ALAYSIA TAUANA SANTOS GONÇALVES JOANA MARA CORREIA CARVALHO MARGARETE DE OLIVEIRA MARIA DAS GRAÇAS MOREIRA NATÁLIA DIVINA CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS E A QUESTÃO DE GÊNERO BELO HORIZONTE 2006 ALAYSIA TAUANA SANTOS GONÇALVES JOANA MARA CORREIA CARVALHO MARGARETE DE OLIVEIRA MARIA DAS GRAÇAS MOREIRA NATÁLIA DIVINA CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS E A QUESTÃO DE GÊNERO Prof. Arimar Colen Gontijo Relatório Final do Projeto Interdisciplinar apresentado à Coordenação do Curso de Administração da Faculdade Novos Horizontes, Unidade Santo Agostinho, como requisito para aprovação no 2º semestre. BELO HORIZONTE 2006 8 A Deus pela capacitação, à minha família pela compreensão e dedicação, aos amigos pelo incentivo e às amigas pela realização deste projeto e por cada momento que passamos juntas. Sorriem, pois ultrapassamos mais uma etapa desta jornada acadêmica. Eu, Alaysia Tauana Santos Gonçalves, ofereço. À minha família pelo apoio e incentivo em todos os momentos de minha vida, ao Aender pelo carinho e compreensão nos momentos de ausência, às minhas companheiras sempre cuidadosas e a Deus por fazer existir todas essas pessoas que tanto amo. Eu, Joana Mara Correia Carvalho, ofereço. A Deus por minha existência e oportunidade de aprendizado, à minha mãe, meu irmão, meu esposo, que souberam entender minhas ausências, à Lucinéia pelas dicas e paciência, às minhas companheiras de grupo, pela coesão e amizade, a todos os professores, em especial ao Prof. Arimar pela paciência e bom humor, aos meus amigos de classe sempre carinhosos e a todos aqueles que contribuíram para a realização deste projeto. Eu, Margarete de Oliveira Baía, ofereço. À minha filha Laureane, pelo carinho, amizade e compreensão, ao Marcos pela paciência e ternura em todos os momentos de minha vida, aos meus familiares por compreenderem a falta de convívio e à minha equipe do interdisciplinar pelo empenho e apoio de todas as horas. Eu, Maria das Graças Moreira, ofereço. Aos meus pais pelo carinho e compreensão, aos meus colegas de classe, a todos aqueles que contribuíram para a realização deste projeto e a Deus por minha existência e por ter posto em meu caminho as minhas amigas de grupo e o Vinicius, que estiveram ao meu lado nas horas difíceis. Amo todos vocês! Eu, Natália Divina, ofereço. 9 AGRADECIMENTOS A Deus, nosso Criador e Protetor. Ao Professor Arimar Colen Gontijo por sua orientação. Ao Professores Antônio Vieira Resende, Lara Piau, Maria Amália Marques Freitas e Maria Helena Michel, pela dedicação e capacidade em co-orientar a elaboração deste projeto. Aos colegas, alguns dos quais amigos sinceros, pelo convívio e pela energia proporcionada nas horas difíceis. Aos nossos familiares e amigos que sempre nos apoiaram. Às colegas Graziela Cristina de Oliveira e Regiane Ribeiro Rupic, pela compreensão e cooperação na realização das filmagens. Aos funcionários Fabiana Develard Pimenta, Heliabe Amorim de Moraes, Míriam Fernandes Amaral e Renata Calado Alves Pereira, pela colaboração. Ao Vinícius Aguiar de Souza e Silva, por tornar possível a edição do filme. À Rita Justina de Jesus, pelo apoio. Ao Leonardo Miranda Esteves, pela disponibilidade cooperação. Em especial, agradecemos às empreendedoras Alvina Bitencourt e Maria Aparecida Fernandes, por nos permitir, a partir da sua contribuição e disponibilidade, a concretização deste projeto. 10 “A força das mulheres não está nos músculos, mas no cérebro, na extrema dedicação, na vontade de vencer. Essas são as armas utilizadas na verdadeira guerra que vêm travando pela justa conquista de espaço e pelo reconhecimento de seus méritos por parte de toda a sociedade”. Rubens Approbato Machado 11 RESUMO O comportamento empreendedor constitui um dos principais requisitos na obtenção de bons resultados nas organizações. Por isso o empresário deve ser capaz de identificar as oportunidades transformando-as em planos de negócios, passíveis de realização. Ser empreendedor significa ter liberdade para pesquisar, experimentar e melhorar produtos e serviços. O presente projeto teve por finalidade conhecer os problemas enfrentados pela mulher na busca de sua realização profissional e identificar características empreendedoras específicas do gênero feminino, confrontando-as com a teoria estudada e analisando as empresas em relação à inovação e competitividade. Como métodos para realização da pesquisa, foram feitas pesquisas bibliográficas, e de campo que apresentou enfoque qualitativo e comparativo. Fizeram parte da amostra duas empresas de pequeno porte, uma do setor de transporte e logística e a outra de promoção de eventos. Utilizou-se a entrevista estruturada e a realização de vídeo-reportagem como instrumentos para coleta de dados. As entrevistadas, Alvina Bitencourt e Maria Aparecida Fernandes demonstraram ser empreendedoras, enfrentando dificuldades relativas ao gênero e à idade para que as empresas se estabelecessem e se mantivessem competitivas no mercado. 12 SUMÁRIO RESUMO 1 – INTRODUÇÃO............................................................................................ 15 O mundo atual se caracteriza pela influência das organizações na vida das pessoas, especialmente das mulheres. Nesse contexto, as discussões sobre o empreendedorismo, globalização, competitividade, sistemas de informação, economia de mercado se referem, também, à mulher e ao seu direito de conquistar seu espaço no ambiente empresarial.............................................. 15 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................... 17 2.1 – Conceituando Empreendedor e Empreendedorismo............................... 17 De acordo com Drucker (1987) o empreendedorismo constitui-se de um comportamento e não de traços de personalidade e não existem requisitos para se transformar em empreendedor. Qualidades como perseverança, responsabilidade e dedicação são determinantes no empreendedorismo. Segundo o autor, o entrepreneurship está relacionado à área de negócios empresariais, na medida em que os fundamentos técnicos são provenientes de escolas de pensamento lideradas por autores vinculados às áreas de economia e da administração. Os autores Paula (2000), Albuquerque (2000) e Cerqueira (2000), apontam o papel secundário do empresário nas teorias econômicas consagradas e Drucker (1987) cita Schumpeter (1949), como representante das análises que abordaram o papel secundário do empresário. Uma dessas abordagens define o empreendedor como inovador e a outra, como aquele que toma decisões em situações de incerteza. Analisando as abordagens é possível perceber que não há como confundir o papel do empreendedor e o papel do empresário, pois empreendedor é aquele que empreende um negócio no qual incorpora uma idéia nova e o administrador é o indivíduo que gerencia uma atividade em andamento, contudo, a diferença entre o empresário e o administrador, é a atividade que o envolve, sempre inovador ao lidar com situações de incerteza (Schumpeter, 1982). .................................................... 17 2.3 - Empreendedorismo feminino.................................................................... 22 2.3.1 - A personalidade empreendedora.............................................. 22 2.3.2 – Mulheres na gestão................................................................. 25 2.3.2.1 – Relação de gênero e poder.................................................. 27 2.3.2.2 – Tipos de empreendedoras.................................................... 28 2.4 – A mulher e a legislação............................................................................ 28 3 – METODOLOGIA.......................................................................................... 30 ......................................................................................................................... 30 3.1 – Informações referentes às empresas estudadas..................................... 32 4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS............................................. 32 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 37 ANEXO 1 – Correspondência da Faculdade para a Empresária...................... 41 ANEXO 2 – Correspondência da Faculdade para a Empresária...................... 42 APÊNDICE A – Formulário para a coleta de dados da pesquisa de campo..... 43 13 1 – INTRODUÇÃO O mundo atual se caracteriza pela influência das organizações na vida das pessoas, especialmente das mulheres. Nesse contexto, as discussões sobre o empreendedorismo, globalização, competitividade, sistemas de informação, economia de mercado se referem, também, à mulher e ao seu direito de conquistar seu espaço no ambiente empresarial. Dados do Serviço Brasileiro de apoio ao micro e pequeno Empresário (SEBRAE) apontam o Brasil como o sétimo país mais empreendedor e a participação da mulher nesse universo cresce a cada dia. Segundo pesquisa do Global Entrepreunership Monitor (GEM), o empreendedorismo feminino no Brasil é o sexto mais atuante, com uma taxa de 10,8%. O Brasil fica abaixo apenas nos índices da Venezuela (23,86%), Tailândia (19,33%), Jamaica (15,69%), Nova Zelândia (13,75%) e China (11,6%). Em números absolutos, esta pesquisa mostra ainda, que as brasileiras líderes em empreendimentos em estágio inicial ocupam o terceiro lugar no mundo, perdendo apenas para as norte-americanas e para as chinesas. Os pensamentos mudam, as conjunturas sociais e organizacionais também e, podem ser vistas mudanças no universo profissional feminino. De fato, na história da humanidade, a mulher foi subjugada tanto como ser feminino quanto como ser pensante, porém nas últimas décadas ocorreram modificações que causaram e ainda estão causando fortes impactos na estrutura social dos países. Entre as muitas mudanças, pode-se afirmar que as conquistas das mulheres, bem como as privações por que passam, ainda presentes em seu cotidiano, são temas que geram opiniões divergentes e conflitantes. Mas, apesar disso, as mulheres estão conquistando espaço em praticamente todas as áreas. Nesse sentido, a escolha do tema é de grande relevância, uma vez que a sociedade, desde os primórdios dos tempos, sequer pensava em uma independência, ainda que relativa das mulheres. Assim, neste trabalho 14 pretende-se fazer um breve histórico do crescimento pessoal e profissional da mulher, procurando demonstrar que igualdade conquista-se. Serão abordadas também, áreas em que a discriminação é mais evidente, como por exemplo, a desvantagem no mercado de trabalho, mesmo quando a mulher é bem qualificada, a falta de espaço na vida pública e dos pontos de tomada de decisão, seu comportamento e as barreiras por ela encontradas ao inserir-se no mundo empreendedor. Entende-se que ser empreendedor não é uma tarefa muito fácil exige perseverança, habilidade, capacitação e técnicas atuais de trabalho. Por isso, torna-se necessário procurar conhecer os problemas enfrentados pela mulher na busca de sua realização profissional e, mais que isso, como ela consegue lidar com essa conquista. Diante do exposto e, considerando que ser empreendedor constitui um desafio, o presente estudo surgiu a partir do seguinte questionamento: Existem problemas específicos para a mulher empreendedora? Portanto, os objetivos que nortearam a elaboração deste projeto foram: Geral: identificar características empreendedoras específicas do gênero feminino. Específicos: levantar aspectos que comprovem a inserção da mulher no mercado de trabalho; identificar mudanças no comportamento da mulher que podem ter sido originadas da necessidade de ocupar seu espaço no empresariado e discutir qual e como a legislação do trabalho reconhece a mulher trabalhadora. . Objetivando esclarecer melhor os objetivos deste projeto realizou-se uma pesquisa de campo, com enfoque qualitativo, nas seguintes empresas: a) Espaço Alvina Bittencourt – Buffet. Empresa de médio porte especializada na promoção de eventos; b) Transfênix Transportes Ltda – Empresa de médio porte cuja atividade principal constitui-se no transporte e logística. 15 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo serão tratadas questões relativas ao tema Empreendedor/Empreendedorismo cujo sub-tema é Mulher Empreendedora. Será conceituado o tema integrador do projeto, abordando a evolução histórica da mulher desde a antigüidade até o século XIX, enfatizando os séculos XX e XXI, o empreendedorismo feminino, ressaltando a personalidade empreendedora, as mulheres na gestão, a relação de gênero e poder, os tipos de empreendedorismo e, a mulher e a legislação. 2.1 – Conceituando Empreendedor e Empreendedorismo De acordo com Drucker (1987) o empreendedorismo constitui-se de um comportamento e não de traços de personalidade e não existem requisitos para se transformar em empreendedor. Qualidades como perseverança, responsabilidade e dedicação são determinantes no empreendedorismo. Segundo o autor, o entrepreneurship1 está relacionado à área de negócios empresariais, na medida em que os fundamentos técnicos são provenientes de escolas de pensamento lideradas por autores vinculados às áreas de economia e da administração. Os autores Paula (2000), Albuquerque (2000) e Cerqueira (2000), apontam o papel secundário do empresário nas teorias econômicas consagradas e Drucker (1987) cita Schumpeter (1949), como representante das análises que abordaram o papel secundário do empresário. Uma dessas abordagens define o empreendedor como inovador e a outra, como aquele que toma decisões em situações de incerteza. Analisando as abordagens é possível perceber que não há como confundir o papel do empreendedor e o papel do empresário, pois empreendedor é aquele que empreende um negócio no qual incorpora uma idéia nova e o administrador é o indivíduo que gerencia uma atividade em andamento, contudo, a diferença entre o empresário e o administrador, é a atividade que o envolve, sempre inovador ao lidar com situações de incerteza (Schumpeter, 1982). Conforme Goulart e Papa Filho (2004) o empreendedorismo, antes de se transformar em novo paradigma das ciências gerenciais, definições relativas 1 Entrepreunership, palavra utilizada tanto na língua inglesa quanto francesa, originou-se da palavra francesa entreprendre e significa empreender, experimentar (to undertake, em inglês). 16 ao que possam ser um empreendedor não têm uniformidade. Existem duas abordagens do tema: a primeira traça perfis e características da personalidade peculiares do empreendedor, e a segunda procura averiguar quais são as ações compartilhadas por essas pessoas. No contexto da primeira abordagem, surgem estudos acerca dos fatores que influenciam a inovação e o empreendimento de um negócio. De acordo com os autores, Schumpeter se preocupava com motivação empreendedora e em seus estudos destacou o desejo de conquistar, a alegria de criar e o desejo de ter seu próprio negócio como fatores principais para a montagem de um empreendimento. Goulart e Papa Filho (2004) ressaltam que, dentre os autores preocupados com a ação empreendedora, Drucker classifica-se dentre os mais conhecidos. Segundo eles, Drucker combina com Schumpeter quando define empreendedor como sendo o indivíduo que inova, mesmo não sendo o dono do empreendimento, pois a inovação é caracterizada pela transformação de algo em um recurso útil ao ser humano. Assim, para que ocorra inovação, não é necessário que a empresa seja nova, pois os empreendimentos surgem também em grandes organizações: (...) O termo, então, não se refere ao tamanho ou idade da empresa, mas sim a um certo tipo de atividade. No coração desta atividade está a inovação: o esforço para criar (...) mudanças no potencial econômico e social da empresa. (DRUCKER, 1998; p.149). Schumpeter administrador empreendedor, do e Drucker, citados empreendedor. porém isso não Para pelos autores, eles, administrador constitui uma diferenciam verdade pode absoluta: o ser o administrador para ser empreendedor precisa criar algo novo. Vale ressaltar que Drucker não espera que os empreendedores percebam repentinamente a possibilidade de inovação. Ele defende que a inovação é sistemática, ou seja, constitui uma busca deliberada, organizada e conveniente de oportunidades. Portanto, a inovação é um exame das áreas de mudança que oferecem oportunidades empreendedoras. 17 2.2 - Evolução histórica da Mulher Segundo Cavalcanti apud Hesketh (2003) em um passado não muito distante, a associação que se fazia sobre a mulher, era de fitinhas cor-de-rosa, rendas, lágrimas, ansiedade e fragilidade, idealizando Eva2. 2.2.1 – Da antigüidade ao século XIX De acordo com os historiadores apud Hesketh (2003), a sociedade bem como a centralização política sempre esteve em mãos masculinas. Conforme Hesketh (2003), a figura da mulher foi criada pelos gregos como um ser mitológico, porém para a medicina era um mero corpo a ser dissecado; à frente; no plano filosófico, tornou-se uma figura social a ser instituída. No plano intelectual, nas sociedades gregas e romanas é bastante acentuada a forma que a mulher era “tratada”, pois não era citada em trabalhos que exigissem competência e habilidade. A igreja era representada literalmente pelo ser masculino, os chamados padres, que faziam voto de castidade, consideravam a Virgem Maria3 um modelo a ser seguido, tal igreja, defendia a libertação dos oprimidos, porém numa posição extremamente contraditória, foi essa mesma igreja que contribuiu para fortificar a submissão da mulher à ideologia cristã e foi um pilar para aumentar ainda mais a opressão feminina. Em Hesketh (2003), a mulher estava restrita ao âmbito doméstico, já ao homem cabia um mundo para descobrir, ficando a mulher submissa ao marido sob todos os aspectos. Mais tarde na França, surge um novo molde de relação: o amor cortês, que deu sensível melhora na condição de vida das mulheres de classe social mais elevada. Contudo, houve neste período o maior genocídio da história, o período de caça às bruxas; ocasião em que ocorreu o afastamento da mulher das universidades e práticas relativas à medicina. Os Papas mantinham o poder centralizador, tudo o que não estivesse de acordo com o controle da igreja, 2 3 Segundo as Sagradas Escrituras, primeira mulher criada por Deus. Segundo as Sagradas Escrituras, era a mãe de Jesus de Nazaré. 18 sofreria extermínio e foi o que ocorreu com as mulheres, que, supostamente foram consideradas subversivas, milhares delas morreram em quatro séculos de perseguição. Nessa época Joana D´Arc4, se destacou por lutar em favor de um ideal de justiça, foi competidora entre os homens, desestabilizando as regras de conduta por eles instituídos. Hesketh (2003) expõe que o Renascimento trouxe algumas novas regras de conduta para as mulheres, como o culto à domesticidade, criação do amor materno e romântico, porém, o movimento de caça às bruxas se intensificou e tudo de ruim que ocorria era de responsabilidade do ser feminino, exemplificando: a má colheita, epidemias, mortes inexplicáveis, mediante ao exposto, não houve a revalorização do estatuto social. Darwin apud Hesketh (2003) citou que a seleção natural acompanha a sexual que privilegia o homem, ser superior, e desta forma, a mulher sempre seria mais atrasada em relação ao homem. Até 1870, no que tange ao direito penal, o marido era o responsável pelos delitos da mulher, o que mostra o poder marital sobre a mulher. O Código Civil Francês, art. 213, previa que "o marido deve proteção à sua mulher, a mulher deve obediência ao seu marido". A autoridade que a natureza e a lei concederam ao marido tem por fim dirigir a mulher no seu comportamento. O Código Penal Francês era também bastante rigoroso para com as mulheres, prescrevendo, no art. 337, pena de 3 meses a 2 anos de prisão, sem admitir atenuante, para a mulher que cometesse o adultério. Outra desigualdade gritante, fundada no art. 324, considerava desculpável o assassinato, pelo marido, da esposa ou seu cúmplice, surpreendidos em flagrante no domicílio conjugal. Até o ano de 1965, a mulher precisava de permissão expressa do marido para exercer uma profissão. Essa dependência da mulher tornou-se extremamente incoerente no aspecto legal, quando previa ser indispensável a permissão do marido caso ela pretendesse anular o casamento. 4 Joana D’Arc (1412-1431). Heroína francesa. Contribuiu de forma decisiva para mudar o rumo da guerra dos cem anos entre Inglaterra e França. Canonizada em 1920. 19 2.2.2 - No Século XX e XXI A história das mulheres sempre foi ditada pelos homens, elas só conseguiram espaço porque os homens estavam dispostos a fazer-lhes essa concessão. Segundo Muraro citado por Hesketh (2003), as mulheres não podiam competir com o homem no mercado de trabalho, pois, sendo companheira, significava ser-lhe submissa. No final do século XX e início do século XXI ocorreram os primeiros movimentos de mulheres, reivindicando direito ao voto, melhor ambiente de trabalho e salários mais dignos. Em 08 de março de 1908, nos Estados Unidos, cento e cinqüenta operárias foram queimadas vivias no interior de uma fábrica, trancadas por seus patrões. Esse dia ficou consagrado como o Dia Internacional da Mulher. Nos Estados Unidos, no início do século XX, cerca de oito milhões de mulheres recebia a terça parte do salário pago aos homens. Após longo período de invisibilidade, um novo momento surge para a mulher, propiciado pelo acesso à educação e pela participação da mulher em lutas sociais, proporcionando a obtenção de direitos políticos e civis. Os processos socioeconômicos difundidos na década de 70 afetaram as instituições sociais, incluindo o casamento e a família. A divisão sexual do trabalho foi redefinida, assim como a divisão entre o público e o privado atribuído ao gênero. Com isso a mulher passou a exercer múltiplas jornadas de trabalho e o homem começou a participar, como maior freqüência, nos cuidados com a educação dos filhos e da casa. Muitas mulheres deixaram de restringir suas aspirações ao casamento e aos filhos (VAISTMAN, 2001). Desta forma, as últimas décadas do século XX vêem crescer a participação das mulheres no mercado trabalho mundial, inclusive no Brasil. Este aumento da participação ocorreu junto com outras transformações da sociedade, porém não foi suficiente para que as mulheres tivessem igualdade dentro do mercado de trabalho (MELO, 2001). No Brasil, o século XXI propõe mudanças radicais em relação à natureza, dominada agora pela tecnociência. Surge a imagem de rede, a profusão de espaços e identidades e a permeabilidade das fronteiras. Na era 20 da informação, do conhecimento, das máquinas, o sujeito se torna plástico, múltiplo. Mas se esse novo panorama é a realidade de muitas mulheres no Brasil que, usufruindo todos esses novos discursos e práticas, se tornaram emancipadas, outras muitas mulheres continuam sobrevivendo em outros “brasis”, não tendo acesso a essas novidades ou, ao contrário, tendo de carregar sozinhas o peso de tantas mudanças. Enfrentando a pobreza, continuam sendo as principais responsáveis pela procriação e pelos cuidados domésticos, sem a presença de uma figura masculina e de uma renda que sustente a sua família (VAISTSMAN, 2001). 2.3 - Empreendedorismo feminino Para falar de empreendedorismo feminino, é necessário discutir questões ligadas diretamente à personalidade feminina. De acordo com o mito em torno dessa figura sempre popular, a empresaria empreendedora é uma alma independente, uma pessoa criativa que gosta de arriscar, e que, por sua própria forca de vontade, faz de uma idéia um empreendimento lucrativo. No entanto, a criatividade, a imaginação e uma queda pela ação, compõem a penas um lado de sua personalidade; ela pode ser autocrítica, severa e controladora, também. A típica empresaria sempre acha que seu caminho e a única maneira de realizar algo.(WILKENS, 1989; p. 20) Enfim, entender o que leva a uma mulher a adquirir sua independência profissional de forma tão marcante quanto ter o seu próprio negocio, somente e possível se separarmos o mito da verdadeira realidade. 2.3.1 - A personalidade empreendedora O potencial econômico do empreendedorismo feminino brasileiro é significativo, pois quando se consideram ambos os setores da economia, formal e informal, os negócios possuídos por mulheres chegam a constituir quase a metade deste universo. Os dados se confirmam em recente pesquisa que evidencia que há em torno de 6,4 milhões de empreendedoras brasileiras, o que representa 46% do total de empreendedores brasileiros5. 5 Informações obtidas no site do Serviço Brasileiro de Apoio ao micro e pequeno Empresário (SEBRAE) - http://www.sebrae.com.br 21 Analisando o empreendedorismo feminino existente em diferentes países, Weeks e Seiler, citados por Jonathan (2005), observam que as mulheres empreendedoras da América Latina e do Caribe compartilham muitas características com outras empreendedoras, independentemente da nacionalidade. Além da semelhança quanto aos tipos de negócio mantidos, há semelhanças em relação aos desafios e questões enfrentados pelas empreendedoras para fazer seus negócios crescerem, tais como o acesso à informação, à tecnologia, ao crédito/capital e às redes sociais. Após estudos, Jonathan (2005) e Rocha-Coutinho (2003), comprovam que no contexto brasileiro, empreendedoras e executivas, respectivamente, atribuem igual importância à realização profissional, à maternidade, ao relacionamento afetivo estável com um par, bem como ao tempo dedicado a si mesmas. Elas parecem abandonar a idéia de que o sucesso em uma dimensão da vida signifique, necessariamente, fracasso nas demais. Alcançar um equilíbrio entre as necessidades vinculadas aos espaços profissional, familiar e pessoal é o que mais desejam as empreendedoras brasileiras, donas de negócios. Ao perceberem, por exemplo, que trabalho e família se ajudam e se beneficiam mutuamente, as empreendedoras parecem encontrar um dos caminhos para sustentar tal equilíbrio e obter satisfação. Ao tecerem os vínculos entre afeto e trabalho, produção e reprodução, tal como argumentam Codo, Sampaio e Hitomi (1993), as mulheres alcançam o bemestar subjetivo. Segundo Possati e Dias (2002), papéis que envolvem autonomia no trabalho e poder de decisão trazem muita satisfação para as mulheres em posição de liderança e são bons preditores do bem-estar psicológico de mulheres casadas. Muitos pensadores construíram formas de compreender os empreendedores, os primeiros estudos datam de 1716. As duas linhas de pensamento mais fortes tomam base em áreas afins à psicologia. A primeira delas é comportamental, segundo ela, o empreendedor apresenta um funcionamento muito semelhante uns ao outro em qualquer lugar e função desempenhada, seus comportamentos são evidentemente os mesmos. Uma outra forma de pensar toma base na psicanálise e na psicologia, estudando a estrutura de personalidade do empreendedor, ou seja, procura 22 compreender como a psique destas pessoas subsidia a atitude empreendedora. Além destas, há uma terceira linha que provém da área da economia e da administração, nela, estuda-se os modelos de competências empreendedoras e sobre a aplicação de ferramentas ligadas ao desenvolvimento da potência empreendedora. (www.administradores.com.br). A personalidade empreendedora, conforme comentado por Robbins apud Jonathan (2005), é delineada por três fatores: a motivação intrínseca movida pela alta necessidade de realização, a autoconfiança responsável pela elevada crença de que é o indivíduo quem controla sua própria vida e a disposição para correr riscos. Para que o comportamento empreendedor possa ter lugar é importante então que a personalidade empreendedora esteja aliada em um ambiente apoiador. Organizações onde haja cultura que valorize o sucesso pessoal e que possua uma tolerância maior ao fracasso. Proporciona à pessoa que possui uma personalidade empreendedora uma maior possibilidade de colocar em prática suas idéias. Combinar recursos materiais e humanos para alcançar objetivos, na velocidade do ritmo das mudanças, é um dos desafios para quem almeja ser competitivo. De acordo com Dolabela (2006), os pressupostos da formação do empreendedor baseiam-se mais em fatores motivadores e habilidades comportamentais do que em um conteúdo puramente instrumental. A personalidade empreendedora constitui, atitude, emoção, sonho e individualidade, devendo contemplar, entre outras coisas: a motivação para empreender; o processo visionário; a capacidade de identificação, análise e aproveitamento de oportunidades; a criatividade; o comportamento empreendedor e o plano de negócios. Um empregado empreendedor (intraempreendedor), que inove, que busque novos caminhos, que busque a melhoria de serviços, a melhoria de produtos e o aproveitamento de oportunidades de nichos de mercado. A formação do indivíduo empreendedor requer habilidades, conhecimento e principalmente comportamento: capacidade de assumir riscos, elevada criatividade, motivação muito grande por resultados, pela auto-realização e busca de comprometimento, dentre outros. 23 De acordo com os estudos realizados pela Hagberg Consulting Group da Califórnia, comparando as características de 400 jovens empresários e executivos, definiram as componentes que caracterizam uma personalidade empreendedora, ou seja, uma pessoa que reúne as condições básicas para ser bem sucedida como empresária: Agressividade e obstinação na consecução de metas. Tão forte que acaba levando consigo outras pessoas da equipe; Busca permanente de autonomia, independência e liberdade; Sua trajetória caracteriza-se pela consistência de foco, sem nunca deixar se desviar de seus propósitos; Age e reage instantaneamente; "saca e atira" sem contemplação; Mantém-se distante de tudo o que não interessa e espera que as outras pessoas façam o mesmo; Valoriza e privilegia soluções simples e práticas. Vai direto ao fundamental e decisivo. Atalha a complexidade; Não tem medo de assumir riscos. Atua estimulado e seguro em situações de dúvidas e incertezas; Manifesta-se de forma clara e precisa. Possui uma hierarquia de valores definida que facilita a tomada de decisões e julgamentos rápidos e precisos; Impaciente quanto à obtenção de resultados e com outras pessoas; não gosta e não tem muita paciência para ouvir; Permanentemente otimista. Passa confiança e tranqüilidade. A certeza de que será capaz de fazer o que tem que ser feito. (www.mmmkt.com.br/landmarketing). 2.3.2 – Mulheres na gestão De acordo com Cramer (2001) o perfil gerencial das empreendedoras gira em torno de objetivos culturais e sociais, sendo que os objetivos financeiros ficam em segundo plano. Defende também, que há nelas uma preocupação com os indivíduos envolvidos em suas atividades produtivas. Afirma ainda, que no processo de gestão feminino os objetivos são claros e 24 difundidos entre todos na organização, pois assim, alcançarão satisfação de todos que participam dos seus negócios, seja de maneira direta ou indireta. Cramer (2001) aponta características predominantes na liderança feminina, que são: Flexibilidade; Inovação; Integração; e Orientação para ação. Segundo Machado (2003), esse perfil e características, fortes na liderança da mulher empreendedora, se dão devido aos fatores/motivos anteriores à iniciação do empreendimento feito por uma mulher. Para ele, entre os gêneros homem e mulher existem algumas igualdades para iniciar seus próprios negócios, quais sejam: Desejo de autonomia; e Desejo de realização. Porém, ocorre que a mulher empreendedora possui motivos de outra natureza, tais como: Desejo de conciliar trabalho e família; e Insatisfação com a carreira anterior. Vries (1997) aponta alguns argumentos que dificultam o melhor desempenho de liderança feminino. Segundo ele as mulheres: não têm a mesma dinâmica dos homens; não encaram seu trabalho como uma carreira, mas como uma série de tarefas; sua emocionalidade atrapalha seu crescimento profissional; a família é mais importante que seu trabalho; não pertencem às “panelinhas”; têm mais dificuldade em encontrar seus mentores. Ele faz uma comparação entre homens e mulheres, visualizada no quadro a seguir: Quadro 1 – Comparação entre homens e mulheres Homens Mulheres Lógicos Intuitivas 25 Racionais Emocionais Agressivos Dóceis Competitivos Cooperativas Independentes Educadoras Fonte: VRIES, Manfred F. R. Kets de. Como o comportamento dos líderes afeta a cultura interna. Com isso, Vries (1997) afirma que a mulher, dado seu papel social, é mais adequada ao papel de lideradas, e não de líderes, como os homens, que possuem verdadeiras capacidades de liderança. Percebe-se uma situação machista neste argumento, mas convém analisar, que a mulher está aos poucos vencendo esta cultura machista implantada ao longo da história, que refletiu e ainda reflete nas organizações. Segundo Vries (1997), o modelo de organização que está surgindo em contraposição ao modelo machista, favorece a mulher, pois esse modelo busca encontrar o ponto de equilíbrio entre as polaridades: Firmeza e Feminilidade Competitividade e Solicitude Fatos e Sentimentos Dentro deste parâmetro as mulheres modificarão a cultura empresarial existente, trazendo à tona uma organização muito mais humana e criativa. Cappelle (2006) também afirma que as habilidades femininas, constituídas na sua socialização, as mulheres passam a tender a um novo perfil, voltado para a capacidade estratégica. 2.3.2.1 – Relação de gênero e poder Vries (1997) faz uma reflexão das dificuldades que uma mulher encontra na gestão ao decidir empreender. Segundo ele as mulheres ficam preocupadas em manter seus relacionamentos e acabam ficando distante da realidade competitiva; outra situação é a de reagir a sinais não verbais e os diferentes estados de espírito que enfrentam, dificultando digerir informações mais concretas; outra é o esforço em manter seus múltiplos papéis: não apenas mulheres de negócios, líderes; mas também esposas e mães, o que causa a sobrecarga e o stress. Aponta também, o fato de que os homens sentem-se incomodados em receber ordens ou serem colegas de trabalho de uma mulher 26 empreendedora; e o que é mais lamentável, o fato de serem expostas a algum tipo de assédio sexual. Para Cappelle (2006; 101); Atualmente, há muita variação nos tipos de preconceitos contra mulheres no trabalho, muita variação no estilo de vida e de trabalho de homens e mulheres em termos de carreiras, condições de trabalho, bem como das estruturas e culturas organizacionais, o que torna impossível descobrir mecanismos universais de discriminação e de generificação. Com isso, percebe-se o surgimento da modernização organizacional produzido pelo feminismo, que provoca a emancipação da mulher e a equiparação com o homem. (CAPPELLE, 2006 apud BERTERO, 2006). 2.3.2.2 – Tipos de empreendedoras Machado (2003) propõe alguns tipos de empreendedoras: As empreendedoras por acaso – iniciam seus negócios a partir de algum hobby que praticavam, assim não têm objetivos ou planos claros a cumprir; As empreendedoras forçadas a iniciar os negócios por alguma circunstância – a morte de algum ente querido ou separação; As empreendedoras criadoras, que criam suas empresas a partir da própria motivação e coragem; As empreendedoras que não têm outra profissão, onde ser empreendedora é a única alternativa – nesta situação as empresas são individuais e pequenas. Devido a pouca experiência nos negócios; e As empreendedoras originadas do meio familiar – têm grande potencial de crescimento, pois têm razões positivas como independência e autonomia. 2.4 – A mulher e a legislação De acordo com Silva (2003) a situação jurídica da mulher no Brasil obteve uma evolução não muito satisfatória, em especial o direito civil e 27 constitucional, nos últimos tempos. Por muitos anos a mulher foi educada para servir, enquanto os homens eram educados para assumir a posição de senhor “todo poderoso”. A mulher era simplesmente um mero objeto. No Brasil, a condição jurídica da mulher obteve alguns marcos históricos básicos, por exemplo, o Estatuto da Mulher casada (por causa deste estatuto o código civil foi alterado), a consolidação das leis da Previdência Social e a atual Constituição Federal. Estudar e aprender a ler, hoje pode ser natural tanto para o homem quanto para a mulher, sendo que antigamente não era permitido para a mulher estudar e a ler, as escolas eram administradas pelas igrejas, que somente ensinava para as mulheres técnicas manuais e domesticas. Esta situação foi alterada com a constituição de 1824 com a criação de escolas para mulheres. O Decreto nº 181, de 24 de janeiro de 1890, manteve o domínio patriarcal de forma mais suave sobre o casamento civil, retirando do marido direitos de impor castigos corporais a mulher e filhos. A mulher por muitos anos não teve a oportunidade de participar diretamente em atividades lucrativas que era permitido para os homens, fato esse que mudou após a vigência do Código Comercial, permitindo a mulher comerciante. A inclusão da mulher no mercado de trabalho demonstra sua independência. Silva (2003), cita os direitos da mulher nas Constituições Brasileiras desde 1824 onde se dispõem sobre o principio da igualdade: Constituição de 1824 (art. 178, XII): Principio da igualdade. Constituição de 1891 (art. 72, § 2º): Todos são iguais perante a lei. A República não admite privilégios de nascimento, desconhece foros de nobreza e extingue as ordens honoríficas existentes e todas as suas prerrogativas e regalias, bem como os títulos nobiliárquicos e de conselho. Constituição de 1934 (art. 113, § 1º): Todos são iguais perante a lei. Não haverá privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, profissões próprias ou do país, classe social, riqueza, crenças religiosas ou idéias políticas. Constituição de 1937 (art. 122, § 1º): Todos são iguais perante a lei. Constituição de 1946 (art. 141, § 1º): Todos são iguais perante a lei. 28 Constituição de 1967 (art. 153): Todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas. O preconceito de raça será punido pela lei. Emenda Constitucional n.º 1, de 1969 (art. 153, § 1º): Todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas. Será punido pela lei o preconceito de raça. Constituição de 1988 (art. 5º): Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição. 3 – METODOLOGIA A presente pesquisa realizou-se durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2006. Foi feita uma pesquisa bibliográfica em livros, revistas e artigos científicos (incluem-se nesta categoria, artigos científicos publicados eletronicamente). Com referência à pesquisa de campo, os primeiros contatos feitos com duas empresárias de médio porte de Minas Gerais, foram efetuados pessoalmente por uma integrante do grupo, ocasião em que foi agendada uma reunião com cada uma delas, nos dias 27 e 31 de outubro de 2006, respectivamente. A reunião teve por finalidade apresentar às empresárias informações relativas à Faculdade Novos Horizontes e o Projeto Interdisciplinar. A seguir, foram fornecidas às empresárias informações referentes à pesquisa, que teve como enfoque o empreendedorismo feminino, assim como a necessidade da realização de uma filmagem, como parte integrante do projeto. Cientes da finalidade do trabalho as empresárias aceitaram participar do mesmo, porém devido a alguns imprevistos não foi possível realizar a filmagem relativa a uma das entrevistadas, sendo realizada apenas a filmagem do ambiente empresarial. 29 Toda a pesquisa teve um enfoque qualitativo e foi utilizada a entrevista estruturada como técnica de coleta de dados (apêndice A). O quadro abaixo representa o vínculo que há entre as questões feitas às entrevistadas, as variáveis e os respectivos conteúdos apresentados no referencial teórico e os objetivos do projeto. Quadro de referência Objetivos Variáveis Autor (es) Robbins (2005) Comportamento e/ou traços empreendedores Motivação Correr riscos Aproveitamento de Oportunidades Flexibilidade Desejo de Autonomia Desejo de realização Conciliação de trabalho e família Cramer (2001) Machado (2003) Cappelle (2003) Machado (2003) Mercado de Trabalho Desafios Dificuldades Influência familiar Cappelle (2003) Silva (2003) Mudanças no comportamento da mulher Stress Sobrecarga Dificuldades no relacionamento A mulher empreendedora e a Legislação Benefícios Vries (1997) Silva (2003) Questões 3 4 7 10 8 11 13 19 5 12 14 3 18 6 9 17 15 16 Fonte: As próprias pesquisadoras Tendo-se como referência parâmetro o quadro acima, foram observados aspectos relacionados às características de personalidade das entrevistadas, com destaque para: segurança ao descrever sua vida profissional, entusiasmo relativo à empresa, o sentimento de discriminação de gênero e inovações implantadas na empresa. Após a coleta dos dados, as informações foram confrontadas com a literatura estudada, para melhor compreensão do empreendedorismo feminino. É importante ressaltar que, considerando o ambiente pesquisado, os resultados obtidos na presente pesquisa, não devem ser generalizados para todas as empreendedoras, permitindo levantar hipóteses que poderão ser testadas em pesquisas mais amplas. 30 3.1 – Informações referentes às empresas estudadas O Buffet Alvina Bitencourt, foi fundado em 1990, por Alvina e seu marido, Renë Araújo, possui sede à Rua Andr6omeda, 385 no Distrito Industrial Jardim Riacho das Pedras com uma objetivo incansável de realizar sonhos. Portador de diversos prêmios e certificações, o buffet evoluiu de forma tal, que em 2004, construir seu próprio espaço, intitulado Espaço Alvina Bitencourt. Um império que hoje é referencia no município de Contagem, o espaço conta com uma infra-estrutura completa, uma exima equipe, mão-de-obra qualificada e preparada para realizar projetos magníficos que são verdadeiros sonhos após realizados pelo Espaço Alvina Bitencourt, de forma eficiente e eficaz. A Transfenix Transportes atua no mercado a mais e dez anos transportando ferro, aço e assemelhados, em todo território nacional. Sedeada à Rua Matilde neves Martins, 443 Bairro Inconfidentes Contagem/MG. Empresa com padrões conforme a norma ISSO 90001/2000. sendo seu objetivo manter este sistema de qualidade. Hoje também certificada pelo “Premio Top Of Mind Brazil”, concedido pelo Instituto brasileiro de Pesquisa de opinião Pública. Hoje mantem duas filiais, sendo uma na cidade de Ipatinga/MG, outra em São Paulo/SP. A Transfenix Transportes trabalha com frota própria, rastreada por satélite e também com mais de 3.500 caminhões terceirizados, além de possuir um gerenciador de risco. Seus valores são: Pontualidade, Integridade da carga, Segurança, Confiabilidade e Informação. 4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Tendo em vista que o problema do presente projeto é identificar características empreendedoras específicas do gênero feminino, apresenta-se a seguir os dados coletados e análise dos mesmos à luz da teoria. Pesquisadas duas empresas da Região Metropolitana de Belo Horizonte, perguntou-se às entrevistadas sobre sua formação profissional, a entrevistada 2 não se manifestou, sendo que a entrevistada 1 respondeu: “Tenho formação de nível médio. Vou iniciar a graduação no próximo ano. Vou cursar Gastronomia, pois pretendo aprimorar, por meio da 31 teoria, tudo que está relacionado à minha área de atuação”. (Entrevistada 1). Confirmado na teoria de Dolabela (2006) o conhecimento constitui um pressuposto para a formação do empreendedor. Na prática nem ocorre. Questionadas sobre o surgimento do empreendimento, obteve-se a seguinte resposta, sendo que a entrevistada 2 não respondeu: “Tudo que sei, aprendi com minha mãe, o que constitui uma hereditariedade. Minha mãe trabalhou durante 20 anos em um buffet, e ao sair, montou seu próprio buffet. Iniciei minha carreira nessa época ainda bem jovem. Logo após o casamento meu esposo desempregou-se e ambos decidimos montar uma lanchonete. Os recursos financeiros de que dispunhávamos não eram suficientes para montar toda a estrutura do empreendimento, então meu próprio esposo montou a referida estrutura. Depois de algum tempo a lanchonete começou a dar retorno, ocasião em que resolvi expandir o negócio começando então, a promover pequenos eventos. Nesse período ainda não era possível contratar profissionais, por isso, eu mesma produzia tudo o que era consumido na lanchonete e nos eventos que promovia. Quando percebi que a situação financeira estava melhorando e começando a dar lucros, resolvi com meu esposo, dedicarmos exclusivamente a “realizar sonho”’. (Entrevistada 1). De acordo com Machado (2003) que fala sobre os tipos de empreendedoras, percebeu-se na entrevistada 1 que essa constitui a empreendedora originária do meio familiar. Perguntadas sobre o que as levou a empreender. “Comecei muito jovem e com a perda do emprego do marido me vi na necessidade de fazer algo. Portanto, minha carreira iniciou-se devido a uma necessidade”.(Entrevistada 1). “A vontade de vencer, conhecimento e a força de vontade.” (Entrevistada 2). Notou-se conforme Machado (2003) que o desejo de autonomia e a necessidade são fatores que levam a empreender. A teoria foi ao encontro da prática. Quando as entrevistadas foram indagadas a citarem as dificuldades encontradas pelas mulheres empreendedoras, observe-se a frase: “A mulher casada precisa ter um esposo que a incentive, precisa ser persistente, pois os obstáculos são os mais diversos. Em meu caso, as maiores dificuldades são a disponibilidade de tempo e a preferência do cliente”.(Entrevistada 1). 32 A entrevistada 2 não se manifestou. Analisando a resposta, para Cappelle (2006) as dificuldades encontradas pela mulher empreendedora é a conciliação do trabalho com a família. Questionadas se existe alguma diferenciação pelo fato de ser mulher no meio empreendedor. Obtiveram-se: “Por ter começado ainda bem jovem, as visitas aos clientes eram feitas por meu esposo, pois os clientes demonstravam ao telefone certa insegurança. A pouca idade fazia com que minha voz parecesse infantil transmitindo insegurança ao cliente. Assim, meu esposo realizava o contato pessoal, transmitindo ao cliente a segurança necessária para fechar o contrato”.(Entrevistada 1). “Em todos os setores existem preconceitos, piadas e maldade. Mas sei lidar com este fato”.(Entrevistada 2). Conforme Cappelle (2006) há certo preconceito contra mulheres no trabalho e para confirmar, Silva (2003) cita alguns artigos das Constituições Brasileiras que dispõem sobre a igualdade de gênero. Indagadas sobre a necessidade de mudanças comportamentais e/ou vestuário e o que atribuía tais mudanças. Note-se: “Precisei mudar meu comportamento e vestuário, porém a timidez ainda permanece. Atribuo tais mudanças à necessidade de conquistar o cliente, ressalto que a primeira impressão é a que fica”.(Entrevistada 1) “Sim, hoje sei que a aparência influi muito. Estando bem apresentada, represento minha empresa”.(Entrevistada 2). Para Vries (1997) mudanças comportamentais e de vestuários constituem dificuldades e/ou necessidade da mulher empreendedora, pois representa a sua empresa. Interrogadas sobre a administração da vida profissional em relação ao tempo dedicado à maternidade, esposo e a si mesmas. Observe-se: “Gostaria de ter mais tempo para dedicar-me aos meus filhos, mas como não é possível, tenho uma babá que ajuda muito. Porém acredito que sou uma mãe dedicada, dando o melhor de mim para meus filhos. Em relação ao esposo é mais fácil, pois trabalhamos juntos; o que facilita a relação marido e mulher. Já em relação a mim mesma, farei quando iniciar a graduação, pois acredito que terei parte do dia para dedicar-me somente aos estudos, meu grande sonho.” (Entrevistada 1). “Trabalho 24 horas, mas sei administrar muito bem meu lado materno, esposa e sei usar um tempo para mim”.(Entrevistada 2). 33 Essa questão reafirmou a situação já analisada que segundo Cappelle (2006) as dificuldades encontradas pela mulher empreendedora é a conciliação do trabalho com a família e nota-se ainda a necessidade do cuidado consigo mesma. Sobre a questão de existir alguma dificuldade ou resistência ao gerir homens, responderam: “Não tenho dificuldades, a relação se dá de forma natural, porém prefiro deixar essa tarefa para meu marido”.(Entrevistada 1). ‘Não. Tenho domínio e certeza do que quero e preciso. Sou ‘dura na queda’.”(Entrevistada 2). Para Vries (1997) as mulheres têm dificuldades ao gerir homens devido à sua emocionalidade e pouca dinâmica. A prática contradisse a teoria. Sobre a questão de está aberta às sugestões de seus funcionários, responderam: “Tenho o hábito de reunir com os funcionários para discutir as ações da equipe, estando sempre aberta às críticas e sugestões, pois uma empresa para crescer, precisar estar aberta. Além disso, as críticas constituem um aprendizado para toda a equipe”.(Entrevistada 1). “Sim, somos uma equipe”.(Entrevistada 2). Segundo Cramer (2001) a flexibilidade constitui uma característica predominante na liderança feminina, sendo constatado na prática. Perguntadas a autoconfiança para enfrentarem situações de incerteza e correr riscos para levar o negócio adiante, e como isso influencia em suas gestão. Observe-se: “Situações de incerteza ocorrem a todo o momento. Por eu ser ousada, não tenho medo de desafios. Enfrento qualquer obstáculo e correria risco para levar meu empreendimento adiante. Acredito que minha postura influencia positivamente no comportamento de meus funcionários, filhos e também meu marido”.(Entrevistada 1). “Acho que deve ser tentado, que tenho que tentar sempre, estudar todas as possibilidades”.(Entrevistada 2). Segundo Dolabela (2006), a capacidade de assumir riscos é uma característica da personalidade empreendedora. 34 Quando se perguntou sobre quais foram dificuldades enfrentadas no início do empreendimento e até que ponto a situação financeira influenciou na implementou financeira, responderam: “A dificuldade financeira foi a principal, seguida da minha pouca idade e do ramo de atividade, pois lidar com alimento requer muita higiene e cuidado”.(Entrevistada 1). “A situação financeira influenciou muito e tive mesmo que entrar de cabeça”.(Entrevistada 2). Em conformidade com Cramer (2001) o perfil gerencial das empreendedoras gira em torno de objetivos culturais e sociais, já os objetivos financeiros ficam em segundo plano, e também, de acordo com Wilkens (1989) confirma-se nas entrevistadas que mesmo com dificuldades financeiras, movidas pela vontade de vencer, enfrentaram essa situação. Quando se interrogou sobre se para diminuir riscos de um investimento, há necessidade de pesquisa de mercado, e como deve ser feita. Note-se: “O mercado está tão saturado que vejo necessidade em realizar uma pesquisa de mercado sim, e deve ser feita por meio de dados estatísticos e também indo a campo verificar a possibilidade do empreendimento dar certo ou não”.(Entrevistada 1). “Sim, precisamos analisar cada investimento, medir sempre os riscos e estudar cada situação”.(Entrevistada 2). Para Dolabela (2006), a análise e aproveitamento de oportunidades constituem um pressuposto importante na formação do empreendedor, o que confirmou na prática. Questionadas sobre quais os desafios encontrados por elas em seu ramo de atividade, relataram que: “Para mim tudo é um desafio. Porém acredito que a mulher pode tanto quanto o homem, ressaltando que no meu ramo, que é a gastronomia, a mulher tem mais facilidade, pois é sua área de mais atuação”.(Entrevistada 1). “Para tudo existe separar”.(Entrevistada 2). dificuldade, porém sempre sei Essas respostas confirmam o que Robbins apud Jonathan (2005) afirma que a mulher empreendedora é movida pela disposição de correr riscos e desafios. 35 Quando se perguntou sobre quais fatores levaram a implantar tecnologias em seus empreendimentos, responderam: “Houve a tentativa de implantar alguns programas em minha empresa, porém não houve aceitação dos funcionários e, atualmente, o programa é utilizado apenas para cadastrar o cliente. Mas, não sei qual é o nome do programa”.(Entrevistada 1). “A facilidade de obter informações, de poder acompanhar os processos. Possuo sistema de informação para acompanhamento financeiro e dos veículos”.(Entrevistada 2). Weeks e Seiler, citados por Jonathan (2005) observam os desafios e questões enfrentadas pela mulher empreendedora em ter acesso à informação e à tecnologia, para fazerem seus negócios crescerem, isso se observa na entrevistada 1, que afirma ter tido certa dificuldade na implantação da tecnologia, o que já contradiz ao que a entrevistada 2 diz, pois obtêm a tecnologia e sabe lidar com ela. Interrogadas sobre quais características consideravam que deveriam predominar no perfil da mulher empreendedora, obteve-se: “Acreditar em si própria, ter auto-estima, perseverança, motivação e autonomia”.(Entrevistada 1). “A razão. Agir sempre pela razão”.(Entrevistada 2). A personalidade empreendedora, conforme Robbins apud Jonathan (2005) é delineada por três fatores: a motivação intrínseca movida pela alta necessidade de realização, a autoconfiança e a disposição em correr riscos. Fatores que foram confirmados na prática. 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS As proprietárias das empresas pesquisadas são empreendedoras pois possuem características do perfil empreendedor que são: motivação intrínseca, necessidade de realização, autoconfiança e disposição para correr riscos, todas citadas pelos teóricos, as quais ficaram evidentes quando relataram sua trajetória. Quando investiram em suas carreiras profissionais, superaram vários desafios, inclusive as dificuldades relacionadas ao gênero e à idade. Porém 36 valeram-se da persistência, o que possibilitou a consolidação do empreendimento. As empresárias demonstram uma considerável capacidade para inovar, seja no ramo de alimentos, seja na logística, trazendo melhorias no processo produtivo, o que traduz características visionárias. Em seus depoimentos, as entrevistadas deixaram claro que, cada dificuldade superada no início da carreira se transformaram em fontes de conhecimento, proporcionando-lhes uma gestão segura, de modo a levar sua iniciativa adiante, sem temer os riscos que a economia brasileira oferece a qualquer empresário. Os objetivos foram alcançados uma vez que se identificou nas empreendedoras, aspectos que comprovam sua inserção no mercado, mudanças comportamentais e também a legislação que reza pela igualdade de gêneros. Foram identificadas ainda, as seguintes características: semelhanças em relação aos desafios enfrentados, desejo de realização profissional, grau de importância em relação à maternidade e ao relacionamento afetivo, motivação intrínseca, capacidade para correr riscos, criatividade, aproveitamento de oportunidades e comprometimento com a profissão escolhida, possibilitando assim, que o objetivo geral deste projeto, fosse alcançado. Concluiu-se que a teoria demonstra problemas específicos da mulher empreendedora. No caso das entrevistadas percebeu-se que a discriminação de gênero e a idade fazem muita diferença no momento da negociação. Apesar de o projeto contar com a coleta de dados reduzida, ou seja, apenas duas entrevistas, o mesmo contribui para o entendimento do tema possibilitando que outros investigadores continuem a partir desse ponto. 37 REFERÊNCIAS BERNARDI, Luiz Antonio. Manual de empreendedorismo fundamentos, estratégias e dinâmicas. São Paulo. Atlas, 2003. e gestão: CAPPELLE, Mônica Carvalho Alves. O trabalho feminino no policiamento operacional: Subjetividade, relações de poder e gênero na Oitava Região da Polícia Militar de Minas Gerais. 378 p, 2006. Tese (Doutorado em Administração) – Curso de Doutorado em Administração, Departamento de Ciências Administrativas, Universidade Federal de Minas Gerais. CODO, Wanderley, SAMPAIO, Jose Jackson Coelho & HITOMI, Alberto. Haruyoshi (1993). Indivíduo, trabalho e sofrimento: uma abordagem interdisciplinar. Petrópolis, RJ, Editora Vozes. CRAMER, Luciana; et al. Representações femininas da ação empreendedora: uma análise da trajetória das mulheres no mundo dos negócios. In: ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS, 2, 2001, Londrina. Anais... Londrina: Universidade Estadual de Maringá – UEM, 2001, p. 46-59. DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. São Paulo: Cultura, 2006. DRUCKER, Peter F. Inovação e espírito empreendedor (entrepeunership): prática e princípios. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1987. GOULART, Íris Barbosa; PAPA FILHO, Sudário. Empreendedorismo e empreendedores – sugestão para a educação. Belo Horizonte, Editora Newton Paiva, 2004. HESKETH, Maria Avelina Imbiriba (org.). Cidadania da Mulher, uma questão de justiça. Editora OAB, Brasileira, 2003. JONATHAN, Eva Gertrudes. Mulheres empreendedoras: medos, conquistas e qualidade de vida. Psicologia em Estudo, Maringá, Setembro/Dezembro, v. 10 nº 3, 2005. MACHADO, Hilka Vier; et al. O processo de criação de empresas por mulheres. RAE- Eletrônica, v. 2, n. 2, jul-dez/2003. Disponível em: <http://www.rae.com.br/eletronica/index.cfm?FuseAction=Artigo&ID=1495&Sec ao=ORGANIZA&Volume=2&Numero=2&Ano=2003>. Acesso em 14 de setembro de 2006. MELO, Hildete Pereira de. O feminino nas manufaturas brasileiras. In: MURARO, Rose Marie; PUPPIN, Andréa Brandão. Mulher, gênero e sociedade. Rio de Janeiro: Relume e Dumará: FAPERJ, 2001. POSSATTI, Izabel Cristina; DIAS, Mardônio Rique. Multiplicidade de papéis da mulher e seus efeitos para o bem-estar psicológico. Psicologia Reflexão e Crítica, 15(2), 293-301. 38 ROCHA-COUTINHO, Maria Lúcia. Quando o executivo é uma "dama": a mulher, a carreira e as relações familiares. Rio de Janeiro, Editora PUCRio/Loyola, 2003. SCHUMPETER, J. A. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo, Abril Cultural, 1982. SILVA, Raquel Marques da. Evolução Histórica da Mulher na Legislação Civil, 30/04/2003. Disponível em: <http://www.pailegal.net> Acesso em 29 de setembro de 2006. VAISTSMAN, Jeni. Gênero, identidade, casamento e família na sociedade contemporânea. In: MURARO, Rose Marie; PUPIN, Andréa Brandão. Mulher, gênero e sociedade. Rio de Janeiro: FAPERFJ, 2001. VRIES, Manfred F. R. Kets de. Como o comportamento dos líderes afeta a cultura interna. São Paulo, Atlas, 1997. WILKENS, Joanne. A mulher empreendedora – Como iniciar seu próprio negócio, São Paulo, Newstec Editora Ltda, 1989. http://www.sebrae.com.br (acesso em 15/09/2006) http://www.administradores.com.br (acesso em 17/09/2006) www.mmmkt.com.br/landmarketing (acesso em 12/10/2006) 39 ANEXO 1 – Correspondência da Faculdade para a Empresária R. Alvarenga Peixoto, 1270 - Santo Agostinho 30.180-121 - Belo Horizonte - MG Fones: 080Q 2837001/313293.7000 Fax: 31 3291.6633 www:unihorizontes.br Belo Horizonte, 17 de outubro de 2006. À BUFFET AL VINA BITENCOURT SRA. AL VINA DE S. BITENCOURT Prezada Senhora, A Faculdade Novos Horizontes foi instituída por um grupo de professores provenientes da UFMG e pretende consolidar em Belo Horizonte uma das melhores Instituições de Ensino Superior na área de gestão. No momento estamos desenvolvendo nove cursos superiores, sendo cinco na área de Administração, um de Ciências Contábeis, um de Direito e dois de Tecnólogo em Gestão. Dado a qualidade do projeto pedagógico e a equipe de professores constituída em sua maioria por mestres ou doutores, a Faculdade recebeu da Comissão de Especialistas do MEC, quando de sua criação o conceito A para os cursos de Administração e B para o curso de Ciências Contábeis. O Curso de Administração foi Reconhecido pelo MEC através da Portaria nº 3522 de 29/1 0/2004 e o de Ciências Contábeis pela Portaria nº 3454 de 22110/2004. Para o 2° Semestre de 2005, foi autorizado pelo MEC o Curso de Direito e recomendado pela CAPES o Curso de Mestrado em Administração. No 1º Semestre de 2006, Iniciamos com os cursos de Tecnólogo em Gestão de Varejo e Tecnólogo em Gestão de Cooperativismo, autorizados pelo MEC através das Portarias nos 1046 e 1047 de 31/03/2005, respectivamente. Apresentamos-Ihe as alunas do 4° Semestre do Curso de Administração, abaixo relacionadas, que estão desenvolvendo um trabalho sobre "EMPREENDEDORISMO" cujo tema central é A Mulher Empreendedora", no que solicitamos-Ihe acolhida ao grupo para a realização do referido trabalho: Alaysia Tauana Santos Gonçalves Joana Mara Correia Carvalho Margarete de Oliveira Maria das Graças Moreira Natália Divina Acreditamos que a oportunidade cedida por essa conceituada Instituição será de grande valia para o desenvolvimento do tema escolhido pelo grupo. Estamos certos que, além da contribuição para as nossas alunas na elaboração, oferecendo a realidade prática, V.Sas. estarão ensinando a importância da parceria no mundo atual. Colocando-nos à disposição para quaisquer informações complementares e convidando-Ihe para uma visita à Faculdade, apresentamos-Ihe nossos agradecimentos antecipados. Atenciosamente, 40 ANEXO 2 – Correspondência da Faculdade para a Empresária R. Alvarenga Peixoto, 1270 - Santo Agostinho 30.180-121 - Belo Horizonte - MG Fones: 080Q 2837001/313293.7000 Fax: 31 3291.6633 www:unihorizontes.br Belo Horizonte, 17 de outubro de 2006. À TRANSFÊNIX TRANSPORTES LTDA SRA. MARIA APARECIDA FERNANDES Prezada Senhora, A Faculdade Novos Horizontes foi instituída por um grupo de professores provenientes da UFMG e pretende consolidar em Belo Horizonte uma das melhores Instituições de Ensino Superior na área de gestão. No momento estamos desenvolvendo nove cursos superiores, sendo cinco na área de Administração, um de Ciências Contábeis, um de Direito e dois de Tecnólogo em Gestão. Dado a qualidade do projeto pedagógico e a equipe de professores constituída em sua maioria por mestres ou doutores, a Faculdade recebeu da Comissão de Especialistas do MEC, quando de sua criação o conceito A para os cursos de Administração e B para o curso de Ciências Contábeis. O Curso de Administração foi Reconhecido pelo MEC através da Portaria nº 3522 de 29/1 0/2004 e o de Ciências Contábeis pela Portaria nº 3454 de 22110/2004. Para o 2° Semestre de 2005, foi autorizado pelo MEC o Curso de Direito e recomendado pela CAPES o Curso de Mestrado em Administração. No 1º Semestre de 2006, Iniciamos com os cursos de Tecnólogo em Gestão de Varejo e Tecnólogo em Gestão de Cooperativismo, autorizados pelo MEC através das Portarias nos 1046 e 1047 de 31/03/2005, respectivamente. Apresentamos-Ihe as alunas do 4° Semestre do Curso de Administração, abaixo relacionadas, que estão desenvolvendo um trabalho sobre "EMPREENDEDORISMO" cujo tema central é A Mulher Empreendedora", no que solicitamos-Ihe acolhida ao grupo para a realização do referido trabalho: Alaysia Tauana Santos Gonçalves Joana Mara Correia Carvalho Margarete de Oliveira Maria das Graças Moreira Natália Divina Acreditamos que a oportunidade cedida por essa conceituada Instituição será de grande valia para o desenvolvimento do tema escolhido pelo grupo. Estamos certos que, além da contribuição para as nossas alunas na elaboração, oferecendo a realidade prática, V.Sas. estarão ensinando a importância da parceria no mundo atual. Colocando-nos à disposição para quaisquer informações complementares e convidando-Ihe para uma visita à Faculdade, apresentamos-Ihe nossos agradecimentos antecipados. Atenciosamente, 41 APÊNDICE A – Formulário para a coleta de dados da pesquisa de campo. FACULDADE NOVOS HORIZONTES Projeto Interdisciplinar: Mulher Empreendedora Orientador: Prof. Arimar Colen Gontijo Prezada Senhora, Diante das muitas transformações que o mundo tem sofrido, em curtos espaços de tempo, ocorre também, o surgimento de empreendedores que contribuem para a economia empreendedor/empreendedorismo foi do definido país. pela O Faculdade tema Novos Horizontes para a elaboração deste trabalho. Acreditamos que sua participação seja de grande importância para este projeto interdisciplinar, que busca investigar a existência de problemas específicos para mulheres empreendedoras. Sendo assim, elaboramos algumas perguntas, as quais constituem o roteiro para nossa entrevista, solicitando e agradecendo a sua gentileza em respondê-las. 1 – Primeiramente, gostaríamos que falasse um pouco sobre sua formação profissional. 2 – Como surgiu a sua empresa? 3 – O que levou você a empreender seu próprio negócio? 4 – Sua iniciativa de começar o próprio negócio se deu diante de uma oportunidade? 5 – Em sua opinião, quais são as dificuldades encontradas pelas mulheres empreendedoras? 42 6 – Sente ou percebe que existe alguma diferenciação pelo fato de ser mulher? 7 – Houve necessidade de mudanças comportamentais e/ou vestuário? A que você atribui tais mudanças? 8 – Como você administra sua vida profissional em relação ao tempo dedicado à maternidade, esposo e à si mesma? 9 – Sente alguma dificuldade ou resistência ao gerir homens? Se sim, quais? 10 - Você está aberta às sugestões de seus funcionários? 11 – Sente-se autoconfiante o bastante para enfrentar situações de incerteza e correr riscos para levar seu negócio adiante? Como isso influencia em sua gestão? 12 - Quais foram as dificuldades enfrentadas no início de seu empreendimento? Até que ponto a situação financeira influenciou na implementação de sua empresa? 13 - Em sua opinião, para diminuir o risco de um investimento, há necessidade de pesquisa de mercado? Se sim, como deve ser? 14 – Em sua opinião, quais os desafios encontrados pela mulher nesse ramo de atividade? 15 – Quais os fatores que a levaram a implantar tecnologias voltadas para essa atividade? 16 – Existe algum sistema de informação implantado em sua empresa? Se sim, quais as vantagens trazidas? 17 – Enfrenta dificuldades em conciliar diversos papéis, como: mulher de negócio, líder, esposa e mãe? Se sim, quais? 43 18 – Em sua opinião, quais os fatores que dificultam o desempenho da gestão feminina? 19 – Quais características você considera que deveriam predominar no perfil da mulher empreendedora? 20 – Seria possível dar uma palavra de incentivo às mulheres que têm características empreendedoras, porém não sabem como iniciar seu próprio negócio? Muito obrigada! 44