Considerações finais
Pr. Leandro B. Peixoto
2Coríntios 13.11-14
Despedida da IBCentral
Considerações finais
2Coríntios 13.11-14
11 Sem mais, irmãos, despeço-me de vocês! Procurem aperfeiçoar-se, exortem-se mutuamente,
tenham um só pensamento, vivam em paz. E o Deus de amor e paz estará com vocês. 12 Saúdem
uns aos outros com beijo santo. 13 Todos os santos lhes enviam saudações. 14 A graça do Senhor
Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês.
Pastores-mestres
O primeiro sermão que eu preguei na IBCentral, após tomar posse
como pastor adjunto do Pr. Marcílio, estava baseado em Efésios 4.7-16. O
título que dei foi: “O ministério pastoral e o serviço dos santos”. A tese era que
o próprio Senhor Jesus concedeu às suas igrejas “pastores-mestres”, com o
objetivo de que eles se afadigassem na palavra e no ensino (1Tm 5.17),
preparando os santos para a obra do ministério.
Foi assim que, ao longo desses quase 13 anos entre vocês, eu busquei
desenvolver o meu ministério (seriam completados em 01/02/2016).
Procurei, com o meu melhor e pela graça de Deus, ser o pastor-mestre que a
igreja precisava, pois entendo que, assim como na academia, na igreja os
pastores desenvolvem um trabalho acadêmico. De outra forma, o Senhor não
os chamaria de “pastores-mestres” (Ef 4.11) e Paulo não diria que eles
precisam ser apegados à Palavra e aptos para ensinar (Tt 1.9; 1Tm 3.2).
Trabalho acadêmico
Alguém já disse que “trabalho acadêmico é o texto resultado de algum
dos diversos processos ligados à produção e transmissão de conhecimento”.
Agora, quem pensa que comparar o ministério da Palavra ao trabalho
acadêmico é ir longe demais, precisa ler de novo as palavras de Paulo em
2Coríntios, que dizem assim:
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2Co 3.1-3 | 1 (…) Será que precisamos, como alguns, de cartas de recomendação para vocês ou
da parte de vocês? 2 Vocês mesmos são a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida
por todos. 3 Vocês demonstram que são uma carta de Cristo, resultado do nosso ministério,
escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas
de corações humanos.
* O resultado do ministério de um pastor (o seu trabalho acadêmico,
o seu texto) é verificado (é lido) na vida das ovelhas.
** A produção e a transmissão de conhecimento do pastor, os seus
ensinamentos, ficam todos escritos “não com tinta, mas com o
Espírito do Deus vivo” nos corações das ovelhas.
*** As grandes realizações de um pastor não estão na estrutura que
ele construiu ou destruiu, “mas em tábuas de corações humanos”.
Dessa forma, vocês, minhas ovelhas até aqui, compõem o meu trabalho
acadêmico, são a minha carta, o meu texto, a glória do meu ministério. As
insondáveis riquezas de Cristo, gravadas no coração de todos, pela pregação,
pelo ensino, pelo aconselhamento e pelo discipulado, compõem o trabalho
acadêmico da minha vida aqui como seu pastor.
Que eu seja assim lembrado por vocês.
Considerações finais
Todo trabalho acadêmico possui, essencialmente, três partes, três
elementos textuais: introdução, desenvolvimento e conclusão (ou
considerações finais).
Paulo, por ter sido instruído nos grandes centros de ensino de Tarso,
sabia bem disso. Por exemplo, 2Coríntios tem introdução (1.1-2),
desenvolvimento (1.3 a 13.10) e conclusão (13.11-14). Todos os trabalhos do
apóstolo aos gentios, que estão registrados no Novo Testamento, possuem
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essa estrutura (começo, meio e fim - introdução, desenvolvimento e
considerações finais).
Aqui em 2Coríntios 13.11-14 nós temos a mais bela conclusão escrita
por Paulo. Quem lê fica com a sensação de que Paulo estava terminando o
seu ministério naquela cidade. Após seu tempo entre eles, seus ensinos
ministrados a eles, suas idas e vindas a eles, suas cartas de exortação e de
encorajamento, Paulo parece ter percebido que seu trabalho com aquela
igreja havia atingido o seu limite.
A verdade é que depois dessa carta, escrita entre 55 e 56 d.C., Paulo foi
executado em Roma entre os anos 64 e 67 d.C. Portanto, essas realmente
parecem ter sido as palavras finais do apóstolo à igreja, suas considerações
finais, sua despedida.
Bem, eu não espero ser executado nos próximos 9 ou 10 anos, mas o
tempo de minha partida entre os irmãos é chegado. Pretendo, pois, fazer das
considerações finais de Paulo aos Coríntios as minhas a vocês.
Pelas normas acadêmicas, como parte final do trabalho, considerações
finais oferecem “uma síntese dos elementos constantes no texto do trabalho,
unindo ideias e fechando as questões apresentadas na introdução do
trabalho”. É bem isso o que Paulo faz aqui. Ele sintetiza o seu ministério, une
suas ideias e fecha questões.
Nós podemos apresentar essas considerações finais em três partes: (1)
uma exortação final; (2) uma convicção final; e (3) uma oração final.
1. Uma exortação final | 2Coríntios 13.11-12
Paulo se despede consciente de que, apesar de tudo o que ele fez, de
todo o seu empenho, a obra do Senhor entre eles não havia terminado com o
término do ministério dele. Afinal, como ele mesmo disse anteriormente,
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1Co 3.6-9 | 6 Eu [Paulo] plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer; 7 de modo que
nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o
crescimento. 8 O que planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será recompensado
de acordo com o seu próprio trabalho. 9 Pois nós somos cooperadores de Deus; vocês são
lavoura de Deus e edifício de Deus.
Assim como Paulo, eu tenho a consciência de que não fiz tudo, mas
somente aquilo para o que Deus me designou a fazer. Por isso, posso dizer
com o apóstolo…
2Co 13.11 | Sem mais [finalmente, quanto ao mais], irmãos, despeço-me de vocês!
Paulo se despede recordando exortações que tão frequentemente ele
fez aos Coríntios ao longo do seu ministério. Por quê? Porque a obra estava
inacabada. Afinal, alguns são os que semeiam, outros são os que regam e
outros mais são os que colhem. Deus, porém, é quem dá o crescimento, pois
a igreja é lavoura dele.
Que exortação final Paulo faz aos Coríntios? O que ele ainda enxergava
como obra inacabada na vida deles? Há quatro imperativos que revelam o
que eles precisavam continuar buscando. Observe.
1.1 - Crescimento espiritual
2Co 13.11 | “Procurem aperfeiçoar-se”.
“Aperfeiçoar” vem do grego “restaurar”. Paulo está dizendo que ainda
há consequências do pecado em nós, e que por isso nós precisamos de
restauração. Estamos sempre em obras. É a Palavra que nos restaura.
1.2 - Cuidado mútuo
2Co 13.11 | “Exortem-se mutuamente”.
“Exortar” vem do grego “consolar, encorajar”. Precisamos uns dos outros
na obra da santificação, para a perseverança, para o aperfeiçoamento ou a
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restauração que ainda carecemos. Precisamos da comunhão. O cuidado
mútuo é indispensável para o cristianismo.
1.3 - Coesão entre os membros
2Co 13.11 | “Tenham um só pensamento, vivam em paz”.
“Tenham um só pensamento” vem do grego “tenham o mesmo parecer,
sejam harmoniosos em pensamentos e alvos”. A igreja é um corpo, e todos os
membros devem trabalhar sob a direção da mesma Cabeça - Cristo.
O princípio de autoridade espiritual é, portanto, indispensável. Deus
levanta líderes, pastores, guias que precisam ser ouvidos e respeitados. Esse é
o princípio cristão - coesão entre os membros.
1.4 - Carinho para repartir
2Co 13.12 | “Saúdem uns aos outros com beijo santo”.
Paulo estava tão preocupado com crescimento espiritual, com cuidado
mútuo e com coesão entre os membros que ele foi espantosamente direto
no que diz respeito à demonstração de afeto e de carinho (onde tudo se
traduz!) - “Saúdem uns aos outros com beijo santo”.
William Klassen, escrevendo sobre “beijo”, no Anchor Bible Dictionary,
destacou algo muito importante:
Há um consenso geral de que o “ósculo santo” teve sua origem na prática que surgiu no início
da igreja cristã, entre os próprios crentes, com o impulso que vem, provavelmente, da forma
de vida do próprio Jesus. Nada análogo há que se encontre entre quaisquer sociedades
greco-romanas, nem, aliás, em Qumran. Os mestres do mundo antigo não costumavam
incentivar seus alunos a se cumprimentarem com beijos. Assim, o “beijo santo” é para ser
visto no contexto de pessoas que estão construindo uma nova realidade social. A
admoestação para se beijar serve para destacar a liberdade de se expressar sem inibição o
ardor do agapē no contexto das relações.
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Paulo está dizendo que, com todo respeito e com todo carinho, os
crentes precisam repartir carinho, afeto e amor.
A exortação final de Paulo, portanto, é para que se siga buscando o
crescimento espiritual, exercitando o cuidado mútuo, batalhando pela
coesão entre os membros e se alegrando em ter carinho para repartir. Que
assim seja com todos vocês, irmão e irmãs amados da IBCentral.
2. Uma convicção final | 2Coríntios 13.11, 13
Paulo sabe que tais posturas não são naturais. Precisamos de obra
sobrenatural, de graça sobre graça em nossas vidas. Por isso que ele fala de
suas convicções. Veja…
2Co 13.11, 13 | 11 (…) E o Deus de amor e paz estará com vocês. (…) 13 Todos os santos
lhes enviam saudações.
Perceberam? Paulo fala de duas coisas fundamentais para o progresso na
vida cristã: o amor de Deus e a comunhão dos crentes. Sem o Senhor e sem
os servos de Cristo nós morreremos ao longo da peregrinação.
Há, porém, uma convicção, nunca nos faltará o amor de Deus nem a
comunhão dos irmãos. Tanto é assim que Davi pôde se expressar, dizendo:
Sl 16.1-3 | 1 Protege-me, ó Deus, pois em ti me refugio. 2 Ao Senhor declaro: “Tu és o meu
Senhor; não tenho bem nenhum além de ti”. 3 Quanto aos fiéis que há na terra, eles é que são os
notáveis em quem está todo o meu prazer.
A convicção de Paulo e de Davi é a minha também. Nunca lhes faltará o
amor de Deus nem a amizade dos fiéis que há na terra. Basta que vocês se
disponham a buscar. Eu estarei sempre ao seu dispor.
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3. Uma oração final | 2Coríntios 13.14
Paulo termina orando a bênção trinitariana. Entre nós ela ficou
conhecida como a bênção apostólica. Temos nela um resumo da mensagem
do evangelho, bem como de tudo o que Paulo havia pregado aos Coríntios.
2Co 13.14 | A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo
sejam com todos vocês.
A graça do Senhor Jesus Cristo
A graça de Jesus é revelada a nós em sua encarnação, morte e
ressurreição. Hernandes Dias Lopes destaca que, Cristo “sendo Deus, se fez
homem; sendo Rei, se fez servo; sendo rico, se fez pobre; sendo bendito, se
fez maldição; sendo santo, se fez pecado; sendo o autor da vida, morreu em
nosso lugar.”
Nossa salvação se dá pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo. A graça
é totalmente imerecida e, no entanto, maravilhosamente generosa e
espontaneamente voltada para a alegria dos pecadores em Deus.
O amor de Deus
O amor de Deus é a fonte de onde jorra a graça do Senhor Jesus Cristo.
A cruz não é a causa do amor de Deus, mas o seu resultado. Deus não passou
a nos amar depois que Cristo morreu por nós ou depois que nele cremos,
mas Cristo morreu por nós porque Deus nos amou com amor eterno.
O amor de Deus levou Jesus à cruz por nós e nos atraiu com graça
irresistível para a salvação.
A comunhão do Espírito Santo
Conhecemos a graça do Senhor Jesus Cristo e experimentamos o amor
de Deus mediante a comunhão do Espírito Santo. É o Espírito Santo que
aplica a nós a graça. Iluminando-nos, atraindo-nos, gerando em nós
sentimentos e emoções salvadoras. Somente ele pode nos convencer do
pecado, nos regenerar para a vida e nos santificar.
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A oração final de Paulo tem como objetivo estimular os cristãos a
trazerem à memória a graça de Jesus, o amor de Deus e a comunhão do
Espírito. Ele estava certo de que apenas isso poderia acabar com as tensões e
as dissensões em Corinto; apenas isso poderia criar um povo que busca o
crescimento espiritual, que pratica o cuidado mútuo, que batalha pela
coesão entre os membros e que reparte carinho e amor. Afinal, a graça do
Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo
pertencem a todos os que creem.
Considerações finais
Irmãos, as palavras finais de Paulo ao Coríntios são as minhas
considerações finais a vocês, que tanto amo e sempre carregarei no coração.
2Coríntios 13.11-14 | 11 Sem mais, irmãos, despeço-me de vocês! Procurem aperfeiçoar-se,
exortem-se mutuamente, tenham um só pensamento, vivam em paz. E o Deus de amor e paz
estará com vocês. 12 Saúdem uns aos outros com beijo santo. 13 Todos os santos lhes enviam
saudações. 14 A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo
sejam com todos vocês.
Amém!
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