FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR NÚCLEO DE SAÚDE – DEPARTAMENTO DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA EXPERIMENTAL FERNANDA BAY HURTADO CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO FITOQUÍMICO E ATIVIDADE BIOLÓGICA DA ENTRECASCA DE Maytenus guianensis KLOTZSCH EX REISSEK (CELASTRACEAE) PORTO VELHO 2013 FERNANDA BAY HURTADO CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO FITOQUÍMICO E ATIVIDADE BIOLÓGICA DA ENTRECASCA DE Maytenus guianensis KLOTZSCH EX REISSEK (CELASTRACEAE) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental da Universidade Federal de Rondônia, como requisito para a obtenção do título de Doutora em Biologia Experimental. Orientador: Prof. Dr. Valdir Alves Facundo Coorientadoras: Profª Dra. Juliana Zuliani Profª Dra. Pratrícia Soares Maria de Medeiros PORTO VELHO 2013 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Setorial 07/UNIR H967c Hurtado, Fernanda Bay. Contribuição ao estudo fitoquímico e biológico da entrecasca da espécie Maytenus guianensis klotzsh ex Reissek / Fernanda Bay hurtado. Porto Velho – RO: UNIR, 2013. 175 f. : il. color. ; + 1 CD-ROM Orientador: Prof. Dr. Valdir Alves Facundo. Co-orientadoras: Profª Dra. Juliana Pavan Zuliani; Profª Dra. Patrícia Soares de Maria Medeiros. Tese (Doutorado em Biologia Experimental) – Fundação Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho, 2013. 1. Maytenus. 2. Maytenus guianensis. 3. Friedelanos. 4. Atividade antiPlasmodial. 5. Atividade anti-inflamatóriaI. Fundação Universidade Federal de Rondônia. II. Facundo, Valdir Alves. III. Título. CDU: 615.322 (811) Bibliotecário-Documentalista: Jonatan Cândido, CRB15/732 FERNANDA BAY HURTADO CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO FITOQUÍMICO E ATIVIDADE BIOLÓGICA DA ENTRECASCA DE Maytenus guianensis KLOTZSCH EX REISSEK (CELASTRACEAE) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental da Universidade Federal de Rondônia, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Biologia Experimental, banca examinadora: Data da aprovação: 29 de maio de 2013. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Dr. Valdir Alves Facundo (Presidente: Universidade Federal de Rondônia – UNIR) __________________________________________________ Dr. Gil Valdo José da Silva (Faculdade de Filosofia Ciência e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP, Universidade de São Paulo -USP) __________________________________________________ Dra. Patrícia Soares de Maria Medeiros (Universidade Federal de Rondônia – UNIR e Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz Rondônia) __________________________________________________ Dr. Roberto Nicolete (Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz Rondônia) __________________________________________________ Dra. Rubiani Cássia Pagotto (Universidade Federal de Rondônia – UNIR) Dedico este trabalho aos meus pais, Josefina e Teodózio, minha irmã, Márcia, e ao meu esposo, Luiz Antônio, pessoas fundamentais em minha vida. Sem vocês nada disso seria possível! AGRADECIMENTOS A Deus, por tornar esse momento possível, por me dar forças para seguir adiante e por sempre me iluminar. Aos meus pais, Josefina e Teodózio, e irmã, Márcia, por todo amor, apoio e exemplo de vida, por acreditarem em mim em todo momento, por toda confiança e por estarem juntos a mim em todos os momentos. Ao meu muito amado esposo Luiz Antônio, por deixar-me acompanhar a obra prima que é a sua vida, testemunhar a prática de nobres virtudes e ser digna de seu amor e companheirismo. Ao meu orientador profº Valdir Alves Facundo pela orientação e a oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Agradeço pela confiança, paciência e respeito. A Leda e Isadora por gentilmente me cederem os extratos para a realização deste projeto. As Profªs Francisca da Luz Dias e Mariangela Soares de Azevedo, pela oportunidade, confiança e pela minha formação. As profªs Juliana Pavan Zuliani e Patrícia Medeiros, que por serem dedicadas e terem amor à ciência me transmitram ensinamentos valiosos e sábios, que às vezes ultrapassaram as paredes dos laboratórios e me serviram para a vida, duas pessoas de coração enorme que me acolheram com carinho, quero deixar um agradecimento especial a essas grandes orientadoras que são grandes seres humanos, OBRIGADO POR TUDO. A Fernanda Bijella, mais que uma amiga, uma irmã que esteve comigo desde o início desta jornada, obrigada por tudo, desde as conversas felizes até as tristes. Aos amigos Cristiane, Daniel Sol Sol, Daniele Simone, Elci, Joana d´Arc, Jorge, Reginaldo e Rubi, com certeza, sem vocês, eu não conseguiria chegar ao fim. Aos meus amigos do Departamento de Engenharia de Pesca que contribuíram direta e indiretamente para a realização deste trabalho, Clodoaldo, Eliane, Igor, Jair, Jucilene, Julia, Mário, Marlos, Paulo de Tarso, Rute e Santina. A todos os meus amigos do Laboratório de Pesquisa em Química de Produtos Naturais LPQPN, que contribuíram para realização deste projeto, Andrina, Consuelo, Daniela Lobato, Frank, Ivana, João Jr, Leandro Flores, Leandro Soares, Ludmila, Poli e Renato. Aos estagiários e funcionários e Amigos do Laboratório de Quimioterapia de Malária – LQM, pela atenção, colaboração, palavras de incentivo e afeto, e momentos de descontração, Daniel, Elci, Esquerdo e Francisco. Aos estagiários e funcionários do Laboratório de Cultivo Celular e Anticorpos Monoclonais e Laboratório De Bioquímica e Biotecnologia, pela atenção e colaboração, especialmente Leda, Letícia, Nery e Sulamita. A equipe do Laboratório de Fitoquímica e Produtos Naturais - Labfito, pela atenção, colaboração e ensinamentos, especialmente, “Xico”, “Rafa” e Valéria. A equipe do Laboratório de Citogenética e Mutagênese das Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA, Ana Letíca, Carli, Márcia e Valcira, por sempre estarem dispostas e de bom humor, mesmo tendo de trabalhar com muitas cebolas. Ao profº Wilson Petenele do Departamento de Química – UNIR, pelo auxílio na obtenção dos espectros no infravermelho. Ao profº Gil Valdo José da Silva do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP, pelo axílio na obtenção dos espectros de RMN de 1 He 13 C. Ao profº Valdemar Lacerda Júnior do Departamento de Química da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, pelo auxílio na obtenção dos espectros de RMN de 1 H e 13C. Aos funcionários da Fiocruz – RO, em especial ao Felipe, Giovani, Rose e Tatiane, muito obrigada pela cordialidade, ajuda indispensável e principalmente pela boa vontade que sempre demonstraram todas as vezes que busquei auxílio. A Caroline, secretária deste Programa de Pós-Graduação, muito obrigada pela cordialidade, ajuda indispensável e boa vontade que sempre demonstrou todas as vezes que busquei auxílio. Aos profºs Andreimar Martins Soares, Rubiani Cássia Pagotto e Deusilene Souza Viera, por terem feito parte da banca de exame de qualificação desta tese e contribuírem de maneira fundamental a finalização deste trabalho. Aos profºs Gil Valdo José da Silva, Patrícia Soares de Maria Medeiros, Roberto Nicolete e Rubiani Cássia Pagotto por tere feito parte da banca de exame de defesa final desta tese e contribuírem de maneira fundamental na finalização deste trabalho. À Fiocruz/Rondônia que gentilmente cedeu às instalações fundamentais para realização deste trabalho. À CAPES e CNPq pelo apoio financeiro. E por fim, as demais pessoas que não foram aqui mencionadas, mas que contribuíram direta ou indiretamente em mais uma etapa do caminho da minha realização profissional. "Foi o melhor dos tempos e o pior dos tempos, a idade da sabedoria e da insensatez, a era da fé e da incredulidade, a primavera da esperança e o inverno do desespero. Tínhamos tudo e nada tínhamos." (Charles Dickens, séc. XIX) RESUMO Espécies pertencentes ao gênero Maytenus (Celastraceae) são utilizadas na medicina tradicional na região Amazônica contra câncer, reumatismo, como anti-inflamatório. Maytenus guianensis, popularmente conhecida como “chichuá e xixuá” é uma árvore muito difundida na floresta Amazônica. O estudo fitoquímico de sua entrecasca resultou no isolamento de seis triterpenos pentaciclicos: 3-oxofriedelano, 3β-hidroxfriedelano, 3-oxo-16βhidroxifriedelano, 3-oxo-29-hidroxifriedelano, tingenona e tingenina B. Os resultados obtidos para a avaliação da atividade antioxidante, foram expressos em termos de CE50 (µg.mL-1), respectivamente: extrato acetônico da entrecasca (EAMG) com 50,44, eluato hexânico (EHMG) com 61,39, eluato clorofórmico (EClMG) com 53,28 e eluato acetônico (EAcMG) com 49,52, sendo o EAcMG o que apresentou a melhor atividade antioxidante quando comparado com o padrão comercial Ginkgo biloba (CE50 = 46,42 µg.mL-1). Para os testes de atividade genotóxica verificou-se que em um tempo de exposição prolongado (48 h) há efeito inibidor da proliferação em células de Allium cepa em todas as concentrações testadas, porém a ação clastogênica foi baixa, sem significativo efeito aneugênico. No teste de inflamação pelo edema de pata induzido pela carragenina 1%, os melhores resultados foram para extrato acetônico da entrecasca (EAMG) que apresentou Imax de 48,8 % no tempo de180 minutos na dose de 100 mg/kg via intraperitoneal e 16 β-hidroxifrielan-3-ona (CQH-3) que apresentou Imax de 65% no tempo de 120 minutos na dose de 50 mg/kg via intraperitoneal. Para o teste de atividade citotóxica frente as células HepG2 nenhuma amostra testada apresentou citotoxicidade de acordo com o National Institute of Cancer. No teste anti-Plasmodium falciparum os resultados foram promissores e expressos em termos de IC50 (g.mL-1), respectivamente: extrato acetônico da entrecasca (EAMG) com 250,02 ± 0,02, eluato hexânico (EHMG) com 305,23 ± 0,03, eluato clorofórmico (EClMG) com 294,76 ± 0,01 e eluato acetônico (EAcMG) com 190,37. Os resultados obtidos contribuíram para o estudo quimiotaxonômico da família Celastraceae e mostram que M. guianensis pode vir a ser uma fonte alternativa de compostos que sejam possíveis protótipos de fármacos que atuem em diferentes enfermidades. Palavras-chave: Triterpenos friedelanos. Atividade antiplasmodial. Atividade antiinflamatória. Atividade genotóxica. Atividade antioxidante ABSTRACT Species of the genus Maytenus (Celastraceae) are used in traditional medicine in the Amazon region against cancer, rheumatism, as anti-inflammatory. Maytenus guianensis, popularly known as "chichuá and xixuá" is a widespread tree in the Amazon rainforest. The phytochemical study of their bark resulted in the isolation of six pentacyclic triterpenes: 3oxofriedelane, 3β-hydroxyfriedelane, 3-oxo-16β-hydroxyfriedelane, 3-oxo-29hydroxyfriedelane, tingenone and tingenin B. The results for the evaluation of antioxidant activity, were expressed in terms of EC50 (μg.mL-1), respectively: acetone extract of bark (EAMG) with 50.44, hexane eluate (EHMG) with 61.39, chloroform eluate (EClMG) with 53.28 and acetone eluate (EAcMG) with 49.52 being the EAcMG presented the best antioxidant activity when compared with the standard commercial Ginkgo biloba (EC50 = 46.42 µg. mL-1). For testing genotoxic activity was found that at a long exposure time (48 hours) no inhibitory effect on the proliferation of cells in Allium cepa all concentrations tested, but was low clastogenic action without significant effect aneugenic. Inflammation test in the rat paw edema induced by carrageenin 1%, the best results were to acetone extract of the bark (EAMG) which presented 48.8% of Imax time de180 minutes at a dose of 100 mg/kg intraperitoneally, and 3-oxo-16β-hydroxyfriedelane (CQH-3) showed that 65% of Imax time 120 minutes at a dose of 50 mg/kg intraperitoneally. To test the cytotoxic activity front HepG2 cells showed no cytotoxicity of the tested sample according to the National Institute of Cancer. In the test anti-Plasmodium falciparum and promising results were expressed in terms of IC50 (g.mL-1), respectively: acetone extract of the bark (EAMG) of 250.02 ± 0.02, hexane eluate (EHMG) with 305.23 ± 0.03, chloroform eluate (EClMG) to 294.76 ± 0.01 and acetone eluate (EAcMG) with 190.37. The results obtained have contributed to the Study of the family Celastraceae chemotaxo/nomic and showed that M. guianensis may prove to be an alternate source of compounds that are possible prototypes of drugs that act in different diseases. Key-Words: Triterpenes friedelanos. Antiplasmodial activity. Anti-inflammatory. Genotoxic activity. Antioxidant activity. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Principais vias do metabolismo secundário e suas interligações. ..................................... - 27 Figura 2 - Substâncias envolvidas na biossíntese de terpenos. ........................................................ - 30 Figura 3 - Biossíntese geral de formação de terpenóides. ................................................................ - 31 Figura 4 - Conversão de 3-oxidosqualeno para friedelanol e 3-oxo-friedelano e o seu envolvimento como o precursor biossintético do quinonametídeo. .................................................... - 32 Figura 5 - Ciclo biológico do Plasmodium no mosquito e no homem. ............................................ - 58 Figura 6 - Casca do caule Maytenus guianensis. ............................................................................. - 61 Figura 7 - Esquema geral do procedimento experimental efetuado com a entrecasca de Maytenus guianensis. .................................................................................................................... - 64 Figura 8 - Espectro de RMN de 1H de CQH-1 (3-oxo-friedelano) (CDCl3; 400 MHz). ................. - 76 Figura 9 - Espectro de RMN de 13C de CQH-1 (3-oxo-friedelano) (CDCl3; 100 MHz). ................ - 77 Figura 10 - Espectro de RMN de 13C (DEPT-135) de CQH-1 (3-oxo-friedelano) (CDCl3; 100 MHz). 78 Figura 11 - Espectro de CQH-2 (3-hidroxifriedelano) obtido no infravermelho (IV) (KBr, cm-1).- 81 Figura 12 - Espectro de RMN 1H de CQH-2 (3-hidroxifriedelano), mostrando uma expansão entre 1,2-0,70 (400 MHz, CDCl3).......................................................................................... - 82 Figura 13 - Espectro de RMN 13C - Desacoplado - (CDCl3, 100 MHz) de CQH-2 (3hidroxifriedelano). ........................................................................................................ - 83 Figura 14 - Espectro de RMN de 13C (DEPT-100) de CQH-2 (3-hidroxifriedelano) (CDCl3; 100MHz). ...................................................................................................................... - 84 Figura 15 - Espectro de CQH-3 (3-oxo-16β-hidroxifriedelano) obtido no infravermelho (IV) (KBr, cm-1). ............................................................................................................................. - 87 Figura 16 - Espectro de RMN 13C (PND) de CQH-3 (3-oxo-16 β-hidroxifriedelano) (150 mhz, cdcl3). ...................................................................................................................................... - 88 Figura 17 - Espectro de RMN 13C (DEPT-135) de CQH-3 (3-oxo-16β-hidroxifriedelano) (150 MHz, CDCl3). ......................................................................................................................... - 89 Figura 18 - Algumas correlações observadas no espectro NOESY de CQH-3 (3-oxo-16 βhidroxifriedelano). ........................................................................................................ - 90 Figura 19 - Espectro de RMN 1H de CQH-3 (3-oxo-16 β-hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl3). - 91 Figura 20 - Espectro bidimensional COESY de CQH-3 (3-oxo-16β-hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl3). ......................................................................................................................... - 92 - Figura 21 - Espectro bidimensional COESY de CQH-3 (3-oxo-16β-hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl3). ......................................................................................................................... - 93 Figura 22 - Espectro bidimensional HMBC de CQH-3 (3-oxo-16β-hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl3). ......................................................................................................................... - 94 Figura 23 - Espectro bidimensional NOESY de CQH-3 (3-oxo-16 β-hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl3). ......................................................................................................................... - 95 Figura 24 - Espectro de CQH-4 (tingenona + tingenina b) obtido no infravermelho (IV) (KBr, cm-1). 98 Figura 25 - Estrutura parcial de triterpeno quinonametídeo. ........................................................... - 99 Figura 26 - Espectro de RMN 1H de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (400 MHz, CDCl3). ......... - 99 Figura 27 - Expansão do espectro de RMN 1H da região de 2,35 - 2,00 de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (400 MHz, CDCl3).................................................................................. - 100 Figura 28 - Expansão do espectro de RMN 1H da região de 7,70 - 6,20 de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (400 MHz, CDCl3).................................................................................. - 101 Figura 29 - Espectro de RMN 13C (DEPT-135) de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (150 MHz, CDCl3) . ...................................................................................................................... - 102 Figura 30 - Espectro de RMN 13C (PND) de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (150 MHz, CDCl3) mostrando expansões entre 214 – 209 e 77-71. .......................................................... - 103 Figura 31 - Espectro bidimensional COESY de CQH-4 (tingenona + tingenina b). ..................... - 105 Figura 32 - Espectro bidimensional HMBC de CQH-4 (tingenona + tingenina b). ...................... - 106 Figura 33 - Espectro de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) obtido no infravermelho (IV) (KBr, cm-1). ........................................................................................................................... - 109 Figura 34 - Espectro de RMN 13 C (PND) de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) (CDCl3; 100 MHz). .......................................................................................................................... - 110 Figura 35 - Espectro de RMN de 13C (DEPT-135) de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) (CDCl3; 100MHz). .................................................................................................................... - 111 Figura 36 - Espectro de RMN de 1H de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) (CDCl3; 400 MHz), mostrando também as expansões entre 3,30-2,20 e 1,22-0,70.................................... - 112 Figura 37 - Espectro bidimensional HMBC de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl3). ....................................................................................................................... - 113 Figura 38 - Espectro bidimensional COESY de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl3). ....................................................................................................................... - 114 Figura 39: Avaliação da atividade antioxidante (%) de Maytenus guianensis pelo método do DPPH. . 118 Figura 40: Avaliação da atividade antioxidante (%) de Ginkgo biloba (Egb 761) pelo método do DPPH. ......................................................................................................................... - 119 - Figura 41 - Efeito da administração do EAMG sobre o edema de pata induzido por carragenina a 1%. .................................................................................................................................... - 125 Figura 42 - Efeito da administração do EHMG sobre o edema de pata induzido por carragenina a 1%. .................................................................................................................................... - 127 Figura 43 - Efeito da administração do EClMG sobre o edema de pata induzido por carragenina a 1%. .............................................................................................................................. - 129 Figura 44 - Efeito da administração de CQH-2 sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%... 131 Figura 45 - Efeito da administração de CQH-3 sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%... 133 Figura 46 - Determinação citotoxicidade do extrato acetônico da entrecasca e eluatos frente a linhagem celular HepG2. ............................................................................................ - 140 Figura 47 - Determinação citotoxicidade de CQH-2 e CQH-3 frente a linhagem celular HepG2.- 141 Figura 48 - Atividade anti-P. falciparum (cepa 3D7) do extrato acetônico da entrecasca e eluatos, utilizando o ensaio imunoenzimático anti-HRPII. ...................................................... - 144 Figura 49 - Atividade anti-P. falciparum (cepa 3D7) de Cloroquina (CQ), utilizando o ensaio imunoenzimático anti-HRPII. ..................................................................................... - 145 - LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e tri-hidrogenados de CQH-1 (3oxo-friedelano), a partir dos espectros de RMN 13C (PND) e RMN 13C (DEPT-135). - 78 Tabela 2 - Dados de RMN de 13C (100 MHz, CDCl3) de CQH-1 (3-oxo-friedelano) e dados da 3-oxofriedelano descritos na literatura (SOUSA et al., 2012). .............................................. - 79 Tabela 3 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e tri-hidrogenados de CQH-2 (3hidroxifriedelano), a partir dos espectros de RMN 13C (PND) e RMN 13C (DEPT-135). ... 83 Tabela 4 - Dados de RMN de 13C (100 MHz, CDCl3) de CQH-2 (3-hidroxifriedelano) e dados da 3-hidroxifriedelano descritos na literatura. ................................................................. - 85 Tabela 5 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e tri-hidrogenados de CQH-3 (3oxo-16β-hidroxifriedelano), a partir dos espectros de RMN 13C (PND) e RMN 13C (DEPT-135). ................................................................................................................. - 88 Tabela 6 - Dados de RMN 13C e RMN 1H de CQH-3 (3-oxo-16 β-hidroxifriedelano) e comparação com os dados do triterpeno 3-oxo-16 β-hidroxifriedelano (3), descritos na literatura (NOZAKI et al., 1986).................................................................................................. - 96 Tabela 7 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e tri-hidrogenados de CQH-4 (tingenona + tingenina b), obtidos a partir dos espectros de RMN 13C (PND) e RMN 13C (DEPT-135). ............................................................................................................... - 104 Tabela 8 - Comparação entre os dados de RMN 13C de CQH-4 (tingenona + tingenina b) com dados destes triterpenos da literatura. ................................................................................... - 107 Tabela 9 - Correlação entre os deslocamentos químicos dos hidrogênios com os carbonos para CQH4 (tingenona + tingenina b). ........................................................................................ - 108 Tabela 10 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e tri-hidrogenados de CQCl-1 (3oxo-29-hidroxifriedelano), a partir dos espectros de RMN 13C (PND) e RMN 13C (DEPT135). ............................................................................................................................ - 111 Tabela 11 - Dados de RMN 13C e RMN 1H de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) e comparação com os dados do triterpeno 3-oxo-29-hidroxifriedelano (3), descritos na literatura. . - 115 Tabela 12 - Atividade antioxiante (% AA) do extrato acetônico da entrecasca e eluatos de Maytenus guianensis. .................................................................................................................. - 116 Tabela 13 - Tratamentos, número total de células analisadas no ciclo celular (interfase, prófase, metáfase, anáfase, telófase) em células meristemáticas de raízes de Allium cepa tratadas com o extrato acetônico da entrecasca de Maytenus guianensis. .............................. - 120 Tabela 14 - Tratamentos, número total de células analisadas, número de aberrações celulares e de células aberrantes de pontas de raízes de Allium cepa tratadas com extrato acetônico de Maytenus guianensis................................................................................................... - 121 - Tabela 15 - Efeito da administração do EAMG sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. . 124 Tabela 16 - Efeito da administração do EHMG sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. . 126 Tabela 17 - Efeito da administração de EClMG sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. . 128 Tabela 18 - Efeito da administração de CQH-2 sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. . 130 Tabela 19 - Efeito da administração de CQH-3 sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. . 132 Tabela 20 - Atividade anti-P. falciparum (cepa 3D7) do extrato acetônico da entrecasca e eluatos, utilizando o ensaio imunoenzimático anti-HRPII. ...................................................... - 143 - LISTA DE QUADROS Quadro 1- Metabólitos secundários isolados de algumas espécies do gênero Maytenus................. - 36 Quadro 2 - Espécies reativas do oxigênio. ....................................................................................... - 44 Quadro 3 - Principais agentes antioxidantes de defesa orgânica. .................................................... - 47 Quadro 4 - Exemplos de plantas com atividades biológicas. ........................................................... - 54 Quadro 5 - Dados epidemiológicos da malária por estados da Amazônia Legal, janeiro a dezembro de 2012. ............................................................................................................................. - 56 - LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS %AA – Porcentagem de Atividade Antioxidante 5-LOX – 5-lipoxigenase AA – Ácido araquidônico ACM – Anomalias celulares e cromossômicas AINE – Anti-inflamatório não esteroidal AMPc - Adenosina 3',5'-monofosfato cíclico ATP – Trifosfato de adenosina BK – Bradicinina Carr – Carragenina CAT – Catalase CC – Cromatografia em coluna CCD – Cromatografia em camada delgada CDL3 – Clorofórmio deuterado CE50 – Concentração efetiva 50% CM – Células em mitose CoQ – Coenzima Q10 CoQH2 – Ubiquinol COX – Ciclo-oxigenase COX-2 – Ciclo-oxigenase-2 CQH-1 – 3-oxo-friedelino CQH-2 – 3 - hidroxifriedelano CQH-3 – 3-oxo-16 β-hidroxifrielano CQH-4 – tingenona + tingenina b CQCl-1 – 3-oxo-29-hidroxifriedelano DI50 - Dose de inibição de 50 % Diclo – Diclofenaco de sódio DMAPP – Dimetilalil pirofosfato DMSO – Dimetilsulfóxido DNA – Ácido desoxirribonucleico DO – Densidade óptica DPPH – 2,2-difenil-1-picril-hidrazila E.P.M. – Erro padrão da média EAcMG – Eluato acetônico EAMG – Extrato acetônico da entrecasca EClMG – Eluato clorofórmico EDTA - Ácido etilenodiamino tetra-acético EHMG – Eluato hexânico ERO – Espécie reativa de oxigênico FDA – Food and Drug Administration FPP – Farnesil pirofosfato GGPP – Geranilferanil pirofosfato GMPc - Monofosfato cíclico de guanosina GPP – Geranil pirofosfato GPx – Glutationa peroxidase HEPES – Ácido 4 –(2-hidroxietil)-1-piperazinoetanossulfônico HepG-2 - Célula de hepatoma humano HIS – Histidina HRPII - Histidine rich protein II IM – Índice mitótico ip – Intraperitoneal IgE – Imunoglobulina E IL-1 - Interleucina 1 iNOS – Indutor óxido nítrico sintetase INPA – Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia IP – Isopreno IPP – Isopentenil pirofosfato LOX – Lisil oxidase MDL50 – Mínima Dose Letal 50% MTT – 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil tetrazólio NADH – nicotinamida adenina dinucleótido hidreto NADP – Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato NF-kB - Fator nuclear kappa B O21- - Ânion superóxido OH1- - Radical hidroxila OMS – Organização Mundial da Saúde PBS - Tampão de Fosfato e salina PBS-T - Tampão de Fosfato e salina com Tween 20 à 0,05% PG – Prostaglandina PGE2 - Prostaglandina E2 ppm – Parte por milhão psi – unidade de medida de pressão (libra força por polegada quadrada) RMN – Ressonância magnética RMN 13C – Ressonância magnética de carbono 13 RMN 1H - Ressonância magnética de hidrogênio 1 RNA – Ácido ribonucleico rpm - Rotação por minuto RPMI - Roswell Park Memorial Institute medium SBF – Soro fetal bovino SOD – Superóxido dismutase SOD2 – Superóxido dismutase 2 TA – Total de anomalias TMB – 3,3´,5,5´-Tetrametilbenzidina TNF- - Fator de necrose tumoral - UV – Ultra violeta UV-Vis – Ultravioleta-Visível LISTA DE FÓRMULAS H2O2 – Peróxido de Hidrogênio KBr – Brometo de potássio NaCl – Cloreto de sódio NaHCO3 – Bicarbonato de Sódio LISTA DE UNIDADES m – nanômetro M - namoMolar g.mL-1 – nanograma por mililitro µg.kg-1 – micrograma por quilograma µg.mL-1 – micrograma por mililitro µM – microMolar mg/kg – Miligrama por quilograma mg/mL – Miligrama por mililitro mL – Mililitro mM - miliMolar SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ - 23 1.1 Aspectos Gerais sobre o uso de plantas medicinais ................................................................ - 23 1.2 Metabolismo Secundário ......................................................................................................... - 25 1.3 Terpenos .................................................................................................................................. - 28 1.3.1 Biossíntese de Terpenos ................................................................................................... - 30 1.4 Família Celastraceae ............................................................................................................... - 33 1.5 Gênero Maytenus .................................................................................................................... - 34 1.6 Características da espécie Maytenys guianensis ..................................................................... - 42 1.7 Considerações sobre a atividade antioxidante ......................................................................... - 43 1.8 Considerações sobre genotoxicidade....................................................................................... - 47 1.8.1 Bioensaios na detecção da mutagenicidade...................................................................... - 49 1.9 Considerações sobre inflamação ............................................................................................. - 52 1.9.1 Plantas com atividade anti-inflamatória ........................................................................... - 53 1.10 Considerações sobre a malária .............................................................................................. - 55 1.10.1 Ciclo de vida do parasito e aspectos clínicos da doença ................................................ - 57 1.10.2 Busca por novos fármacos .............................................................................................. - 58 2. OBJETIVOS ................................................................................................................................. - 60 2.1 Geral ........................................................................................................................................ - 60 2.2 Específicos .............................................................................................................................. - 60 3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................... - 61 3.1 Estudo fitoquímico de Maytenus guianensis ........................................................................... - 61 3.1.1 Coleta do material vegetal ................................................................................................ - 61 3.1.2 Preparação do extrato acetônico e eluatos ........................................................................ - 62 3.1.3 Materiais e métodos cromatográficos............................................................................... - 62 3.1.4 Isolamento e purificação dos metabólitos secundários .................................................... - 63 3.1.5 Materiais e métodos para a elucidação das estruturas químicas das substâncias isoladas - 65 3.2 Avaliação da atividade antioxidante........................................................................................ - 66 3.3 Avaliação da atividade genotóxica .......................................................................................... - 67 3.4 Avaliação da atividade anti-inflamatória ................................................................................ - 68 - 3.4.1 Animais ............................................................................................................................ - 68 3.4.2 Edema de pata induzido por carragenina ......................................................................... - 68 3.4.3 Análise estatística ............................................................................................................. - 69 3.5 Solubilização do extrato acetônico da entrecasca, eluatos e substâncias isoladas .................. - 69 3.6 Avaliação da atividade citotóxica............................................................................................ - 70 3.6.1 Cultivo das células HepG2 ............................................................................................... - 70 3.6.2 Preparo das placas teste .................................................................................................... - 70 3.6.3 Teste de citotoxicidade ..................................................................................................... - 71 3.7 Avaliação da atividade anti-Plasmodium falciparum.............................................................. - 72 3.7.1 Cultivo do P. falciparum cepa 3D7 (sensível a cloroquina) ............................................ - 72 3.7.2 Sincronização dos parasitos para utilização nos testes in vitro ........................................ - 72 3.7.3 Preparo das placas para os ensaios de quimioterapia ....................................................... - 73 3.7.4 Teste imunoenzimático anti-HRPII .................................................................................. - 73 3.7.5 Análise Estatística ............................................................................................................ - 74 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................. - 75 4.1. Determinação estrutural dos constituintes isolados da entrecasca de Maytenus guianensis .. - 75 4.1.1 Determinação estrutural de 3-oxo-friedelano (CQH-1) ................................................... - 75 4.1.2 Determinação estrutural de 3 - hidroxifriedelano (CQH-2) ........................................... - 80 4.1.3 Determinação estrutural de 3-oxo-16-hidroxifriedelano (CQH-3). ............................... - 86 4.1.4 Determinação estrutural de tingenona + tingenina B (CQH-4) ........................................ - 97 4.1.5. Determinação estrutural de 3-oxo-29-hidroxifriedelano (CQCl-1) ............................... - 108 4.2 Avaliação da atividade antioxidante...................................................................................... - 115 4.1 Avaliação da atividade genotóxica ........................................................................................ - 119 4.3 Atividade anti-inflamatória ................................................................................................... - 123 4.4 Atividade citotóxica .............................................................................................................. - 139 4.5 Atividade anti-P. falciparum ................................................................................................. - 142 5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. - 147 6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... - 148 7. ANEXOS..................................................................................................................................... - 168 - - 23 - 1. INTRODUÇÃO 1.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS A definição da OMS para plantas medicinais diz que “são aquelas que têm uma história de uso tradicional como agente terapêutico” As planta s podem ser classificadas de acordo com sua ordem de importância, iniciando-se pelas empregadas diretamente na terapêutica, seguidas daquelas que constituem matéria-prima para manipulação e, por último, as empregadas na indústria para obtenção de princípios. As plantas medicinais têm sido utilizadas tradicionalmente para o tratamento de várias enfermidades. Sua aplicação é vasta e abrange desde o combate ao câncer até à microrganismos patogênicos (SILVA; CARVALHO, 2004). As plantas, além de seu uso na medicina popular com finalidades terapêuticas, têm contribuído, ao longo dos anos, para a obtenção de vários fármacos, até hoje amplamente utilizados na clínica, como a emetina, a vincristina, a colchicina, a rutina. A cada momento são relacionadas na literatura novas moléculas, algumas de relevante ação farmacológica como o taxol e a artemisinina (CECHINEL FILHO, 1998). As plantas medicinais são frequentemente utilizadas com o intuito de substituir ou auxiliar as terapias convencionais no tratamento de várias doenças. Entre outros fatores, a preferência na utilização das plantas medicinais decorre da facilidade de obtenção e do baixo custo de produção. Porém, sabe-se que as plantas medicinais apresentam ampla diversidade de metabólitos secundários com diferentes atividades biológicas (SIMÕES, 2007). Como emprego medicinal poder-se-ia citar centenas de exemplos, porém alguns são clássicos como é o caso da Papaver somniferum L. (Papaveraceae), vulgarmente conhecida por papoula, planta usada para a extração do ópio, cujo componente majoritário é a morfina isolada por Setürner, princípio ativo empregado para combater a dor, desde 1803-04. Passado mais de um século isolou-se desta mesma planta a codeína (Robiquet) e mais tarde a papaverina (Merck). Indícios arqueológicos indicam seu uso há 4000 anos a.C. Outro exemplo marcante é o da Digitalis purpurea L. e a Digitalis lanata Ehr., plantas que foram a - 24 - origem da descoberta de medicamentos para o coração. Delas extraíram-se glicosídeos cardiotônicos chamados cardenolídeos, sendo os mais utilizados a digitoxina e a digoxina. Estas plantas também têm uma longa história, pois egípcios e romanos faziam uso delas pelas propriedades diuréticas e tóxicas. Foi durante a antiguidade Egípcia, Grega e Romana que se acumularam conhecimentos empíricos transmitidos, principalmente pelos árabes, aos herdeiros destas civilizações. Isto prova que, desde as mais antigas civilizações, as plantas são utilizadas como fitoterápicos (HOSTETTMANN; QUEIROZ; VIEIRA, 2003; YUNES; CECHINEL FILHO, 2001). Nota-se nos últimos anos que o trabalho com plantas medicinais tem aumentado, pois na década de 1990, registrou-se um aumento expressivo no interesse em substâncias derivadas de espécies vegetais, evidenciado pelo crescimento de publicações dessa linha de pesquisa nas principais revistas científicas das áreas de química e farmacologia (CALIXTO, 2000). Alguns fatores têm contribuído para este aumento de interesse, e entre eles está a grande eficácia de algumas substâncias antitumorais obtidas de plantas, como os alcalóides extraídos da espécie vegetal Catharanthus roseus G. Don (Apocynaceae), originária de Madagascar, descobertos no final dos anos 60, ainda considerados indispensáveis para o tratamento de leucemia assim como os taxoides extraídos das espécies Taxus brevifolia Nutt. (Taxaceae) e T. baccata L. para cânceres ginecológicos (HOSTETTMANN; QUEIROZ; VIEIRA, 2003). Outro fator que incentiva o estudo com plantas é a complexidade na descoberta de novas drogas; atualmente são necessários de sete a dez anos para o desenvolvimento do estudo completo. Embora seja o quinto maior consumidor mundial de remédios, possua grande riqueza natural e amplo patrimônio étnico-cultural, o mercado farmacêutico brasileiro ainda é dominado por multinacionais (LOPES, 2004). Em grande parte, os efeitos gerados pelos constituintes de uma planta no organismo vivo são verificados baseando-se nos conhecimentos populares de uso repetitivo e tradicional. Sabe-se que os vegetais e frutas possuem classes de agentes fitoquímicos com diversas ações terapêuticas, como efeitos antioxidantes, antimutagênicos e até anticarcinogênicos (KUSAMRAN; TEPSWAN; KUPRADINUN, 1998). Também existem diversos estudos relacionados com a ação benéfica de plantas na modulação da resposta imunológica (LOPES, 2004). Pae et al. (2003), por exemplo, estudaram extratos de Catalpa ovata G. Don., tradicional planta ornamental da Coréia e verificaram importante ação inibitória da liberação de óxido nítrico e TNF-α por macrófagos, o que caracteriza sua ação anti-inflamatória. Enfim, os extratos de muitas plantas podem ser usados no tratamento de várias doenças humanas. - 25 - Estudos mostraram que 50% dos medicamentos aprovados entre 1981 e 2006, pelo Food and Drug Administration (FDA), são direta ou indiretamente derivados de produtos naturais. E que mais de 60% de medicamentos anticancerígenos têm sua origem em uma fonte natural (FERREIRA; PINTO, 2010). A indústria farmacêutica, motivada pela descoberta de quimioterápicos eficazes, aumentou o interesse pelos medicamentos de origem vegetal, como a vimblastina e a vincristina, alcaloides antitumorais isolados da vinca (ANDRADE et al., 2007). As atividades terapêuticas no organismo são causadas por componentes químicos chamados de princípios ativos (metabólitos secundários). Há uma grande busca por processos que os identifiquem e caracterizem, comprovando sua eficácia (OLIVEIRA et al., 2006a). 1.2 METABOLISMO SECUNDÁR IO Dá-se o nome de metabolismo ao conjunto de reações químicas que continuamente estão ocorrendo em cada célula. A presença de enzimas específicas garante uma certa direção a essas reações, estabelecendo o que se denomina rotas metabólicas. Os compostos químicos formados, degradados (ou simplesmente transformados) são chamados de metabólitos e as reações enzimáticas envolvidas, são designadas como anabólicas, catabólicas ou de biotransformação (SANTOS, 2007). A atividade metabólica é uma característica intrínseca dos seres vivos. O metabolismo nada mais é do que o conjunto de reações químicas que ocorrem no interior das células, no caso das células vegetais, o metabolismo costuma ser dividido em primário e secundário (SIMOES et al., 2007). Entende-se por metabolismo primário o conjunto de processos metabólicos que desempenham uma função essencial no vegetal, tais como a fotossíntese, a respiração e o transporte de solutos. Os compostos envolvidos no metabolismo primário possuem uma distribuição universal nas plantas. Esse é o caso dos aminoácidos, dos nucleotídeos, dos lipídios, carboidratos e da clorofila (SANTOS, 2007). Em contrapartida, o metabolismo secundário origina compostos que não possuem uma distribuição universal, pois não são necessários para todas as plantas. Como consequência prática, esses compostos podem ser utilizados em estudos taxonômicos na elucidação da - 26 - quimiossistemática de plantas medicinais e no desenvolvimento de novos agentes terapêuticos no combate a patógenos e com efeitos curativos como cicatrizantes e anestésicos e outros (YUNES; CALIXTO, 2001). A produção destes componentes pode ter várias funções, dentre estas, proteger a planta da herbivoria, do ataque de patógenos, bem como beneficiá-la na competição com outros vegetais. Além disso, favorecem a atração de polinizadores, de dispersores de sementes, bem como microorganismos simbiontes. Acrescidos a estes fatores bióticos, a produção de metabólitos secundários também protege o vegetal de influências externas, como temperatura, umidade, exposição a luz ultravioleta (UV) e deficiência de nutrientes minerais (PERES, 2004). A síntese de metabólitos secundários pode ser afetada por condições ambientais (fatores edafoclimáticos), por representarem uma interface química entre as plantas e o meio ambiente circundante. Os vegetais respondem a estímulos ambientais bastante variáveis, de natureza física, química ou biológica, fatores tais como fertilidade e tipo do solo, umidade, radiação solar, vento, temperatura e poluição atmosférica, dentre outros, podem influenciar e alterar a composição química dos vegetais (GOBBO-NETO; LOPES, 2007). Ainda não se conhece com exatidão, como esses produtos são formados pelas células vegetais, e uma das questões que se busca responder é “como as plantas regulam a produção destas substâncias”, e o resultado deste questionamento levaram a elucidação das principais vias metabólicas conhecidas, a via do piruvato, a via do mevalonato e a via do ácido chiquímico. Atualmente estima-se que existam cerca de 10.000 metabólitos secundários conhecidos e supõe-se que este número ultrapasse 100.000 na natureza, oriundos em sua maioria destas três vias metabólicas (CARVALHO, 2004a; SANTOS, 2007; YUNES; CALIXTO, 2001). Existem três grandes grupos de metabólitos secundários: terpenos, compostos fenólicos e alcalóides conforme exemplifica a Figura 1 (BARBOSA, 2008). O metabolismo primário em sua essência é geral a todos os vegetais, contudo o metabolismo secundário apresenta rotas não tão gerais e talvez só sejam ativadas durante alguns estágios particulares de crescimento e desenvolvimento, ou em períodos de estresse causados por fatores bióticos ou abióticos (CARVALHO, 2004a; SANTOS, 2007). - 27 - FIGURA 1 - Principais vias do metabolismo secundário e suas interligações. CO2 fotossíntese Metabolismo Primário do Carbono Eritrose-4fosfato piruvato fosfoenolpiruvato Ciclo do Ácido Tricarboxílico 3-fosfoglicerato Acetil-Co A Aminoácidos alifáticos Via do Ácido Chiquímico Aminoácidos Aromáticos Via do Ácido Malônico Via do Ácido Mevalônico Via do metileritritol fosfato Alcalóides Terpenos Compostos Fenólicos Metabolismo Secundário do Carbono Fonte: adaptado de BARBOSA (2008). Na Figura 1 pode-se observar as várias vias deste processo e suas especificidades. Os terpenos formam o maior grupo de metabólitos secundários, com cerca de 29.000 compostos conhecidos, incluindo os esteroides. São estruturas que contém esqueleto carbônico derivados da condensação de unidades de isoprenos, e que apresentam uma classificação de acordo com - 28 - a quantidade de átomos na cadeia carbônica, onde: monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), triterpenos (C30) e tetraterpenos (C40) (BIESKI, 2004). Os fenóis são substâncias que tem pelo menos um grupo hidroxila ou derivado funcional ligado a um sistema aromático. O número e variedades dos fenóis fazem deles um importante grupo de substâncias das plantas, como por exemplo as cumarinas, ligninas, flavononas, flavonas, antocianidinas entre outras. As lignanas são dímeros encontradas na natureza, obtidas a partir do acoplamento fenólico oxidativo de monômeros derivados do acido chiquímico que é o precursor de muitos metabolitos com unidades básica C6-C3 (SIMOES et al., 2007). Os alcalóides são compostos azotados complexos, de natureza básica, capazes de geralmente produzir efeitos fisiológicos. São, na maior parte dos casos, venenos vegetais muito ativos, dotados de uma ação específica. A medicina emprega-os normalmente em estado puro e o seu verdadeiro valor apenas se releva quando usados adequadamente pelo médico (CARVALHO, 2004a). 1.3 TERPENOS Os terpenos são conhecidos pelas suas importantes funções biológicas e fisiológicas e, por isso, muitos são utilizados na área farmacêutica. Inicialmente eram conhecidos como sendo originados nas plantas superiores através da via biossintética do acetato-mevalonato a partir de unidades do isopreno que vão se ligando entre si, orientados em sentido inverso (cabeça-cauda). No entanto, a partir da descoberta da via do não-mevalonato, o conceito da biossíntese dos terpenóides passou por algumas mudanças. Nas plantas superiores, a via convencional opera, principalmente, no citoplasma e mitocôndrias e sintetiza esteróides e sesquiterpenos preferencialmente, porém a via não-mevalonato opera no plastídio sintetizando todas as outras classes de terpenos incluindo carotenoides e clorofila (NIERO; MALHEIROS, 2009). São conhecidos cerca de 30.000 terpenos, classificados de acordo com o número de unidades de isopreno em: hemiterpenóides, C5; monoterpenóides C10; sesquiterpenóides C15; diterpenóides, C20; triterpenoide, C30 e tetraterpenóides, C40 (DUBEY et al., 2003). Eles - 29 - apresentam funções variadas nos vegetais. Os monoterpenos são os principais constituintes dos óleos voláteis, atuando na atração de polinizadores. Os sesquiterpenos, em geral, apresentam funções protetoras contra fungos e bactérias, enquanto muitos diterpenóides dão origem aos hormônios de crescimento vegetal. Os triterpenoides e seus derivados esteroidais apresentam uma gama de funções como proteção contra herbívoros, antimitóticos, atuantes na germinação das sementes e na inibição do crescimento da raiz (DUBEY et al., 2003; NIERO; MALHEIROS, 2009). Os monoterpenos podem ocorrer em pêlos glandulares, células parenquimáticas diferenciadas e em canais oleíferos. Eles podem estar estocados em flores, como as de laranjeira, folhas, como no capim-limão, nas cascas dos caules, como na canela, na madeira, como no sândalo ou no pau-rosa, e em frutos como nos de erva-doce (PERES, 2004). Os sesquiterpenoides são encontrados nos óleos essenciais e em hormônios vegetais, constituindo a maior classe de terpenóides (OLIVEIRA et al., 2006a). Os diterpenoides compreendem um grande grupo de compostos não voláteis, possuindo uma vasta gama de atividades diferentes que incluem os hormônios, ácidos resínicos e agentes anticancerígenos (OLIVEIRA; GODOY; COSTA, 2003). Peres (2004) descreveu que provavelmente o principal papel desempenhado por um diterpeno seja o das giberelinas, as quais são importantes hormônios vegetais responsáveis pela germinação de sementes, alongamento caulinar e expansão dos frutos de muitas espécies vegetais. Os triterpenoides formam os componentes das resinas, látex, ceras e cutícula das plantas. Entre os triterpenos está uma importante classe de substâncias, os esteróides, os quais são componentes dos lipídios de membrana e precursores de hormônios esteróides em mamíferos, plantas e insetos. Outra classe importante de triterpenos são as saponinas. Como o próprio nome indica, as saponinas são prontamente reconhecidas pela formação de espuma em certos extratos vegetais. Essas substâncias são semelhantes ao sabão porque possuem uma parte solúvel (glicose) e outra lipossolúvel (triterpeno). Nas plantas, as saponinas desempenham um importante papel na defesa contra insetos e microorganismos (PERES, 2004). Os tetraterpenoides são carotenoides, pigmentos responsáveis pela coloração amarela, laranja, vermelha e púrpura dos vegetais, apresentando função essencial na fotossíntese e, especialmente, na pigmentação de flores e frutos. Os politerpenoides são - 30 - aqueles com mais de oito unidades de isopreno, ou seja, com mais de 40 carbonos na sua estrutura, como os longos polímeros encontrados na borracha (OLIVEIRA; GODOY; COSTA, 2003). 1.3.1 BIOSSÍNTESE DE TERPENOS O isopreno (IP) é produzido naturalmente, mas não está envolvido diretamente na formação dos produtos pertencentes a estas classes. As unidades bioquimicamente ativas de isopreno são na realidade o dimetilalill pirofosfato (DMAPP) e o isopentenil pirofosfato (IPP), Figura 2 (YUNES; CECHINEL FILHO, 2009). FIGURA 2 - Substâncias envolvidas na biossíntese de terpenos . OPP OPP IP DMAPP IPP Fonte: YUNES; CECHINEL FILHO, (2009). A adição de uma unidade do DMAPP ao carbono ativo C5 do IPP, gera o isômero geranil pirofosfato (GPP, C10). Subsequentemente a cada adição de uma unidade de isoprenil pirofosfato forma sucessivamente os prenilados pirofosfatos superiores como o farnesil pirofosfato (FPP, C15) e o geranilferanil pirofosfato (GGPP, C20). Uma condensação de duas unidades de IPP ou GPP gera os triterpenos e tetraterpenos, respectivamente (DUBEY et al., 2003). Na natureza a maioria dos terpenóides não ocorre na sua forma linear, existindo sob a forma de estruturas cíclicas, obtidas através de reações de oxidação, redução, hidratação e isomerização, levando a uma grande variedade estrutural (MAHMOUD; CROTEAU, 2002). A Figura 3 representa a síntese geral de formação de alguns terpenóides encontrados em plantas superiores. Os friedelanos são os triterpenos mais frequentemente isolados da família Celastraceae. A co-ocorrência de friedelanos e quinonemetídeos em várias espécies, tanto em plantas inteiras como em culturas de células, levou CORSINO et al. (2000) a propor uma rota biogenética sobre a relação destes dois tipos de triterpenoides. A Figura 4 mostra a conversão - 31 - de 3-oxidosqualeno para friedelanol e 3-oxo-friedelano e o seu envolvimento como o precursor biossintético da quinona metide. FIGURA 3 - Biossíntese geral de formação de terpenóides. OPP OPP DMAPP Hemiterpenos IPP Fitoesteróides GPP Sintase Geranilpirofosfato Triterpenos C30 Monoterpenos (GPP, C10) Óleos Essenciais FPP sintase + IPP Esqualeno dimerização Farnesilpirofosfato (FPP, C15) Sesquiterpenos GGPP sintase + IPP Saponinas Geranilgeranilpirofosfato (GGPP, C20) (+ IPP)n Politerpenos Fonte: YUNES; CECHINEL FILHO, (2009). Diterpenos Carotenóides Clorofila - 32 - FIGURA 4 - Conversão de 3-oxidosqualeno para friedelanol e 3-oxo-friedelano e o seu envolvimento como o precursor biossintético do quinonametídeo. O Oxidosqualeno Ciclase H H H Friedelanol HO Oxidoredutase H H H Friedelina O O HO Fonte: CORSINO et al., (2000). H Quinonametídeo - 33 - 1.4 FAMÍLIA CELASTRACEAE A família Celastraceae distribui-se nas regiões tropical e subtropical, incluindo o norte da África, América do Sul e Ásia, particularmente na China contendo 98 gêneros e aproximadamente 1.264 espécies (DUARTE et al., 2010; SPIVEY; WESTON; WOODHEAD, 2002). No Brasil, essa família é representada por quatro gêneros: Maytenus Juss., Austroplenckia Lund., Franhofera Mart. E Salacia Mart. (OLIVEIRA et al., 2006b). De acordo com Joly (1998) apud Dias et al. (2005), a família Celastraceae “apresenta plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas. As folhas são inteiras, sem estípulas com disposição oposta ou alterna. As flores são hermafroditas ou unissexuais, pequenas de simetria radial”. Segundo Fonseca et al.(2007), a família Celastraceae possui espécies com grande importância terapêutica, pois apresentam uma grande variedade de atividades farmacológicas, como ação antiulcerogênica, inseticida, imunossupressora, ação curativa de feridas na pele, antirreumática, antibacteriana e tratamento de câncer de pele. Espécies da Família Celastraceae, ressaltando o gênero Maytenus, tem sido objeto de inúmeras investigações fitoquímicas e muitos metabólitos secundários apresentam atividades biológicas. As principais classes de metabólitos descritos incluem os triterpenos pentacíclicos friedelânicos e quinonametídeos, os sesquiterpenos, os secofriedelanos, os esteróides, os derivados agarofurânicos, os glicosídeos, as proantocianidinas, os flavonóides glicosilados, os alcaloides piridínicos sesquiterpênicos e as catequinas. As principais classes de compostos isolados são triterpenos, sesquiterpenos, alcaloides, flavonoides e esteroides glicosilados (BAZZOCCHI et al., 2008; CHAVES et al., 1999; CORSINO et al., 1998; CORSINO et al., 2003; DUARTE, et al., 2012; PINHEIRO, 1980; SILVA et al., 2008; SOUSA et al., 2012). Dessas classes, os triterpenos pentacíclicos são os mais abundantes, dentre os quais destacam-se: friedelanos, quinonametídeos, oleananos, ursanos e lupanos. Vários triterpenos pentacíclicos e seus derivados foram reportados na literatura por apresentarem atividade biológica (ALLISON et al., 2001; ALMEIDA et al., 2010; ALVARENGA; FERRO, 2006; ANTONISAMY; DURAIPANDIYAN; IGNACIMUTHU, 2011; CORSINO et al., 2003; DING et al., 2010; FONSECA et al., 2007; FORMIGONI et al., 1991; JORGE et al., 2004; KENNEDY et al., 2011; KVIST et al., 2006; LIMA et al., 2010; SANTOS et al., 2013). - 34 - 1.5 GÊNERO MAYTENUS O gênero Maytenus é o maior e mais diversificado da família Celastraceae e está inserido na subfamília Celastroideae, seção Oxphylla, que é restrita a América do Sul (CARVALHO-OKANO; LEITÃO FILHO, 2005). Este gênero foi estabelecido por Molina (1782) (LOURTEIG; O´DONELL 1955, apud OKANO, 1992) baseado na espécie Maytenus boaria Molina, do Chile. Segundo o autor o gênero se caracterizava por apresentar cálice monossépalo, corola monopétala, androceu com 2 estames e fruto monospérmico. Estas características não correspondem ao gênero, e foram reconhecidas pelo autor em 1810, atribuindo as falhas em sua descrição ao tamanho pequeno das flores, associado e inexistência de melhores equipamentos (PESSUTO, 2006). Este gênero possui cerca de 200 espécies tropicais; dentre estas, 76 espécies e 14 variedades são encontradas no Brasil, principalmente na Região Sul (NEGRI; POSSAMAI; NAKASHIMA, 2009). Espécimes deste gênero são encontradas na floresta amazônica, floresta atlântica, cerrado, restinga, caatinga e no campo rupestre. Muitas espécies deste gênero são utilizadas na medicina popular, morfologicamente, esse gênero é formado por árvores, arbustos ou subarbustos. As folhas têm forma variada, que pode ser crenada, serrada ou aculeada nas margens. Possuem flores inconspícuas, esverdeadas e fruto cápsula (CARVALHO-OKANO; LEITÃO-FILHO, 2005). De acordo com Carvalho-Okano e Leitão-Filho (2004), o gênero Maytenus é considerado pantropical; cerca de 40% das espécies ocorrem no Brasil, incluem representantes arbóreos, arbustivos e subarbustivos, com porte variando entre 1,5-8,0 m e árvores de até 20 m. Seus ramos são geralmente eretos, simples ou bastante ramificados na porção apical com entrenós expostos na maioria das espécies, seus ramos podem ser cilíndricos, achatados, retangulares ou carenados com suas superfícies variando entre de galbra a pilosa e sem espinhos (PESSUTO, 2006). Pessuto (2006) relata que as folhas são extremamente variáveis no gênero e entre indivíduos de uma mesma espécie, e, segundo Loesener (1942) apud Okano (1992) a filotaxia do gênero Maytenus pode ser alterna ou oposta, sendo mais frequentemente a disposição alterna. Pessuto (2006) ressalta que a forma e as dimensões da lâmina foliar nas espécies deste gênero são muito variáveis incluindo desde formas suborbiculares até cordadas, ovais e - 35 - obovais, elípticas e estreitamente elípticas e oblongas, a lâmina é basicamente plana na maioria das espécies. As inflorescências são axilares e cimosas, as flores são pequenas e inconspícuas variando entre 3 – 5 mm de comprimento com coloração branco-esverdeada. Em relação aos frutos são coriáceos ou subcarnosos, deiscentes, capsulares, loculicidas, bivalvares, suas sementes são eretas, suborbiculares, elipsoides ou obovais e as vezes angulares em número variável de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo aríolo (PESSUTO, 2006). As espécies Maytenus ilicifolia Martius ex Reiss e M. aquifolium Mart. são exemplos de plantas da família Celastraceae que são amplamente utilizadas na medicina popular brasileira. São ingeridas na forma de infusão aquosa para o tratamento de úlcera gástrica e outras afecções intestinais (OLIVEIRA et al., 2006b). As cascas de Maytenus rigida são utilizadas para o tratamento de inflamação, úlcera e diarréia (ROCHA et al., 2004). A atividade antiulcera também foi reportada para as espécies Maytenus truncata (SILVA et al., 2005) e Austroplenckia populnea (ANDRADE et al., 2006). Muitos metabólitos bioativos foram isolados de espécies de Maytenus (Quadro 1), e estes vêm apresentando várias propriedades biológicas, tais como ação antiulcerogênica (QUEIROGA et al., 2000; SOUZA-FORMIGONI et al., 1991), atividade antitumoral (SHIROTA et al., 1994), inseticidas (MADRIGAL et al., 1985), ação anti-inflamatória (SOSA et al., 2007), potencial herbicida (SILVA, 2007), atividade antioxidante (NOGUEIRA, 2009; PESSUTO, 2006; SILVA et al., 2009a), atividade antiplasmodial (MALEBO et al., 2009; MUTHAURA et al., 2011), efeito antinociceptivo (MARTINS et al., 2012), ação antimicrobiana (GONZALEZ et al., 1995; LINDSEY et al., 2006; RODRIGUES et al., 2012), atividade antiprotozoária (MALEBO et al., 2009; SANTOS et al., 2012; SANTOS et al., 2013). - 36 - QUADRO 1 - Metabólitos secundários isolados de algumas espécies do gênero Maytenus. Maytenus acanthophylla OLIVEIRA et al., (2006b) H O H O H HO H H HO HO -Sitosterol O Tingenona 11 -hidroxi-Lup-20(29)-en-3-ona COOCH3 HO O HO O O HO HO Pristimerina 20-hidroxi-20-epi-Tingenona HO Lup-20(29)-en-311-diol Maytenus amazônica CHAVES, et al., (1999) H H O H O O O OH HO HO HO HO OH HO O OH 23-nor-6-oxo-Tingenol O (7S,8S)-7- hidroxi-7,8-dihidroTingenona 7,8-dihidro-6-oxo-Tingenol H O H HO HO H O 23-oxo-isotingenona III Maytenus aquifolium CORSINO et al., (2003) OH OH OMe HO O HO O OH OH OH OH OH OH (+) ouratea-Catequina - 37 - Epigalocatequina Maytenus blepharodes LEON; LOPEZ; MOJUIR, (2010) COOMe COOH HO HO HO HO HOOC O HOOC Zeilasterona O Dimetilzeilasterona Maytenus chuchuhuasca MORITA et al., (2008) COOH O O H HO H O MeO O 3-metil-6-oxo-Tingenol OH H O HO HO 22 - hidroxi-Tingenona Celastrol COOMe H HO HO O 6 – oxo-Pristimerol Maytenus distichophylla DUARTE, et al., (2012) OH O OH OH O O O O OH 6,12-dihidroxi-3,16,21-trioxoFriedelano 12-Hidroxi-3-oxo-Friedelano 9-hidroxi-3-oxo-Friedelano Maytenus guianensis MACARI, et al., (2004); PINHEIRO, (1980); SOUSA et al., (1986) CH2OH OH OMe HO O OH H HO H HO H H OH OH O OH OH CH2OH dulcitol HO H 3C OH N CH3 N,N-dimetilserina - 38 - 4-metil-Epigalocatequina HO O -Sitosterol O O -Sitostenona 3,7-dioxo-Friedelano OCH3 OCH3 HO HO O AcO OH OH O AcO OH OH OAc O OAc OH OH OH OH Me HO 4´-O-metil-(-)-epigalocatequina O OCH3 OH O AcO OH O Me O OH O OH CH3 C C Me OH N Proantocianidia A Evonina AcO AcO OAc AcO OCOPh O Me AcO O OH O Me O CH3 C O OH C N Wilfordina Maytenus gonoclada SILVA et al., (2009b) O O 3-oxo-Friedelano OH 3-Hidroxifriedelano (Friedelinol) O 3,11-Dioxo-Friedelano O - 39 - OH OH O O O 3,16-dioxo-Friedelano 12-hidroxi-3-oxo -Friedelano O 29-Hidroxi-3-oxo-Friedelano HO HO 3-Taraxerol -Amirina HO Lupeol Maytenus ilicifolia COSTA et al., 2008; MARIOT; BARBIERI, (2007); QUEIROGA et al., (2000). COOCH3 O HO Pristimerina HO O 3-Hidroxifriedelano 3-oxo-Friedelano (Friedelina) OH OH HO HO O O OH OH OH OH OH O O Quercetina Canferol Maytenus imbricata RODRIGUES et al., (2012); SILVA, (2007); SILVA et al., (2007) HO HO O HO 11-hidroxi-Lup-20(29)-en-3-ona 3, 11 - di – hidroxi-Lup-20(29)en-3-ona O O 3,7-dioxo-Friedelano - 40 - HOCH2 O O HO O HO HO O H O 6-oxo-Tingenol Tingenona 29-hidroxi-3-oxo-Friedelano HOOC Ácido 3,4-seco-Friedelan-3-óico Maytenus obtusifolia SILVA et al., (2008) OH HOOC O O O 29-hidroxi-3-oxo-Friedelano 3,7-dioxo-Friedelano Ácido 3,4-seco-Friedelan-3-óico OH OMe HO O OH H OH HO HO H H 3-hidroxi-9,12-en-Oleanane OH 3-hidroxi-11,13-en-Oleanano OH HO OH OH OH O OH OH OMe HO O HO OH HO HO 4´-O-methyl-(_)-Epigalocatecina O OH O OH HO OH OH OH HO Catequina Epicatequina (12) ouratea-Proantocianidina Maytenus robusta SOUSA et al., (2012) OH O OH O O - 41 - 3-oxo-Friedelano 3-Hidroxifriedelano 21-hidri-3,15-dioxo-Friedelano HO HO HO HO 3,11-dihidroxifriedelano O O 29-hidri- 3-oxo-Friedelano 11-hidri-3-oxo-Friedelano Maytenus salicifolia MAGALHÃES et al., (2011) HOH2C HOH2C O O HO O 30-hidroxi-3-oxo-Friedelano Lup-20(29)-en,30-diol 3,16-dioxo-Friedelano CH2OH HO Betulina Maytenus senegalensis LINDSEY et al., (2006); SOSA et al., (2007) COOH COOH H H H H H O O Ácido 3-oxo-Friedelan-20-óico H Ácido Maitenóico O Lupenona H H H H H HO -Sitosterol H HO -Amirina H H - 42 - 1.6 CARACTERÍSTICAS DA ESPÉCIE Maytenys guianensis Maytenus guyanensis é uma árvore endêmica de terra firme, encontrada em algumas áreas da floresta Amazônica, principalmente no Peru, Equador e Colômbia, é conhecida como chichuá, xixuá, chuchahuasi, chucchu huashu, chuchuasi, chuchasha e tonipulmon (BORRÁS, 2003; DUCKE; VASQUEZ, 1994; REVILLA, 2002b). Suas folhas são oblongas lanceoladas ou elípticas, inteiras, acuminadas, coriáceas e lustrosas na face superior, de 10 - 20 cm de comprimento e 3 - 4 cm de largura, cartácea, veia central proeminente em ambas as faces, secundárias inconspícuas; ápice acuminado a cuspiado com pecíolo de 4 mm de largura, inflorescência axilar, flores numerosas, pentâmeras diminutas, cálice colorido com dentes decíduos e pétalas obovadas de cor branca, o fruto em forma de cápsula ovóide, sementes oblongas com arilo branco (REVILLA, 2001; 2002a; 2002b). O tronco é cilíndrico com base acanalada. Riditoma sulcado marrom-amarelado; desprendimento em placas papiráceas (RIBEIRO et al., 1999). O pó vermelho da casca da raiz dessa planta é usado pelos indígenas na forma de infusão alcoólica como um tônico geral, para o tratamento de reumatismo, como contraceptivo e como afrodisíaco. Para o uso tópico, é empregada como agente antitumoral em câncer de pele e, também, para o tratamento de feridas (DA SILVA, 1990). Suas raízes e caule também são utilizados como analgésico, anti-inflamatório, afrodisíaco, relaxante muscular, antireutmático e antidiarréico. A espécie também é indicada no tratamento de artrite, impotência, resfriado, bronquite, hemorróidas, verminoses, lumbago, úlceras externas e usos ginecológicos (BORRAS, 2003). Como cosmético é utilizado nas erupções cutâneas e prevenção do câncer de pele (REVILLA, 2002a). Na forma de tintura é utilizada como relaxante muscular, para artrire e reumatismo; em decocção usa-se uma parte da casca (cerca de 2 a 5 centímetros em 2 litros de água); para artrite e reumatismo foi relatado o uso de uma xícara (café) 3 vezes ao dia, por uma semana (BORRAS, 2003). A decocção dos galhos é considerada segundo Ducke e Vasquez (1994) como estimulante e tônico. Desta espécie, até o momento, foram estudados o cerne (PINHEIRO, 1980) e a casca (LIMA; VARGAS; POHLIT, 2010; MACARI et al., 2004 e 2006; SOUSA et al., 1986). Em sua dissertação de mestrado Pinheiro (1980) realizou o estudo do extrato etanólico do cerne, que resultou no isolamento dos metabólitos secundários: dulcitol, N,N-dimetilserina, sitosterol, -sitostenona, 3,7-dioxo-friedelano, proantocianidia A e 4´-O-metil-(-)- - 43 - epigalocatequina (Quadro1); Sousa et al.(1986) realizaram o estudo do extrato etanólico da raíz e isolaram os alcaloides sesquiterpênicos wilfordina e evonina (Quadro 1) e por fim Macari et al.(2004) realizaram o estudo químico do extrato etanólico da casca da espécie, resultando no isolamento do flavonóide 4-metilepigalocatequina (Quadro 1). Para avaliar o potencial farmacológico de M. guianensis, Lima, Vargas e Pohlit (2010), realizaram testes de atividade antiedematogênica e antiplaquetária do extrato etanólico da casca, os resultados obtidos foram significativos quando o extrato foi administrado oralmente (400 mg de extrato/kg de peso corporal de camundongo) com redução do edema em 40% quando comparado com carragenina, também obtiveram resultados significativos para a atividade antiplaquetária, com IC50 142 ± 14,3, 133 ± 2,3 e 166 ± 0,3 µg/mL, para agregação plaquetária induzida por adrenalina, difosfato de adenosina ou ácido araquidônico, respectivamente. 1.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ATIVIDADE ANTIOXIDANTE A presença de radicais livres em materiais biológicos foi descoberta em meados de 1950, sendo que, em 1956, Denham Harman elaborou a hipótese de que radicais de oxigênio poderiam ser formados como subprodutos de reações enzimáticas in vivo. Assim, ele descreveu os radicais livres como a “caixa de pandora” responsável por danos celulares para algumas enfermidades, como o processo de mutagênse, o câncer, o processo degenerativo do envelhecimento biológico, dentre outros (DROGE, 2002). A oxidação é inerente à vida aeróbica e, dessa forma, os radicais livres são produzidos naturalmente. Essas moléculas geradas in vivo estão envolvidas na produção de energia, fagocitose, regulação do crescimento celular, sinalização intercelular e síntese de substancias biológicas importantes (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006). Muitos compostos oxidantes ou pró-oxidantes, possuem atividade carcinogênica e mutagênica e atuam através da formação de radicais de oxigênio também chamados de espécies reativas de oxigênio (ERO). A maioria das reações dos radicais livres envolve a redução do oxigênio molecular levando à formação de ERO como ânion superóxido (O21-) e radical hidroxila (OH1-). Em geral, as espécies ativas de oxigênio (Quadro 2) são essenciais para muitas funções celulares, entretanto, podem causar danos oxidativos aos componentes celulares, contribuindo para o envelhecimento e doenças degenerativas. Assim, a proteção dos - 44 - componentes celulares contra as modificações oxidativas pode ser estabelecida com o uso de antioxidantes (GOUVEA, 2004). QUADRO 2 - Espécies reativas do oxigênio. O2●1- Ânion superóxido ou radical superóxido HO2● Radical perhidroxil H2O2 Peróxido de hidrogênio HO●1- Radical hidroxila RO●1- Radical alquila ROO●1- Radical peróxido ROOH Hidroperóxido orgânico 1 Oxigênio singlet O2 RO●1- Carbonila excitada Fonte: SILVA (2010). A formação endógena de ERO ocorre pela mitocôndria, tratando-se de um processo fisiológico contínuo que ocorre em condições anaeróbicas e por enzimas envolvidas em reações de óxido-redução em outros compartimentos celulares. Tem sido estabelecido que cerca de 1-2% do oxigênio consumido pela mitocôndria sofre redução univalente, produzindo o ânion superóxido (O21-) ao nível da coenzima Q e do complexo NADH-CoQ redutase e em solução aquosa o ânion superóxido sofre dismutação espontânea, Reação 01 (GOUVEA, 2004) : 2O21- + 2H1+ H2O2 + O2 Reação 01 Devido a sua configuração eletrônica, o oxigênio molecular (O2), principal oxidante em virtude do metabolismo aeróbico, tende a receber um elétron de cada vez, o que acarreta na formação de compostos intermediários altamente reativos - EROs (Reação 02). O primeiro composto obtido é o ânion superóxido, que é gerado pela reação entre moléculas de substâncias que participam da cadeia de transporte de elétrons na mitocôndria e no retículo endoplasmático. As células fagocitárias também produzem o ânion superóxido como parte do mecanismo de defesa imunológica para eliminar microorganismos patogênicos; porém nas - 45 - doenças inflamatórias crônicas esta produção torna-se excessiva, provocando lesões nos tecidos (LEITE; SARNI, 2003). O2 e- O21- 1+ e- + 2 H H2O2 1+ e- + H 1+ OH1- e + H H2O Reação 02 H2O Uma vez formados, os radicais livres buscam estabilizar-se, cedendo ou capturando um elétron de espécies vizinhas. Estas, por sua vez, viram radicais livres e se estabilizam, tomando ou cedendo elétrons de outras substâncias. Criando-se dessa forma uma reação em cadeia que termina por alterar a conformação, a estrutura ou as funções das proteínas, fosfolipídios de membrana, ácidos nucléicos e outros componentes celulares (RIEGEL, 2002). Grande parte das moléculas biológicas podem ser oxidadas pelos radicais livres, no entanto, Cheeseman e Slater (1993) citam que os lipídeos são os mais afetados pelo estresse oxidativo. As consequências oriundas da lesão de lipídeos pelos radicais livres são evidenciadas quando estas moléculas alteram a função metabólica, a permeabilidade e, como consequência, a fluidez de substâncias entre o meio intra e extracelular e até danos ao DNA intracelular, o que em última instância altera e prejudica o metabolismo intracelular, podendo inclusive ocasionar morte celular (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2007). A mitocôndria possui um sistema antioxidante de defesa, que consiste em uma série de enzimas como a peroxidase, superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase, glutationa redutase e nicotinamida adenina dinucleótido fosfato (NADP) transidrogenase, bem como compostos como NADPH e vitaminas E e C. Em condições, nas quais um excesso de ERO são geradas na mitocôndria e seu sistema antioxidante de defesa está em exaustão, é criado um estado de estresse oxidativo, levando a danos da mitocôndria (GOUVEA, 2004). O excesso de radicais livres no organismo é combatido por antioxidantes produzidos pelo corpo ou absorvidos através da alimentação. Quando há um desbalanço entre a produção de radicais livres e os mecanismos de defesa antioxidante, ocorre o chamado “estresse oxidativo”. Os radicais livres em excesso podem ser originados por defeitos na respiração mitocondrial, metabolismo do ácido araquidônico, ativação-inibição de sistemas enzimáticos ou por fatores exógenos, como poluição, habito de fumar ou ingerir álcool, ou ainda, por uma nutrição inadequada (NUNEZ-SELLES, 2005). Antioxidantes podem ser definidos como agentes que retardam ou previnem as lesões causadas pelos radicais livres nas células e atualmente são de interesse pelas indústrias - 46 - alimentícia, cosmética e farmacêutica. Segundo Halliwell (2000) “Antioxidante é qualquer substância que, quando presente em baixa concentração comparada à do substrato oxidável, regenera o substrato ou previne significativamente a oxidação do mesmo”. Os antioxidantes produzidos pelo organismo podem agir enzimaticamente, a exemplo da GPx, CAT e SOD2 ou, não-enzimaticamente a exemplo de GSH, peptídeos de histidina, proteínas ligadas ao ferro (transferrina e ferritina), ácido diidrolipóico e CoQH2. Alguns dos antioxidantes provenientes da dieta são o a-tocoferol (vitamina-E), β-caroteno (pro-vitamina-A), ácido ascórbico (vitamina-C), e compostos fenólicos onde se destacam os flavonóides epoliflavonóides (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006). Os antioxidantes agem interagindo com os radicais livres antes que estes possam reagir com as moléculas biológicas, evitando que ocorram as reações em cadeia ou prevenindo a ativação do oxigênio a produtos altamente reativos (BERNARDES; PESSANHA; OLIVEIRA, 2010; RATNAM et al., 2006). Os antioxidantes podem ser divididos em duas classes: os que apresentam atividade enzimática e os não enzimáticos (Quadro 3). No primeiro grupo estão os antioxidantes produzidos pelo organismo, CoQH2. compostos capazes de inibir a iniciação da oxidação, ou seja, as enzimas que removem as espécies reativas ao oxigênio. No segundo grupo estão as moléculas que interagem com as espécies radicalares e são consumidas durante a reação (MARIOD et al.; 2009). Compostos típicos que possuem atividade antioxidante incluem a classe de fenóis, ácidos fenólicos e seus derivados, flavonoides, tocoferóis, fosfolipídios, aminoácidos, acido fitico, acido ascórbico, pigmentos e esteróis (OLIVEIRA et al., 2009a). Os radicais formados a partir de antioxidantes não são reativos para propagar a reação em cadeia que seria prejudicial à célula; eles são neutralizados por reação com outro radical, formando produtos estáveis ou podem ser reciclados por outro antioxidante (SOUZA et al., 2007). O uso de antioxidantes naturais tem aumentado com as descobertas das propriedades dos componentes que são produzidos pelas plantas através do metabolismo secundário. Esses componentes podem atuar como agentes redutores, sequestradores de radicais livres, quelantes de metais ou desativadores do oxigênio singleto e/ou exibir simultaneamente, mais de uma dessas funções (CANTERLE, 2005). - 47 - QUADRO 3 - Principais agentes antioxidantes de defesa orgânica. Não enzimático Enzimático L-cisteína Superóxido dismutase α-tocoferol (vitamina E) Catalase β-caroteno NADPH-quinona oxidoredutase Glutationa Glutationa peroxidase Ácido ascórbico (vitamina C) Enzimas de reparo Flavonóides Proteínas do plasma Selênio Clorofilina Curcumina Fonte: SILVA (2010). Experimentos simples podem ser realizados para examinar diretamente a habilidade antioxidante in vitro e para testar possível efeito pró-oxidante em diferentes alvos moleculares. Um dos métodos mais utilizados consiste em avaliar a atividade sequestradora do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH). Este teste permite determinar a porcentagem de atividade antioxidante ou a atividade sequestradora de radicais livres e/ou a porcentagem de DPPH remanescente no meio reacional (SOUZA et al., 2007). 1.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE GENOTOXICIDADE Em âmbito mundial, tem-se encontrado forte relação entre a exposição a agentes genotóxicos e o desenvolvimento de diversos efeitos nocivos à saúde, principalmente com a incidência de cânceres e problemas reprodutivos em pessoas ocupacionalmente expostas em laboratórios químicos, clínicos, toxicológicos e indústrias em geral (MARQUES et al., 2005). Estes agentes podem induzir modificações químicas tanto ao nível celular quanto molecular. Essas lesões podem ser induzidas por agentes químicos, físicos ou biológicos que são prejudiciais às células, uma vez que podem afetar processos vitais como a duplicação e a transcrição gênica. As alterações podem também causar mutações e aberrações - 48 - cromossômicas, fenômeno esse que podem levar a processos cancerosos e morte celular (COSTA; MENK, 2000). Segundo a FDA (2008): “compostos que têm potencial para induzir mutações genéticas, quebras cromossômicas, e/ou rearranjos cromossômicos são considerados genotóxicos e têm potencial para causar câncer em humanos”. A utilização de ensaios biológicos para o monitoramento da bioatividade de extratos, frações e compostos químicos isolados tem sido frequentemente incorporada à identificação e monitoramento de substâncias potencialmente tóxicas (NOLDIN; MONACHE; YUNES, 2003). As fontes de exposição a compostos mutagênicos podem ser de vários tipos: (1) endógenos – óxido nitroso e radicais livres de oxigênio; (2) provenientes da dieta – mutagênicos gerados durante o cozimento de alimentos, ou presentes na dieta; (3) radiação – exposição aos raios-X e ultra violeta (UV); (4) poluição – efluentes industriais, pesticidas, incineração de lixo (RIBEIRO; MARQUES, 2003). Toda a informação sobre a função e a estrutura de uma célula encontra-se armazenada no seu DNA. Este é alvo constante de grandes mutações por uma variedade de mecanismos que incluem a mutação de ponto, devido a modificação de moléculas reativas como, por exemplo, o radical hidroxila, quebras cromossômicas, rearranjo, perda ou ganho de cromossomos, silenciamento de genes, bem como encurtamento acelerado dos telômeros. A célula pode sofrer mutação em três diferentes locais: (1) no gene; (2) nos cromossomos e (3) na maquinaria necessária para a segregação de cromossomos (KRISHNA; HAYAHSHI, 2000). Todos esses mecanismos de danos ao genoma ocorrem espontaneamente devido a efeitos de agentes mutagênicos gerados endogenamente e/ou por causa de deficiência de cofatores necessários para o metabolismo e reparo do DNA, além da exposição de agentes mutagênicos, podendo causar grandes alterações ao material genético das células eucarióticas. Se houver alguma alteração que interrompa a sequencia essencial de DNA pode haver morte celular (FENECH, 2005). Na maioria das vezes os danos conseguem ser reparados, porém, quando o reparo é ineficiente ou incorreto, ocorre aumento da sensibilidade das células do indivíduo a tensões genotóxicas normais, culminando em mutação. Este tipo de lesão é permanente na sequência de DNA, sendo transmitida às futuras gerações de células. As mutações podem ser benéficas, quando elas conferem vantagem seletiva para a evolução da população, ou ainda, maléficas ou deletérias, com quebras de cromátides ou cromossomos, que podem causar doenças como o câncer (FENECH, 2005; GORBUNOVA ; SELUANOV, 2005; KAZIMIROVA et al., 2009). - 49 - Estas lesões no DNA podem ser quantificadas, tendo por base células-controle não tratadas como parte de um ensaio de genotoxicidade bem conduzido. A frequência de fundo quantificável mutante representa uma parte crítica de qualquer caracterização dose-resposta de mutagenicidade, que pode ser medida tanto em modelos animais, vegetais e em microorganismos in vitro ou in vivo, e assim, ser extrapolada para humanos (POTTENGER; GOLLAPUDI, 2009). 1.8.1 BIOENSAIOS NA DETECÇÃO DA MUTAGENICIDADE Uma variedade de ensaios de genotoxicidade está sendo desenvolvida para a identificação de compostos que reagem com o DNA. A principal razão para o desenvolvimento destes sistemas de teste tem o intuito de proteger o homem contra os danos ao DNA e suas consequências. Algumas características importantes das espécies utilizadas incluem a disponibilidade de informações sobre sua estrutura genômica, um baixo número de cromossomos que é ideal para análises de aberração e um crescimento rápido (período de geração curto) (KRISHNA; HAYASHI, 2000). Muitos sistemas biológicos podem se caracterizar em importantes sistemas-teste para ensaios de atividades mutagênicas de agentes químicos. Muitas espécies de vegetais, como Allium cepa, Arabidopsis thaliana e Hordeum vulgare, têm se mostrado materiais biológicos altamente adequados para este fim. Por meio desses sistemas vegetais podem ser realizados ensaios de aberrações cromossômicas e testes citogenéticos (RANK; NIELSEN, 1993). Bioensaios vegetais são, em geral, altamente sensíveis na detecção de efeitos genotóxicos de várias substâncias. A maioria destes testes são de baixo custo e tempo relativamente rápido e não requerem equipamentos específicos e manipulação excessiva da amostra ou procedimentos de concentração. Um dos modelos mais promissores para a monitorização in situ é o bioensaio de micronúcleos em Tradescantia utilizado com sucesso em estudos de biomonitorização ambiental desde 1980 (MISIK et al., 2006). Allium cepa é outra dessas plantas bastante utilizada em diversos estudos para detectar aberrações cromossômicas induzidas por substâncias químicas, sendo este teste um dos melhores sistemas de ensaio estabelecidos, utilizado rotineiramente devido à sua sensibilidade e boa correlação com sistemas teste em animais (TKALEC et al., 2009). - 50 - O teste com a cebola ou Teste Allium cepa é o mais antigo relatado na literatura. Em 1938, Levan publicou um trabalho sobre o efeito da colchicina na mitose de células das raízes de Allium cepa. Desde então este teste vem sendo muito utilizado para a detecção de mutágenos, seja de produtos isolados (SETH et al., 2008), seja de misturas complexas presentes em amostras ambientais (tanto de águas, ar, solo ou sedimento), ou para avaliação de citotoxicidade (análise do índice mitótico) ou de genotoxicidade (análise de aberrações cromossômicas ou formação de micronúcleos). O teste Allium cepa é considerado favorável devido a algumas condições, como a presença de cromossomos grandes e em número reduzido (2n = 16) (LEME; MARIN-MORALES, 2009). Testes com A. cepa são adequados por oferecer parâmetros microscópios como aderências cromossômicas, pontes, fragmentação e perdas cromossômicas, C-mitoses e micronúcleos, que podem se caracterizar em evidências ou até indicadores de eventuais mutações no conteúdo genético celular (TKALEC et al., 2009). Apesar de ser um ensaio muito usado, desde os anos 30, somente em 1985 um protocolo foi estabelecido (FISKESJO, 1985). Este protocolo preconiza o uso de bulbos com 1,5 a 2 cm de diâmetro, tubos de vidro para cultivo com 1,5 cm de diâmetro e 10 cm de comprimento, água de torneira de boa qualidade (sem íons tóxicos) como controle negativo e que o experimento deva ser feito à temperatura de 20°C no escuro. Segundo este protocolo, o Teste Allium cepa pode ser feito da forma original ou da forma modificada. Na forma original, os bulbos são colocados para germinar antes do tratamento por 4 ou 24 h, enquanto que na forma modificada, os bulbos são colocados diretamente no tratamento sem germinação prévia. A amostra de água de tratamento deve ser trocada a cada dia ou, se disponível em pouca quantidade, apenas completada. Para análise da conformação cromossômica, o protocolo sugere o uso da colchicina a 0,1%. A coloração por Reação de Feulgen pode ser usada, mas a orceína acética a 1% fornece melhores resultados, além de ser mais rápida. Tal ensaio estabelece como parâmetros microscópicos o índice mitótico (IM), com análise de 400 células/lâmina e aberrações em metáfases e anáfases (100/lâmina) tais como: stickness, pontes e fragmentos, cromossomos vagantes e mitose colchicínica. Como parâmetros macroscópicos sugere tamanho e forma das raízes, turgescência e alterações na cor (FISKESJO, 1985). O teste A. cepa também permite a avaliação de diferentes parâmetros: as frequências de aberrações cromossômicas e de micronúcleos têm sido as mais utilizadas para detecção de mutagenicidade, enquanto que o índice mitótico e algumas anomalias nucleares são utilizadas para avaliar a citotoxicidade (TURKOGLU et al., 2008). - 51 - De acordo com Leme e Marin-Morales (2009), a análise do Índice Mitótico (IM) foi utilizada em diferentes estudos e a maioria deles mostrou resultados satisfatórios para as análises propostas. O IM constitui um parâmetro importante para a avaliação da toxicidade celular de diversas substâncias, onde a citotoxicidade de determinado agente químico pode ser determinada pelo aumento ou pela diminuição do IM. Índices mitóticos maiores que o controle negativo são resultados de um aumento na divisão celular, que pode ser prejudicial para as células, levando a uma proliferação celular desordenada e até mesmo para a formação de tecidos tumorais. A redução significativa do IM em relação ao controle negativo pode indicar alterações, derivadas da ação química do agente sobre o crescimento e desenvolvimento do organismo exposto (LEME; MARIN-MORALES, 2009). Em 2003, Rank propôs o método para análise de aberrações em anáfase e telófase. Esse método seria uma versão modificada do protocolo de Fiskesjo (1985), em que os bulbos seriam colocados para germinar por 24 horas e, em seguida, suas raízes seriam expostas durante um período de tratamento de 48 horas. Após a preparação das lâminas, duas categorias de aberrações cromossômicas mais frequentes poderiam ser analisadas: as indicativas de atividade clastogênica (fragmentos cromossômicos e pontes) e as promovidas por interação com o fuso mitótico (cromossomos atrasados -laggards e vagantes). Outras categorias de aberrações menos frequentes como anáfase c-mitótica, multipolaridades, poliploidia e cromossomos pulverizados também poderiam ser analisados (RANK, 2003). A análise da frequência de aberrações mitóticas tem se destacado como marcador de danos ao material genético mais utilizado em A. cepa. Entre essas alterações citológicas, as aberrações em metáfase e anáfase são as mais empregadas nas análises de genotoxicidade, seguidas das aberrações em telófase. Para os estudos de genotoxicidade, as aberrações cromossômicas podem ser reunidas em um único grupo, de acordo com a fase do ciclo, ou ainda serem classificadas com base na sua origem, em aberrações de origem clastogênica ou aneugênica (RIBEIRO; MARQUES, 2003). A classificação diferencial de cada tipo de aberração também pode ser realizada, e é particularmente interessante em estudos que buscam compreender o mecanismo de ação do agente de interesse. Nesse tipo de análise, as alterações mais frequentemente encontradas são: c-mitose, cromossomos stickness, cromossomos atrasados, cromossomos vagantes, multipolaridades, pontes anafásicas, anáfases precoces, poliploidia e fragmentos cromossômicos (LEME; MARIN-MORALES, 2009). - 52 - Diante desta revisão relatada, verifica-se que, dentre os diversos bioensaios de genotoxicidade e mutagenicidade a substâncias o Teste Allium cepa vêm sendo bastante utilizado, sendo importante para o diagnóstico de possíveis efeitos mutagênicos e genotóxicos, reparo celular e na prevenção de riscos a curto ou em longo prazo de exposição e que correlações entre esse bioensaio pode contribuir para o entendimento da complexidade molecular da exposição a substâncias em estudos de genética toxicológica. 1.9 CONSIDERAÇÕES SOBRE INFLAMAÇÃO A palavra inflamação, do grego phlogosis e do latim flamma, significa fogo, área em chamas. Descrições das características clínicas da inflamação foram encontradas em papiros egípcios, datados de aproximadamente 3000 a.C., mas o primeiro autor a listar os quatro sinais cardinais da inflamação foi Celsius, um escritor romano do século I d.C., que relatou o aumento no fluxo sanguíneo e a dilatação dos pequenos vasos, rubor, a permeabilidade vascular aumentada, tumor, que levaria a um aumento na temperatura local, calor, à passagem de células do sangue circulante e dor local, dolor (ROCHA e SILVA; GARCIA LEME, 2006). A perda de função (functio laesa), quinto sinal clínico, foi adicionado posteriormente por Virchow. Em 1793 John Hunter, um cirurgião escocês, observou o que é óbvio para os tempos atuais: que a inflamação não é uma doença, mas uma resposta sem especificidade, com objetivos salutares ao hospedeiro (KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005). O processo inflamatório é uma resposta de defesa do organismo frente a um estímulo lesivo, que visa preservar e restabelecer a homeostase do tecido agredido. Para enfrentar a injúria ou invasão por microrganismos causadores de doenças, o corpo humano possui um arsenal de respostas de defesa, e a reposta inflamatória/imunológica forma um componente significativo de muitas doenças encontradas na clínica (RANG; DALE, RITTER, 2007). É uma resposta de proteção, cujo objetivo é livrar o organismo tanto da causa inicial da agressão celular quanto das consequências desta agressão (HUME; FAIRLIE, 2005). As respostas inflamatórias ocorrem em 3 fases distintas, sendo cada uma aparentemente mediada por diferentes mecanismos: (1) Uma fase transitória aguda, reação inata, não imunológica que engloba os eventos que ocorrem localmente no interior dos tecidos, caracterizada por vasodilatação e permeabilidade capilar; (2) Uma fase subaguda tardia, caracterizada proeminentemente pela infiltração dos leucócitos e células fagocíticas; a - 53 - resposta imune é adquirida e específica, tornando a resposta de defesa a um microorganismo invasor mais eficaz; (3) Uma fase proliferativa crônica em que ocorre degeneração tecidual e fibrose (TLASKALOVA-HOGENOVA et al., 2005). Todas estas etapas do processo de migração leucocitária são dependentes da expressão pelos leucócitos e pelas células endoteliais, de moléculas denominadas moléculas de adesão e mediadores quimiotáticos. O principal objetivo dessas interações é facilitar a migração dos leucócitos do compartimento intravascular para dentro do interstício e do espaço intersticial para os locais de infecção ou lesão (SHERWOOD; TOLIVER-KINSKY, 2004). Após o estímulo desencadeador do processo inflamatório, ocorre a liberação de diversos mediadores que podem originar-se no plasma das células ou dos tecidos lesionados podendo ser divididos em: aminas vasoativas (histamina e serotonina), proteases plasmáticas (sistema de cinina – bradicina, sistema do complemento, sistema de coagulação fibrinolítico); eicosanoides; proteases lisossômicas; fatores ativadores de plaquetas (PAF); quimiocinas, citocinas, óxido nítrico, dentre outros. Cada mediador com o seu papel específico atua em estágios definidos da reação inflamatória (KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005). 1.9.1 PLANTAS COM ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA Produtos naturais, incluindo os derivados de plantas superiores têm dado, nos últimos anos, grande contribuição para o desenvolvimento de terapias farmacológicas modernas. A maioria dos metabólitos secundários derivados de plantas são conhecidos por interferir, direta ou indiretamente, com moléculas ou mecanismos como mediadores inflamatórios, exemplos são os metabólitos do ácido araquidônico (AA) e as citocinas; produção e/ou ação de segundos mensageiros, como AMPc, GMPc, proteínas quinases e cálcio; expressão de fatores de transcrição como o NF-kB, e de proto-oncogenes, c-jun e c-fos; e intervenção na expressão de moléculas pró-inflamatórias como a iNOS, COX-2, IL-1, TNF-, neuropeptídeos e proteases (CALIXTO; OTUKI; SANTOS, 2003). Muitas plantas cuja indicação popular aborda a resposta inflamatória são alvos para o estudo de novas alternativas terapêuticas para esta área. Este uso popular é muitas vezes confirmado pelos resultados das pesquisas científicas, como pode ser observado com os exemplos citados a seguir e resumidos no Quadro 4. - 54 - QUADRO 4 - Exemplos de plantas com atividades biológicas. Planta Nome Popular Andiroba Calêndula Atividades Confirmadas Mecanismo de Ação Referência Anti-inflamatória, analgésica Inibe prostaglandinas e cininas Estimula a fagocitose e inibe a LOX. PEREIRA ; CARVALHO, 2004 Antioxidante, inibe 5-LOX. CARVALHO, 2004d; KOBAYASHI et al., 2003; KOBAYASHI; TAKAHASHI; OGINO, 2005; MCKAY ; BLUNBERG, 2006; YAMAMOTO et al., 2002; CASCON, 2004; HECK, VIANA, VICENTIN, 2012; PARENTE et al., 2006; VEIGA JUNIOR ; PINTO, 2002; Nome Científico Carapa guianensis Aublet Calendula officinalis L. Anti-inflamatória, antitumoral, cicatrizante, sedativa, estrogênica. Anti-inflamatório, espasmolítico. Camomila Matricaria chamomila L., M. recutita L. Copaíba Copaifera ssp Anti-inflamatória, anti-séptica, antitumoral, analgésica Garra-dodiabo Harpagophytum procumbens Anti-inflamatória e analgésico Gengibre Zingiber officinale, Roscoe Picão Bidens pilosa L. Anti-inflamatória, antiemético, analgésico, antitumoral, antioxidante. Imunossupressor e anti-inflamatória Salgueiro (gênero) Salix ssp Analgésico e antipirético Unha-degato Uncaria tomentosa Atividade antiinflamatória na asma e artrite. Inibe prostaglandinas, cininas, citocinas, histaminas e sistema complemento. Inibe a produção de eicosanóides, principalmente dos cisteinil-LT Inibe as isoformas 1 e 2 da COX, a síntese de LT e de TNF-. Inibe a liberação de HIS pelos mastócitos, a produção de IgE, e permite a permeabilidade vascular. Inibe as isoformas 1 e 2 da COX. Impede a ativação do NF-kB, e a produção de TNF- e PGE2. Possui ação antioxidante e captadora de radicais livres. AKIHISA et al., 2006; CARVALHO, 2004c; NEUKIRCH et al., 2005; UKIYA et al., 2006; LIMA; CARVALHO, 2004; SETTY ; SIGAL, 2005 SETTY; SIGAL, 2005; SILVA et al., 2011 CARVALHO, 2004b; HORIUCHI ; SEYAMA, 2006; PEREIRA et al., 1999 ROBERTS II; MORROW, 2003; SETTY; SIGAL, 2005 CISNEROS et al., 2005; PERAZZO, 2004; SETTY; SIGAL, 2005 Assim, as plantas medicinais têm apresentado importante participação na saúde mundial, contrariando os grandes avanços observados em décadas recentes na medicina - 55 - moderna, as plantas ainda contribuem muito para os cuidados com a saúde. As plantas medicinais possuem distribuição mundial, mas são mais diversificadas nos países tropicais. O interesse em medicamentos derivados de plantas superiores, especialmente os fitoterápicos, aumentou expressivamente nas duas últimas décadas. Estima-se que em torno de 25% de todos os medicamentos modernos sejam derivados, direta ou indiretamente de plantas superiores (CALIXTO, 2000). 1.10 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MALÁRIA A malária é uma infecção parasitária que permanece associada à elevada morbidade, à considerável mortalidade e ao impacto econômico significativo nos países afetados. De acordo com a OMS, a malária ocorre em mais de 100 países e territórios (OMS, 2012). Estima-se que cerca de 3,2 bilhões de pessoas (40% da população mundial) vivem em área de risco para a doença onde de 250 a 500 milhões de pessoas são infectadas anualmente e, destas, de 1 a 3 milhões morrem principalmente crianças menores com menos de 5 anos de idade e mulheres grávidas (CUMBANE, 2011). A distribuição entre as espécies de Plasmodium que oferecem risco ao ser humano é bastante heterogênea. Cinco espécies de Plasmodium são importantes na transmissão da malária humana: Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium malariae, Plasmodium ovale e Plasmodium knowlesi, todas pertencentes ao filo Apicomplexa a família Plasmodiidae e ao gênero Plasmodium (CUMBANE, 2011). A maior prevalência de casos ocorre na África, no Brasil, na China e no Sri Lanka (GOOD et al., 2005). Em 2009, o número de casos de malária estimados pela OMS foi de cerca de 225 milhões. A região Africana contribui com 85%, 10% pelo sudoeste da Ásia e 4% as regiões do Mediterrâneo Oriental, destes casos, estima-se que ocorram 781 mil mortes, das quais 89% na África, 6% no Mediterrâneo Oriental e 5% no sudoeste da Ásia (OMS, 2012). Nas Américas a doença ocorre em 21 países e territórios, sendo que 20% da população total vive em locais de risco. Os relatos de casos na região diminuíram de 1,18 milhões em 2000 a 526.000 em 2009, sendo que 4 países representam 90% dos casos reportados em 2009 (Brasil, Colômbia, Haiti e Peru) (OMS, 2012). - 56 - Segundo o Ministério da Saúde, mais de 60% do Território Brasileiro possui condições propícias à transmissão da doença. A transmissão natural da malária no Brasil ocorre por meio da picada de fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, sendo mais importante a espécie Anopheles darlingi, cujos criadouros preferenciais são coleções de água limpa, quente, sombreada e de baixo fluxo (BRASIL, 2009). Aproximadamente 99,9% dos casos ocorrem da região da Amazônia Legal, que compreende os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte dos estados do Mato Grosso e Maranhão. A Amazônia apresenta características climáticas, ambientais, ecológicas e socioeconômicas extremamente favoráveis à transmissão da malária (OLIVEIRA FILHO; MARTINELLI, 2009). O risco de se contrair a doença não se mostra uniforme como demonstrado no Quadro 5. QUADRO 5 - Dados epidemiológicos da malária por estados da Amazônia Legal, janeiro a dezembro de 2012. Unidade da Federação População Casos Confirmados Amazonas 3.483.985 82.692 Pará 7.581.051 80.033 Acre 733.559 26.729 Rondônia 1.562.409 23.123 Amapá 669.526 12.882 Roraima 450.479 5.843 Mato Grosso 3.035.122 1.055 Maranhão 6.574.789 968 Tocantins 1.383.445 3 Total de casos confirmados Fonte: <http://portal.saude.gov>. Acesso fev. 2013 233.328 - 57 - 1.10.1 CICLO DE VIDA DO PARASITO E ASPECTOS CLÍNICOS DA DOENÇA O ciclo do parasito (Figura 5) inicia-se pela picada da fêmea do mosquito Anopheles infectado, o qual inocula o parasito nas formas de esporozoítos na derme durante o repasto sanguíneo. Aproximadamente 70% dos parasitos inoculados deixam a derme no intervalo de uma hora e atingem a corrente sanguínea, pela qual alcançam o fígado. Os 30% restantes entram nos vasos linfáticos, com movimentos de deslizamento lateral, nos quais poderão ser reconhecidos pelas células do sistema imune, nos gânglios linfáticos, e uma pequena porção pode desenvolver-se para a forma extraeritrocítica (DOOLAN; DOBAÑO; BAIRD, 2009). Ao penetrarem as células do fígado (hepatócitos) os esporozoítos iniciam o cicloexoeritrocítico ou esquizogonia tecidual, que dura cerca de seis dias para a espécie P. falciparum, oito dias para a P. vivax e 12 a 15 dias para a P. malariae. Após a invasão, os esporozoítos se diferenciam em trofozoítos hepáticos que amadurecem e formam os merozoítos, os quais são liberados na circulação sanguínea (BRASIL, 2009; REY, 2008). Os merozoítos liberados na corrente sanguínea possuem vida curta e são altamente suscetíveis à fagocitose, portanto evitam o contato com macrófagos e rapidamente invadem os glóbulos vermelhos, iniciando o ciclo assexuado eritrocitário (BAER et al, 2007). O estágio eritrocitário é o responsável pelas manifestações clínicas. Os merozoítos, após invadirem os eritrócitos, transformam-se em trofozoítos jovens e, posteriormente, em trofozoítos maduros e esquizontes que, por esquizogonia, originarão outros merozoítos capazes de infectar novos eritrócitos (CUMBANE, 2011). A fase eritrocítica do parasita coincide com a patogenia e as manifestações clínicas da malária, caracterizadas por síndromes febris cíclicas (paroxismo malárico), que variam de 48 a 72 horas, de acordo com a espécie, acompanhadas de mal-estar, cefaleia, cansaço, mialgia, entre outros. O início dos sinais clínicos pode variar, dependendo da espécie, de 7 a 15 dias (BAER et al., 2007). No hospedeiro invertebrado, o ciclo inicia-se quando macrogametóticos são ingeridos pela fêmea durante a hematofagia no ser humano. No estômago do mosquito ocorre uma fase sexuada, resultando na formação de um zigoto (oocineto), que posteriormente migra para se posicionar nas microvilosidades do intestino. Assim, por esporogonia, resultam em oocistos com formas infectantes (esporozoítos). Os - 58 - esporozoítos liberados migram para as glândulas salivares do mosquito e poderão ser inoculados em um novo hospedeiro vertebrado (REY, 2008). FIGURA 5 - Ciclo biológico do Plasmodium no mosquito e no homem. Fonte: Adaptado de <http://www.cdc.gov/malaria/about/biology/>. Acesso Jan. 2013 1.10.2 BUSCA POR NOVOS FÁRMACOS Atualmente os fármacos antimaláricos são baseados em produtos naturais ou compostos sintéticos produzidos a partir da década de 40. Esses fármacos são específicos para cada etapa do ciclo de vida do Plasmodium. Existem fármacos chamados eritrocíticos, que atuam nas formas presentes nos eritrócitos do homem, fármacos gametocíticos que matam as formas sexuadas do parasita (gametócitos) de um indivíduo infectado, de forma que quando esse é picado por outro mosquito se evita a transmissão da doença para o inseto e assim a - 59 - disseminação da doença para outras pessoas, e por último, os fármacos esporonticidas (ou esporoitocidas), que atuam contra esporozoítos e são capazes de matar os parasitas assim que eles entram na corrente sanguínea, após a picada do mosquito, ou ainda destruí-los quando são liberados pelos esquizontes hepáticos ou sanguíneos. Os fármacos antimaláricos podem atuar contra mais de uma forma de protozoário e serem efetivos contra uma espécie, mas totalmente ineficazes contra outras (FRANÇA et al., 2008). Entretanto, houve o surgimento da resistência à quase todos os medicamentos utilizados para o tratamento das infecções provocadas pelo P. falciparum e P. vivax, com exceção apenas à droga Artemisina e seus derivados. A dinâmica da resistência está intimamente ligada à mutações espontâneas no genoma e pode ocorrer mais rapidamente devido à pressão de seleção criada pela droga, uma vez que parasitas sensíveis não resistem à exposição, sobrevivendo apenas os resistentes (BAIRD; RIECKMANN, 2003). Em função da resistência aos antimaláricos já conhecidos, muitos são os estudos envolvendo novos alvos para a quimioterapia da malária. Nesse sentido uma abordagem promissora é a utilização de plantas medicinais como fonte na busca por novas drogas para o tratamento de doenças como a malária. Sabe-se que os principais antimaláricos existentes no mercado são de origem natural, como a artemisinina e a quinina, outros sinteticamente elaborados, mas derivados do anel quinoleínico, como a quinacrina e a cloroquina. Como um dos países de maior biodiversidade do mundo o Brasil tem um promissor caminho utilizando a abordagem etnofarmacológica e o estudo químico das plantas utilizadas na medicina popular. É o país com a maior parte da floresta Amazônica em seu território nacional e essa região conta com uma diversidade de plantas utilizadas no combate à malária pelas populações locais e de regiões vizinhas. Muitas espécies vegetais, a maioria na forma de extratos brutos e pertencendo a várias família, foram testadas in vitro contra o P. falciparum (MESQUITA et al., 2007; MUTHAURA et al., 2011; RUIZ et al., 2011), ou in vivo usando o modelo experimental murino baseado em P. berghei (MOTTA, 2009; WAAKO et al., 2005). Mais recentemente esta busca vem sendo voltada para plantas usadas na medicina popular como antitérmicos e/ou antimaláricas ou com atividade anti-inflamatória, o que confirma essa abordagem como alternativa promissora. - 60 - 2. OBJETIVOS 2.1 GERAL O objetivo deste trabalho é contribuir para o conhecimento da composição química e atividade biológica do extrato acetônico da entrecasca, eluatos e substâncias isoladas da espécie Maytenus guianensis Klotzsch ex Reissek. 2.2 ESPECÍFICOS Identificar e determinar a estrutura das substâncias isoladas; Avaliar a atividade antioxidante do extrato acetônico e eluatos pelo método fotocolorimétrico in vitro do radical livre estável DPPH (1,1-difenil-2-picril-hidrazil); Avaliar in vivo a atividade mutagênica do extrato acetônico da entrecasca através do Teste Allium cepa; Avaliar in vitro a citotoxicidade do extrato acetônico da entrecasca e eluatos frente a células de hepatoma humano - HepG2; Avaliar in vivo a atividade anti-inflamatória do extrato acetônico da entrecasca, eluatos e substâncias isoladas pelo teste de edema de pata em camundongos. Avaliar in vitro a atividade plasmodial do extrato acetônico da entrecasca e eluatos frente ao Plasmodium falciparum cepa 3D7; - 61 - 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 ESTUDO FITOQUÍMICO DE Maytenus guianensis 3.1.1 COLETA DO MATERIAL VEGETAL As cascas do caule (Figura 6) de Maytenus guianensis Klotzsch foram coletadas em fevereiro/2008 na Reserva Florestal Adolpho Ducke Localizada no Km 26 da Estrada Manaus-Itacoatiara (AM-010) (2º53´ S, 59º58´W), a identificação da espécie foi realizada no Herbário do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), exsicata nº 188.485. FIGURA 6 - Casca do caule Maytenus guianensis. Foto: Arquivo pessoal, (2013). - 62 - 3.1.2 PREPARAÇÃO DO EXTRATO ACETÔNICO E ELUATOS As cascas do caule foram secas em estufa (TE-394/2, Tecnal) com ventilação forçada a 50° C por 48 horas, em seguida raspadas para retirada da entrecasca, fornecendo 210 g, sendo esta a parte submetida à maceração com acetona P.A., em temperatura ambiente, até a exaustão. Após rotaevaporação (rotaevaporador TE-211, Tecnal) obteve-se 98 g de extrato acetônico (EAMG). Os eluatos foram preparados a partir de 50 g do EAMG, que foi adsorvido em 100 g de silica gel 60 (Vetec ( µm 63-230) e submetido a coluna filtrante, sendo eluído com hexano (Chemycalis), clorofórmio (Synth) e acetona (Nuclear). Após a rotaevaporação obteve-se: 12, 84 g de eluato hexânico (EHMG), 11,25 g de eluato clororfórmico (EClMG) e 18,75 g de eluato acetônico (EAcMG). 3.1.3 MATERIAIS E MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS Nas cromatografias de adsorções em colunas foram utilizadas gel de sílica 60 da Merck e da Vetec ( µm 63-230). O comprimento e diâmetro das colunas variaram de acordo com as quantidades de amostras a serem cromatografadas. Para cromatografia em camada delgada (CCD) utilizou-se cromatoplacas de gel de sílica 60 ( µm 2-25 sobre poliéster T – 6145 da Merck e da Sigma Chemical com indicador de fluorescência na faixa de 24 m). Os solventes utilizados nas eluições cromatográficas foram: éter de petróleo, éter etílico, hexano, clorofórmico, acetato de etila, acetona e metanol, puros ou combinados em gradiente crescente de polaridade, Figura 7. A revelação das cromatoplacas se deu por exposição destas à luz ultravioleta (UV), em comprimento de onda 254 m e por pulverização com revelador universal (mistura de etanol/anidrido acético/ácido sulfúrico – 8:1:1 - v/v/v), seguido de aquecimento em chapa de aquecimento a 100 °C por aproximadamente cinco minutos. - 63 - 3.1.4 ISOLAMENTO E PURIFICAÇÃO DOS METABÓLITOS SECUNDÁRIOS O eluato hexânico (9,0 g) foi submetido ao processo de cromatografia em coluna (CC), utilizando-se sílica Gel ( µm 63-230) como fase estacionária e os solventes hexano, acetato de etila, clorofórmio, metanol e acetona, puros ou em misturas, como fase móvel. Todos os solventes foram eluídos de forma ininterrupta, as frações coletadas foram de 50 mL. Cada fração foi concentrada em evaporador rotatório sob pressão reduzida até total eliminação do solvente orgânico e armazenada em frascos de vidro individuais. O monitoramento de tais frações foi realizado através de cromatografia em camada delgada (CCD), em seguida foram reunidas utilizando-se como parâmetro comparativo seu perfil cromatográfico através de revelador universal e aquecimento em chapa quente. Tal procedimento permitiu a obtenção de um total de setenta e nove frações, que foram reagrupadas de acordo com seu perfil cromatográfico em CCD, resultando assim em 23 subfrações. Das quais, as frações 10-14 foram reunidas, e a subfração resultante submetida à nova CC resultando em quinze frações, das quais as frações 7-12 apresentaram um sólido branco denominado CQH-1. As frações 19-30 foram reunidas após comparação em CCD, e a subfração resultante apresentou um precipitado branco que foi recristalizado em éter etílico e resultou em um sólido branco denominado CQH-2. As frações 37-48 após comparação em CCD foram reunidas e submetidas a nova CC resultando em vinte subfrações, das quais as frações 5-14 apresentaram um sólido branco denominado CQH-3. As frações 59-66 após análise em CCD foram reagrupadas e apresentaram um sólido alaranjado que foi recristalizado em éter etílico e denominado CQH-4. O eluato clorofórmico (9 g) também foi submetido ao processo descrito acima. Neste procedimento foi possível obter 139 frações, que foram reagrupadas de acordo com seu perfil cromatográfico em CCD, resultando assim em 25 subfrações. Destas, as frações 8-13 apresentaram um preciptado e após serem analisadas por CCD foram reunidas e dissolvidas em acetona e recristalizadas em éter etílico e foi possível obter-se um sólido branco denominado CQCl-1. - 64 - FIGURA 7 - Esquema geral do procedimento experimental efetuado com a entrecasca de Maytenus guianensis. Maytenus guianensis casca Secagem e raspagem da entrecasca Entrecasca raspada 210 g Extração por maceração em acetona e secagem em rotaevaporador - Atividade Antioxidante - Atividade genotóxica - Atividade citotóxica - Atividade anti-inflamatória - Atividade Anti-P. falciparum Extrato acetônico da Entrecasca de Maytenus guianensis (EAMG) 50 g Adsorção em sílica gel e eluição com Hexâno, clorofórmio e Acetona Eluato Clorofórmico (EClMG) 11,25g Eluato Hexânico (EHMG) 12,84 g Testes Biológicos Eluato Acetônico (EAcMG) 18,75 g Testes Biológicos Testes Biológicos - Atividade citotóxica - Atividade anti-P. falciparum - Atividade anti-inflamatória Estudo fitoquímico CQH-1 23 mg - Atividade citotóxica - Atividade anti-P. falciparum - Atividade anti-inflamatória Estudo fitoquímico CQH-2 104 mg CQH-3 53 mg Testes Biológicos CQH-4 16 mg - Atividade citotóxica - Atividade anti-inflamatória CQCl-1 18 mg - Atividade citotóxica - Atividade anti-P. falciparum - 65 - 3.1.5 MATERIAIS E MÉTODOS PARA A ELUCIDAÇÃO DAS ESTRUTURAS QUÍMICAS DAS SUBSTÂNCIAS ISOLADAS 3.1.5.1 ESPECTROMETRIA NO INFRAVERMELHO Para realização dos espectros as amostras (0,5-1,0 mg) foram secas em estufa a 100 ºC por 2 horas, acondicionadas em dessecador e posteriormente fez-se a moagem da amostra com o KBr em gral de ágata liso, esta mistura foi prensada em molde sob pressão entre 10.000 a 15.000 psi, até formar um disco transparente (pastilha). Esta pastilha então foi submetida à leitura ótica em comprimento de onda entre 4000 – 400 cm-1 para obtenção dos espectros em espectrômetro (IR-Prestige-21 Fourrier Transform Infrared Spectrophotometer – Shimadzu), as análises foram realizadas na Central Analítica do Departamento de Química da Universidade Federal de Rondônia. 3.1.5.2 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE HIDROGÊNIO-1 (RMN 1 H) E DE CARBONO – 13 C (RMN 13 C) Os espectros de RMN unidimensionais e bidimensionais foram registrados em espectrômetros Bruker AC – 200 e 500, operando a 200 e 500 MHz para hidrogênio – 1 (RMN 1H) e 50 e 125 MHz para carbono – 13C (RMN 13C). As sequências de pulsos utilizadas nas experiências bidimensionais estão contidas nos programas Bruker XHCORREAU, para correlação heteronuclear de hidrogênio – 1 e carbono – 13C a uma ligação e a longa distância (1 H x 13C – COSY, ‘JCH, n = 1, 2 e 3) e COSY – UA para correlação homonuclear (1 H x 1 H – COSY). Os espectros de 1 H e 13 C foram referenciados de acordo com o deslocamento químico do TMS e do CDCl3 respectivamente. Nos experimentos unidimensionais de DEPT UA (ângulo de mutação 135°). Os deslocamentos químicos () foram expressos em partes por milhão (ppm) e as multiplicidades dos deslocamentos indicados segundo a convenção: s (singleto), Sl (singleto largo), d (dubleto), dd (dubleto dubleto), t (tripleto), q (quarteto) e m (multipleto). As análises foram realizadas no Departamento de Química da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES e no Departamento de Química da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto / USP. - 66 - 3.1.5.3 PONTO DE FUSÃO As medidas de ponto de fusão das substâncias isoladas foram obtidas em Aparelho Metler Toledo FP 62, com taxa de aquecimento de 5 ºC/minuto. As análises foram realizadas no Laboratório de Pesquisa em Química de Produtos Naturais no Departamento de Química na Universidade Federal de Rondônia - UNIR. 3.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE A avaliação da atividade antioxidante do extrato acetônico da entrecasca (EAMG) e eluatos (EHMG, EClMG e EAcMG) de Maytenus guianensis foi realizada pelo método do radical livre estável DPPH (1,1-difenil-2-picril-hidrazil). Nesta avaliação foi preparada uma solução de 100 μM de DPPH em metanol. A partir do extrato acetônico da entrecasca e eluatos foram preparadas soluções estoques na concentração de 1 mg extrato/mL metanol. A partir desta solução foram obtidas as concentrações de 10, 50, 100, 150 e 250 μg extrato/mL metanol, em seguida em 2,5 mL destas amostras foram adicionados 1 mL da solução de DPPH. Como branco foi utilizado 1 mL da solução de DPPH e 2,5 mL de metanol, como controle positivo foi utilizado extrato padronizado de Ginkgo biloga (Egb 761). Vinte minutos após a adição de DPPH às amostras, foram realizadas as leituras em um espectrofotômetro de Ultravioleta UV-Vis (Shimadzu UV 1601) em 517 m. Todas as leituras foram realizadas em triplicata e, com a média dos dados obtidos calculou-se a diferença de absorbância entre a amostra e o branco, as atividades antioxidantes percentuais (%AA) foram obtidas por regressão linear logarítmica para cada fase, chegando-se assim à concentração necessária para se obter 50 % do efeito antioxidante máximo estimado de 100 % (CE50) (MENSOR et al., 2001). As atividades sequestrantes de DPPH do extrato acetônico e dos eluatos foram expressas em porcentagem, segundo a Equação 1: Absbranco - Absamostra 100 (% AA) 100 - Absbranco Equação 1 Onde: Absamostra= absorbância da solução em análise (extrato acetônico e eluatos) , Absbranco = absorbância da solução de metanol + DPPH. - 67 - Para as análises estatísticas foi elaborado um banco de dados no programa Origin (Micronal Software, Inc., Northampton, MA, USA), versão 8.0 “for Windows” e analisado pelo teste de Tukey, com um nível de significância de p ≤ 0,05. As análises foram realizadas no Laboratório de Fitoquímica e Produtos Naturais – Labfito, do Departamento de Química na Universidade Federal de Rondônia - UNIR. 3.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GENOTÓXICA Para o teste de Allium cepa, foram utilizados bulbos de tamanho médio, uniforme, de mesma origem, não germinados e saudáveis. Os bulbos de A. cepa foram lavados, limpos, desenraizados e posteriormente colocados em frascos plásticos com água destilada a temperatura ambiente para enraizamento. Quando as raízes atingiram 0,5 cm foi realizada a primeira triagem para o descarte dos bulbos que apresentassem anomalias genéticas. Os bulbos restantes foram colocados nas soluções de tratamento com o EAMG, foram retiradas amostras das pontas das raízes para análise com 24 e 48 horas, consistindo em três concentrações (50, 100 e 200 µg.mL-1) com cinco repetições cada. Destas raízes foram retiradas a região das células meristemáticas, coradas e fixadas com orseína acética à 1% e posterior leitura microscópica óptica (Microscópio CX21, Olympus), utilizando objetivas de 10X e 40X. Foram avaliadas 1000 células por repetição, totalizando 5.000 células por tratamento. Foram avaliados o índice mitótico (IM), anomalias celulares e cromossômicas (ACM) e o total de anomalias (TA). O índice mitótico (IM) foi calculado pela Equação 2: CM IM x 100 TC Equação 2 onde CM representa o número de células em mitose e TC o número total de células analisadas, respectivamente (PIRES et al. 2001). Para as análises estatísticas foi elaborado um banco de dados no programa Origin (Micronal Software, Inc., Northampton, MA, USA), versão 8.0 “for Windows” e analisado pelo teste de Tukey, com um nível de significância de p ≤ 0,05. As análises foram realizadas no Laboratório de Citogenética e Mutagênese das Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA. - 68 - 3.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA 3.4.1 ANIMAIS Foram utilizados camundongos Swiss adultos machos provenientes da Fundação Oswaldo Cruz - Rondônia. Os animais foram mantidos em condições padronizadas de biotério com temperatura e luz controladas, água e alimentação ad libitum até o momento dos experimentos. Os animais permaneceram no laboratório para sua adaptação por um período de pelo menos 4 horas antes da realização dos experimentos. Os experimentos foram conduzidos de acordo com as orientações para os cuidados com animais de laboratório e considerações éticas com os protocolos experimentais aprovados pela Comissão de Ética no uso de Animais do Fundação Oswaldo Cruz - Rondônia, com número de registro 2012/10. 3.4.2 EDEMA DE PATA INDUZIDO POR CARRAGENINA Esta é uma metodologia que permitiu a observação do efeito sistêmico da substância e/ou extrato teste através da indução de um estímulo inflamatório local. O teste foi realizado com dois grupos controles e os grupos experimentais, para cada qual foram distribuídos 5 (cinco) camundongos Swiss machos pesando entre 25-30 g. A mensuração do volume das patas traseiras direita e esquerda de todos os animais foi realizada antes de qualquer tratamento, antes da inoculação das amostras (tempo 0 hora) em de Pletismômetro (modelo EFF 304 - Insight ). Em seguida foi administrado salina 100 μL (i.p.) ao primeiro grupo controle (negativo); 10 mg/Kg de diclofenado de sódio (i.p.) (Voltaren® - Novartis) no segundo grupo controle (positivo), em um dos grupos experimentais os EAMG, EHMG, EClMG nas concentrações de 12,5, 25, 50 e 100 mg/Kg (via i.p.) e as substâncias isoladas CQH-3 e CQH-2 aos grupos experimentais nas concentrações 12,5, 25 e 50 mg/Kg (via i.p.) solubilizados em 0,01 mL de DMSO:Tween 80 (1:1)/mL de NaCl 0,9 %. Após uma hora, foi administrado 50 μL de solução aquosa de carragenina (Sigma-Aldrich) a 1% (p/v) na pata direita subplantar de cada camundongo, de acordo com o método descrito por Winter et al. (1962). Um volume igual de salina (NaCl 0,9%) foi injetado na pata contralateral. O edema - 69 - foi registrado em pletismômetro 30 min, 1 h, 2h e 3h após a aplicação da carragenina. O volume do edema (mL) foi registrado em pletismômetro (modelo EFF 304 - Insight), sendo que para a realização das medidas as patas posteriores de cada animal foram submergidas (uma de cada vez) até a junção tíbio-tarsal, na câmara de leitura do aparelho. O volume do líquido deslocado foi registrado digitalmente e correspondeu ao volume das patas. Os resultados foram expressos como a diferença de volume (mL) entre a pata que recebeu a carragenina e a pata contralateral que recebeu a salina. Os experimentos foram realizados no Biotério da Fundação Oswaldo Cruz Rondônia e no Laboratório de Cultivo Celular e Anticorpos Monoclonais e Laboratório De Bioquímica e Biotecnologia da Fundação Oswaldo Cruz - Rondônia. 3.4.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA Para a análise estatística dos dados e elaboração dos gráficos foi utilizado o software GraphPad Prism 5 (GraphPad Inc, EUA). Os resultados foram apresentados como média ± erro padrão da média (E.P.M.), exceto as doses de inibição de 50 % do edema (DI50) (dose ou concentração dos extratos que reduziram a resposta em 50% em relação ao grupo controle), que foram representadas como médias geométricas, acompanhadas de seus respectivos limites de confiança, em nível de 95%. Os dados obtidos foram avaliados por teste Tukey, ou análise de variância com um critério (ANOVA – one way). 3.5 SOLUBILIZAÇÃO DO EXTRATO ACETÔNICO DA ENTRECASCA, ELUATOS E SUBSTÂNCIAS ISOLADAS Para a realização dos testes de atividade citotóxica e antiplasmodial, o extrato acetônico da entrecasca e eluatos foram solubilizadas em dimetilsulfóxido (DMSO) ou clorofórmio (CHCl3) (Sigma-Aldrich) na concentração final de até 0,005% e todas as soluções foram preparadas no dia da realização dos experimentos. - 70 - 3.6 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA 3.6.1 CULTIVO DAS CÉLULAS HEPG2 As linhagens celulares de HepG2 (derivada de um hepatoma humano) foram cultivadas como recomendado (CALVO-CALLE et al., 1994). As mesmas foram mantidas em garrafas de cultura de 75 cm2 (Corning) suplementadas em RPMI contendo 5% de soro bovino fetal (SBF) (Gibco/Invitrogen) e 40 mg/L de gentamicina (Schering-Plough). As células foram mantidas em estufa com 5% de CO2 e 37 °C. O meio das garrafas foi substituído a cada dois dias. Após confluência de cerca de 80%, a cultura de células foi repicada, ou utilizada na realização de ensaios de citotoxicidade. Quando necessário, o congelamento das células foi realizado em ampolas de criopreservação com uma solução contendo 95% de SBF e 5% de DMSO (Sigma-Aldrich). 3.6.2 PREPARO DAS PLACAS TESTE Para o preparo das placas testes, as células foram lavadas com meio RPMI incompleto (sem SBF e gentamicina), tratadas com 1 mL de tripsina-EDTA a 0,25% (Gibco/Invitrogen) e incubadas em estufa com 5% de CO2 a 37°C por 5-10 minutos, para que as células se descolassem da garrafa. O conteúdo resultante da tripsinização foi transferido para tubo de centrífuga de fundo cônico de 15 mL (tipo Falcon) e adicionados meio RPMI completo (contendo 5% SBF e 40 mg/L de gentamicina) até completar 10 mL, seguido de centrifugação por 5 minutos a 1.500 rpm à temperatura ambiente. O sobrenadante foi descartado e o sedimento (pellet) ressuspendido em meio RPMI completo. Após a contagem, em câmara de Neubauer, a suspensão foi ajustada para 1 x106 células/mL e 180μL acrescentados a cada poço da placa de cultura com 96 poços (KASVI K12-96). As células foram incubadas por 24 h em estufa com 5% de CO2 e 37 °C para adesão aos poços da microplaca. Em seguida, 20 μL de meio completo contendo diferentes concentrações dos extratos EAMG, EHMG, EClMG e EAcMG (9,37; 18,75; 37,7; 75; 150; 300 e 600 g.mL- - 71 - 1 ) e CQH-2 e CQH-3 (2,34; 4,68; 9;37; 18;75; 37,5, 75 e 150 µg.mL-1) foram adicionados aos poços da placa de cultura. As placas foram incubadas por 24h em estufa com 5% de CO2 e 37 °C. Para os EAMG, EHMG, EClMG e EAcMG foi preparada uma placa denominada “Branco” (submetida as mesmas condições, porém sem a cultura de células HepG2). 3.6.3 TESTE DE CITOTOXICIDADE A citotoxidade foi determinada através do método colorimétrico do MTT (3-(4,5dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil tetrazólio]) (MADUREIRA et al., 2002). Após 24 horas foi adicionado em cada poço, 20 μL de MTT a uma concentração de 5 mg.mL-1 em PBS 1X (p/v) e as placas foram deixadas por três horas em estufa com 5% de CO2 e 37 °C. Ao final desse período, o meio de cultura, juntamente com o excesso de MTT, foi desprezado e em seguida, 100 μL de DMSO (Sigma-Aldrich) foi adicionado a cada poço. A leitura óptica foi realizada em espectofotômetro (BIO-RAD Modelo 3550) em de 570 m, e a densidade óptica (DO) média dos poços, foi comparada com a DO média, dos poços controles. A DO da placa com os EAMG, EHMG, EClMG e EAcMG foi subtraída da DO da placa “Branco” antes da realização dos cálculos para determinação da MDL50, devido ao fato de o extrato e eluatos terem coloração alaranjada. Todos os testes foram realizados em triplicata e repetidos por quatro vezes para confirmação dos resultados obtidos, a citotoxicidade foi calculada através da Equação 3, e as concentrações que mataram 50% das células (MDL50), foram determinadas a partir de regressão linear das concentrações testadas e admitindo-se um intervalo de confiança de 99% (p < 0,01) para a reta obtida, utilizando-se o programa Microcal Origin versão 8.0. AbsHepG-2 Teste 100 (%) C 100 - AbsHepG-2 Equação 3 Onde: AbsHepG2+Teste = absorbância dos poços com extrato acetônico ou eluatos ou substâncias isoladas, AbsHepG2 = absorbância dos poços sem extrato acetônico ou eluatos ou substâncias isoladas. Os testes foram realizados no Laboratório de Quimioterapia de Malária – LQM no Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais – IPEPATRO/FIOCRUZ-RO. - 72 - 3.7 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-Plasmodium falciparum 3.7.1 CULTIVO DO P. falciparum CEPA 3D7 (SENSÍVEL A CLOROQUINA) As cepas de P. falciparum 3D7 foram descongeladas e mantidas em cultura de suspensão de hemácias humanas com fator A+ ou O+ com hematócrito de 5%, seguindo fundamentalmente a técnica de Trager e Jansen (1976), adaptado com alguns passos que não afetaram as condições para manter os eritrócitos viáveis. O cultivo foi realizado em meio completo composto por RPMI 1640 (Sigma) suplementado com 5% de plasma humano desfibinado A+ ou O+ ou com albumas (Gibco) na concentração final de 1%; Hepes 22,8 mM (Promega); glicose 11,1 mM (Sigma); HPX 0,36 mM (50 µg.mL-1) (Sigma); NaHCO3 23,8 mM (Merck); gentamicina 40 µg.mL-1 (Sigma). Os parasitos foram mantidos em estufa com 5% de CO2, 95 % de umidade e 37 °C, em garrafas plásticas de cultura de 25 cm2 (Sarstedt) sob uma tensão de gases (5% de O2 + 5% de CO2 + N2 balanceado). O acompanhamento do desenvolvimento do parasito foi realizado através da preparação estendida em lâminas (esfregaço) para análise em microscópio óptico. Os esfregaços foram corados pelo método panótico rápido (Laborclin), e observado em aumento de 1000X (Microscópio CX21, Olympus). 3.7.2 SINCRONIZAÇÃO DOS PARASITOS PARA UTILIZAÇÃO NOS TESTES in vitro Os cultivos com predomínio de anéis utilizados nos ensaios de quimioterapia foram obtidos através de sincronização com sorbitol, conforme descrito na literatura (LAMBROS; VANDERBERG, 1979). Resumidamente, o meio de cultura foi retirado da garrafa de cultura e 10 mL de uma solução de sorbitol 5% e glicose 0,5% foram adicionadas ao sedimento contendo o sangue parasitado. O conteúdo foi transferido para um tubo de centrífuga de fundo cônico de 15 mL (tipo Falcon) e incubado à 37 ºC por 10 minutos. Após esse período o material foi centrifugado por 5 minutos a 1000 rpm à temperatura ambiente. O sobrenadante - 73 - foi retirado e o sedimento ressuspendido com meio RPMI suplementado com soro humano A+ ou O+ inativado, ajustando-se o hematócrito para 5%. Essa suspensão foi novamente transferida para uma placa de Petri, e deixada em repouso a 37ºC por aproximadamente 10 minutos para que as hemácias sedimentassem. Posteriormente, foi realizado um esfregaço sanguíneo para determinação da parasitemia. O hematócrito e a parasitemia, pré-determinados para cada teste, foi ajustado com a adição de hemácias “novas” e meio RPMI completo em quantidades adequadas. 3.7.3 PREPARO DAS PLACAS PARA OS ENSAIOS DE QUIMIOTERAPIA Culturas de parasitos sincronizadas com predomínio de anéis de P. falciparum cepa 3D7 foram distribuídas em placas de cultura de 96 poços (KASVI K12-96) adicionando-se 180 μL/poço de meio de cultura RPMI contendo 0,05% de parasitemia e 1% de hematócrito para o teste de ELISA anti-HRPII. Anteriormente a adição da suspensão dos parasitos, 20 μL dos compostos a serem testados foram adicionados os EAMG, EHMG, EClMG e EAcMG à placa teste, em triplicata, e em diferentes concentrações seriadas (0,15; 0,31; 0,62; 1,25; 2,5; 5 e 10 µg.mL-1). Os poços controles (seis por teste) continham hemácias normais não infectadas (controle negativo), ou hemácias infectadas sem adição dos compostos-testes (controle positivo). O antimalárico padrão (cloroquina – CQ), foi testado em paralelo em todos os experimentos realizados, em diluições seriadas (1,56; 3,15; 6,25; 12,5; 25; 50 e 100 g.mL-1). 3.7.4 TESTE IMUNOENZIMÁTICO ANTI-HRPII No ensaio imunoenzimático anti-HRPII (NOEDL et al., 2002) duas placas de 96 poços (KASVI K12-96) foram preparadas para cada experimento, uma placa-teste, contendo os parasitos e os compostos a serem testados (item 3.7.3), e outra pré-sensibilizada com o anticorpo monoclonal anti-HRPII. As placas-testes foram incubadas por 24h à 37ºC, e o conteúdo de seis poços (controle positivo) foi retirado e congelado à -20°C para ser utilizado posteriormente como background. A placa foi novamente incubada por 48h nas condições ideais para o crescimento do parasito. Após 72h totais de incubação, as placas foram congeladas e descongeladas duas vezes à -20°C para que houvesse a lise das hemácias. Para a - 74 - sensibilização das placas no teste anti-HRPII, 100 μL do anticorpo primário (MPFM-55A ICLLAB®, EUA) a 1,0 μg.mL-1 foram adicionados a cada poço da placa de ensaio (Maxysorp, Nunc, Denmark). Após incubação por 12 a 16 h a 4°C, o conteúdo dos poços foi descartado e 200 μL/poço de uma solução de bloqueio (PBS-BSA 2%) adicionada, sendo a placa mantida à temperatura ambiente por 2 h. Após esse tempo, o conteúdo dos poços foi novamente descartado e a placa lavada três vezes com PBS-Tween 20 a 0,05% (PBS-T). A cada poço da placa foram adicionados 100 μL das amostras da cultura de P. falciparum hemolisadas. Em seis poços da placa foram adicionados 100 μL dos controles congelados nas primeiras 24h (background). A placa foi então incubada por 1 h à temperatura ambiente, em câmara úmida, em seguida foi lavada três vezes com PBS-T, adicionando-se a cada poço 100 μL do anticorpo secundário (MPFG55P ICLLAB®, EUA) diluído a 1:5.000. Após incubação à temperatura ambiente por 1 h, em câmara úmida e temperatura ambiente, a placa foi lavada três vezes com PBS-T e 100μL de uma solução de TMB – 3,3´,5,5´-Tetrametilbenzidina (TMB) acrescentados a cada poço. A placa foi incubada por 5 a 10 min à temperatura ambiente, ao abrigo da luz, e a reação interrompida adicionando-se 50 μL/poço de uma solução de ácido sulfúrico 1 mol/L. A leitura das absorbâncias foi realizada em de 450 m em espectofotômetro (BIO-RAD Modelo 3550).Os testes foram realizados no Laboratório de Quimioterapia de Malária – LQM no Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais – IPEPATRO/FIOCRUZ-RO. 3.7.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA A determinação da MDL50 foi realizada a partir de regressão linear, relacionando-se o percentual de inibição em função do logaritmo das concentrações testadas e admitindo-se um intervalo de 99% (p<0,01), para a reta obtida utilizando-se o programa Microcal Origin versão 8.0. - 75 - 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. DETERMINAÇÃO ESTRUTURAL DOS CONSTITUINTES ISOLADOS DA ENTRECASCA DE MAYTENUS GUIANENSIS A partir do extrato acetônico da entrecasca de M. guianensis foram identificados quatro triterpenos da classe friedelano e dois triterpenos da classe quinonametídeos. 4.1.1 DETERMINAÇÃO ESTRUTURAL DE 3-OXO-FRIEDELANO (CQH-1) 29 27 12 19 20 18 11 9 2 O 28 16 8 3 4 15 25 5 22 14 10 21 17 13 1 30 26 7 6 24 23 3-Oxofriedelano (Friedelina) (1) O composto CQH-1 apresentou-se como um sólido branco amorfo, solúvel em clorofórmio, com faixa de fusão de 237 - 239 oC, a análise em cromatografia em camada delgada (CCD) com revelador universal (etanol/anidrido acético/ácido sulfúrico – 8:1:1, v/v/v) mostrou uma única mancha de coloração pink e apresentou resultado positivo no teste para triterpeno quando tratado com reagente de Liebermann-Burchard. O espectro de RMN de 1H de CQH-1 (Figura 8) registrou sete singletos em δH 1,18 (s), 1,04 (s), 1,01 (s), 1,00 (s), 0,95 (s), 0,87 (s), 0,72 (s), relacionados a sete metilas e um dubleto (J = 6,9 Hz) em δH 0,88, correspondente à metila C-23 de triterpenos da classe friedelano (MAHATO; KUNDU, 1994). - 76 - FIGURA 8 - Espectro de RMN de 1 H de CQH-1 (3-oxo-friedelano) (CDCl 3 ; 400 MHz). 0.725 0.870 0.887 0.953 1.001 1.006 1.049 1.180 4000 5000 0.725 0.870 0.887 0.953 1.001 1.006 1.049 1.180 3000 2000 4000 1000 3000 1.20 ppm (t1) 1.10 1.00 0.90 0.80 0.70 2000 1000 0 6.0 ppm (t1) 5.0 4.0 O espectro de RMN de 3.0 2.0 1.0 0.0 13 C de CQH-1 (Figura 9) mostrou um sinal em δC 213,3, atribuído ao carbono do grupo carbonila (C-3). Os sinais em δC 14,7 e 6,8 são atribuídos aos grupos metila característicos da classe friedelano (C-24 e C-23, respectivamente) (MAHATO; KUNDU, 1994). Em uma análise comparativa entre os espectros de RMN 13 C (Figura 9) e RMN 13 C (DEPT-135) (Figura 10) foi possível destacar os carbonos não-hidrogenados, monohidrogenados, di-hidrogenados e tri-hidrogenados (Tabela 1), possibilitando propor a fórmula molecular C30H50O. - 77 - FIGURA 9 - Espectro de RMN DE MHz). 13 C de CQH-1 (3-oxo-friedelano) (CDCl 3 ; 100 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 200 ppm (t1) 150 100 50 0 - 78 - FIGURA 10 - Espectro de RMN DE (CDCl 3 ; 100 MHz). 13 C (DEPT-135) de CQH-1 (3-oxo-friedelano) 2500 6.866 14.674 17.971 18.244 18.702 20.287 22.304 30.517 31.792 32.099 32.412 32.749 35.055 35.342 35.617 36.001 39.261 41.274 41.551 53.096 58.219 59.451 2000 1500 1000 500 0 -500 60 50 40 30 20 10 0 ppm (t1) TABELA 1 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e trihidrogenados de CQH-1 (3-oxo-friedelano), a partir dos espectros de RMN 13 C (PND) e RMN 13 C (DEPT-135). C 213,3 42,7 37,7 38,8 38,0 30,2 28,7 6 x C (C=O) CH 58,2 53,7 60,1 42,7 4 x CH CH2 22,3 41,5 41,6 18,2 35,6 30,5 32,8 36,0 35,4 32,4 39,3 11 x CH2 CH3 6,8 14,7 17,9 20,3 18,7 32,1 31,8 35,0 8 x CH3 C30H50O - 79 - À partir da comparação entre os dados de RMN 13C de CQH-1 com os dados descritos na literatura (QUEIROGA et al., 2000, Tabela 2) para o triterpeno 3-oxo-friedelano (1), foi possível inferir que se trata da mesma substância. Este triterpeno já foi isolado em outras plantas do gênero Maytenus (NOSSACK et al., 2000; QUEIROGA et al., 2000; OLIVEIRA et al., 2007; SOUSA et al., 2012), porém esta foi a primeira vez que o mesmo foi isolado de M. guianensis. TABELA 2 - Dados de RMN de 13 C (100 MHz, CDCl 3 ) de CQH-1 (3-oxofriedelano) e dados da 3-oxo-friedelano descritos na literatura (SOUSA et al., 2012). CQH-1 C 3 5 9 13 14 17 20 CH 4 8 10 18 CH2 δC 213,3 42,7 37.7 38,8 38,0 30,2 28,7 Fridelina (SOUSA et al., 2012) δC 213,2 42,1 37,5 39,7 38,3 30,0 28,2 58,2 53,7 60,1 42,7 58,2 53,3 59,5 42,8 1 2 6 7 11 12 15 16 19 21 22 CH3 23 24 25 26 27 28 29 30 22,8 41,8 42,0 18,1 36,1 31,0 32,9 36,5 35.8 32,3 39,7 22,3 41,5 41,6 18,2 35,6 30,5 32,8 36,0 35,4 32,4 39,3 7,3 15,2 16,8 20,7 18,4 32,6 32,3 32,6 6,8 14,7 17,9 20,3 18,7 32,1 31,8 35,0 - 80 - 4.1.2 DETERMINAÇÃO ESTRUTURAL DE 3 - HIDROXIFRIEDELANO (CQH-2) 29 27 12 19 20 18 11 9 2 HO 28 16 8 3 4 15 25 5 22 14 10 21 17 13 1 30 26 7 6 24 23 3 - Hidroxifriedelano (Friedelinol) (2) A substância denominada CQH-2, apresentou-se como um sólido branco amorfo, um ponto de fusão 276-2810C, solúvel em clorofórmio, a análise através da técnica de cromatografia em camada delgada com revelador universal (etanol/anidrido acético/ácido sulfúrico – 8:1:1, v/v/v) mostrou uma única mancha de coloração pink e este também apresentou teste positivo para triterpeno quando tratado com reagente de LiebermannBurchard. O espectro na região do infravermelho (Figura 11) de CQH-2 apresentou bandas de absorção em: 3619 e 3471 cm-1 característica de estiramento de ligação de hidroxila (-OH), 2925-2869 cm-1 características de estiramento simétrico e assimétrico da ligação de compostos alifáticos (-CH) em 1448 e 1384 cm-1. - 81 - FIGURA 11 - Espectro de CQH-2 (3-hidroxifriedelano) obtido no infravermelho (IV) (KBr, cm -1 ). 55 %T 50 45 40 35 30 25 20 15 4500 4250 4000 Teste Poliestireno 3750 3500 3250 3000 2750 2500 2250 2000 1750 1500 1250 1000 750 500 1/cm O espectro de RMN de 1H (Figura 12) de CQH-2 apresentou sete singletos em δH 0,73 (s), 0,86, 0,87 (s), 1,00 (s), 1,09 (s), 1,10 (s), 1,17 (s) e um dubleto em δH 0,96 (J=6,9 Hz) correspondente a oito metilas, sendo o dubleto relacionado a metila C-23 de um triterpeno da classe friedelano (MAHATO; KUNDU, 1994). - 82 - FIGURA 12 - Espectro de RMN 1 H de CQH-2 (3-hidroxifriedelano), mostrando uma expansão entre 1,2-0,70 (400 MHz, CDCl 3 ). 700 0.724 0.856 0.870 0.944 0.963 0.988 0.994 1.004 1.168 1.253 1.267 1.272 1.472 1.595 2.243 2.257 3.734 3.737 600 500 400 300 200 100 0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 ppm (t1) Uma análise comparativa entre os espectros de RMN 13C (PND) (Figura 13) e RMN 13 C (DEPT-135) (Figura 14) de CQH-2 possibilitou verificar a presença de seis carbonos não- hidrogenados, cinco mono-hidrogenados, onze di-hidrogenados e oito tri-hidrogenados, possibilitando assim, propor a fórmula molecular C30H52O. No espectro de RMN 13 C foi observado uma absorção em δC 73,0 relacionada a um carbono carbinólico, confirmado no espectro de RMN 1H em δH 3,73 (sl). - 83 - TABELA 3 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e trihidrogenados de CQH-2 (3-hidroxifriedelano), a partir dos espectros de RMN 13 C (PND) e RMN 13 C (DEPT-135). C 38,2 37,4 39,9 39,7 30,0 28,8 6xC CH Δ 49,8 53,4 61,9 42,3 5 x CH CH2 74,7 41,5 41,2 39,5 35,8 32,7 30,6 29,7 27,7 22,3 18,2 10 x CH2;(CHOH) CH3 31,1 32,0 25,8 20,8 18,4 17,9 14,6 6,8 8 x CH3 C30H52O FIGURA 13 - Espectro de RMN 13 C - DESACOPLADO - (CDCl 3 , 100 MHz) de CQH-2 (3-hidroxifriedelano). 7.350 12.154 16.376 16.951 18.128 18.803 19.180 20.663 22.838 28.732 30.601 31.207 32.352 32.657 32.926 33.426 35.562 35.807 35.923 36.152 36.676 39.848 40.262 42.337 43.447 49.782 53.787 58.822 61.974 73.304 100000 50000 0 80 ppm (t1) 70 60 50 40 30 20 10 0 - 84 - FIGURA 14 - Espectro de RMN de 13 C (DEPT-100) hidroxifriedelano) (CDCl 3 ; 100MHz). de CQH-2 (3- 50000 7.344 12.143 18.069 18.767 20.634 31.157 32.309 32.610 32.850 33.335 35.542 35.712 35.858 36.074 36.535 36.601 39.774 39.798 42.245 43.340 49.692 53.713 58.749 60.004 61.870 73.268 0 -50000 80 ppm (t1) 70 60 50 40 30 20 A comparação entre os deslocamentos químicos de RMN 10 13 C de CQH-2 com os dados propostos para o triterpeno 3-Hidroxifriedelano (2) descritos na literatura (ALMEIDA et al., 2011) (Tabela 4), foi possível verificar-se que se trata da mesma substância. Este triterpeno já foi isolado em outras plantas do gênero Maytenus (ESTEVAN, 2006; FONSECA, et al., 2007; SOUZA, 1986; SOUSA et al., 2012), porém esta foi a primeira vez que o mesmo foi isolado de M. guianenis. - 85 - TABELA 4 - Dados de RMN de 13 C (100 MHz, CDCl 3 ) de CQH-2 (3Hidroxifriedelano) e dados da 3-hidroxifriedelano descritos na literatura. CQH-2 C 5 9 13 14 17 20 CH 3 4 8 10 18 CH2 δC 38.4 37.7 38.9 40.3 30.6 28.7 3 - Hidroxifriedelano (SOUSA et al., 2012) δC 38,1 37,4 38,6 39,9 30,0 28,2 73,3 49,6 53,6 61,8 43,3 72,9 49,4 53,4 61,6 43,1 1 2 6 7 11 12 15 16 19 21 22 CH3 23 24 25 26 27 28 29 30 16,31 36.6 42.3 18.8 36.1 31.2 32.9 35.9 35.8 33.4 39.8 15,8 36,3 41,9 17,6 35,6 30,6 32,3 35,8 35,4 32,8 39,5 12,1 16,9 18,7 20,6 18,7 32,3 35,5 32,6 11,6 16,4 18,2 20,1 18,6 32,1 35,2 31,8 - 86 - 4.1.3 DETERMINAÇÃO ESTRUTURAL DE 3-OXO-16-HIDROXIFRIEDELANO (CQH3). 29 27 19 12 30 21 22 11 28 1 2 OH 15 25 O 24 7 26 6 23 3-oxo-16 β-hidroxifridelano (16 -hidroxifriedelina) (3) O composto denominado CQH-3, apresentou-se como um sólido banco amorfo, solúvel em clorofórmio, ponto de fusão 278 – 280 0C, apresentou uma única mancha de coloração pink quando analisado em CCD com revelador universal (etanol/anidrido acético/ácido sulfúrico – 8:1:1, v/v/v) e apresentou resultado positivo para teste de triterpeno quando tratado com reagente de Liebermann – Buerchard. O espectro na região do infravermelho (Figura 15), de CQH-3 apresentou bandas de absorção em: 3630 e 3462 cm-1 característica de estiramento de ligação de hidroxila (-OH) e em: 1748 cm-1 de carbonila (-C=O). - 87 - FIGURA 15 - Espectro de CQH-3 (3-oxo-16β-hidroxifriedelano) obtido no infravermelho (IV) (KBr, cm -1 ). 35 %T 30 25 20 15 10 5 0 4500 4250 4000 Teste Poliestireno 3750 3500 3250 3000 2750 2500 2250 2000 1750 1500 1250 1000 750 500 1/cm A Tabela 5 destaca os deslocamentos químicos dos carbonos não-hidrogenados, mono-hidrogenados, di-hidrogenados e tri-hidrogenados, obtidos a partir de uma análise comparativa entre os espectros de RMN 13 C (PND) (Figura 16) e RMN 13 C (DEPT-135) (Figura 17) de CQH-3. Os dados agrupados na Tabela 5 permitiram propor fórmula molecular C30H52O2 para CQH-3. - 88 - TABELA 5 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e trihidrogenados de CQH-3 (3-oxo-16β-hidroxifriedelano), a partir dos espectros de RMN 13 C (PND) e RMN 13 C (DEPT-135). C 213,1 42,2 39,9 39,1 37,5 31,9 27,9 7 x C (C=O) * FIGURA CH 75,5 59,5 58,2 53,3 44,6 5 x CH(CHOH)) CH2 44,2 41,5 41,2 36,0 35,6* 35,6* 31,9 30,7 22,2 18,5 10 x CH2 CH3 35,5 30,7 24,9 21,4 20,1 18,1 14,7 6,8 8 x CH3 C30H52O2 Estas absorções estão superpostas 16 - Espectro de RMN 13 C (PND) hidroxifriedelano) (150 MHZ, CDCL 3 ). de CQH-3 (3-oxo-16 10000 18.160 14.679 6.868 18.468 20.122 21.421 22.261 24.874 27.963 30.731 31.889 35.466 35.647 35.705 35.922 37.486 39.215 39.952 41.181 41.497 42.239 44.201 44.615 53.343 58.179 59.457 75.497 213.160 5000 0 200 ppm (t1) 150 100 50 0 β- - 89 - FIGURA 17 - Espectro de RMN 13 C (DEPT-135) de CQH-3 (3-oxo-16βhidroxifriedelano) (150 MHZ, CDCl 3 ). 14.680 0.022 6.871 18.162 18.468 20.123 21.421 22.262 24.876 30.738 31.887 35.469 35.646 35.922 41.179 41.499 44.199 44.613 53.342 58.178 59.455 75.500 1000 500 0 -500 -1000 -1500 -2000 200 150 100 50 0 ppm (t1) O espectro de RMN 1H de CQH-3 (Figura 19) exibiu um total de oito sinais relacionados a metilas, sete singletos em δH 1,19 (s), 1,09 (s), 1,02 (s), 1,00 (s), 0,99 (s), 0,87 (s), 0,72 (s) e um dupleto em δH 0,88 (d, J=6,6 Hz), característicos de triterpenos da classe friedelano. Uma absorção neste mesmo espectro em δH 4,03 (t, J=8,9 Hz), juntamente com duas absorções no espectro de RMN 13 C de CQH-3 (Figura 16) em δC 75,5 e 213,1, permitiram propor que CQH-3 possui uma hidroxila (-OH) e uma carbonila (-C=O) em seu esqueleto. De acordo com a posição do dupleto no espectro de RMN 1H em δH 0,88 (d, J=6,61 Hz) possibilitou localizar a carbonila na posição C-3 (NOZAKI et al., 1986). O espectro bidimensional COESY de CQH-3 (Figura 21), forneceu as conexões entre os hidrogênios e os respectivos carbonos. A posição da hidroxila (-OH) no C-16 foi possível após análise no espectro bidimensional COESY de CQH-3 (Figura 22), onde foi possível observar os acoplamentos com 2J e 3J entre o hidrogênio metínico carbinólico em δH - 90 - 4,03 (t, J=8,9 Hz) com a metila C-28 (δC 24,9, 3J), C-15 (δC 44,2, 2J) e C-22 (δC 36,0, 3J). Conclui-se, portanto que, que CQH-3 é um triterpeno da classe friedelano com uma carbonila na posição C-3 e uma hidroxila (-OH) na posição C-16. A comparação entre os dados de RMN 13C de CQH-3 (Figura 16) com dados da literatura (NOZAKI et al,. 1986) (Tabela 6) para o triterpeno 3-oxo-16 β-hidroxifriedelano (3), comprovou tratar-se da mesma substância. A estereoquímica para a hidroxila (-OH) foi proposta após verificar que as correlações (Figura 18) no espectro bidimensional NOESY de CQH-3 (Figura 23) tratava-se de um triterpeno já isolados em outras plantas do gênero Maytenus (NOZAKI et al., 1986), porém esta é a primeira vez que esta substância foi isolada de M. guianensis. FIGURA 18 - Algumas correlações observadas no espectro NOESY de CQH-3 (3oxo-16 β-hidroxifriedelano). 24 O 25 CH3 H3C 4 30 CH3 26 10 5 23 13 8 H CH3 CH3 9 7 H 28 H CH3 19 14 H H 22 H 15 H CH3 27 17 OH H H H H CH3 29 - 91 - FIGURA 19 - Espectro de RMN 1 H de CQH-3 (3-oxo-16 β-hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl 3 ). 5000 0 7.0 ppm (t1) 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 - 92 - FIGURA 20 - Espectro bidimensional COESY hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl 3 ). de CQH-3 (3-oxo-16β- 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 ppm (f1) 7.0 ppm (f2) 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 - 93 - FIGURA 21 - Espectro bidimensional COESY hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl 3 ). de CQH-3 (3-oxo-16β- 0 50 100 150 ppm (f1) 7.0 ppm (f2) 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 - 94 - FIGURA 22 - Espectro bidimensional HMBC hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl 3 ). de CQH-3 (3-oxo-16β- 0 50 100 150 200 ppm (f1) 7.0 ppm (f2) 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 - 95 - FIGURA 23 - Espectro bidimensional NOESY hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl 3 ). de CQH-3 (3-oxo-16 0.0 5.0 ppm (f1) 5.0 ppm (f2) 0.0 β- - 96 - TABELA 6 - Dados de RMN 13 C e RMN 1 H de CQH-3 (3-oxo-16 βhidroxifriedelano) e comparação com os dados do triterpeno 3-oxo-16 β-hidroxifriedelano (3), descritos na literatura (NOZAKI et al., 1986). CQCH-3 C 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 DEPT135 CH2 CH2 C CH C CH2 CH2 CH C CH CH2 CH2 C C CH2 CH C CH CH2 C CH2 CH2 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH2 CH3 δC 22,2 41,5 213,1 58,2 42,2 41,2 18,5 53,3 37,5 59,5 35,6 30,7 39,1 39,9 44,2 75,5 31,9 44,6 35,6 27,9 31,9 36,0 6,8 14,7 18,1 20,1 21,4 24,9 30,7 35,5 δH 1,98 – 1,68 (m) 2,40 – 2,27 (m) 2,27 (m) 2,40 – 2,27 (m) 1,50 – 1,43 (m) 1,45 (m) 1,54 (m) 1,35 -1,38 (m) 1,35 -1,38 (m) 1,71 (m) 4,03 (t, J=8,9 Hz) 1,878 (m) e 1,29 (m) 1,48 (m) 1,40 (m) 1,48 (m) 0,88 (d, J=6,61 Hz) 0,72 (s) 0,87 (s) 1,00 (s) 1,09 (s) 1,19 (s) 1,02 (s) 0,99 (s) 29-hidroxifriedelan-3-ona (3) δC 22,3 41,6 212,5 58,3 42,3 41,4 18,6 53,5 37,6 59,7 35,8 30,8 39,3 40,1 44,4 75,6 32,1 44,8 35,8 28,0 32,1 36,0 6,8 14,7 18,2 20,1 21,5 24,9 30,8 35,5 - 97 - 4.1.4 DETERMINAÇÃO ESTRUTURAL DE TINGENONA + TINGENINA B (CQH-4) 30 30 27 12 11 1 O 2 18 13 9 10 4 HO 25 O 21 22 27 11 28 16 15 O 2 10 6 4 HO 25 22 OH 17 28 14 8 3 O 21 18 13 9 26 7 5 1 20 19 12 17 14 8 3 20 19 16 15 26 7 5 6 23 23 Tigenona (4) Tigenina B (22-hidroxi-tingenona) (5) A mistura CQH-4 apresentou-se como cristais amarelos, solúveis em clorofórmio, ponto de fusão (indefinido), análise CCD mostrou uma única mancha de coloração avermelhada (revelador: etanol/anidrido acético/ácido sulfúrico - 8:1:1, v/v/v) e apresentou resultado positivo para teste de triterpeno quando tratado com reagente de LiebermannBurchard. Apesar de apresentar somente uma mancha em CCD, os dados espectrais mostraram tratar-se de uma mistura de dois compostos os quais serão discutidos a partir de agora. O espectro na região do infravermelho (IV) (Figura 24) de CQH-4 apresentou absorções de grupos hidroxilas (-OH) em 3590-3000 cm-1, carbonila em 1620 cm-1 e absorções de anel aromático em 1610, 1520, 1500 cm-1. - 98 - FIGURA 24 - Espectro de CQH-4 (tingenona + tingenina b) obtido no infravermelho (IV) (KBr, cm -1 ). 50 %T 45 40 35 30 25 20 4500 4250 4000 Teste Poliestireno 3750 3500 3250 3000 2750 2500 2250 2000 1750 1500 1250 1000 750 500 1/cm O espectro de RMN de 1H de CQH-4 (Figura 26) apresentou onze sinais referentes a grupos metilas em δH 2,23 (s), 1,49 (s), 1,48 (s), 1,36 ( s), 1,35 (s), 1,22 ( s), 1,01 ( s), 0,99 (s), 0,98 (s), 0,95 ( s), 0,87 (s), 0,98 (3H, s), 0,87 (3H,s) (expansão Figura 27 e 28). Os sinais dos grupos metila em δH 2,23 (6H, s) (C-23), juntamente com seis sinais de hidrogênios olefínicos (C-1, 6 e 7) (ver expansão Figura 27), podem perfeitamente serem atribuídos a triterpenos quinonametídeos (KENNEDY et al., 2011), conforme estrutura parcial de triterpenos quinonametídeos mostrada abaixo (Figura 25): - 99 - FIGURA 25 - Estrutura parcial de triterpeno quinonametídeo. 1 O 2 8 3 4 HO 7 5 6 23 Fonte: ALVARENGA; FERRO, (2006). FIGURA 26 - Espectro de RMN 1 H de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (400 MHz, CDCl 3 ). 400 0.872 0.980 1.061 1.076 1.225 1.353 1.366 1.513 1.847 2.235 4.553 6.396 6.401 6.414 6.548 6.551 6.554 6.557 7.064 7.068 7.073 7.082 7.085 300 200 100 0 15.0 ppm (t1) 10.0 5.0 0.0 - 100 - FIGURA 27 - Expansão do espectro de RMN 1 H da região de 2,35 - 2,00 de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (400 MHz, CDCl 3 ). - 101 - FIGURA 28 - Expansão do espectro de RMN 1 H da região de 7,70 - 6,20 de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (400 MHz, CDCl 3 ). A comparação dos sinais mais expressivos dos espectros de RMN de CQH-4 (Figura 26) e RMN de 13 C (PND) de 13 C (DEPT-135) (Figura 28) de CQH-4 revelou tratar-se da presença vinte e um carbonos não hidrogenados, dez mono-hidrogenados, onze dihidrogenados e onze tri-hidrogenados (Tabela 7). Entre os sinais relacionados aos carbonos não hidrogenados, foi possível confirmar a presença dos quatro grupos carbonilas, sendo duas conjugadas em δC 178,41 e 178,40 relacionados aos (C – 3) e dois de cetona cíclica em δC 213,92 e 213,66 (Figura 30), onde um sinal de carbono carbinólico também foi observado em δC 75,5. - 102 - FIGURA 29 - Espectro de RMN 13 C (DEPT-135) de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (150 MHz, CDCl 3 ) . - 103 - FIGURA 30 - Espectro de RMN 13 C (PND) de CQH-4 (tingenona + tingenina b) (150 MHz, CDCl 3 ) mostrando expansões entre 214 – 209 E 77-71. - 104 - TABELA 7 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e trihidrogenados de CQH-4 (tingenona + tingenina b), obtidos a partir dos espectros de RMN 13 C (PND) E RMN 13 C (DEPT-135). δC 178,41 178.40 169,00 168.83 164,81 164.82 146,11 146.11 127.67 117.52 117.58 44.89 44,86 44,35 42,68 42.7 41,90 40,64 38,23 213,9 213.7 21 x C δCH 134,08 133,99 119,79 119,77 119,19 118.23 76,5 43,45 41,92 41,93 10 xCH A comparação entre os dados de RMN δCH2 52,55 35,48 34,00 33,66 32.42 32.03 29.92 29.91 29,50 29,93 28,51 11 x CH2 13 δCH3 39,21 39,09 32,58 25.11 21,62 21,55 20.55 19,74 15,14 14,79 10.35 11 x CH3 C de CQH-4 com os dados publicados na literatura para tingenona (4) (RODRIGUES et al., 2012) e tingenina b (5) (ALMEIDA et al., 2010) (Tabela 8), permitiram propor que CQH-4 trata-se da mistura destes dois triterpenos. As estruturas dos dois triterpenos participantes da mistura em CQH-4 podem ser confirmadas através dos espectros bidimensionais COESY (Figura 31) e HMBC (Figura 32). Os dados de RMN 1H e RMN 13C dos triterpenos estão relacionados na Tabela 9. No espectro bidimensional HMBC foi possível verificar o acoplamento entre o Hidrogênio carbinólico H-22 (δH 4,55) com o C-28 (δC 25,11), C-18 (δC 44,98), C-21 (δC 213,7), isto confirma a posição da hidroxila na posição C-22 da tigenina B (5). A confirmação da tigenona pode ser realizada através das correlações também no espectro bidimensional - 105 - HMBC (Figura 32), através dos acoplamentos entre os hidrogênios da metila C-28 (δH 1,25) com os carbonos C-17 (δC 38,27), C-18 (δC 43,55), C-22 (δC 52,56), C-16 (δC 35,48). A tingenona (4) e a tingenina b (5) já foram isoladas de outras espécies de plantas do gênero Maytenus (ALMEIDA et al., 2010; GONZALES et al., 1982; KUTNEY et al., 1981; MAGALHÃES, 2011; MORITA et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2006b; RODRIGUES, 2012; SILVA, 2007; SILVA et al., 2007), porém esta é a primeira vez que foram isolados de M. guianensis. Os quinonametídeos são triterpenos pentacíclicos aparentemente restritos às famílias Celastraceae e Hippocrateaceae (GUNATILAKA, 1986) e, portanto, considerados marcadores químicos destas famílias (ALVARENGA; FERRO, 2006). FIGURA 31 - Espectro bidimensional COESY de CQH-4 (tingenona + tingenina b). - 106 - FIGURA 32 - Espectro bidimensional HMBC de CQH-4 (tingenona + tingenina b). - 107 - TABELA 8 - Comparação entre os dados de RMN 13 C de CQH-4 (tingenona + tingenina b) com dados destes triterpenos da literatura. Tingenona (4) Tingenina b (5) CQH-4 Nº δC RODRIGUES et al., 2012 δC 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 25 26 27 28 30 CH C C C C CH CH C C C CH2 CH2 C C CH2 CH2 C CH CH2 CH C CH2 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 119,80 178,43 146,10 117,18 127,76 133,62 118,15 168,69 42,73 164,72 33,80 29,96 40,64 44,66 28,53 35,52 38,20 43,55 32,08 41,92 213,58 52,56 10,28 39,07 21,57 19,73 32,58 15,11 119,77 178,41 146,11 117,52 127,67 134,08 119,19 169,00 42,68 164,81 33,66 29.91 40,64 44,35 28,50 35,48 38,23 43,45 32.03 41,92 213,9 52,55 10.35 39,09 21,55 19,74 32,58 15,14 δC 119,79 178,40 146,11 117,58 127,67 133,99 118,23 168,83 42,70 164,82 34,00 29,92 44,89 41,90 29,50 29,90 44,86 44,98 32,42 41,90 213,7 76,50 10,35 39,21 21,62 20,55 25,11 14,79 ALMEIDA et al., 2010 120,20 178,80 146,50 117,60 128,20 134,10 118,60 168,80 43,00 165,10 34,40 30,40 44,70 41,00 28,70 29,90 45,20 45,50 32,40 41,30 213,70 76,80 10,70 39,60 22,00 20,90 25,40 15,10 - 108 - TABELA 9 - Correlação entre os deslocamentos químicos dos hidrogênios com os carbonos para CQH-4 (tingenona + tingenina b). Nº 1 6 7 11 12 15 16 18 19 20 22 CH CH CH CH2 CH2 CH2 CH2 CH CH2 CH CH2 23 25 26 27 28 30 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CQH-4 Tingenona δC δH 119,77 6,44 (m) 134,08 7,07 (m) 119,19 6,40 (m) 33,66 2,21(m) e 1,99 (m) 29.91 1,87 (m) 28,50 1,89 (m) e 1,61 (m) 35,48 1,33 (m) 43,45 1,64 (m) 32.03 2,21 (m) e 1,78 (m) 41,92 2,50 (m) 52,55 2,91 (d, J=14,3) 1,83 (d, J=14,3) 10.35 2,23 (s) 39,09 1,48 (s) 21,55 1,36 (s) 19,74 0,95 9S) 32,58 1,22 (s) 15,14 1,01 (s) δC 119,79 133.99 118.23 34,00 29.92 29,50 29,9 44.98 32.42 41,9 76,5 CQH-4 Tingenina B δH 6,44 (m) 7,07 (m) 6,40 (m) 2,21(m) e 1,99 (m) 1,87 (m) 1,89 (m) e 1,61 (m) 1,89 (m) e 1,61 (m) 1,78 (m) 2,21 (m) e 1,78 (m) 2,50 (m) 4,55 (sl) 10.35 39.21 21,62 20.55 25.11 14,79 2,23 (s) 1,49 (s) 1,35 (s) 0,98 (s) 0,87 (s) 0,99 (s) 4.1.5 DETERMINAÇÃO ESTRUTURAL DE 3-OXO-29-HIDROXIFRIEDELANO (CQCl-1) 29 27 30 CH2OH 21 19 12 22 11 28 1 16 2 15 25 O 24 7 26 6 23 3-oxo-29-hidroxifriedelano (29-hidroxifriedelina) (6) O composto CQCl-1 apresentou-se como um sólido branco, solúvel em clorofórmio, ponto de fusão 268-269 0C, análise em cromatografia em camada delgada com revelador - 109 - universal (etanol/anidrido acético/ácido sulfúrico – 8:1:1, v/v/v) mostrou uma única mancha e apresentou teste positivo para triterpeno quando tratado com reagente de LiebermannBurchard. O espectro na região do infravermelho (Figura 33) de CQCl-1 apresentou bandas de absorção em: 3619 e 3471 cm-1 característica de estiramento de ligação de hidroxila (-OH) e 1697 cm-1 de carbonila (-C=O). FIGURA 33 - Espectro de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) obtido no infravermelho (IV) (KBr, cm -1 ). 25 %T 0 4500 4250 4000 Teste Poliestireno 3750 3500 3250 3000 2750 2500 2250 2000 1750 1500 1250 1000 750 500 1/cm 4500 4250 4000 Teste Poliestireno 3750 3500 3250 3000 2750 2500 2250 2000 1750 1500 1250 1000 750 500 1/cm 37,5 %T 30 22,5 15 7,5 0 Através de uma análise comparativa entre os espectros de RMN 13 C (PND) (Figura 13 34) e RMN C (DEPT-135) (Figura 35) de CQCl-1, foi possível destacar sete carbonos nãohidrogenados, quatro mono-hidrogenados, doze di-hidrogenados e sete tri-hidrogenados (Tabela 10). Estes dados permitiram propor a fórmula C30H50O2 para CQCl-1. O espectro de RMN 13C (PND) (Figura 34) apresentou dois sinais em δC 14,6 e 6,8 (Tabela 10), atribuídos aos grupos metilas característicos da classe friedelano (C-24 e C-23, respectivamente) (MAHATO; KUNDU, 1994). O espectro de RMN 13 C (DEPT-135) (Figura 35) revelou a - 110 - presença de um grupamento metilênico carbinólico em δC 74,7 e uma absorção em δC 213,3 da carbonila na posição C-3 (Tabela 10). FIGURA 34 - Espectro de RMN 13 C (PND) de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) (CDCl 3 ; 100 MHz). 17.861 6.827 18.208 14.640 18.448 20.754 22.266 25.792 27.745 29.724 30.489 30.559 32.059 32.689 33.081 35.596 35.825 37.387 38.193 39.473 39.906 41.231 41.500 41.796 42.139 53.354 58.181 59.399 74.729 213.300 150 100 50 0 200 ppm (t1) 150 100 50 0 - 111 - FIGURA 35 - Espectro de RMN de 13 C (DEPT-135) de CQCl-1 (3-oxo-29hidroxifriedelano) (CDCl 3 ; 100MHz). 6.828 14.639 17.861 18.205 18.450 20.755 22.265 25.790 27.740 29.721 30.557 32.057 32.685 35.592 35.821 39.470 41.227 41.499 41.790 53.351 58.177 59.392 74.728 10.0 5.0 0.0 -5.0 -10.0 50 0 ppm (t1) TABELA 10 - Deslocamentos químicos dos carbonos não-, mono-, di- e trihidrogenados de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano), a partir dos espectros de RMN 13 C (PND) e RMN 13 C (DEPT-135). C 213,3 42,1 39,9 38,2 37,4 33,1 30,5 6xC;(C=O) CH 59,4 58,2 53,4 41,8 4xCH CH2 74,7 41,5 41,2 39,5 35,8 35,6 32,7 30,6 29,7 27,7 22,3 18,2 11xCH2;(CH2OH) CH3 32,0 25,8 20,8 18,4 17,9 14,6 6,8 7xCH3 C30H50O2 - 112 - O espectro de RMN 1H (Figura 36) de CQCl-1 apresentou seis singletos e um dubleto em δH 1,22, 1,05, 1,03, 1,02, 0,87, 0,72 (s) e δH 0,88 (J=6,6 Hz) que podem ser relacionados a grupos metilas de triterpenos da classe friedelano. O mesmo espectro apresentou também uma absorção em δH 3,26 (2H, q, J =10,3 Hz) relacionado ao hidrogênio metilênico carbinólico. FIGURA 36 - Espectro de RMN de 1 H de CQCl-1 (3-oxo-29-hidroxifriedelano) (CDCl 3 ; 400 MHz), mostrando também as expansões entre 3,30-2,20 E 1,22-0,70. 3000 0.726 0.870 0.886 1.029 1.034 1.050 1.221 2.240 2.256 2.284 2.302 2.368 2.373 2.381 2.386 3.234 3.260 3.275 3.301 3.317 2500 3000 2000 0.726 0.870 0.886 1.029 1.034 1.050 1.221 3.234 3.260 3.275 3.301 1500 2000 2000 1000 1000 500 1500 0 0 3.300 3.290 3.280 3.270 3.260 3.250 3.240 3.230 3.220 ppm (t1) 1.30 1.20 ppm (t1) 1.10 1.00 0.90 0.80 1000 0.70 500 0 4.00 ppm (t1) 3.50 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 Todos estes dados possibilitaram propor que uma das metilas do esqueleto friedelano foi oxidada e levou a formação de uma hidroxila de um álcool secundário. A posição desta hidroxila foi proposta no carbono C-29, após uma análise do espectro de bidimensional HMBC de CQCl-1 (Figura 37), onde foi possível observar os acoplamentos dos hidrogênios metilênicos carbinólicos em δH 3,26 (2H, q, J =10,3 Hz) com os carbonos do grupo metila C30 δC 25,8, C-20 δC 33,3, C-19 δC 29,7 e com o C-21 δC 27,7, e ainda, através da comparação dos deslocamentos químicos de RMN 13C de CQCl-1 com dados da literatura (BETANCOR - 113 - et al., 1980). Trata-se do triterpeno 3-oxo-29-hidroxifriedelano (6) já isolado em outras plantas do gênero Maytenus (NOZAKI et al., 1986; ITOKAWA et al., 1991; GONZALES et al., 1995; OLIVEIRA, 2007), porém esta é a primeira vez isolado de M. guianensis. Os dados de RMN 13 C e RMN 1H de CQCl-1 suas respectivas correlações, obtidas a partir dos espectros bidimensionais COESY (Figura 38) e HMBC (Figura 37) e comparação com os dados do triterpeno 3-oxo-29-hidroxifriedelano (6), encontrados na literatura estão relacionados na Tabela 11. FIGURA 37 - Espectro bidimensional HMBC hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl 3 ). de CQCl-1 (3-oxo-29- 0 50 ppm (t1) 3.50 ppm (t2) 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 - 114 - FIGURA 38 - Espectro bidimensional COESY hidroxifriedelano) (400 MHz, CDCl 3 ). de CQCl-1 (3-oxo-29- 0 10 20 30 40 50 60 70 80 (t1) ppm 5.0 ppm (t2) 0.0 - 115 - TABELA 11 - Dados de RMN 13 C e RMN 1 H de CQCl-1 (3-oxo-29hidroxifriedelano) e comparação com os dados do triterpeno 3-oxo29-hidroxifriedelano (3), descritos na literatura. CQCl-1 C 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 DEPT-135 δC CH2 22,3 CH2 41,4 C 213,1 CH 58,1 C 42,1 CH2 41,1 CH2 18,4 CH 53,3 C 37,7 CH 59,4 CH2 35,6 CH2 29,7 C 39,4 C 38,1 CH2 32,7 CH2 35,8 C 30,5 CH 41,8 CH2 29,7 C 33,3 CH2 27,7 CH2 39,5 CH3 6,8 CH3 14,6 CH3 17,8 CH3 18,4 CH3 20,7 CH3 32,0 CH2 75,7 CH3 25,8 3-oxo-29-hidroxifriedelano (OLIVEIRA et al., 2007) δC 1,00 (m) 1,58 (m) 2,24 (m) 2,34 (m) 1,01 (m) 1,37 (m) 1,48 (m) 1,20 (m) 1,25 1,58 (m) 1,20 (m) 1,36 (m) 1,04 (m) 0,84 (d, J=6,61 Hz) 0,72 (s) 0,85 (s) 1,04 (s) 1,01 (s) 1,22 (s) 3,26 (2H, q, J =10,3 Hz) 1,00 (s) 22,3 41,5 213,2 58,2 42,2 41,3 18,3 53,4 37,4 59,5 35,6 29,8 40,0 38,3 32,7 35,9 29,8 41,9 30,6 33,1 27,8 39,5 6,8 14,7 17,9 18,4 20,8 32,1 74,8 25,8 4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE A atividade antioxidante Maytenus guianensis foi avaliada pela captura do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH) que é uma molécula caracterizada como um radical livre estável em virtude da deslocalização do elétron desemparelhado por toda a molécula. - 116 - Esta deslocalização confere a esta molécula uma coloração violeta, caracterizada por uma banda de absorção em etanol em cerca de 520 m (ALVES et al., 2010). Este ensaio se baseia na medida da capacidade antioxidante de um determinado extrato ou substância em sequestrar o radical DPPH reduzindo-o a hidrazina de coloração amarelo pálido produzindo um decréscimo da absorbância até 515 m (ALVES et al., 2010; RUFINO et al., 2007). Os testes foram realizados em triplicada e repetidos duas vezes para confirmação do resultado no o extrato acetônico da entrecasca (EAMG) e eluatos: hexânico (EHMG), eluato clorofórmico (EClMG) e o eluato acetônico (EAcMG) (Tabela 12). TABELA 12 - Atividade antioxiante (% AA) do extrato acetônico da entrecasca e eluatos de Maytenus guianensis. Concentração (µg.mL-1) Amostras EAMG EHMG EClMG 94,91* ± 0,21 96,11* ± 0,26 EAcMG GK 200 96,50 ± 1,52 95,40 ± 0,35 94,10 ± 0,35 150 95,93* ± 0,47 95,59* ± 0,23 94,53* ± 1,08 94,70* ± 0,07 93,73 ± 0,63 100 89,11 ± 2,23 73,04* ± 1,05 85,75* ± 1,41 90,43* ± 0,26 93,92 ± 0,42 50 48,84* ± 2,62 41,50* ± 0,87 45,88* ± 1,36 50,75* ± 0,57 75,46 ± 1,20 10 9,08* ± 1,10 17,16 ± 1,42 9,65* ± 0,28 11,42* ± 1,29 12,82* ± 0,18 Os resultados são expressos como média ± erro padrão da média (E.P.M.). Médias com * na mesma linha diferem significativamente a p < 0,05 com relação ao controle Ginkgo biloba (ANOVA e Teste de Tukey). Onde EAMG = Extrato acetônico, EHMG = Eluato Hexânico, EClMG = Eluato clorofórmico, EAcMG = Eluato Acetônico, GK = Ginkgo biloba Os resultados (Figura 39 e 40) foram expressos em valores de Concentração Efetiva 50% (CE50), que representa a atividade de antioxidante necessária para diminuir em 50% a concentração inicial do radical DPPH, como controle positivo foi utilizado extrato padronizado de Ginkgo biloga (Egb 761). Estes resultados mostram atividade antioxidante da sobrecasca de M. guianensis, havendo diferença significativa p < 0,05 com uma porcentagem de atividade antioxidante maior que o padrão utilizado na concentração de 200 µg.mL-1 nos eluatos hexânico (94,91 %) e clorofórmico (96,11 %), concentração de 150 µg.mL-1 no extrato acetônico (95,93 %) e eluatos hexânico (95,59 %), clorofórmico (94,53 %) e acetônico (94,70 %), sendo que, nas - 117 - demais concentrações testadas não foi verificado o mesmo comportamento quando os valores são comparados com o padrão comercial Ginkgo biloga (Egb 761), o que denota o potencial desta espécie. Os valores obtidos para CE50 com o extrato acetônico da entrecasca (50,44 µg.mL-1) e eluato acetônico (49,52 µg.mL-1) são os que mais se aproximam do valor obtido com o extrato da Ginkgo biloba (46,62 µg.mL-1) (Figura 39 e 40), este fato se deve provavelmente as substâncias de efeito antioxidante presentes, o que revela uma atividade antioxidante promissora da espécie em estudo. Muitas plantas e ervas consideradas como medicinais tem sido estudadas com relação a sua atividade antioxidante. Muitos metabólitos secundários apresentam atividade biológica, dentre estas atividades destaca-se a atividade antioxidante, sendo que, esta atividade depende diretamente da concentração e a classe (flavonoides, taninos, terpenos, alcaloides, etc.) destes metabólitos secundários (SUNIL et al., 2012). M. guianensis é utilizada tradicionalmente na prevenção do câncer de pele (REVILLA, 2002a). Estudos da propriedade antioxidante da casca do caule desta espécie também foram realizados por Macari et al.(2006), estes realizaram estudos da absorbância e transmitância do extrato acetônico da casca desta espécie e obtiveram resultados promissores de absorção na faixa de 230 – 315 m (UVB) e 315 – 400 m (UVA) quando comparados com protetores solares comerciais (diminuição de < 35% na transmitância na radiação gama, UVB), frequências estas que estão associadas com diferentes formas de câncer de pele, tais autores correlacionaram estes resultados com a atividade antioxidante demonstrada para esta. Estudos anteriormente realizados com M. guianenis resultaram no isolamento e 4metilepigalocatequina, um flavonóide com estrutura hidroxilada (SOUSA et al., 1986; MACARI et al., 2004), o que indica a presença de substâncias da classe dos flavonoides nesta espécie, com isso também pode-se correlacionar os resultados obtidos com a capacidade antioxidante de flavonoides, pois esta é determinada por sua estrutura, em particular por hidroxilas que podem doar elétrons e suportar como resultado a deslocalização em torno do sistema aromático (DORNAS et al., 2007). Outra característica estrutural importante responsável pela atividade sequestrante dos radicais livres é a presença dos grupos hidroxila e carbonilas, pois são grupamentos capazes de transferir o átomo de hidrogênio para o radical peroxila (ESTEVAN, 2006). Além disso, estudos indicam que triterpenos com carbonilas e hidroxilas em sua estrutura (exemplos: 3-oxo-friedelano e tingenona) também possuem atividade antioxidante (ALLISON et al., 2001; ESTEVAN, 2006; SUNIL et al., 2012). - 118 - FIGURA 39 - Avaliação da atividade antioxidante (%) de Maytenus guianensis pelo método do DPPH. a) EAMG b)EHMG 100 80 60 CE50 = 50,44 µg/mL 2 R = 1,0 40 20 Atividade Antioxidante (%) Atividade Antioxidante (%) 100 0 80 60 CE50 = 61,39 µg/mL 2 R = 0,97 40 20 0 0 50 100 150 200 0 50 EEMG (µg/mL) c) EClMG 150 200 d) EAcMG 100 100 Atividade Antioxidante (%) Atividade Antioxidante (%) 100 EHMG (µg/mL) 80 60 40 CE50 = 53,28 µg/mL 2 R = 0,99 20 0 80 60 EC50 = 49,52 µg/mL 40 2 R = 0,99 20 0 0 50 100 EClMg (µg/mL) 150 200 0 50 100 150 200 EAcMG (µg/mL) Onde a) extrato acetônico da entrecasca (EAMG), b) eluato hexânico (EHMG), c) eluato clorofórmico (EClMG) e d) eluato acetônico (EAcMG) - 119 - FIGURA 40 - Avaliação da atividade antioxidante (%) de Ginkgo biloba (EGB 761) pelo método do DPPH. Atividade Antioxidante (%) 100 80 60 EC50 = 46,62 µg/mL 2 R = 0,99 40 20 0 0 50 100 150 200 Extrato de Ginkgo biloba (µg/mL) De acordo com os resultados obtidos nos procedimentos realizados neste estudo, propõe-se, que o extrato acetônico da entrecasca e os eluatos, apresentam várias substâncias que reagem com o DPPH, o que está de acordo com os valores de inibição da atividade antioxidante, pois muitas substâncias podem estar atuando sinergisticamente. Também podese relacionar tais resultados com triterpenos hidroxilados e flavonoides, uma vez que as plantas deste este gênero são ricas em metabólitos secundários pertencentes a estas classes. 4.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GENOTÓXICA O interesse pela fitoterapia geralmente é motivado pelo seu uso tradicional e por sua origem natural. Embora muitas atividades biológicas benéficas tenham sido cientificamente comprovadas, o uso das plantas medicinais deve ser feito de maneira cautelosa. Apesar da maioria dos fitoterápicos serem seguros se usados em doses recomendadas, efeitos adversos podem surgir. Por isso, testes de genotoxicidade, como o empregado neste estudo, são importantes na avaliação da segurança e efetividade dos produtos naturais (BRASIL, 1996; FDA, 2008). De acordo com os estudos químicos realizados, e durante a execução deste trabalho, foram isolados triterpenos e outros trabalhos revelam atividades biológicas promissoras para - 120 - esses compostos como anti-inflamatório, antitumoral, antiulcerogênica (ALVARENGA; FERRO, 2006; BRINKER et al., 2007; QUEIROGA et al., 2000; REYES et al., 2006; RODRIGUES et al., 2012; SOSA et al., 2007), dentre outros. Fiskesjo (1994) apud Bagatini et al. (2007) ressaltou a importância e a utilidade de testes com vegetais na avaliação de riscos de genotoxicidade e enfatizou que apesar das diferenças entre os metabolismos de plantas e animais há também similaridades, e que ativação de pró-mutágenos possui alta relevância. O teste de efeito mutagênico do EAMG neste estudo foi realizado em Allium cepa e avaliado observando-se as células em interfase e divisão celular (mitose) para cálculo do índice mitótico (IM), bem como, a ocorrência de aberrações celulares (AC), como a presença de pontes, cromossomos retardatários, micronúcleos e células binucleadas, os resultados obtidos neste teste estão apresentados nas Tabelas 13 e 14. Na Tabela 13 estão apresentados o número total de células que foram analisadas, número total de células observadas em interfase e em diferentes fases de divisão celular durante o ciclo celular de A. cepa bem como o índice mitótico. É possível observar que há uma diferença significativa entre os tempos de exposição de 24 e 48 h em todos as concentrações testadas, sendo que no tempo de exposição de 48 h houve inibição da divisão celular. TABELA 13 - Tratamentos, número total de células analisadas no ciclo celular (interfase, prófase, metáfase, anáfase, telófase) em células meristemáticas de raízes de Allium cepa tratadas com o extrato acetônico da entrecasca de Maytenus guianensis. Tratamento Tempo (h) -1 50 µg.mL -1 100 µg.mL -1 200 µg.mL 0 24 48 0 24 48 0 24 48 Número de Células Total Interfase Mitose Índice Mitótico (%) 5000 5000 5000 5000 5000 5000 5000 5000 5000 4.260 2.924ª 4.804ª 2.665b,c 2.797b 4.639c 4.708 3.160 4.661 740ª 2.076ª,b 196b 654ª 2.203b 361ª,b 292ª 1.840ª,b 339b 14,8 41,5 3,9 46,7 44,0 7,2 5,8 36,8 6,7 Frequências seguidas pela mesma letra diferem significativamente ao nível de 5%, pelo Teste de Tukey. - 121 - Na Tabela 14, estão apresentados o número total de células analisadas, número de aberrações celulares e o total células aberrantes. TABELA 14 - Tratamentos, número total de células analisadas, número de aberrações celulares e de células aberrantes de pontas de raízes de Allium cepa tratadas com extrato acetônico de Maytenus guianensis. Tratamento 50 µg.mL-1 100 µg.mL-1 200 µg.mL-1 Tempo (h) Nº total de Células analisadas 0 24 48 0 24 48 0 24 48 5000 5000 5000 5000 5000 5000 5000 5000 5000 Aberrações Celulares Cromossomo retardatário em anáfase 1 2 - Pontes em anáfase e telófase Total de células aberrantes 1 1 0 0 0 0 0 0 2 1 Frequências seguidas pela mesma letra diferem significativamente ao nível de 5%, pelo Teste de Tukey Os resultados indicam que os tratamentos nas primeiras 24 horas aumentou a divisão celular de maneira significativa e esta divisão ocorreu sem provocar anomalias cromossômicas. Estes resultados são consistentes quando comparados com estudos realizados por Bruni et al.(2006) e Reid et al.(2006). Os tratamentos com o EAMG apresentaram dois tipos de aberrações celulares: cromossomos retardatários em anáfase e pontes em anáfase e telófase. Estas aberrações foram encontradas nos tratamentos para a concentração de 200 µg.mL-1. Porém os resultados para 48 horas em todas as concentrações evidenciam a capacidade antiproliferativa de M. guianensis a longo prazo, Tabela 13, pois houve inibição da divisão celular de A. cepa, conforme o aumento do tempo de exposição aos extratos. Verifica-se então que em um tempo de exposição prolongado (48 h) há um efeito danoso nas células de A. cepa, sendo possível que as moléculas bioativas presentes neste extrato estejam interferindo no controle das divisões celulares, havendo porém pouca ação genotóxica. Os efeitos de extratos de plantas sobre o ciclo celular de Allium cepa têm sido relatados por vários autores (RAINHO et al., 2010; MENDES et al., 2012; STURBELLE et al., 2010), os quais mostraram que os principais efeitos que ocorrem são mutagênicos e - 122 - antimutagênicos, bem como o aumento e diminuição da proliferação celular de pontas de raízes tratadas com diferentes espécies de plantas. Nestes trabalhos, as raízes de A. cepa foram expostas aos extratos respectivos por período de 24 horas e em concentrações diferentes. Estes autores observaram efeito antiproliferativo em todas as plantas testadas. Entretanto, nenhuma destas plantas apresentou potencial mutagênico, conforme observado no presente estudo. Apesar de a literatura destacar os triterpenos como principais compostos bioativos da espinheira-santa Corsino et al.(1998) destacaram que a família Celastraceae é uma fonte rica de sesquiterpenos, tais autores ao verificarem a ação citotóxica do extrato de M. aquilifolium em mutantes de Saccharomyces cerevisiae sugeriram que os sesquiterpenos podem ser os principais responsáveis por causarem pequenos danos no DNA. Os resultados obtidos por Camparato et al.(2002), corroboram com os resultados obtidos neste trabalho, pois em análises de células meristemáticas A. cepa verificaram que concentrações mais elevadas de extrato de espinheira-santa (M. ilicifolia) promoveram redução no índice mitótico e nenhum surgimento de alterações cromossômicas. O efeito citotóxico de M. ilicifolia também foi verificado por Souza et al.(2005), estes realizaram testes de germinação, primeira contagem e índice de velocidade de germinação, que avaliaram o efeito alelopático, em sementes de alface e cebola e também a determinação da citotoxicidade, através do índice mitótico pela técnica de varredura, ambos frente ao extrato aquoso de folhas de M. ilicifolia. Seus resultados revelaram que na concentração de 40 mg.mL-1, houve alterações cromossômicas (ponte anafásica), sugerindo um potencial genotóxico. Tais autores também concluíram que o extrato aquoso das folhas de espinheira-santa apresenta efeito alelopático sobre sementes de alface (que pode ser explicado pela presença de saponinas, taninos e flavonas) e também efeito citotóxico sobre sementes de alface e de cebola. Reid et al.(2006) investigaram os efeitos mutagênicos e anti-mutagênicos de plantas utilizadas na medicina tradicional sul-africana, entre elas Maytenus senegalensis, através do teste de Ames utilizando as linhagens TA98 e TA100 de Salmonella typhimurium, na ausência e presença das misturas S9 e 4NQO. As plantas foram selecionadas de acordo com seu uso etnobotânico na medicina tradicional sul-africana e na sua disponibilidade. Os resultados indicaram que os extratos de Helichrysum smillimum, H. herbaceum e Lelichirysum rugulosum apresentaram atividade mutagênica em ausência e presença de S9 na - 123 - linhagem TA98, porém o extrato da raiz de Maytenus senegalensis neste experimento não apresentou atividades mutagênica e antimutagênica. Estudos adicionais são necessários para uma maior compreensão das atividades genotóxicas do extrato de M. guianensis. No entanto, os resultados preliminares apresentados pela primeira vez por este estudo, podem direcionar tais investigações e, contribuir futuramente para a validação de um fitoterápico. 4.3 ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA O protocolo desenvolvido para o teste de atividade anti-inflamatória de M. guianensis foi a avaliação do efeito de EAMG, EHMG, EClMG, CQH3-3 e CQH-2 via intraperitoneal sobre o edema de pata induzido por carragenina. A carragenina é um polissacarídeo sulfatado, derivado de algas marinhas usada como estímulo inflamatório, para induzir artrites em modelos animais com roedores. Winter et al.(1962) foi o primeiro a descrever a utilidade do método para rastrear drogas anti-inflamatórias. A injeção subplantar de carragenina na pata traseira dos animais causa um edema constituído por uma fase inicial rápida e por uma fase tardia mais sustentada. A primeira fase é mediada pela liberação de histamina, serotonina e cininas, enquanto que a segunda fase é relacionada à liberação de prostaglandinas (WINTER et al., 1962). Os resultados apresentados na Tabela 15 e Figura 41 mostram que o tratamento com o EAMG da entrecasca do caule, pela via intraperitoneal, apresentou um efeito significativo sobre o edema induzido pela carragenina 1% (50 µL/pata direita traseira). O EAMG da entrecasca inibiu o edema durante as três horas de avaliação, de forma dependente da dose. O valor médio da dose de inibição 50% do edema de pata (DI50) foi de 102,5 mg/kg, e a inibição máxima (Imax) de 48,8 % no tempo de 30 minutos, para a dose de 100 mg/kg. Esta Imax apresentada pela dose de 100 mg/kg, não apresentou diferença significativa quanto comparado com controle positivo (diclofenaco de sódio 10 mg/kg, via i.p.) para o mesmo tempo. - 124 - TABELA 15 - Efeito da administração do EAMG sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. Amostra Dose (mg/Kg) Volume de pata (mL) 30´ 0,1025 Carr 1% 60´ ± 0,04 Diclo 10 12,5 0,0450 ± 25 0,0675 ± 0,0655 ± 0,0625 100 0,0525 0,03*** ± 0,150 ± 0,03 0,0950 0,0775 ± 0,0700 ± 0,0800 ## 0,03 ** ± 0,2075 30´ 60´ 120´ 180´ ± - - - - 0,12 ± ± 0,1100 ± 56,10 62,22 76,66 84,33 ± ± 34,14 15,55 20,00 33,73 ± 36,09 31,11 26,66 36,14 ± 39,24 37,77 30,00 42,16 ± 48,79 28,88 36,66 44,57 0,03 *** ± ### 0,0950 ### 0,03 *** 0,1200 ### 0,01 *** ± 0,1325 ### 0,02 ** 0,1050 0,1375 0,02###*** ## ± 0,0325 0,01*** 0,04### * 0,02*** ± 0,0350 0,02*** 0,02 ** 0,01*** EAMG 0,0425 ## 0,02 *** 50 180´ 0,04 0,01### # EAMG ± 0,02*** 0,01#*** EAMG 120´ 0,03 0,02*** EAMG 0,1125 Inibição do Edema (%) 0,04 *** ± 0,1150 ### 0,01 *** Os camundongos foram tratados com EAMG (12,5, 25, 50 e 100 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). A comparação entre os grupos foi realizada através da análise da variância (ANOVA) seguida do teste de Tukey *p < 0,05, **p < 0,01 ou ***p < 0,001 quando comparado ao grupo carragenina (carr) e #p < 0,05, ##p < 0,01 ou ###p < 0,001 quando comparado ao grupo diclofenaco de sódio (diclo). - 125 - FIGURA 41 - Efeito da administração do EAMG sobre o edema de pata induzido por carragenina a 1%. Carr Diclo 0.20 100 mg/kg 50 mg/kg 25 mg/kg Edema (mL) 0.15 12,5 mg/kg 0.10 0.05 0.00 30 60 90 120 Minutos 150 180 Os camundongos foram tratados com EAMG (12,5, 25, 50 e 100 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). - 126 - Para a avaliação do efeito antiedematogênico do EHMG da entrecasca, pela via intraperitoneal, os resultados estão apresentados na Tabela 16 e Figura 42, e mostram que este tratamento apresentou efeito sobre o edema induzido pela carragenina 1% (50 µL/pata direita traseira). O EHMG da entrecasca inibiu o edema durante as três horas de avaliação, de forma dependente da dose. O valor calculado para a DI50 foi de 135,1 mg/kg, e a Imax de 37,35 % no tempo de 180 minutos, para a dose de 100 mg/kg. TABELA 16 - Efeito da administração do EHMG sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. Amostra Dose (mg/Kg) Volume de pata (mL) 30´ 0,1025 Carr 1% 60´ ± 0,04 Diclo 10 12,5 0,0450 0,860 0,03 EHMG 25 ± EHMG 50 EHMG 100 180´ 0,150 ± 0,03 ± ## 0,1100 ± ± 0,02 ± ##* 0,1275 0,005 ± ± 60´ 120´ 180´ ± - - - - ± 0,02 ± ###*** 0,1475 0,01 ± ± 56,10 62,22 76,66 84,33 ± 16,09 2,20 15,00 28,91 ± 27,80 4,44 15,00 30,12 ± ± 4,39 0,0 25,00 33,73 ± 23,90 26,66 30,00 37,35 ###*** 0,1375 0,02 ± ###*** 0,1450 0,01 ###** 0,1050 0,01 ± ### 0,1125 0,0325 0,01*** ### 0,1275 0,01 ### 0,0825 0,02 ± ### 0,1125 0,0350 0,02*** ### 0,1075 0,01 0,2075 30´ 0,04 0,0425 0,01 ### 0,0780 0,02 ± #* 0,0980 0,01 ± 0,02*** ## 0,0740 0,03 120´ 0,03 0,02*** EHMG 0,1125 Inibição do Edema (%) ###*** 0,1300 0,01 ###*** Os camundongos foram tratados com EHMG (12,5, 25, 50 e 100 mg/kg, via i.p., 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p., 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). A comparação entre os grupos foi realizada através da análise da variância (ANOVA) seguida do teste de Tukey *p < 0,05, **p < 0,01 ou ***p < 0,001 quando comparado ao grupo carragenina (carr) e #p < 0,05, ##p < 0,01 ou ###p < 0,001 quando comparado ao grupo diclofenaco de sódio (diclo). - 127 - FIGURA 42 - Efeito da administração do EHMG sobre o edema de pata induzido por carragenina a 1%. Carr 0.20 Diclo 12,5 mg/kg 25 mg/kg Edema (mL) 0.15 50 mg/kg 100 mg/kg 0.10 0.05 0.00 0 50 100 Tempo (minutos) 150 200 Os camundongos foram tratados com EHMG (12,5, 25, 50 e 100 mg/kg, via i.p., 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p., 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). - 128 - Para a avaliação do efeito antiedematogênico do EClMG da entrecasca, pela via intraperitoneal, os resultados estão apresentados na Tabela 19 e Figura 51, e mostram que este tratamento não apresentou efeito significativo sobre o edema induzido pela carragenina 1% (50 µL/pata direita traseira). O EClMG surtiu pouco efeito sobre a inibição do edema durante as três horas de avaliação para todas as concentrações testadas. Esta baixa inibição pode ser observada pela comparação entre as médias e pelo Teste de Tukey, pois só houve diferença significativa em p < 0,05 a partir da concentração 50 mg.mL-1 ,via i.p., no tempo de 120 minutos. O valor calculado para a DI50 foi de 139 mg/kg, e a Imax de 36,04 % no tempo de180 minutos, para a dose de 100 mg/kg. TABELA 17 - Efeito da administração de EClMG sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. Amostra Dose (mg/Kg) Volume de pata (mL) 30´ 0,1025 Carr 1% 60´ ± 0,04 Diclo 10 12,5 0,0450 0,0975 0,01 EClMG 25 ± EClMG 50 EClMG 100 ± ##** 0,1075 ± ± ± ###* 0,0350 0,1375 0,01 ± 60´ 120´ 180´ 0,2075 ± 0,04 - - - - ± 0,0325 ± 56,10 62,22 76,66 84,33 ± 4,87 4,44 8,33 22,10 ± 2,43 6,66 17,00 29,07 ± ± 14,63 17,70 25,00 33,72 0,1250 ± ± 26,83 24,44 28,33 36,04 ###* 0,1675 0,01 ± ± ###*** 0,1525 0,01 ###* 0,1075 0,01 ± ### 0,1125 0,01 0,01*** ### 0,005 ### 0,0850 0,02 ± ### 0,0925 0,01 30´ ± 0,02*** ### 0,1050 0,02 0,150 180´ 0,03 0,0425 0,02 ### 0,0750 0,02 ± ### 0,0875 0,01 ± 0,02*** ### 0,1000 0,02 120´ 0,03 0,02*** EClMG 0,1125 Inibição do Edema (%) ###*** 0,1425 0,005 ± ###*** 0,1375 0,01 ###*** Os camundongos foram tratados com EClMG (12,5, 25, 50 e 100 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). A comparação entre os grupos foi realizada através da análise da variância (ANOVA) seguida do teste de Tukey *p < 0,05, **p < 0,01 ou ***p < 0,001 quando comparado ao grupo carragenina (carr) e #p < 0,05, ##p < 0,01 ou ###p < 0,001 quando comparado ao grupo diclofenaco de sódio (diclo). - 129 - FIGURA 43 - Efeito da administração do EClMG sobre o edema de pata induzido por carragenina a 1%. 0.25 Carr Diclo 0.20 12,5 mg/kg Edema (mL) 25 mg/kg 50 mg/kg 0.15 100 mg/kg 0.10 0.05 0.00 0 50 100 Tempo (minutos) 150 200 Os camundongos foram tratados com EClMG (12,5, 25, 50 e 100 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). - 130 - O efeito da CQH-2, administrada via intraperitoneal, sobre o edema produzido pela administração de carragenina 1% (50 µL/ pata traseira direita), está demonstrado na Tabela 18 e Figura 44. A CQH-2 exerceu efeito antiedematogênico dose-dependente, principalmente nos tempos de 30 e 180 minutos, sendo que, os resultados para a concentração de 25 mg/kg, via i.p., no tempo de 30 minutos destacou-se por inibinir 48,78 % do edema e não apresentou diferença significativa no Teste de Tukey p < 0,05, p < 0,01 e p < 0,001 com relação ao controle positivo (diclofenaco de sódio 10 mg/kg via i.p. administrado 1 h antes), a concentração que atingiu DI50 foi a de 24,70 mg/kg via i.p., sendo que a Imax obtida de 50,60% para a dose de 25 mg/kg via i.p.. Entretanto a concentração de 12,5 mg/Kg via i.p. não apresentou diminuição do edema de pata no tempos de 60 e 120 minutos. TABELA 18 - Efeito da administração de CQH-2 sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. Amostra Dose (mg/Kg) Volume de pata (mL) 30´ 0,1025 Carr 1% 60´ ± 0,04 Diclo 10 12,5 0,0450 0,0800 0,03 CQH-2 25 ± CQH-2 50 ± ± ** 0,1250 ± ± ± ± ### 0,1575 ± ± ± ###** 0,0325 0,1750 0,02 ± ###* 0,1000 0,02 60´ 120´ 180´ ± - - - - ± 56,10 62,22 76,66 84,33 ± 21,95 0,0 0,0 15,66 ± 48,78 2,22 25,00 50,60 ± 36,65 0,0 33,33 44,57 0,01*** ### 0,1125 0,01 0,2075 30´ 0,04 0,0350 0,01 ### 0,1150 0,02 ± 0,02*** ### 0,1100 0,01 0,150 180´ 0,03 0,0425 0,02 *** 0,0650 0,02 ± 0,02*** # 0,0525 0,02 120´ 0,03 0,02*** CQH-2 0,1125 Inibição do Edema (%) 0,1025 0,01 ± ###* ###*** 0,1150 0,02 ###*** Os camundongos foram tratados com CQH-2 (12,5, 25 e 50 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). A comparação entre os grupos foi realizada através da análise da variância (ANOVA) seguida do teste de Tukey *p < 0,05, **p < 0,01 ou ***p < 0,001 quando comparado ao grupo carragenina (carr) e #p < 0,05, ##p < 0,01 ou ###p < 0,001 quando comparado ao grupo diclofenaco de sódio (diclo). - 131 - FIGURA 44 - Efeito da administração de CQH-2 sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. 0.25 Carr Diclo 12,5 mg/kg 0.20 25 mg/kg Edema (mL) 50 mg/kg 0.15 0.10 0.05 0.00 30 60 90 120 Minutos 150 180 Os camundongos foram tratados com CQH-2 (12,5, 25 e 50 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). - 132 - O efeito da CQH-3, administrada via intraperitoneal, sobre o edema produzido pela administração de carragenina 1% (50 µL/pata traseira direita), está demonstrado na Tabela 19 e Figura 45. A CQH-3 exerceu efeito antiedematogênico dose-dependente, principalmente nos tempos de 120 e 180 minutos na dose de 50 mg/kg, via i.p.. Porém no tempo de 120 minutos para esta dose foi obtida a Imax 65%, sendo que este resultado não apresentou diferença significativa no Teste de Tukey p < 0,05, p < 0,01 e p < 0,001 com relação ao controle positivo (diclofenaco de sódio 10 mg/kg via i.p. administrado 1 h antes), e a concentração calculada para a DI50 foi de 38,46 mg/kg. TABELA 19 - Efeito da administração de CQH-3 sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. Amostra Dose (mg/Kg) Volume de pata (mL) 30´ 0,1025 Carr 1% 60´ ± 0,04 Diclo 10 12,5 0,0450 0,0750 0,02 CQH-3 25 ± CQH-3 50 ± ± ### 0,1150 ± ± ± ± ± ### 0,0750 0,005 ##** 0,0350 0,1375 0,02 ± ± 60´ 120´ 180´ ± - - - - ± 0,01*** 0,1350 0,02 ± ###** 0,0525 0,0325 ± 56,10 62,22 76,66 84,33 ± 26,83 0,0 8,33 34,93 ± 2,43 4,44 30,00 40,96 ± 24,40 33,33 65,00 48,20 0,01*** ### 0,1050 0,01 0,2075 30´ 0,04 0,02*** ### 0,1075 0,01 0,150 180´ 0,03 0,0425 0,01 # 0,0775 0,02 ± 0,02*** #* 0,1000 0,02 120´ 0,03 0,02*** CQH-3 0,1125 Inibição do Edema (%) 0,1225 0,02 ± ###*** ###*** 0,1075 0,01 ###*** Os camundongos foram tratados com CQH-3 (12,5, 25 e 50 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). A comparação entre os grupos foi realizada através da análise da variância (ANOVA) seguida do teste de Tukey *p < 0,05, **p < 0,01 ou ***p < 0,001 quando comparado ao grupo carragenina (carr) e #p < 0,05, ##p < 0,01 ou ###p < 0,001 quando comparado ao grupo diclofenaco de sódio (diclo). - 133 - FIGURA 45 - Efeito da administração de CQH-3 sobre edema de pata induzido por carragenina a 1%. 0.25 Edema (mL) 0.20 Carr Diclo 0.15 12,5 mg/kg 25 mg/kg 0.10 50 mg/kg 0.05 0.00 30 60 90 120 150 180 Tempo (minutos) Os camundongos foram tratados com CQH-3 (12,5, 25 e 50 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou diclofenaco de sódio (10 mg/kg, via i.p. 1 h antes) ou solução salina apirogênica (controle). Em seguida, após o tempo indicado, os animais foram injetados na pata direita com carragenina (1%) e solução salina apirogênica na pata esquerda. O edema foi avaliado por plestismografia após os intervalos de tempo de 30 minutos; 60 minutos; 120 minutos e 180 minutos, e expresso em mL. Os dados representam a média ± EPM (n=5). A resposta inflamatória aguda é caracterizada por um aumento na permeabilidade vascular e no infiltrado celular, levando à formação de edema como resultado do extravasamento de fluido, proteínas e acúmulo de leucócitos no sítio inflamatório. Há muitos mediadores envolvidos na inflamação: histamina, serotonina, BK, PG e o óxido nítrico, entre outros, os quais são produzidos ou liberados por diferentes tipos celulares, como leucócitos, células endoteliais e células nervosas sensoriais, e estão envolvidos no aumento da permeabilidade vascular (POSADAS et al., 2004). Entre os métodos utilizados para selecionar e avaliar drogas anti-inflamatórias, a técnica mais comum, avalia a inibição do edema produzido na pata de camundongos pela injeção de um agente flogístico, e entre os diversos agentes, o mais utilizado é a carragenina (OLIVEIRA, 2002). O modelo de resposta inflamatória induzida pela injeção de carragenina - 134 - na pata de ratos foi introduzido em 1962 (WINTER et al., 1962), e em 1969 foi adaptado para camundongos (LEVY, 1969). A carragenina é um mucopolissacarídeo coloide obtido por extração em fase aquosa de variedades naturais de algas das famílias Gigartinaceae, Solieriaceae, Hypneaeceae e Furcellariaceae da classe Rhodophyceae (algas vermelhas). A carragenina causa uma inflamação do tipo adaptativa, não produz efeitos sistêmicos e proporciona alto grau de reprodutibilidade (BOLETA-CERANTO et al., 2005). Sinais cardinais da inflamação, tais como edema, hiperalgesia e eritema desenvolvem-se imediatamente após injeção de carragenina no tecido subcutâneo (JORGE et al., 2006). Em 1969, Levy descreveu que a injeção de carragenina 1% na pata de camundongos causa um edema semelhante, em duração, ao rato, mas menos intenso em proporção. Por volta de 12 anos depois, Sugishita et al.(1981) caracterizaram a fase aguda do edema de pata em camundongos utilizando carragenina 3%. Conforme verificado neste estudo o diclofenaco de sódio, um derivado do ácido fenilacético, que é um anti-inflamatório não esteroidal (AINE), e atuou de maneira significativa sobre a formação do edema na pata dos camundongos submetidos ao agente flogístico, neste caso a carragenina na concentração de 1% p/v. Assim como acontece com todos os AINEs, o diclofenaco exerce sua ação pela diminuição da síntese de prostaglandinas inibindo a ciclooxigenase (COX), que é importante na resposta inflamatória (GAN, 2010). Considerando a importância das plantas medicinais como fonte de novas drogas úteis para o tratamento de diversas patologias e o envolvimento do processo inflamatório em inúmeras doenças, buscou-se uma planta que fosse utilizada popularmente para tratar condições inflamatórias para a realização de um estudo com a finalidade de isolar compostos com atividade anti-inflamatória. M. guianensis, conhecida popularmente como ´´chichuá`` é utilizada na medicina popular, sendo que suas raízes e caule são utilizados como analgésico, anti-inflamatório, afrodisíaco, relaxante muscular, antirreumática e antidiarreica, e também é indicada no tratamento de artrite, impotência, resfriado, bronquite, hemorroidas, verminoses, úlceras externas e usos ginecológicos (BORRAS, 2003). Outros fatores que contribuíram para a escolha dessa planta, além do uso na medicina popular foi a escassez de estudos farmacológicos sobre a mesma, e também o fato de haver apenas um relato na literatura sobre a investigação de sua atividade anti-inflamatória realizado por Lima, Vargas e Pohlit (2010) que analisaram as atividades anti-inflamatória e antiplaquetária do extrato da casca. O presente estudo mostrou o significativo efeito antiedematogênico decorrente da administração (via i.p.) do extrato acetônico da entrecasca do caule (EAMG), do eluato - 135 - hexânico (EHMG), eluato clorofórmico (EClMG), eluato acetônico (EAcMG), CQH-2 e CQH-3 de M. guianensis, quando utilizado o teste de edema de pata em camundongos com carragenina 1%. Neste aspecto, está classicamente demonstrado por Winter et al.(1962) e Di Rosa, Willoughby e Giroud (1971) que, durante o desenvolvimento da resposta edematogênica neste teste, na primeira hora da formação do edema estão envolvidos os mediadores derivados de aminas biológicas histamina e serotonina, na segunda hora há a liberação de bradicinina e calidina e, na fase final do edema, a de maior intensidade, que ocorre na 3ª hora após a injeção de carragenina, ocorre a participação de eicosanóides como as prostaglandinas. Para tanto, os resultados obtidos após administração do EAMG, EHMG, EClMG, CQH-2 e CQH-3 de M. guianensis demonstraram que as doses testadas, nos tempos avaliados, foram efetivas em inibir a formação do edema Figuras 41 a 45 sendo sua eficácia maior para o EAMG (Tabela 15 e Figura 41) e CQH-3 (Tabela 19 e Figura 45), notadamente pela administração de CQH-3, onde obteve-se a inibição de 65% de volume de formação de edema no tempo de 120 minutos na dose de 50 mg/kg. Estes resultados sugerem que o EAMG inibe os mediadores inflamatórios nas duas primeiras fases: agindo, primeiramente, as aminas biológicas histamina e serotonina, depois a liberação de bradicinina e calidina, porém CQH-3 atua primordialmente no segundo e terceiro ciclo do edema (LINDHAL; TAGESSON, 1997). A inibição do edema induzido pela carragenina na pata dos animais por uma determinada droga é altamente preditiva de ação anti-inflamatória da droga em estados inflamatórios em humanos. Foi com o uso do modelo de edema de pata induzido pela carragenina que pesquisadores da Merck, Sharp & Dohme demonstraram a atividade anti-inflamatória da indometacina. Portanto, esse modelo foi, e continua sendo importante para o desenvolvimento de novas drogas com potencial anti-inflamatório (MORRIS, 2003) As atividades farmacológicas de algumas plantas, especialmente da família Celastraceae são atribuídas ao seu conteúdo de sesquiterpenos, triterpenos e triterpenoides quinonametídeos e entre os compostos reportados, estão principalmente, oleanos, lupanos, friedo-oleanos, ursanos que vem sendo isolados a partir de espécies de Celastraceae e uma ampla gama de atividades biológicas tem sido relatada, tais como atividades frente a microorganismos (bactericida, antiplasmodial, fungicida), células tumorais, atividade antinociceptiva, atividade anti-inflamatória e atividade cicatrizante (ALVARENGA; FERRO, 2006; JORGE et al., 2004; LEON, LOPEZ, MOUJIR, 2010; LIMA; VARGAS; POHLIT, - 136 - 2010; MARTINS et al., 2012; NOZAKI et al., 1986; PENG et al., 2010; SANTOS et al., 2012; SANTOS et al., 2013; SOSA et al., 2007). Os resultados obtidos mostraram-se semelhantes ao estudo de Sosa et al.(2007), tais autores avaliaram a atividade anti-inflamatória dos extratos da raiz, de lupenona, ácido maitenóico e -amirina isoladas das raízes de M. senegalensis, o que sugere que estes efeitos derivam, provavelmente, da ação de terpenos. Esta proposta encontra apoio também em dados obtidos a partir de outros estudos que evidenciaram a significativa ação anti-inflamatória de triterpenos (COSTA et al., 2003; FREIRE et al., 1991; GONZALES et al., 1982; JORGE et al., 2004; NIKIEMA et al., 2001; SAFAVHI; SAILER, 1997). Podemos relacionar o efeito do EAMG e dos eluatos EHMG e EClMG com alguns metabólitos secundários como o celastrol, pois mesmo não tendo sido isolado neste estudo, este metabólito secundário é um marcador taxônomico do gênero Maytenus (ALVARENGA; FERRO, 2006), uma vez que estudos realizados por Allison et al.(2001) relatam que o celastrol diminui a produção de citocinas pró-inflamatórias como TNF- e IL-1 em macrófagos e monócitos humanos com um IC50 variando entre 30 e 100 M. Outro estudo realizado por Koch et al. (2001) demonstraram que sesquiterpenos lactônicos -metilenicos com grupos carbonilas conjugados, que também são metabólitos secundários comuns no gênero Maytenus (ALVARENGA; FERRO, 2006) reduzem a produção de IL-1, TNF- e IL-6 por macrófagos peritoneais de camundongos de maneira dose-dependente com IC50 variando entre 0,69 e 1,70 M. Também pode-se citar o estudo realizado por Huang et al. (2001) que avaliou a atividade da tingenona, (metabólito isolado neste estudo e considerado como marcador taxonômico do gênero Maytenus (ALVARENGA; FERRO, 2006), de M. canariensis Kunk na produção de IL-1 em monócitos humanos, onde obtiveram uma IC50 variando entre 40 e 58 M. Desta forma pôde-se correlacionar o resultado antiedematogênico obtido com o EEBM, EHMG e EClMG com os metabólitos secundários que podem estar atuando sinergisticamente em processos anti-inflamatórios, o que proporciona embasamento científico em seu uso na medicina popular para enfermidades relacionadas a processos antiinflamatórios como os citados anteriormente. Ainda considerando o efeito antiedematogênico, a administração das substâncias isoladas CQH-2 e CQH-3 de M. guianensis (Figuras 44 e 45, Tabelas 18 e 19) apresentaram efeitos significativ, sendo suas DI50 de 24,70 mg/kg para CQH-2 e 38,46 mg/kg via i.p. para a CQH-3, porém com maior eficácia em reduzir a formação do edema no segundo ciclo de - 137 - inflamação (120 e 180 minutos), quando comparado com os resultados obtidos com o EAMG (Figura 41 e Tabela 15). A substância CQH-3 apresentou maior efeito inibitório quando administrado na dose 50 mg/kg, via i.p., com uma Imax de 65 % volume de formação de edema no tempo de 120 minutos. Estes dados sugerem a capacidade de inibição dos diferentes mediadores a partir da ação dos ativos nestas doses e permitem inferir que, nestes intervalos de tempos, as doses testadas podem ser efetivas para a inibição da geração do edema, uma vez que os resultados obtidos neste estudo estão de acordo com os dados obtidos por Ding et al. (2010) que avaliaram a propriedade apresentada pelo 3-oxo-friedelano, em regular a secreção de TNF- com a linhagem celular RAW64.7 de macrófagos e seus resultados demonstraram que o 3-oxo-friedelano inibiu em 23,5 % a produção de TNF- e também com os resultados obtidos por NOUFOU et al.(2012) que testaram a atividade antiedematogênica de extratos ricos em 3-oxo-friedelano e lupeol de Peterocarpus erinaceus Poir pelo do teste de edema de pata com carragenina 1% em camundongos, onde obtiveram 64,28% de inibição do edema. Em modelos de úlcera induzidos por indometacina e estresse, a infusão das folhas de duas espécies de espinheira santa (M. ilicifolia e M. aquifolia), utilizadas popularmente no tratamento de úlceras, gastrites (MONTANARI; CARVALHO; DOLDER, 1998) reduziu o índice de lesões ulcerativas (SOUZA-FORMIGONI et al., 1991). Alguns autores sugeriram que a atividade antiulcerogênica é produzida pelos triterpenos 3-oxo-friedelano e 3hidroxifriedelano, encontrados nessa espécie (ALONSO et al., 1998). Com o objetivo de identificar os princípios antiulcerogênicos dessas espécies, foram realizados estudos destes triterpenos (3-oxo-friedelano e friedelanol) para avaliação em modelos de úlcera por indometacina. Nesse modelo diversas doses desses triterpenos não provocaram diminuição do índice de lesões ulcerativas, descartando essas substâncias como as responsáveis pela atividade antiulcerogênica (QUEIROGA et al., 2000). Porém os resultados obtidos neste estudo foram promissores para CQH-3 o que caracteriza que este pode estar atuando na produção dos mediadores inflamatórios liberados no teste de edema de pata induzido pela carragenina, como citocinas (TNF-, interleucina - 1). Calixto, Otuk e Santos (2003) em sua revisão sobre “Compostos anti-inflamatórios de origem de plantas, Parte 1” descrevem que os triterpenos pentacíclicos constituem uma classe de metabólitos secundários que possuem várias ações biológicas, e dentre estas, uma relevante ação anti-inflamatória, e que esta atividade anti-inflamatória pode estar relacionada com a atuação sobre a cadeia das substâncias biológicas responsáveis pelo processo inflamatório. - 138 - Safayhi e Sailer (1997) salientam que muitas plantas, como a M. guianensis, que são utilizadas na medicina popular para o tratamento de enfermidades com quadros inflamatórios contém triterpenoides com ações anti-inflamatórias, sendo que tais atividades incluem a supressão da produção de citocinas inflamatórias e prostanoides, bem como a inibição da atividade enzimática da peroxidação lipídica, assim como a possibilidade de que os efeitos biológicos observados pela administração do EAMG, EHMG e EClMG sejam decorrentes também das ações de esteroides, o que encontra apoio nos resultados obtidos em estudos realizados sobre a toxicidade aguda desses compostos e nos extratos das plantas do gênero Maytenus (ANDRADE et al., 2007; FORMIGONI et al., 1991; GONZALES et al., 2001; JORGE et al., 2004; MARTINS et al., 2012). Metabólitos secundários com atividade anti-inflamatória podem agir em várias etapas dos processos fisiopatológicos. Por exemplo, um composto poderia bloquear a biossíntese de mediadores pró-inflamatórios que possuíssem interação direta com uma enzima (por exemplo, a inibição da ciclo-oxigenase-Il) ou diminuindo a expressão de uma enzima (por exemplo, esteróides anti-inflamatórios), ou com a redução dos níveis de substrato (por exemplo, redução da libertação de ácido araquidônico). Alternativamente, ou em adição, um composto (neste caso em particular um metabólito secundário) podem agir em vários passos do processo fisiopatológico, podendo inibir a biossíntese de mediadores pela interação direta com enzimas-chaves (como inibidores da COX), ou reduzindo as concentrações de substratos (redução da liberação de ácido araquidônico). Adicionalmente podem agir inibindo a liberação de mediadores pré-formados (por ex. histamina) ou por meio da imunoestimulação (por ex.: maturação de células mielóides ou estimulação de fagocitose), removendo a substância irritante e diminuindo a agressão tecidual (SAFAYHI; SAILER, 1997). Assim, o conjunto dos resultados obtidos permite supor que a possível ação dos terpenos, presentes nos extratos da entrecasca de M. guianensis há uma ação e esta precisa ser melhor estudada pois pode estar envolvida com a inibição da geração dos mediadores inflamatórios. Seus efeitos, nas condições adotadas, foram acompanhados da ausência aparente de ocorrência de sinais tóxicos, o que sugere a possibilidade de obtenção de novos compostos com significativa eficácia e baixos riscos de utilização. Novos estudos poderão determinar os mecanismos de ação envolvidos nestes efeitos, bem como as reais condições de eficácia e segurança de uso clínico. - 139 - 4.4 ATIVIDADE CITOTÓXICA Com o objetivo de avaliar a atividade citotóxica de M. guianensis e realizar uma varredura para direcionar as concentrações que poderiam ser utilizadas nos experimento de atividade anti-Plasmodium falciparum, foi realizado o ensaio de viabilidade celular utilizando o método MTT na linhagem celular, HepG2 (hepatoma humano) e calculado as doses letais para 50% das células (MDL50), em diferentes concentrações (9,37; 18,75; 37,5; 75; 150; 300 e 600 g.mL-1 para EAMG, EHMG, EClMG, EAcMG; e 2,34 4,68; 9,37; 18,75; 37,5; 75; 150 g.mL-1 para CQH-2 e CQH-3) e tempo de exposição de 24 horas para as amostras em triplicata. Os resultados obtidos estão indicados na Figura 46 e 47. Foi observado que dentre as amostras testadas (EAMG, EHMG, EClMG, EAcMG, CQH-2 e CQH-3), nenhuma apresentou atividade citotóxica considerável, pois segundo o protocolo do National Cancer Institute (NCI), valores de MDL50 30 g.mL-1 devem ser considerados significativos para extratos brutos de origem vegetal, assim como os valores de MDL50 4 g.mL-1 são considerados significativos para substâncias puras (SUFFNESS; PEZZUTO, 1990). Sendo os mais citotóxicos o Eluato Hexânico (EHMG) com uma MDL50 de 36,69 µg.mL-1 e o menos citotóxico o Eluato Acetônico (EAcMG) com uma MDL50 de 147,42 µg.mL-1 (Figura 46). Com base nestes resultados, deu-se a continuidade do estudo anti-Plasmodium falciparum com os EAMG, EHMG, EClMG e EAcMG. - 140 - FIGURA 46 - Determinação citotoxicidade do extrato acetônico da entrecasca e eluatos frente a linhagem celular HepG2. b)EHMG 100 100 80 80 Viabilidade Celular (%) Viabilidade Celular (%) a) EAMG 60 40 MDL50 = 101,23 µg/mL 2 R = 0,945 20 0 60 MDL50 = 36,69 µg/mL 2 R =0,996 40 20 0 10 100 10 100 EAMG (µg/mL) d)EAcMG 100 100 80 80 Viabilidade Celular (%) Viabilidade Celular (%) c) EClMG EHMG (µg/mL) 60 40 MDL50 = 98,13 µg/mL 2 R = 0,899 20 60 40 MDL50= 147,42 µg/mL 2 R = 0,9601 20 0 0 10 100 EClMG (µg/mL) 10 100 EAcMG (µg/mL) Onde: a) extrato acetônico da entrecasca (EAMG), b) eluato hexânico (EHMG), c) eluato clorofórmico (EClMG) e d) eluato acetônico (EAcMG). - 141 - FIGURA 47 - Determinação citotoxicidade de CQH-2 e CQH-3 frente a linhagem celular HepG2. a) CQH-2 100 MDL50 = 54,33 g/mL 80 Viabilidade Celular (%) 2 R = 0,75 60 40 20 0 10 100 CQH-2 (g/mL) c) CQH-3 100 MDL50 = 37,50 g/mL 2 Viabilidade Celular (%) R = 0,94 80 60 40 20 0 10 100 CQH-3 (g/mL) Onde: a) 3-Hidroxifriedelano (CQH-2) e b) 3-oxo-16 β-Hidroxifridelano (CQH-3) Células HepG2 possuem a capacidade de reter muitas funções especializadas, as quais normalmente são perdidas em culturas primárias de hepatócitos, pois conservam proteínas essenciais para o metabolismo hepático, enzimas e componentes de Fase I como - 142 - citocromo P450, hidroxilases, citocromo C, redutases, catalases, peroxidases, NADPH e enzimas de Fase II (MERSCH-SUNDERMANN et al., 2004). Para os triterpenos do tipo friedelanos, estudos mostraram que a 3-oxo-friedelano (CQH-1) apresentou leve atividade citotóxica frente à linhagem celular de câncer de mama humano (MBA-MD-231) (EE et al., 2005) e obtiveram uma MDL50 = 35,0 μg.mL-1, porém expressiva atividade analgésica e antipirética (ANTONISAMY et al., 2011). Das cascas de raízes de M. chuchuhuasca, Morita et al.(2008) isolaram a tingenona (CQH-4) e 22-hidroxitingenona (CQH-4) e avaliaram suas atividades citotóxicas e antitumorais, obtendo resultados positivos e atribuíram estes resultados à inibição da polimerização da tubulina. Também foram realizados testes com infuso das folhas de M. aquifolium e M. ilicifolia e os resultados não demonstraram potencial tóxico ou teratogênico (OLIVEIRA et al., 1991). O potencial abortivo do extrato hidroalcoólico das folhas de M. ilicifolia em ratos foi testado por Montanari e Belivacqua (2002) e seus resultados demonstraram que tal extrato causa uma implantação lenta, mas não afeta a implantação propriamente dita ou a organogênese do embrião e também não encontraram efeito embriotóxico. Magalhães (2011) realizou estudos sobre a atividade citotóxica de 16hidroxipristimerina isolada da raiz de M. salicifolia frente às células HeLa (carcinoma cervical) e A-459 (carcinoma de pulmão) sendo ambas sensíveis, porém a atividade mais pronunciada foi sobre a HeLa, neste mesmo estudo foi verificado que o aumento do tempo de incubação não aumentou significativamente a citotoxicidade frente às mesmas. Os resultados obtidos com este experimentos, superiores aos valores considerados controles de MDL50 a 30 g.mL-1, que são os valores de base do National Cancer Institute (NCI), nos permitiu continuar com os testes de atividade anti-P. falciparum com os EAMG, EHMG, EClMG e EAcMG. 4.5 ATIVIDADE anti-P. falciparum Os extratos foram testados quanto a sua atividade antiplasmodial contra o P. falciparum, utilizando a linhagem 3D7 (sensível à cloroquina) em um ensaio imunoenzimático com anticorpos monoclonais dirigidos contra a proteína rica em histidina e alanina (HRPII) específica do parasito, essencial à sua sobrevivência. Após a realização desses ensaios os valores de IC50 foram determinados em curvas de dose-resposta. Os extratos de M. guianensis apresentaram uma boa atividade anti-P. falciparum (Tabela 20 e Figura 48 e 49), nos ensaios de HRPII, sendo o resultado mais ativo foi para - 143 - EAMG com IC50 de 190,37 g.mL-1 e o menos ativo para o EHMG com IC50 de 305, 23 g.mL-1. TABELA 20 - Atividade anti-P. falciparum (cepa 3D7) do extrato acetônico da entrecasca e eluatos, utilizando o ensaio imunoenzimático anti-HRPII. Amostras IC50 (g.mL-1) (média ± DP) Extrato acetônico da entrecasca 250,02 ± 0,02 Eluato hexânico 305,23 ± 0,03 Eluato clorofórmico 294,76 ± 0,01 Eluato Acetônico 190,37 ± 0,04 Cloroquina 11,51 ± 0,02 Buscando novos antimaláricos de baixo custo, alta eficiência e baixa toxicidade, pesquisou-se, então, a ação do EAMG, EHMG, EClMG e EAcMG de M. guianensis usada popularmente para tratar infecções e inflamações em geral, e de acordo com o levantamento bibliográfico realizado para a execução deste trabalho, este é o primeiro estudo desta espécie em ensaios de atividade anti-Plasmodium falciparum, porém diversas plantas pertencentes a este gênero vêm mostrando atividade antiplasmodial (CLARKSON et al., 2004; MALEBO et al., 2009; MUTHAURA et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2011), o que corrobora com os resultados obtidos (Tabela 20) e permitiu confirmar que está é mais uma espécie deste gênero com atividade biológica importante. A presença e/ou quantidades de compostos bioativos (metabólitos secundários) nas plantas são influenciadas pelos fatores edafoclimáticos, parte da planta utilizada, idade da planta, entre outros fatores. Portanto, as diferenças de resultados observados em estudos realizados in vitro de partes de plantas utilizadas podem surgir a partir do fato de as amostras serem coletadas em diferentes locais, diferentes épocas e, possivelmente, em plantas de diferentes idades. Tais diferenças de atividade antiplasmodial in vitro de algumas plantas também podem estar correlacionadas a fatores farmacológicos, pois alguns metabólitos podem estar atuando como pró-drogas, os quais devem sofrer alterações (químicas e estruturais) durante o metabolismo no organismo para se tornar ativas, como é o caso com o antimalárico biguanida, que é primeiro metabolizado a triazina, um metabólito de baixa ação e posteriormente a cicloguanil (composto ativo) (FIDOCK et al., 1998). - 144 - FIGURA 48 - Atividade anti-P. falciparum (cepa 3D7) do extrato acetônico da entrecasca e eluatos, utilizando o ensaio imunoenzimático anti-HRPII. b) EAMG b) EHMG 300 300 200 Viabilidade (%) Viabilidade (%) 200 100 IC50 = 0,250 µg/mL 0 2 R = 0,88 100 IC50 = 305,23 g/mL 2 R = 0,97 0 -100 -100 -200 -200 0,1 1 0,1 10 EAMG (µg/mL) c) EClMG 10 d)EAcMG 300 300 200 200 Viabilidade (%) Viabilidade (%) 1 EHMG (µg/mL) 100 IC50 = 294,76 g/mL 2 R = 0,82 0 100 IC50 = 190,37 g/mL 2 R = 0,85 0 -100 -100 -200 -200 0,1 1 EClMG (µg/mL) 10 0,1 1 10 EAcMG (µg/mL) Onde a) extrato acetônico da entrecasca (EAMG), b) eluato hexânico (EHMG), c) eluato clorofórmico (EClMG), e d) eluato acetônico (EAcMG). - 145 - FIGURA 49 - Atividade anti-P. falciparum (cepa 3D7) de Cloroquina (CQ), utilizando o ensaio imunoenzimático anti-HRPII. 120 100 Viabilidade (%) 80 60 40 IC50 = 11,51 ug/mL 20 2 R = 0,997 0 1 10 100 Cloroquina (g/mL) Muthaura et al.(2011) realizaram uma revisão etnofarmacológica sobre as plantas que são utilizadas como antimaláricos pela medicina popular e dentre estas foram citadas M. aquifolim Mart. e M. boaria (Mayten). Também Muthaura et al.(2007) realizaram ensaios antiplasmodiais em modelo murino utilizando extratos metanólicos e aquosos de M. undata e M. putterlickioides, os quais demonstraram atividade parcial contra P. berghei, tais autores atribuíram esta atividade aos diversos metabólitos secundários presentes neste gênero. Em outro estudo, Oliveira (2011) também demonstrou a atividade antiplasmodial in vivo da espécie M. rigida com uma redução de 45% da parasitemia também contra P. berghei na dose de 1000 mg de extrato acetônico/kg de camundongo. Ensaios in vitro contra cepas de Plasmodium vêm sendo realizados com extratos de plantas do gênero Maytenus, dentre estas pode-se citar: extrato metanólico de folhas de M. senegalensis frente a cepa P. falciparum 3D7 com IC50 de 3.9 µg.mL-1, e frente a cepa Dd2 com IC50 de 10 µg.mL-1 (EL TAHIR; SATTI; KHALID, 1999); o extrato hidroalcoólico das folhas de M. scutioides frente a cepa de P. falciparum F32 onde o IC50 > 10 µg.mL-1 (BOURDY et al., 2004); o extrato acetônico das cascas da raiz de M. senegalensis frente a cepa de P. falcirapum K1 onde o IC50 foi de 2,05 µg.mL-1 (MALEBO et al., 2009); o extrato diclorometano de raízes de M. senegalensis frente a cepa de P. falciparum D10 onde o IC50 de 15,5 µg.mL-1 (CLARKSON et al., 2004). - 146 - Várias espécies do gênero Maytenus também são citadas em estudos etnobotânicos e etnofarmcalógicos devido o seu uso na medicina tradicional para a malária, dentre tais espécies podemos citar: Maytenus ssp conhecida como “chuchuasca”, sendo a parte utilizada as entrecascas na forma de chá no estado de Loreto – Peru (KVIST et al., 2006); o decocto das raízes de M. senegalensis que é utilizada por comunidades da área rural do Quênia (MUTHAURA et al., 2007); o chá das cascas de M. macrocarpa que é utilizada por comunidades indígenas do Peru (RUIZ et al., 2011). Os resultados obtidos com o EAMG, EHMG, EClMG e EAcMG podem estar correlacionados com a presença da tingenona e tingenina b (CQH-4), pois estudos realizados por Lião et al.(2007) testaram ambas as substâncias frente ao Trypanosoma cruzy e obtiveram 53,3% (tingenona) e 75,2% (tingenina b) de inibição na concentração de 200 µg.mL-1. Santos et al.(2013) testaram a atividade antiprotozoária da maitenina e primisterina (triterpenos quinonametídeos considerados marcadores taxômicos da família Celastraceae) isolados de M. ilicifolia frente Leishimania amazonensis, L. chagasi e T. cruzy e os resultados foram positivos, sendo valores de IC50 < pentamidina para os testes frente a Leishmania nas formas promastigotas e amastigotas, e frente ao T. cruzy os IC50 foram de 0,25 M (maitenina) e 0,30 M (primisterina). Tais estudos servem como parâmetros para a atividade anti-P. falciparum obtida nos testes efetuados neste trabalho. Este trabalho proporcionou informações importantes sobre a atividade antiPlasmodium falciparum desta espécie, abrindo perspectivas para a continuação da pesquisa no campo da biodiversidade e de espécies vegetais utilizadas na medicina tradicional como fonte no desenvolvimento de novos antimaláricos, fato de importância relevante uma vez que a resistência do P. falciparum torna o arsenal profilático e terapêutico contra a malária bastante restrito. Como perspectivas futuras tem-se a realização de testes in vitro dos metabólitos isolados CQH-2 e CQH-3 e também com a cepa de P. falciparum W2 (resistente à cloroquina). - 147 - 5 CONCLUSÃO O em estudo produz duas classes de triterpenos na sua entrecasca os friedelanos e os quinonametídeos; Na avaliação da capacidade antioxidante por redução do DPPH, o extrato acetônico da entrecasca e os eluatos apresentaram capacidade antioxidante sendo que, o eluato acetônico se mostrou com melhor capacidade com relação aos demais, porém inferior ao padrão Ginkgo biloba; No teste de atividadade genotóxica o extrato acetônico da entrecasca e os eluatos apresentaram atividade antiproliferativa com tempo de exposição prolongado, porém a ação clastogênica foi baixa sem significativo efeito aneugênico; A ação anti-inflamatória foi apresentada em todos os extratos e substâncias testadas, de forma dose dependente, porém os melhores resultados foram para o extrato acetônico da entrecasca (EAMG) e 3-oxo-16 β-hidroxifrielano (CQH-3); Todos os extratos testados apresentaram atividade anti-P. falciparam frente a cepa 3D7, sendo o melhor resultado o obtido para o eluato acetônico (EAcMG) com IC50 de 190,37 ± 0,04 g.mL-1. Estes resultados são preliminares, entretanto animadores, este trabalho vem comprovar a riqueza de metabólitos secundários ativos em Maytenus guianensis e incentivar a continuidade do estudo fitoquímico e atividade biológica desta espécie e de outras plantas do mesmo gênero encontradas na região amazônica. - 148 - 6 REFERÊNCIAS AKIHISA, T.; YASUKAWA, K.; OINUMA, H.; KASAHARA, Y.; YAMANOUCHI, S.; TAKIDO, M.; KUMAKI, K.; TAMURA, T. Triterpene alcohols from the flowers of compositae and their antiinflammatory effects. Phytochemistry, v. 43, p. 1255 – 1260, 2006. ALLISON, A.C.; CACABELOS, R.; LOMBARDI, V.R.M.; ÁLVAREZ, X.A.; VIGO, C. Celastrol, a potent antioxidant and anti-inflammatory drug, as a possible treatment for Alzheimer’s disease, Prog. Neuro-Psychopharmacology: Biol. Psychiat., v. 25, p. 1341-1357, 2001. ALMEIDA, M. F. O.; MELO, A. C. R; PINHEIRO, M. L. B.; SILVA, J. R. A; SOUZA, A. D. L. S; BARISSON, A.; CAMPOS, F.; AMARAL, A. C; MACHADO, G. M. C; LEON, L. L. P. Constituintes químicos e atividade leishmanicida de Gustavia elliptica (Lecythidaceae), Química Nova, v. 34, p. 182-187, 2011. ALMEIDA, M. T. R.; RIOS-LUCI, C.; PADRÓN, J. M.; PALERMO, J. A. Antiproliferative terpenoids and alkaloids from the roots of Maytenus vitis-idaea and Maytenus spinosa, Phytochemistry, v. 71, p. 1741–1748, 2010 ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina – Bases Clínicas y Farmacológicas. Isis Ediciones S.R.L. – Buenos Aires, Argentina, 1998.1039p. ALVARENGA, N.; FERRO, E. A. Bioactive triterpenes and related compounds from Celastraceae, Studies in Natural Products Chemistry, v. 33, p. 239-309, 2006 ALVES, C. Q.; DAVID, J. M.; DAVID, J. P.; BAHIA, M. V.; AGUIAR, R. M. Métodos para determinação de atividade antioxidante in vitro em substratos orgânicos, Química Nova, v. 33, p. 2202-2210, 2010 ANDRADE, S. F.; ANTONIOLLI, D.; COMUNELLO, E.; CARDOSO, L. G. V.; CARVALHO, J. C. T.; BASTOS, J. K. Antiulcerogenic activity of crude extract, fractions and populnoic acid isolated from Austroplenckia populnea (Celastraceae). Z. Naturforsch., v. 61, p. 329 - 333, 2006. ANDRADE, S. F.; LEMOS, M.; COMUNELLO, E.; NOLDIN, V. F.; FILHO, V. C.; NIERO, R.. Evaluation of the antiulcerogenic activity of Maytenus robusta (Celastraceae) in different experimental ulcer models. Journal of Ethnopharmacology, v. 113, p. 252-257, 2007. ANTONISAMY, P.; DURAIPANDIYAN, V.; IGNACIMUTHU, S. Anti-inflammatory, analgesic and antipyretic effects of friedelin isolated from Azima tetracantha Lam. in mouse and rat models. Journal Pharm. Pharmacol. v. 63, p. 1070–1077, 2011. BAER, K. KLOTZ, C.; KAPPE, S. I.; SCHNIEDER, T.; FREVERT, U. Release of hepatic Plasmodium yoelli merozoite in to the pulmonary microvasculature, Plos Pathogens, v. 3, p. 171, 2007. - 149 - BAGATINI, M. D.; SILVA, A. C. F.; TEDESCO, S. B. Uso do sistema de Allium cepa como bioindicador de genotoxicidade de infusões de plantas medicinais, Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, p. 444-447, 2007 BAIRD, J. K. ; RIECKMANN, K. H. Can primaquine therapy for vivax malaria be improved? Trends in Parasitology, v. 19, p. 115-120, 2003. BARBOSA, D. B. Avaliação das atividades antimicrobiana, antioxidante e análise preliminar de mutagenicidade do extrato aquoso das folhas de Anacardium humile St. Hill. (Anacardiaceae). Dissertação (Mestrado); p. 82; 2008; Instituto de Genética e Bioquímica; Universidade Federal de Uberlândia; Uberlândia – MG. BARREIROS, A. L.; DAVID, J. M.; DAVID, J. P. Estresse oxidativo: relacao entre geracao de especies reativas e defesa do organismo. Química Nova, v. 29, p. 113-123, 2006. BAZZOCCHI, I. L.; TORRES-ROMERO, D.; KING-DÍAZ, B.; JIMÉNEZ, I. A.; LOTINAHENNSEN, B. Sesquiterpenes from Celastrus vulcanicola as Photosynthetic Inhibitors, Journal of Natural Products,v. 71, p. 1331-1335, 2008. BERNARDES, N. R.; PESSANHA, F. F.; OLIVEIRA, D. B. Alimentos Funcionais: Uma breve revisão. Ciência e Cultura, v. 6, p. 11-20, 2010. BETANCOR, C.; FREIRE, R.; GONZALEZ, A. G.; SALAZAR, J. A.; PASCARD, C.; PRANGE, T. Three triterpenes and other terpenoids from Catha cassinoides. Phytochemistry, v. 19, p. 19891993, 1980. BIESKI, I. G. C. Marketing das plantas medicinais na saúde pública. Especialização. Centro Amazônico de ensino pesquisa e extensão - CAEPE. p. 3, Cuiabá-MT, Novembro de 2004. BOLETA-CERANTO, D. C. F.; VEIGA, M. C. F. A.; ARSATI, F. Efeito da dexametasona e do meloxican sobre o extravasamento plasmático induzido por carragenina na ATM de ratos. Revista Odonto Ciência, v. 20, p. 354-60, 2005. BORRAS, M.R.L. Plantas da Amazônia: medicinais ou mágicas – Plantas comercializadas no Mercado Municipal Adolpho Lisboa. Editora Valer/Governo do Estado do Amazonas, Manaus. 322p. 2003 BOURDY, G.; OPORTO, P.; GIMENEZ, A.; DEHARO, E. A search for natural bioactive compounds in Bolivia through a multidisciplinary approach. Part VI. Evaluation of the antimalarial activity of plants used by Isoceno-Guaraní Indians. Journal of Ethnopharmacology, v. 93, p. 269–277, 2004 BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 116/MS/SNVS/96, de 8 de agosto de 1996, Norma para Estudo da Toxicidade e da Eficácia de Produtos Fitoterápicos. Brasília: ANVISA, 1996. BRASIL. Guia prático de tratamento de malária no Brasil. Brasília. Ministério da Saúde, 2009. Disponível em:< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/malaria_diag_manual_final.pdf> Acesso em: 28/12/2012. - 150 - BRINKER, A. M.; MA, J.; LIPSKY, P. E.; RASKIN, I. Medicinal chemistry and pharmacology of genus Tripterygium (Celastraceae), Phytochemistry, v. 68, p. 732-766, 2007. BRUNI, R.; ROSSI, D.; MUZZOLI, M.; ROMAGNOLI, C.; PAGANETTO, G.; BESCO, E.; CHOQUECILLO, F.; PERALTA, K.; LORA, W. S.; SACCHETTI, G. Antimutagenic, anioxidant and antimicrobial properties of Maytenus krukovi Bark, Fitoterapia, v. 77, p. 538-545, 2006. CALIXTO J. B.; OTUKI, M. F.; SANTOS, A. R. Anti-inflammatory compounds of plant origin. Part I, Action of arachidonic acid pathway, nitric oxide and nuclear factor kappa B (NF Kappa B). Planta Médica, v. 69, p. 973-983, 2003. CALIXTO, J. B. Efficacy, safety, quality control, marketing and regulatory guidelines for herbal medicines (phytotherapeutic agents), Brazilian Journal and Biological Research, 33, p. 179-189, 2000. CALVO-CALLE, J.; MORENO, A.; ELING, W.; NARDIN, E. In vitro development of infectious liver stages of P. yoelii and P. berghei malaria in human cell lines, Experimental Parasitology, v. 79, p. 362-373, 1994. CAMPARATO, M. L.; TEIXEIRA, R. O.; MONTOVANI, M. S.; VICENTINI, V. E. Effects of Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss and Bauhinia candicans Benth infusions on onion roottip and rat bone-marrow cells, Genetics and Molecular Biology, n. 25, p. 85-89, 2002. CANTERLE, L. P. Erva-mate e atividade antioxidante; 2005, 99 f. Dissertação (Mestrado); Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM; Santa Maria – RS. 2005. CARVALHO, E. S. Picão (Bidens pilosa L.). In: CARVALHO, J. C. T. In: Fitoterápicos antiinflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto, SP: Tecmedd, p. 375 – 381, 2004b. CARVALHO, J. C. T. Calêndula (Calendula officinalis L.). In: CARVALHO, J. C. T. Fitoterápicos anti-inflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto, SP: Tecmedd, p. 257 – 265, 2004c. CARVALHO, J. C. T. Camomila (Matricaria recutita L.). In: CARVALHO, J. C. T. Fitoterápicos anti-inflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto SP: Tecmedd, p. 257 – 265, 2004d. CARVALHO, J. C. T. Fitoterápicos Anti-inflamatórios: Aspectos Químicos, Farmacológicos e Aplicações Terapêuticas. 1a Edição. Editora TecMedd. Ribeirão Preto – SP, 2004a. CARVALHO-OKANO, R. M.; LEITÃO FILHO, H. F. O gênero Maytenus Mol. emend. Mol. (Celastraceae) no Brasil extra-amazônico. In: Conservação e uso sustentável de Espinheira Santa, Volume Único. 1 ed. p. 11-51, 2005. - 151 - CASCON, V. Copaíba (Copaifera ssp.). In: CARVALHO, J. C. T. Fitoterápicos anti-inflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto - SP: Tecmedd, p. 221 – 256, 2004. CECHINEL FILHO, V. Estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação estrutural para otimização da atividade, Química Nova; v. 21, p. 99-105, 1998. CHAVES, H.; ESTEVES-BRAUM, A.; RAVELO, A. G.; GONZALES, A. G. New phenolic and quinone-methide triterpenes from Maytenus amazônica, Journal of Natural Products, v. 62, p. 434436, 1999. CHEESEMAN, K. H.; SLATER, T. F. An introduction to free radical biochemistry. In: CHEESEMAN, K. H.; SLATER, T. F. Free radicals in Medicine, London: Churchill Livingstone, p. 481-493, 1993 CISNEROS, F.J.; JAYO, M.; NIEDZIELA, L. An Uncaria tomentosa (Cat’s Claw) extract protects mice against ozone-induced lung inflammation. Journal of Ethnopharmacology, v. 96, p. 355–364, 2005 CLARKSON, C.; MAHARAJ, V. J.; CROUCH, N. R.; GRACE, O. M.; PILLAY, P.; MATSABISA, M. G.; BHAGWANDIN, N.; SMITH, P. J.; FOLB, P. I. In vitro antiplasmodial activity of medicinal plants native to or naturalised in South Africa, Journal of Ethnopharmacology, v. 92, p. 177–191, 2004 CORSINO, J.; BOLZANI, V. S.; PEREIRA, A. M. S.; FRANÇA, S. C.; FURLAN, M. Further sesquiterpene pyridine alcaloids from Maytenus aquifolium. Phytochemistry, v. 48, p. 137-140. 1988 CORSINO, J.; CARVALHO, P. R. F.; KATO, M. J.; LATORRE, L. R.; OLIVEIRA, O. M. M. F.; ARAUJO, A. R.; BOLZANI, V. S.; FRANÇA, S. C.; PEREIRA, A. M. S.; FURLAN, M. Biosynthesis of friedelane and quinonemethide triterpenoids is compartmentalized in Maytenus aquifolium and Salacia campestris; Phytochemistry, v. 55, p. 741-748, 2000. CORSINO, J.; SILVA, D. H. S.; ZANONI, M. V. B.; BOLZANI, V. S.; FRANÇA, S. C.; PEREIRA, A. M. S.; FURLAN,M. Antioxidant Flavan-3-ols and Flavonol Glycosides from Maytenus aquifolium, Phytotherapy Research, v. 17, p. 913–916, 2003. COSTA, P. M.; FERREIRA, P. M. P.; BOLZANI, V.S.; FURLAN.; MACEDO DOS SANTOS, V. A. F. F.; CORSINO, J.; MORAES, M. O.; COSTA-LORUFO, L. V.; MONTENEGRO, R. C.; PESSOA, C. Antiproliferative activity of pristimetin isolated form Maytenus ilicifolia (Celastraceae) in huma HL-60 cells. Toxicology in Vitro, v. 22, p. 854-863, 2008. COSTA, R. M. A.; MENK, C. F. M. Biomonitoramento de mutagênese ambiental. Biotecnologia: ciência e desenvolvimento, v.3, p.24-26, 2000. COSTA, V. B.; COUBE, C. S; MARINHO, B. G.; MATHEUS, M. E.; LEITÃO, S. G.; FERNANDES, P. D. Antiinflamatory and analgesic activity of Bouchea fluminensis, Fitoterapia, v. 74, p. 364-371, 2003. - 152 - CUMBANE, V. S. Resposta de anticorpos contra proteínas recombinantes baseadas em antígenos de merozoítos de Plasmodium vivax em indivíduos de uma comunidade rural da Amazônia brasileira. 2011. 123f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo-SP. DA SILVA, M. G. Análise da constituição química de raiz e folhas de Maytenus myrsinoides. 1990. 113f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Química, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte – MG. 1990. DI ROSA, M.; WILLOUGHBY, D. A.; GIROUD, J. P. Studies of the mediators of the acute inflammatory response induced in rats in different sites bu carrageenan and turpentine, Journal of Pathology, v. 104, p. 15-29, 1971. DIAS, J. F. G.; CÍRIO, G. M.; MIGUEL, M. D.; MIGUEL, O. G. Contribuição ao estudo alelopático de Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss., Celastraceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, João Pessoa, v. 15, n. 3, p. 220-223, 2005. DING, Y.; LIANG, C.; KIM, J. H.; LEE, Y. M.; HYUN, J. H.; KANG, H. K.; KIM, J. A.; MIN, B. S.; KIM, Y. H. Triterpene compounds isolated from Acer mandshuricum and their anti-inflammatory activity, Bioorganic ; Medicinal Chemistry Letters, v. 20, p. 1528–1531, 2010. DOOLAN, D. L.; DOBAÑO, C.; BAIRD, J. K. Acquired immunity to malaria. Clinical Microbiology Reviews, v. 22, p. 13-36, 2009. DORNAS, W. C.; OLIVEIRA, T. T.; RODRIGUES-DAS-DORES, R. G.; SANTOS, A. F.; NAGEM, T. J. Flavonóides: potencial terapêutico no estresse oxidativo, Revista de Ciências Farmacêuticas Básica Aplicada, v. 28, p. 241- 249, 2007 DROGE, W. Free radicals in the physiological control of cell function. Physiological Reviews, v. 82, p. 47-95, 2002. DUARTE, L. P.; FIGUEIREDO, R. C.; DE SOUZA, G. F.; SOARES, D. B. S.; RODRIGUES, S. B. V.; SILVA, F. C; SILVA, G. D. F. Chemical constituents of Salacia elliptica (Celastraceae), Química Nova, n. 22, p. 900-903, 2010. DUARTE, M. C.; SILVA, A. K. M.; COSTA, V. C. O.; SILVA FILHO, R. N.; TAVARES, J. F.; AGRA, M. F.; SILVA, M. S.; Maytensifolona, um novo Triterpeno Friedelano de Maytenus distichophylla. In: 35ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2012, Minas Gerais, Anais eletrônicos, Disponível em: <http://sec.sbq.org.br/cdrom/35ra/trabalhos.htm>. Acesso em: Dez. 2012. DUBEY, V. S.; BHALLA, R.; LUTHRA, R. An Overview of the non-mevalonate pathaway for terpenoid biosynthesis in plants. Journal of Biosciences, v. 28, p. 637, 2003. DUCKE, J.A.; VASQUEZ, R. Amazonian Ethnobotanical Dictionary. CRC Press, Boca Raton, Florida, USA. p. 114, 1994 EE, G. C. L.; LIM, C. K.; RAHMAT, A.; LEE, H. L. Cytoxic activities of chemical constituents from Mesua daphnifolia. Tropical Biomedicine, v. 22, p. 99-102, 2005. - 153 - EL TAHIR, A., SATTI, G. M., KHALID, S. A. Antiplasmodial activity of selected Sudanese medicinal plants with emphasis on Maytenus senegalensis (Lam.) Exell. Journal of Ethnopharmacology, v. 64, p. 227–233, 1999. ESTEVAN, C. S. 2006, 189 f. Estudo fitoquímico biomonitorado da entrecasca de Maytenus rigida Mart. (Celastraceae). Dissertação (Mestrado). Departamento de Química, Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Maceió – Al. 2006. FDA - FOOD AND DRUG ADMINISTRATION - FDA, Guidance for Industry Safety Testing of Drug Metabolites, Apostila, 14p, 2008, Acesso em <http://www.fda.gov/cder/guidance/index.htm>. Acesso Jan. 2013. FENECH, M. The Genome Health Clinic and Genome Health Nutrigenomics concepts: diagnosis and nutritional treatment of genome and epigenome damage on an individual basis. Mutagenesis, v. 20, p. 255–269, 2005. FERREIRA, V. F.; PINTO, A. C. A fitoterapia no mundo atual. Química Nova, v. 33, p. 1829-1830, 2010. FIDOCK, A. D.; NOMURA, T.; WELLEMS, E. T. Cycloguanil and its parent compound proguanil demonstrate distinctive activities against Plasmodium falciparum malaria parasites transformed with human dihydrofolate reductase. Molecular Pharmacology, v. 54, p. 1140–1147, 1998 FISKESJO, G. The Allium test as a standard in environmental monitoring. Hereditas, v.102, p.99112, 1985. FONSECA, A. P. N. D.; SILVA, G. D. F.; CARVALHO, J. J; SALAZAR, G. D. C. M.; DUARTE, L. P.; SILVA, R. P; JORGE, R. M.; TAGLIATI, C. A.; ZANI, C. L.; ALVES, T. M. A.; PERES, V.; VIEIRA FILHO, S. A. Estudo fitoquímico do decocto das folhas de Maytenus truncata Reissek e avaliação das atividades antinociceptiva, antiedematogênica e antiulcerogênica de extratos do decocto. Química Nova, v. 30, p. 842-847, 2007. FORMIGONI, M. L. O. S.; OLIVERIA, M. G. M.; MONTEIRO, M. G.; SILVEIRA-FILHO, N. G.; BRAZ, S.; CARLINI, E. A. Antiulcerogenic effects of two Maytenus species in laboratory animals. Journal of Ethnopharmacology, v. 34, p. 21–27, 1991 FRANÇA, T. C. C.; SANTOS, M. G.; FIGUEROA-VILLAR, J. D. Malária: Aspectos Históricos e Quimioterapia, Química Nova, v. 31, p. 1271-1278, 2008. FREIRE, S. M.; TORRES, L. M.; ROQUE, N. F.; SOUCAR, C.; LAPA, A. J. Analgesic activity of a triterpene isolated from Scoparia dulcis L. (Vassourinha). Memorial do Instituto Oswaldo Cruz, v. 86, p. 149-151, 1991 GAN, T. J. Diclofenac: an update on its mechanism of action and safety profile. Current Medical Research and Opinion, v. 26, p. 1715-31. 2010. GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: Fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química Nova, n. 30, p. 374-381, 2007. - 154 - GONZALES, J. G.; MONACHE, G. D.; MONACHE, F. D.; MARINI-BETTOLO, G. B. Chuchuasca – a drug used in folk medicine in the Amazonian and Andean areas. A chemical study of Maytenus leavis. Journal of Ethnopharmacology, v. 5, p. 73-77, 1982 GONZALEZ, A. G.; ALVARENGA, N. L.; ANGEL, F. R.; RAVELO, G.; JIMENEZ, I. A.; BAZZOCCHI, I. L.; GUPTA, M. P. New Phenolic and Quinone-methide Triterpenes from Maytenus Species (Celastraceae), Natural Products Lettes, v. 7, p. 209-218, 1995 GONZALEZ, F.G.; PORTELA, T.Y.; STIPP, E.J.; DI STASI, L.C. Antiulcerogenic and analgesic effects of Maytenus aquifolium, Sorocea bomplandii and Zolernia ilicifolia, Journal of Ethnopharmacology, v. 77, p. 41–47, 2001 GOOD, M. F.; XU, H.; WYKES, M.; ENGWERDA C. R. Development and regulation of cellmediate immune responses to the blood stages of malaria: implications for vaccine research. Annu Rev Immunol. V. 23, p: 69-99, 2005. GORBUNOVA, V.; SELUANOV, A. Making ends meet in old age: DSB repair and aging. Mechanisms of Ageing and Development, v. 126, p. 621-628, 2005. GOUVEA, C. M. C. Oxidações Biológicas e Atividade Vegetal. In: Fitoterápicos anti-inflamatórios – aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Volume Único, 1ª Edição, Editora Tecnmedd, Ribeirão Preto – SP, 2004, 480p. GUNATILAKA, A. A. L. Triterpenoids and steroids of Sri Lankan plants: a review of occurrence and chemistry. J. Natn. Sci. Coun. Sri Lanka, v. 14, p. 1-54, 1986. HALLIWELL, B. The antioxidant paradox, The Lancet, v. 355, p. 1179-1180, 2000. HALLIWELL, B.; GUTTERIDGE, J. M. C. Free radicals in biology and medicine. Oxford: Clarendon Press, 543p, 2007 HECK, M. C.; VIANA, L. A.; VICENTINI, V. E. P. Importância do óleo de Copaifera ssp. (Copaíba). Revista de Saúde e Biologia, v. 7, p. 82-90, 2012 HORIUCHI, M.; SEYAMA, W. Antiinflammatory and antiallergic activity of Bidens pilosa L. var. radiata Scherff. Journal of Health Science, v. 52, p. 711 – 717, 2006. HOSTETTMANN, K.; QUEIROZ, E. F.; VIEIRA, P. C. A importância das plantas medicinais. In: Princípios ativos de plantas superiores. Série de textos da Escola de Verão em Química- IV, São Carlos-SP, EdUFSCar, 2003, 152 p. HUANG, F. C.; CHAN, W. K.; MORIARTY, K. J.; ZHANG, D. C.; CHANG, M.; HE, W.; YU, K. T.; ZILBERSTEIN, A. Novel cytokine release inhibitors. Part I: triterpenes, Bioorganic Medical Chemistry Letters, v. 64, p. 582-587, 2001. HUME, D. A.; FAIRLIE, D. P. Therapeutic targets in inflammatory disease, Current Medicinal Chemistry, v. 12, p. 2925-2929, 2005. - 155 - ITOKAWA, H.; SHIROTA,O.; IKUTA, H.; MORITA, H.; TAKEYA, K.; IITAKA, Y. Triterpenes from Maytenus ilicifolia, Phytochemistry, v. 30, p. 3713-3716, 1991. JORGE, R. M.; LEITE, J. P. V.; OLIVEIRA, A. B.; TAGLIATI, C. A. Evaluation of antinociceptive, anti-inflammatory and antiulcerogenic activities of Maytenus ilicifolia, Journal of Ethnopharmacology, v. 94, p. 93–100, 2004. JORGE, S.; PARADA, C. A.; FERREIRA, S. H.; TAMBELI, C. In-terferential therapy produces antinociception during application in várious models of inflamatory pain. Physical Therapy. v. 86, p. 800 – 808, 2006. KAZIMIROVA, A.; BARANCOKOVA, M.; DZUPINKOVA, Z.; WSOLOVA, L.; DUSINSKA, M. Micronuclei, chromosomal aberrations, important markers of ageing. Possible association with XPC and XPD polymorphisms. Mutation Research, v. 661, p. 35–40, 2009. KENNEDY, M. L.; LLANOS, G. G.; CASTANYS; S.; GAMARRO, F.; BAZZOCCHI; I. L.; JIMENEZ, I. A. Terpenoids from Maytenus Species and Assessment of Their Reversal Activity against a Multidrug-Resistant Leishmania tropica Line, Chemistry Biodiversity, v. 8, p. 2291-2298, 2011 KOBAYASHI, Y.; NAKANO, Y.; INAYAMA, K.; SAKAI, A.; KAMIYA, T. Dietary intake of the flower extracts of German chamomile (Matricaria recutita L.) inhibited compound 48/80-induced itch-scratch responses in mice, Phytomedicine, v. 10, p. 657 – 664, 2003. KOBAYASHI, Y.; TAKASHI, R.; OGINO, F. Antipruritic effect of the single oral administration of German chamomile flower extracte ant its combined effect with antiallergic agents in ddY mice, Journal of Ethnopharmacology. v. 101, p. 308 – 312, 2005 KOCH, E.; KLASS, C. A.; RUNGELER, P.; CASTRO, V.; MORA, G.; VICHNEWSKI, W.; MERFORT, I. Inhibition of inflammatory cytokine production and lymphocyte proliferation by structurally different sesquiterpene lactones correlates with their effect on activation of NF-kappaB, Biochemical Pharmacology, v. 62, p. 795-801, 2001 KRISHNA, G.; HAYASHI, M. In vivo rodent micronucleus assay: protocol, conduct and data interpretation. Mutation Research, v. 455, p. 155–166, 2000. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran. Patologia – Bases patológicas das doenças. 7ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 49 – 79, 2005. KUSAMRAN, W. R.; TEPSWAN, A.; KUPRADINUN, P. Antimutagenic and anticarcinogenic potentials of some Thai Vegetables. Mutation Research., v. 402, p. 247-258, 1998. KUTNEY, J. P.; BEALE, M. H.; SALISBURY, P. J.; STUART, K. L.; WORTH, B. R.; TOWNSLEY, P. M.; CHALMERS, W. T.; NILSSON, K.; JACOLI, G. G. Isolation and characterization of natural products from plant tissue cultures of Maytenus buchananii, Phytochemistry, v. 20, p. 653–657, 1981. - 156 - KVIST, L. P.; CHRISTENSEN, S.B.; RASMUSSEN, H.B.; MEJIA, K.; GONZALEZ, A. Identification and evaluation of Peruvian plants used to treat malaria and leishmaniasis. Journal of Ethnopharmacology, v. 106, p. 390–402, 2006. LAMBROS, C.; VANDERBERG, J. Synchronization of Plasmodium falciparum erythrocytic stages in culture. Journal Parasitol, v. 65, p. 418-420, 1979. LEITE, H. P.; SARNI, R. S. Radicais livres, antioxidantes e nutrição. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, São Paulo, v. 18, p. 87-94, 2003. LEME, D. M.; MARIN-MORALES, M. A. Allium cepa Test in environmental monitoring: a review on its application. Mutation Research, v. 682, p. 71-81 2009. LEON, L.; LOPEZ, M. R.; MOUJIR, L. Antibacterial properties of zeylasterone, a triterpenoid isolated from Maytenus blepharodes, against Staphylococcus aureus. Microbiological Research, v. 165, p. 617-626, 2010 LEVY, L. Carrageenan paw oedema in the mouse. Life Sciences, v. 8, p. 601 – 606, 1969. LIMA, A. P.; LEITE, N. S.; CAMARGO, E. A.; ESTEVAM, C. S.; PANTALEAO, S. M.; FERNANDES, R. P. M.; COSTA, S. K. P.; MUSCARAS, M. N.; THOMAZZI, S. M. Avaliação da atividade cicatrizante do extrato acetônico da casca da Maytenus rigida Mart. (Celastracea), Scientia Plena, v. 6, p. 1-7, 2010. LIMA, E. S.; VARGAS, F. S.; POHLIT, A. M. Antioxidant, antiinflammatory and aniplatelet aggregating activities of Maytenus guyanensis bark extract, Latin American Journal of Pharmacy, v. 29, p. 1107-1012, 2010. LIMA, L. M.; CARVALHO, J. C. T. Garra do diabo (Harpagophytum procumbens D. C.). In: CARVALHO, J. C. T. In: Fitoterápicos anti-inflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto, SP: Tecmedd, p. 315 – 322, 2004. LINDAHL, M.; TAGESSON, C. Flavonoids as Phospholipase A2 Inhibitors: Importance of Their Structure for Selective Inhibition of Group II Phospholipase A2, Inflammation, v. 21, p. 347-356, 1997. LINDSEY, K. L.; BUDESINSKY, M.; KOHOUT, L.; van STADEN, J. Antibacterial activity of maytenonic acid isolated from the root-bark of Maytenus senegalensis, South African Journal of Botany, v. 72, p. 473–477, 2006 LOPES, F. C. M. Avaliação da atividade imunológica in vitro de Alchornea spp quanto à produção de peróxido de hidrogênio, óxido nítrico e fator de necrose tumoral-α por macrófagos murinos; 2004. 189 f. Dissertação (Mestrado); Faculdade de Ciências Farmacêuticas; Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita filho, Araraquara – SP MACARI, P. A. T.; PORTELA, C. N. P.; CELANI, F. B.; POHLIT, A. M. Isolamento de um flavonóide da casca de Maytenus guyanensis. In: XXVI Reunião Anual sobre Evolução, Sistemática e - 157 - Ecologia Micromoleculares, 2004, Universidade Federal Fluminense, Anais eletrônicos, Disponível em: <http://www.uff.br/lapromar/RESEM2004.htm> Acesso em: Nov. 2012 MACARI, P. A. T.; PORTELA, C. N.; POHLIT, A. M. Antioxidant, cytotoxic and uvb-absorbing activity of Maytenus guyanensis klotzch. (Celastraceae) bark extracts, Acta Amazônica, v. 36, p: 513 – 518, 2006 MADRIGAL, R.V.; ZILKOWSKI, B.W.; SMITH, C.R. Structure-acitivity-relationships among maytansinoids in their effect on the european corn-borer, Ostrinia-Nubilalis (Hubner) (Lipidoptera, Pyralidae), Journal of Chemical Ecology, v. 11, p. 501-506, 1985. MADUREIRA, M. C.; MARTINS, A. P.; GOMES, M.; PAIVA, J.; PROENÇA DA CUNHA, A.; ROSÁRIO, V. Antimalarial activity of medicinal plants used in traditional medicine in S Tomé and Príncipe islands. Journal of Ethnopharmacology, v. 8, p. 23–29, 2002 MAGALHAES, C. G.; FERRARI, F. C.; GUIMARÂES, D. A. S.; SILVA, G. D. F.; DUARTE, L. P.; FIGUEIREDO, R. C.; FILHO, S. A. V. Maytenus Salicifolia: triterpenes isolated from stems and antioxidant property of extracts from aerial parts, Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 21, p. 415-19, 2011 MAHATO, S. B.; KUNDU, A. P. 13C NMR spectra of pentacyclic triterpenoids – a compilation and some salient features. Phytochemistry, v. 37, p. 1517-1575, 1994. MAHMOUD S. S.; CROTEAU, R. Strategies for transgenic manipulation of monoterpene biosynthesis in plants, Trends in Plant Science, v. 7, p. 366–373, 2002 MALEBO, H. M.; TANJA, W.; CAL, M.; SWALEH, S. A. M.; OMOLO, M. O.; HASSANALI, A.; SEQUIN, U.; HAMBURGER, M.; BRUN, R.; NDIEGE, I. O. Antiplasmodial, anti-trypanosomal, anti-leshmanial and cytotoxicity activity of selected Tanzanian medicinal plants. Tanzania Journal of Health Research, v. 11, p. 226-234, 2009 MARIOD, B. A.; IBRAHIM, R. M.; ISMAIL, M.; ISMAIL, N. Antioxidant activities of phenolic rich fractions (PRFs) obtained from black mahlab (Monechma ciliatum) and white mahlab (Prunus mahaleb) seedcakes. Food Chemistry, v. 118, p. 120–127, 2009. MARIOT, M. P.; BARBIERI, R. L. Metabólitos Secundários e propriedades medicinais da espinheirasanta (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss), Revista Brasileira de Plantas medicinais, v. 9, p. 89-99, 2007. MÁRQUEZ, M. E. F. Detección Del dano genotoxico agudo y crónico em umna población de laboratoristas ocupacionalmente expuestos. Latreia, v. 18, p. 275-282, 2005. MARTINS, M.; ESTEVAM, C. S.; SANTOS, A. L. L. M.; DIAS, A. S. D.; CUPERTINO-DASILVA, Y. K.; ARAÚJO-JUNIOR, J.; MIRANDA, A. L. P.; BARREIRO, E. J.; PIZZA, C.; PIACENTE, S.; MONTORO, P.; QUINTANS-JÚNIOR, L. J.; ARAUJO, B. S.; ALEXANDREMOREIRA, M. S.; SANT’ANA, A. E. G. Antinociceptive effects of an extract, fraction and an isolated compound of the stem bark of Maytenus rigida, Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 22, p. 598-603, 2012. - 158 - MCKAY, D. L.; BLUMBERG, J. B. A review of the bioactivity and potential health benefits of chamomile tea (Matricaria recutita L.), Phytotherapy Research, v. 20, n. 7, p: 519-530, 2006 MCKAY, D. L.; BLUMBERG, J. B. A review of the bioactivity and potential health benefits of chamomile tea (Matricaria recutita L.), Phytoterapy Research, v. 20, p. 519 – 530, 2006. MENDES, S. S.; ANDRADE, J. A.; XAVIER, M. A.; SECUNDO JUNIOR, J. A.; PANTALEÃO, S. M.; ESTEVAM, C. S.; GARCIA, C. A. B.; FERRARI, S. F. Genotoxicity test of Maytenus rígida and Aristolochia birostris in the radicular meristema of the onion, Allium cepa, Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 22, p. 76-81, 2012 MENSOR, L. L.; MENEZES, F. S.; LEITÃO, G. G.; REIS, A. S.; SANTOS, T. C.; COUBE, C. S.; LEITÃO, S. G. Screening of brazilian plant extracts for antioxidant activity by the use of DPPH free radical method. Phytotherapy Research, v. 15, p. 127-130, 2001. MERSCH-SUNDERMANN, V.; KNASMULLER, S.; WU, X.; DARROUD, F.; KASSIE, F. Use of a human-derived liver cell line for detection of cytoprotective, antigenotoxic and cogenotoxic agents, Toxicology, v. 198, p. 329-240, 2004 MESQUITA, M. L.; GRELLIER, P.; MAMBU, L.; PAULA, J. E.; ESPINDOLA, L. S. In vitro antiplasmodial activity of Brazilian Cerrado plants used as traditional remedies, Journal of Ethnopharmacology, v. 110, p. 165–170, 2007. MISIK, M.; SOLENSKÁ, M.; MICIETA, K.; MISÍKOVÁ, K.; KNASMÜLLER, S. In situ monitoring of clastogenicity of ambient air in Bratislava, Slovakia using the Tradescantia micronucleus assay and pollen abortion assays. Mutation Research, v. 605, n. 2, p. 1-6, 2006. MONTANARI, T.; BELIVACQUA, E. Effects of Maytenus ilicifolia Mart on pregnant mice, Contraception, v. 65, p. 171-175, 2002. MONTANARI, T.; CARVALHO, J. E.; DOLDER, H. Effect of Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reiss on spermatogenesis. Contraception, v. 57, p. 335-339, 1998. MORITA, H.; HIRASAWA, Y.; MUTO, A.; YOSHIDA, T.; SEKITA, S.; SHIROTA, O. Antimitotic quinoid triterpenes from Maytenus chuchuhuasc,. Bioorganic Medicinal Chemistry Letters, v. 18, p. 1050-1052, 2008. MORRIS, C. J. Carrageenan-induced paw edema in the rat and mouse. Methods in Molecular Biology, v. 225, p. 115-21, 2003. MOTTA, M. L. Atividade antimalárica de plantas medicinais da biorregião do Araripe/CE em modelo murinho – Plasmodium berghei, 2009, 147f. Dissertação (Mestrado), Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Natal – RN. 2009. MUTHAURA, C. N.; KERIKO, J. M.; DERESE, S.; YENESEW, A.; RUKUNG, G. M. Investigation of some medicinal plants traditionally used for treatment of malaria in Kenya as potential sources of antimalarial drugs, Experimental Parasitology, v. 127, p. 609–626, 2011. - 159 - NEGRI, M. L. S.; POSSAMAI, J. C.; NAKASHIMA, T. Atividade antioxidante das folhas de espinheira-santa – Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss., secas em diferentes temperaturas, Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 19, p. 553-556, 2009. NEUKIRCH, H.; D'AMBROSIO, M.; SOSA, S.; ALTINIER, G.; DELLA LOGGIA, R.; GUERRIERO, A. Improved anti-inflammatory activity of three new terpenoids derived, by systematic chemical modifications, from the abundant triterpenes of the flowery plant Calendula officinalis. Chemical Biodiversity, v. 2 p. 657 – 671, 2005. NIERO, R.; MALHEIROS, A. Principais aspectos químicos biológicos de terpenos. In: Química dos Produtos Naturais, novos fármacos e a moderna farmacognosia; YUNES, R.A.; CECHINEL FILHO, V. 2ª Ed.; Editora Univale: Itajaí – SC, Cap. 10; p. 257-278, 2009. NIKIEMA, J. B.; VANHAELEN-FASTRE, R.; VANHAELEN, M.; FONTAINE, J.; DE GRAEF, C.; HEENEN, M. Effects of antiinflammatory triterpenes isolated from Leptadenia hastata látex on keratinocyte proliferation. Phytoteraphy, v. 15, p. 131-134, 2001. NOEDL H. C.; WONGSRICHANALAI R.; MILLER K.; MYINT S.; LOOAREESUWAN Y.; SUKTHANA V.; WONGCHOTIGUL H.; KOLLARITSCH G.; WIEDERMANN W. Plasmodium falciparum: effect of anti-malarial drugs on the production and secretion characteristics of histidinerich protein II. Experimental Parasitology, v. 102, p. 157-163, 2002. NOGUEIRA, L. G.; Determinação do potencial biológico e antioxidante de extratos da casca de raiz Maytenus ilicifolia. 2009. 89 f. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Campus de Araraquara, Araraquara – SP. 2009. NOLDIN, V. F.; MONACHE, F. D.; YUNES, R. A. Composição química e atividade biológica de Cynara scolymus L. cultivada no Brasil. Química Nova, v.26, p.331-334, 2003. NOSSACK, A. C.; VASCONCELOS, E. C.; VILEGAS, J. H. Y.; LANÇAS, F. M.; ROQUE, N. F. Quantitative analysis of triterpenes friedelin and friedelan-3-ol in Maytenus aquifolium by HRGC and HT-CGC. Phytochemical Analysis, v. 11, p. 243-246, 2000. NOUFOU, O.; WAMTINGA, S. R.; ANDRÉ, T.; CHRISTINE, B.; MARIUS, L.; EMMANUELLE, H. A.; JEAN, K.; MARIE-GENEVIÈVE, D.; PIERRE, G. I. Pharmacological properties and related constituents of stem bark of Pterocarpus erinaceus Poir. (Fabaceae). Asian Pacific Journal of Tropical Medicine, v. 5. n. 1 p: 46-51. 2012 NOZAKI, H.; SUZUKI, H.; HIRAYAMA, T.; KASAI, R.; WU, R. Y.; LEE, K. H. Antintumor triterpenes of Maytenus diversifolia, Phytochemistry, v. 25, p. 479-485, 1986. NUNEZ-SELLES, A. J. Antioxidant Therapy: Myth or Reality?, Journal of Brazil Chemical Society, v. 16, p. 699-610, 2005. OKANO, R. M. C. Estudos taxonômicos do gênero Maytenus Mol. Emend Mol. (Celastraceae) do Brasil extra-amazônico; 1992. 241 f. Tese (Doutorado) Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas – SP. 1992. - 160 - OLIVEIRA FILHO, A. B. E.; MARTINELLI, J. M. Notified cases of malária in the estate of Para, Brazilian Amazon, fron 1998 to 2006, Epidemiologia e Serviço de Saúde, v. 18, n. 3, 2009. OLIVEIRA, A. M. G. C. Avaliação da atividade antimalárica e citotóxica de plantas medicinais dos Biomas Caatinga e Amazônico, 2011, p. 115, Dissertação (Mestrado), Programa de PósGraduação em Ciências Biológicas, Centro de Biociências; Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. 2011 OLIVEIRA, D. B.; PESSANHA, N. N. C.; BERNARDES, N. R.; SILVA, W. D.; MUZITANO, M. F.; OLIVEIRA, D. R. Extrato dos frutos de Cereus fernambucensis: Atividade Antioxidante e Inibição da Produção de Óxido Nítrico (NO) por Macrófagos. Interscienceplace, n. 07, 2009a. OLIVEIRA, D. M.; SILVA G. D. F.; DUARTE, L. P.; FILHO, S. A. V. Chemical constituints isolated from roots os Maytenus acantophylla Reissek (Celastraceae). Biochemical Sistematics and Ecology, v. 34, p. 661-665, 2006b. OLIVEIRA, M. C. B. L. Atividade anti-inflamatória dos extratos de Cordia Curassavica DC, 2002, 131 f. Dissertação (Mestrado), Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas – SP. 2002 OLIVEIRA, M. G. M.; MONTEIRO, M. G.; MACAUBAS, C.; BARBOSA, V. P.; CARLINI, E. A. Pharmacologic and toxicologic effects of two Maytenus species in laboratory animals, Journal of Ethnopharmacology, v. 34, p. 29-31, 1991. OLIVEIRA, M. L. G. Estudo fitoquímico de folhas de Maytenus gonoclada Martius (Celastraceae) e obtenção de derivados nitrogenados da 3-oxo-friedelano. 2007. 163f. Dissertação (Mestrado). Departamento de Química. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte - MG. 2007. OLIVEIRA, R. A. G.; LIMA, E. O.; VIEIRA, W. L.; FREIRE, K. R. L.; TRAJANO, V. N.; LIMA, I. O.; SOUZA, E. L.; TOLEDO, M. S.; SILVA-FILHO, R. N. Estudo da interferência de óleos essenciais sobre a atividade de alguns antibióticos usados na clínica. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 16, p. 77-82, 2006a. OLIVEIRA, R. B.; GODOY, S. A. P.; COSTA, F. B. Plantas tóxicas: conhecimento e prevenção de acidentes. Ribeirão Preto – SP: Editora Holos, 64p, 2003. OMS ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – <http://www.who.int/malaria/publications/world_malaria_report_2012/en/index.html>, 18/01/2013 – 2012, Acesso em PAE, H. O.; OH, G. S.; CHOI, B. M.; SHIN, S.; CHAI, K. Y.; OH, H.; KIM, J. M.; KIM, H. J.; JANG, S. I.; CHUNG, H. T. Inhibitory effects of the stem bark of Catalpa ovata G. Don. (Bignoniaceae) on the productions of tumor necrosis factor-_ and nitric ixide by the lipopolisaccharide-stimulated RAW 264.7 macrophages, Journal of Ethonopharmacoloy, v. 88, p. 287-291, 2003. - 161 - PARENTE, L. M. L.; BRITO, L. A. B.; ALVES, E. C.; PAULA, J. R.; JUNQUEIRA-KIPNINS, A. P.; LINO-JUNIOR, R. S.; PAULO, N. M. Óleo de copaíba: características farmacológicas e antiinflamatórias. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – CONPEEX, 3., 2006, Goiânia. Anais eletrônicos do III Seminário da Pós-graduação da UFG, Goiânia: UFG, 2006., Disponível em: <http://www.ufg.br/conpeex/2006/porta_arquivos/posgraduacao/21451131LeilaMariaLealParente.pdf 23/01/2013> Acesso em 23/01/2013. PENG, B.; XU, L.; CAO, F.; WEI, T.; YANG, C.; UZAN, G.; ZHANG, D. HSP90 inhibitor, celastrol, arrests human monocytic leukemia cell U937 at G0/G1 in thiol-containing agents reversible way. Molecular Cancer, v. 9, p. 79-86, 2010. PERAZZO, F. F. Unha de gato (Uncaria tomentosa (Willd) DC.). In: CARVALHO, J. C. T. Fitoterápicos anti-inflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto, SP: Tecmedd, p. 423 – 430, 2004. PEREIRA, J. F. G.; CARVALHO, J. C. Andiroba, Carapa guianensis Aublet (Meliaceae). In: CARVALHO, J. C. T. Fitoterápicos anti-inflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto - SP: Tecmedd, p. 165 – 180, 2004. PEREIRA, R. L. C.; IBRAHIM, T.; LUCCHETTI, L.; DA SILVA, A. J. R.; DE MORAES, V. L. G. Immunosuppressive and anti-inflammatory effects of methanolic extract and the polyacetylene isolated from Bidens pilosa L. Immunopharmacology, v. 43, p. 31 – 37, 1999. PERES, L. E. P. Metabolismo Secundário. Piracicaba – São Paulo: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. ESALQ/USP, 2004. p. 1-10. PESSUTO, M. B. Análise fitoquímica de extrato de folhas de Maytenus ilicifolia Mart Ex Reis e avaliação do potencial antioxidante; 2006. 105 f. Dissertação (Mestrado), Departamento de Farmácia e Farmacologia, Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá – PR PINHEIRO, J.A. Análise da Constituição Química da Madeira de Maytenus guianensis Klotzch, Dissertação (Mestrado), 1980. 124 f. Departamento de Química, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte – MG. 1980. PIRES, N. M.; SOUZA, I. R. P.; PRATES, H. T.; FARIA, T. C. L.; FILHO, I. A. P.; MAGALHÃES, P. C. Efeito do extrato aquoso de leucena sobre o desenvolvimento, índice mitótico e atividade da peroxidase em plântulas de milho. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal , v.13, p.55-65, 2001. POSADAS, I.; BUCCI, M.; ROVIEZZO, F.; ROSSI, A.; PARENTE, L.; SAUTEBIN, L.; CIRINO, G. Carrageenan-induced paw oedema is biphasic, age-weight dependent and displays differential nitric oxide cyclooxygenase-2 expression. British Journal of Pharmacology, v. 142, p. 331 – 338, 2004. POTTENGER, L. H.; GOLLAPUDI, B. B. A case for a new paradigm in genetic toxicology testing. Mutation Research, v. 678, p. 148–151, 2009. QUEIROGA, C. L.; SILVA, G. F.; DIAS, P. C.; POSSENTI, A.; CARVALHO, J. E. Evaluation of the antiulcerogenic activity of friedelan-3b-ol and friedelin isolated from Maytenus ilicifolia (Celastraceae), Journal of Ethnopharmacology, v. 72, p. 465–468, 2000. - 162 - RAINHO, C. R.; KAEZER, A.; AIUB, C. A. F.; FELZENSZWALB, I. Ability of Allium cepa L. root tips and Tradescantia pallida var. purpurea in N-nitrosodiethylamine genotoxicity and mutagenicity evaluation. Anais Academia Brasileira de Ciências, v. 82, p.925-932, 2010. RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M. Farmacologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 904p. RANK, J. The method of Allium cepa anaphase-telophase chromosome aberration assay, Ekologija, v.1, p. 38–42, 2003. RANK, J.; NIELSEN, M. A modified Allium test as a tool in the screening of the genotoxicity of complex mistures. Hereditas, v. 118, p. 49-53, 1993. RATNAM, D.; ANKOLA, D.; BHARDWAJ, V.; SAHANA, D.; KUMAR, M. Role of antioxidants in prophylaxis and therapy: A pharmaceutical perspective. Journal of Controlled Release, v. 113, p. 189-207, 2006. REID, K. A.; MAES, J.; VAN STADEN, J.; DE KIMPE, N.; MULHOLLAND, D. A.; VESCHAEVE, L. Evaluation of the mutagenic and antimutagenic effects of South African plants, Journal of Ethnopaharmacology, v. 106, p. 44-50, 2006 REVILLA, J. Plantas da Amazônia – oportunidades econômicas e sustentáveis. SEBRAE– AM/INPA, Manaus. 405p, 2001. REVILLA, J. Apontamentos para a cosmética amazônica. SEBRAE–AM/ INPA, Manaus. 532p, 2002a. REVILLA, J. Plantas úteis da bacia amazônica. SEBRAE–AM/INPA, Manaus. 445p. 2002b. REY, L. Parasitologia, Editora Guanabara-Koogan, Volume Único, 4ª Edição, Rio de Janeiro – RJ, 2008. REYES, C. P.; NUNEZ, M. J.; JIMENEZ, I. A.; BUSSEROLLES, J.; ALCARAZ, M. J.; BAZZOCCHI, I. L. Activity of lupane triterpenoids from Maytenus species as inhibitors of nitric oxide and prostaglandina E2; Bioorganic ; Medicinal Chemistry, v. 14, p. 1573-1579, 2006 RIBEIRO, J. E. L. S.; HOPKINS, M. J. G.; VICENTINI, A.; SOTHERS, C. A.; COSTA, M. A. S.; BRITO, J. M.; SOUZA, M. A. D.; MARTINS, L. H. P.; LOHMANN, L. G.; ASSUNÇÃO, P. A. C. L.; PEREIRA, E. C.; SILVA, C. F.; MESQUITA, M. R.; PROCÓPIO, L. C. Flora da Reserva Ducke: Guia de Identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra firme na Amazônia Central. 1ª Ed; Manaus, Editora Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA. 816p, 1999. RIBEIRO, L. R.; MARQUES, E. K. A importância da mutagênese ambiental na carcinogênese humana. In: Mutagênese Ambiental, RIBEIRO, L. R.; SALVADORI, D. M. F.; MARQUES, E. K. Canoas: Ulbra, p. 21-27, 2003. RIEGEL, R. E. Bioquímica. Volume Único, 3ª Edição, Editora UNISINOS, São Leopoldo - RS, 2002. 547p - 163 - ROBERTS II, L. J.; MORROW, J. D. Analgésico-antipiréticos, agentes anti-inflamatórios e fármacos utilizados no tratamento da gota. In: HARDMAN, J. G.; LIMBIRD, L. E. As bases farmacológicas da terapêutica. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2003. ROCHA C. S.; PIMENTEL, R. M. M.; RANDAU, K. P.; XAVIER, H. S. Morfoanatomia de folhas de Maytenus rigida Mart. (Celastraceae): uma espécie utilizada como medicinal no nordeste do Brasil, Acta Farm Bonaerense, v. 23, p.472-476, 2004. ROCHA E SILVA, M.; GARCIA LEME, J. Chemical mediators of the acute inflammatory reaction. In: International series of Monographs in Pure and Applied Biology, Modern Trends in Physiological Sciences, v. 37, p. 1 – 47, 2006. RODRIGUES, V. G.; DUARTE, L. P.; SILVA, G. D. F.; SILVA, F. C.; GOES, J. V.; TAKAHASHI, J. A.; PIMENTA, L. P. S. Evaluation of antimicrobial activity and toxic potential of extracts and triterpenes isolated from Maytenus imbricata. Química Nova, v. 35, p. 1375-1380, 2012 RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRITO, E. S.; MORAIS, S. M.; SAMPAIO, C. G.; PÉREZJIMÈNEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F. D. Comunicado Técnico 127, de julho de 2007. 4f. Metodologia Científica: Determinação da Atividade Antioxidante Total em Frutas pela Captura do Radical Livre DPPH. Embrapa Agroindústira Tropical, 1º Edição on line. Fortaleza – CE, 200.7 Disponível em < http://www.cnpat.embrapa.br/cnpat/down/index.php?pub/cot_127.pdf >, Acesso em agosto 2012. RUIZ, L.; RUIZ, L.; MACO, M.; COBOS, M.; GUTIERREZ-CHOQUEVILCA, A. L.; ROUMY, V. Plants used by native Amazonian groups from the Nanay River (Peru) for the treatment of malária, Journal of Ethnopharmacology, v. 133, p. 917–921, 2011. SAFAYHI, H.; SAILER, E.R. Antiinflammatory actions of pentacyclic triterpenes. Planta Medica, v. 63, p. 487-493, 1997. SANTOS, R. I. Metabolismo básico e origem dos metabólitos secundários. In: SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6ª.ed. Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFSC/ Editora da UFRGS, p. 403-434, 2007 SANTOS, V. A. F. F. M.; LEITE, K. M.; SIQUEIRA, M. C.; REGASINI, L. O.; MARTINEZ, I.; NOGUEIRA, C. T.; GALUPPO, M. K.; STOLF, B. S.;PEREIRA, A. M. S.; CICARELLI, R. M. B.;FURLAN, M.; GRAMINHA, M. A. S. Antiprotozoal Activity of Quinonemethide Triterpenes from Maytenus ilicifolia (Celastraceae), Molecules, v. 18, p. 1053-1062, 2013 SANTOS, V. A.; REGASINI, L. O.; NOGUEIRA, C. R.; PASSERINI, G. D.; MARTINEZ, I.; BOLZANI, V. S.; GRAMINHA, M. A.; CICARELLI, R. M.; FURLAN, M. Antiprotozoal sesquiterpene pyridine alkaloids from Maytenus ilicifolia. Journal of Natural Products, v. 75, p. 991–995, 2012. SANTOS, V. L.; COSTA, V. B. M.; AGRA, M. F.; SILVA, B. A.; BATISTA, L. M.; Pharmacoloical studies of ethanolic extracts of Maytenus rígida mart (Celastraceae) in animal models, Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, p. 336-342, 2007 - 164 - SETH, C. S.; MISRA, V.; CHAUHAN, L. K. S. Genotoxicity of cadmium on root meristem cells of Allium cepa: cytogenetic and Comet assay approach. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 71, p. 711-716, 2008. SETTY, A. R.; SIGAL, L. H. Herbal Medications Commonly Used in the Practice of Rheumatology: Mechanisms of Action, Efficacy, and Side Effects. Seminars in Arthritis and Rheumtism, v. 34, p. 773 – 784, 2005. SHERWOOD, E. R.; TOLIVER-KINSKY, T. Mechanisms of the inflammatory response. Best Practice ; Research Clinical Anaesthesiology, v. 18, p. 385 – 405, 2004. SHIROTA, O.; MORITA, H.; TAKEYA, K.; ITOKAWA, H. Sesquiterpene pyridine alkaloids from Maytenus ilicifolia, Heterocycles, v. 38, p. 383-389, 1994. SILVA, F. C.; OLIVEIRA, M. L. G.; FIGUEIREDO, R. C.; DUARTE, L. P.; SILVA, G. D. F.; VIEIRA FILHO, S. A. Triterpenos pentacíclicos de Maytenus gonoclada (Celastraceae). In: 32ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química – SBQ, 2009b, Ceará, Anais Eletrônicos, Disponível em: <http://sec.sbq.org.br/cdrom/32ra/resumos/T0944-1.pdf>, Acesso em: Dez. 2012 SILVA, G. D. F.; SILVA, S. R. S.; BARBOSA, L. C. A.; DUARTE, L. P.; RIBEIRO, S. M. R.; QUEIROZ, J. H.; FILHO, S. A. V.; OLIVEIRA, M. R. L. Antioxidant activity of Maytenus imbricata Mart., Celastraceae, Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 19, p. 530-36, 2009a SILVA, J. L.; SILVA, R. P.; JORGE, R. M.; FATIMA SILVA, G. D.; VIEIRA FILHO, S. A.; FONSECA, A. P. N. D.; TAGLIATI, C. A. Avaliação da atividade antiulcerogênica da Maytenus truncata Reiss (Celastraceae). Braz. J. Pharmacogn., v. 15, p. 30 – 35, 2005. SILVA, M. C.; CARVALHO, J. C. T. Plantas Medicinais: In: Fitoterápicos. Anti-inflamatórios. Aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto, SP, Tecmedd, 480 p, 2004 SILVA, M. I. G.; MELO, C. T. V.; VASCONCELOS, L. F.; CARVALHO, A. M. R.; SOUZA, F. C. F. Bioactivity and potential therapeutic benefits of some medicinal plants from the Caatinga (semiarid) vegetation of Northeast Brazil: a review of the literature, Revista Brasileira Farmacognosia, v. 22, p. 193-207 2011 SILVA, M. S.; SOUSA, D. P.; MEDEIROS, V. M.; FOLLY, M. A. B.; TAVARES, J. F.; BARBOSAFILHO, J. Alkaloid, flavonoids, and pentacyclic triterpenoids of Maytenus obtusifolia Mart., Biochemical Systematics and Ecology, v. 36, p. 500-503, 2008. SILVA, R. D. Radicais livres: conceito, fisiopatogenia, sistema de defesa e estresse oxidativo, 2010, p. 26, Apostila, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Escola Veterinária, Universidade Federal de Goiás – UFG, 26p. 2010. SILVA, S. R. S. Estudo químico e avaliação do potencial farmacológico e herbicida de Maytenus imbricata Mart. ex. Reissek. 2007. 226f. Tese (Doutorado) Departamento de Química, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte – MG. 2007. - 165 - SILVA, S. R. S.; SILVA, G. D. F.; BARBOSA, L. C. A.; DUARTE, L. P.;KING-DIAZ, B.; ARCHUNDIA-CAMACHO, F.; LOTINA-HENNSEN, B. Uncoupling and inhibition properties of 3,4-seco-friedelan-3-oicacid isolated from Maytenus imbricata, Pesticide Biochemistry and Physiology, v. 87, p. 109–114, 2007 SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6ª.ed. 1002 pg. Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFSC/ Editora da UFRGS. 2007. Sistema de Informações de Vigilância Epidemiológica – Notificações de casos – Sivep/Malária e Banco de dados do Sistema Único de Saúde - Datasus. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br>, Acessado em 18/01/2013. SOSA, S.; MORELLI, C. F.; TUBARO, A.; CAIROLI, P.; SPERANZA, G.; MANITTO, P. Antiinflammatory activity of Maytenus senegalensis root extracts and of maytenoic acid, Phytomedicine, p. 14, p. 109–114, 2007 SOUSA, G. F.; DUARTE, L. P.; ALCANTARA, A. F. C.; SILVA, G. D.; VIEIRA-FILHO, S. A.; SILVA, R. R.; OLIVEIRA, D. M.; TAKAHASHI, J. A. New triterpenes from Maytenus robusta: structural elucidation based on NMR experimental data and theoretical calculations, Molecules, v. 17, p. 13439-13456, 2012. SOUSA, J. R.; PINHEIRO, J. A.; RIBEIRO, E. F.; SOUZA, E.; MAIA, G. S. A sesquiterpene evoninoate alkaloid from Maytenus guianensis, Phytochemistry, v. 25, p. 1776-1778, 1986. SOUZA, C. M. M.; SILVA, H. R.; VIEIRA-JR, G. M.; AYRES, M. C. C.; COSTA, C. L. S.; ARAÚJO, D. S.; CAVALCANTE, C. D.; BARROS, E. D. S.; ARAÚJO, P. B. M.; BRANDÃO, M. S.; CHAVES, M. H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais, Química Nova, v. 30, p. 351-355, 2007 SOUZA, S. A. M. Efeito de extratos aquosos de plantas medicinais nativas do Rio Grande do Sul sobre a germinação de sementes de alface. Revista Publicatio, v.11, p.29-38, 2005 SOUZA-FORMIGONI, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M.; MONTEIRO, M. G.; SILVEIRA-FILHO, N. G.; BRAZ, S.; CARLINI, E. A. Anitulcerogenic effects of two Maytenus species in laboratory animals. Journal of Ethnopharmacology, v. 34, p. 21-27, 1991. SPIVEY A. C.; WESTON, M.; WOODHEAD, S. Celastraceae sesquiterpenoids: biological activity and synthesis. Chemical Society Reviews, v. 31, p. 43-59, 2002. STURBELLE, R. T.; PINHO, D. S.; RESTANI, R. G.; OLIVEIRA, G. R.; GARCIAS, G. L.; MARTINO-ROTH, M. G. Avaliação da atividade mutagênica e antimutagênica da Aloe vera em teste de Allium cepa e teste de micronúcleo em linfócitos humanos binucleados, Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 20, p. 409-415, 2010 SUFFNESS, M.; PEZZUTO, J. M. Assays related to cancer drug discovery. In: Hostettmann K, (ed.). Methods in plant biochemistry: assays for bioactivity. London: Academic Press, p. 71-133, 1990. - 166 - SUGISHITA, E.; AMAGAYA, S.; OGIHARA, Y. Anti-inflammatory testing methods: comparative evaluation of mice and rats. Journal of Pharmacobiodynamics, v. 8, p. 565 – 575, 1981. SUNIL, C.; DURAIPANDIYAN, V.; IGNACIMUTHU, S. Antioxidant, free radical scavenging and liver protective effects of friedelin isolate from Azima tetracantha Lam. leaves, Food Chemistry, 2013. Disponível em <http://dx.doi.org/10.1016/j.foodchem.2012.12.041>, Acesso em: janeiro/2013 TKALEC, M.; MALARIC, K.; PAVLICA, M.; PEVALEK-KOZLINA, B.; VIDAKOVIC-CIFREK, Z. Effects of radiofrequency electromagnetic fields on seed germination, root meristematic cells of Allium cepa L. Mutation Research, v. 672, n. 2, p. 76–81, 2009. TLASKALOVA-HOGENOVA, H.; TUCKOVA, L.; STEPANKOVA, R.; RUDICOVIC, T.; PALOVA—ELINKOVA, L.; KAZAKOVA, H.; ROSSMANN, P.; SANCHES, D.; CINOVA, J.; HNRCU, T.; KVERKA, M.; FROLORVA, L.; UHLIZ, H.; POWRIE, F.; BLAND, P. Involvement of innate immunity in the development diseases. Annals of the New York Academy of Sciences. v. 105, p. 787-798, 2005 TRAGER W.; J. JENSEN. Human malaria parasites in contínuous culture. Science, v. 193. p: 673675. 1976. TURKOGLU, S. Evaluation of genotoxic effects of sodium propionate, calcium propionate and potassium propionate on the root meristem cells of Allium cepa. Food and Chemical Toxicology, v 27, p. 55-61, 2008. UKIYA, M.; AKIHISA, T.; YASUKAWA, K.; TOKUDA, H.; SUZUKI, T.; KIMURA, Y. AntiInflammatory, Anti-Tumor-Promoting, and Cytotoxic Activities of Constituents of Marigold (Calendula officinalis) Flowers, Journal of Natural Products, v. 69, p.1692 – 1696, 2006. VEIGA JUNIOR, V. F.; PINTO, A. C. O gênero Copaifera L. Química Nova, v. 25, p. 273-286, 2002. WAAKO, P. J.; GUMEDE, B.; SMITH, P.; FOLB, P. I. The in vitro and in vivo antimalarial activity of Cardiospermum halicacabum L. and Momordica foetida Schumch. Et Thonn. Journal of Ethnopharmacology, v. 99, p: 137-143, 2005. WINTER, C. A.; RISLEY, E. A.; NUSS, G. W. Carrageenin-induced oedema in hind paw of the rat as an assay for anti-inflammatory drugs. Proceedings of the Society for Experimental Biology and Medicine, v. 111, p. 544 – 547, 1962. YAMAMOTO, A.; NAKAMURA, K.; FURUKAWA, K.; KONISHI, Y.; OGINO, T.; HIGASHIURA, K.; YAGO, H.; OKAMOTO, K.; OTSUKA, M. A new nonpeptide tachykinin NK1 receptor antagonist isolated from the plants of Compositae. Chemical and Pharmaceutical Bulletin, v. 50, p. 47 – 52, 2002. YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Plantas medicinais - sob a ótica da química medicinal moderna. Volume Único, 1ª Edição, Editora Argos, Chapecó - SC, 523 p, 2001. - 167 - YUNES, R. A.; CECHINEL FILHO, V. Breve análise histórica da Química de Plantas Medicinais: Sua importância na atual concepção de fármaco segundo os paradigmas Ocidental e Oriental: In: R. A. Yunes, J. B. Calixto, Plantas Medicinais sob a ótica da Química Medicinal Moderna. Volume Único, 1ª Edição, Editora Argos, Chapecó - SC, 523 p, 2001. - 168 - 7. ANEXOS ANEXO I Formulário de Autorização de coleta de material vegetal de Maytenus guianensis Klotsch ex Reissek - 169 - - 170 - ANEXO II Certificado da Comissão de Ética no Uso de Animais - 171 - APÊNDICE I Espectros da análise da Atividade Antioxidante Espectro do DPPH - 172 - Espectro do Extrato Acetônico da Entrecasca (EAMG) - 173 - Espectro do Eluato Hexânico (EHMG) - 174 - Espectro do Eluato Clorofórmico (EClMG) - 175 - Espectro do Eluato Acetônico (EAcMG)