,
minha força, meu refúgio, minha fortaleza.
Minha mãe Cândida, Meu pai José
Meus Irmãos, Fernanda e Cristian
Minha sobrinha, Ana Clara.
Agradeço a Deus todos os dias por ter vocês e por sermos realmente uma família.
AMO VOCÊS!
A vocês dedico todo o meu esforço!
i
AGRADECIMENTOS
A Deus, razão da minha vida, quem me da forças pra lutar, ultrapassar obstáculos e
superar todas as dificuldades que encontro e ainda encontrarei;
A Universidade Federal da Paraíba, ao programa de Pós- Graduação em Zootecnia pela
oportunidade a mim concedida;
Ao CNPq, pela concessão da bolsa, contribuindo para a realização da pesquisa;
Ao meu orientador Professor Divan Soares da Silva, pelo apoio, amizade, por ter
acreditado em mim, me dado a oportunidade de conquistar mais uma etapa na minha
vida acadêmica;
Ao Professor Mailson Monteiro do Rêgo, a quem serei eternamente grata, mais que um
coorientador, um amigo, realmente um grande Mestre, por ter me acolhido ou melhor
“adotado” e assumido realmete mais que o seu papel, com sua simplicidade e paciência
ensinado tudo o que aprendi durante esse período em que estive junto a sua equipe de
trabalho;
Ao Professor Alberício Pereira de Andrade, pela amizade, e contribuição para a
construção desse trabalho;
A Professora Elizanilda Ramalho do Rêgo, pela amizade, apoio, incentivo, e sua grande
contribuição para a construção dessa pesquisa;
Ao Professor Edson Mauro e Professora Juliana, pela amizade, e que mesmo de forma
indireta, contribuíram me apoiando e incentivando para que eu conseguisse concluir
meu trabalho;
Aos Funcionários do laboratório de Nutrição Animal, Seu Costa, Antônio, Charles, José
Sales, Roberto e Marquinho; Dona Carmen e Damião (PPGZ), Seu Gabriel (Motorista),
agradeço a disponibilidade e ajuda a mim concedida;
ii
A secretária do PPGZ, Maria das Graças da Silva Cruz Medeiros, e Jacilene Cunha
Castro, pela sua amizade, atenção e disponibilidade sempre que precisei;
A minha família pela paciência, dedicação e incentivo, minha mãe Dona Cândida, meu
pai Seu José, meus irmãos Cristian e Fernanda, meus cunhados Lincon e Dore;
A Famíla Biomassa: Professor Mailson e Elizanilda. Angela e Joelson (meus
experimentos rsrsrs), Lindamara, Bruno, Priscila, Aline, Marcia, Mayana, Naysa, Laís,
Neto, Well, Jardel, Thaína, Lucas, Kaline, Maiara, Bruna, Lemerson, Marcelo, Ayron,
Michelle, Cristine, Sammara, Giovanna, Gláucia, Jorge, Júlio, espero não ter esquecido
nenhum nome rsrsr;
A Família GEF Professor Edson Mauro e Professora Juliana. Fleming, Rosângela,
Messias, Nagnaldo, Ana Paula, Ricardo, Higor, Henrique, Thiago (Timão), Tiago
(Brad), Alexandre Perazzo, Thomaz, Sansão, Marcela, Bete, Vinícius, Gildenia,
Robervânia, Danilo Marte, Danilo Linhares, João Paulo, Alberto, Douglas, Elber,
perdão se esqueci alguém rsrsrs;
As minhas companheiras de República, afinal formamos a grande família: Jussara,
Jailma, Pollyanna, Geovania, Rosana, Edvânia, Kleitiane, Anaiane, Cecília, Francinilda,
Luana, Glória, Lusiana. E as antigas companheiras de Ap: Gabriela Mafra, Renata,
Guadalupe;
À Jussara Telma dos Santos, pela grande amizade que construimos, pelo apoio,
solidariedade nos momentos alegres e nos momentos difíceis desde o início do curso até
os dias de hoje, nossa luta é grande, mas chegaremos lá com Fé em Deus.
Vocês foram grandes contribuidores para a construção desse trabalho sem vocês não
teria conseguido, estarão sempre guardados no meu coração, Deus abençoe a cada um.
A todos o meu eterno agradecimento,
Muito Obrigada!
iii
iv
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................. viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................................x
RESUMO GERAL ........................................................................................................12
INTRODUÇÃO GERAL ..............................................................................................14
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ...........................................................................18
CAPÍTULO I
Variabilidade Genética entre Acessos de Manihot por Meio de Marcadores RAPD
RESUMO........................................................................................................................23
ABSTRACT ...................................................................................................................24
INTRODUÇÃO .............................................................................................................25
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................27
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................31
CONCLUSÃO................................................................................................................38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................39
CAPÍTULO II
Caracterização morfológica e agronômica de acessos de Manihot spp. procedentes
de microrregiões do Semiárido brasileiro
RESUMO........................................................................................................................45
ABSTRACT ...................................................................................................................46
INTRODUÇÃO .............................................................................................................47
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................49
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................54
CONCLUSÃO................................................................................................................72
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ...........................................................................73
CAPÍTULO III
Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot spp.
pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB
RESUMO........................................................................................................................78
ABSTRACT ...................................................................................................................79
INTRODUÇÃO .............................................................................................................80
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................82
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................84
v
CONCLUSÃO................................................................................................................95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................96
CONSIDERAÇÃO FINAL .........................................................................................100
APENDICE ..................................................................................................................101
ANEXOS ......................................................................................................................104
ANEXO - 1 ............................................................................................................................. 105
ANEXO - 2 ............................................................................................................................. 107
vi
LISTA DE TABELAS
Página
CAPÍTULO I: Variabilidade genética entre acessos de Manihot por meio de
marcadores RAPD
Tabela 1. Sequência dos 10 iniciadores utilizados nas reações de RAPD com
suas respectivas sequências de bases........................................................................
Tabela 2.
28
Número de fragmentos amplificados, fragmentos polimórficos e
monomórficos obtidos para os 55 acessos utilizando os 10 iniciadores RAPD.......
31
Tabela 3. Matriz de dissimilaridade genética obtida do complemento aritmético
do coeficiente de dissimilaridade de Jaccard com base em marcador molecular
RAPD, entre os 55 acessos de Manihot ssp. Areia, PB............................................
33
Tabela 4. Correlação cofenética baseado nos dados moleculares (RAPD)
avaliados nos 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.).............................................
38
CAPÍTULO II: Caracterização morfológica e agronômica de acessos de
Maniçoba (Manihot spp.)
procedentes
de microrregiões do Semiárido
brasileiro
Tabela 1. Descrição dos caracteres morfológicos utilizados na caracterização dos
acessos de Manihot spp.........................................................................................................
50
Tabela 2. Correlação cofenética de 12 caracteres morfológicos avaliados nos 55
acessos de (Manihot spp.).........................................................................................
55
Tabela 3. Caracteres avaliados nas classes fenotípicas (morfologia) e frequência
de acessos em cada uma das classes........................................................................
58
vii
Tabela 4. Análise de variância de 18 características morfométricas avaliadas em
55 acessos de (Manihot spp.)....................................................................................
60
Tabela 5. Agrupamento de médias de 18 caracteres morfométricos avaliados em
55 acessos de (Manihot spp.)....................................................................................
63
Tabela 6. Contribuição relativa dos 18 caracteres para diversidade SINGH(1981)
Distância Generalizada de Mahalanobis......................................
65
Tabela 7. Matriz de dissimilaridade genética obtida pela distância generalizada
de Mahalanobis com base nos caracteres morfométricos, entre os 55 acessos
de Manihot. Areia, PB..............................................................................................
67
Tabela 8. Correlação cofenética de 18 caracteres morfoagronômico avaliados nos
55 acessos (Manihot spp.).........................................................................................
70
CAPÍTULO III: Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos
de Manihot spp. pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB
Tabela 1. Análise de variância de 15 características bromatológicas (% na MS)
avaliadas em 55 genótipos de maniçoba (Manihot spp.)..........................................
84
Tabela 2. Agrupamento de médias de 15 caracteres bromatológicos (% na MS)
avaliados em 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.).............................................
88
Tabela 3. Agrupamento com base nos conteúdos de HCN (ácido cianídrico)
avaliados em 55 acessos de Maniçoba (Manihot spp.).............................................
92
viii
LISTA DE FIGURAS
Página
CAPÍTULO I - Variabilidade genética entre acessos de Manihot por meio de
marcadores RAPD
Figura 1. Dendrograma resultante da análise de agrupamento obtido pelo método
UPGMA a partir de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) baseado nos dados
da matriz de dissimilaridade genética obtidos pelo complemento aritmético dos
coeficientes de similaridade de Jaccard , utilizando-se 10 marcadores RAPD.
Valores do “bootstrap” em percentagem para 100 repetições..................................
37
CAPÍTULO II: Caracterização morfológica e agronômica de acessos de
Maniçoba (Manihot spp.)
procedentes
de microrregiões do Semiárido
brasileiro
Figura 1. Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de
maniçoba (Manihot spp.): ( a ) altura da planta (cm); ( b ) diâmetro do caule
(mm), ( c ) número total de gemas axilares; ( d ) número total de ramos por
planta; ( e ) número total de folhas; ( f ) número de flores; ( g ) número de ramos
florais; ( h ) número de frutos e ( i ) número de folhas senescentes.........................
51
Figura 2 - Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de
maniçoba (Manihot spp.): ( j ) comprimento do pecíolo da folha (cm); ( l )
diâmetro da base do pecíolo da folha (mm); ( m ) diâmetro da porção mediana do
pecíolo da folha (mm); ( n ) diâmetro proximal do pecíolo da folha (mm); ( o )
comprimento do lóbulo central (cm); ( p ) largura do lóbulo central (cm); ( q )
largura superior do lóbulo mediano (cm); ( r ) comprimento entre os lóbulos
basais da folha (cm); ( s ) comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm);
( t ) número e formato de lóbulos das folhas............................................................
Figura 3. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade
53
ix
genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2),
utilizando-se 12 descritores morfológicos.....................................................................
57
Figura 4. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade
genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2),
utilizando-se 18 descritores morfométricos. Valores do “bootstrap” em
percentagem para 100 repetições..............................................................................
71
CAPÍTULO III
Figura 1.
Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba
(Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de
dissimilaridade genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de
Mahalanobis (D2), utilizando-se 15 variáveis bromatológicas. Valores do
“bootstrap” em percentagem para 100 repetições.....................................................
91
Figura 2. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade
genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), com
base nos conteúdos de HCN. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100
repetições..................................................................................................................
94
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AP
Altura de planta
BAG
Banco ativo de gemoplasma
Cm
Centímetros
CCC
Coeficiente de correlação cofenético
CHOT
Carboidratos totais
CLC
Comprimento do lóbulo central
CLBF
Comprimento entre os lóbulos basais da folha
CLMF
Comprimento entre os lóbulos medianos da folha
CNF
Carboidratos não fibrosos
CPF
Comprimento de pecíolo da folha
CT
Carboidratos totais
CTAB
Brometo de cetiltrimetilomônio
CV
Coeficiente de variação
DBPF
Diâmetro da base do pecíolo da folha
DIG. IN SITU
Digestibilidade in situ
DMPF
Diâmetro médio do pecíolo da folha
DMC
Diâmetro médio do caule
DSPF
Diâmetro superior do pecíolo da folha
EE
Extrato etéreo
FDA
Fibra insolúvel em detergente ácido
FDN
Fibra insolúvel em detergente neutro
FDNi
Fibra em detergente neutro indigestível
G
Gramas
H
Horas
HCN
Ácido cianídrico
Kg
Quilograma
LIG
Lignina
LMLC
Largura mediana do lóbulo central
LSLC
Largura superior do lóbulo central
m2
Metros quadrados
MG
Miligramas
xi
Min
Minutos
Mm
Milímetros
MM
Matéria mineral
MO
Matéria orgânica
MS
Matéria seca
NIDA
Nitrogênio indisponível em detergente ácido
NFS
Número de folhas senescentes
NFR
Número de frutos
NFolhas
Número de folhas
NFlores
Número de flores
NGA
Número de gemas axilares
NR
Número de ramos
NRF
Número de ramos florais
P
Probabilidade de erro
PB
Proteína bruta
PIDA
Proteína insolúvel em detergente ácido
RAPD
Amplificação de DNA polimórfico ao acaso
Seg
Segundos
UPGMA
Método de agrupamento aos pares de média aritmética não
ponderada
12
SILVA, A. P. G. Diversidade genética de acessos de maniçoba (Manihot spp.) de
ocorrência natural no semiárido do Brasil. 2013. Tese (Doutorado em Zootecnia)
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Areia-PB.
RESUMO GERAL
A maniçoba desempenha importante papel no cenário nordestino, especialmente na
região semiárida, onde é utilizada para manutenção dos rebanhos de animais domésticos
por ocasião de secas prolongadas por apresentar características nutricionais favoráveis.
Porém, o Gênero Manihot, pertence ao grupo de plantas cianogênicas e apresenta em
sua composição quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos, podendo muitas
vezes ser consideradas tóxicas para o consumo animal, além de apresentar, geralmente,
características morfológicas e morfoagronômicas diferenciadas, torna-se necessário o
estudo do conhecimento da variabilidade indispensável para o manejo de coleções de
germoplasma. Diante disto, o presente trabalho teve como objetivo analisar
a diversidade genética entre acessos de maniçoba (Manihot spp.), de diferentes
procedências, pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade
Federal
da
Paraíba,
por
meio
de
marcadores
moleculares
e
descritores
morfoagronômicos, e de qualidade nutricional e conteúdos de ácido cianídrico. Foram
avaliados cinquenta e cinco acessos pertencentes ao banco ativo de germoplasma de
maniçoba do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFPB
(DZO/CCA/UFPB). A divergência genética entre os 55 acessos de maniçoba foi
estimada mediante o uso de marcadores moleculares RAPD. A partir dos dados obtidos
com as reações de RAPD, foi construída a matriz de dissimilaridade utilizando o
complemento (1-C) do coeficiente de similaridade Jaccard. Com base na matriz de
dissimilaridade foi realizada análise de agrupamento método de UPGMA utilizando
programa genes. Pôde-se observar a formação de 6 grupos, demonstrando que há
diversidade genética entre os acessos avaliados. Para a caracterização morfológica e
morfométrica foram usados 12 descritores qualitativos e 18 quantitativos.
A
dissimilaridade foi gerada pela matriz de distância generalizada de Manhalanobis (D²), e
a análise de agrupamento foi obtida pelo método UPGMA. Esta análise possibilitou a
formação de 8 grupos de dissimilaridade com base nos caracteres morfológicos e 5
grupos para os caracteres morfométricos, evidenciando a presença de diversidade
13
genética entre os acessos avaliados. Para as avaliações da composição bromatologica
determinou-se os porcentuais de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), material
mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), nitrogênio indisponível em detergente ácido (NIDA), teores de
lignina, celulose e hemicelulose. Os carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não
fibrosos (CNF), digestibilidade in situ e fração indigestível (FNDi) e as análises de
determinação dos conteúdos de HCN. Os resultados foram submetidos à análise de
variância. A dissimilaridade foi gerada pela matriz de distância generalizada de
Manhalanobis (D²), e a análise de agrupamento foi obtida pelo método UPGMA.
Possibilitou a formação de 5 grupos de dissimilaridade com base nos caracteres
bromatológicos e 7 grupos para os conteúdos de HCN, evidenciando a presença de
diversidade genética entre os acessos avaliados. Houve efeito significativo (P<0,05)
para todos os caracteres bromatológicos avaliados. Com base nos resultados em todos
os parâmetros avaliados os acessos de números 16 Soledade, 38 Boa Vista, 36
Pocinhos, 3 Pedra Lavrada, 2; 10 e 29 Barra de Santa Rosa, 41; 46 e 55 Juazeirinho, 7;
39 e 54 Junco, 4 e 21 Monteiro, 50 Picuí e 5 Santa Cruz, são os mais promissores,
podendo ser utilizados com genitores em programa de melhoramento dessa espécie
como forrageira.
Palavras- Chave: banco de germoplasma, composição bromatologica, marcadores
moleculares, morfologia, morfoagrônomia.
14
INTRODUÇÃO GERAL
A região semiárida destaca-se por apresentar um bioma exclusivamente brasileiro,
denominado de Caatinga, localizado na região nordeste do país. Ocupa uma área de
aproximadamente 85.500 km2, representando cerca de 10% do território nacional e se
estende por grande parte da região Nordeste e Norte de Minas Gerais (SILVA et al.,
2004).
A Caatinga é caracterizada pela vegetação do tipo "Savana estépica", vegetação
com predomínio de árvores baixas e arbustos, que, em geral, perdem as folhas no
período seco, caracterizando-as como espécies caducifólias e muitas espécies de
cactáceas (SNIF, 2012). As plantas da Caatinga têm despertado interesse dos
pesquisadores, principalmente aquelas com potencial forrageiro, uma vez que, pela sua
extensão e grande diversidade de espécies vegetais, é a principal fonte de recurso
alimentar para a maioria dos rebanhos da região semiárida nordestina (ANDRADE et
al., 2004).
O potencial forrageiro da região Nordeste vem sendo cada vez mais explorado, na
busca por alternativas para tentar solucionar o problema e escassez de forragem para os
rebanhos, principalmente durante o período seco do ano, no qual há um déficit muito
elevado, afetando diretamente a produtividade dos rebanhos (MOREIRA FILHO et al.,
2008). Almeida et al. (2006) afirmaram que a irregularidade na distribuição de chuvas,
com prolongados períodos de estiagem, reflete em baixa produtividade dos rebanhos
fazendo-se necessário a busca por alimentos alternativos de qualidade para suprir o
déficit de forragem nesses períodos.
Nesse contexto, a maniçoba (Manihot spp.) aparece como alternativa alimentar
para a produção animal da região. Trata-se de uma espécie heliófila, perene, arbustiva,
pertencente à família das Euphorbiaceae de ocorrência natural no Brasil e encontrada
nas diversas áreas que compõem o Semiárido do Nordeste (BELTRÃO et al., 2006). A
família é constituída por 290 gêneros e aproximadamente 7.500 espécies distribuídas
por toda zona tropical do globo terrestre e são originárias da America do Sul (ALVES et
al., 2007).
A maniçoba desempenha importante papel no cenário nordestino, especialmente
na região semiárida, onde é utilizada para manutenção dos rebanhos de animais
domésticos por ocasião de secas prolongadas. Pode ser considerada como uma
forrageira de alta palatabilidade, por ser bastante procurada pelos caprinos, ovinos,
15
equinos e bovinos (MARTINS et al., 2007). França et al. (2010), em estudos realizados
com a espécie, destacam a maniçoba como sendo uma das plantas encontradas na
Caatinga com mecanismos de adaptabilidade às condições semiáridas e por apresentar
elevado valor nutritivo e alta palatabilidade, podendo ser utilizada como alternativa
alimentar para a produção animal nessa região.
O feno das ramas da maniçoba apresenta matéria seca (MS) em torno de 87%,
fibra em detergente neutro (FDN) entre 51,1 e 53,7% (%MS), fibra em detergente ácido
(FDA) entre 39,6 e 44,5%, proteína bruta (PB) entre 10,6 e 16,8%, extrato etéreo (EE)
entre 2,0 e 3,7%, e matéria mineral (MM) entre 6,9 e 10,6% (ARAÚJO et al., 2009;
SOUZA et al., 2006). Pinto et al. (2006) avaliando a composição nutricional do feno
das ramas da maniçoba verificaram conteúdos de 18,46% de PB, 39,37% de FDN e
6,42% de MM. Moraes et al. (2007) afirmam que as folhas da maniçoba podem
apresentar até 20% de PB e 60% de nutrientes digestíveis totais (NDT).
O Gênero Manihot, pertence ao grupo de plantas cianogênicas e apresenta em sua
composição quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos que, por meio da
hidrólise química ou mediante a ação das principais substâncias cianogênicas a
linamarina e lotaustralina, em presença de água, entram em contato com a enzima
linamarase, dando origem ao ácido cianídrico (HCN) (CASTRO, 2004). As plantas
desenvolvem-se na maioria dos solos, tanto calcários e bem drenados, como também
naqueles pouco profundos e pedregosos, das elevações e das chapadas, mas podendo
também ser encontrada em menor densidade em outros tipos de solos (LINHARES;
SOUZA JUNIOR, 2008).
Segundo Moreira Filho et al. (2009), pouco se conhece sobre o potencial da
maniçoba como espécie forrageira e sua utilização, o seu valor nutritivo, o manejo
adequado, o que implica no seu aproveitamento como alternativa de suporte forrageiro.
Já Nassar (2006) comenta que espécies silvestres do gênero Manihot, embora pouco
estudadas, apresentam importantes reservatórios de alelos de interesse a serem
transferidos para espécies cultivadas buscando o desenvolvimento de variedades
melhoradas, que sejam mais resistentes a fatores bióticos e abióticos com possibilidade
de expressarem maior produtividade.
Uma das grandes dificuldades quanto ao o uso de espécies do gênero Manihot em
programas de melhoramento genético é a limitação por não estarem prontamente
disponíveis ou muitas delas, por se tratarem de uma espécie silvestre por apresentarem
dificuldade de estabelecimento fora do seu ambiente natural, além do pouco
16
conhecimento sobre os aspectos da biologia reprodutiva, da constituição genômica e da
relação filogenética (LEDO et al., 2010).
Estudos de diversidade genética têm sido de grande importância em programas de
melhoramento, por fornecerem informações sobre caracteres de identificação de
genitores que possibilitem grande efeito heterótico e maior segregação em
recombinantes, aumentando a probabilidade do aparecimento de genótipos superiores
nas progênies (SILVA et al., 2008).
A caracterização torna-se o ponto de partida para o conhecimento da variabilidade
sendo indispensável para o manejo de coleções de germoplasma, e por meio dela tornase possível obter dados para descrever, identificar e diferenciar acessos dentro de
espécies, classes ou categorias, utilizando para isso descritores adequados (VICENTE et
al., 2005). No entanto, a caracterização de plantas, com base apenas em características
morfológicas, está frequentemente sujeita a erros que resultam a partir das variações nas
condições ambientais (CARVALHO; SCHAAL, 2001; COLLARD et al., 2005). Por
isso, também são utilizadas além das características morfológicas, as agronômicas,
bioquímicas e moleculares. Nascimento et al. (2008) afirmaram que a caracterização
morfológica, agronômica e molecular consiste em fornecer uma identidade para cada
acesso, através do uso de uma série de descritores que permitam estudar sua
variabilidade genética. A associação dessas características torna-se mais detalhada e
confiável, dando suporte maior ao estudo da diversidade, reduzindo consideravelmente
o grau de dificuldade de detectar as diferenças entre indivíduos geneticamente próximos
e permitindo a identificação de acessos mantidos em bancos de germoplasma
(CHAVARRIAGA-AGUIRRE et al.,1999; KIZITO et al., 2007.; ZACHARIAS et al.,
2004; ZANNOU et al., 2009).
Vieira et al. (2010), afirma que dentre as diversas técnicas utilizando marcadores
moleculares, o polimorfismo de DNA amplificado ao acaso (RAPD) merece destaque,
pelo baixo custo, rapidez, fácil execução e pelo fato de não exigir a síntese de
iniciadores específicos.
Dentro
deste
contexto,
o
objetivo da
presente pesquisa foi analisar
a diversidade genética entre acessos de maniçoba (Manihot spp.), de diferentes
procedências, pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade
Federal
da
Paraíba,
por
meio
de
marcadores
moleculares,
morfoagronômicos, qualidade nutricional e conteúdo de ácido cianídrico.
descritores
17
O trabalho está distribuído em três capítulos da seguinte forma: Capítulo I:
Variabilidade Genética entre Acessos de Manihot por Meio de Marcadores RAPD;
Capítulo II: Caracterização Morfológica e Agronômica de Acessos de Maniçoba
(Manihot spp.) procedentes de Microrregiões do Semiárido Brasileiro; Capítulo III:
Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot spp.
pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB; e considerações finais.
18
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DNA.
African
Journal
22
CAPÍTULO I
Variabilidade Genética entre Acessos de Manihot por Meio de
Marcadores RAPD
23
Variabilidade genética entre acessos Manihot por meio de marcadores RAPD
RESUMO
Objetivou-se analisar a diversidade genética entre acessos de Manihot spp. por meio de
marcadores moleculares. Foram avaliados cinquenta e cinco acessos pertencentes ao
banco ativo de germoplasma de maniçoba do Departamento de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da UFPB (DZO/CCA/UFPB). A divergência genética entre os 55
acessos de maniçoba foi estimada mediante o uso de marcadores moleculares RAPD.
Para a caracterização molecular foram feitas extrações de DNA genômico, PCR
utilizando marcadores RAPD, em seguida eletroforese. A partir dos dados obtidos com
as reações de RAPD, foi construída a matriz de dissimilaridade utilizando o
complemento (1-C) do coeficiente de similaridade Jaccard. Com base na matriz de
dissimilaridade foi realizada análise de agrupamento método de UPGMA utilizando
programa
genes.
Os 10
iniciadores
RAPD testados geraram
72
fragmentos
amplificados, sendo 38 locos polimórficos e 34 locos monomórficos, sendo o iniciador
OPD1 e OPD2 os mais polimórficos, gerando 21 e 24 bandas polimórficas
respectivamente. Por outro lado, o iniciador OPD5 não revelou nenhum polimorfismo.
Pôde-se observar a formação de 6 grupos, demonstrando que há diversidade genética
entre os acessos avaliados. Os pares de acessos mais similares foram 3 x 49; 7 x 49; 17
x 49 e 29 x 49 (0,027), e o acesso mais dissimilar foi 49 x 55 (0,460). Com base nos
resultados obtidos, sugerem-se como potenciais genitores os acessos 5 Santa Cruz, 7
Junco, 46 Juazerinho, 36 Pocinhos, 55 Juazerinho, e 50 Picuí para cruzamentos futuros
no programa de melhoramento genético dessa espécie de alto potencial forrageiro.
Palavras-chave: diversidade genética, germoplasma, maniçoba, polimorfismo
24
Manihot genetic variability among accessions using RAPD marker
ABSTRACT
This study aimed to analyze the genetic diversity among accessions of Manihot spp.
using molecular markers. Fifty-five accessions belonging to active genebank manicoba
Department of Animal Science Center of Agricultural Sciences were evaluated UFPB
(DZO / CCA / UFPB) were evaluated. The genetic diversity among 55 accessions of
maniçoba was estimated by using RAPD markers. For molecular characterization of
genomic DNA extractions were made using PCR RAPD then electrophoresis. From the
data obtained with the RAPD reactions, the dissimilarity matrix was constructed using
the complement (1-C) of the Jaccard similarity coefficient. Based on the dissimilarity
matrix cluster analysis using UPGMA method program genes was performed. The 10
RAPD primers tested yielded 72 amplicons, 38 polymorphic loci and 34 monomorphic
loci, being the initiator and OPD1 OPD2 the most polymorphic, generating polymorphic
21:24 respectively. On the other hand, the initiator OPD5 revealed no polymorphism.
Could observe the formation of 6 groups, demonstrating that there is genetic diversity
among accessions. The more pairs of similar accessions were 3 x 49; 7 x 49; 17 x 49
and 29 x 49 (0,027), and most dissimilar access was 49 x 55 (0,460). Based on the
results obtained, are suggested as potential parents accesses Santa Cruz 5, 7 Reed, 46
Juazerinho, 36 Pocinhos, Juazerinho 55, and 50 Picuí for future crosses in breeding this
species of high forage potential program.
Keywords: genetic diversity, germplasm, manicoba, polymorphism
25
INTRODUÇÃO
O Semiárido brasileiro é caracterizado por apresentar um baixo regime
pluviométrico, com chuvas irregulares durante e entre os anos, com predominância de
Neossolo litólico (EMBRAPA, 2006) o que dificulta a produção de volumosos para
produção animal (LIMA, 1996). Com isso, faz-se necessário à busca por alimentos
alternativos de qualidade para suprir o déficit de forragem nos período de estiagem.
Dentre as espécies encontradas na Caatinga com suporte forrageiro para ser
explorado, destaca-se a Maniçoba (Manihot spp.), pertencente a família Euphorbiaceae.
Esta espécie de ocorrência natural no Brasil, especificamente na região da Caatinga, é
encontrada nas diversas áreas que compõem o Semiárido do Nordeste (BELTRÃO et
al., 2006). O gênero Manihot é constituído por um grande número de espécies cuja
origem se deu no Novo Mundo, de forma que no Brasil e no México elas formam
centros de diversidade distintos (NASSAR, 2000).
Segundo Nassar (2006) espécies silvestres de Manihot, embora pouco estudadas,
apresentam importantes reservatórios de alelos de interesse a serem transferidos para
espécies cultivadas buscando o desenvolvimento de variedades melhoradas que sejam
mais resistentes a fatores bióticos e abióticos com possibilidade de expressarem maior
produtividade.
Uma das grandes dificuldades quanto ao o uso de espécies de Manihot em
programas de melhoramento genético é a limitação por não estarem prontamente
disponíveis ou muitas delas, por se tratarem de espécies silvestres, apresentarem
dificuldade de estabelecimento fora do seu ambiente natural. Além do pouco
conhecimento sobre os aspectos da biologia reprodutiva, da constituição genômica e da
relação filogenética (LEDO et al., 2011).
Descritores morfológicos, agronômicos, bioquímicos e moleculares são
utilizados para caracterizar e avaliar germoplasma. Nascimento et al. (2008) afirmam
que essa caracterização, consiste em fornecer uma identidade para cada acesso por meio
do uso de uma série de descritores que permitam estudar sua variabilidade genética.
Vieira et al. (2010) afirmam que dentre as diversas técnicas utilizando
marcadores moleculares, o polimorfismo de DNA amplificado ao acaso (RAPD) merece
destaque, pelo baixo custo, pela rápida e fácil execução bem como pelo fato de não
exigir a síntese de iniciadores específicos.
26
Os avanços recentes nas técnicas de biologia molecular têm fornecido
ferramentas úteis para os estudos genéticos de diversas espécies de plantas (FALEIRO,
2007).
Rimoldi et al. (2010) estudando a diversidade genética em 14 espécies do gênero
Manihot verificaram a formação de grupos divergentes por meio da utilização de
marcadores moleculares RAPD. Costa et al. (2003) por meio destes marcadores
moleculares RAPD puderam estimar a similaridade genética entre cultivares de
mandioca-doce comprovando a eficiência de sua utilização.
A caracterização torna-se o ponto de partida para o conhecimento da
variabilidade, sendo indispensável para o manejo de coleções de germoplasma, sendo
possível obter dados para descrever, identificar e diferenciar acessos dentro de espécies,
classes ou categorias, utilizando para isso descritores adequados (QUEROL, 1988;
VICENTE et al., 2005).
Além disso, a caracterização de plantas com base apenas em características
morfológicas também pode ser frequentemente sujeitos a erros resultantes das variações
nas condições ambientais, especialmente se as cultivares em estudo é de origem
semelhante, ou se algumas características agronômicas não são específicas
(CARVALHO E SCHAAL, 2001; COLLARD et al., 2005).
O uso de marcadores moleculares pode permitir, entre outros aspectos, a
detecção de diferenças genéticas significativas entre os acessos mais próximos, quando
comparado com o uso de descritores agronômicos e morfológicos (COLLARD et al.,
2005) e a associação da caracterização molecular com as características agronômicas e
morfológicas, de acessos mantidos em bancos de germoplasma. Isso torna mais
confiável e reduz consideravelmente o grau de dificuldade de detectar as diferenças
entre indivíduos geneticamente próximos (CHAVARRIAGA-AGUIRRE et al., 1999;.
ZACHARIAS et al., 2004; KIZITO et al., 2007.; ZANNOU et al., 2009).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade genética entre e de acessos de
(Manihot spp.), pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade
Federal da Paraíba, por meio de marcadores moleculares RAPD.
27
MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados cinquenta e cinco acessos do gênero Manihot. SP, sendo 53
provenientes de microrregiões do Cariri Paraibano e 2 de regiões do estado de
Pernambuco. No Cariri Paraibano foram coletados acessos de Soledade, Juazerinho,
Pocinhos, Boa Vista, Sumé, Monteiro, Barra de Santa Rosa, Picuí, Pedra Lavrada,
Junco do Seridó, Cubati, Barra de Santana e ao longo da BR 230 entre os municípios de
Boa Vista e Pocinhos, e no Estado de Pernambuco os acessos foram coletados nos
municípios de Taquaritinga do Norte e Santa Cruz do Capibaribe. Todos
georeferenciados com o auxílio de um aparelho GPS (Global Position System)
(Apêndice 1).
De cada acesso foram retiradas quinze estacas com no mínimo 3 gemas,
fazendo-se um corte em bisel a 0,5 cm acima da gema. Em seguida foram desinfetadas
permanecendo por 15 mim em solução de hipoclorito de sódio a 2% e água na
proporção (1:1 v/v), após a esterilização foram mergulhadas em uma solução de AIB 15
mg.L-1, dissolvido em água destilada, por 15 min. posteriormente foram plantadas em
sacos de poliestireno contendo substrato comercial.
As mudas permaneceram em casa de vegetação por um período de 2 meses, até
total enraizamento, após o período de permanência na casa de vegetação foram
transplantadas em covas sob um espaçamento de 1x1 m entre (linha x coluna),
estabelecendo assim o banco ativo de germoplasma (BAG)
do Departamento de
Zootecnia, localizado no município de Areia na microrregião do Brejo Paraibano, com
latitude 6°58‟ S e longitude 35°41‟ W, a uma altitude de 618 m e apresentando um
clima tropical úmido, com verão seco, estação chuvosa com início em janeiro ou
fevereiro e término em setembro, podendo se adiantar até outubro. A temperatura média
é de 23º C, a umidade relativa média de 80% e a precipitação média anual são de 1.400
mm (MASCARENHAS et al., 2005).
Aproximadamente 60 dias pós-estabelecimento, iniciaram-se as avaliações e
coleta de material vegetal. As análises foram realizadas no Laboratório de Biotecnologia
do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia (PB)
(CCA/UFPB).
O DNA genômico foi extraído a partir de folhas jovens coletadas de cada acesso
do BAG, utilizando o método do brometo de cetiltrimetilomônio (CTAB), adaptado do
protocolo descrito por Ferreira e Grattapaglia (1995) (Anexo 1).
28
Na obtenção dos marcadores RAPD, foram utilizados 10 iniciadores decâmeros
da série Operon (Operon Biotechnologies) recomendados por Beltrão (2006), conforme
descritos na (Tabela 1).
Tabela 1. Sequência dos 10 iniciadores utilizados nas reações de RAPD com suas
respectivas sequências de bases.
Iniciador
Sequencia de bases
(5‟-3‟)
OPD1
OPD2
OPD3
OPD4
OPD5
OPD6
OPD7
OPD8
OPD9
OPD10
5'-ACCGCGAAGG-3'
5'-GCACCCAACC-3'
5'-CTCGCCGTCA-3'
5'-TCTGGTGAGG-3'
5'-TGAGCGGACA-3'
5'-ACCTGAACGG-3'
5'-TTGGCACGGG-3'
5'-GTGTGCCCCA-3'
5'-CTCTGGAGAC-3'
5'-GGTCTACACC-3'
A quantificação do DNA foi realizada imediatamente após a extração, as
amostras de DNA foram submetidas à análises de concentração e pureza por meio da
leitura de absorbância em 260 nm (UV - Concentração do DNA em mg/mL =
Absx100x50 µg/mL) e em 280 nm (quantificação de proteínas) no espectrofotômetro
(Eppendorf Bio-Photometer Plus).
As reações de amplificação foram realizadas em um volume final de 25 µL,
contendo 0,2 U de enzima Taq DNA polimerase (5 U), tampão da enzima 2,5 μmol L1
(10x), 1,5 μmol L-1 de MgCl2 (50 mM), 0,5 μmol L-1 de dNTP (10 mM), 2,5 μmol L-1
de iniciador (10 μM), 2 μL de DNA genômico (50 ng) e 15,8 μL de água ultra pura.
Na etapa de amplificação dos segmentos de DNA, foi utilizado termociclador
modelo TC-Plus Techne Bibby Scientific Ltd. O programa consistiu de desnaturação
inicial a 94ºC por 5 min, seguido por 30 ciclos de desnaturação a 94ºC por 1 min, 36°C
por 1 min, 72°C por 2 mim e extensão final a 72ºC por 5 min, posteriormente, a
temperatura foi reduzida para l0°C.
Os produtos amplificados por PCR foram separados por eletroforese em gel de
agarose a 1,5% em tampão de TAE 1X contendo como corante brometo de etídio
mg/mL) sendo 3 µL de brometo de etídio /200 mL de tampão TAE.
(10
29
Após a amplificação, foram adicionadas a cada 10 µL da amostra amplificada, 2
µL 1x de DNA Loading Blue I 10x, homogeineizado e aplicados 10 µL em cada poço
do gel, utilizou-se 5µL do padrão de peso molecular de 1Kb Plus DNA Ladder - 1
µg/µL. A corrida se deu em cuba de eletroforese à 70v por aproximadamente 1h e
30min. Os géis foram visualizados e visualizados em fotodocumentador modelo GeoLogic 212 Pro-Carestream.
Os produtos das reações de amplificação (marcadores RAPD) foram classificados
da seguinte forma: presença (1) e ausência (0) de bandas e convertidos em uma matriz
de dados binários a partir da qual foi estimada a similaridade genética entre os acessos,
por meio do coeficiente de similaridade de Jaccard (Sj) (JACCARD, 1908).
Sj = a/(a + b + c),
onde;
a, presença da banda nos dois acessos i e j;
b, presença da banda no acesso i e ausente no acesso j; e
c, ausência no acesso i e presença no acesso j.
O ponto de corte do dendrograma e definição dos grupos foram gerados pelo
método hierárquico descrito por Mojena (1977) que sugere procedimento baseado no
tamanho relativo dos níveis de fusões (distâncias) no dendrograma. Cuja proposta é
selecionar o número de grupos no passo j que, primeiramente, satisfizer a inequação:
aj > qk
onde:
aj, valor de distância do nível de fusão correspondentes aos passo j(j=1,2,....,g-1);
qk, valor referencial de corte, dado por:
qk= a +ksa
onde:
a, média;
Sa, desvio padrão dos valores de a;
30
k, constante cujo valor a ser adotado como regra para definição dos grupos é
igual a 1,25.
Assim, tem-se que:
1
a=
g-1
g-1
Ʃ
j=1
Sa
aj
e
=
√
g-1
aj
j=1
1
-
g-1
g-1
2
aj
j=1
/
g- 2
Com base na matriz de dissimilaridade, foi construído um dendrograma por meio
do método de agrupamento da distância média entre grupo (UPGMA). A análise de
bootstrap foi realizada para verificar e dar suporte estatístico aos nós internos dos
dendrogramas gerados por meio do método de agrupamento UPGMA. O ajuste entre a
matriz de dissimilaridade e o dendrograma foi estimado pelo coeficiente de correlação
cofenética (r), conforme SOKAL & ROHLF (1962), por meio do programa Genes
(CRUZ, 2006).
31
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos 10 iniciadores utilizados foi possível gerar um total de 72 bandas
amplificadas, onde 38 fragmentos foram polimórficos e 34 monomórficos, sendo os
primers 1, 2, 4 e 8 os que apresentaram os maiores números de amplificações (Tabela
2). Estes resultados demonstram haver
diversidade genética entre os 55 acessos
avaliados.
Tabela 2. Número de fragmentos amplificados, fragmentos polimórficos e
monomórficos obtidos para os 55 acessos utilizando os 10 iniciadores RAPD.
Iniciador
(Primer)
Sequencias de bases
(5‟-3‟)
Fragmentos
amplificados
Fragmentos
polimórficos
Fragmentos
monomórficos
OPD1
OPD2
OPD3
OPD4
OPD5
OPD6
OPD7
OPD8
OPD9
OPD10
5'-ACCGCGAAGG-3'
5'-GCACCCAACC-3'
5'-CTCGCCGTCA-3'
5'-TCTGGTGAGG-3'
5'-TGAGCGGACA-3'
5'-ACCTGAACGG-3'
5'-TTGGCACGGG-3'
5'-GTGTGCCCCA-3'
5'-CTCTGGAGAC-3'
5'-GGTCTACACC-3'
21
24
1
7
0
1
5
9
1
3
72
12
21
1
0
0
1
1
2
0
0
38
9
3
0
7
0
0
4
7
1
3
34
O número de marcadores amplificados variaram de 24 (OPD-2) a 0 (OPD-5). A
ausência de produtos de amplificação para o iniciador (OPD-5) pode ser indicativo do
não “anelamento” do iniciador à fita- molde de DNA.
O número de fragmentos polimórficos variaram de 21 (OPD-2) a 0 (OPD-4,
OPD-5, OPD-9 e OPD-10). Observou-se, dentre os fragmentos amplificados, a
ocorrência de bandas específicas aos indivíduos podendo ser visualizados na Figura 2,
com tamanhos variando entre 100 a 2000 pb, número de fragmentos esperado dentro
da faixa de valores quando se utiliza marcadores do tipo RAPD. Rimoldi et al. (2010)
utilizando marcadores RAPD em Manihot esculenta encontraram perfis de bandas de
fragmentos polimórficos variando de 150 a 2000 pares de bases. Mardadores RAPD
produzem, normalmente, amplificações entre duas e dez bandas visíveis na faixa de 400
pb a 2.000 pb (Bowditch et al.,1993; Mignouma et al., 1998).
32
Os resultados demonstram haver ampla variabilidade genética entre os 55 acessos
avaliados, o que
concordam
com os
resultados
de
(FARIAS et al., 1997;
CHAVARRIAGA - AGUIRRE et al., 1999; ZACHARIAS et al., 2004; PERONI et al.,
2007; KIZITO et al., 2007; SIQUEIRA et al., 2009) realizados em seus estudos com
espécie do gênero Manihot utilizando marcadores moleculares os quais verificaram
ampla variabilidade, ratificando a eficiência do uso de marcardores em diferenciar os
genótipos.
A matriz de dissimilaridade genética gerada a partir de dados de RAPD encontrase na (Tabela 3). Os pares de acessos mais similares foram 3 x 49; 7 x 49; 17 x 49 e 29
x 49 (0,027), enquanto que o par de acesso mais dissimilar foi 49 x 55 (0,460) dentre
todas as distâncias entre os acessos, tornando–os mais indicados para ser utilizados
como genitores no programa de melhoramento de Manihot spp. Segundo Cruz e
Regazzi (1997) a distância genética entre os acessos deve ter prioridade dentre os
critérios de escolha de genitores em um programa de melhoramento, uma vez que a
variabilidade é condição fundamental para o processo de seleção.
33
Tabela 3. Matriz de dissimilaridade genética obtida do complemento aritmético do coeficiente de dissimilaridade de Jaccard com base em marcador
molecular RAPD, entre os 55 acessos de Manihot ssp. Areia, PB
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15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
1
0
2
3
4
0.070 0.130 0.048
0 0.106 0.068
0 0.128
0
5
0.150
0.209
0.261
0.190
0
6
0.143
0.159
0.174
0.140
0.105
0
7
0.170
0.184
0.196
0.167
0.261
0.250
0
8
0.163
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0.229
0.200
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0.167
0.191
0
9
0.143
0.159
0.213
0.140
0.105
0.100
0.213
0.075
0
10
0.159
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0.224
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0.163
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0
11
0.093
0.152
0.204
0.091
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0
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0.095
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0
13
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0.200
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0
14
0.213
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0.235
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0.178
0.200
0.234
0.178
0.265
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0.213
0.149
0
15
0.136
0.111
0.167
0.133
0.190
0.140
0.204
0.200
0.182
0.234
0.174
0.136
0.191
0.130
0
16
0.234
0.208
0.255
0.229
0.209
0.116
0.220
0.217
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0.229
0.271
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0.191
0
17
0.245
0.220
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0.208
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0.184
0
18
0.255
0.229
0.275
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0.222
0.204
0.200
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0.280
0.213
0.229
0.204
0
19
0.239
0.250
0.327
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0.171
0.244
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0.200
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0.188
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0
20
0.229
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0.180
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0
21
0.125
0.186
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0.227
0.277
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0
22
0.250
0.260
0.200
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0
23
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0
24
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0.200
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0.200
0.250
0.222
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0
25
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0
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0
27
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0.224
0.196
0.159
0.089
0.068
0.130
0
34
Continuação Tabela 3
Acesso
1
2
3
4
5
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42
43
44
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46
47
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54
55
29
0.314
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30
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0
32
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0.081
0
45
0.171
0.227
0.239
0.209
0.029
0.128
0.277
0.150
0.128
0.190
0.209
0.171
0.227
0.244
0.209
0.227
0.277
0.209
0.190
0.261
0.056
0.244
0.171
0.128
0.227
0.209
0.227
0.227
0.277
0.128
0.227
0.190
0.081
0.105
0.081
0.227
0.105
0.081
0.054
0.125
0.205
0.029
0.056
0.028
0
46
0.277
0.320
0.358
0.306
0.171
0.244
0.358
0.261
0.244
0.292
0.306
0.277
0.320
0.333
0.306
0.320
0.358
0.306
0.292
0.346
0.190
0.333
0.277
0.244
0.320
0.306
0.320
0.320
0.358
0.244
0.320
0.292
0.209
0.227
0.209
0.320
0.227
0.209
0.227
0.277
0.333
0.171
0.190
0.209
0.190
0
47
0.205
0.255
0.300
0.239
0.128
0.209
0.300
0.227
0.209
0.222
0.239
0.205
0.292
0.306
0.277
0.292
0.333
0.277
0.222
0.320
0.103
0.306
0.205
0.209
0.292
0.277
0.292
0.292
0.333
0.167
0.292
0.261
0.125
0.190
0.171
0.217
0.190
0.171
0.190
0.244
0.306
0.128
0.150
0.171
0.150
0.261
0
48
0.370
0.404
0.433
0.393
0.292
0.346
0.433
0.358
0.346
0.382
0.393
0.370
0.404
0.414
0.393
0.404
0.433
0.393
0.382
0.424
0.306
0.414
0.370
0.346
0.404
0.393
0.404
0.404
0.433
0.346
0.404
0.382
0.320
0.333
0.320
0.404
0.333
0.320
0.333
0.370
0.414
0.292
0.306
0.320
0.306
0.382
0.327
0
49
0.393
0.424
0.452
0.414
0.320
0.370
0.452
0.382
0.370
0.404
0.414
0.393
0.424
0.433
0.414
0.424
0.452
0.414
0.404
0.443
0.333
0.433
0.393
0.370
0.424
0.414
0.424
0.424
0.452
0.370
0.424
0.404
0.346
0.358
0.346
0.424
0.358
0.346
0.358
0.393
0.433
0.320
0.333
0.346
0.333
0.404
0.321
0.115
0
50
0.271
0.280
0.321
0.300
0.209
0.277
0.352
0.255
0.277
0.250
0.300
0.234
0.314
0.358
0.333
0.346
0.382
0.300
0.286
0.340
0.186
0.358
0.271
0.277
0.346
0.333
0.346
0.346
0.382
0.239
0.346
0.320
0.205
0.261
0.244
0.346
0.261
0.244
0.261
0.306
0.327
0.209
0.227
0.244
0.227
0.320
0.217
0.216
0.245
0
51
0.222
0.271
0.280
0.255
0.150
0.227
0.314
0.244
0.227
0.239
0.255
0.222
0.306
0.320
0.292
0.306
0.346
0.292
0.239
0.333
0.125
0.320
0.222
0.227
0.306
0.292
0.306
0.306
0.346
0.186
0.306
0.277
0.146
0.209
0.190
0.306
0.209
0.190
0.167
0.222
0.286
0.150
0.171
0.146
0.125
0.277
0.205
0.275
0.302
0.196
0
52
0.239
0.286
0.294
0.271
0.171
0.244
0.327
0.261
0.244
0.255
0.271
0.239
0.320
0.333
0.306
0.320
0.358
0.306
0.255
0.346
0.146
0.333
0.239
0.244
0.320
0.306
0.320
0.320
0.358
0.205
0.320
0.292
0.167
0.227
0.209
0.320
0.227
0.209
0.186
0.239
0.300
0.171
0.190
0.167
0.146
0.292
0.222
0.220
0.250
0.250
0.159
0
53
0.327
0.364
0.397
0.352
0.277
0.333
0.397
0.346
0.333
0.340
0.352
0.327
0.393
0.404
0.382
0.393
0.424
0.382
0.340
0.414
0.255
0.404
0.327
0.333
0.393
0.382
0.393
0.393
0.424
0.300
0.393
0.370
0.271
0.320
0.306
0.364
0.320
0.306
0.320
0.327
0.404
0.277
0.292
0.306
0.292
0.340
0.280
0.273
0.268
0.269
0.260
0.240
0
54
0.340
0.375
0.407
0.364
0.292
0.346
0.407
0.358
0.346
0.352
0.364
0.340
0.404
0.414
0.393
0.404
0.433
0.393
0.352
0.424
0.271
0.414
0.340
0.346
0.404
0.393
0.404
0.404
0.433
0.314
0.404
0.382
0.286
0.333
0.320
0.375
0.333
0.320
0.333
0.340
0.414
0.292
0.306
0.320
0.306
0.352
0.294
0.345
0.367
0.315
0.308
0.255
0.137
0
55
0.358
0.364
0.368
0.382
0.277
0.333
0.424
0.314
0.333
0.340
0.382
0.327
0.364
0.404
0.382
0.393
0.424
0.352
0.370
0.386
0.292
0.404
0.358
0.333
0.393
0.382
0.393
0.393
0.424
0.333
0.393
0.370
0.306
0.320
0.306
0.333
0.320
0.306
0.286
0.294
0.345
0.277
0.292
0.271
0.255
0.308
0.314
0.443
0.460
0.364
0.327
0.340
0.351
0.304
0
35
O dendrograma gerado a partir da análise de agrupamento usando o método
UPGMA e baseado na matriz de dissimilaridade genética obtida por meio do
complemento aritimético do coeficiente de similaridade de Jaccard é mostrado na
Figura 1.
Os 55 acessos de Manihot avaliados foram agrupados em seis grupos principais,
sendo o grupo VI, o que apresentou maior número de acessos (47), subdividido em dois
subgrupos. É possível observar a existência de variabilidade entre e dentro dos
subgrupos, a qual pode ser atribuída ao fato de esses acessos pertencerem a espécies
selvagens ou pouco domesticadas.
A maior distância foi obtida entre acessos 5 e 50 provenientes dos municípios de
Santa Cruz do Capiberibe (PE) e de Picuí respectivamente, indicando que estes acessos
são candidatos potenciais como fonte de variabilidade no programa de melhoramento
desta espécie, podendo os mesmo ser utilizados como possíveil genitores.
Colombo et al. (2000) utilizando marcadores RAPD em estudo com 126 genótipos
de mandioca distribuídos em quatro escalas geográficas, verificaram alta diversidade
genética, ilustrando que o uso dos marcadores RAPD pode ser útel para estudos de
diversidade genética das coleções possibilitando avaliação ou formação de uma coleção,
e especialmente, construção de um mapa genético. Podendo ainda serem considerados
válidos para identificação ou caracterização de cultivares, estabelecimento de distância
genética entre genótipos ou identificação de linhas idênticas em uma coleção de clones.
Costa et al. (2003) utilizando marcadores moleculares RAPD em acessos do
gênero Manihot confirmaram a existência de grande variabilidade genética, assim como
Mezette et al. (2013) em estudo de diversidade genética de acessos de mandioca
coletadas de diferentes regiões do Brasil, verificaram a existência de grande diversidade
genética entre os genótipos sendo a maior parte da diversidade genética distribuída no
interior das regiões devido o elevado fluxo gênico.
Os acessos Juazeirinho 55, Pocinhos 36 e Juazeirinho 46 pertencentes aos
grupos III, IV e V respectivamente, foram distintos em relação ao restante, o que os
tornam os mais divergentes entre os 55 acessos avaliados tendo o seu material genetico
diferenciado dos demais, podendo ser selecionados como possíveis genitores dentro de
um programa de melhoramento.
Lokko et al. (2006), Siqueira et al. (2009, 2010) utilizando marcadores
moleculares em mandioca verificaram uma maior variação dentro dos grupos do que
36
entre grupos. Já Mühlen (1999) em estudos comparativos entre espécies selvagens do
gênero Manihot e a espécie cultivada Manihot esculenta, observou que as espécies
selvagens contêm igual ou maior variabilidade genética que as espécies cultivadas pelo
fato de espécies selvagens se encontrarem em ambientes não controlados, se
intercruzam aumentando assim a variabilidade.
Segundo Martins & Oliveira (2009) a ampla variabilidade pode ser justificada
pelo fato de que espécies do gênero Manihot terem o sistema reprodutivo que favorece a
polinização cruzada, além de poder ser propagada vegetativamente facilitando a
dispersão dos genótipos e consequentemente, a troca de alelos.
O dendrograma gerado a
partir dos dados de dissimilaridade de Jaccard
(Figura 3) apresentou valores de “bootstrap” baixos (38% e 45%). No entanto, a
dissimilaridade de 81% e 93%, proporcionaram a confiabilidade na formação dos ramos
do dendrograma. Segundo Cruz (2006), valores acima de 90% representam a junção
verdadeira significativa, inferindo na consistência e adequando o dendrograma para
representação de dissimilaridade e similaridade entre genótipos avaliados.
VI
69 %
81 %
45 %
V
IV
III
II
93 %
38 %
I
Figura 1. Dendrograma resultante da análise de agrupamento obtido pelo método UPGMA a partir de 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.) baseado nos dados da matriz de dissimilaridade genética obtidos pelo complemento aritmético dos coeficientes de similaridade de
Jaccard , utilizando-se 10 marcadores RAPD. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100 repetições.
A correlação cofenética obtido entre a matriz de distância de dissimilaridade e a
matriz de distância cofenética, obtido a partir do dendrograma, foi de elevada magnitude
(r=0,83**) considerada alta e adequada, evidenciando a consistência dos agrupamentos
(Tabela 4).
Tabela 4. Correlação cofenética baseado nos dados moleculares (RAPD) avaliados nos
55 acessos de maniçoba (Manihot spp.)
Correlação cofenética (CCC):
Graus de liberdade:
Valor de t:
Probabilidade:
Distorção(%):
Estresse (%):
0.8332
1483
58.0312
.0 **
3.4813
18.6589
Segundo Vaz Patto et al. (2004), r > 0,56 é considerada ideal, pois indica haver
boa concordância entre a matriz de dissimilaridade e a de agrupamento.
Além disso, também foram observados porcentagens de distorções (3,48%) e de
estresse (18,65%) que segundo a escala de Kruskal (1964) são classificados como bons,
mostrando um bom ajuste entre a matriz de similaridade genética e a representação
gráfica do dendrograma.
CONCLUSÃO
O uso dos marcadores moleculares RAPD mostra ser eficiente em avaliar a
variabilidade genética entre os acessos de Manihot.
Com base nos resultados, a partir do uso de marcadores moleculares, os acessos
5 Santa Cruz, 7 Junco, 46 Juazerinho, 36 Pocinhos, 55 Juazerinho, e 50 Picuí podem
ser utilizados para tomada de decisão ao longo de um futuro programa de melhoramento
genético dessa espécie como forrageira alternativa.
39
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44
CAPÍTULO II
Caracterização morfológica e agronômica de acessos de Manihot spp.
procedentes de microrregiões do Semiárido brasileiro
45
Caracterização Morfológica e Agronômica de Acessos de Manihot spp.
procedentes do Semiárido Brasileiro
RESUMO
Para explorar a diversidade genética de espécies silvestres ou cultivadas são necessárias
a caracterização e avaliação dos acessos, auxiliando ao melhorista escolher os parentais
com potenciais a serem utilizados em programas de melhoramento genético. O objetivo
deste estudo foi realizar a caracterização morfológica e morfoagronômica de espécies
silvestres de Manihot provenientes do Semiárido brasileiro pertencentes à coleção do
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Para a caracterização
dos 55 acessos foram usados 12 descritores qualitativos e 18 quantitativos.
A
dissimilaridade foi gerada pela matriz de distância generalizada de Manhalanobis (D²), e
a análise de agrupamento foi obtida pelo método UPGMA. Foi possível verificar a
formação de 8 grupos de dissimilaridade com base nos caracteres morfológicos e 5
grupos para os caracteres morfométricos, evidenciando a presença de diversidade
genética entre os acessos avaliados. A variável de maior contribuição relativa foi o
comprimento entre os lóbulos central (19,17%), também houve efeito significativo
(P<0,05) para praticamente todos os caracteres morfométricos avaliados. Com base na
matriz de dissimilaridade os acessos 16 x 48 foram os mais distantes geneticamente e os
acessos 47 x 49 os mais próximos. Os acessos 4 Monteiro, 16 Soledade, 38 Boa Vista,
3 Pedra Lavrada, 7 Junco, 10 Barra de Santa Rosa, 21 Monteiro e 39 Junco, são os
mais promissores, podendo ser
utilizados como genitores em programa de
melhoramento dessa importante espécie forrageira.
Palavras-chave: banco de germoplasma, descritores, diversidade genética
46
Morphological and Agronomic Access Manihot spp. coming from the Brazilian
semiarid
ABSTRACT
To explore the genetic diversity of wild and cultivated species, characterization and
evaluation of accessions, helping the breeder to choose parenting with potential for use
in breeding programs are needed. The aim of this study was to perform a morphological
and morphoagronomic of wild Manihot species from the Brazilian semiarid region
belonging to the collection of the Center for Agricultural Sciences, Federal University
of Paraíba. To characterize the 55 hits 12 quantitative and 18 qualitative descriptors
were used. The dissimilarity matrix was generated by Manhalanobis generalized
distance (D²), and cluster analysis was obtained by the UPGMA method. It was possible
to verify the formation of 8 groups of dissimilarity based on morphological characters
and 5 groups for morphometric characters, indicating the presence of genetic diversity
among accessions. The variable of greatest relative contribution was the length between
the central lobe (19.17%), there was also a significant effect (P<0.05) for almost all
evaluated morphometric characters. Based on the dissimilarity matrix 16 x 48
accessions were the most genetically distant accessions and 47 x 49 nearby. 4 accesses
Monteiro, 16 Soledad, 38 Boa Vista, 3 Pedra Lavrada, 7 Junco, 10 Barra de Santa Rosa,
Monteiro 21 and 39 Junco, are the most promising and could be used as parents in
breeding program of this important forage species.
Key words: germplasm bank, describers, genetic diversity
47
INTRODUÇÃO
O gênero Manihot spp. é constituído por um grande número de espécies cuja
origem se deu no Novo Mundo, de forma que no Brasil e no México elas formam
centros de diversidade distintos (NASSAR, 2000). Essa ampla variabilidade é atribuída
ao processo de seleção natural, ocorrido durante a evolução das espécies na pré e pósdomesticação (FUKUDA e SILVA, 2002). De acordo com Almeida et al. (1993), os
processos de propagação sexuada e assexuada e a deiscência de seus frutos no campo
são as causas principais dessa diversificação, isto se da pelo sistema de polinização
cruzada (alogamia).
A maniçoba é uma planta de ocorrência natural na Caatinga, pertencente a
família Euforbiaceae, sendo encontradas nas diversas áreas que compõem o Semiárido
nordestino. Possui grande persistência à seca, devido ao seu sistema de raízes tuberosas
bastante desenvolvidas, onde acumulam as suas reservas sólidas e água, sendo uma das
primeiras espécies da Caatinga a desenvolver sua folhagem logo após o início do
período chuvoso (CASTRO, 2004). Desempenha importante papel no cenário
nordestino, especialmente na região semiárida, onde é utilizada para manutenção dos
rebanhos de animais domésticos por ocasião de secas prolongadas. Pode ser considerada
como uma forrageira de alta palatabilidade, por ser bastante procurada pelos caprinos,
ovinos, eqüinos e bovinos (MARTINS et al., 2007).
As espécies arbóreas de Manihot ocorrem na Região Nordeste e, assim como as
espécies herbáceas do Centro-Oeste, possuem fracas barreiras de isolamento
reprodutivo o que tem levado a uma extensiva hibridação natural, dificultando a
taxonomia e delimitação dessas espécies (BELTRÃO et al., 2006).
O uso dos descritores morfométricos e morfológicos possibilita diferenciar as
características fenotípicas que permitirão a fácil identificação e diferenciação a partir de
um banco de germoplasma no campo, tendo em vista que a espécie apresenta alto grau
de diversidade. Geralmente, esses descritores têm alta herdabilidade, sugerindo que
estão expressas mesmo em ambientes diferentes (FUKUDA e GUEVARA, 1998).
Segundo Nascimento et al. (2008) a caracterização morfológica, agronômica e
molecular, consiste em fornecer uma identidade para cada acesso através do uso de
uma série de descritores que permitam estudar sua variabilidade genética. Gusmão e
Neto (2008) avaliando acessos de mandioca concluíram que a diversidade morfométrica
e morfológica constitui uma importante ferramenta para a identificação e diferenciação
48
daqueles com algumas características semelhantes e detecção de materiais duplicados
em bancos genéticos, que eventualmente recebem diferentes nomenclaturas em locais
distintos.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a diversidade
e o potencial genético da maniçoba por meio das características morfométricas e
morfológicas, caracterizando-a e de forma a disponibilizá-la aos programas de
melhoramento da espécie em banco de germoplasma.
49
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido na área experimental pertencente ao Departamento
de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba,
Campus II – Areia, PB.
Utilizou-se para fins de caracterização, 55 acessos de maniçoba no estágio
reprodutivo maturação, compreendido entre final de floração e início de frutificação,
sendo selecionadas para avaliação 3 plantas por acesso, localizadas na linha central,
todos pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade Federal da
Paraíba. Os acessos do BAG foram oriundos do Semiárido brasileiro, especificamente
dos municípios de Soledade, Juazerinho, Pocinhos, Boa Vista, Sumé, Monteiro, Barra
de Santa Rosa, Picuí, Pedra Lavrada, Junco do Seridó, Cubati, Barra de Santana e ao
longo da BR 230 entre os municípios de Boa Vista e Pocinhos (todos no Estado da
Paraíba) e Taquaritinga do Norte e Santa Cruz do Capibaribe (no Estado de
Pernambuco), todos os acessos foram georeferenciados com o auxílio de um aparelho
GPS (Global Position System) (Apêndice, capítulo I).
Os acessos foram espaçados de 1,0 m entre linhas por 1,0 m entre plantas,
permitindo às plantas expressarem todo o potencial de desenvolvimento, evitando
competição intergenotípica, e assegurando material vegetativo para renovação, bem
como de multiplicação dos mesmos destinados à pesquisa. Utilizou-se para
caracterização, 12 descritores morfológicos, e 18 descritores agronômicos, conforme
metodologia descrita por FUKUDA et al. (2010).
Os caracteres morfológicos avaliados foram: tipo de planta, cor da folha apical,
forma do lóbulo central, cor da nervura, número de lóbulos, hábito de crescimento, cor
dos ramos terminais nas plantas adultas, níveis de ramificação, posição do pecíolo,
comprimento das estípulas, sinuosidade do lóbulo foliar e cor do pecíolo da folha verde.
As variáveis foram avaliadas por estimativas visuais, com base nos descritores da
(Tabela 1).
50
Tabela 1. Descrição dos caracteres morfológicos utilizados na caracterização dos
acessos de Manihot spp.
Caráter
Classes fenotípicas
Tipo de planta
1- Compacta
2- Aberta
3- Guarda Sol
4- Cilíndrica
Cor da folha apical
1-Verde Claro
2-Verde Escuro
3-Verde Arroxeado
Forma do lóbulo central
1-Ovóide
2-Elíptica-Lanceolada
3-Obovada-Lanceolada
4-Lanceolada
Cor da nervura
1-Verde
2-Verde com vermelho em menos da metade
do lóbulo
Número de lóbulo
1-Três Lóbulos
2-Cinco Lóbulos
3-Sete Lóbulos
4-Nove Lóbulos
Hábito de crescimento
1-Reto
2-Zig-zag
Cor dos ramos terminais nas plantas adultas
1-Verde
2-Verde Arroxeado
3-Roxo
Níveis de ramificação
1-Uma
2-Duas
3-Três
4-Quatro
5-≥ Cinco
Posição do pecíolo
1-Inclinado para cima
2-Horizontal
Comprimentos das estípulas
1- Curta
2- Longa
Sinuosidade do lóbulo foliar
1-Liso
2-Sinuoso
Cor do pecíolo da folha verde
1-Verde Avermelhado
2-Vermelho
3-Roxo
51
Para as características morfométricas foram medidas, as variáveis de
crescimento: AP - altura de planta (cm) utilizando uma fita métrica, a partir da base do
solo até ápice da folha; DMC- diâmetro médio do caule (mm) com paquímetro digital a
20 cm do solo. Além destas variáveis foram realizadas contagens do NGA- número de
gemas axilares, NR- número de ramos, NF- número de folhas, NFL número de flores,
NRFL- número de ramos florais, NFR- número de Frutos, NFS – número de folhas
senescentes. (Figura 1).
(a)
(g)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(h)
(i)
Figura 1. Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.): ( a ) altura da planta (cm); ( b ) diâmetro do caule (mm), ( c ) número total de gemas axilares; ( d )
número total de ramos por planta; ( e ) número total de folhas; ( f ) número de flores; ( g ) número de
ramos florais; ( h ) número de frutos e ( i ) número de folhas senescentes.
52
Após a planta atingir maturidade, final de floração e início de frutificação, foram
retirados de cada acesso 3 folhas completas de onde se tomou as medidas de: CPFcomprimento de pecíolo da folha (cm), utilizando uma régua graduada, medido a partir
da inserção do pecíolo na haste principal até a inserção da folha; DBPF- diâmetro da
base do pecíolo da folha (mm); DMPF- diâmetro médio do pecíolo da folha (mm);
DSPF- diâmetro superior do pecíolo da folha (mm), com auxílio de um paquímetro
digital; CLC- comprimento do lóbulo central (cm) medido a partir da inserção do
pecíolo na haste principal até o ápice do lóbulo mediano da folha; LMLC- largura
mediana do lóbulo central (cm), LSLC- largura superior do lóbulo central (cm), CLMcomprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm) , CLBF- comprimento entre os
lóbulos basais da folha, todas realizadas com uma régua graduada (Figura 2).
Os dados quantitativos foram submetidos a ajustes de normalidade por meio da
equação: x‟= √(x+0,5). Os caracteres quantitativos obtidos foram submetidos à análise
de variância e as médias foram agrupadas por meio do teste de critério de Scott Knott
(1974), a 5% de probabilidade. Em seguida, a dissimilaridade foi gerada pela distância
generalizada de Manhalanobis (D²) e a análise de agrupamento foi obtida pelo método
UPGMA (SNEATH & SOKAL, 1973). A análise de bootstrap foi realizada para
verificar e dar suporte estatístico aos nós internos dos dendrogramas gerados por meio o
método de agrupamento UPGMA utilizando-se o programa Genes (CRUZ, 2006).
O ponto de corte do dendrograma e definição dos grupos foram gerados pelo
método hierárquico descrito por Mojena (1977) que sugere procedimento baseado no
tamanho relativo dos níveis de fusões (distâncias) no dendrograma, conforme inequação
descrita anteriormente no capítulo I.
A validação dos agrupamentos foi determinada pelo coeficiente de correlação
cofenético (Sokal e Rohlf, 1962).
A quantificação da contribuição relativa das
características morfométricas na divergência genética foi estimada utilizando a
metodologia proposta por Singh (1981).
53
(j )
( o )
( r )
( l )
( m )
( n )
( p )
( q )
( s )
( t )
Figura 2 - Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de
maniçoba (Manihot spp.): ( j ) comprimento do pecíolo da folha (cm); ( l ) diâmetro da
base do pecíolo da folha (mm); ( m ) diâmetro da porção mediana do pecíolo da folha
(mm); ( n ) diâmetro proximal do pecíolo da folha (mm); ( o ) comprimento do lóbulo
central (cm); ( p ) largura do lóbulo central (cm); ( q ) largura superior do lóbulo
mediano (cm); ( r ) comprimento entre os lóbulos basais da folha (cm); ( s )
comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm); ( t ) número e formato de lóbulos
das folhas.
54
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos evidenciaram a existência de variabilidade genética
(Figuras 3 e 4).
Para os caracteres morfológicos (Figura 3), a partir do corte no
dendrograma, em aproximadamente 70%, foi observada a formação de 8 grupos de
dissimilaridade, evidenciando a presença de diversidade entre os acessos avaliados,
onde a maioria
se concentraram no grupo VIII com total de 26 acessos dos 55
avaliados. O grupo VI e o grupo I apresentaram apenas um único indivíduo isolado,
sendo o acesso do grupo I o mais distante geneticamente quando comparado com os
demais. Os demais grupos, apesar de menos populosos verifica-se variabilidade entre os
acessos de um mesmo local de origem.
Vieira et al. (2007) estudando a diversidade genética de 356 genótipos de
Manihot esculenta utilizando os descritores morfológicos semelhantes aos avaliados
nesta pesquisa detectaram ampla variabilidade genética entre os acessos avaliados,
Afirmam que o uso dos descritores morfológicos é apropriado em programas de
melhoramento para expressar a variabilidade presente em um banco de germoplasma a
partir de avaliações de múltiplos caracteres.
Resultados semelhantes foram também obtidos por Campos et al. (2010)
avaliando a caracterização de 53 genótipos do gênero Manihot, utilizando análise de
agrupamento com base em características qualitativas e quantitativas, demonstraram ser
essas eficientes no estudo de diversidade servindo de suporte para trabalhos de
melhoramento.
A menor dissimilaridade encontrada foi entre os acessos Junco 7 e Barra de
Santa Rosa 10, a maior entre Junco 7 e Pedra Lavrada 3, podendo os mesmos serem
utilizados em programa de melhoramento. Essa distância genética provavelmente pode
se dar por se tratar de acessos originários de localidades opostas impossibilitando a
troca de material genético entre eles.
O coeficiente de correlação cofenético (CCC) obtido entre a matriz de distância
de dissimilaridade e a matriz de distância cofenética, foi de (r= 0,74*) com uma baixa
distorção e baixo estresse (Tabela 2), considerado alto e adequado, indicando uma boa
correlação entre as matrizes de distância e de agrupamento. Cruz e Carneiro (2006)
quanto maior o CCC menor será a distorção do agrupamento havendo a concordância
entre os valores originais de dissimilaridade e os representados pelo dendrograma,
possibilitando a confiabilidade nos dados gerados.
55
Apresentou ainda porcentagens de distorções (4,79%) e de estresse (21,90%) que,
segundo a escala de Kruskal (1964) são classificados como bons, mostrando um bom
ajuste entre a matriz de similaridade genética e a representação gráfica do dendrograma
(Tabela 3).
Tabela 2. Correlação cofenética de 12 caracteres morfológicos avaliados nos 55 acessos
de (Manihot spp.).
Correlação cofenética (CCC):
0,74
Graus de liberdade:
1483
Valor de t:
41,828
Probabilidade:
0,000 *
Distorção (%):
4,7991
Estresse (%):
21,9069
A análise dos resultados obtidos com base nas classes fenotípicas e suas
respectivas frequências podem afirmar que os acessos pertencentes ao BAG de
maniçoba, apresentam variabilidade genética, uma vez que apenas para o caráter
crescimento de estípulas não foi detectada variabilidade, todos os acessos avaliados
apresentam estípulas curtas, os demais caracteres apresentaram ampla variabilidade.
Esses resultados permitem o estabelecimento da hipótese de que esses acessos possuem
ampla base genética, o que pode ser explicada pelo fato de se tratar de espécies
consideradas selvagens (Tabela 4).
Segundo Asare et al. (2011) as características morfológicas são úteis para a
avaliação preliminar, pois oferecem uma abordagem fácil e rápida para avaliar a
extensão da diversidade.
Dentre os caracteres avaliados nas classes fenotípicas, os mais importantes para
utilização da espécie como forrageira são: tipo de planta, cor da folha, número de
lóbulos, hábito de crescimento, níveis de ramificação, conforme os resultados
apresentados na (Tabela 3).
Dentre os caracteres considerados observou-se que dos 55 acessos avaliados 28
apresentaram tipo de planta cilíndrica correspondendo a 50,91%, cor de folhas verde
escuro 90,91%, 85,45% com cinco lóbulos, 52,73% com hábito de crescimento reto,
níveis de ramificação acima de 5 sendo representado por 41,82%, esses fatores poderão
56
ser levados em consideração na escolha dos acessos em futuros programas de
melhoramento da espécies, pois proporcionarão um melhor manejo, aproveitamento
fotossintético, e uma maior produção de folhas, e consequentemente uma maior
produção de forragem.
57
VIII
VII
VI
V
IV
III
II
I
Figura 3. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de
dissimilaridade genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), utilizando-se 12 descritores morfológicos.
58
Tabela 3. Caracteres avaliados nas classes fenotípicas (morfologia) e frequência de
acessos em cada uma das classes.
Caráter
Classes fenotípicas
Tipo de planta
1- Compacta
2- Aberta
3- Guarda Sol
4- Cilindrica
1-Verde Claro
2-Verde Escuro
3-Verde Arroxeado
1-Ovóide
2-Elíptica-Lanceolada
3-Obovada-Lanceolada
4-Lanceolada
1-Verde
2-Verde com vermelho em
menos da metade do lóbulo
1-Três Lóbulos
2-Cinco Lóbulos
3-Sete Lóbulos
4-Nove Lóbulos
1-Reto
2-Zig-zag
1
14
12
28
4
50
1
3
3
46
3
42
Frequência de
acessos (%)
1,82
25,45
21,82
50,91
7,27
90,91
1,82
5,45
5,45
83,64
5,45
76,36
13
4
47
3
1
29
26
23,64
7,27
85,45
5,45
1,82
52,73
47,27
1-Verde
2-Verde Arroxeado
3-Roxo
1-Uma
2-Duas
3-Três
4-Quatro
5-≥ Cinco
1-Inclinado para cima
2-Horizontal
1- Curta
2- Longa
1-Liso
2-Sinuoso
1-Verde Avermelhado
2-Vermelho
3-Roxo
28
26
1
5
9
6
12
23
29
26
55
0
38
17
42
9
4
50,91
47,27
1,82
9,09
16,36
10,91
21,82
41,82
52,73
47,27
100,00
0,00
69,09
30,91
76,36
16,36
7,27
Cor da folha apical
Forma do lóbulo central
Cor da nervura
Número de lóbulos
Hábito de crescimento
Cor dos ramos terminais nas plantas
adultas
Níveis de ramificação
Posição do pecíolo
Comprimentos das estípulas
Sinuosidade do lóbulo foliar
Cor do pecíolo da folha verde
N° de acessos
Dos 18 caracteres quantitativos avaliados, pode-se observar a existência de
diferenças significativas (P<0,05) entre os acessos para 14 variáveis. Esses resultados
revelam a existência de variabilidade fenotípica entre os acessos avaliados, podendo ser
59
levados em consideração para a definição de estratégias de conservação de
germoplasma, bem como o seu uso no programa de melhoramento genético de
maniçoba. Nick et al. (2010) demonstraram através dos resultados da análise de
variância, diferenças para todas as características fenotípicas avaliadas, retratando a
presença de variabilidade para os caracteres agronômicos semelhantes aos utilizados
nesse estudo, comprovando a eficiência das mesmas em estudos de diversidade.
Essa existência de ampla variabilidade fenotípica era esperada uma vez que os
genótipos avaliados foram de origens diversas (Apêndice, capítulo I). Essa divergência
genética encontrada possibilitará a tomada de decisão na escolha das características
desejáveis nos futuros genitores, visando a obtenção de uma cultivar forrageira de alta
produção de biomassa com alta qualidade de forragem e excelente palatabilidade.
Vieira et al. (2008) verificaram diferenças para todos os caracteres quantitativos
aferidos, semelhantes ao dessa pesquisa, o que revela a existência de diferenças no
potencial agronômico dos genótipos e justificaram ampla variabilidade uma vez que
foram avaliados acessos de diferentes origens.
Os valores de herdabilidade foram altos, acima de 70%, exceto para a variável
CLBF (48,72%). Os maiores valores de herdabilidade encontrados foram para as
variáveis LMLC (97,2%) e CLMF (98,02%) seguido do NR (83,86%), NFolhas
(85,74%) e AP (83,13%), características favoráveis para produção de forragem,
auxiliando na escolha dos acessos como genitores para o melhoramento da espécie
como forragerira. Valores altos de herdabilidade devem ser considerados na eficiência
do processo seletivo das características a serem melhoradas.
A relação entre o coeficiente de variação genético/coeficiente de variação
ambiental (CVg/CVe) foi maior do que 1 para todas as características, com maior ênfase
para CLMF (4,08) e LMLC (3,40), indicando a eficácia na seleção de plantas com base
nessas características, potencializando a expressão do genótipo no ambiente.
60
Tabela 4. Análise de variância de 18 características morfométricas avaliadas em 55 acessos de (Manihot spp.)
Quadrados médios
FV
GL
AP
DMC(mm)
NGA
NR
N Folhas
NFL
NRFL
NFR
NFS
Acesso
54
8.27*
0.89*
0.18*
1.95*
21.23*
1.04*
0.46*
6.4*
5.24*
Resíduo
110
1.39
0.1
0.03
0.31
3.02
0.04
0.07
1.28
0.84
Total
164
Média
10.97
4.7
3.37
2.28
7.05
0.81
0.83
2.02
1.99
CV (%)
10.75
6.82
5.15
24.56
24.67
25.32
33.11
55.74
46.13
1.28
1.59
1.30
1.32
1.42
2.81
1.29
1.15
1.32
83.13
88.41
83.58
83.86
85.74
95.95
83.4
80
83.91
Razão CVg/CVe
Herdabilidade (%)
Quadrados Médios
FV
GL
CPF (cm)
DBPF (mm)
ns
DMPF (mm)
0.08
ns
DSPF (mm)
CLC (cm)
LMLC (cm)
LSLC (cm)
CLMF
CLBF
0.56*
1.05*
0.18*
3.21*
0.96 ns
0.08
0.02
0.03
0.06
0.49
Acesso
54
0.78*
0.15
Resíduo
110
0.09
0.03
Total
164
Média
3.71
2.2
1.96
2.17
3.78
2.87
2.37
3.56
4.09
CV (%)
8.19
8.77
6.81
6.24
7.84
5.97
7.59
7.06
17.16
Razão CVg/CVe
1.58
1.01
1.13
1.93
1.35
3.40
1.23
4.08
0.56
0.01
0.22
ns
0.01
Herdabilidade (%)
88.2
75.36
79.27
91.76
84.45
97.2
82
98.02
48.72
AP= altura de planta; DMC= diâmetro médio do caule (mm); NGA= número de gemas axilares; NR= número de ramos; NFolhas= número de folhas; NFL= número de
flores; NRFL= número de ramos florais; NFR= número de frutos; NFS= número de folhas senescentes; CPF= comprimento de pecíolo da folha (cm); DBPF= diâmetro
da base do pecíolo da folha (mm); DMPF= diâmetro médio do pecíolo da folha (mm); DSPF= diâmetro superior do pecíolo da folha (mm); CLC= comprimento do
lóbulo central (cm); LMLC= largura mediana do lóbulo central (cm); LSLC= largura superior do lóbulo central (cm); CLMF= comprimento entre os lóbulos medianos
da folha (cm); CLBF= comprimento entre os lóbulos basais da folha.
ns
- não significativo
61
Verificou-se a formação de grupos distintos com base na comparação de médias
dos caracteres quantitativos. A variável com maior número de grupos distintos foi
DMC formando seis grupos cujas médias variaram de 10,73 mm para o acesso 53 a
36,49 mm para o acesso 16 (Tabela 5). Essa característica confere a planta, capacidade
de suporte e sustentação da mesma, principalmente por se tratar de uma espécie
arbustiva-arborea.
Para as variáveis, altura de planta (AP), número de gemas axilares (NGA),
número de ramos florais (NRF), número de folhas senescentes (NFS) houve a formação
de três grupos (a, b e c) (P<0,05) pelo teste de Scott Knott.
Dos 55 acessos avaliados, para a variável altura de planta, 11 acessos ficaram
agrupados no grupo (a) sendo consideradas plantas de maior porte com valores que
variaram de 226,30 cm para o acesso 24 a 155,30 cm acesso 1; 27 acessos no grupo b
(porte mediano) variando entre 147,50 cm para o acesso 33 e 115,00 cm para o acesso
43. As de porte menores ficaram no grupo c, 17 acessos, variando entre 100,40 cm para
o acesso 34 e 58,60 cm para o acesso 53.
Segundo Rós et al. (2011) a altura da planta é uma característica importante para a
adequação do espaçamento, para a definição do potencial de competição com plantas
daninhas e para a utilização das ramas como material de propagação, plantas mais altas
e ramificadas geralmente tendem a ter um maior potencial de produção de folhagem. De
acordo com Tomich et al. (2008), a altura de plantas adultas do gênero Manihot
normalmente varia de um a dois metros, embora algumas variedades alcancem quatro
metros. Plantas altas, contudo, também são mais susceptíveis ao acamamento, o que
dificulta o processo de colheita do material, além de diminuir a atividade fotossintética
(GOMES et al., 2007).
Os menores grupos formados foram para as variáveis número de flores (NFlores),
número de frutos (NFrutos), comprimento entre os lóbulos basais da folha (CLBF),
formando apenas 2 grupos por variáveis analisadas. O número de Flores e Frutos deve
ser levado em consideração para a espécie quando se deseja realizar cruzamentos entre
os acessos e propagação dos mesmos por meio de sementes.
Para número de ramos (NR), número de folhas (NFolhas), diâmetro da base do
pecíolo da folha (DBPF), diâmetro médio do pecíolo da folha (DMPF), comprimento do
lóbulo central (CLC) e largura superior do lóbulo central (LSLC) formaram 4 grupos.
Para comprimento de pecíolo da folha (CPF), diâmetro superior do pecíolo da folha
(DSPF), comprimento entre os lóbulos medianos da folha (CLMF) foram formados 5
62
grupos. Essas características são importantes na escolha dos genitores, pois, busca-se
utilizá-la como forrageira, uma vez que as mesmas poderão proporcionar uma maior
produção de matéria seca.
Os maiores valores encontrados para comprimento entre os lóbulos mediano das
folhas foram entre os pertencentes ao grupo a, variando entre 28,30 cm para o acesso 3 e
24,15 cm para o acesso 30 podendo esses serem selecionado com possível genitor, em
se tratando da utilização da espécie como forrageira.
Ledo et al. (2011) afirmaram que a relação entre comprimento/largura do lóbulo
central, bem como a largura do lóbulo central exercem influência sobre a taxa
fotossintética e, por consequência, na produção de massa foliar.
A característica que mais divergiu pelo teste de média foi a largura mediana do
lóbulo central (LMLC) formando 8 grupos distintos com maiores valores, variando
entre 16,00 cm para o acesso 15 e 18,50 cm para o acesso 18, ambos pertencentes ao
grupo a (4 acessos), e os menores valores para os acessos 48 e 53 com 3,80 cm e 3,30
cm respectivamente, os demais se distribuíram em grupos intermediários. Barbosa
(2013) em estudo sobre a caracterização morfométrica dos clones de mandioca,
encontrou para a maioria de seus clones avaliados uma média entre 4,4 cm e 2,98 cm e
afirma que lóbulos foliares estreitos permitem menor sombreamento entre as folhas da
mesma planta, o que possibilita uma melhor distribuição e utilização dos raios solares
para a fotossíntese. Observou também no mesmo estudo que as cultivares de lóbulos
estreitos e intermediários expressam maiores produções em relação às cultivares de
lóbulos largos.
63
Tabela 5. Agrupamento de médias de 18 caracteres morfométricos avaliados em 55 acessos de (Manihot spp.)
Acesso
AP
(cm)
DMC
(mm)
NGA
NR
N Folhas
NFL
NRFL
N frutos
NFS
CPF
(cm)
DBPF
(mm)
DMPF
(mm)
DSPF
(mm)
CLC
(cm)
LMLC
(cm)
LSLC
(cm)
CLMF
(cm)
CLBF
(cm)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
155,30a
133,60b
115,20b
176,10a
111,00b
79,00c
153,00a
146,00b
143,00b
108,50c
165,30a
144,30b
121,30b
150,00b
117,30b
173,00a
143,30b
169,30a
150,00b
127,60b
144,30b
63,50c
77,60c
226,30a
118,00b
79,60c
76,60c
164,00a
32,37b
26,90c
16,81e
35,17a
17,65e
16,52e
20,66d
20,81d
20,82d
24,52c
28,54c
25,53c
19,55d
28,41c
20,64d
36,49a
26,73c
25,65c
26,47c
21,02d
23,44c
19,57d
17,84e
29,76b
20,87d
18,34d
16,19e
25,25c
90b
55b
22b
198a
29b
10c
27a
21b
28c
100a
94b
42b
36b
35b
37b
138a
36b
48a
41b
18b
16b
8c
16c
54a
17b
37c
17c
39a
11b
11b
1d
16a
2d
1d
4c
5c
2d
8b
9b
11b
5c
6b
6b
23a
8b
10b
5c
1d
4c
1d
1d
11b
6b
4c
1d
9b
199a
104b
20d
142a
32d
31d
54c
72b
12d
112b
54c
81b
54c
72b
38c
188a
39c
62c
62c
12d
43c
7d
27d
106b
41c
32c
23d
120b
2b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
26a
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
5b
0c
1c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
2c
0c
9a
0c
0c
2c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
28a
0b
0b
22a
3b
1b
12a
1b
4b
18a
24a
7b
10b
20a
1b
0b
4b
5b
26a
8b
2b
1b
1b
7b
3b
1b
0b
2b
25a
12a
1c
33a
7c
0c
15b
3c
1c
24a
13b
22a
2c
0c
6c
22a
8b
12b
1c
2c
4c
3c
5c
8b
11b
2c
3c
8b
17,50b
16,20b
17,50b
8,50e
17,00b
12,30d
17,40b
17,60b
14,10c
10,10d
13,80c
10,10d
10,00d
6,50e
15,80c
18,00b
12,80c
12,30c
12,60d
13,30c
16,60b
9,00d
10,10d
16,00c
10,60d
6,80e
13,70c
15,10c
7,58a
4,5b
6,28a
2,83d
5,29b
3,32d
5,60a
3,79c
4,50b
3,69c
4,58b
3,80c
4,62b
2,86d
6,21a
4,74b
4,74b
5,02b
5,44a
3,95c
4,27c
3,90c
3,19d
3,58c
4,12c
3,05d
3,62c
5,84a
4,78b
3,64c
5,89a
2,29d
3,55c
2,85d
4,26b
3,62c
3,38c
4,09c
3,61c
3,08d
3,5c
2,55d
3,80c
3,01d
3,83c
3,64c
3,69c
3,58c
3,79c
2,92d
2,89d
3,27c
3,08d
2,17d
3,73d
3,32c
5,12b
4,82c
7,89a
2,81e
4,33c
3,89d
4,82c
4,52c
4,12d
3,2e
4,48c
3,39d
4,15d
2,33e
4,85c
3,38d
4,61c
4,82c
3,82d
3,98d
4,62c
2,55e
3,05e
3,85d
3,39d
2,21e
2,94e
4,03d
18,83a
15,66b
19,5a
11,5c
14,33b
12,23c
17,3a
17,83a
13,00c
10,50d
14,23b
16,33b
13,83c
13,00c
19,07a
18,83a
19,33a
18,50a
12,17c
10,33d
17,66a
13,66c
12,16c
16,33b
12,88c
11,1c
15,83b
19,83a
8,50e
5,83f
9,07d
6,50f
6,00f
4,25h
7,50e
7,50e
7,15e
4,75g
7,05e
12,15b
12,50b
11,10c
16,00a
15,50a
14,50a
14,50a
12,00b
12,00b
12,50b
11,20c
10,30c
11,60b
11,30c
9,30d
14,00b
14,00b
6,60a
3,50d
8,60a
4,30c
4,80c
4,30c
5,30b
5,55b
5,60b
3,90d
5,90b
5,80b
6,20b
5,60b
7,05a
5,25b
7,00a
7,00a
7,00a
6,10b
6,65a
5,10b
4,50c
6,65a
5,50b
4,65c
4,80c
5,80b
23,00a
21,45b
28,30a
17,80c
19,30b
13,10d
19,00b
21,50b
12,90d
12,75d
16,25c
4,80e
4,65e
4,00e
5,60e
3,50e
5,90e
5,30e
5,50e
5,30e
5,50e
3,60e
4,00e
5,15e
4,30e
3,80e
4,00e
5,15e
21,80a
19,30a
27,80a
15,65b
17,15a
15,65b
17,10b
21,40a
20,90a
13,95b
20,50a
15,65b
10,00b
7,60b
20,90a
19,25a
21,50a
21,00a
21,00a
11,55b
16,15b
16,00b
14,00b
19,30a
16,15b
13,65b
15,50b
18,50a
AP= altura de planta; NGA= número de gemas axilares; DMC= diâmetro médio do caule (mm); NR= número de ramos; NFolhas= número de folhas; NFL número de flores, NRFLnúmero de ramos florais; NFR= número de frutos; NFS= número de folhas senescentes; CPF= comprimento de pecíolo da folha (cm); DBPF= diâmetro da base do pecíolo da folha
(mm); DMPF= diâmetro médio do pecíolo da folha (mm); DSPF= diâmetro superior do pecíolo da folha (mm); CLC= comprimento do lóbulo central (cm); LMLC= largura mediana
do lóbulo central (cm); LSLC= largura superior do lóbulo central (cm); CLMF= comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm); CLBF= comprimento entre os lóbulos basais
da folha.
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si do grupo genético a 5% pelo teste Scott-Knott.
64
Continuação Tabela 5
Acesso
AP
(cm)
DMC
(mm)
NGA
NR
N Folhas
NFL
NRFL
N frutos
NFS
CPF
(cm)
DBPF
(mm)
DMPF
(mm)
DSPF
(mm)
CLC
(cm)
LMLC
(cm)
LSLC
(cm)
CLMF
(cm)
CLBF
(cm)
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
142,60b
145,30b
178,00a
98,60c
147,50b
100,40c
168,70a
121,30b
77,30c
161,80a
136,00b
142,00b
126,00b
100,50c
115,00b
117,30b
134,00b
63,40c
88,50c
64,00c
88,00c
82,30c
112,30b
118,00b
58,60c
80,60c
84,00c
18,86d
28,50c
30,23b
19,60d
22,52d
17,33e
27,25c
17,60e
14,65e
29,20b
20,53d
21,70d
18,62d
19,53d
21,83d
23,82c
21,51d
18,30d
16,52e
18,60d
16,52e
16,75e
16,56e
16,34d
10,73f
20,77d
18,73d
20b
22b
41a
6c
16b
7c
134a
35b
6c
86a
39b
31b
19b
7c
35b
31b
24b
8c
10c
8c
8c
8c
17b
24b
3c
4c
10c
3d
5c
8b
1d
9b
3c
15a
6b
5c
10b
5c
6b
5c
3c
4c
4c
4c
1d
2d
1d
2d
1d
1d
3c
2d
2d
2d
37c
74b
72b
25d
52c
14d
163a
37c
44c
194a
57c
60c
49c
42c
24d
67b
73b
17d
38c
17d
41c
12d
19d
44c
25d
35c
45c
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
0b
1b
1b
0b
1c
0c
0c
0c
0c
0c
1c
0c
0c
0c
1c
0c
0c
0c
1c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
1c
1c
0c
4b
0b
15a
0b
0b
3b
15a
2b
2b
40a
3b
16a
7b
0b
7b
1b
29a
0b
0b
0b
0b
0b
0b
4b
0b
3b
3b
2c
0c
3c
0c
0c
3c
9b
4c
3c
2c
2c
5c
2c
2c
1c
16b
1c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
0c
1c
15,50c
24,80a
13,00c
9,20d
19,80b
11,80d
15,80c
9,90d
9,80d
9,50d
12,10d
16,30b
13,90c
16,50b
8,00e
21,30a
13,00c
18,30b
16,40b
6,80e
13,80c
10,80d
15,50c
14,50c
13,50c
14,70c
13,10c
4,83b
5,42a
4,63b
3,99c
3,61c
4,22c
6,07a
4,89b
4,29c
3,99c
5,77a
5,54a
4,71b
4,55b
3,92c
5,46a
5,46a
4,09c
4,28c
2,68d
3,99c
3,05d
3,91c
4,22c
2,53d
4,56b
4,04c
4,44c
3,99b
2,97c
2,95d
3,35d
3,51c
3,96c
2,53c
2,28d
4,12d
4,03c
3,53c
3,60c
3,05c
4,45d
3,85b
3,61c
3,65c
2,20c
3,46d
2,80c
3,36d
2,91c
2,43d
3,71d
2,79c
2,81d
4,13d
9,24a
4,27c
5,27b
5,10b
3,78d
4,01d
4,38c
2,73e
2,94e
5,68b
4,28c
4,10d
4,45c
3,43d
4,81c
4,89c
6,25b
5,78b
3,48d
4,82c
3,95d
5,28b
5,27b
3,60d
5,78b
2,99e
16,17b
16,83b
18,33a
9,8d
13,13c
12,50c
15,87b
12,50c
9,5d
11,5c
13,67c
18,83a
15,67b
15,33b
9,67d
16,83b
14,50b
14,37b
11,83c
7,67d
11,47c
10,37d
11,88c
10,60d
7,80d
10,27d
10,30d
12,00b
8,40e
12,50b
5,00g
5,90f
5,70f
6,20f
5,30g
5,00g
5,50g
6,80e
7,30e
5,20g
5,00g
3,80h
8,20d
5,80f
6,20f
5,30g
3,50h
6,25f
4,10h
5,05g
4,60g
3,30h
3,60h
5,00g
5,10b
7,00a
5,10b
3,50d
5,20b
4,15c
4.50c
3,50d
4,50c
4,50c
5,50b
4,85c
3,30d
4,05c
3,30d
6,30a
5,15b
5,55b
5,40b
3,05d
5,65b
3,80d
5,60b
4,70c
3,60d
6,00b
4,70c
4,80e
24,15a
4,80e
13,60d
17,85c
13,80d
22,00b
16,15c
12,80d
14,65d
16,30c
24,50a
17,50c
22,15b
14,15d
26,15a
17,30c
21,65b
20,30b
10,80d
17,23c
16,10c
19,50b
14,10d
12,60d
19,35b
11,20d
15,60b
26,00a
19,80a
11,25b
17,45a
18,15a
19,80a
16,30b
15,30b
15,50b
19,15a
24,65a
19,00a
14,80b
13,30b
13,00b
12,65b
24,50a
16,00b
9,40b
15,60b
15,40b
14,45b
17,10a
9,50b
11,15b
16,00b
AP= altura de planta; NGA= número de gemas axilares; DMC= diâmetro médio do caule (mm); NR= número de ramos; NFolhas= número de folhas; NFL número de flores, NRFLnúmero de ramos florais; NFR= número de frutos; NFS= número de folhas senescentes; CPF= comprimento de pecíolo da folha (cm); DBPF= diâmetro da base do pecíolo da folha
(mm); DMPF= diâmetro médio do pecíolo da folha (mm); DSPF= diâmetro superior do pecíolo da folha (mm); CLC= comprimento do lóbulo central (cm); LMLC= largura mediana
do lóbulo central (cm); LSLC= largura superior do lóbulo central (cm); CLMF= comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm); CLBF= comprimento entre os lóbulos basais
da folha.
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si do grupo genético a 5% pelo teste Scott-Knott.
65
Neste trabalho, pôde-se detectar diferenças de variação, sendo a variável de
maior contribuição o comprimento entre os lóbulos central representando 19,17%,
característica de grande importância em se tratando da utilização da espécie como
forrageira, pois o tamanho de folha pode inferir num maior percentual de massa foliar
(Tabela 6).
Tabela 6. Contribuição relativa dos 18 caracteres para diversidade - SINGH(1981)
Distância Generalizada de Mahalanobis
Variável
Comprimento entre os lóbulos centrais (cm)
S.j
62328.8829
Valor em %
19.17
Número de gemas axilares
61970.9438
19.06
Altura de Planta
54819.8265
16.86
Largura mediana do lóbulo central (cm)
43704.9942
13.44
Número de flores
28904.2794
8.89
Diâmetro superior do pecíolo da folha (mm)
12768.1688
3.93
Número de folhas
9773.5790
3.01
Diâmetro médio do caule (mm)
8148.2219
2.51
Comprimento do lóbulo mediano (cm)
7153.7547
2.20
Comprimento de pecíolo da folha (cm)
7125.7525
2.19
Número de ramos florais
6890.6698
2.12
Número de frutos
5762.5876
1.77
Número de folhas senescentes
4688.1113
1.44
Comprimento entre os lóbulos basais da folha (cm)
2635.6303
0.81
Largura superior do lóbulo central (cm)
2590.6523
0.79
Número de ramos
2224.0705
0.68
Diâmetro da base do pecíolo da folha (mm)
2146.7035
0.66
Diâmetro médio do pecíolo da folha (mm)
1435.2682
0.44
S.j.: Contribuição relativa de cada variável
Seguindo o critério de relevância, o número de gemas axilares contribuiu com
19.06%, altura de planta 16,86% e largura mediana do lóbulo central 13,44% (Tabela
7). O número de gemas produtivas tem grande importância para a ramificação e, assim,
pode contribuir para o aumento da produtividade de massa verde e seca, notadamente a
parte da planta mais utilizadas na alimentação animal.
As variáveis diâmetro da base e diâmetro médio do pecíolo da folha poderão ser
descartadas em futuros estudos de melhoramento da espécie, pois contribuíram apenas
com 0,66% e 0,44%, respectivamente, no estudo da diversidade entre os acessos.
66
A matriz de dissimilaridade genética gerada a partir de dados morfométricos
encontra-se na (Tabela 7) demonstrado a proximidade e distanciamento entre os acessos
avaliados.
O par de acessos mais similar foi 47 x 49 (1,464) podendo esse ser
descartado na escolha como genitor, se for levado somente em consideração à
proximidade genética, enquanto o par de acessos mais dissimilar foi 16 x 48 (209,592),
dentre todas as distâncias entre os acessos, o que os torna os mais indicados para serem
utilizado como genitor no programa de melhoramento de Manihot spp. no mapeamento
genético de genes de interesse. Segundo Cruz e Regazzi (1997), a distância genética
entre os acessos deve ter prioridade dentre os critérios de escolha de genitores em
programa de melhoramento, uma vez que a variabilidade é condição fundamental para o
processo de seleção.
67
Tabela 7. Matriz de dissimilaridade genética obtida pela distância generalizada de Mahalanobis com base nos caracteres morfométricos,
entre os 55 acessos de Manihot ssp. Areia, PB.
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26
27
28
1
0
2
3
4
48.218 61.775 77.019
0 59.489 30.697
0 132.861
0
5
58.969
16.896
35.581
55.074
0
6
102.282
35.326
65.782
62.952
12.562
0
7
40.567
16.837
38.161
48.613
8.993
36.674
0
8
53.729
12.993
34.340
45.716
9.211
22.777
13.855
0
9
69.137
26.574
37.191
56.416
4.903
9.658
18.634
11.482
0
10
59.982
19.801
88.679
15.242
26.457
38.281
20.589
28.261
31.320
0
11
38.644
14.650
50.391
24.613
15.465
34.906
10.645
13.214
15.410
12.625
0
12
59.552
22.836
77.971
20.646
27.840
39.588
21.861
23.310
26.867
16.421
13.366
0
13
73.274
39.467
64.170
51.023
21.022
26.673
20.677
25.978
18.833
27.359
23.906
15.545
0
14
93.854
64.541
123.105
39.290
52.800
43.693
53.690
52.018
43.619
34.736
40.612
25.879
18.241
0
15
53.557
32.261
30.057
72.473
18.768
40.761
19.360
18.850
17.127
49.093
22.879
21.972
21.141
60.344
0
16
78.374
115.574
182.637
122.025
147.076
172.133
134.400
128.627
149.750
131.579
120.972
107.268
138.915
133.973
126.186
0
17
49.719
25.432
39.854
47.931
22.167
41.845
17.787
14.726
17.668
34.006
12.688
10.734
19.253
45.494
5.419
113.653
0
18
44.902
25.337
47.061
42.159
26.992
51.037
18.135
17.573
24.715
31.127
12.325
9.293
21.031
47.138
8.617
107.651
1.808
0
19
41.134
43.311
52.044
52.800
26.285
41.776
25.688
26.383
18.428
31.961
15.020
25.052
18.884
31.652
21.274
119.477
17.283
17.815
0
20
81.940
41.094
57.269
57.049
15.741
19.812
21.422
24.063
9.886
29.393
22.609
22.394
7.229
27.217
22.746
151.853
20.928
25.929
17.606
0
21
56.333
24.614
38.274
52.163
14.164
28.757
13.222
9.797
11.532
31.339
14.452
13.387
11.010
37.733
6.827
121.885
4.277
7.262
15.747
10.394
0
22
113.121
54.677
76.611
75.361
25.677
13.296
48.279
39.196
15.304
52.939
44.361
34.568
24.447
39.166
31.884
168.911
34.666
46.287
39.376
17.819
27.699
0
23
107.944
42.385
80.463
59.053
21.158
8.628
40.884
31.977
15.168
37.945
38.247
26.576
19.257
32.628
33.960
158.660
33.940
42.516
38.717
13.734
24.059
3.965
0
24
55.720
30.245
76.500
30.277
40.625
62.031
28.645
21.585
37.894
27.977
17.031
13.711
29.564
41.392
29.472
104.418
14.171
9.216
23.913
33.547
15.596
65.831
55.124
0
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68.564
24.556
63.851
33.762
15.025
19.593
20.514
18.876
11.137
18.956
14.312
6.004
9.379
25.546
15.736
123.613
11.398
13.784
18.334
9.328
9.405
14.899
10.067
23.465
0
26
123.376
55.051
104.760
55.112
33.550
13.268
56.974
42.844
23.360
43.367
46.061
30.514
23.865
25.186
47.203
164.398
43.979
51.735
43.884
22.568
35.895
7.175
4.827
60.945
14.715
0
27
103.654
44.400
69.304
72.003
19.366
12.237
38.421
27.844
14.194
49.097
40.366
29.226
20.765
40.302
24.535
156.117
28.894
38.403
37.306
15.482
19.175
4.489
3.624
53.367
12.476
10.934
0
28
40.506
20.382
51.411
44.666
24.365
49.299
16.352
16.104
27.116
30.603
16.071
12.157
20.770
47.951
9.827
103.245
6.551
4.275
20.138
29.780
8.631
47.876
42.738
11.612
16.471
52.631
36.935
0
68
Continuação Tabela 7
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61.595
26.610
45.915
54.771
10.071
21.285
14.139
11.933
9.259
30.060
18.650
16.940
9.257
34.515
10.265
125.589
11.040
13.884
15.246
8.354
3.832
22.181
17.853
22.477
8.187
27.788
13.293
12.036
0
30
53.191
33.639
20.262
93.596
33.334
62.427
32.523
21.346
35.912
69.788
33.984
61.670
57.958
105.773
30.663
151.176
32.164
34.117
45.365
53.818
28.896
84.676
79.713
45.336
56.283
100.590
71.520
34.648
38.707
0
31
44.073
28.193
53.574
39.852
27.983
49.252
18.101
17.593
23.868
25.586
9.929
13.236
19.395
36.709
16.555
113.197
6.159
5.160
10.991
23.106
8.232
47.898
43.848
7.523
17.087
52.014
40.739
6.739
13.578
36.196
0
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102.475
36.106
70.305
61.314
16.089
6.332
35.155
29.430
14.889
35.047
36.600
40.907
22.175
41.265
45.407
174.830
44.917
51.891
43.299
18.314
31.467
21.167
14.013
63.487
22.246
19.279
21.999
50.545
22.774
62.181
49.451
0
33
67.701
15.409
50.548
43.553
12.982
20.344
21.437
6.163
13.265
30.128
17.288
27.456
25.496
47.554
27.780
130.867
22.987
25.186
30.947
23.056
14.773
41.573
32.405
24.555
20.551
39.298
31.917
24.450
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15.011
32.222
19.909
9.644
19.502
21.117
19.817
14.305
4.148
30.582
4.920
14.889
5.845
8.675
26.092
0
55
87.165
31.001
67.711
50.716
10.325
3.107
30.782
21.439
7.516
28.888
26.140
30.555
20.860
35.341
34.478
157.154
35.419
42.143
29.630
15.059
24.238
12.381
8.115
50.713
12.968
11.230
12.007
39.149
17.144
61.216
39.696
9.613
18.981
5.294
42.214
12.702
3.011
35.359
20.024
28.646
12.041
10.061
8.751
32.771
23.590
20.066
10.840
16.930
6.413
6.257
10.209
6.670
17.201
12.627
0
69
A análise de agrupamento realizada pelo método UPGMA, submetido a um corte
de cerca de 79%, possibilitou a formação de 5 grupos distintos bem distribuídos (Figura
4). Verifica-se a divergência entre e dentre os grupos, indivíduos de uma mesma
localidade pertencentes a grupos genéticos diferentes apresentando características
diferentes, podendo então ser utilizados para futuros trabalhos de melhoramento.
Campos et al. (2010) avaliando a divergência genética entre 53 acessos do gênero
Manihot, por meio de 28 descritores morfoagronômicos verificaram a formação de dez
grupos genético e concluíram que o gênero apresenta alto grau de variabilidade, sendo,
portanto, bastante diversificado, demonstrado que essas variáveis quando analisadas nas
espécies do gênero Manihot apresenta alta variabilidade, podendo ser levadas em
consideração dentro do estudo da análise de diversidade da espécie.
Araujo et al. (2012) avaliando 10 características quantitativas e 22 qualitativas,
semelhantes as utilizadas neste estudo, em 145 acessos de duas espécies silvestres de
Manihot, verificaram o agrupamento dos genótipos pelo método de UPGMA a
formação de 3 grupos de dissimilaridade, evidenciando a presença de diversidade
genética entre os genótipos avaliados, demonstrando eficiência dos descritores
morfológicos para a caracterização e estudos relacionados à determinação da
diversidade genética.
O dendrograma gerado a partir dos dados da matriz de dissimilaridade obtidos
pela distância generalizada de Mahalanobis (Figura 4), apresentou valores de
“bootstrap” com dissimilaridade de 89% e 92%, proporcionaram a confiabilidade na
formação dos ramos do dendrograma. Segundo Cruz (2006), esses valores representam
a junção verdadeira significativa, inferindo na consistência e adequando o dendrograma
para representação de dissimilaridade entre os acessos.
O coeficiente de correlação cofenético (Tabela 8) foi de 0,85%, indicando uma
alta correlação entre as matrizes de distância e de agrupamento. Quanto maior for o
valor da correlação, menor será a distorção provocada pelo agrupamento (MANLY,
2008). As porcentagens de distorções (11,42%) e de estresse (23,80%), segundo a escala
de Kruskal (1964) são classificados como bons, mostrando um bom ajuste entre a
matriz de similaridade genética e a representação gráfica do dendrograma.
70
Tabela 8. Correlação cofenética de 18 caracteres morfoagronômico avaliados nos 55
acessos (Manihot spp.).
Correlação cofenética (CCC):
Graus de liberdade:
Valor de t:
Probabilidade:
Distorção (%):
Estresse (%):
0,85
1483
61,678
0,0 **
11,42
23,80
71
V
75%
IV
53%
III
92%
II
I
Figura 4. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade genética,
obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), utilizando-se 18 descritores morfométricos. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100
repetições.
89%
72
CONCLUSÃO
Neste trabalho, observou-se que há variabilidade genética entre os acessos
avaliados com base nas características morfológicas e morfométricas e deve ser
considerada na escolha dos genitores potenciais em programa de melhoramento
genético com fins forrageiros.
Os acessos 4 Monteiro, 16 Soledade, 38 Boa Vista, 3 Pedra Lavrada, 7 Junco, 10
Barra de Santa Rosa, 21 Monteiro e 39 Junco, são os mais promissores como genitores.
73
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77
CAPÍTULO III
Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot
spp. pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB
78
Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot spp.
pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB
RESUMO
O objetivo do estudo foi analisar a diversidade genética entre acessos de maniçoba
(Manihot spp.), pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade
Federal da Paraíba, por meio de sua composição bromatológica e conteúdos de ácido
cianídrico. Foram utilizados 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.). As amostras
coletadas e devidamente armazenadas foram conduzidas ao Laboratório de Análise de
Alimento da UFPB. Para as avaliações da composição bromatológica determinou-se os
percentuais de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), material mineral (MM), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
nitrogênio indisponível em detergente ácido (NIDA), teores de lignina, celulose e
hemicelulose. Os carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não fibrosos (CNF),
digestibilidade in situ, fração indigestível (FNDi). Também foram realizadas análises de
determinação dos conteúdos de HCN. Para tanto foram coletadas folhas de 3 plantas
por acesso, em estádio de maturação completa, final de floração e início de frutificação.
Os resultados foram submetidos à análise de variância. A dissimilaridade foi gerada
pela matriz de distância generalizada de Manhalanobis (D²), e a análise de agrupamento
foi obtida pelo método UPGMA. Possibilitou a formação de 5 grupos de dissimilaridade
com base nos caracteres bromatológicos e 7 grupos para os conteúdos de HCN,
evidenciando a presença de diversidade genética entre os acessos avaliados. Houve
efeito significativo (P<0,05) para todos os caracteres bromatológicos avaliados. Com
base nos resultados de composição e conteúdos de HCN, os acessos 3 Pedra Lavrada,
10 Barra de Santa Rosa, 2 Barra de Santa Rosa,
Juazeirinho,
46 Juazeirinho, 50 Picuí,
54 Junco e
29 Barra de Santa Rosa, 41
21 Monteiro, são os mais
promissores, podendo ser utilizados como genitores em programa de melhoramento
dessa importante espécie forrageira.
Palavras-chaves: composição, diversidade, forragem
79
Bromatological review and HCN content of Manihot spp. belonging to the
Germplasm Bank of UFPB
ABSTRACT
The aim of the study was to analyze the genetic diversity among accessions manicoba
(Manihot spp.), Belonging to the Active Germplasm Bank (BAG), Federal University of
Paraíba, by their chemical composition and content of hydrocyanic acid. 55 hits
manicoba (Manihot spp.) Were used to collect and properly stored samples were
conducted at the Laboratory of Food Analysis UFPB. For reviews of the chemical
composition by determining the percentage of dry matter (DM), ether extract (EE),
mineral matter (MM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent
fiber (ADF), unavailable nitrogen acid detergent (NIDA), lignin, cellulose and
hemicellulose. The total carbohydrates (CHOT) and non-fiber carbohydrates (NFC)
estimated using the formula CHOT = 100 - ( % CP + % EE + % MM ), and NFC = 100
- ( % NDF + % CP + % EE + % MM ), in situ digestibility and indigestible fraction (
FNDi). To and analyzes for determining the content of HCN analysis sheets for all 3
plants per access in stage of full maturity, late flowering and early fruiting were
collected . The results were subjected to analysis of variance the dissimilarity matrix
was generated by Manhalanobis generalized distance (D2), and cluster analysis was
obtained by the UPGMA method. Enabled the formation of groups of 5 based on
dissimilarity bromatológicos characters and 7 groups for the contents of HCN,
indicating the presence of genetic diversity among accessions. Significant effects ( P <
0.05 ) for all reviews bromatológicos characters. Based on the results of composition
and content of HCN. The accesses 3 Pedra Lavrada, 10 Barra Santa Rosa, 2 Barra Santa
Rosa, 29 Barra Santa Rosa, 41 Juazeirinho, 46 Juazeirinho, 50 Picuí , 54 Junco and 21
Monteiro, are the most promising and can be used with parents in the breeding program
of this important forage species.
Key words: composition, diversity, forage
80
INTRODUÇÃO
A maniçoba desempenha importante papel no cenário nordestino, especialmente
na região semiárida, onde é utilizada como alternativa para manutenção dos rebanhos de
animais domésticos por ocasião de secas prolongadas. Pode ser considerada como uma
forrageira de alta palatabilidade, por ser bastante procurada pelos animais caprinos,
ovinos, equinos e bovinos (MARTINS et al., 2007).
França et al. (2010), em estudos realizados com a espécie, destaca a maniçoba
como sendo uma das plantas encontradas na região da Caatinga com mecanismos de
adaptabilidade às condições semiáridas, além de apresentar elevado valor nutritivo e alta
palatabilidade, podendo ser utilizada como
alternativa alimentar para a produção
animal nessa região. Desenvolvem-se na maioria dos solos, tanto calcários e bem
drenados, como também naqueles pouco profundos e pedregosos, das elevações e das
chapadas, mas podendo também ser encontrada em menor densidade em outros tipos de
solos (LINHARES; SOUZA JUNIOR, 2008).
Estudos comprovam que a maniçoba, pode ser considerada um recurso forrageiro
de boa qualidade, além de poder ser cultivada de forma sistemática para essa finalidade,
tornando-se uma realidade alimentar para caprinos e ovinos, aumentando a eficiência
produtiva dos animais (Soares & Salviano, 2000; Castro et al., 2007; Silva et al., 2007).
Souza et al. (2006) ao pesquisarem a composição bromatológica de silagens de
maniçoba, verificaram teores de 28,54%; 10,61%; 3,66%; 50,11%; 39,62% e 16,79%
respectivamente para MS, MM, EE, FDN, FDA, PB e comprovaram que a mesma pode
suprir a necessidade de nutrientes na alimentação animal.
A espécie pertence ao grupo de plantas cianogênicas e apresenta em sua
composição quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos que, ao hidrolisarem-se e
mediante a ação de enzima específica, dão origem ao ácido cianídrico (HCN)
(CASTRO, 2004) tornando limitante a sua utilização na forma in natura. Segundo
Radostits et al. (2000) os glicosídeos presente nas plantas cianogênicas são compostos
secundários do metabolismo das plantas e fazem parte do sistema de defesa contra
herbívoros, insetos.
A maniçoba apresenta, na planta verde em início de brotação, teor médio de HCN
de 1.000 mg/kg de MS. Portanto, se o animal consumir grande quantidade, pode sofrer
intoxicação em poucos instantes. Araújo et al. (2001) avaliando as espécies silvestres de
Manihot existentes na região de Caatinga, verificaram a intoxicação em bovinos e em
81
outros ruminantes na Região Nordeste do Brasil. Por outro lado, quando triturada e seca
(fenada), o teor de HCN reduz para menos de 300 mg/kg de MS, quantidade
insuficiente para provocar qualquer sintoma de intoxicação em animais, mesmo que
consumida em grande quantidade e por muito tempo (Araújo & Cavalcanti, 2002).
O objetivo desta pesquisa foi analisar a diversidade genética entre acessos de
maniçoba (Manihot spp.), pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da
Universidade Federal da Paraíba, apartir de sua composição bromatológica e conteúdos
de ácido cianídrico.
82
MATERIAL E MÉTODOS
Para determinação da composição bromatológica foram utilizados 55 acessos de
Manihot spp. pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma do CCA/UFPB. Foram
coletadas três amostras de cada acesso contendo aproximadamente 500g de matéria
verde, retiradas do terço médio da planta, sendo composta por folhas e ramos ≤ 1 cm de
diâmetro, as quais foram conduzidas ao Laboratório de Análise de Alimentos
pertencente ao CCA/UFPB, colocado em estufa de circulação forçada de ar a 65°C, até
atingir peso constante, para determinar a matéria pré-seca segundo a metodologia de
Silva e Queiroz (2006).
Após a pré-secagem as amostras foram moídas em moinhos tipo Willey em
peneira de 2mm de diâmetro e acondicionadas em recipiente devidamente identificados
para realização das análises químicas.
Determinou-se a porcentagem de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), material
mineral (MM) pela metodologia de Weende (1890), proteína bruta (PB) pelo método
Kjedahl (1883), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
nitrogênio indisponível em detergente ácido (NIDA) seguindo as metodologias descritas
por Silva e Queiroz (2002), teores de lignina, celulose e hemicelulose pelo método de
Van Soest (1994). A estimativa dos carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não
fibrosos (CNF) pelas fórmulas CHOT = 100 – (%PB + %EE + %MM) e CNF = 100 –
(%FDN + %PB + %EE + %MM), respectivamente, segundo descrição encontrada em
(BERCHIELLI et al., 2006).
A digestibilidade e fração indigestível (FNDi) foi realizada segundo protocolo
de avaliação in situ descrito por CASALI et al. (2008).
Para as análises de determinação dos conteúdos de HCN, foram coletadas folhas
de três plantas por acesso, em estádio de maturação completa, final de floração e início
de frutificação. Imediatamente após a colheita, as folhas foram imersas em nitrogênio
líquido paralisando a atividade e evitando perdas por volatilização, em seguida o
material foi levado ao Laboratório de Análise de Alimentos pertencente ao Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba - CCA/UFPB, para a
quantificação dos conteúdos de HCN conforme metodologia descrita por Ades &
Hernandes (1986) com modificações (ANEXO 2).
Os dados foram submetidos à análise de variância e posteriormente o teste de
média (Scott-Knott) ao nível de 5% de probabilidade. Este procedimento gerou um
83
arquivo de médias e a matriz de variâncias e covariâncias foram usadas para obtenção
da matriz de dissimilaridade, estabelecido pelo matriz de distância generalizada de
Mahalanobis (1936). Os agrupamentos foram obtidos pelo método UPGMA (SNEATH
& SOKAL, 1973) utilizando-se o programa Genes (CRUZ, 2006).
O ponto de corte do dendrograma e definição dos grupos foram gerados pelo
método hierárquico descrito por Mojena (1977) que sugere procedimento baseado no
tamanho relativo dos níveis de fusões (distâncias) no dendrograma, conforme inequação
descrita no capítulo I.
84
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as 15 variáveis analisadas, houve efeito significativo (P<0,05) para todos
os caracteres avaliados, indicando que há variabilidade genética entre os 55 acessos
(Tabela 1).
Tabela 1. Análise de variância de 15 características bromatológicas (% na MS) avaliadas em 55
genótipos de maniçoba (Manihot spp.)
Quadrados Médios
FV
GL
PB
MO
MM
MS
EE
FDA
NIDA
FDN
Genótipo
54
34.58*
2.59*
2.59*
45,3*
2,92*
30,17*
0,19*
162,37*
Resíduo
55
0.35
0,03
0,03
0,06
0,42
0,36
0
22,66
Total
109
Média
15.71
92.82
7.17
26,71
5,47
27,04
1,13
42,7
CV (%)
3,81
0,18
2,35
0,97
11,84
2,23
5,27
11,14
Razão CVg/CVe
6.91
6,71
6.71
18,18
1,72
6,38
5,2
1,75
Herdabilidade (%)
98.96
98,9
98.90
99,84
85,61
98,78
98,18
86.04
Quadrados Médios
FV
GL
FDNi
DIG IN
SITU
LIG
Genótipo
54
59,06*
173,93*
15,77*
17,6*
65,54*
Resíduo
55
1,06
2,4
1,15
1,11
Total
109
Média
38,31
56,27
8,18
CV (%)
2,69
2,4
13,11
Razão CVg/CVe
5,22
5,97
2,51
2,71
CELULOSE HEMICELULOSE CHOT
CNF
32,97*
216,57*
1,81
0,79
23,83
9,25
11,53
71,62
28,92
11,42
11,67
0,39
16,87
4,19
4,48
2,01
Herdabilidade (%)
98,2
98,61
92,69
93,64
97,23
97,57
88,99
MS- matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; PB- proteína bruta; EE-extrato etéreo;
FDA- fibra em detergente ácido; NIDA- nitrogênio indisponível em detergente ácido; FDN- fibra em
detergente neutro; FDNi- fibra indisponível em detergente neutro; DIG. IN SITU- digestibilidade in situ;
LIG- lignina; CELULOSE; HEMICELULOSE; CHOT- carboidratos totais; CNF- carboidratos
nãofibrosos.
Os valores de herdabilidade foram altos, acima de 80%, para todas as variáveis
favoráveis para produção de forragem de qualidade, Valores altos de herdabilidade
influenciam possivelmente na eficiência do processo seletivo das características a serem
melhoradas, essa alta herdabilidade sobre a variação genotípica proporciona efeito do
genótipo sobre o fenótipo, o que poderá aumentar o efeito sobre o fenótipo auxiliando
na escolha dos acessos num processo de escolha de genitores para o melhoramento da
85
espécie. Barreto e Resendes (2010) relatam a importância de altos valores de
herdabilidade, afirmando que os ganhos genéticos são de alta magnitude e indicam uma
situação muito favorável para a seleção.
A relação entre o coeficiente de variação genético/coeficiente de variação
ambiental (CVg/CVe) foi maior do que 1 para todas as características, com maior ênfase
para PB (6,91) e MS (18,18), indicando a eficácia na seleção de plantas com base nessas
características, potencializando a expressão do genótipo no ambiente.
Verificou-se a formação de grupos distintos com base na comparação de médias
dos caracteres bromatológicos (Tabela 2), a variável com maior número de grupos
distintos foi MS formando quinze grupos cujas médias variaram de 37,22% para o
acesso 13 a 21,31% para os acessos 49 e 51. Almeida et al. (2006) afirmam que quanto
maior o teor de MS, maior aporte de nutrientes e o material se apresenta mais indicado
para consumo in natura, produção de fenos e silagens de boa qualidade, valores entre
30 a 40%, dependendo do período de maturação da planta, são indicados como
alimentos de boa qualidade, não comprometendo a composição dos demais nutrientes.
Ferreira et al. (2009) avaliando o valor nutritivo através das análises da
composição bromatológica da parte aérea de maniçoba encontraram percentuais de
34,66% MS, 6,80% MM, 19,14% PB, valores correspondentes aos encontrados entre os
acessos avaliados, o que torna a espécie com características nutritivas adequadas para
ser utilizada na alimentação animal.
Para as variáveis EE, FDN, CNF, houve a formação de dois grupos, obtendo
valores máximo de 7,4% para o acesso 36; 63,03% acesso 6 e 45,48% acesso 46
respectivamente e valores mínimos de 3,41% acesso 29, 25,05% acesso 50 e 8,26%
acesso 4. Os teores de CNF foram inferiores aos recomendados por Valadares Filho et
al. (2002) onde a digestibilidade da FDN e dos CNF, adequadas, em geral, devem se
encontrar próximos a 50% e 90%”, respectivamente.
A maioria dos teores de FDN encontrados nos acessos está de acordo com a
literatura, e vem sendo utilizado na dieta animal. Segundo Cardoso et al. (2000), a
quantidade ideal de FDN na dieta não está definida e pode variar de acordo com o nível
de produção animal e do tipo de forragem utilizada, para tanto, o teor de FDN da ração
não deve ser inferior a 25% de MS e 70% a 75% do teor de MS deve ser proveniente do
volumoso. A FDN é positivamente correlacionada à ruminação e ao tempo de
mastigação, promovendo adequado pH ruminal, e inversamente relacionada à ingestão
de MS. Segundo Mertens (1992), a redução drástica nos níveis de fibra em dietas para
86
ruminantes pode ser prejudicial para a digestibilidade total dos alimentos, uma vez que a
fibra é fundamental para manutenção das condições ótimas do rúmen. Animais
ruminantes consomem não apenas para atingir máxima eficiência, mas para manter
suficiente ingestão de fibras e garantir adequada função ruminal (Forbes, 1995).
Os teores de PB, NIDA, DIG. in situ, HEMICELULOSE e CHOT possibilitaram
a formação de 8 grupos, sendo encontrado valores para PB entre 24,70% para o acesso 7
e 9,44% acesso 47, apesar do alto teor protéico do acesso 7, o percentual de NIDA foi
de 1,49% indisponibilizando parte do nitrogênio responsável por melhorar a
digestibilidade e o consumo estimulando o crescimento microbiano, favorecendo a
atividade celulolítica e consequentemente disponibilizando mais energia para o animal
na forma de ácidos graxos voláteis (LANA, 2007).
Os acessos podem ser considerados com altos percentuais de PB do ponto de
vista nutricional, uma vez que os ruminantes precisam de 7,0% de PB para que possam
atingir níveis de consumo e digestibilidade suficientes para sua manutenção (VAN
SOEST, 1994). Costa et al. (2007) citam a maniçoba como boa forrageira para o
Semiárido, com níveis de proteína bruta de 18,03%.
A digestibilidade in situ variou de 74,91% para o acesso 50 a 37,43% acesso 6.
Lana (2007) relata que a capacidade máxima de consumo de alimentos pelos animais
encontra-se na interseção entre os fatores físicos que atuam pela distensão do aparelho
digestor causado pelo consumo de fibra e por fatores fisiológicos (metabólicos) pela
detecção de ácidos graxos voláteis no epitélio ruminal, sendo estes produzidos,
principalmente pela fermentação ruminal, ou seja, dietas com digestibilidade entre 65%
e 70% da matéria seca. Os valores encontrados nesta pesquisa estão dentro das
exigências mínimas requeridas. Araújo et al. (1996) encontraram valores, 9,46% PB,
digestibilidade de MS e PB de 66,8% e 54,57%, respectivamente, para o feno de
maniçoba, valores próximos aos encontrados nessa pesquisa podendo a espécie ser
considerada com um bom valor nutritivo.
Os valores de FDA possibilitaram a formação de 9 grupos, variando entre
36,94% acesso 24 e 19,75% acesso 46. Segundo Van Soest (1994) a FDA indica a
quantidade de fibra que não é digestível sendo, portanto, um dos indicadores
qualitativos da forragem é composta basicamente de celulose e lignina que são os
carboidratos estruturais menos digestíveis para os ruminantes, quanto menor o seu
valor, maior o valor energético do alimento, na média, um bom teor de FDA na
forragem fica ao redor de 30%. Moreira Filho et al. (2009) avaliando a composição
87
química das folhas de maniçoba verificaram um percentual de 20% FDA, 44,9% FDN,
24,5% CNF, 78% CHOT, 11% PB.
Trabalhos realizados com objetivo de verificar a composição bromatológica da
maniçoba tem sido realizados e os valores se aproximam dos encontrados nessa
pesquisa, confirmando seu potencial de utilização como forrageira. Sousa et al. (2006)
ao pesquisarem a composição bromatológica de silagem de maniçoba verificaram teores
de 28,54% MS, 10,61% MM, 16,79% PB, 3,66% EE, 50,11% FDN e 39,62% de FDA.
Medina et al. (2009) avaliando a composição bromatológica da maniçoba para ser
ofertada em dietas de caprinos, verificaram 26,66% MS, 91,23% MO, 8,77% MM,
20,42% PB, 3,27% EE, 62,65% FDN, 53,09% FDA, 10,80% LIG, 67,54% CHOT e
4,84% de CNF.
Barros et al. (1990) estudando a composição química e o valor nutritivo do feno
de maniçoba encontraram valores 12,0% de PB, 58,6% de FDN, 17,1% de lignina,
coeficientes de digestibilidade de MS e PB de 47,4 e 46,4%, respectivamente.
Araújo et al. (2004), avaliando o desempenho de ovinos submetidos a dietas
contendo diferentes níveis de feno de maniçoba, encontraram teores próximos ao desta
pesquisa, para cinzas (7%) e inferiores para PB (11%). Essa diferença pode estar
relacionada ao período de colheita, estádio de maturação, e tipo de material coletado o
que pode ter comprometido a composição. Santana et al. (2009), avaliando o valor
nutritivo do feno da maniçoba, obtiveram teores para PB e cinzas de 22,26 e 6,8%,
respectivamente.
88
Tabela 2. Agrupamento de médias de 15 caracteres bromatológicos (% na MS) avaliados em 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.)
Acesso
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18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
MS
26,49j
25,90k
18,89s
31,22e
27,24i
22,52n
30,61f
29,27g
34,68b
30,26f
27,53i
34,33b
35,27a
29,45g
28,56h
29,17g
21,86o
28,72h
32,36d
31,44e
24,58l
19,33r
26,64j
19,52r
23,27m
23,28m
31,46e
25,66k
30,29f
22,55n
MO
91,76i
91,41j
92,48g
92,41g
96,63a
92,40g
91,82i
93,31f
92,71g
92,62g
91,39j
91,69i
92,65g
91,27j
91,17j
94,26d
93,13f
92,89f
93,70e
92,04h
92,46g
92,16h
94,82c
92,09h
94,15d
93,36e
93,26e
91,35j
93,25f
92,95f
MM
8,23c
8,58b
7,51e
7,58e
3,36k
7,59e
8,17c
6,68f
7,28e
7,37e
8,60b
5,08c
7,34e
8,72b
8,82b
5,73h
6,68f
7,10f
6,29g
7,95d
7,53e
7,83d
5,17i
7,90d
5,84h
6,63g
6,73f
8,64b
6,74f
7,04f
PB
14,61f
24,35a
13,73f
23,10b
22,55b
10,69h
24,70a
11,57g
22,25b
21,42c
12,92g
11,70g
10,70h
12,73g
15,05e
11,54g
24,35a
13,48f
22,15b
12,50g
13,72f
14,51f
20,16c
12,31g
12,17g
10,65h
21,01c
20,83c
11,00g
13,77f
EE
5,69a
3,64b
3,63b
4,73b
4,42b
3,38b
4,75b
5,37b
3,7b
3,50b
6,56a
6,11a
6,82a
8,42a
7,58a
5,96a
5,42b
4,02b
5,63a
4,44b
4,98b
4,62b
5,110b
4,68b
5,16b
6,65a
7,15a
4,46b
3,41b
6,01a
FDA
27,71f
25,39g
21,27i
24,77g
25,12g
32,29c
26,98f
26,58f
25,74g
27,00f
25,59g
28,40e
28,71e
25,69e
26,49f
28,66e
39,69b
27,27f
39,00e
25,30g
25,52g
23,80h
27,17f
36,94a
24,86g
34,78b
36,21a
24,94g
30,83d
30,95d
NIDA
0,86g
1,77a
1,55c
1,37d
1,44c
1,23e
1,49c
0,77h
1,22e
1,49c
0,53i
1,06f
0,84g
1,25d
1,56c
0,90g
1,52c
0,60i
1,62b
1,11f
0,87g
0,77h
1,41c
0,71h
0,81h
0,94g
1,47c
1,28d
1,14e
0,90g
FDN
47,59a
49,41a
51,96a
56,31a
53,87a
63,03a
51,25a
55,01a
51,71a
56,46a
39,55b
40,34b
42,00b
43,91b
37,03b
49,22a
31,17b
39,69b
36,46b
36,52b
36,12b
31,74b
35,07b
43,77b
42,83b
47,97a
47,10a
45,33a
56,92a
62,83a
FDNi
33,53f
41,90c
33,05f
41,02c
36,33e
24,85i
41,33c
37,87e
43,09c
40,98c
35,73e
37,19e
37,47e
34,83f
35,70e
41,83c
44,19b
41,67c
39,99d
33,24f
34,84f
46,13b
46,90b
36,72e
44,55b
42,00c
45,54b
39,39d
40,15d
42,03c
DIG. IN
SITU
53,37e
48,57f
49,49f
44,66g
46,09g
37,43h
48,72f
42,95g
50,75e
45,99g
52,62e
59,63d
52,96e
56,07d
62,93c
45,75g
53,80e
58,27d
53,50e
59,94d
58,84d
68,23b
64,90c
56,20d
57,13d
47,49f
50,86e
54,63e
40,05h
27,13i
LIG
6,65e
5,92e
7,97d
5,51e
6,39e
9,23d
14,31b
6,37e
13,49b
18,45a
5,52e
8,05d
8,65d
5,19e
9,78c
12,23c
10,43c
6,87e
7,88d
6,61e
5,44e
7,47d
10,54c
5,42e
9,17d
10,74c
9,57c
7,51d
6,45e
10,07c
CELU
LOSE
7,42d
8,61c
8,56c
7,86d
8,75c
11,42c
16,57a
6,36d
14,63b
19,78a
7,54d
9,09c
10,41c
10,54c
10,21c
12,57d
12,56d
7,10d
9,94c
6,62d
6,80d
8,60c
12,37d
6,67d
10,02c
11,47c
11,26c
9,15c
8,84c
10,81c
HEMI
CELULOSE
5,82d
16,50c
11,76e
16,24c
11,20e
7,43f
14,35d
11,28e
17,34c
13,98d
10,14e
8,19f
8,76f
9,43f
9,21f
13,17d
2,25c
14,10d
10,98e
7,93f
9,31f
22,32a
19,71b
0,21h
19,68b
7,21f
9,33f
14,45d
9,31f
11,07f
CHOT
71,45d
63,42h
75,10b
64,57g
69,66e
78,32a
62.37
76,36a
66,76f
67,69f
71,90d
73,87c
75,12b
70,11d
68,54e
76,75a
64,56g
75,78b
65,90g
75,10b
73,75c
73,02c
69,55e
75,08b
76,81a
76,06b
65,10g
66,05g
77,83a
73,16c
CNF
23,86b
14,01b
23,14b
8,26b
15,78b
15,29b
11,11b
21,35b
15,05b
11,22b
32,35a
33,53a
33,12a
26,20a
31,50a
27,53a
33,38a
35,89a
29,44a
38,57a
37,61a
41,28a
34,48a
21,21a
33,98a
28,08a
17,99b
20,71b
20,91b
10,32b
MS- matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; PB- proteína bruta; EE-extrato etéreo; FDA- fibra em detergente ácido; NIDA- nitrogênio indisponível em
detergente ácido; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra indisponível em detergente neutro; DIG. IN SITU- digestibilidade in situ; LIG- lignina; CHOT- carboidratos totais;
CNF- carboidratos nãofibrosos.
* Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupos genético a 5% pelo teste Scott-Knott
89
Continuação Tabela 2
Acesso
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46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
MS
26,57j
26,28j
32,61d
23,35m
32,27d
31,16e
24,61l
28,62h
34,24b
26,38j
27,24i
33,28c
30,19f
32,51d
20,22q
17,14t
18,54s
22,35n
21,31o
22,52n
21,31o
22,27n
22,62m
27,07i
22,31n
MO
91,63i
93,25f
93,09f
92,57g
92,20h
92,34g
93,55e
91,39j
94,46d
94,13d
94,15d
92,62d
93,16f
93,17f
93,38e
93,60e
93,24f
93,19f
90,56k
91,80i
93,67e
91,27j
95,47b
92,92f
92,53g
MM
8,36c
6,74f
6,90f
7,46e
7,79d
7,65e
6,61g
8,62b
5,53h
5,86h
5,84h
7,40e
6,63f
6,82f
6,61g
6,39g
6,75f
6,89f
9,43a
8,10c
6,32g
8,72b
4,52j
7,07f
4,38d
PB
24,75a
18,31d
21,98b
14,85f
14,54f
14,28f
12,64g
16,02e
16,16e
14,33f
13,48f
12,07g
13,88f
15,30e
14,56f
16,44e
9,44c
13,62f
13,54f
10,35h
14,10f
14,31f
15,75e
15,52e
12,86e
EE
5,16b
5,68a
4,45b
6,03a
6,81a
7,40a
7,30a
3,55b
6,58a
6,69a
6,89a
6,25a
6,38a
6,59a
6,19a
5,52a
5,48a
5,77a
4,62b
4,42b
5,00b
5,23b
4,52b
6,81a
5,80a
FDA
25,88g
30,12d
22,25h
32,05h
25,13g
32,51c
27,51f
22,96h
25,80g
27,31f
33,35b
24,94g
24,65g
23,42h
24,63g
19,75i
21,74h
23,01h
31,94c
20,30i
26,67f
27,52f
27,37f
25,35g
22,16h
NIDA
1,50c
1,61b
1,26d
1,46c
1,55c
0,72h
1,33d
0,88g
0,95g
0,89g
0,95g
0,80h
1,33d
0,87g
0,65i
1,15e
0,78h
1,00f
0,85g
1,22e
1,35d
1,44c
0,86g
1,27d
1,13e
FDN
53,18a
43,00b
51,42a
43,68b
37,74b
41,15b
35,46b
36,43b
35,36b
36,20b
36,56b
33,34b
36,64b
34,89b
29,52b
26,14b
35,59b
32,12b
35,18b
25,05b
35,92a
45,85a
45,13a
54,79a
45,51a
FDNi
42,18c
53,84a
47,62b
33,53f
38,60d
33,23f
40,45d
35,02f
31,51g
40,02d
38,88d
45,92b
39,54d
39,55d
31,85g
32,85f
27,56h
31,56g
37,42e
42,74c
29,02g
33,08f
35,23f
37,88e
33,95f
DIG. IN
SITU
49,28f
56,96d
53,54e
56,28d
62,22c
59,32d
63,00c
63,54c
64,60c
62,76c
63,40c
66,62c
64,32c
63,08c
69,44b
73,82a
64,37c
67,85b
63,49c
74,91a
69,05b
57,11d
54,83e
45,17g
56,95d
LIG
7,70d
16,19a
8,03d
9,86c
9,87c
6,29e
10,15c
6,49e
6,49e
7,22d
8,17d
7,00d
7,98d
6,41e
3,59e
3,85e
4,85e
5,66e
8,20d
7,66d
7,94d
9,20d
8,95d
6,98d
7,32d
CELU
LOSE
9,99c
17,91a
9,86c
10,38c
10,01c
8,45c
11,17c
7,08d
8,27d
8,61c
8,98c
7,77d
7,94d
6,99d
4,67d
5,21d
4,81d
5,69d
8,23d
7,70d
7,98d
9,23c
8,98c
7,01d
7,36d
HEMI
CELULOSE
16,29c
23,71a
25,37a
1,47h
13,46d
0,71h
12,93d
12,05e
5,71g
12,71d
5,35g
20,97b
14,89d
16,13c
6,48g
13,09d
5,81g
8,55f
5,47g
22,43a
2,35h
5,55g
7,86f
12,52d
11,78d
CHOT
61,71h
69,25e
66,66f
71,67d
70,85d
70,65d
73,60c
71,80d
71,71d
73,10c
73,77c
75,25b
72,89c
71,27d
72,62c
71,63d
73,21c
72,69c
72,62c
77,11a
74,57b
71,71d
75,19b
70,59d
73,86c
MS- matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; PB- proteína bruta; EE-extrato etéreo; FDA- fibra em detergente ácido; NIDA- nitrogênio
indisponível em detergente ácido; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra indisponível em detergente neutro; DIG. IN SITU- digestibilidade in situ; LIGlignina; CHOT- carboidratos totais; CNF- carboidratos nãofibrosos.
* Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupos genético a 5% pelo teste Scott-Knott
CNF
8,52b
26,25a
15,23b
27,98a
33,10a
29,50a
38,14a
35,37a
36,34a
36,90a
37,10a
40,91a
36,25a
36,38a
43,09a
45,48a
37,61a
41,57a
36,92a
52,05a
38,65a
25,86a
30,06a
15,79b
28,34a
90
A análise de agrupamento realizada com pelo método UPGMA, submetido a um
corte de cerca de 78%, possibilitou a formação de 5 grupos distintos, bem distribuídos
(Figura 1). Verificou-se a divergência entre indivíduos de uma mesma localidade
pertencente a grupos genéticos diferentes, podendo então ser utilizados para futuros
trabalhos de melhoramento.
De acordo com o dendrograma gerado a partir dos dados da matriz de
dissimilaridade obtidos pela distância generalizada de Mahalanobis (Figura 1), pode-se
inferir que os acessos 29 Barra de Santa Rosa e 10 Barra de Santa Rosa foram os mais
distantes geneticamente, podendo esses serem utilizados como possíveis genitores na
escolha dentro de um processo de seleção para melhoramento da espécie. Além de
“bootstrap” de 63%, 74%, 81% e 93%, esses valores de dissimilaridade proporcionaram
a confiabilidade na formação dos ramos do dendrograma. Segundo Cruz (2006),
representam a junção verdadeira significativa, inferindo na consistência e adequando o
dendrograma para representação de dissimilaridade entre os acessos.
91
V
63%
IV
74%
III
81%
91%
II
I
Figura 1. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade genética,
obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D 2), utilizando-se 15 variáveis bromatológicas. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100
repetições.
92
Foi possível verificar agrupamento de médias pelo teste Scott-Knott (Tabela 3),
a formação de 16 grupos distintos com base no conteúdo de HCN dos 55 acessos do
gênero Manihot avaliados, com diferenças significativas (p<0,05) entre os acessos.
A diferença entre o acesso 11 com o maior concentração de HCN 241,2 mg/kg e
o acesso 20 com menor concentração 34,2 mg/kg, possibilita a utilização dos mesmos
como possíveis genitores dentro de um programa de melhoramento. Silva et al. (2009)
avaliando 29 acessos do gênero Manihot verificaram que os mesmos apresentaram
valores variando de 97,2 mg/Kg MS a 324,0 mg/Kg MS.
Valle et al. (2004) avaliando o cruzamento entre genótipos recombinantes
mostraram uma variação do potencial cianogênico bastante ampla, de 31,2 a 645,3
mgHCN/kg. Os autores reduziram o potencial cianogênico a valores inferior a 100 mg
HCN/kg, comprovando a eficiência no processo de seleção.
Tabela 3. Agrupamento com base nos conteúdos de HCN (ácido cianídrico) avaliados
em 55 acessos de Maniçoba (Manihot spp.)
Acesso
mg/kg MS
Acesso
mg/kg MS
Acesso
mg/kg MS
11
241,2 a
33
151,2 g
19
111,6 j
28
219,6 b
44
147,6 h
42
113,4 j
9
217,8 b
39
145,8 h
5
109,8 j
7
207 c
2
140,4 h
8
106,2 k
10
201,6 c
51
138,6 h
16
104,4 k
4
201,6 c
45
136,8 h
48
104,4 k
41
185,4 d
54
136,8 h
6
97,2 k
1
180 e
12
133,2 i
25
90 l
13
180 e
22
133,2 i
3
86,4 l
29
178,2 e
18
131,4 i
47
77,4 m
26
169,2 f
55
129,6 i
31
64,8 n
43
165,6 f
14
126 i
32
68,4 n
23
158,4 g
24
126 i
37
68,4 n
30
158,4 g
38
122,4 i
40
63 n
34
158,4 g
50
120,6 i
17
54 o
49
158,4 g
36
117 j
35
54 o
21
156,6 g
46
117 j
20
34,2 p
15
154,8 g
27
115,2 j
53
154,8 g
52
115,2 j
* Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupos genético a 5% pelo teste
Scott-Knott
93
Os resultados encontrados demonstraram elevada quantidade de HCN
considerados como alto grau de intoxicação. Segundo Araújo et al., (2004) o consumo
acima de 2,4 mg de HCN/Kg de peso corporal, pode causar intoxicação e até morte do
animal. Esse critério deve ser levado em consideração na escolha dos genitores, não só a
relação animal, mas também os fatores relacionados com a planta, pois o mesmo serve
como mecanismo de defesa para as plantas.
Com o dendrograma gerado a partir dos dados da matriz de dissimilaridade
obtidos pela distância generalizada de Mahalanobis (Figura 2), foi possível separar os
acessos em 7 grupos distintos, sendo o acesso 54 Junco e 2 Barra de Santa Rosa os mais
divergentes. Os valores de “bootstrap” foram de 62%, 72%, 84%, 875, 89% e 97% em
sua maioria proporcionaram a confiabilidade na formação dos ramos do dendrograma.
Segundo Cruz (2006), valores acima de 90% representam a junção verdadeira
significativa, inferindo na consistência adequando o dendrograma para representação de
dissimilaridade e similaridade entre genótipos avaliados.
94
VII
62%
89%
VI
V
87%
84%
IV
III
72%
97%
II
I
Figura 2. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade genética,
obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), com base nos conteúdos de HCN. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100 repetições.
95
CONCLUSÃO
A composição bromatológica
e os conteúdos de HCN demonstra ampla
variabilidade genética entre os 55 acessos analisados.
Os acessos 3 Pedra Lavrada, 10 Barra de Santa Rosa, 2 Barra de Santa Rosa, 21
Monteiro, 29 Barra de Santa Rosa, 41 Juazeirinho, 46 Juazeirinho, 50 Picuí, e 54 Junco,
21 Monteiro, são os mais promissores, podendo ser utilizados com genitores em
programa de melhoramento dessa importante espécie forrageira.
96
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2004.
100
CONSIDERAÇÃO FINAL
Os dados revelados pela análise de RAPD, associados aos resultados das
análises quantitativa e qualitativa, fornecerão subsídios para a criação e o
desenvolvimento de novos acessos. Assim, o potencial genético da espécie poderá ser
otimizado a partir da variabilidade genética disponível, vislumbrando a produção de
genótipos com alto potencial forrageiro.
101
APENDICE
102
Tabela 1. Coordenadas Geográficas dos acessos de Manihot spp. do banco de germoplasma do CCA/UPFB, coletados nos Estados da Paraíba e Pernambuco.
Grau de
Acesso
Locais de Coleta
Km
Espécie
Estado
Altitude (m)
Latitude
Longitude
Domesticação
46
Juazerinho
221
Manihot spp.
Silvestre
PB
554
S 07° 04‟ 04‟‟
W 36° 34‟ 40‟‟
47
Juazerinho
221
Manihot spp.
Silvestre
PB
554
S 07° 04‟ 04‟‟
W 36° 34‟ 40‟‟
1
Juazeirinho
226
Manihot spp.
Silvestre
PB
554
S 07° 04‟ 04‟‟
W 36°34‟ 40‟‟
30
Juazeirinho
227
Manihot spp.
Silvestre
PB
554
S 07° 04‟ 04‟‟
W 36° 34‟ 40‟‟
41
Juazeirinho
232
Manihot spp.
Silvestre
PB
554
S 07° 04‟ 04‟‟
W 36° 34‟ 40‟‟
55
Juazeirinho
238
Manihot spp.
Silvestre
PB
554
S 07° 04‟ 04‟‟
W 36° 34‟ 40‟‟
26
Monteiro
128
Manihot spp.
Silvestre
PB
577
S 07°47‟10.5”
W 37°00‟41.9”
21
Monteiro
128
Manihot spp.
Silvestre
PB
577
S 07°47‟10.5”
W 37°00‟41.9”
13
Monteiro
136
Manihot spp.
Silvestre
PB
577
S 07° 10' 5‟‟
W 37° 41' 9‟‟
4
Monteiro
140
Manihot spp.
Silvestre
PB
608
S 07° 10' 6‟‟
W 37° 41' 9‟‟
51
Sumé
104
Manihot spp.
Silvestre
PB
562
S 07° 38‟ 13.3”
W 36° 51‟ 43.1”
20
Sumé
104
Manihot spp.
Silvestre
PB
565
S 07°44‟18.1”
W 36°57‟52.7”
40
Sumé
123
Manihot spp.
Silvestre
PB
563
S 07° 41‟ 48.8”
W 36° 54‟ 43.0”
19
Sumé
123
Manihot spp.
Silvestre
PB
562
S 07° 40′ 19″
W 36° 52′ 48″
7
Junco
256
Manihot spp.
Silvestre
PB
590
S 06° 59‟49‟‟
W 36° 42‟ 46‟‟
9
Junco
256
Manihot spp.
Silvestre
PB
590
S 06° 59‟ 49‟‟
W 36° 42‟ 46‟‟
28
Junco
256
Manihot spp.
Silvestre
PB
631
S 06° 56‟ 02‟‟
W 36° 24‟ 07‟‟
39
Junco
256
Manihot spp.
Silvestre
PB
590
S 06° 59‟ 49‟‟
W 36° 42‟ 46‟‟
44
Junco
256
Manihot spp.
Silvestre
PB
631
S 06° 56‟ 02‟‟
W 36° 24‟ 07‟‟
42
Junco
259
Manihot spp.
Silvestre
PB
590
S 06° 59‟ 49‟‟
W 36° 42‟ 46‟‟
52
Junco
259
Manihot spp.
Silvestre
PB
590
S 06° 59‟ 49‟‟
W 36° 42‟ 46‟‟
54
Junco
259
Manihot spp.
Silvestre
PB
590
S 06° 59‟ 49‟‟
W 36° 42‟ 46‟‟
12
Junco
260
Manihot spp.
Silvestre
PB
590
S 06° 59‟ 49‟‟
W 36° 42‟ 46‟‟
27
Picuí
8
Manihot spp.
Silvestre
PB
439
S 06° 36‟ 35.4”
W 36° 12‟ 44.2”
50
Picuí
360
Manihot spp.
Silvestre
PB
537
S 06° 36‟ 35.3”
W 36° 12‟ 44.7”
24
Pedra Lavrada
35
Manihot spp.
Silvestre
PB
578
S 06° 49‟ 57.9‟‟
W 36° 24‟ 24.1‟‟
3
Pedra Lavrada
40
Manihot spp.
Silvestre
PB
596
S 06° 42' 1‟‟
W 36° 59' 6‟‟
14
Pedra Lavrada
42
Manihot spp.
Silvestre
PB
596
S 06° 42' 1‟‟
W 36° 59' 6‟‟
Amostragem
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
103
Continuação Tabela 1
Acessos
Locais de Coleta
Km
Espécie
18
6
25
31
38
35
16
34
11
22
15
17
36
32
23
33
49
29
45
53
10
48
2
37
43
8
5
Cubatí
BR 230
BR 230
BR 230
Boa Vista
Boa Vista
Soledade
Soledade
Pocinhos
Pocinhos
Pocinhos
Pocinhos
Pocinhos
Barra de Santa Rosa
Barra de Santa Rosa
Barra de Santa Rosa
Barra de Santa Rosa
Barra de Santa Rosa
Barra de Santa Rosa
Barra de Santa Rosa
Barra de Santa Rosa
Barra de Santa Rosa
Barra de Santana
Taquaritinga do Norte
Taquaritinga do Norte
Taquaritinga do Norte
Santa Cruz
8
181
181
181
6
7
222
222
20
20
20
20
20
23
33
34
35
37
37
37
40
50
187
3
3
13
5
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Manihot spp.
Grau de
Domesticação
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Silvestre
Estado
Altitude (m)
Latitude
Longitude
Amostragem
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PB
PE
PE
PE
PE
475
593
603
603
581
544
456
603
675
456
456
607
456
474
473
473
532
473
473
474
473
513
381
425
433
425
433
S 06°52‟ 04‟‟
S 07° 20' 0‟‟
S 07° 10' 2‟‟
S 07° 10' 2‟‟
S 36° 35‟ 35.8”
S 07° 24.5‟‟
S 07° 58' 0‟‟
S 07° 02‟ 10.2‟‟
S 07°58' 6‟‟
S 07° 58' 0‟‟
S 07° 58' 0‟‟
S 07° 02‟ 10.3‟‟
S 07° 04‟ 58.0”
S 6° 46′ 58″
S 06° 12' 6‟‟
S 06° 40‟ 12.6”
S 06° 36‟ 35.4”
S 06° 40‟ 12.6”
S 06° 40‟ 12.6”
S 06° 46′ 58″
S 06° 12' 6‟‟
S 06° 58‟ 30.3”
S 07° 42' 6‟‟
S 07° 54‟ 31.6”
S 07° 55‟ 31.4”
S 07° 31' 6‟‟
S 07° 31' 4‟‟
W 36° 21‟ 06‟‟
W 36° 58' 6‟‟
W 36° 40' 0‟‟
W 36° 40' 0‟‟
W 36° 14‟ 14.0”
W 036° 35.8‟‟
W 36° 27' 9‟‟
W 36° 27‟ 40”
W 36° 28' 6‟‟
W 36° 27' 9‟‟
W 36° 27' 9‟‟
W 36° 27‟ 40‟‟
W 36° 03‟ 27.9”
W 35° 49′ 15
W 36° 41' 0‟‟
W 36° 05‟ 41.0”
W 36° 12‟ 44.2”
W 36° 05‟ 41.0”
W 36° 05‟ 41.0”
W 35° 49′ 15''
W 36° 41' 0‟‟
W 35° 43‟ 17.0”
W 36° 57' 2‟‟
W 36° 06‟ 58.2”
W 36° 06‟ 59.8”
W 36° 58' 2‟‟
W 36° 59' 8‟‟
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
Estaquia
104
ANEXOS
105
ANEXO - 1
Extração DNA de Plantas
Protocolo detergente CTAB (Grattapaglia e Ferreira, 1998), adaptado
1. Pesar 180-200 mg de tecido vegetal jovem;
2. Adicionar N2 líquido e emacerar em almofariz;
3. Transferir o pó para microtubos eppendorf de 1,5 mL;
4. Adicionar 700 µL de tampão de extração CTAB 2% (c/β-mercaptoetanol);
5. Agitar por 1‟;
6. Incubar em Banho Maria 65°C por 30‟ (homogeneizar a cada 10‟);
7. Retirar do Banho Maria e deixar esfriar a temperatura ambiente;
8. Adicionar 600µL de CIA (Clorofórmio:álcool isoamílico 24:1(vv));
9. Agitar por 1‟;
10. Centrifugar a 13400rpm por 10‟;
11. Transferir a fase superior (600 µL) para um novo microtubo;
12. Adicionar 600 µL de CIA e agitar bem;
13. Centrifugar a 13400 rpm por 5‟;
14. Transferir a fase superior (400 µL) para um novo microtubo;
15. Adicionar 40 µL do volume do Tampão de Lavagem;
16. Homogeneizar por inversão durante 5‟;
17. Adicionar 500 µL de CIA e agitar bem;
18. Centrifugar a 13400 rpm por 5‟;
19. Transferir a fase superior (280 µL) para um novo microtubo;
20. Adicionar 185µL de isopropanol ou (álcool isopropílico) frio;
21. Misturar levemente;
22. Centrifugar a 13400 rpm por 5‟;
23. Descartar o sobrenadante;
24. Secar o pellet;
25. Adicionar 1mL de etanol 70%;
26. Centrifugar a 13400 rpm por 2‟;
27. Descartar o volume de álcool deixar sobre a bancada por 10‟;
28. Adicionar 1mL de etanol absoluto;
29. Centrifugar a 13400 rpm por 2‟;
106
30. Descartar o excesso de etanol e deixar o pellet secar;
31. Ressuspender o pellet com 50 µL de TE.
Eliminação do RNA
1. Adicionar 150 µL de TE contendo RNAse na concentração final de 40 µg/mL;
2. Incubar em Banho Maria a 37°C por 30‟. Todo o DNA deve estar ressuspenso ao
final desse passo, caso ainda não esteja, colocar a 65°C por 10‟ e agitar
levemente;
3. Deixar atingir a temperatura ambiente;
4. Adicionar NaCl 5M (ver anexo item 6) na proporção de 1:10 (NaCl:DNA
ressuspenso) ,ou seja, (20 µL NaCl 5M/ 200 µL DNA);
5. Adicionar 2/3 (146 µL de isopropanol gelado) para precipitar novamente;
6. Incubar na geladeira a 4°C durante a noite ou -20°C por 3 horas.
7. Centrifugar por a 14000 rpm por 10‟;
8. Remover o sobrenadante, lavar o precipitado 1 ou 2 vezes com etanol 70%;
9. Centrifugar por a 14000 rpm por 2‟;
10. Descartar o excesso de etanol, adicionar etanol 95%;
11. Centrifugar por a 14000 rpm por 2‟;
12. Descartar o excesso de etanol;
13. Secar o pellet a temperatura ambiente por 15‟;
14. Ressuspender o pellet com 200 µL de TE;
15. Armazenar as amostra no congelador a -20°C.
107
ANEXO - 2
Extração HCN
Protocolo Extração de HCN (Ades & Hernandes, 1986) , adaptado.
1. Coletar amostras de tecido vegetal imergir imediatamente em nitrogênio líquido;
2. Acondicionar e caixa de isopor com gelo;
3. Pesar 20g de tecido vegetal;
4. Adicionar N2 líquido e emacerar em almofariz;
5. Transferir o pó para tubos de ensaio de 50 mL (mesmo utilizado no digestor de
proteína, Kjedahl);
6. Adicionar 50 mL de água ultra pura fecha os frascos com papel alumínio;
7. Agitar por 1‟;
8. Incubar em à 70°C por 4 hs (homogeneizar a cada 30‟);
9. Após incubação retirar do bloco digestor;
10. Adicionar 150 mL de água a 70°C homogeneizar e coar;
11. Fracionar 50 mL em três tubos de ensaio de 50 mL;
12. Adicionar 7 mL de NaOH (0,5 g em 20 mL) em cada tubo;
13. Levar para o destilador;
14. Coletar 100 mL do destilado em erlenmeyer contendo 8 mL de NH4OH (2N) + 2
mL de KI a 5%;
15. Titular com AgNO3 á 0,02 N.
Conversão: 1 mL de AgNO3 á 0,02 N = 1,08 mg HCN (1Ag equivale a 2CN)
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