FACULDADE TECSOMA Curso de Graduação em Enfermagem CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NAS FAMÍLIAS CADASTRADAS NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA CHAPADINHA NO MUNICÍPIO DE PARACATU-MG Fátima Aparecida dos Reis Ulhôa PARACATU-MG 2010 FÁTIMA APARECIDA DOS REIS ULHÔA CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NAS FAMÍLIAS CADASTRADAS NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA CHAPADINHA NO MUNICÍPIO DE PARACATU-MG Monografia apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, ministrada pelo Prof. Geraldo Benedito Batista de Oliveira, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora Temática: Evanir Soares Fonseca PARACATU-MG 2010 Ulhôa, Fátima Aparecida dos Reis. Consumo de bebidas alcoólicas nas famílias cadastradas no Programa de Saúde da Família Chapadinha no município de Paracatu-MG. / Fátima Aparecida dos Reis Ulhôa. – 2010. 73p. : il. color.; 30 cm. Orientadora: Evanir Soares Fonseca Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de Enfermagem, Paracatu, 2010. 1. Alcoolismo. 2. Teste de Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool (AUDIT). 3. Incidência. 4. Fatores de risco. I. Fonseca, Evanir Soares. II. Faculdade Tecsoma. III. Título. CDU 612.63 FÁTIMA APARECIDA DOS REIS ULHÔA Consumo de bebidas alcoólicas nas famílias cadastradas no Programa de Saúde da Família Chapadinha no município de Paracatu-MG. Monografia apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. _______________________________________________ Evanir Soares Fonseca Orientadora Temática _______________________________________________ Geraldo Benedito Batista de Oliveira Professor Supervisor PARACATU-MG, 21 de junho de 2010 Dedico ao meu esposo, filhos, familiares, professores e colegas que juntos me incentivaram nessa difícil jornada. AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus razão do meu viver. Ao meu esposo Adelmar Kepler Andrade Ulhôa pela força, carinho, incentivo em todos os momentos. Aos meus queridos filhos Gabriel Kepler dos Reis Ulhôa e Rafaely Kepler dos Reis Ulhôa que estiveram sempre ao meu lado sempre incentivando e ajudando. A todos os professores, familiares, amigos e colegas que juntos torceram por mais essa vitória na minha vida. Em especial minha orientadora Evanir Soares Fonseca pela presteza, cordialidade e confiança, ao professor Geraldo Benedito Batista de Oliveira, pela orientação metodológica, ao grupo A.A. pelas relevantes informações e carinho, a enfermeira Vânia e aos moradores da Chapadinha os quais foram grandes colaboradores para a realização deste trabalho, à coordenadora Rosalba Cassuci Arantes pela força e amizade e, todos os funcionários da biblioteca pela paciência, atenção e amizade. “Em todas as nossas atividades” O serviço prestado com prazer, as obrigações cumpridas com retidão, os problemas bem aceitos ou solucionados com a ajuda de Deus, o reconhecimento de que em casa ou fora dela somos parceiros em um esforço comum, o fato de que aos olhos de Deus todos os seres humanos são importantes, a prova de que o amor livremente concedido traz um retorno completo, a certeza de não estarmos mais isolados e sozinhos em prisões construídas por nós mesmos, a certeza de que podemos nos adaptar e pertencer ao esquema das coisas criadas por Deus, essas são as satisfações permanentes e legítimas que fruímos de uma vida correta que nenhuma pompa e circunstância, e nenhum amontoado de posses ateriais, poderiam possivelmente substituir. Bill Wilson. LISTA SIGLAS AA – Alcoólicos anônimos AVAI - Anos de Vida Ajustados por Incapacidade AL-ANON – Programa de Doze Passos para familiares e amigos de alcoólico AL-ATEEN – Divisão de Al-Anon dedicada a pessoas mais jovens que são afetadas pelo hábito de alguém beber AUDIT: Teste de identificação de Distúrbio de uso de álcool AVAI – Anos de Vida Ajustados por Incapacidade CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas CID-10 – Classificação Internacional de Doenças IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística JUNAAB – Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil OMS – Organização Mundial de Saúde PSF – Programa de Saúde da Família SAA – Síndrome de Abstinência do Álcool SAF – Síndrome aguda fetal SDA – Síndrome da dependência do álcool SENAD – Secretaria Nacional Antidrogas SIAB – Sistema de Informação de atenção Básica SUS – Sistema Único de Saúde TCC – Trabalho de conclusão de curso. UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo RESUMO O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a incidência do consumo de álcool na população acima de 15 anos, cadastrados no Programa de Saúde da Família Chapadinha, no município de Paracatu, Minas Gerais. As informações foram coletadas foi através de entrevista estruturada com perguntas predeterminadas realizada nas residências dos moradores (n=332) foram aplicados o Teste de Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool (AUDIT) e um questionário estruturado para informações sociodemográficas. Os resultados mostram que 79% faz uso de bebidas alcoólicas e enquanto 21% não consomem bebidas alcoólicas. De acordo com a pontuação no questionário AUDIT, observou-se que 62% relataram sintomas de dependência ao álcool, e 47% já manifestam danos ocasionados pelo consumo de álcool. Os dados apontam que as pessoas estão cada vez mais acometidas pelo uso do álcool, havendo necessidade urgente de implantação de políticas públicas visando ações de saúde direcionadas ao alcoolismo, a fim de buscar abordagens que ampliem o olhar e as possibilidades de intervenção em nível da prevenção, promoção à saúde e bem como tratamento dos alcoolistas. Palavras- chave: alcoolismo. Teste de Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool (AUDIT). Incidência. Fatores de risco. ABSTRACT The present study was to evaluate the incidence of alcohol consumption in the population over 15 years, enrolled in the Family Health Program Chapadinha, in Paracatu, Minas Gerais. Information was collected through interviews was structured with predetermined questions held in the homes of residents (n = 332) were applied to the Identification Test Problems Related to Alcohol (AUDIT) and a structured questionnaire for sociodemographic information. The results show that 79% makes use of alcoholic beverages while 21% did not consume alcohol. According to scores on the AUDIT questionnaire, it was observed that 62% reported symptoms of alcohol dependence, and 47% had manifest damage caused by alcohol consumption. Data indicate that people are increasingly affected by alcohol use, urgent need to implement public policies aimed at health actions directed to alcoholism, aim to seek approaches that broaden perspectives and possibilities for intervention in the prevention, and health care and treatment of alcoholics. Keywords: alcoholism. Identification Test Problems Related to Alcohol (AUDIT). Incidence. Risk factors. LISTA DE TABELAS TABELA 1: Perfil socioeconômico dos usuários entrevistados, PSF Chapadinha, 2010 ............................................................................................ 44 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: Distribuição dos entrevistados, conforme a bebida alcoólica consumida, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 .................................................. 47 GRÁFICO 2: Distribuição dos entrevistados, conforme a freqüência do consumo de bebida alcoólica, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 ..................... 48 GRÁFICO 3: Distribuição dos entrevistados, quanto ao número de doses de bebida alcoólica consumidas em dia de consumo, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 0 ............................................................................................... 49 GRÁFICO 4: Distribuição dos entrevistados, conforme a freqüência do consumo de 6 ou mais doses de bebida alcoólica numa mesma ocasião, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 ............................................................................. 50 GRÁFICO 5: Distribuição dos entrevistados, conforme a freqüência durante os últimos 12 meses percebeu que não conseguia parar de beber, uma vez que havia começado, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 .................................. 50 GRÁFICO 6: Distribuição dos entrevistados, conforme quantidade de vezes durante o ano passado deixou de fazer o que era esperado devido ao uso de bebidas alcoólicas, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 ...................................... 51 GRÁFICO 7: Distribuição dos entrevistados, conforme quantidade de vezes durante os últimos 12 meses precisou de uma primeira dose pela manhã para sentir-se melhor depois de uma bebedeira, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 ................................................................................................................. 52 GRÁFICO 8: Distribuição dos entrevistados, conforme quantidade de vezes no ano passado sentiu-se culpado ou com remorso depois de beber, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 ............................................................................. 53 GRÁFICO 9: Distribuição dos entrevistados, conforme quantidade de vezes durante o ano passado não conseguiu lembrar o que aconteceu na noite anterior porque estava bebendo, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 ................ 53 GRÁFICO10: Distribuição dos entrevistados, conforme freqüência de crítica recebida pelo resultado das suas bebedeiras, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 ................................................................................................................. 54 GRÁFICO 11: Distribuição dos entrevistados, em que algum parente, amigo, médico ou qualquer outro trabalhador da área de saúde referiu-se às suas bebedeiras ou sugeriu parar de beber, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 ........ 55 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1.1 Justificativa ............................................................................................. 1.2 Objetivos ................................................................................................. 1.2.1 Objetivo geral ...................................................................................... 1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................... 14 18 20 20 20 2 ALCOOLISMO ............................................................................................ 2.1 Fatores de risco ...................................................................................... 2.2 Síndrome da dependência ..................................................................... 2.3 Síndrome da abstinência ....................................................................... 2.4 Complicações ......................................................................................... 2.5 Custo social do alcoolismo ................................................................... 21 24 26 27 28 31 3 ALCOÓLICO ANÔNIMO (A.A.) .................................................................. 33 3.1 O Nascimento de A.A. e seu Desenvolvimento .................................... 33 3.2 História de A.A. no Brasil ....................................................................... 36 3.3 História do A. A. em Paracatu ............................................................... 39 4 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA ..................................................... 41 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 44 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 57 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 58 APÊNDICE ..................................................................................................... 66 ANEXO ............................................................................................................ 72 14 1 INTRODUÇÃO A palavra alcoolismo foi usada pela primeira vez em 1854 por Magnus Huss para significar o uso abusivo de bebidas alcoólicas e as consequências, sintomas e sinais patológicos físicos e psíquicos apresentados pelo alcoolista, alcoólico ou ainda alcoólatra. A palavra álcool é de origem árabe e etimologicamente que dizer coisa sutil, enganadora. (SILVEIRA,1997). Uma das maiores calamidades sociais do mundo moderno é o alcoolismo. Produz no viciado uma perda progressiva do senso ético da vida, crescente perda senso de responsabilidade, diminuição da produtividade em qualquer gênero de atividade profissional. A perda do senso ético conduz o alcoólatra crônico a ir descendo na escala social dos companheiiros que busca para as suas libações. (SILVEIRA,1997). Segundo Ramos e Bertolote (1997) o álcool é uma droga psicoativa que admite dependendo da dose, da freqüência e das circunstâncias um uso sem problemas. Contudo, o seu uso inadequado pode trazer graves conseqüências tanto a nível orgânico, como psicológico e social, caracterizando a condição conhecida como alcoolismo. Esta passagem, do beber sem problemas ao alcoolismo, não se faz do dia para a noite. E um processo que admite uma longa interação entre o beber normal e o alcoolismo, em geral de vários anos. Nesta interação começam a aparecer os problemas relacionados ao uso inadequado do álcool. O beber passa a ser priorizado em relação a outras atividades, adquirindo cada vez mais importância na vida da pessoa. E, usando uma imagem, quando amigos, família, vida profissional, preocupação com o próprio corpo começam como a ser a parte desbotada de uma retrato antiga, em branco e preto, onde o detalhe que se destaca cada vez com mais clareza é o álcool. (RAMOS; BERTOLOTE, 1997) De acordo com Silveira (1997) em todas as as camadas sociais usa-se e abusa- se do álcool, desde os mais remotos tempos da humanidade alcoolismo é sem dúvida uma das maiores pragas sociais, mas infelizmente não há meios de extipar essa epidemia mundial. Alcoolismo é uma doença, é uma “entidade clínica” como se diz. Durante muito tempo o alcoolismo foi visto como sintoma de uma estrutura de personalidade 15 prévia alterada e então o que “causaria” o alcoolismo seriam os conflitos emocionais do indivíduo. (RAMOS; BERLOTE, 1997). Entre outras doenças, o consumo do álcool pode causar importantes alterações na mucosa gastrointestinal, no pâncreas e no fígado. (ALMEIDA; COUTINHO, 1993; SEITZ; HOMANN, 2001 apud FONTES; FIGLIE; LARANJEIRA, 2006). Segundo o consenso sobre a síndrome da abstinência do álcool (LARANJEIRA et al., 2000), as principais comorbidades clínicas do sistema gastrointestinal associadas ao consumo de bebidas alcoólicas são: pancreatite crônica, esteatose hepática, hepatite alcoólica, hemorragia digestiva, cirrose hepática com ou sem hepatite alcoólica, gastrite, esofagite de refluxo e tumores. Ainda no Brasil, o álcool é responsável por mais de 90% das internações hospitalares por dependência. (CARLINI et al., 2002). Em relação aos pacientes internados por problemas psiquiátricos, aproximadamente 35% apresentam problemas decorrentes do uso de substâncias psicoativas, sendo 90% ligados ao consumo de álcool. (NOTO; CARLINI, 1995). No entanto, a maior parte daqueles que procuram tratamento opta por ajuda médica geral e não por tratamento especializado em saúde mental. (TURISCO et al., 2000). De acordo com Almeida e Coutinho (1993) em relação à diminuição da qualidade dos aspectos sociais, lembrando que o álcool exerce uma função de mediador social em nossa e em muitas outras culturas, esse resultado torna-se compreensível. Na prática clínica, observa-se que dependentes e abusadores de álcool, ao pararem de beber, sentem-se socialmente prejudicados, uma vez que seus compromissos sociais em geral estão relacionados ao consumo alcoólico. O consumo e a dependência de substâncias constituem uma importante carga para os indivíduos e as sociedades em todo o mundo. O Informe sobre a Saúde no Mundo 2002 indicou que 8,9% da carga total de morbidade se deve ao consumo de substâncias psicoativas. (MATUTE; PILLON, 2008). Segundo Matute e Pillon (2008), entre as substâncias capazes de desenvolver problemas e dependência estão o álcool e o tabaco, consideradas drogas lícitas de maior índice de consumo em diferentes grupos da população. Alcoolismo é um dos principais problemas de Saúde Pública que afetam consideravelmente os setores mais vulneráveis da sociedade, como, por exemplo, os jovens - principalmente os estudantes, cuja etapa da vida é a que apresenta 16 maior risco para iniciar o consumo de álcool e tabaco, considerados por sua vez como porta de entrada para o uso de outras drogas. (MATUTE; PILLON, 2008). De acordo com Costa e outros (2004) o ato abusivo de álcool é elevado e acarreta inúmeras conseqüências negativas para a saúde e qualidade de vida dos indivíduos. Os resultados indicam uma alta prevalência de consumo abusivo de álcool e identificam alguns subgrupos da população mais suscetíveis ao alcoolismo. O uso abusivo de álcool também provoca direta ou indiretamente custos altos para o sistema de saúde, pois as morbidades desencadeadas por ele são caras e de difícil manejo. Além disso, a dependência do álcool aumenta o risco para transtornos familiares. (COSTA et al., 2004). O alcoolismo considerado uma das mais freqüentes doenças de todo o mundo transformou-se num grave problema social, que no Brasil triplicou nas últimas décadas. (DINIZ; RUFFINO, 1996). De acordo com Fornazier e Siqueira (2006), o alcoolismo, além de ser bastante antigo e disseminado, é também um dos mais graves problemas de saúde pública dos grandes centros civilizados, o que preocupa os profissionais da saúde, tanto envolvidos com pesquisa quanto aqueles dos programas de tratamento. Percebe-se que o uso do álcool vem causando considerável prejuízo à saúde de todas as populações, e, sendo essa uma droga lícita, não há restrições para seu consumo, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos, independentemente de classe social, econômica ou mesmo idade. (FORNAZIER; SIQUEIRA, 2006). Pelos mais diferentes prismas que se possa encarar o alcoolismo, o quadro é comum: trata-se de uma das mais freqüentes enfermidades em qualquer parte do mundo, que se transformou num grave problema social, pelas variadas conseqüências que dele advêm. (DINIZ; RUFFINO, 1996). Segundo Vargas e Luis (2008) apesar de amplamente aceito, e até estimulado socialmente, o consumo de álcool, quando excessivo torna-se um problema importante e acarreta altos custos para a sociedade. As intercorrências causadas pelo álcool extrapolam as amplamente divulgadas na literatura, caracterizando-o como um problema que acarreta graves conseqüências sociais e colocando-o entre os principais problemas de saúde pública da atualidade. A detecção dos grupos populacionais mais expostos ao consumo abusivo de álcool permite planejar ações de saúde mais eficazes, visando à diminuição dessa 17 morbidade e de outras doenças desencadeadas pelo alcoolismo. (VARGAS; LUIS, 2008). A alta freqüência de problemas relacionados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, inclusive em nosso meio, evidencia-se a importância da abordagem do alcoolismo, o qual, muitas vezes, não é diagnosticado por profissionais de saúde. (ROSA et al., 1998). De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 1990) citado por Rosa e outros (1998), um profissional de saúde devidamente esclarecido pode contribuir bastante em sua comunidade, tanto na prevenção do alcoolismo, como na prevenção dos problemas derivados do uso do álcool. 18 1.1 Justificativa De acordo com Santos e Veloso (2008), O álcool tem sido apontado como a droga mais consumida ou, pelo menos, experimentada no Brasil. A facilidade com que essa droga é comercializada por ser lícita tem favorecido o seu elevado consumo, o que é apontado como umas das causas do alcoolismo, um problema que atinge milhões de brasileiros, que é considerado, por órgãos competentes, como um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e um dos grandes responsáveis por fatalidades em acidentes de trânsito, homicídio, suicídio e agressão. O uso crônico do álcool causa alterações comportamentais agressividade, conflitos familiares, violência urbana e doméstica e comprometimento orgânico por exemplos hipertensão arterial, gastrite, cirrose e clínicos por exemplos depressão, doenças mentais, que são as causas para buscar cuidados de saúde, contribuindo também para a alta prevalência de acidentes automobilísticos e o absenteísmo laboral. (ACAUAN; DONATO; DOMINGOS, 2008). No Brasil, dados do Ministério da Saúde revelam que cerca de 10% das internações autorizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são devido ao uso de álcool e 50% das internações psiquiátricas do sexo masculino são devido ao uso de álcool e 50% das internações psiquiátricas do sexo masculino são por alcoolismo. (RAMOS; BERTOLOTE, 1997). Para a Organização Mundial de Saúde a dependência do álcool acomete de 10% a 12% da população mundial. (OMS, 1999 apud FONTES; FIGLIE; LARANJEIRA, 2006). Diante de tal situação, pode-se concluir que os problemas relacionados ao consumo de álcool são igualmente alarmantes e responsáveis por mais de 10% dos problemas totais de saúde no Brasil. (MELONI; LARANJEIRA, 2004). Nas unidades de saúde onde o enfermeiro oferece cuidados de enfermagem, ele exerce uma função fundamental em identificar e talvez iniciar uma intervenção terapêutica aos pacientes com problemas relacionados ao uso de álcool ou pelo menos encaminhar a um serviço apropriado. (PILLON, 2005). Imprescindível que o enfermeiro busque novos saberes acerca do alcoolismo, o que lhe propiciará um novo olhar em relação ao uso abusivo de bebida alcoólica e 19 a oportunidade de prestar uma assistência mais eficiente e eficaz a população. (ACAUAN; DONATO; DOMINGOS, 2008). E através deste contexto o alto índice de pessoas sendo acometidas por consumo de bebidas alcoólicas e sendo cada vez mais doentes será que os programas de saúde da família estão trabalhando com a prevenção e os fatores de risco? 20 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral Avaliar a incidência do uso do álcool da população assistida pelo Programa de Saúde da Família da Chapadinha. 1.2.2 Objetivos específicos Averiguar o perfil dos usuários de bebidas alcoólicas e doentes alcoólicos do Programa de Saúde da Família da Chapadinha; Identificar o consumo de bebidas alcoólicas nas famílias que participam do Programa de Saúde da Família da Chapadinha; Verificar os fatores de risco que contribuem para o uso da bebida alcoólica. 21 2 ALCOOLISMO Não faz muito tempo o álcool foi incluído na lista das drogas. Isto se deve ao fato de ser uma droga lícita, mas nem sempre foi assim. Por outro lado, por ser legalizada tem sido verificado que é uma das drogas mais consumidas por adolescentes e jovens, sendo considerada “porta de entrada” para outras drogas (ilícitas). As substâncias psicoativas podem ser analisadas sob três aspectos: o legal, que define quais são as lícitas e as ilícitas; o moral relacionado à aceitação na sociedade, o científico, determinado pelo quadro epidemiológico do problema. O tabaco e o álcool só podem ser vendidos a maiores de 18 anos. Mas o seu consumo acontece por menores, muitas vezes acompanhados dos pais, caracterizando sua permissão moral. As conseqüências desse uso por parte dos adolescentes e que merecem atenção dos pais dizem respeito às dificuldades de comunicação e ao distanciamento afetivo que ocorre no âmbito familiar, também há a possibilidade da marginalização e maior susceptibilidade ao uso de substâncias ilícitas. (PEREIRA, 2001). Adolescência e alcoolismo parecem ter uma ligação muito estreita. A primeira é considerada como um “rito de passagem”, tornando a vulnerabilidade para o contato com as drogas ainda maior. Talvez para fugir das crises próprias desta fase de transição e da busca de auto-afirmação. E os adultos nem sempre acompanham as aventuras de seus filhos adolescentes. (BERTONI, 2004). [...] e quase sempre consideram absolutamente normal a experiência com o álcool, como se fosse parte do desenvolvimento de qualquer um, e não um primeiro degrau na escalada das drogas. Afinal, dizem eles, tomar o primeiro porre é como perder o primeiro dente: marca uma passagem obrigatória para todos os indivíduos de nossa cultura. (ARATANGY, 2000, p. 70). De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), atualmente há um intenso conteúdo emocional e apelo da mídia que são contraditórios, como a falta de controle sobre as drogas lícitas. Uma política para a redução de danos relacionados ao consumo de álcool deve necessariamente propor modificação na legislação, 22 dirigida à proibição da propaganda de bebidas alcoólicas nos meios de comunicação de massa, ficando restrita apenas aos locais de venda. Kyes e Hofling (1985) dividem os alcoólatras em dois grupos: aqueles que são até certo ponto fisicamente dependentes da droga (como os fenômenos de tolerância e síndrome de abstinência) e aqueles cuja dependência é apenas psicológica. O último grupo é muito maior. O álcool é um sedativo hipnótico com efeitos semelhantes aos dos barbitúricos. Além dos efeitos sociais do uso, a reavariedade de transtornos mentais orgânicos e físicos. (BERTOLOTE, 2004). Os padrões de consumo de bebidas alcoólicas variam conforme a cultura, o país, o gênero, a faixa etária, as normas sociais vigentes e o subgrupo social considerado. Também é bastante variável o risco associado aos diversos padrões de consumo. Exemplificando, beber vinho habitualmente às refeições e em quantidades moderadas é um padrão de menor risco comparado à ingestão copiosa de destilados, mesmo esta sendo ocasional, em público ou não. (MELONI; LARANJEIRA, 2004). Consumir bebidas que contenham álcool é considerado comum e aceitável. Em torno de 90% dos norte-americanos já tomaram pelo menos uma bebida que contivesse álcool, e cerca de 51% de todos os adultos são usuários. Depois das doenças cardíacas e do câncer, os transtornos relacionados ao álcool constituem, no momento o terceiro maior problema de saúde dos Estados Unidos. Cerca de 200 mil mortes por ano estão diretamente relacionadas ao abuso de álcool. As causas de morte comuns entre pessoas com transtornos relacionados ao álcool são suicídio, doenças cardíacas e hepáticas. Embora os envolvidos em fatalidades automobilísticas nem sempre satisfaçam os critérios diagnósticos para transtorno relacionado ao álcool, motoristas embriagados estão envolvidos em 50% de todas as mortes por acidentes de trânsito, e essa porcentagem aumenta para 75% quando se consideram apenas os que ocorrem na madrugada. SADOCK, Virginia, 2007). (SADOCK, Benjamim; 23 A ingestão de álcool, mesmo em pequenas quantidades, diminui a coordenação motora e os reflexos, comprometendo a capacidade de dirigir veículos ou operar outras máquinas. Pesquisas revelam que grande parte dos acidentes é provocada por motoristas que haviam bebido antes de dirigir. Nesse sentido, segundo a legislação brasileira (Código Nacional de Trânsito, que passou a vigorar em janeiro de 1998), deverá ser penalizado todo motorista que apresentar mais de 0,6g de álcool por litro de sangue. A quantidade de álcool necessária para atingir essa concentração no sangue é equivalente a beber cerca de 600ml de cerveja (duas latas de cerveja ou três copos de chope), 200ml de vinho (duas taças) ou 80ml de destilados (duas doses). (CARLINI, 2007, p.14). O uso e os transtornos relacionados ao álcool também estão associados a 50% de todos os homicídios e a 25% de todos os suicídios. O abuso reduz a expectativa de vida em 10 anos, e o álcool é a primeira causa de morte relacionada ao uso de substâncias. (SADOCK, Benjamim; SADOCK, Virginia, 2007). O uso regular de álcool na população geral (pelo menos três a quatro vezes por semana), em indivíduos com idade entre 15 e 65 anos, foi relatado por uma média de 5,2% da população entrevistada nas 107 maiores cidades brasileiras. Notou-se também um número relativamente pequeno (0,2%) de meninos de 12 a 17 anos fazendo uso regular de bebidas alcoólicas e um consumo mais freqüente dessa substância entre homens. (CARLINI et al., 2002). O uso na vida na faixa etária de 12 a 17 anos foi relatado por 48,3% da amostra pesquisada por Carlini (2006). Conforme análise do V Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 capitais brasileiras, o uso de álcool no Brasil varia também de região para região. No norte do país, o uso freqüente de bebidas alcoólicas atinge 8,4% da população estudantil. Já a região sul apresenta uso freqüente dessa substância em 12,9% da população total. No todo a média do Brasil é de 11,7% de sua população. Se o objeto de análise for a impressão que a população tem do fenômeno “beber álcool”, as respostas também divergem ao longo do território nacional. Na região norte, a população revela mais medo e insegurança do que no sul do país. A população do sul considera, em linhas gerais, menos ofensivo à saúde o uso de bebidas alcoólicas. É interessante notar que há, no sul do país, uma cultura de consumo do vinho, com a presença das culturas alemã e italiana modelando o saber beber e a maneira de se cultuar o vinho. (GAUDURÓZ et al., 2004). 24 Em termos da idade de ocorrência de iniciação no uso de drogas, com o álcool houve a incidência da menor idade: 12,5 anos de vida. Já com o uso de cocaína a idade registrada foi de 14,4 anos de vida. (CARLINI et al., 2002). Estudos realizados ao longo de sucessivas décadas tem mostrado que o alcoolismo desponta como uma das primeiras causas de internação em instituições psiquiátricas. Entre 1930 e 1960, Cardim e outros (1986) apontam que a esquizofrenia e o alcoolismo totalizavam 50% dos diagnósticos psiquiátricos. Entre 1960-1974 os diagnósticos mais comuns por internações psiquiátricas entre os homens também foram esquizofrenia e alcoolismo. (CAETANO, 1982 apud OLIVEIRA; LUIZ, 2002). Já para Noto e Carlini (1995), em estudos realizados ao longo de 7 anos consecutivos (87-93) identificaram o álcool como responsável por cerca de 90% das causas de internações por dependência e psicoses devidas ao uso de substâncias psicotrópicas. Os internados eram, na maioria homens na faixa etária de 31 a 45 anos. 2.1 Fatores de risco De acordo com Stipp e outros (2007) o álcool é uma substancia tóxica que pode contribuir para acontecimento de algumas doenças como: hipertensão arterial, hipertrigliceridemia, diabetes não-insulinodependente, câncer, hepatite alcoólica, esteatose hepática, cirrose, encefalopatia, gastrite, pancreatite, problemas psicossociais e comportamentais. Seu uso crônico e não moderado acarreta prejuízo no convívio social e pode ser visto como uma importância patologia social. O álcool é considerado uma droga lícita, sem restrições para seu consumo, o que muitas vezes leva homens e mulheres a seu uso abusivo. O consumo de álcool afeta diferentes grupo étnicos, não depende de idade, classe social, econômica e gênero. (STIPP et al., 2007). De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 1994) indivíduos que fazem uso abusivo de álcool de forma prejudicial, não são portadores de defeito moral, portanto, não devem ser punidos ou excluídos, pois estas pessoas estão doentes e precisam ser ajudadas. 25 Todas as pessoas que consomem bebidas alcoólicas estão em risco de apresentar algum tipo de complicação associada a esse hábito ao longo de suas vidas. A maior e a menor probabilidade de que isso ocorra depende da interação entre os diferentes fatores de risco, conhecidos e desconhecidos, os quais contribuem com intensidades variáveis de indivíduos para indivíduos. Soibelman, Luz Junior e Diemen (2004, p. 541) classificam esses fatores de risco em socioculturais e biológicos: Os fatores de risco socioculturais incluem maior disponibilidade de bebidas alcoólicas, alto grau de estresse coletivo, estímulo social (pressão social) para beber, postura ética ambivalente frente ao álcool, inexistência de sanções sociais contra a embriaguez e contra o abuso de álcool e costumes tradicionais que incluem consumo freqüente de álcool. Já nos fatores de risco biológicos, há evidência de predisposição genética aos problemas relacionados ao uso de álcool, que parece estar relacionada a diferenças nas composições enzimáticas e a algumas características da personalidade, sendo que tal predisposição não implica predestinação ou inevitabilidade. O CID-10 distinguiu dois tipos de beber excessivo (excesso de consumo de bebida alcoólica): episódico e habitual, sendo o beber excessivo aparentemente equivalente à intoxicação. O beber excessivo episódico inclui ataques relativamente breves de consumo excessivo de álcool ocorrendo pelo menos algumas vezes por ano. Esses ataques podem durar alguns dias ou semanas. Já o beber excessivo habitual inclui o consumo regular de grandes quantidades de álcool que podem ser prejudiciais para a saúde do indivíduo ou para seu funcionamento social. (BERTOLOTI, 2004). Os aspectos psicológicos da etiologia do alcoolismo variam de um paciente para outro. O alcoolismo pode ser uma característica do comportamento de neuróticos obsessivo-compulsivos, hopomaníacos, esquizofrênicos, personalidades esquizóides, ciclotímica e compulsivas e outros. Ele é encontrado comumente como um aspecto das tentativas de ajustamento ou de outro tipo de distúrbio da personalidade, especialmente da personalidade oral. (KYES; HOFLING, 1985). Muitas pessoas com história familiar indicativa de alto risco não desenvolvem problemas desse tipo, uma vez que a interação dos fatores genéticos e ambientais que irá determinar a vulnerabilidade individual. Da mesma forma que alguns genes „facilitadores‟ sejam herdados, eles podem não se expressar na ausência de fatores ambientais „provocadores‟. 26 Assim como os fatores culturais, os hábitos familiares, em especial dos pais para com a bebida, podem afetar os hábitos das pessoas em relação ao álcool. Contudo, algumas convivências indicam que esse processo está menos ligado ao desenvolvimento de transtornos relacionados ao álcool do que se pensava anteriormente; do ponto de vista comportamental, os aspectos de reforço positivo do álcool induz sentimentos de bem-estar e euforia e reduzir o medo e a ansiedade encorajam ainda mais o consumo. (SADOCK, Benjamim; SADOCK, Virginia, 2007). Na visão de Soibelman; Luz Junior e Diemen (2004) há casos em que mulheres desenvolvem dependência de álcool e complicações médicas associadas ingerindo menores quantidades de bebida e em menos tempo do que homens. 2.2 Síndrome da dependência A síndrome da dependência do álcool (SDA) é caracterizada por um conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos no qual o uso de bebidas alcoólicas, para um determinado indivíduo alcança prioridade muito maior do que outros comportamentos que antes eram priorizados. Uma característica descritiva da síndrome de dependência é o desejo (frequentemente forte, algumas vezes irreversível) de consumir álcool, sendo o estágio mais avançado do alcoolismo (SOIBELMAN; LUZ JUNIOR, DIEMEN, 2004). De acordo com Edwards (1976) citado por Gigliotti e Bessa (2004) descreve os elementos da (SDA) em sete sinais e sintomas: 1) Estreitamento do repertório no início; o usuário bebe com flexibilidade de horários, de quantidade e até de tipo de bebida. Com o tempo, passa a beber com mais freqüência, até consumir todos os dias, em quantidades crescentes, ampliando a frequência e deixando de importar-se com a inadequação das situações; 2) Saliência do comportamento de busca do álcool; com o estreitamento do repertório do beber, há uma tentativa do indivíduo de priorizar o ato de beber, mesmo em situações inaceitáveis (por exemplo, dirigindo veículos, no trabalho). 3) Aumento da tolerância ao álcool; com a evolução da síndrome, há necessidade de doses crescentes de álcool para obter o mesmo efeito conseguido 27 com doses menores, ou a capacidade de realizar atividades apesar de altas concentrações sangüíneas de álcool; 4) Sintomas repetidos de abstinência; quando há diminuição ou interrupção do consumo de álcool, surgem sinais e sintomas de intensidade variável. No início, eles são leves, intermitentes e pouco incapacitantes, mas, nas fases mais severas da dependência, podem manifestar-se os sintomas mais significativos, como tremor intenso e alucinações; 5) Alívio ou evitação dos sintomas de abstinência pelo aumento da ingestão da bebida; este é um sintoma importante da SDA, sendo difícil de ser identificado nas fases iniciais. Torna-se mais evidente na progressão do quadro, com o paciente admitindo que bebe pela manhã para sentir-se melhor, uma vez que permaneceu por toda noite sem ingerir derivados etílicos; 6) Percepção subjetiva da necessidade de beber; há uma pressão psicológica para beber e aliviar os sintomas da abstinência; 7) Reinstalação após a abstinência; mesmo depois de períodos longos de abstinência, se o paciente tiver uma recaída, rapidamente restabelecerá o padrão antigo de dependência. (GIGLIOTTI; BESSA, 2004). 2.3 Síndrome da abstinência Segundo Laranjeira e Pinsky (2001) evidências revelam que de 50 a 70% dos alcoolistas apresentam problemas no sistema nervoso, que são devidos à ação direta do álcool nas células do cérebro, provocando uma diminuição na memória, na capacidade de raciocínio mais complexo, no julgamento de situações difíceis. Embora algumas semanas de abstinência façam com que os danos no cérebro sejam reduzidos, cerca de 10% dos alcoolistas sofrerão danos irreversíveis e poderão chegar a desenvolver um quadro de demência alcoólica. No entanto, vale ressaltar, que a abstinência sempre melhora o quadro mental ou faz com que os sintomas estacionem. A síndrome de abstinência do álcool é um quadro que aparece pela redução ou parada brusca da ingestão de bebidas alcoólicas, após um período de consumo crônico. A síndrome tem início 6 a 8 horas após a parada da 28 ingestão de álcool, sendo caracterizada por tremor das mãos, acompanhado de distúrbios gastrintestinais, distúrbios do sono e estado de inquietação geral (abstinência leve). Cerca de 5% dos que entram em abstinência leve evoluem para a síndrome de abstinência grave ou delirium tremens que, além da acentuação dos sinais e sintomas anteriormente referidos, se caracteriza por tremores generalizados, agitação intensa e desorientação no tempo e no espaço. (CARLINI, 2007, p.15). Síndrome da abstinência com delirium tremens é um estado psicótico agudo que ocorre em indivíduos dependentes de álcool, durante a fase de abstinência, e caracterizado por confusão, desorientação, ideação paranóide, delírios, ilusões, alucinações (tipicamente visuais ou táteis, menos comumente auditivas, olfatórias ou vestibulares), inquietações, distraibilidade, tremores (algumas vezes grosseiros), sudorese, taquicardia e hipertensão. Usualmente é precedida por sinais de síndrome de abstinência simples. Esse episódio ocorre usualmente 48 horas ou mais após a suspensão ou a redução do consumo de álcool, mas pode apresentar-se até 1 semana após este período. (LARANJEIRA et al., 2000). 2.4 Complicações Os indivíduos dependentes do álcool podem desenvolver várias doenças. As mais freqüentes são as relacionadas ao fígado (esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose). Também são freqüentes problemas do aparelho digestivo (gastrite, síndrome de má absorção e pancreatite) e do sistema cardiovascular (hipertensão e problemas cardíacos). Há, ainda, casos de polineurite alcoólica, caracterizada por dor, formigamento e cãibras nos membros inferiores. (CARLINI, 2007). A cardiopatia alcoólica é um transtorno difuso do músculo do coração, observado em indivíduos com uma história de consumo arriscado de álcool, geralmente no mínimo de 10 anos de duração. Os pacientes caracteristicamente apresentam insuficiência cardíaca biventricular, os sintomas mais comuns incluem: diminuição do fôlego durante o esforço e em repouso (dispnéia noturna), palpitações, edema de tornozelos e distensão abdominal (devida à ascite), é comum 29 o transtorno do ritmo cardíaco, a fibrilação auricular é a arritmia mais freqüente. (BERTOLOTE, 2004). Cirrose alcoólica é uma forma grave de hepatopatia alcoólica caracterizada por necrose e deformação permanente da arquitetura do fígado devido à formação de tecido fibroso e de nódulos regenerativos. O câncer de fígado é uma complicação tardia da cirrose em aproximadamente 15% dos casos. (BERTOLOTE, 2004). Embora diversos fatores tenham sido implicados na etiologia da cirrose, o consumo de álcool em excesso é considerado o principal fator etiológico. A cirrose ocorre com frequência máxima entre os alcoólicos. (SMELTZER; BARE, 2005). A síndrome aguda fetal (SAF) é uma condição irreversível caracterizada por anomalias craniofaciais típicas, deficiência de crescimento, disfunções do sistema nervoso central e várias malformações associadas. O termo "efeitos fetais do álcool" foi proposto para um grupo de crianças expostas ao álcool intra-útero, mas que não possuíam o quadro clínico completo de SAF. (BERTOLOTE, 2004). Entretanto, suscetibilidade fetal ao álcool é modulada por quantidade ingerida, época da exposição, estado nutricional e capacidade de metabolização materna e fetal. A quantidade segura de álcool que uma gestante pode consumir não está definida na literatura, por isto recomenda-se abstinência total durante toda a gravidez. Estudos comprovam que o consumo de 20 gramas de álcool já é suficiente para provocar supressão da respiração e dos movimentos fetais, observados por meio de ultra-sonografia. (KLINE et al., 1981 apud FREIRE et al., 2005). Além disto, o consumo de álcool na gestação está relacionado ao aumento do número de abortos e a fatores comprometedores do parto, como risco de infecções, descolamento prematuro de placenta, hipertonia uterina, prematuridade do trabalho de parto e líquido amniótico meconial. (PARKS et al., 1996 apud FREIRE et al., 2005). Para Carlini (2007) o consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação pode trazer conseqüências para o recém-nascido, e, quanto maior o consumo, maior o risco de prejudicar o feto. Dessa forma, é recomendável que toda gestante evite o consumo de bebidas alcoólicas, não só ao longo da gestação, como também durante todo o período de amamentação, pois o álcool pode passar para o bebê através do leite materno. 30 Cerca de um terço dos bebês de mães dependentes do álcool, que fizeram uso excessivo dessa droga durante a gravidez, é afetado pela “síndrome fetal pelo álcool”. Os recém-nascidos apresentam sinais de irritação, mamam e dormem pouco, além de apresentarem tremores (sintomas que lembram a síndrome de abstinência). As crianças gravemente afetadas, e que conseguem sobreviver aos primeiros momentos de vida, podem apresentar problemas físicos e mentais que variam de intensidade de acordo com a gravidade do caso. (CARLINI, 2007, p.15). Atkinson e Murray (1989, p. 499) relatam sobre o abuso de álcool relacionado ao funcionamento sexual: O abuso de álcool no homem leva à perda da fertilidade, incapacidade de conseguir uma ereção e produção reduzida de testosterona. O consumo de álcool pela mulher grávida está associado à síndrome fetal alcoólica do neonato (SFA); quanto mais bebe uma mulher, maior o risco de SFA para feto. Dentre as complicações do alcoolismo há também os efeitos agudos: A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases distintas: uma estimulante e outra depressora. Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos estimulantes, como euforia, desinibição e loquacidade (maior facilidade para falar). Com o passar do tempo, começam a surgir os efeitos depressores, como falta de efeito depressor fica exacerbada, podendo até mesmo provocar o estado de coma. (CARLINI, 2007). Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcoólicas sentirá os efeitos do álcool com menor intensidade, quando comparada com outra que não está acostumada a beber. Um exemplo está relacionado à estrutura física: a pessoa com estrutura física de grande porte terá maior resistência aos efeitos do álcool. O consumo de bebidas alcoólicas também pode desencadear alguns efeitos desagradáveis, como enrubecimento da face, dor de cabeça e mal-estar geral. Esses efeitos são mais intensos para algumas pessoas cujo organismo tem dificuldade de metabolizar o álcool. (CARLINI, 2007). 31 2.5 Custo social do alcoolismo A despeito de todos os significados culturais e simbólicos que o consumo de bebidas alcoólicas adquiriu ao longo da história humana, o álcool não é um produto qualquer. É uma substância capaz de causar danos através de três mecanismos distintos: toxicidade, direta e indireta, sobre diversos órgãos e sistemas corporais; intoxicação aguda; e dependência. Tais danos podem ser agudos ou crônicos e dependem do padrão de consumo de cada pessoa, que se caracteriza não somente pela freqüência com que se bebe e pela quantidade por episódio, mas também pelo tempo entre um episódio e outro e ainda pelo contexto em que se bebe. (LARANJEIRA; ROMANO, 2004). Na visão de Meloni e Laranjeira (2004), distinguidas dos problemas de saúde, as categorias de problemas sociais relacionadas ao álcool incluem: vandalismo; desordem pública; problemas familiares, como conflitos conjugais e divórcio; abuso de menores; problemas interpessoais; problemas financeiros; problemas ocupacionais, que não os de saúde ocupacional; dificuldades educacionais; e custos sociais. Ainda que uma causalidade direta não possa ser estabelecida, o estudo dessas categorias de danos – incluindo variáveis como volume de álcool consumido, padrões de consumo e outros fatores interativos – demonstrou que as conseqüências sociais do uso do álcool colocam esse produto, no mínimo, como um fator adicional ou mediador entre outros que contribuem para a ocorrência de determinado problema, conclusão similar àquela válida para problemas de saúde. A avaliação do custo social relacionado ao álcool demonstra que o ambiente social no qual o álcool é consumido, conforme sua estruturação econômica e regras de convívio determina diversos matizes de inserção do consumo alcoólico, ao mesmo tempo em que é diretamente influenciado pelos padrões de uso vigentes. No artigo de autoria de Laranjeira e Hinkly (2002) que avalia a relação entre privação social, violência e densidade de pontos de vendas de álcool em uma região periférica pobre da área metropolitana de São Paulo, ilustra claramente esta dinâmica. A privação social está relacionada à enorme densidade de pontos de vendas de álcool e à grande violência urbana. 32 Como a maioria dos alcoólatras tem um emprego, mas funciona em um nível consideravelmente abaixo de sua capacidade potencial, o alcoolismo é também de grande interesse para a indústria e o progresso econômico do país em geral. (KYES; HOFLING, 1985, p. 315). A violência está presente nas famílias de alcoolistas, marcando a trajetória dessas pessoas e levando à produção de sentimentos e emoções que favorecem a ruptura das relações e da própria vida psíquica dos diferentes membros, não conseguindo vencer a situação patológica, a dinâmica familiar sofre profundas alterações quando os outros membros acabam assumindo papéis que se esperava fossem assumidos pelo sujeito alcoolista. (COSTA, 2004, p. 60). Estudo realizado por Neves (2004) ressalta que a necessidade de compreender os modos moralizantes de representação do alcoolismo: seus efeitos sobre a construção das relações sociais e sua atribuição como fator dissolvente de unidades sociais fundamentais, como a família, ou perturbador do exercício de papéis básicos, como o de trabalhador e esposo. Em consonância com esse pensamento, Mota (2004) defende que, embora o álcool, de certa forma, seja considerado, inicialmente, como um agente produtor de sociabilidade - um dos significados da bebida em nossa sociedade - ao qual se atribui um valor positivo, ele se torna, para uma parcela da população, um agente de dissociação, um fator que gera rupturas no campo das relações sociais, na família e no trabalho. 33 3 ALCOÓLICO ANÔNIMO (A.A.) Há várias modalidades terapêuticas que podem contribuir com dependente durante o seu tratamento, oferecendo todo o apoio durante essa fase, como por exemplo, os grupos de alcoólicos anônimos (AA.). 3.1 O Nascimento de A.A. e seu Desenvolvimento Alcoólicos Anônimos (A.A.) iniciou-se em 1935, em Akron, Ohio, com o encontro de Bill W., um corretor da Bolsa de Valores de Nova Iorque, e o Dr. Bob, um cirurgião de Akron. Ambos haviam sido alcoólicos desenganados. Antes de se conhecerem, Bill e o Dr. Bob tinham tido contato com o Grupo Oxford, uma sociedade composta, em sua maior parte, por pessoas não alcoólicas, que defendia a aplicação de valores espirituais universais na vida diária. Naquela época, os Grupos Oxford da América eram dirigidos pelo renomado clérigo episcopal Dr. Samuel Shoemaker. Sob sua influência espiritual, e com a ajuda de seu velho amigo, Ebby T., Bill havia conseguido sua sobriedade e vinha mantendo sua recuperação trabalhando com outros alcoólicos, apesar do fato de que nenhum de seus "candidatos" haver se recuperado. Entretanto, o fato de ser membro do Grupo Oxford não havia oferecido ao Dr. Bob a suficiente ajuda para alcançar a sobriedade. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2004). Quando finalmente o Dr. Bob e Bill se conheceram, o encontro produziu no Dr. Bob um efeito imediato. Desta vez encontrava-se cara a cara com um companheiro alcoólico que havia conseguido deixar de beber. Bill insistia que o alcoolismo era uma doença da mente, das emoções e do corpo. Esse importantíssimo fato fora-lhe comunicado pelo Dr. William D. Silkwoth, do Hospital Towns, de Nova Iorque, instituição em que Bill fora internado várias vezes. Apesar de médico, o Dr. Bob não tivera conhecimento de que o alcoolismo era uma doença. Bob acabou convencido pelas idéias contundentes de Bill e logo alcançou sua 34 sobriedade, e nunca mais voltou a beber. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2005a). Ambos começaram a trabalhar imediatamente com os alcoólicos internados no Hospital Municipal de Akron. Como conseqüência de seus esforços, logo um paciente alcançou sua sobriedade. Apesar de ainda não existir o nome Alcoólicos Anônimos, esses três homens constituíram o núcleo do primeiro Grupo de A.A. No outono de 1935, o segundo Grupo foi tomando forma gradualmente em Nova Iorque. O terceiro Grupo iniciou-se em Cleveland, em 1939. Havia-se gasto mais de quatro anos para conseguir 100 alcoólicos sóbrios, nos três Grupos iniciais. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2004). Em princípio de 1939, a Irmandade publicou seu livro de texto básico, Alcoólicos Anônimos. Nesse livro, escrito por Bill, expunha-se a filosofia e os métodos de A.A. a essência dos quais se encontram agora nos bem conhecidos Doze Passos de recuperação. Enquanto isso, o Dr. Bob e Bill haviam estabelecido em Nova Iorque, em 1939, uma Junta de Custódios para ocupar-se da administração geral da Irmandade recém-nascida. Alguns amigos de John Rockefeller, Jr. integravam esse conselho, junto com alguns membros de A.A. Deuse à Junta o nome de Fundação Alcoólica. No entanto, todas as tentativas de se conseguir grandes quantias de dinheiro fracassaram porque o Sr. Rockfeller havia chegado à conclusão prudente de que grandes somas poderiam atrapalhar a nascente Irmandade. Apesar disso, a Fundação conseguiu abrir um pequeno escritório em Nova Iorque, para responder aos pedidos de ajuda e de informações e para distribuir o livro de A.A., um empreendimento, diga-se de passagem, que havia sido financiado principalmente pelos membros de A.A. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2005a). Apareceu então, em março de 1941, no Saturday Evening Post, um excelente artigo sobre Alcoólicos Anônimos e a reação foi tremenda. No final daquele ano o número de membros subira a 6.000 e o número de Grupos multiplicara-se proporcionalmente. A Irmandade crescia a passos gigantescos por todas as partes dos EUA/Canadá. Em 1950, havia no mundo inteiro perto de 100 mil alcoólicos em recuperação. Por mais impressionante que tenha sido esse desenvolvimento, a década de 1940 a 1950 foi de grande incerteza. A questão crucial era se todos aqueles alcoólicos volúveis poderiam viver e trabalhar juntos em seus Grupos. Poderiam manter-se 35 unidos e funcionar com eficácia? Esta pergunta ainda pairava sem resposta. Manter correspondência com milhares de Grupos relativamente a seus problemas particulares chegou a ser um dos principais trabalhos do escritório de Nova Iorque. Não obstante, no início de 1946, já era possível tirar algumas conclusões bem razoáveis sobre as atitudes, costumes e funções que se ajustariam melhor aos objetivos de A.A. Esses princípios, que haviam surgido a partir das árduas experiências dos Grupos, foram codificados por Bill, sendo hoje conhecidos pelo nome de As Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos. Em 1950, o caos dos anos anteriores quase havia desaparecido. Havia-se conseguido enunciar e por em prática, com êxito, uma fórmula segura para a unidade e o funcionamento de A.A. Durante essa frenética década, o Dr. Bob dedicava seus esforços ao assunto da hospitalização dos alcoólicos e à tarefa de incutir-lhes os princípios de A.A. Os alcoólicos chegavam em grande número a Akron para obter cuidados médicos no Hospital Saint Thomas, uma instituição administrada pela Igreja Católica. O Dr. Bob se integrou ao corpo médico desse hospital e ele e a irmã Ignatia, também do pessoal do hospital, prestaram cuidados médicos e indicaram o programa a cerca de 5.000 alcoólicos internados. Após a morte do Dr. Bob, em 1950, a irmã Ignatia seguiu trabalhando no Hospital da Caridade, em Cleveland, onde contava com a ajuda dos Grupos de A.A. locais e onde outros 10.000 alcoólicos internados encontraram Alcoólicos Anônimos pela primeira vez. Esse trabalho foi um grande exemplo de boa vontade, que permitiu comprovar que A.A. cooperava eficazmente com a medicina e a religião. No dia 24 de janeiro de 1971, Bill faleceu de pneumonia em Miami Beach, Flórida, onde - havia sete meses - pronunciara diante da Convenção Internacional do 35º aniversário suas últimas palavras aos companheiros de A.A.: "Deus os bendiga, a vocês e a Alcoólicos Anônimos, para sempre.". Desde então A.A. se tornou uma Irmandade mundial, demonstrando que a maneira de viver de A.A. hoje pode superar quase todas as barreiras de raça, de credo e de idioma. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2005a). Conforme o Ministério da Saúde, Alcoólicos Anônimos (A.A.), cuja descrição é "uma comunidade mundial de homens e mulheres que se ajudam a ficarem sóbrios”, sendo geralmente reconhecido como um programa eficiente de auto-ajuda para recuperar dependentes de álcool. (BRASIL, 1997). 36 3.2 História de A.A. no Brasil Conforme consta no livro da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil (JUNAAB, 2005a) sobre o A.A. no Brasil: No ano de 1945, um membro viajante norte-americano, de nome Bob Valentine, amigo de Bill W., de passagem pelo Rio de Janeiro, conhece uma pessoa também americana (não está totalmente definido se era homem ou mulher), com o nome de Lynn Goodale. Após uma conversa com Bob Valentine, Lynn encontra a sobriedade. Esse registro documentado é a mais clara evidência de que a data de início do primeiro Grupo de A.A. no Brasil foi 5 de setembro de 1947. O mais provável é que nessa data deu-se o encontro de Herb com o primeiro brasileiro que conseguiu manter-se sóbrio em A.A. o companheiro Antônio P., falecido em meados de 1951, quando tentava recuperar-se de um acidente de trabalho. Sem sombra de dúvida, a maior dificuldade encontrada por aqueles pioneiros no Brasil foi o idioma. Os brasileiros que chegavam não entendiam o inglês e os americanos, residentes ou de passagem pelo Brasil, pouco ou quase nada falavam em nossa língua. Até mesmo Herb, já há dois anos no Rio, pouco dava "colorido" aos seus depoimentos em português - como ele mesmo mencionou. Hoje entendemos que só através da linguagem do coração, aquela que acontece quando um alcoólico fala com outro, é que esses membros se comunicavam. Para a Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil (JUNAAB) (2004) a história de A.A. do Brasil começa em junho de 1946, quando Herb D., que havia ficado sóbrio há um ano em Chicago - EUA, vem para o Rio de Janeiro com um contrato para trabalhar como diretor artístico de uma empresa americana de publicidade. Como era novato no programa, sua preocupação imediata foi procurar a Irmandade na cidade onde ele viveria por três anos. Alcoólicos Anônimos, entretanto, era desconhecida no Rio de Janeiro, embora Herb tivesse alguns nomes para fazer contato. Visto que nenhum desses companheiros permanecia por muito tempo no Brasil, a Irmandade ainda não havia criado raízes. Após alguns meses de tentativas, Herb esperou pelo interesse de bebedoresproblema brasileiros (e havia muitos no Rio naquela época), para ajudarem-no a 37 manter-se sóbrio e, levando a mensagem, formarem um Grupo no Brasil. Como em todo o mundo naqueles dias, os alcoólicos no Brasil eram considerados um estorvo social dos quais o verdadeiro lugar era numa clínica psiquiátrica ou na delegacia de polícia. Em 1947, Herb conseguiu bebedores brasileiros como ingressantes. Um desses era Antônio P., que parou de beber e manteve-se sóbrio com alguma dificuldade, em virtude da falta de literatura traduzida para o português, até sua morte num acidente em 1951. O outro brasileiro afastou-se. As reuniões aconteciam nas casas de companheiros que estavam sóbrios. O grande apoio a Herb vinha de sua esposa, Libby, uma não-alcoólica que o incentivava muito no seu trabalho de levar a mensagem. Herb tinha uma correspondência volumosa com a Fundação do Alcoólico e conseguiu publicar alguns artigos sobre A.A. nos jornais do Rio. No início de 1948, graças à boa vontade de um bispo episcopal que estava no Rio, Herb encontrou-se com Harold. Ele era um anglo-brasileiro com um caso de alcoolismo tido como perdido. Tinha servido o exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial, retornando ao Rio de Janeiro em 1946. Nesse ínterim, havia perdido vários empregos, fora expulso da casa de seus sogros, perdido sua esposa e, por fim, ido morar no porão da casa de um irmão na cidade de Niterói, do outro lado da Baía da Guanabara. O bispo e o irmão de Harold arranjaram um encontro entre os dois para um sábado. Nesse primeiro encontro, Herb contou a Harold (que havia bebido a manhã toda) a história de como tinha parado de beber substituindo, gole a gole, a bebida de seu copo por água pura, até que passasse a beber somente a água. Como, após muitas tentativas frustradas, ele tinha sido capaz de evitar encher o copo com bebida alcoólica e, assim, evitar o primeiro gole. Ele falou também sobre o plano das vinte e quatro horas, sobre a melhora em sua vida pessoal e empresarial. Por fim, Herb pediu a Harold que pusesse o sistema em prática e que, quando ele parasse de beber. A Irmandade funciona através de mais de 97.000 Grupos locais em 150 países. Milhões de alcoólicos têm alcançado a sobriedade em A.A, mas seus membros reconhecem que seu programa não é sempre eficaz com todos os alcoólicos e que alguns necessitam de aconselhamento e tratamento profissional (BURNS, 1995). 38 A.A. preocupa-se unicamente com a recuperação pessoal e contínua dos alcoólicos que procuram socorro na Irmandade. O movimento não se dedica a pesquisas sobre alcoolismo ou ao tratamento médico ou psiquiátrico, e não apóia quaisquer causas - embora os membros de A.A. possam participar como indivíduos. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2005b). O A.A. vê o alcoolismo como uma doença física, mental e espiritual, progressiva, incurável e de término fatal. Os alcoólicos que conhecemos parecem ter perdido o poder para controlar suas doses de bebidas alcoólicas. A.A. pode ser descrito como um método para recuperação do alcoolismo, no qual os membros ajudam-se mutuamente, compartilhando entre si uma enorme gama de experiências semelhantes em sofrimento e recuperação do alcoolismo. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2005b). A unidade básica em A.A. é o grupo local (do bairro ou cidade) que é autônomo, salvo em assuntos que afetem outros grupos de A.A. ou à Irmandade como um todo. Nenhum grupo tem poder sobre seus membros. Os grupos geralmente são democráticos, assistidos por "comitês de serviços" de curtos períodos de mandato. Desta maneira, nenhum grupo de A.A. tem uma liderança permanente. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2005b). Cada grupo realiza reuniões regulares, nas quais os membros relatam entre si suas experiências - geralmente em relação aos "DOZE PASSOS" (Apêndice A) sugeridos para a recuperação, e às "DOZE TRADIÇÕES" (Apêndice B) sugeridas para as relações dentro da Irmandade e com a comunidade de fora. Existem reuniões abertas para qualquer pessoa interessada, e reuniões fechadas somente para alcoólicos. Pessoas que acham que têm problemas com sua maneira de beber são bem-vindas para assistir a qualquer reunião de A.A.. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2005b). Membros de A.A. são homens e mulheres provenientes de todos os níveis sociais, desde adolescentes até pessoas com idade avançada, de todas as raças, de todos os tipos de afiliações religiosas, e mesmo sem nenhuma. Os membros de A.A. ajudam qualquer alcoólico que demonstre interesse em ficar sóbrio. Os membros de A.A. podem visitar o alcoólico que necessite de ajuda embora eles possam sentir que seja melhor para o alcoólico solicitar tal ajuda antes. 39 Eles podem auxiliar a providenciar uma internação hospitalar. Os escritórios de serviços de A.A. freqüentemente sabem onde existem hospitais para tratamento de alcoolismo, embora A.A. não seja afiliada a qualquer estabelecimento hospitalar. Os membros de A.A. têm satisfação em compartilhar suas experiências com qualquer pessoa interessada, seja em conversações ou em reuniões formais. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2005c). Os doze passos de A.A. consistem em um grupo de princípios, espirituais em sua natureza que, se praticados como um modo de vida pode expulsar a obsessão pela bebida e permitir que o sofredor se torne íntegro, feliz e útil. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2004). Sobre a Oração da Serenidade (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2005 c): Conceda-nos, Senhor, a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, Coragem para modificar aquelas que podemos, e Sabedoria para distinguir umas das outras. (JUNAAB, 2005c). As doze tradições de A.A. ((Apêndice B) dizem respeito à vida da própria Irmandade. Delineiam os meios pelos quais A.A. mantém sua unidade e se relaciona com o mundo exterior, sua forma de viver e desenvolver-se. (JUNTA DE SERVIÇOS GERAIS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DO BRASIL, 2004). 3.3 História do A.A. em Paracatu No ano 1977 o senhor Carlos Ubirajara Ulhôa (Zala) com ajuda da família saiu de Paracatu em busca de recuperação. Encontrou apoio no grupo Alvorada A.A. na cidade de Brasília-DF, já que havia frequentado várias casas de recuperação, medicamentos e nada de êxito. Para iniciar o tratamento residiu durante três meses 40 em Brasília e após esse período voltou para Paracatu e passou freqüentar as reuniões do A.A de Brasília todas as semanas durante um ano. (Informação verbal)1. Após um ano combinou com o grupo do A.A de Brasília para fundar o A.A em Paracatu já sentia necessidade de ajudar os seus conterrâneos, pois o índice de alcoolismo crescia na cidade. No dia 30 de junho de 1979 aconteceu a primeira reunião aberta à população no Cine Santo Antônio, ficou completamente lotada contando com ajuda do médico Dr. Benjamim Palma. A segunda reunião aconteceu em 1º de julho de 1979 para as pessoas com problema de alcoolismo. Carlos Ubirajara Ulhôa (Zala) e Sebastião Porto saíam de casa em casa convidando as pessoas dependentes do álcool para participar das reuniões do A.A. Carlos Ubirajara Ulhôa trabalhava como representante e fazia várias viagens nas cidades vizinhas e com sua experiência, sentia necessidade de fundar o A.A. por onde ele passava e com isso foi possível ajudar muitas pessoas. Hoje, existem nove grupos em vários bairros espalhando pela cidade para melhor facilitar as pessoas que ali se encontram. Dentro do A.A. foram criados dois subgrupos de informação as famílias: ALANON (Grupos Familiares é um programa de Doze Passos para familiares e amigos de alcoólicos) e AL-ATEEN (é uma divisão de Al-Anon dedicada a pessoas mais jovens que são afetadas pelo hábito de alguém beber). Quando completou quatro anos de Associação dos Alcoólatras Anônimos em Paracatu, a filha de Carlos Ubirajara escreveu uma linda poesia de agradecimento ao pai pela sua recuperação e ao A.A que tornou isso possível, essa poesia (Apêndice C), foi tão especial que percorreu por várias cidades do noroeste e muitas pessoas que liam ficavam comovidas e davam o primeiro passo para parar de beber. Segundo Carlos Ubirajara Ulhôa (Zala) ele e o médico Dr. Benjamim com apoio das suas respectivas esposas foram os fundadores da A.A. em Paracatu. 1 Informação verbal. Entrevista realizada com o Sr. Carlos Ubirajara Ulhôa (Sr. Zala) fundador do A. A. em Paracatu, em maio de 2010. 41 4 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA O presente estudo trata-se de um método quantitativo descritivo de campo. O método quantitativo, segundo Lakatos e Marconi (2006) é aquele no qual se utiliza amostras amplas e informações numéricas. Ele tem o objetivo de garantir a precisão dos resultados, evitando distorções de análise e interpretação, e possibilitando uma margem de segurança quanto ás interferências. Foi utilizada para a pesquisa uma entrevista estruturada, que segundo Lakatos e Marconi (2006), é aquela que segue um roteiro preestabelecido com perguntas predeterminadas. A pesquisa foi realizada no município de Paracatu – MG, localizada na região Noroeste do Estado de Minas Gerais. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) o município possui área geográfica de 8.232,23 Km2. A população de Paracatu é de aproximadamente 83.560 habitantes; situado a 500 km de Belo Horizonte, a capital do estado, e a 220 km de Brasília, capital do Brasil. O trabalho foi realizado de janeiro a abril de 2010 pela própria pesquisadora e duas amigas que recebeu orientações devidas quanto à aplicação dos questionários nas residências dos moradores cadastrados na Unidade de Saúde da Família Chapadinha, que está situada na Rua Espírito Santo 07, sendo a segunda unidade de atendimento à população implantada no município de Paracatu – Minas-Gerais, construída na administração municipal 1989-1992, onde cinco anos depois, deu-se a ativação do Programa Saúde da Família Chapadinha, sb a administração do prefeito Almir Paraca Cristovão Cardoso. Para o levantamento da população a ser estudada foi obtida pelo Sistema de Informação de atenção Básica (SIAB) do mês de Janeiro de 2010, com população acima de 15 anos. Foi realizada uma visita à unidade básica de saúde, expondo à coordenadora atual da equipe os objetivos da pesquisa e solicitado consentimento para a realização da mesma. Para Fonseca e Martins (2006) as pesquisas são realizadas através de estudos dos elementos que compõem uma amostra extraída da população que se 42 pretende analisar. Tornando-se claro que a representatividade da amostra dependerá do seu tamanho (quanto maior melhor), visando uma amostra significativa. Portanto, foi aplicada a fórmula estatística de Fonseca e Martins (2006) para obter a amostra a ser estudada. População acima de 15 anos = 2.467 pessoas N= Z2 . p . q . N . 2 e². (N-1) + Z .p. q N= tamanho da população 2.467 Z= nível de confiança95% (1,96) P= proporção alcoolista q= proporção não alcoolista e= erro amostral= 5% n= (1,96)². 0,5. 0,5. 2.467 = 332 (0,5)² . (2.467-1) + (1,96)². 0,5.0.5 O resultado do cálculo de amostragem foi de 332 pessoas. O trabalho seguiu a Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde (FONTINELE JÚNIOR, 2003), para participação no estudo foi necessário que os mesmos assinassem um termo de consentimento (Anexo A) que assegurou aos participantes sigilo e anonimato quanto às informações colhidas. Os dados procederam da seguinte forma foram realizadas visitas domiciliares de forma aleatória onde foi exposto o objetivo do trabalho e seguida o consentimento para a realização do mesmo e após foi aplicado o questionário (Apêndice D) composto de 22 questões; 12 sobre nível socioeconômico e 10 questões que é Teste de Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool (AUDIT) que incluem três itens sobre o uso de álcool, quatro sobre dependência e três sobre problemas decorrentes do consumo com uma duração aproximada de 5 minutos e escores que vão do 0 ao 40. A pontuação igual ou superior ao escore 8 indica a necessidade de um diagnóstico mais específico. O AUDIT que é instrumento adotado pela Organização Mundial de Saúde ajuda a conhecer e distinguir os níveis de consumo e dependência do alcohol. (BABOR et al., 2003). 43 No final da entrevista foram desenvolvidas orientações educativas visando à prevenção e a promoção da saúde mostrando que o alcoolismo é doença incurável, mas tem tratamento. Sendo assim, os dados foram avaliados, organizados em tabelas e gráficos, que foram analisados e discutidos pela própria pesquisadora. 44 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO TABELA 1: Perfil socioeconômico dos usuários entrevistados, PSF Chapadinha, 2010 (continua) Informações socioeconômicas Nº Porcentagem (%) Faixa etária 15 a 19 anos 52 15,7 20 a 39 anos 171 51,5 40 a 49 anos 66 19,9 50 a 59 anos 23 6,9 Acima de 60 anos 20 6,0 254 76,5 78 23,5 Feminino 156 47,0 Masculino 176 53,0 Solteiro 131 39,5 Casado/amasiado 178 53,6 9 2,7 14 4,2 Católico 250 75,3 Espírita 2 0,6 Evangélico 48 14,5 Ateu 32 9,6 Naturalidade Paracatu Outras cidades Gênero Estaco civil Divorciado/separado Viúvo Religião 45 (conclusão) Informações socioeconômicas Nº Porcentagem (%) Escolaridade Analfabeto 37 11,1 193 58,1 Ensino Médio 91 27,4 Ensino Superior 11 3,3 95 28,6 146 44,0 Cargos administrativos 8 2,4 Aposentados/outros 9 2,7 74 22,3 1 a 2 salários mínimos 267 80,4 3 a 5 salários mínimos 35 10,5 6 a 8 salários mínimos 1 0,3 29 8,7 332 100,0 Ensino Fundamental Ocupação Desempregado Cargos operacionais Do lar Renda familiar Não sabe TOTAL Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. Do total de 332 indivíduos que foram entrevistados a distribuição por faixa etária compreendeu 171 pessoas (51,5%) entre 20 a 39 anos, 66 (19,9%) de 40 a 49 anos, 52 (15,7%) de 15 a 19 anos, 23 (6,9%) entre 50 a 59 anos e 20 pessoas (6,0%) acima de 60 anos. No estudo de Vargas, Oliveira e Araújo (2009) com 755 usuários do serviço de atenção primária de Bebedouro/SP, houve também prevalência da faixa etária de 20 a 39 anos correspondendo a 41,3% da amostra. Observa-se da população estudada composta por 254 pessoas (76,5%) são naturais de Paracatu e os demais outras cidades. Quanto ao gênero, 176 pessoas (53%) são do sexo masculino e 156 (47%) do sexo feminino. Já no trabalho de Vargas, Oliveira e Araújo (2009) houve prevalência feminina com 62,8% dos participantes. De acordo com Silveira (1997) homens que usam álcool são mais prováveis de se tornarem dependentes do que as mulheres 46 possivelmente porque bebem mais, embora a genética também desempenhe papel importante. Dos dados analisados mostra-se que 178 entrevistados (53,6%) são casado ou amasiado, os solteiros 131 (39,5%), divorciado ou separado 9 (2,7%) e viúvo 14 (4,2%). O que corrobora com o estudo de Vargas, Oliveira e Araújo (2009) onde a maioria onde 65,2 são casados ou amasiados. Entre os indivíduos entrevistados a grande maioria declarou-se católica 250 (75,3%) e os demais outras religiões. Quanto à escolaridade 193 (58,1%) têm ensino fundamental, enquanto os demais estão distribuídos 91 (27,4%) ensino médio, 11 (3,3%) ensino superior e 37 (11,1%) analfabeto. Este estudo coincide com o realizado por Figlie e outros (1997) realizado em São Paulo, com 275 pacientes hospitalizados revelaram que 67,2% dos pacientes possuíam apenas o ensino fundamental. Também no estudo de Vargas, Oliveira e Araújo (2009) houve prevalência com 63% dos participantes com escolaridade de nível de ensino fundamental. De acordo com Barros e outros (2007) a faixa de maior escolaridade consome com maior frequência, porém, o consumo de maior risco é mais elevado no segmento de escolaridade inferior. Observou-se neste estudo que poucos possuem o ensino superior e há número expressivo de analfabetos dessa população estudada. Em relação à ocupação dos indivíduos entrevistados 146 (44%) possuem cargos operacionais, 95 (28,6%) desempregados, 9 (2,7%) aposentados/outros, 74 (22,3%) são do lar e 8 (2,4%) possuem cargos administrativos. Percebe-se o desemprego é preocupante e está presente nesta população estudada. Resultados semelhantes ocorreram no estudo de Vargas, Oliveira e Araújo (2009) onde 39,7% dos entrevistados ocupava, cargos operacionais e 28,9% eram do lar. Quanto a renda familiar 267 (80,4%) recebem de 1 a 2 salários mínimos, 35 (10,5%) de 3 a 5 salários mínimos, 6 a 8 salários mínimos 1 (0,3%) e que não sabe 29 (8,7%). Nota-se a renda familiar de maior relevância é 1 a 2 salários mínimos, portanto, são considerados pobre num país de grande economias, mas infelizmente tão mau distribuído entre as famílias. Já no estudo de Figlie e outros (1997) revelaram que a maioria 61,5% dos entrevistados tinham renda familiar de 1 a 5 salários mínimos; e no estudo de Vargas, Oliveira e Araújo (2009) a renda familiar prevalente com 95,7% também foi de 1 a 5 salários mínimos. 47 TESTE AUDIT Cerveja 21% Pinga 47% Vinho Outros 11% Não utiliza 5% 16% GRÁFICO 1: Distribuição dos entrevistados, conforme a bebida alcoólica consumida, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. Observa-se que a cerveja é a bebida alcoólica mais consumida por 47% das pessoas, 16% usam pinga, 11% outras bebidas alcoólicas, 5% usam vinho e 21% não consomem bebidas alcoólicas. É importante observar que qualquer bebida alcoólica contém a mesma quantidade de álcool puro por dose padrão e que, sob este ângulo, não existe „bebida fraca‟. Ao beber um copo 300 ml de cerveja, ingere-se a mesma quantidade de álcool puro (12g) e alcançando 0,2 g/ de sangue (alcoolemia). Então, de modo geral, pode-se dizer que 3 copos de cerveja seriam suficientes para atingir a alcoolemia máxima permitida. (ABREU; LIMA; SILVA, 2007). Galduróz e Caetano (2004) citados por Ronzani e outros (2007) estimam que no Brasil 17,1% dos homens e 5,1% das mulheres sejam dependentes de álcool, mas que apenas 4% deste tenha frequentado algum serviço para tratamento. Além do peroblema de alta prevalência, sabe-se que a dependência do álcool está em quinto lugar entre os principais problemas de saúde entre a população com idade entre 15 e 44 anos de idade em todo o mundo em termos de Anos de Vida Ajustados por Incapacidade (AVAI). Considerando apenas alguns países da América Latina, incluindo o Brasil, os transtornos por uso de álcool ocupam a primeira posição em relação aos AVAI. (BABOR et al., 2003). 48 16% Nenhuma 21% 1 ou menos 1 vez por mês 2 a 4 vezes por mês 2 a 3 vezes por semana 4 ou mais vezes por semana 31% 29% 3% GRÁFICO 2: Distribuição dos entrevistados, conforme a freqüência do consumo de bebida alcoólica, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. De acordo com a frequência ao consumo de bebidas alcoólicas 29% consomem uma ou menos de uma vez por mês, 16% consomem 4 ou mais vezes por semana, 31% 2 a 3 vezes por semana, 3% 2 a 4 por mês e 21% nenhuma vez, o que corrobora com os resultados do trabalho de Martins e outros (2008) realizado em São Paulo, onde mostrou-se que 15,1% dos entrevistados bebem mensalmente ou menos; e 45% deles bebem de 2 a 4 vezes, ou mais por semana. Conforme dados do I Levantamento nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira (LARANJEIRA et al., 2007) realizado na Região Sudeste do Brasil, apresentou um padrão de consumo de álcool em que 50% da população com 18 anos ou mais de idade ingerem bebida alcoólica, 6% diariamente e 18% uma a quatro vezes à semana. A cerveja é a bebida alcoólica mais consumida, seguida do vinho. Observa-se que o uso do álcool vem causando considerável prejuízo à saúde de todas as populações, e, sendo essa uma droga lícita, não há restrições para seu consumo, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos, independentemente de classe social, econômica ou mesmo idade. (FORNAZIER; SIQUEIRA, 2006). A detecção do beber problemático, um fenômeno de consumo que antecede a instalação de um transtorno propriamente dita, é essencial para ações de prevenção do alcoolismo. Estudos anteriores demonstram que uma situação de beber problemático pode ser detectada em 8 a 20% dos pacientes atendidos em serviços de Atenção Primária à Saúde. Além disso, a maior parte da morbidade e da 49 mortalidade relacionada ao álcool, na população geral, incide sobre sujeitos nãodependentes, que habitualmente não chegam a procurar serviços especializados em tratamento de alcoolistas. (RIBEIRO et al., 2001 apud RONZANI et al., 2007). De acordo com o II Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas envolvendo 108 maiores cidades do país, a distribuição dos 7939 entrevistados, segundo uso de bebida alcoólica ficou assim distribuído: 74,6% já consumiu alguma vez na vida, 49,8% consumiu no ano e 38,3% fez uso no mês. (CARLINI et al., 2007). 21% 21% 10% 25% 9% Nenhuma 1 a 2 doses 3 a 4 doses 5 a 6 doses 7 a 9 doses 10 ou mais doses 14% GRÁFICO 3: Distribuição dos entrevistados, quanto ao número de doses de bebida alcoólica consumidas em dia de consumo, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. Quanto ao número de doses de bebida alcoólica consumida em um dia típico, 21% bebem 10 ou mais doses, 10% consomem 1 a 2 doses, 9% consomem 3 a 4 doses, 14% 5 a 6 doses, 25% 7 a 9 doses por dia e 21% não consomem. De acordo com Martins e outros (2008) o padrão de beber nestas ocasiões é alto, pois 66,6% bebem 5 ou mais doses por dia. Também coincide com o estudo de Barros e outros (2008) onde 62,8% dos entrevistados consomem cinco ou mais doses em dia típico. Dados mostram claramente que o uso abusivo de bebida alcoólica está cada vez aumentando em nosso meio, necessitando urgentemente de medidas educativas por profissionais de saúde e todas as autoridades governamentais. A alta frequência de problemas relacionados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, inclusive em nosso meio, comprova-se a importância da abordagem do alcoolismo, o qual, muitas vezes, não é diagnosticado por profissionais de saúde. (ROSA et al., 1998). 50 14% Nunca 39% Mensalmente Menos que mensalmente Semanalmente Diariamente 29% 9% 9% GRÁFICO 4: Distribuição dos entrevistados, conforme a freqüência do consumo de 6 ou mais doses de bebida alcoólica numa mesma ocasião, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. Os dados mostram que 29% consomem 6 doses semanalmente, 9% mensalmente, 9% menos que mensalmente, 14% diariamente e 39% nunca consomem. No trabalho de Martins e outros (2008), embriagando-se, ao avaliar o beber 44,5% dos entrevistados relataram beber seis ou mais doses semanalmente. Este estudo está em concordância com o trabalho realizado por Barros e outros (2008) onde 9,6% tomam seis ou mais doses pelo menos uma vez ao mês. De acordo com Costa e outros (2004) o uso abusivo de álcool é elevado e acarreta inúmeras consequências negativas para a saúde e qualidade de vida dos indivíduos. Os resultados indicam uma alta prevalência de consumo abusivo de álcool e identificam alguns subgrupos da população mais suscetíveis ao alcoolismo. 14% 38% 16% Nunca Mensalmente Menos que mensalmente Semanalmente Diariamente ou quase 18% 14% GRÁFICO 5: Distribuição dos entrevistados, conforme a freqüência durante os últimos 12 meses percebeu que não conseguia parar de beber, uma vez que havia começado, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. 51 De acordo com o gráfico 5, conforme a freqüência durante os últimos 12 meses percebeu que não conseguia parar de beber, uma vez que havia começado, 38% dos entrevistados afirmaram nunca ter acontecido com eles, 18% menos que mensalmente, 16% semanalmente, 14% diariamente e 14% mensalmente. No trabalho de Martins e outros (2008) 43,6% dos entrevistados relataram nunca terem tido esta experiencia e 20,2% declararam acontecer menos que uma vez ao mês. Declaram-se concepções negativas frente ao uso do álcool as que mais aparecem são do álcool como uma substância tóxica, capaz de modificar o comportamento e a personalidade do indivíduo que a consome. Substância que tem poder tóxico que altera o comportamento do indivíduo, viciando, alterando o seu psiquismo, tirando-o da normalidade. (VARGAS; LUIS, 2008). Para Coutinho (1992), a dependência psicológica, que se traduz num grande desconforto na ausência de álcool, é de difícil determinação dada a sua subjetividade. Já a dependência física constitui-se num critério muito restritivo, pois se caracteriza pelo aparecimento de sintomas de abstinência, os quais podem estar ausentes em indivíduos que já apresentam problemas ligados ao consumo do álcool e outro lado, a definição baseada nos problemas relacionados ao álcool pressupõe que o fato de alguém beber até apresentar dificuldades importantes na vida indica uma incapacidade da pessoa em interromper o uso de bebida alcoólica. 11% 41% 17% Nunca Mensalmente Menos que mensalmente Semanalmente Diariamente ou quase 15% 16% GRÁFICO 6: Distribuição dos entrevistados, conforme quantidade de vezes durante o ano passado deixou de fazer o que era esperado devido ao uso de bebidas alcoólicas, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. Conforme dados do gráfico 6 em relação à quantidade de vezes durante o ano deixou de fazer o que era esperado devido ao uso de bebidas alcoólicas mostra que 41% refere nunca ter acontecido, 16% mensalmente, 15% menos que mensalmente, 17% semanalmente, 11% diariamente ou quase; já no trabalho de 52 Martins e outros deu-se o contrário, 80,7% não deixaram de cumprir compromissos em função de beber. O alcoolismo considerado uma das mais frequentes enfermidades de todo o mundo transformou-se num grave problema social, que no Brasil triplicou nas últimas décadas. (DINIZ; RUFFINO, 1996). De acordo com Fonseca (2006) alcoolismo e as doenças orgânicas associadas ao álcool constituem uma das principais causas de internação no Brasil. Também nos hospitais psiquiátricos, o alcoolismo tem sido apontando como a causa mais frequente de internação. 22% 47% 12% Nunca Mensalmente Menos que mensalmente Semanalmente Diariamente ou quase 10% 9% GRÁFICO 7: Distribuição dos entrevistados, conforme quantidade de vezes durante os últimos 12 meses precisou de uma primeira dose pela manhã para sentir-se melhor depois de uma bebedeira, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. Em relação à necessidade de uma dose pela manhã para sentir-se melhor 47% referiram nunca ter precisado, 22% refere precisar diariamente, 12% semanalmente, 10% menos que mensalmente, 9% mensalmente. Para Martins e outros (2008) 84,4% dos entrevistados não relataram precisar beber pela manhã. De acordo Almeida e Coutinho (1993) beber uma dose pela manhã é comportamento característico dos indivíduos que já apresentam o nível de alcoolemia, evitando assim os sintomas de abstinência. A detecção dos grupos populacionais mais expostos ao consumo abusivo de álcool permite planejar ações de saúde mais eficazes, visando à diminuição dessa morbidade e de outras doenças desencadeadas pelo alcoolismo. (VARGAS; LUIS, 2008). 53 23% 39% 16% 10% Nunca Mensalmente Menos que mensalmente Semanalmente Diariamente ou quase 12% GRÁFICO 8: Distribuição dos entrevistados, conforme quantidade de vezes no ano passado sentiu-se culpado ou com remorso depois de beber, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. Observa-se no gráfico 8 que 39% esse sentimento de remorso nunca ocorreu depois ter ingerido álcool, 23% diariamente, 16% semanalmente, 10% menos que semanalmente, 12% mensalmente. No estudo de Barros e outros (2008) 68,3% referiram nunca se sentirem culpados depois de beber. Compreende-se que esses aspectos são relevantes no sentido de adequar as intervenções voltadas ao controle de danos e à redução de comportamentos nocivos à saúde. Para Fonseca (2007) o crescente consumo de álcool e suas devastadoras consequências tornaram-se um dos problemas mais graves dos dias atuais. O número de pessoas que se tornam dependentes e que são gradativamente destruídas por essa substância aumenta a cada dia. O abuso de vida do individuo e da sociedade são considerados hoje um problema de saúde pública. Nunca Mensalmente Menos que mensalmente Semanalmente Diariamente ou quase 12% 16% 53% 10% 9% GRÁFICO 9: Distribuição dos entrevistados, conforme quantidade de vezes durante o ano passado não conseguiu lembrar o que aconteceu na noite anterior porque estava bebendo, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. 54 Conforme gráfico 9, conforme quantidade de vezes durante o ano passado não conseguiu lembrar o que aconteceu na noite anterior porque estava bebendo 53% relataram nunca aconteceu de não lembrar, mas 16% esquecem semanalmente, 10% menos que mensalmente, 9% mensalmente, 12% diariamente. Para Martins e outros (2008) com cerca de 54,1% nunca aconteceu de não se lembrar e 25,7% dos entrevistados relataram ter experiência de não se lembrar do que fizeram na noite anterior em função da bebida com frequência de menos que uma vez ao mês. Para Barros e outros (2003) 4,5% da população estudada, com alguma freqüência, não se lembram do que aconteceu na noite anterior por conta da bebida. Para Barros e outros (2007) é fundamental considerar esta etapa do desenvolvimento com certo cuidado e vulnerabilidade, uma vez que se iniciam uma série de condutas que podem afetar e trazer conseqüências para a vida. O consumo abusivo de álcool é elevado e acarreta inúmeras consequências negativas para a saúde e qualidade de vida dos indivíduos. (COSTA, 2004). 27% 39% Nunca Mensalmente Menos que mensalmente Semanalmente 15% 12% 7% Diariamente ou quase GRÁFICO 10: Distribuição dos entrevistados, conforme freqüência de crítica recebida pelo resultado das suas bebedeiras, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. Dos entrevistados pesquisados 39% nunca receberam crítica pelo resultado das bebedeiras, 15 recebem críticas semanalmente, 12% menos que mensalmente, 27% diariamente e 7% mensalmente. No estudo de Barros e outros (2003) 33,7% afirmaram nunca terem sido criticados pelas bebedeiras. Segundo Vargas e Labate (2006), ver o alcoolismo como algo moralmente errado permite rotular o alcoolista como fraco e dependente, culpando-o pela sua fraqueza de caráter. O pressuposto de que o alcoolista pode controlar seu hábito de beber tem influenciado a população de um modo geral. A relação da sociedade com 55 o álcool é contraditória, pois ao mesmo tempo em que existe aceitação de seu consumo, observa-se a reprovação severa ao alcoolismo propriamente dito, que é sempre associada a uma decadência moral, econômica do indivíduo e que acaba por levá-lo à rejeição social. 8% 7% Nunca Mensalmente 19% 43% Menos que mensalmente Semanalmente Diariamente ou quase 23% GRÁFICO 11: Distribuição dos entrevistados, em que algum parente, amigo, médico ou qualquer outro trabalhador da área de saúde referiu-se às suas bebedeiras ou sugeriu parar de beber, PSF Chapadinha Paracatu, 2010 Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com usuários cadastrados no PSF Chapadinha, no período de janeiro a abril de 2010. Conforme o gráfico 11, 43% dos entrevistados nunca tiveram um parente, amigo ou profissional da saúde que o sugerisse a parar de beber, 23% houve sugestão mensalmente, 19% menos que mensalmente, 8% semanalmente e 7% diariamente. No trabalho de Martins e outros (2008) 51,4% nunca receberam sugestão para parar de beber e 34,4% relataram ter sido aconselhado a parar de beber no último ano. Para Barros e outros (2007) 6,3% da população estudada, com alguma freqüência, teve alguém que já sugeriu que parassem de beber e 51,7% nunca receberam sugestão para que parassem de beber. O alcoolismo é uma doença igualmente assumida fisiologicamente pelos próximos, já que algumas de suas marcas podem ser também lidas no corpo dos outros, como, por exemplo, alguns sintomas relatados pelos cônjuges: depressão nervosa, dificuldades para dormir e raciocinar, dores no estômago, problemas de memória, dentes danificados, falta de apetite. (FAINZANG, 2007 apud SANTOS; VELOSO, 2008). Percebe que os profissionais de saúde deveriam ser mais atuantes na comunidade, pois o alcoolismo é um grande problema na saúde pública, pois há grande necessidade de implantação de programas educativos e políticas de saúde centradas nessa população de risco. 56 De acordo com Vargas e Labate (2006) a conscientização dos profissionais se faz necessária, uma vez que os dados mostram que cada vez mais o paciente alcoolista faz parte do cotidiano do enfermeiro. 57 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de bebidas alcoólicas é uma realidade crescente que tem sido alvo de preocupação em nossa sociedade. Cada vez mais as pessoas estão iniciando precocemente, por isso requer maior atenção da saúde pública. Além disso, os meios de comunicação mostram-se como grandes estimuladores do consumo de bebidas alcoólicas e levam a um aumento acelerado de alcoolistas e apesar disso, eles também constituem uma forma estratégica de informação, a sociedade que deveria ser forma precisa e clara sobre prevenção, pois favorecerá uma forma de conhecimento para sociedade. É necessário que as estratégias sejam construídas para enfrentar o problema, buscando minimizar, atenuar ou até mesmo eliminar esse mal destruidor das famílias que é o alcoolismo. Sabe-se que o álcool é uma droga psicoativa lícita até mesmo estimulada pela sociedade. Cabe ressaltar que o alcoolismo é uma doença que não deve ser tratada não só da forma curativa, mas sim ações educativas que são uma das atribuições mais importante no incentivo da prevenção das doenças. A saúde pública tem que buscar uma assistência integral, competente e humana que atuem junto à sociedade nesse problema que é o álcool. Ao concluir esse estudo percebeu-se que o álcool é um problema relevante e é está presente na vida dos moradores do bairro Chapadinha que tem as situações correlacionadas como, por exemplo, a criminalidade, comportamentos anti-sociais, drogas, consequências negativas para a saúde e qualidade de vida dos indivíduos e outros. Diante do estudo é recomendável que a equipe de saúde da família do bairro Chapadinha propicie práticas educativas e promoção (palestra e campanha); prestando assistência integral eficiente e eficaz; conhecendo a realidade das famílias; elaborando junto com as famílias planos para serem executados; identificando os fatores de riscos, tratamento, acompanhamento, aconselhamento das famílias com problemas relacionados ao alcoolismo. 58 REFERÊNCIAS ABREU, Angela Maria Mendes; LIMA, João mauro Braz de; SILVA, Lidiane Mendes da. Níveis de alcoolemia e mortalidade por acidentes de trânsito na cidade do Rio de Janeiro. 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Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade; 3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos; 4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos; 5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas; 6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter; 7. Humildemente, rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições; 8. Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados; 9. Fizemos reparações diretas dos danos a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-los significasse prejudicá-las ou a outrem; 10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente; 11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade; 12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades. (JUNAAB, 2005c). 67 APÊNDICE B - As Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos 1. Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar, a reabilitação individual depende da unidade de A.A.; 2. Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso propósito comum um Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar; 3. Para ser membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber; 4. Cada Grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros Grupos ou a A.A. em seu conjunto; 5. Cada Grupo é animado de um único propósito primordial - o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre; 6 Nenhum Grupo de A.A. deverà jamais sancionar, inancar ou emprestar o nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a fim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem de nosso objetivo primordial; 7. Todos os Grupos de A.A. deverão ser absolutamente auto- suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora; 8. Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não- profissional, embora nossos centros de serviços possam contratar funcionários especializados; 9. A.A. jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar juntas ou comitês de serviços diretamente responsáveis perante aqueles a quem restam serviços; 10. Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade; portanto, o nome de A.A. jamais deverá aparecer em controvérsias públicas; 11. Nossas relações com o publico baseiam-se na atração em vez da promoçáo; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes; 12. O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar princípios acima das personalidades. (JUNAAB, 2005c). 68 APÊNDICE C - Poesia de Agradecimento Agradecimento Carla Cristina Queiros Ulhoa “Eu sou Carla, filha de um alcoólatra recuperado vim agora lhes contar um pouco do meu passado. Eu me lembro quando mais criança Eu não tinha alegria, eu não tinha esperança. Pois meu pai bebia, com minha mãe brigava, Saía ao amanhecer e à madrugada chegava. Eu chorava, Eu chorava pelos cantos da casa Clamando alguma dor Mais a verdade tudo é que eu chorava Era por falta de amor. E logo foi caminhando Com as verdadeiras amizades Liquidou com a bebida E só teve felicidades. Agora nós agradecemos com um amor profundo pois agora eu tenho o melhor pai deste mundo. Eu peço a todos os pais Para dar seus filhos esta alegria Liquidando com a bebida E renovando a luz do dia. Pois eu não me esqueci E nem quero esquecer O que a “AA” fez pelo meu pai Em mim vai permanecer. Pois meu pai vivia caído Num canto da rua jogado Sem ter nenhum amigo Vivia abandonado Eu tinha muita dó dele Mas nada eu podia fazer Pois mamãe tudo havia tentado Para ele parar de beber. Vivia humilhado e chorando Não tinha uma porta aberta E sempre ele procurava E não encontrava a razão certa. A “ AA” veio com sua ajuda E para lhe responder: Se queres a razão A razão é parar de beber. Cada luta que ele vencer e Eu sempre vou me lembrar Que quem fez ele crescer Foi a maravilhosa “AA”. Eu peço a Jesus Para ajudar a “AA” Pois a vida de tantas pessoas Ela fez e fez renovar. Espera que lhe toque o coração; Estes versos foram feitos pela filha de um alcoólatra recuperando; Como recordação dos 4 anos da Associação dos Alcoólatras Anônimos em Paracatu-Mg/1983.”. (Filha do fundador do A. A. em Paracatu). 69 APÊNDICE D – Entrevista ESTUDO DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NAS FAMÍLIAS DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DA CHAPADINHA NO MUNÌCIPIO DE PARACATU-MG ENTREVISTA ESTRUTURADA 1- Data do registro: 2- Nome: 3- Data de nascimento: 4- Idade: 5- Naturalidade: 6- Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 7- Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado/amasiado ( )Divorciado/separado ( ) viúvo 8- Número e idade dos filhos: 9- Religião: 10- Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Ensino fundamental ( ) Ensino médio ( ) Ensino Superior 11- Ocupação ( ) Desempregado ( ) Cargos operacionais ( ) Cargos administrativos ( ) Aposentados/outros ( ) Do lar 12- Renda familiar: ( ) 1 a 2 salários mínimos ( ) 3 a 5 salários mínimos ( ) 6 a 8 salários mínimos ( ) acima de 8 salários mínimos ( ) Não sabe 70 TESTE AUDIT Especifique qual a bebida utilizada: 1. Qual a freqüência do seu consumo de bebidas alcoólicas? (0 ) Nenhuma ( 1 ) Uma ou menos de uma vez por mês ( 2 ) 2 a 4 vezes por mês ( 3 ) 2 a 3 vezes por semana ( 4 ) 4 ou mais vezes por semana 2. Quantas doses contendo álcool você consome num dia típico quando você está bebendo? ( 0 ) Nenhuma (1)1a2 (2)3a4 (3)5a6 (4)7a9 ( 5 ) 10 ou mais 3. Qual a freqüência que você consome 6 ou mais doses de bebida alcoólica em uma ocasião? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente ou quase diariamente 4. Com que freqüência, durante os últimos 12 meses, você percebeu que não conseguia parar de beber uma vez que havia começado? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente ou quase diariamente 5. Quantas vezes durante o ano passado deixou de fazer o que era esperado devido ao uso de bebidas alcoólicas? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente ou quase diariamente 71 6. Quantas vezes durante os últimos 12 meses você precisou de uma primeira dose pela manhã para sentir-se melhor depois de uma bebedeira? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente ou quase diariamente 7. Quantas vezes no ano passado você se sentiu culpado ou com remorso depois de beber? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente ou quase diariamente 8. Quantas vezes durante o ano passado você não conseguiu lembrar o que aconteceu na noite anterior porque você estava bebendo? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente ou quase diariamente 9. Você foi criticado pelo resultado das suas bebedeiras? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente ou quase diariamente 10. Algum parente, amigo, médico ou qualquer outro trabalhador da área de saúde referiuse às suas bebedeiras ou sugeriu a você parar de beber? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente ou quase diariamente Total de pontos------------------------------ 72 ANEXO ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome do paciente: ________________________________________________________ Pesquisadora responsável: Acadêmica de Enfermagem do 7º Periodo da Faculdade Tecsoma Fátima Aparecida dos Reis Ulhôa. O alcoolismo é considerado um grave problema de saúde pública no Brasil, assim como em outros países. Estima-se que cerca de 10% da população brasileira seja dependente de álcool, enquanto um número bem maior de pessoas enfrenta problemas relacionados ao consumo excessivo de álcool (LARANJEIRA; PINSKY. 2001). O presente trabalho, que é o estudo do consumo de bebidas alcoólicas nas famílias do programa de saúde da família da chapadinha no munìcipio de Paracatu- visa avaliar a incidência do uso do álcool da população assistidas pelo Programa de Saúde da Família da Chapadinha. O paciente terá a liberdade de recusar participar ou cancelar o seu consentimento sem penalização alguma. É garantido o sigilo e a privacidade dos dados confidenciais envolvidos na pesquisa. Os dados e informações provenientes deste trabalho serão utilizados com fins de produção e apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) à Faculdade Tecsoma. Eu, ___________________________________________________ venho por meio desta manifestar meu consentimento em participar da amostragem da pesquisa acima referida a ser realizada pela acadêmica de Enfermagem do 7º Período da Faculdade Tecsoma, Fátima Aparecida dos Reis Ulhôa, estando consciente sobre sua justificativa, objetivos e procedimentos a serem utilizados. Paracatu/MG, ___/___/___ ________________________ Paciente _____________________________ Fátima Aparecida dos Reis Ulhôa Acadêmica de Enfermagem