ESTUDO DE CASO SOBRE AS POSSÍVEIS DIFICULDADES DE IMPLANTAÇÃO
DE SOFTWARE LIVRE NOS SERVIDORES DA PREFEITURA DE GOVERNADOR
VALADARES
Cássio Duarte Melgaço*
Marta Alves de Souza**
Helder Rodrigues da Costa***
Resumo
O presente artigo tem como objetivo analisar aspectos que envolvem a adoção do
Software Livre em ambientes governamentais, prática que vem se difundindo
bastante, visando economia de custos e de investimentos, sem que se perca o
objetivo de modernização, atualização e competitividade. Tomando por base esse
contexto, é apresentado o estudo de caso sobre as possíveis dificuldades de
implantação do Software Livre na Prefeitura de Governador Valadares, enfatizando
os aspectos do ambiente e da infraestrutura através da coleta de dados dos
servidores e sistemas em uso atualmente e realizando um comparativo com as
soluções de Softwares Livres disponíveis que possam ser utilizadas ou adaptadas
para uso nesse ambiente.
Palavras-chave: Software livre. Linux.
Governo.
Migração. Tecnologia
da
informação.
Abstract
The present article has as objective to analyze aspects that involve the adoption of
Free Software in governmental environments, a practice that has been widely
disseminated, seeking cost savings and investments, without losing the objectives of
modernization, upgrading and competitiveness. Based on this context, the article
shows the study case about the possible implementation difficulties of Free Software
in the Governador Valadares City Hall, emphasizing the environment and
infrastructure by collecting data from servers and systems currently in use and
performing a comparison with the available open source software solutions that can
be used or adapted for use in this environment.
Key-words: Free software. Linux. Government. Migration. Information technology.
* Analista de TI – Prefeitura de Governador Valadares / [email protected]
** Mestre em Administração e Planejamento de Sistemas de Informação – PUCCAMP
*** Mestre em Ciências e Técnicas Nucleares – UFMG. Coordenador do curso de Gestão de
Tecnologia da Informação – SENAC/MG.
2
1 INTRODUÇÃO
O mercado da tecnologia está em constante desenvolvimento e mudança, e o
mercado brasileiro de informática vem sentindo os efeitos dessas mudanças. Cada
vez mais será necessário investir em tecnologia, infraestrutura, desenvolvimento,
novas mídias, maior acesso com o aumento da inclusão digital, entre outros fatores.
A entrada constante de novas tecnologias e a demanda cada vez maior por
preço e qualidade obriga as equipes técnicas das empresas a buscarem
fornecimento de soluções mais ágeis, eficientes e baratas possíveis.
Dessa maneira, os profissionais da área precisam, além de obter as melhores
respostas em menor
tempo, assumir uma
postura multidisciplinar,
tendo
conhecimento dos diversos aspectos dentro do seu ramo de atividade, sejam estes
humanísticos, técnicos ou mercadológicos.
Nesse sentido tem-se notado um grande avanço relativo à utilização de
Softwares Livres tanto em ambientes corporativos quanto residenciais. Os softwares
estão se tornando cada vez mais amigáveis, bastante estáveis e com maior
facilidade relativo à busca de suporte, à medida que mais pessoas se tornam
adeptas dos mesmos e consequentemente passam a compartilhar as suas
experiências com outros usuários.
A título de exemplo pode-se citar o Linux, um sistema operacional, que é
usado de forma livre por milhares de pessoas em todo o mundo. Este programa é
apenas um exemplo de como a liberdade na alteração, distribuição e utilização de
programas de computador podem transformar ainda mais rapidamente, e de
maneira mais democrática, o perfil do desenvolvimento social e tecnológico no
mundo.
Seguindo a tendência de setores da administração pública, como o Governo
Federal, há uma crescente discussão sobre o tema em diversas autarquias do setor
público onde se fala muito em agilidade, cortes de custos e de gastos.
Em se
tratando de aquisições de softwares e licenças, as mesmas, acabam sendo lentas e
bastante burocráticas por conta de processos de licitação e pregões entre outros.
Assim a utilização de Software Livre nestes setores torna-se bastante interessante.
Neste contexto, quais são as possíveis dificuldades para a implantação de
Software Livre?
3
Para responder ao problema de pesquisa é preciso levantar quais as
possíveis barreiras podem ser encontradas através do estudo do ambiente e
alinhamento com os objetivos que se deseja atingir para se obter um caso de
sucesso. Fica evidente, portanto, a importância do estudo e do levantamento de
dados, que poderão ser utilizados como base para a criação de projetos mais
complexos de implantação dos Softwares Livres nos ambientes.
Analisar os aspectos que envolvem a adoção do Software Livre em ambientes
governamentais e levantar as possíveis barreiras para a implantação dos mesmos
no ambiente de servidores da Prefeitura de Governador Valadares são os pontos
principais deste artigo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 SOTWARE LIVRE
A definição de Software Livre foi criada pela Free Software Foundation (FSF),
fundada em 1983 por Richard Stallman então pesquisador do MIT (Massachusetts
Institute of Technology). Segundo a FSF (2011), Software Livre é o software que
pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem restrição.
Ainda de acordo com a FSF (2011) o Software Livre se baseia em quatro
liberdades associadas, são elas:
a) a liberdade de se executar o programa para qualquer propósito;
b) a liberdade de se estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as
suas necessidades. Acesso ao código-fonte é um requisito para esta
liberdade.
c) a liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar seu
próximo.
d) a liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os seus aperfeiçoamentos,
de modo que toda a comunidade se beneficie. Acesso ao código-fonte é
um requisito para esta liberdade.
São essas liberdades que caracterizam um software como sendo Software
Livre, não importando a maneira como os utilizadores os adquiriram, os mesmos
podem ser modificados ou alterados de acordo com a necessidade de cada um e
4
redistribuídos a outros utilizadores sem prévia autorização, inclusive na forma de
venda.
A idéia de Software Livre nem sempre está ligada a idéia de gratuidade ou
software não comercial. Existem distribuições do sistema operacional Linux que são
vendidas, como exemplo das versões Red Hat, mas que continuam sendo software
livre, pois são distribuídas com o código fonte aberto podendo os utilizadores
estudá-los e modificá-los, que são princípios dos softwares livres como descritos
anteriormente.
Quando se fala em Software Livre a maior vantagem de utilização são os
custos, pois não há gastos com pagamento de licenças de uso, então essa
economia alcançada pode ser direcionada para a aquisição de melhores
equipamentos e treinamento.
O Software Livre normalmente é distribuído com o seu código fonte e sob a
Licença Pública Geral do GNU (GPL). A licença GPL de acordo com Cisneiros
(2011) permite que o autor distribua o seu código fonte livremente, outras pessoas
possam modificá-lo adaptando à suas necessidades e utilizá-lo à vontade desde que
o código modificado também seja distribuído como código aberto. Este princípio
contribui para a melhoria contínua do código dos softwares através das
colaborações da comunidade de desenvolvedores adeptos ao Software Livre.
2.2 SOFTWARE LIVRE NA GESTÃO PÚBLICA
O Software Livre tem ganhado espaço e adeptos nos órgãos públicos, a sua
utilização vem crescendo muito na esfera governamental, pois, o mesmo, tem como
principal ponto a favor o menor custo financeiro comparado com os softwares
proprietários.
Em 29 de outubro de 2003 foi publicado pelo Brasil.Governo Federal (2011) o
decreto que determinou a criação de comitês técnicos destacando-se entre eles o
Comitê Técnico de Implementação de Software Livre, cuja finalidade é estimular e
articular projetos de pesquisa científica e de desenvolvimento tecnológico voltados à
ampliação da cidadania digital. Desde então o governo vem investindo muito na
divulgação do software livre com a criação de cartilhas, como a Cartilha Amarela
voltada para a população, que contém esclarecimentos e benefícios de utilização do
software livre, e com criação de portais específicos sobre o assunto como o Portal
5
do Governo Eletrônico (www.governoeletronico.gov.br), Software Livre no Governo
(www.softwarelivre.gov.br)
e
o
Portal
do
Software
Público
Brasileiro
(www.softwarepublico.gov.br).
De acordo com o ITI (2011) o Comitê Técnico de Implementação de Software
Livre foi coordenado pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) até
abril de 2008, atualmente, é coordenado pelo Serviço Federal de Processamento de
Dados (Serpro).
Através dos trabalhos desenvolvidos pelo ITI, o Governo Federal determinou
um conjunto de diretrizes com a finalidade de orientar as ações dos diversos órgãos
e empresas públicas, no sentido de promover a adoção planejada e de forma
contínua desses softwares.
A opção do Governo Federal pelo Software Livre é adotada como estratégia
para reduzir custos, ampliar a concorrência, gerar empregos e desenvolver o
conhecimento e a inteligência do país na área, segundo o Brasil.Ministério do
Planejamento (2011). Para incentivar o uso do software livre, o Estado promove
ações voltadas para o uso de padrões abertos, o licenciamento livre dos softwares e
a formação de comunidades interessadas no tema.
Visando esse incentivo e facilitar o processo de migração nos diferentes
órgãos, o Brasil.Ministério do Planejamento (2011) coordenou, junto a 28 órgãos
federais, a construção do Guia Livre - Referência de Migração para Software Livre,
que, traz dicas para a elaboração de planos de migração e relatos de experiências
bem sucedidas no Governo Federal.
O Guia Livre destaca importâncias para a adoção do Software Livre, são elas:
a) necessidade de adoção de padrões abertos para o Governo Eletrônico
(eGov);
b) nível de segurança proporcionado pelo Software Livre;
c) eliminação de mudanças compulsórias que os modelos proprietários
impõem periodicamente a seus usuários, em face da descontinuidade de
suporte a versões ou soluções;
d) independência tecnológica;
e) desenvolvimento de conhecimento local;
f) possibilidade de auditoria dos sistemas;
g) independência de fornecedor único.
6
2.3 REFERÊNCIAS EM SOFTWARE LIVRE
2.3.1 Sistemas Operacionais
Um sistema operacional é composto por um conjunto de programas
responsáveis por controlar os recursos de hardware do computador, mantendo a
integridade do sistema, gerenciando o escalonamento e interação das tarefas, além
de fornecer interface entre o computador e o usuário, segundo a Wikipédia (2011).
Existem diversos sistemas operacionais livres disponíveis para utilização, mas
pode-se afirmar que o mais conhecido é o Linux, em suas diversas distribuições.
De acordo com o Guia Livre do Brasil.Ministério do Planejamento (2011), o
sistema operacional Linux consiste de um kernel, responsável pela alocação dos
recursos da máquina que opera em modo supervisor junto com programas de
suporte, como compiladores, carregadores de suporte e drivers.
Nesse sentido, o kernel do Linux é fornecido em pacote, junto com um
conjunto de programas de suporte e aplicativos, formando uma distribuição. Os
componentes do conteúdo de uma distribuição devem interagir, e o kernel pode ser
compilado para possuir características específicas não disponíveis como padrão.
O portal DistroWatch (2011) faz um comparativo entre as dez mais
conhecidas distribuições Linux, incluindo, versões para estação de trabalho e
versões para servidores.
Entre as versões voltadas para estações de trabalho utilizadas pode-se citar o
Kurumin, Linux Educacional e Ubuntu entre outras. Relacionado a distribuições
voltadas para uso em servidores, algumas delas são, Slackware, Red Hat, Debian,
Fedora, CentOS e Ubuntu Server.
2.3.2 Aplicativos de escritório
Os aplicativos de escritório, de acordo com o Guia Livre do Brasil.Ministério
do Planejamento (2011), abrangem a criação, a modificação e a impressão de
arquivos contendo dados do negócio em formato padrão, tais como cartas e
relatórios, planilhas e apresentações.
Atualmente, em se tratando de aplicativos de escritório baseados em
Software Livre, está sendo bastante utilizado o pacote BROffice.org, versão
7
brasileira do pacote OpenOffice.org. O BROffice.org está disponível em português, é
capaz de ler muitos formatos fechados de documentos e pode ser instalado em
sistemas operacionais Windows e Linux, sendo uma boa alternativa para utilização
onde o sistema operacional não pode ser migrado para Software Livre.
2.3.3 Navegadores e Correio Eletrônico
O navegador, também conhecido por browser, é o programa responsável para
acesso a conteúdos publicados na web e o software de correio eletrônico é utilizado
para envio e recebimento de e-mails.
Nesse contexto, o navegador e o leitor de correio eletrônico em Software Livre
que possuem
bastante adeptos são o
Mozilla Firefox e o Thunderbird
respectivamente. Estes dois softwares possuem versões tanto para Windows como
para Linux.
2.3.4 Banco de Dados
Banco de dados pode ser definido como um conjunto de dados interrelacionados, representando informações sobre um
domínio específico. É,
basicamente, uma tabela composta de várias linhas divididas em colunas que são
identificadas por campos, e cada linha representa um registro de banco de dados.
O Guia Livre do Brasil.Ministério do Planejamento (2011), cita que para
sistemas que necessitam de um banco de dados rápido, como as aplicações com
interface web, pode ser utilizado o MySQL e para sistemas que necessitam de maior
robustez, o PostgreSQL e o Firebird.
O MySQL é um banco de dados SQL leve, voltado especialmente para
aplicações web e similares.
O PostgreSQL é bastante completo, comparável aos mais robustos do
mercado, com os recursos necessários para lidar com grande volume de dados e
mostra-se uma boa opção com relação à soluções corporativas.
O Firebird é uma versão do banco de dados Interbase da Borland, assim
como o PostgreSQL, é uma opção em se tratando de soluções corporativas.
8
3 METODOLOGIA
O estudo de caso, segundo Yin (2001), representa uma investigação empírica
e compreende um método abrangente, com a lógica do planejamento, da coleta e da
análise de dados. Pode incluir tanto estudos de caso único quanto de múltiplos, e
também, abordagens quantitativas e qualitativas de pesquisa.
Uma pesquisa de natureza exploratória, de acordo com Gil (1999), envolve
um levantamento bibliográfico com a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e idéias para a formulação de abordagens posteriores.
Dessa forma é apresentado o estudo de caso sobre as possíveis dificuldades
de implantação de Software Livre no ambiente de servidores da Prefeitura de
Governador Valadares. Através da pesquisa exploratória foram enfatizados os
aspectos do ambiente e da infraestrutura pela observação e coleta de dados dos
servidores e sistemas em uso atualmente e foi realizado o levantamento bibliográfico
para o comparativo das soluções de Softwares Livres disponíveis que possam ser
utilizadas ou adaptadas para uso nesse ambiente.
4 DADOS E ANÁLISE DA PESQUISA
A Prefeitura de Governador Valadares é composta por quinze secretarias
responsáveis por cuidar da administração da cidade. Estas secretarias são
compostas por departamentos que, por sua vez, são divididos em gerências para
melhor organização e execução dos serviços.
A prefeitura conta atualmente com um parque de aproximadamente
quatrocentos computadores em seu prédio e mais oitocentos divididos entre os
diversos setores externos, num total de mil e duzentos computadores. No prédio
central estão localizados os servidores que sustentam essa infraestrutura, onde os
computadores dos setores internos estão conectados através da LAN e os setores
externos se conectam através da WAN por uma extensa malha de fibras óticas e
rádios. A estrutura da rede é baseada no protocolo TCP/IP.
O Departamento de Informática assume um papel fundamental no processo
de modernização, pois é ele que traça toda a política de tecnologia da informação
para a Prefeitura.
9
Nesse sentido, o Departamento de Informática é responsável por manter toda
a infraestrutura de informática, contratar prestadores de serviços de internet e
transmissão
de
dados,
manutenção
dos
computadores,
impressoras
e
equipamentos, garantindo o melhor funcionamento da estrutura e do ambiente de
rede.
Figura 1 – Ambiente de Servidores
Fonte: da pesquisa
10
A estrutura de serviços da prefeitura gira em torno do ambiente de servidores,
que é composto por treze servidores de dados e aplicativos, cada um executando
sua função específica como mostrado na figura 1. Os casos de utilização de
Software Livre são baseados e analisados a partir desta estrutura.
O servidor PMGV-S1 possui o sistema operacional Windows Server 2003,
exerce as funções de controlador de domínio através do Active Directory e servidor
de nomes DNS. A dificuldade encontrada para a migração deste servidor está no
fato de que não foi possível através dos estudos definir um alternativa baseada em
Software Livre que substituísse com todas as funcionalidades disponíveis no Active
Directory, a função de controlador de domínio.
O servidor PMGV-S2 possui o sistema operacional Windows Server 2000,
executa a função de terminal server para a utilização de softwares legados
baseados na arquitetura Windows. A dificuldade de migração deste servidor
encontra-se justamente no fato de se tratarem de softwares legados, onde não
apresentaria nenhuma vantagem relativo ao desenvolvimento destes softwares em
outra linguagem de programação compatível com Linux, haja visto que são
softwares usados somente para consulta a dados.
O servidor PMGV-S3 possui o sistema operacional Windows Server 2003,
executa a função de banco de dados para o sistema de protocolo Control Docs. O
banco de dados utilizado é o Firebird, que se trata de Software Livre, para
arquitetura Windows. Este servidor poderia ser migrado para o ambiente Linux, pois,
de acordo com o estudo, está disponível o mesmo banco de dados para o sistema
operacional Linux.
O servidor PMGV-S4 possui o sistema operacional Windows Server 2003,
exerce as funções de Servidor Web IIS e banco de dados Oracle, hospedando os
sistemas da Intranet da prefeitura, rodando códigos ASP.NET e PHP. Este servidor
poderia ser migrado para o sistema operacional Linux baseado no Servidor Web
Apache, porém necessitaria de um trabalho maior para a migração relativo ao banco
de dados e páginas em ASP.NET. O conteúdo web deveria ser modificado para a
utilização de um banco de dados baseado em Software Livre como o MySQL ou
PostgreSQL e as páginas desenvolvidas em ASP.NET deveriam ser modificadas
para PHP.
O servidor PMGV-S5 possui o sistema operacional Windows Server 2003 e
exerce a função de banco de dados em SQL Server 2008 para os sistemas de
11
contabilidade. A dificuldade encontrada na migração deste servidor está no fato dos
softwares que utilizam o banco de dados serem desenvolvido por empresa externa.
Em contato com a empresa desenvolvedora dos sistemas foi constatado que os
mesmos somente utilizam o banco de dados definido e que não há projeto para a
migração para banco de dados baseado em Software Livre, o que torna inviável a
migração deste servidor.
O servidor PMGV-S6 possui o sistema operacional Linux CentOS, já baseado
em Software Livre e exerce a função de servidor de aplicativos do sistema tributário.
Portanto, como visto, não é necessária nenhuma alteração da estrutura do mesmo.
O servidor PMGV-S7 possui o sistema operacional Windows Server 2003, é
utilizado apenas como servidor de testes de aplicativos em desenvolvimento.
Portanto não se justifica o trabalho de migração do mesmo.
O servidor PMGV-S8 possui o sistema operacional Windows Server 2003 e
exerce a função de servidor de arquivos de rede. Este servidor poderia ser migrado
para
o
sistema
operacional
Linux
sem
maiores
dificuldades,
para
o
compartilhamento de arquivos do sistema SMB, apenas realizando-se as devidas
adaptações.
O servidor PMGV-S9 possui o sistema operacional Windows Server 2003 e
possui a função de banco de dados Oracle para os sistemas de almoxarifado, frotas
e compras. Estes sistemas são desenvolvidos por empresa externa. Em contato com
a empresa desenvolvedora verificou-se que a mesma possui uma versão destes
sistemas voltada para o banco de dados livre PostgreSQL. Fica evidente, portanto,
que poderia se realizar a migração deste servidor para o sistema operacional Linux
com a utilização do banco de dados PostgreSQL, observando-se que haveria um
custo de implantação relativo a empresa desenvolvedora.
O servidor PMGV-BD01 possui o sistema operacional Windows Server 2003,
exerce a função de banco de dados em SQL Server 2000 para o sistema de
recursos humanos. Este servidor enquadra-se na mesma situação do servidor
PMGV-S5, devido aos sistemas de ambos serem desenvolvidos pela mesma
empresa. Nesse caso, portanto, encontra-se a mesma dificuldade tornando inviável
a sua migração para Software Livre.
O servidor INSTALL possui o sistema operacional Windows Server 2003 e é
utilizado como armazenamento de arquivos em rede, responsável por guardar as
instalações de todos os softwares utilizados no ambiente da prefeitura. Este servidor
12
poderia ser migrado para o sistema operacional Linux e utilizado como
compartilhamento de arquivos o sistema SMB, com as devidas adaptações.
O servidor E-MAIL possui o sistema operacional Linux Ubuntu Server e é o
responsável por controlar toda a estrutura de recebimento e envio de e-mails da
prefeitura. Não seria necessária nenhuma migração por já utilizar Software Livre.
O servidor GATEWAY possui o sistema operacional Linux Ubuntu Server,
exercendo a função de firewall e proxy. Este servidor realiza o controle de tráfego da
internet. É através dele que passa todo o tráfego da prefeitura por de um link
dedicado com velocidade de 20 Mbps. O mesmo já é baseado em Software Livre,
portanto não é necessária a migração.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES
A utilização do Software Livre em ambientes governamentais, em seus
diferentes níveis, é parte de um processo abrangente que envolve diversos
aspectos, alguns deles abordados durante o desenvolvimento da pesquisa. O estudo
teve como base, em grande parte, documentos divulgados pelo Governo Federal
onde são discutidos aspectos dos mais diferenciados, com questões que vão desde
complexidade do uso dos Softwares Livres e segurança até processos de inclusão
social, pela inclusão digital.
O desenvolvimento de um processo de migração é complexo, e pode ser
considerado como peça principal quando se trata de projetos de modernização da
área de informática, garantindo que o ambiente não se torne obsoleto e que possa
acompanhar as exigências que ainda estão por vir.
Além do levantamento das possíveis barreiras de implantação, um processo
de migração de Software Livre, deve envolver toda equipe, diretoria, analistas e
desenvolvedores no processo de decisão. É interessante destacar que talvez seja
necessária a contratação de pessoal especializado para execução de determinada
tarefa, o que gera um custo, e testes em laboratório antes da implementação em
ambiente de produção também se fazem necessários.
Outro ponto de grande importância é relativo a treinamento, visto que a
migração implica em mudança ou desenvolvimento de novos softwares, isto gera a
necessidade do treinamento dos usuários que utilizaram os novos sistemas.
13
O processo de migração deve ser planejado para minimizar os impactos
através do estudo do ambiente e alinhamento com os objetivos que se deseja atingir
ou todo o processo estará fadado a ser um fracasso.
Vale ressaltar que, atualmente, a Prefeitura, através do Departamento de
Informática, vê a importância da utilização do Software Livre. Por isso está sendo
utilizado o conceito, para o desenvolvimento de novos softwares, baseado em
linguagem e banco de dados que são independentes do sistema operacional, o que
facilitaria uma possível migração. Como exemplo, a utilização da linguagem de
programação JAVA e do banco de dados PostgreSQL que possuem versões tanto
para Windows como para Linux.
Ao analisar as vantagens e desvantagens que a implantação do Software
Livre acarreta, constatados através da pesquisa, alguns pontos se revestem de
significativa importância. Como vantagem, um dos enfoques que mais chama a
atenção é a economia de recursos e consequentemente a possibilidade de aplicação
desses recursos em melhoria de equipamentos e treinamentos. Falando-se sobre as
desvantagens, foi constatada deficiências quanto à documentação de alguns
softwares, muitas vezes pouco detalhadas ou confusas e complexas.
Como o objetivo do artigo não é limitar nem abranger na totalidade o assunto,
visto que os conceitos do Software Livre estão em constante desenvolvimento,
acredita-se que o objetivo do mesmo foi atingido, pois, através do estudo e da
análise dos dados foi possível visualizar o que pode ser migrado para Software
Livre, auxiliando na criação de um processo de migração com as definições de
prioridades, e levantadas algumas possíveis barreiras que podem ser encontradas
para tal, respondendo ao problema de pesquisa.
Que este artigo possa ser utilizado como base para futuros estudos ou
elaboração de projetos de implantação de Software Livre.
14
REFERÊNCIAS
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<http://www.softwarelivre.gov.br/documentos-oficiais>. Acesso em: 10/05/2011.
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<http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/software-livre>. Acesso em:
10/05/2011.
CISNEIROS, Hugo. The Linux Manual. Disponível em: <http://www.devin.com.br
/tlm4/s1-o-que-e-gpl.html>. Acesso em: 17/05/2011.
DISTROWATCH. Top Ten Distributions. Disponível em: <http://distrowatch.com/
dwres.php?resource=major>. Acesso em: 10/06/2011.
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<http://www.fsfla.org/svnwiki/about/what-is-free-software.pt.html>.
Acesso
em:
17/05/2011.
GIL, Antonio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
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Acesso em: 02/06/2011.
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em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
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