Vivemos num Paraíso! Tudo vai ser melhor, tudo está (quase)
bem, tudo o que aconteceu era “necessário”, as galinhas têm
dentes, nós é que não vemos bem! Assim é, se engolirmos o que o Governo diz,
se acreditarmos no que a TV, a rádio e os jornais dizem...
Mas, mesmo para os mais crentes e ingénuos, o mundo em que vivemos
dificilmente pode ser um paraíso. Este que nos impingem agora é, apenas e só,
mais-do-mesmo: mais austeridade e mais desemprego para 99% dos
portugueses; e também mais alguns milionários, à custa de haver muitos mais
emigrantes, muitos mais desempregados, muito mais pobreza e dificuldades para
a imensa maioria!
E se não confiarmos no Governo? E se escolhermos não acreditar no que a TV,
a rádio e os jornais dizem? E se tentarmos, também, saber o que não dizem, e
porquê? Com ou sem surpresa, descobrimos que acontecem coisas à nossa
volta, de que não se fala, que desmentem o que nos é dito, que nos dão alguma
esperança e confiança. Que nos dizem que está ao nosso alcance mudar de
rumo!
Falemos de um exemplo, o da UNICER, aqui bem perto de nós, onde era
administrador o atual ministro da Economia. Em Outubro de 2014, o
despedimento ilegal de um funcionário da fábrica de Leça do Balio motivou uma
greve solidária de todos os trabalhadores daquela unidade de produção. A
deputada Catarina Martins e outros responsáveis do BE estiveram no local. Do
contacto com os trabalhadores e seus representantes foi possível apurar
diversos casos de potenciais práticas laborais ilegais, incluindo a existência de
mais de 50 trabalhadores a ocuparem postos de trabalho efectivos sem vínculo
contratual, com o recurso abusivo à figura jurídica do trabalho temporário (em
alguns casos foram assinados 23 contratos mensais consecutivos, ao longo de 2
anos, sem direito a férias!). Três requerimentos, denunciando estas situações,
foram entregues na Assembleia da República.
O que nos dá esperança e confiança num outro rumo para o nosso país é o que
pode aprender-se desta luta exemplar: o que toca a um, toca a todos! A
solidariedade tem força, não é letra morta. O que era irreversível deixou de o ser:
o trabalhador despedido foi readmitido, em Novembro passado! Mais ainda:
diversas propostas que tinham sido apresentadas pelos representantes dos
trabalhadores foram aceites pela administração da empresa, sem mais demora!
Morada: R Simão Bolivar, C.C. Venepor, lj 48; 4470-214 Maia ,Tlf: 22 942 9010,| E-mail: [email protected]
Sabia que uma luta laboral terminou por uma vitória, que ela foi um exemplo
ímpar da força da solidariedade? Foi coisa de que TV, rádio e jornais não falaram.
Porquê? Porque têm “dono”. Porque à direita convém o rumo que imprimiu ao
nosso país, e há que silenciar os que não são mais-do-mesmo. Convém-lhe
mentir e dizer que tudo o que acontece é inevitável, convém-lhe afirmar que o
caminho por onde quer levar-nos é o único possível, convém-lhe afirmar que a
esquerda, quando aponta que há outro caminho, não está neste mundo real, mas
sim, no mundo dos sonhos. De tanto repetir o mesmo, as muitas vozes da direita
tentam e tentarão fazer-nos acreditar que as galinhas têm dentes... Mesmo que
seja mentira, e sabemos todos que o é...
Mas uma coisa é verdade: a esquerda sonha! Sonha construir um mundo mais
justo! Sonha tornar o sonho realidade!
Porque ser de esquerda é querer mudar de rumo: o que, no imediato, significa
defender o estado social, exigir a renegociação da dívida, promover o emprego!
Tomar outro rumo, um rumo novo, que não seja, apenas e só, mais-do-mesmo!
Os 617 delegados à IX Convenção do
Bloco de Esquerda escolheram a moção
Revolta Cidadã para Vencer a Austeridade*
para documento de orientação política da
atividade do BE nos próximos 2 anos, e
elegeram os órgãos nacionais do partido, onde todas as sensibilidades
internas estão largamente representadas. A porta-voz do partido é agora
Catarina Martins, um dos 6 membros da nova Comissão Permanente.
Para os comentadores que há 15 anos dizem que o Bloco vai acabar, o
nosso partido continua a ser um mistério: não expulsou ninguém, não se
desagregou, não se tornou um apêndice de um qualquer outro partido, e
continua a afirmar que é a pluralidade das vozes que nele se reconhecem que
o torna um partido mais forte, e não mais fraco, e que ela não nos impediu
nunca, nem impedirá, de sabermos estar juntos na ação, na luta por uma
sociedade mais justa!
O BE reforça-se na descentralização do debate e da ação, na
pluralidade de vozes em luta contra a austeridade!
* http://www.bloco.org/media/mocao_IXconvbloco.pdf
Morada: R Simão Bolivar, C.C. Venepor, lj 48; 4470-214 Maia ,Tlf: 22 942 9010,| E-mail: [email protected]
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Boletim Janeiro 2015 (P. 3-4) - Bloco Maia