JESUÍTAS Boletim trimestral . nº341 Janeiro/Março 2011 MAGIS 2011 Educação JECSE Moçambique Informação aos amigos LISBOA Boletim trimestral | nº 341 Janeiro/Março 2011 JESUÍTAS BREVES DA PROVÍNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 DA COMPANHIA EM RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 MAGIS 2011. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 SOCORRO, ESTAMOS APAIXONADOS! . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 ENCONTRO PARA CAPELÃES E COORDENADORES DA PASTORAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 COM MOÇAMBIQUE NO CORAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2 MEIOS QUE UNEM O INSTRUMENTO COM DEUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Ficha Técnica Jesuítas – Informação aos Amigos – Boletim bimestral; Nº 341; Janeiro/Março 2011 Director: Domingos de Freitas, SJ • Coordenação: Ana Guimarães • Redacção: Ana Guimarães; António Amaral, SJ; Avelino Ribeiro, SJ • Propriedade: Província Portuguesa da Companhia de Jesus • Sede, Redacção e Administração: Estrada da Torre, 26, 1750-296 LISBOA (Portugal) • Telef.: 217 543 060; Fax: 217 543 071 • Impressão: Grafilinha – Trabalhos Gráficos e Publicitários; Rua Abel Santos, 83 – Caparide - 2775-031 PAREDE • Depósito Legal: Nº 7378/84 • Endereço Internet: www.jesuitas.pt • E-mail: [email protected] • Foto: Luís Mileu Breves da PROVÍNCIA O Padre Provincial nomeou o P. Hermínio Rico Assistente Regional da CVX Além-Tejo. Esta nova Região, constituída na última Assembleia Nacional da Comunidade de Vida Cristã, resulta da divisão da CVX – Sul. A maior parte dos grupos desta nova Região localizam-se, neste momento, em Évora. Novos destinos - O Esc. Miguel Pedro Melo, actualmente no 3º ano de Filosofia, em Braga, fará o seu tempo de magistério na Província Chinesa. Deverá partir no próximo mês de Agosto para Taiwan, onde irá começar os estudos de língua chinesa, na Fu Jen Catholic University. - No próximo ano lectivo, darão início aos estudos de Teologia quatro jesuítas que terminam o seu estágio de dois anos de magistério: em Roma, Fernando Ribeiro, actualmente no CUPAV (Centro Inaciano do Lumiar) e Francisco Campos, actualmente no Maputo, Moçambique; em Taiwan, Francisco Machado, actualmente em Macau; e em Madrid, Francisco Martins, actualmente em Cernache, Coimbra. - O Esc. Nuno Branco, actualmente a frequentar o 3º ano de Teologia, em Madrid, fará o seu 2º ciclo de Teologia, em Paris, a partir do próximo ano lectivo. P. Luís Ferreira do Amaral ao serviço do JRS em África Partiu no dia 4 de Fevereiro para a República Centro-Africana o P. Luís Ferreira do Amaral. Ficará integrado na equipa do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) naquele País e fará parte da comunidade dos jesuítas em Bangui. Visita ao Colégio das Caldinhas O P. Provincial visitou o Colégio das Caldinhas de 18 a 23 de Janeiro. A visita coincidiu com dias intensos de mobilização de educadores, pais e alunos em defesa do Colégio, reconhecendo o serviço público que presta enquanto escola com contrato de associação numa região com graves carências. Durante a visita, o P. Provincial teve ocasião de participar numa reunião geral de educadores e deixou escrito aos jesuítas da Comunidade, a propósito da situação de instabilidade que se vive: “Impressionou-me, nestes dias, constatar a mobilização e unidade que esta situação veio gerar em toda a comunidade educativa. Todos os jesuítas têm, nesta ocasião, um papel a desempenhar: para alguns, a responsabilidade de decisões complexas e difíceis; e, para todos, o papel de rezar, acompanhar e estar disponível para uma palavra de ânimo e esperança”. Ordenação diaconal de escolástico angolano No dia 16 de Janeiro, foi ordenado diácono, em Kimwenza (Kinshasa, R. D. do Congo), o jesuíta angolano Américo Tarcísio. Fez o seus estudos de Teologia na Costa do Marfim e, ultimamente, trabalhou na equipa do JRS (Serviço Jesuíta aos Refugiados) em Bangui, na República Centro-Africana. É o segundo jesuíta angolano, depois da Companhia de Jesus restaurada, a receber o diaconado. Ordenações O Esc. Nuno Branco será ordenado diácono, no dia 9 de Abril, às 18h, na Paróquia de São Francisco Xavier e São Luís Gonzaga, em Madrid. Os escolásticos António de Magalhães Sant’Ana e Pedro Mc Dade serão ordenados presbíteros, em Coimbra, no dia 9 de Julho. Encontro da Província – 2011 O “Encontro da Província” (encontro anual dos jesuítas portugueses), realizar-se-á em 2011, nos dias 29, 30 e 31 de Agosto, na Casa da Torre, Soutelo, junto de Braga. Terá como tema: “Crise do Cristianismo e dos valores na Europa - a nossa resposta”. Novo Director da Revista Portuguesa de Filosofia Por proposta do P. Provincial, o P. Alfredo Dinis nomeou o Prof. Doutor Manuel Sumares para o cargo de Director da “Revista Portuguesa de Filosofia”. Mantémse como Vice-Director o P. Álvaro Balsas e como Secretário o Dr. Artur Galvão. JRS-Portugal reúne voluntários Realizou-se em Lisboa, nos dias 19 e 20 de Janeiro, o primeiro encontro de voluntários do JRSPortugal. Como resultado de um esforço de recrutamento que decorreu em 2010, o JRS-Portugal conta agora com 45 voluntários que colaboram activamente na integração de migrantes na sociedade portuguesa. O encontro - o primeiro de um conjunto de actividades de apoio aos voluntários pensadas pelo JRS-Portugal para este Ano Europeu do Voluntariado -, contribuiu para melhorar a comunicação entre os voluntários e a equipa do JRS-Portugal e ajudou-os a compreender mais profundamente a missão, os serviços e os projectos do JRS. Durante o encontro, o P. boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 Nomeações 3 Breves da PROVÍNCIA continuação Paulo Teia enquadrou o trabalho do JRS no conjunto da missão da Companhia de Jesus e o Dr. André Costa Jorge, Director do JRS-Portugal, explicou o papel dos voluntários dentro da organização. Outros aspectos do trabalho dos voluntários, como a integração e a tutoria social, foram abordados pelo Dr. Hermano do Carmo, docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, e pelo Dr. António Romero, psicólogo e docente no Colégio Planalto, respectivamente. A reunião incluiu a apresentação de várias facetas do trabalho do JRS-Portugal por parte de membros da equipa e foi encerrada pelo P. Domingos de Freitas. Esta iniciativa foi coordenada e desenvolvida pelo Gabinete de Apoio ao Voluntariado do JRS-Portugal. Exercícios Espirituais para jesuítas Em 2011, são oferecidas três hipóteses de Exercícios Espirituais, para os jesuítas. No Rodízio, de 22 a 30 de Julho e de 17 a 25 de Outubro, os EE serão orientados, respectivamente, pelos Padres Afonso Seixas e José Carlos Belchior; na Casa da Torre, em Soutelo (Braga), terão lugar de 20 a 28 de Agosto, com a orientação do Padre António José Coelho. boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 Refeitório Social - Portimão 4 A Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, em Portimão, confiada ao P. Arsénio Castro Silva, neste momento com o apoio do P. Estêvão Jardim, comemorou, no dia 6 de Março, o 5º aniversário do Refeitório Social e do Centro de Dia. O aniversário foi festejado na Eucaristia Dominical e num convívio no Centro Social Paroquial. Seminário de pintura na Faculdade de Filosofia Realizou-se em Braga, na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, no passado dia 28 de Janeiro, um seminário dirigido a todos os que pretendem aprofundar o seu conhecimento e vivência da arte da pintura. Pintores e outros artistas, professores, animadores culturais e estudantes de belas-artes, tiveram a oportunidade de explorar as várias dimensões da obra de arte num programa específico a desenvolver. O orientador foi Nel Rodríguez Rial, professor titular da Universidade de Santiago de Compostela. Autor de uma vasta obra, defende a ideia de uma ciência estética baseada no carácter cognitivo do sentir, da sensibilidade e do sentimento. Deixaram de pertencer à Companhia de Jesus os noviços Alberto José e Constantino Cossa (Noviciado da Beira - Moçambique) e o Esc. Pedro Luz, a fazer o magistério em Cernache. Boletim “Jesuítas” O boletim “Jesuítas” é enviado gratuitamente a familiares, amigos e colaboradores. Se desejar contribuir para as despesas de publicação e envio, pode fazê-lo por transferência bancária para o NIB 0033 0000 000000 700 41 84, Millennium BCP, ou mediante envio de cheque em nome de Província Portuguesa da Companhia de Jesus, para Estrada da Torre, nº 26 - 1750-296 LISBOA. Em ambos os casos, solicita-se referência ao Boletim Jesuítas. SINTA A ALEGRIA DE VER 0,5% DO SEU DEVER CUMPRIDO! Ofereça 0,5% do imposto que já paga ao Estado à Fundação Gonçalo da Silveira, uma ONGD jesuíta que gostará de conhecer melhor em www.fgs.org.pt Para fazer o seu donativo, basta colocar um X e o nosso NIPC no quadro 9 do anexo H na sua declaração de IRS. Assim: A indicação do NIPC da Fundação Gonçalo da Silveira não terá custos rigorosamente nenhuns para si - o imposto a pagar e o montante a receber nunca serão alterados. Para mais informações acerca deste assunto, em particular, ou sobre a Fundação Gonçalo da Silveira, em geral, por favor contacte-nos: ONGD JESUÍTA Estrada da Torre, nº 26 1750-296 Lisboa T +351 217 541 627 F +351 217 541 629 www.fgs.org.pt [email protected] Breves da PROVÍNCIA continuação relacionamento, muitas horas de empenho e de dedicação e o apoio constante da professora Cláudia, do padre Pedro Rocha Mendes, do nosso “chair” João Miguel e dos alunos ex-PEJistas. É com actividades como esta, especiais e inesquecíveis, que o INA nos marca e nos forma de maneira única, e é bom ter envergado de modo tão digno o emblema da nossa escola. Nunca esquecendo os princípios básicos da nossa formação, alcançámos a vitória: fomos cidadania, fomos compromisso, fomos serviço, fomos INA! Inês Loureiro – Aluna do 11ºC "Passo-a-rezar" comemora primeiro aniversário O sítio «passo-a-rezar», página que oferece orações na Internet, comemorou no dia 17 de Fevereiro o seu primeiro aniversário, prometendo uma aposta renovada neste “novo modo de rezar em português”. Os dados divulgados, no final do primeiro ano de existência, referem 600 mil visitantes, dois milhões de downloads e 2,5 milhões de páginas visitadas. Os responsáveis por esta iniciativa sublinham o sucesso da “proposta diária de encontro com Deus”. Música, páginas da Bíblia e momentos de reflexão marcam mais de uma dezena de minutos de proposta diária, disponível em formato mp3 (áudio) para poder ser descarregada e ouvida “em qualquer lugar”. Quinze escritores, trinta leitores e trinta editoras musicais tornam possível o “passo-a-rezar”, referem os responsáveis. A iniciativa já chegou ao Brasil e à rede social Facebook, prometendo agora novidades: uma campanha de donativos, uma “surpresa para a Semana Santa”, um livro e “oração diária, para todos”. O projecto www.passo-a-rezar.net é uma iniciativa do Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, uma obra da Companhia de Jesus que se dedica à promoção da oração pessoal. INA vence no PEJ inter-escolas O Instituto Nun’Alvres foi proclamado vencedor da 2ª Sessão do PEJ – Parlamento Europeu de Jovens – que decorreu no Externato Delfim Ferreira, em Riba d' Ave. Foi nos passados dias 15 e 16 de Janeiro. O que começou como um desafio, terminou numa vitória: o tema, enquanto Comité da Cidadania, era polémico – “Homossexualidade nas Escolas” – e exigiu um tratamento neutro e cuidadoso, ao longo de vários meses. Eis a receita da vitória: uma delegação equilibrada e com bom No dia 15 de Janeiro pelas 20.30, partia para o Pai o P. José Lopes Rodrigues. Tinha 90 de idade e completaria 71 de vida religiosa dois dias depois da sua morte, ou seja no dia do funeral: por significativa coincidência. Nasceu o P. José Rodrigues na aldeia de Branca (Albergaria-a-Velha) no dia 5 de Outubro de 1920. Depois de ter estudado na Escola Industrial de Águeda, onde completou o Curso Geral do Comércio, estudou ainda um ano na Escola Apostólica de Macieira de Cambra. Antes de partir para Macieira de Cambra, desempenhou o cargo de Ajudante do Conservador da Comarca de Albergaria-aVelha, durante cerca de 2 anos. Entrou na Companhia de Jesus a 17 de Janeiro de 1940, no Seminário da Costa (Guimarães). Depois de completados o Noviciado e o Juniorado, continuou os seus estudos em Braga, onde se licenciou em Filosofia. Partiu depois para a Teologia, começada em Oña (Espanha) e terminada em S. Cugat del Vallès (Barcelona), cidade onde foi ordenado em 31 de Maio de 1952, no 32º Congresso Eucarístico Internacional. Depois de terminada a sua formação trabalhou em várias casas, como Ministro, professor e Ecónomo. Dedicou-se ainda ao ministério da pregação por várias regiões de Portugal. Os últimos anos de actividade foram passados na Póvoa de Varzim, na Residência do Sagrado Coração de Jesus, dedicado sobretudo ao ministério da pregação e da confissão. Encontrando-se bastante debilitado de forças, recolheu à enfermaria dos jesuítas de Braga, onde permaneceu durante poucos anos, primeiro em cadeira de rodas e depois acamado. Foi o P. José Rodrigues sempre muito responsável e cumpridor nos vários trabalhos que lhe foram encomendados. Durante os anos que permaneceu acamado, apesar dos incómodos que essa situação supõe, sempre pudemos ser testemunhas da paz com que vivia a sua doença. A sua morte foi como a sua vida, sobretudo nos últimos tempos: serena e de paz no Senhor. António José Coelho, SJ boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 Memória - P. José Rodrigues (19202011) 5 Da Companhia EM RESUMO O Padre Geral nomeou: - Provincial da Califórnia, o P. Michael Weiler; - Provincial de Ranchi (Índia), o P. Xavier Soreng; - Superior Regional do Myanmar, o P. Mark Raper, Presidente da Conferência Jesuíta da Ásia e Pacífico . Malta muda de Assistência O Padre Geral transferiu a Província de Malta, que até agora estava integrada na Assistência da Europa Ocidental, para a Assistência da Europa Meridional, constituída por Portugal, Espanha e Itália. Esta transferência tem efeito a partir do próximo dia 1 de Março. A posição geográfica de Malta, o seu contexto cultural e a colaboração já existente com as Províncias da Europa Meridional foram as razões que motivaram o Padre Geral a decidir esta mudança. Província de Chicago-Detroit boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 O Padre Geral aprovou, em Novembro de 2010, o decreto que une oficialmente as Províncias de Chicago e Detroit numa entidade apostólica, conhecida agora como Província de Chicago-Detroit (CDT). Esta união entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2011 e o P. Timothy P. Kesicki é o novo Provincial. 6 Os jesuítas na Ásia e no Pacífico De 23 a 27 de Janeiro, realizou-se em Singapura o encontro dos Superiores Maiores Jesuítas da Conferência da Ásia e Pacífico, com a presença do Padre Geral da Companhia de Jesus, Adolfo Nicolás, acompanhado pelo Padre Daniel Patrick Huang, Conselheiro Geral. A Conferência dos Jesuítas da Ásia e Pacífico (JCAP) é composta por treze unidades: sete províncias (Austrália, China, Indonésia, Japão, Coreia, Filipinas e Vietname) e seis regiões e missões (Camboja, TimorLeste, Malásia e Singapura, Micronésia, Myanmar e Tailândia). Em Janeiro de 2011, havia 1.640 jesuítas nestas treze unidades, ou seja, cerca de 9% de todos os 17.772 jesuítas do mundo. Amazon apoia JRS no Reino Unido O JRS no Reino Unido estabeleceu um acordo com a Amazon, mediante o qual 5% de qualquer transacção efectuada online reverte a favor do JRS para apoio às deslocações dos refugiados para as suas entrevistas e consultas. As 120 libras já angariadas permitiram adquirir 30 passes de autocarro para refugiados sem apoio. Aceda pelo link www.tinyurl.com/amazonjrs para garantir que as suas compras geram um apoio de 5% aos refugiados e às pessoas que pedem asilo. Sudão – depois do referendo Realizou-se, a 9 de Janeiro, um referendo sobre o futuro político do Sudão. Apesar de o resultado não ter sido ainda divulgado, tudo aponta para uma vitória do sim, o que significa que o Sul do Sudão (de maioria cristã e animista) se declara independente do Norte (de maioria muçulmana). Se ganhar o não, o Sudão continuará a ser um único país. A participação foi massiva e entusiasta e os resultados são muito esperados. A Companhia de Jesus está presente no Norte, com uma comunidade em Cartum, que se ocupa de um centro de espiritualidade inaciana e, no Sul, com duas comunidades, em Rumbek e Wau. Nesta cidade, abriu há pouco tempo a Loyola High School, num edifício que foi durante muitos anos ocupado pelo exército. Em Juba, capital do Sul, dois jesuítas trabalham na Universidade Católica e no Seminário Maior. Numa carta dirigida, em Dezembro, a todos os jesuítas da África Oriental, o Provincial, Padre Orobator, sublinha as tensões em relação ao referendo e menciona que muitas organizações internacionais tinham abandonado o país por medo dos distúrbios. Diz ainda: “depois de reflectir e proceder a consultas, informei os meus irmãos que vivem e trabalham no Sudão que o meu desejo é que permaneçam no país e continuem a trabalhar como antes do referendo. Estou convencido de que esta opção é parte da nossa vocação de dar testemunho da missão recebida do Senhor e da nossa dedicação ao povo de Deus no Sul do Sudão”. c Jesuit Refugee Service NOMEAÇÕES do Padre Geral Da Companhia EM RESUMO continuação Padre Arrupe morreu há 20 anos Com a data de 5 de Fevereiro, o Padre Geral, Adolfo Nicolás, escreveu uma carta a todos os jesuítas, na comemoração dos 20 anos da morte do Padre Pedro Arrupe, homem de grande fé e de entusiasmo contagiante. Nesta mensagem, o Padre Geral apela a três qualidades que orientaram o Padre Arrupe e que julga necessárias ao jesuíta de hoje, para cumprir a sua tarefa simultânea de universalidade e de inculturação: o desapego total a lugares, cargos e privilégios, a imersão total no contexto da missão de cada um e a total colaboração com outros, jesuítas ou não. jectos no sector da educação a que se destinaram 55% dos fundos disponíveis, seguidos por projectos no sector da pastoral com 32%, e finalmente o sector social, com 9%. Quanto à distribuição geográfica dos subsídios, o montante maior foi destinado à Ásia, seguido pela Europa, América Latina e África. Há a acrescentar, ainda, os montantes enviados para países que sofreram grandes terramotos (Haiti, Chile) ou devastadoras inundações (Paquistão). Na carta que acompanhava esta informação, o P. Geral fez um apelo à generosidade das Províncias para contribuir para o FACSI como "sinal de solidariedade e de atenção às necessidades mais urgentes da Companhia universal" e reforçou a importância do envio para Roma da documentação na qual se dá conta do uso dos fundos concedidos. Directório de sítios jesuítas na net A Cúria Geral da Companhia de Jesus, em Roma, publicou um directório bastante completo e classificado de todos os sítios jesuítas na Internet: http://www.sjweb.info/resources/webguide.cfm. FACSI No ano de 2010, o FACSI – Fundo Apostólico e Caritativo da Companhia de Jesus distribuiu 908.794€ (uma redução de 11,7% em relação ao ano anterior) destinados a 41 projectos e obras de diversas Províncias da Companhia de Jesus. Ao longo do ano, foram recebidos 63 projectos, tendo sido aceites 41, no todo ou em parte. A Comissão de escrutínio deparou-se, este ano, com um novo problema: o montante total solicitado para levar a cabo os projectos enviados ultrapassava em muito o fundo disponível. Em consequência, salvo poucas excepções, houve que limitar a concessão a um projecto por Província, seguindo, na medida do possível, a prioridade expressa pelo Provincial. Foram aprovados pela Comissão, em primeiro lugar, pro- Com data de 14 de Novembro, o Padre Geral dirigiu uma carta ao JRS (Serviço Jesuíta aos Refugiados), por ocasião dos 30 anos da fundação desta Instituição. "Desde 1980 até ao presente", escreve o Padre Adolfo Nicolás, "o JRS recebeu muitas bênçãos de Deus, pelo que me sinto muito unido a todos aqueles que fazem parte desta família do JRS e a todos quantos têm trabalhado em favor dos refugiados.” “Sinto-me satisfeito – continua o Padre Geral – ao verificar que a celebração deste trigésimo aniversário não é só ocasião de olhar o passado, mas também de antever o futuro. Não me compete discernir por vocês, mas permitam-me partilhar algumas reflexões para a viagem do JRS, nos próximos trinta anos”. E depois de propor uma panorâmica das alterações que se têm dado no mundo dos refugiados, o Padre Nicolás continua: “Como construir algo mais duradouro e que fortaleça a humanidade daqueles com quem trabalhamos? Como havemos de ajudar a viver e a caminhar para a reconciliação? Também me pergunto de que modo é que o JRS poderá defender e promover mais activamente o valor evangélico da hospitalidade, num mundo de fronteiras fechadas e de crescente hostilidade para com os estrangeiros. A hospitalidade é um valor profundamente humano e cristão, que reconhece os clamores dos outros, não porque sejam da minha família, da minha comunidade, da minha raça ou da minha fé, mas porque ‘ele’ ou ‘ela’ é um ser humano que merece ser bem-vindo e respeitado. É a virtude do bom samaritano que, no caminho, viu não o membro de outra raça, mas sim o homem necessitado.” E o Padre Geral conclui: “Quando o JRS olha para trás agradecido, enquanto reflecte sobre lições aprendidas e trata de escutar novos chamamentos do Espírito de Deus no nosso tempo, eu dou-lhes mil graças, o meu apoio e as minhas preces”. boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 Padre Geral escreve ao JRS 7 Servidores da MISSÃO DE CRISTO MAGIS 2011 MAGIS 2011 é o nome da grande experiência inaciana que os jesuítas organizam para os dias prévios às Jornadas Mundiais da Juventude, que se realizam em Madrid, em Agosto próximo. As Jornadas são conhecidas, assim como as multidões que atraem e a alegria contagiante que produzem. O que é o MAGIS? boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 Em latim, magis significa "mais". O MAGIS 2011 é um convite ao encontro com Cristo no meio da realidade, é a proposta dos jesuítas, feita a nível mundial, para que 3000 jovens (dos 18 aos 30 anos) possam preparar-se melhor e "viver por dentro" as Jornadas Mundiais da Juventude. O MAGIS 2011 consiste numa experiência pastoral, que se realiza nos dias anteriores às Jornadas , organizada pela Companhia de Jesus em Espanha e Portugal, juntamente com outras congregações religiosas de espiritualidade inaciana. Esta iniciativa teve o seu início em 1997 (Jornadas Mundiais da Juventude de Paris) e chamou-se MAGIS a partir de 2005, em Colónia. Aconteceu posteriormente em Sidney, em 2008, e de novo este ano, em Espanha e Portugal, com o tema “com Cristo no coração do mundo”. 8 Santuário de Loiola (no País Basco espanhol), para começar esta aventura inaciana. Entre outras actividades, haverá uma "Feira das Nações", um “Musical MAGIS” e ainda uma celebração de envio, com o Padre Geral dos jesuítas. 2ª – Experiências - de 8 a 14 de Agosto: os 3000 participantes serão distribuídos por vários lugares de Espanha e de Portugal, em grupos de 25 pessoas. Aí participam em experiências de partilha internacional (cada grupo terá 3 ou 4 nacionalidades). Há experiências de todos os tipos e feitios: desde uma peregrinação pelo caminho aragonês de Santiago, até trabalhar com os sem-abrigo de Barcelona; desde montar teatro de rua junto do Castelo de Xavier, até uma viagem de barco pelo Cantábrico. Haverá ainda algumas experiências em França e em Marrocos (p.e. encontro com o mundo islâmico em Asilah). E 18 delas serão em Portugal: seguir a Rota da Lã e do Queijo na Serra da Estrela, "levar a alegria" às crianças hospitalizadas em Santo Tirso, aprender a moldar o barro em Monsaraz, etc. 3ª - Madrid - 15 de Agosto: reunião de todos os participantes num dia final de encontro e incorporação no programa das JMJ. Quem organiza? A quem se destina? A organização do MAGIS é assumida pelos jesuítas das Províncias de Espanha e de Portugal e por várias congregações religiosas: as Escravas do Sagrado Coração de Jesus, o Instituto das Irmãs de Santa Doroteia, as Filhas do Coração de Maria, as Religiosas do Sagrado Coração de Maria, as Religiosas de Jesus Maria, a Companhia de Maria, as Religiosas da Assunção, as Missionárias Xaverianas, as Filhas de São José, as Carmelitas da Caridade, as Religiosas do Santo Anjo, as Religiosas do Sagrado Coração de Jesus e ainda por movimentos de leigos como a CVX, a rede Iñygo e outras redes inacianas e grupos MAGIS. A experiência MAGIS é dirigida a jovens adultos dos 18 aos 30 anos. A inscrição é realizada por país e termina a 15 de Maio. O preço inclui todas as despesas (esta- Quando e onde se realiza? O MAGIS terá três fases diferentes: 1ª - Loiola - de 5 a 7 de Agosto: encontro geral no Servidores da MISSÃO DE CRISTO continuação se resume numa oportunidade de rezar para crescer. Tempo para acompanhar outras pessoas e conhecer outros percursos. Ao conviver assim, provavelmente chega-se a descobrir muitas das razões que fazem com que a vida seja um presente fascinante. Partilhar o esforço e o descanso, as novas vivências, os sonhos, as viagens, os encantamentos e as histórias, com muitos outros que também se fazem ao caminho. Acompanhar pessoas até aqui desconhecidas, outros peregrinos, homens e mulheres diferentes... tudo isso abre um horizonte novo. Em que consiste afinal? O MAGIS propõe uma experiência rica e diversificada, durante vinte dias, que passa por: partilhar o tempo com outros jovens, celebrar a vida, aprender algo sobre si mesmo, sobre o nosso mundo e sobre Deus. Tudo Conviver com outros da mesma idade, em lugares novos, longe de casa; descobrir a riqueza que surge da diferença; viver a amizade e o encontro. Rezar para agradecer o bem, para procurar Jesus, para conhecê-Lo, amá-Lo e segui-Lo... cada dia um passo mais. Celebrar o Deus que está presente e actua na nossa história; procurá-Lo, com outros, e descobrir que está no meio de nós. Aprender a viver, a relacionar-se, a crescer, a abrir os olhos, a rir, a escutar, a deixar-se surpreender, a encontrar respostas. adpatado por Ana Guimarães consulte www.magis2011.org boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 dia, alimentação e viagens), desde o dia 5 ao dia 21 de Agosto, excluindo a viagem para Loiola e o regresso de Madrid aos lugares de proveniência. Em 2011, o Magis terá a sua edição mais internacional de sempre: de facto, haverá participantes dos 5 continentes. Além de norte-americanos e australianos haverá peregrinos da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Venezuela e Uruguai), asiáticos (China, Índia, Indonésia, Líbano, Filipinas e Singapura) e africanos (Etiópia, Quénia, Nigéria, Tanzânia e Maurício). Realizando-se em Espanha e Portugal, o MAGIS terá um grande número de participantes europeus (provenientes da Áustria, Bélgica, Croácia, República Checa, França, Alemanha, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Malta, Holanda, Polónia, Portugal, Roménia Eslováquia, Eslovénia, Suiça, Reino Unido e Espanha). A procedência dos peregrinos fará do Magis uma experiência de encontro e convivência com pessoas que partilham a mesma espiritualidade em diferentes tradições culturais, religiosas e linguísticas. 9 Sentir e SABOREAR boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 Socorro, estamos apaixonados! 10 Eis senão quando, alunos, professores, pais, direcções escolares, educadores não docentes, antigos alunos se juntam para gritarem e manifestarem o quanto gostam da sua escola. E assim, o que enche as páginas dos jornais não são os casos de indisciplina ou mesmo violência, não são as críticas dos pais ao professores ou dos professores aos pais, não são as queixas de como é difícil ensinar ou uma seca aprender. Por um momento, há uma paixão que os une a todos. A paixão pela sua escola. É isto que os faz correr. E só este facto merece reflexão. E só este facto devia dispensar-nos de ler vis generalizações sobre o vil dinheiro. Tão simples como isso. No meio da leitura dos jornais, da participação em grupos no FB, e viagens mais ou menos demoradas pela blogosfera procuro ir arrumando as ideias. Um pressuposto óbvio. Não está certamente em causa uma qualquer desconsideração e muito menos um ataque ao Ensino Público. O que está em causa é, antes de tudo, a reacção a um corte orçamental injusto e cego que inviabiliza o futuro de muitas instituições de ensino. Está também em causa uma visão redutora da educação. Na prática, apenas os Projectos Educativos das Escolas Públicas do Estado parecem ter a credibilidade suficiente enquanto proposta a que todos, independentemente das suas possibilidades económicas ou das suas convicções e valores, podem ter acesso. Cada Projecto Educativo deve estar enraizado na comunidade educativa e local em que se insere. Mas cada Projecto Educativo está também alicerçado numa visão concreta do ser humano. Cada Projecto Educativo estabelece horizontes de sentido que ajudam a dar futuro aos alunos e a todos os que pertencem a uma comunidade educativa. E isto não significa, de modo nenhum, que a Escola se feche à diferença, à pluralidade e ao mundo. Um dos mal-entendidos que está implicitamente presente nesta questão é a ideia de que uma verdadeira abertura ao mundo na sua diversidade implica a concepção da educação como um processo neutro. De acordo com esta visão, a Escola apenas precisa de assegurar a transmissão de valores mínimos de cidadania expondo, sem grandes juízos de valor, os alunos à pluralidade. Mas esta é a maior das ilusões. É impossível preparar e dar uma aula ou ter uma conversa no corredor sobre a vida de uma aluna ou de um aluno sem que em tudo isto estejam implicados valores e os juízos que lhes correspondem. Pretender que estes juízos podem estar enraizados numa falsa neutralidade ou num Projecto sem horizontes é, antes de tudo, uma falácia. De forma consciente ou inconsciente, qualquer educador transmite valores e horizontes, seja na reacção a uma pergunta, na resolução de um teorema ou numa piada sobre futebol. E não me restam dúvidas que o sexto sentido dos alunos capta esta informação. É exactamente por isto que um Projecto Educativo deve resultar da interacção entre os diferentes elementos da comunidade educativa entre si (alunos, pro- fessores, encarregados de educação, direcção da escola, auxiliares educativos, etc) e da interacção da escola com a comunidade local e os seus valores. Naturalmente, ao Ministério da Educação compete assegurar que todos os Projectos Educativos em vigor nas escolas portuguesas respeitem a nossa Constituição, os Direitos Humanos e os valores da cidadania que aceitamos como comuns. Mas ao Ministério da Educação não pode caber o papel de regular quais os Projectos Educativos a que o acesso pode ser verdadeiramente livre e universal e aqueles a que o acesso é apenas reservado a uma elite. Fazendo-o, está implicitamente a dizer-nos quais são as directrizes pedagógicas e éticas que entende serem as mais válidas. Fazendo-o agrava a quebra acentuada da coesão social. Os alunos passam na escola grande parte do seu tempo. E estão na escola como pessoas inteiras e não como seres humanos interiormente compartimentados. Por isso mesmo, tantas teorias da educação nos dizem que a escola tem que ser mais do que um 'supermercado de aulas'. Por isso mesmo são valorizados os espaços de conversa e encontro entre mais velhos e mais novos, os espaços onde cada um e cada uma pode descobrir-se a si mesmo e ao outro. Por variadas razões (estabilidade dos professores, o envolvimento de antigos alunos, os projectos de intervenção social, a preocupação com a dimensão artística e, em alguns casos, as actividades espirituais e de aprofundamento da fé) as escolas com contrato de associação têm condições excepcionais para garantir que a Escola seja, na prática, próxima da Escola sonhada por tantas teorias da educação. Há aqui muitas possibilidades que se abrem, mas também uma enorme responsabilidade. Talvez por isso seja de esperar por parte do Ministério da Educação uma especial exigência com as Escolas com contrato de associação. Quem quer que já tenha estado envolvido numa inspecção do Ministério a uma destas escolas convive bem com essa exigência. Mas o que mais custa aceitar é que essa exigência se transforme num estrangulamento que pode levar ao desaparecimento de escolas que tão bem fazem aos seus alunos, famílias e educadores. Um estrangulamento que coloca em causa uma manifestação pouco comum de verdadeira paixão pela Escola. José Maria Brito, SJ Publicado no blogue “Toques de Deus” (Educação, Fé e Justiça) em 15 de Janeiro de 2011 Encontro para capelães e coordenadores da Pastoral “Um fogo que acende outros fogos” Estiveram reunidos em Loiola, de 9 a 12 de Fevereiro de 2011, para participar no encontro do JECSE (Jesuit European Committee for Primary and Secondary Education), 29 jesuítas e 81 leigos responsáveis pelo trabalho pastoral em 76 dos 150 colégios da Companhia de Jesus na Europa. Foram convidadas também duas pessoas do Egipto, que não puderam vir pelas circunstâncias políticas que estão a viver. O encontro começou com uma breve apresentação, em pequenos grupos, em que cada um se apresentava a si e ao seu colégio, com uma imagem ou objecto. Escolhi São João de Brito que, nascendo num ambiente nobre, foi capaz de passar a “fronteira” do seu mundo e levar Cristo a outro mundo tão diferente do seu. Na quinta-feira, 10 de Fevereiro, a manhã foi mais orientada para rezar e para conhecer melhor Santo Inácio, o lugar onde nasceu e a maneira como se entregou a Deus. Fomos convidados pelo P. Jaime Badiola (Director do Colégio de Pamplona) a rezar em silêncio em cinco lugares diferentes: a Casa de Santo Inácio, a Casa do Beato Irmão Garate, a Capela de Nossa Senhora de Olatz, a Enfermaria de Loiola e o Cemitério privado dos Jesuítas de Loiola. Para cada um destes cinco lugares havia uns pontos de oração e cada um, na sua liberdade, podia escolher os lugares que quisesse. Foi uma experiência que, em geral, ajudou as pessoas a reacender o seu fogo interior no fogo que animou Inácio e a Companhia de Jesus. Houve ainda, no final da manhã, um pequeno resumo sobre Santo Inácio, feito pelo P. Nikolaas Sintobin (Província do Norte da Bélgica). No início da tarde, tivemos uma segunda sessão de trabalho de grupos com a pergunta de fundo “Quais são as fronteiras entre nós e os jovens que temos que educar e acompanhar pastoralmente?” Depois do lanche, o P. Bernard Peeters (Província do Norte da Bélgica) apresentou uma conferência sobre “Jesus e as fronteiras” seguida de debate e comentários. No final do dia, foi celebrada a eucaristia, seguida de jantar e de uma pequena confraternização. Na sexta-feira, 11 de Fevereiro, o dia começou com uma conferência do P. Jim Corkery (Província da Irlanda), sobre o tema das fronteiras na Congregação Geral 35ª. O Jim esteve presente na CG 35ª e deu-nos várias pistas sobre como podemos entrar melhor no mundo dos nossos jovens estudantes. Fomos convidados a participar em dois workshops, à escolha entre vários. Eu escolhi os temas “Como usar o Youtube para fins pastorais?”, dado por Nikolaas Sintobin, e “O uso da agenda espiritual por adolescentes”, dado por Silvestre Falguera do Colégio de Raimat, Lérida. Tivemos um terceiro momento de pequenos grupos, em que cada um partilhou o que tinha sido importante na experiência nos workshops. Depois, no ofertório da missa, cada um dos onze grupos apresentou a Deus os “frutos” do encontro. Tivemos uma avaliação geral seguida de eucaristia na Basílica de Loiola. Para finalizar tivemos um jantar festivo e um serão de danças, animado por um grupo de alunos do Colégio de Durango. No sábado, 12 de Fevereiro, foi o dia de regressar e levar o” fogo” a cada um dos nossos colégios. Avaliação pessoal - Foi a primeira vez que estive num encontro internacional sobre a pastoral dos Colégios. Confesso que, até há bem pouco tempo, desconhecia o significado do JECSE. Tinha ouvido falar do encontro do Porto, há dois anos, mas não tinha associado com o JECSE. Fiquei impressionado com o número de participantes: 110! Deu para perceber que “navegamos todos nas mesmas águas”. Todos temos dificuldades em passar “as fronteiras” deste mundo pós-moderno que nos separam dos nossos alunos. Como dizia um elemento do meu grupo, J. P. Morrison (Director do Colégio de Sto. Inácio em Londres), os nossos alunos nasceram com a Internet (digital natives) nós estamos a entrar (digital immigrants). Todos temos vontade de estar mais próximos dos nossos alunos e de partilhar com eles aquilo que temos de melhor que é a nossa vida. O facto de podermos partilhar uns com os outros as nossas dificuldades e êxitos ajudou a criar um clima de confiança e de fraternidade entre o grupo. As conversas informais com outros leigos e jesuítas, ajudaram-me a perceber a riqueza que temos no trabalho pastoral que fazemos em Portugal. O facto de ter sido em Loiola (para muitas pessoas foi a primeira vez que aí estiveram) ajudou a reacender o nosso pequeno fogo interior naquele fogo que animava Inácio. A organização foi excelente, liderada pela Marie-Thérèse Michel (francesa), juntamente com mais três pessoas. O ritmo do encontro foi intenso e teve muita variedade e por isso não foi nada monótono. Abel Bandeira, SJ boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 Sentir e SABOREAR continuação 11 Sentir e SABOREAR continuação Com Moçambique no coração. boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 18 de Janeiro 2011, Lisboa - Maputo - Beira 12 São 06h28 e estamos prestes a aterrar em Maputo, graças à oportunidade que a Fundação Gonçalo da Silveira nos deu de conhecermos o seu trabalho junto das missões jesuítas nesta zona de África. Nesta viagem, o Luis Mileu, o fotógrafo de serviço, e eu, tivemos a companhia do Ir. Andrade que tivera uma curta estadia em Lisboa. Lá fora estão 26 graus; por isso está na hora de tirar o forro polar. A vista da janela é fantástica, África... Fomos muito bem recebidos pelo Pe. François. Levou-nos, juntamente com o Ir. Andrade, que parecia agora mais tranquilo, para a Cúria Regional. Aí, com um café e umas bolachas tipo Maria, tivemos uma breve, mas agradável, conversa acerca da economia moçambicana e da sua dependência externa. De regresso ao aeroporto, aproveitou para nos mostrar um pouco de Maputo, a zona das Embaixadas e a Marginal, perto do Hotel Polana. Foi agradável rever estes sítios onde já tínhamos estado um dia, de férias. África tem esta magia… a de querermos sempre voltar! Cerca do meio-dia, já no avião que fará o trajecto Maputo-Beira, esperamos que acabem de acomodar os últimos passageiros para podermos partir. Atrás de nós vai uma senhora de meia idade, numa maca, acompanhada por um familiar; deve ir ou regressar de um hospital. A esmagadora maioria dos passageiros deste voo é moçambicana. Estamos “moles”, o Mileu dá cabeçadas no ar com o sono e eu vou-me rindo sozinho. Chegámos à Beira, onde nos esperava o Pe. Emílio. Fomos directos para o Noviciado, no Alto da Manga. Passámos pelo centro da Beira que é um pouco mais degradado que Maputo. É uma cidade mais pequena. O resto da tarde foi passada no Noviciado onde conhecemos os noviços e algumas pessoas locais que aí trabalham. 19 de Janeiro de 2011, Beira - Nhangau Tomámos o mata-bicho e logo o Pe. Emílio nos levou a visitar a zona de Nhangau. Foi uma viagem fantástica, e é aqui que o trabalho de recolha de fotografias e filmagens começa. As vastas planícies alagadas das chuvas, o verde da vegetação, as pessoas, o calor húmido que faz com que a roupa se cole ao corpo, tudo nos aguça os sentidos. Em cima da carrinha de caixa aberta, seguramos as câmaras e com o dedo pesado não damos descanso ao material. Nesta visita conhecemos o Francisco Campos, que se previa que nos acompanhasse durante toda a nossa estadia em Moçambique mas, infelizmente, teve que partir nesse mesmo dia para Maputo. Em Nhanduvo, conhecemos uma pequena comunidade de agricultores muito carenciados. Estavam a construir uma casa melhor para uma senhora idosa que tinha cedido um pouco de terreno para a construção da igreja da comunidade. Ao lado da sua casa de paredes de colmo, surgia aos poucos uma casa com paredes de argila ainda coberta de colmo. Tinha sido a contrapartida, o que na verdade espelha um pouco o modo de estar deste povo... Na comunidade piscatória de Njalande, as pessoas mostraram-se menos amistosas e mais desconfiadas. Estávamos acompanhados pelo Secretário da comunidade que nos guiou numa curta visita. A pesca é feita em moldes totalmente artesanais, desde os barcos escavados em troncos de árvore até todo o processo de descarregamento e transporte do pescado. O calor estava insuportável e difícil de tolerar. É complicado explicar o que sentimos nesta altura da viagem… tanta informação em tão pouco tempo torna difícil gerir a emoção! Um país com tanto potencial, em tantas áreas e, no entanto, com tantas carências. Será falta de oportunidades, falta de ajuda, falta de vontade? Para já, achamos que são os três factores. De tarde, dirigimo-nos ao Centro Kamtedza, onde estão os candidatos. Ainda fomos a tempo de conhecer os rapazes que estavam quase de saída para um jogo de futebol com os noviços, como nos contou o escolástico Eliseu. Regressámos ao Noviciado ao fim da tarde, mas com a promessa de jantarmos com a Dra. Anette, uma médica pediatra alemã que trabalha no hospital da Beira e ensina medicina na Faculdade da Beira. Fomos buscá-la em frente ao Centro Pe. Cirilo e dirigimo-nos a um restaurante perto. A Dra. Anette falou-nos de como veio parar a Moçambique com o marido, e da sua vocação precoce Sentir e SABOREAR continuação 20 de Janeiro de 2011, Beira - Centro P. Cirilo Do Centro Padre Cirilo pode dizer-se que é um bastião da educação na Beira. Acolhe os estudantes da cidade funcionando como um local de estudo e investigação. Os estudantes podem usufruir da biblioteca, da sala de informática e da tranquila zona de estudo. Nos andares de cima do edifício estavam reunidos os principais nomes da Companhia de Jesus em Moçambique, para a reunião anual. O Padre Virgílio Arimateia, Superior da Região Moçambicana, fez as honras da casa e foi num almoço informal que fomos apresentados aos restantes membros da Região Moçambicana. Comemos muito bem e não podíamos ter sido melhor recebidos. 21 de Janeiro de 2011, Beira - Tete - Angónia A viagem para Tete começou bem cedo. Às 06h30 partia o autocarro para uma longa viagem de mais de seis horas. Finalmente, vimos os famosos embondeiros, grandes e imponentes que iam salpicando a berma da estrada fazendo por vezes sombra a pequenos aglomerados de palhotas que surgiam ao longo do caminho. Chegados a Tete, fomos até à igreja, ao encontro do Pe. Miro. Foi já ao jantar que a nossa boleia para a Angónia apareceu - o Ir. João Luís. Comemos rapidamente, pois não havia tempo a perder; esperava-nos uma nova viagem de seis horas pois o camião, que ia carregado com cebolas, batatas, alhos, pneus de tractor e outras coisas mais, iria certamente circular devagar nas subidas para o planalto da Angónia. Foi uma viagem extenuante mas animada. O Ir. João Luís conseguiu manter a conversa acesa ao longo de todo o caminho. Houve até direito a dar boleia a um polícia que nos mandou parar a meio do caminho e foi confortavelmente instalado nas traseiras do camião, entre o pneu de tractor e as cebolas. África! 22 a 25 de Janeiro de 2011, Angónia Chegámos finalmente à Missão de Fonte Boa, pelas 03h00 da manhã, onde o Ir. João Luís nos mostrou o quarto onde iríamos ficar nos próximos dias. Foi na manhã seguinte que voltámos a encontrar o Ir. Andrade, que viera directo de Maputo para Fonte Boa, dias antes, o Pe. Paco, o Pe. Oliveira e a Leiga Elizabete. O Pe. Vítor, Superior da Missão, havia saído dias antes para o Malawi, onde foi participar num colóquio acerca do HIV. Depois de um mata-bicho regado de boa conversa, começaram os trabalhos de reportagem no internato dos rapazes e depois no das raparigas. As longas distâncias percorridas pelas crianças até à escola são uma das maiores barreiras ao ensino em Moçambique. Torna-se muitas vezes impossível fazer uma viagem de ida e volta no mesmo dia; assim, estes internatos possibilitam que várias crianças possam ter acesso ao ensino longe de suas casas. Apesar de apresentar algum estado de degradação, o internato masculino já tem camaratas, muitas delas com rede mosquiteira. Já o internato feminino ainda carece de tal “luxo”. As meninas dormem em colchões de espuma assentes no chão. No internato masculino, a Fundação Gonçalo da Silveira fez um trabalho de grande melhoria, apesar dos pesares. O ambiente era de alguma azáfama em ambos os internatos, a época escolar iria começar no dia seguinte e muitos colegas reencontravamse após as férias grandes. boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 para trabalhar em países em vias de desenvolvimento. Falou-nos da problemática do SIDA, tuberculose, malária e dos danos provocados pelas águas não tratadas. Não acredita nas estatísticas pois, pelo que vê diariamente no hospital, é muito difícil ter dados fidedignos. Para ela o SIDA é um problema de saúde mas, acima de tudo, um fenómeno social, começando na prevenção e terminando na exclusão. O Francisco falou-nos um pouco da história da Companhia de Jesus e todo o trabalho dos jesuítas pelo Mundo. O tema da corrupção foi quente e é algo que tem vindo a crescer nos últimos anos. Para quase tudo é preciso pagar suborno. Às vezes, até para poder trabalhar é preciso pagar para garantir o lugar, como é o caso de alguns professores. O Francisco até referiu algo muito curioso acerca da hierarquia social: é muito comum continuar a haver o papel de “chefe” de uma região, cargo hereditário de antiga tradição cultural. É uma figura aceite pelas autoridades e que serve entre muitas coisas de “juiz” local. 13 boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 Sentir e SABOREAR continuação 14 Uma das experiências mais marcantes teve lugar numa pequena comunidade a cerca de 10km de Fonte Boa. Acompanhámos o Pe. Paco a uma comunidade próxima onde iria, primeiro, celebrar uma missa e, depois, fazer o acompanhamento dessa comunidade, e de outras comunidades vizinhas, durante os cinco dias seguintes. Tudo o que levou consigo foi a sua preciosa bicicleta! Seguimos então caminho com o Pe. Oliveira para uma comunidade isolada onde iria fazer escala. Esta semana, iria celebrar missa ali, para regressar apenas quatro semanas depois. Nos caminhos de terra batida, agora enlameada, encontrámos muitas pessoas de comunidades vizinhas que, em jeito de romaria, se dirigiam para a capela de argila e colmo, bem no centro da comunidade, rodeada de várias cubatas. O coro ensaiava os seus cantares à sombra do colmo do telhado da igreja; o ritmo marcado com o bater e arrastar dos pés no chão e as vozes cristalinas e fortes do grupo de homens, mulheres e crianças conseguiu arrancar de nós uma emoção como há muito não sentíamos. Os olhos húmidos e o nó na garganta lembraram-nos novamente que esta estava a ser a experiência de uma vida! Fomos calorosamente acolhidos pela comunidade; embora não tivesse sido trocada uma palavra em português, o Chichewa (dialecto local) era para nós uma quente melodia de sons. No final da celebração foi preparado um almoço para o Padre e seus acompanhantes e para as pessoas das comunidades vizinhas que ali se tinham deslocado. Saboreámos, ali mesmo na igreja, peixe seco do rio, frango, legumes e massa de milho. Uma delícia! As visitas a dois dos orfanatos de crianças órfãs do SIDA foi breve mas intensa; as mamãs da comunidade que acompanham estas crianças apresentaram-nos às crianças e elas logo retribuíram com sorrisos abertos e uma carinho surpreendentes! Foi uma festa fotografá-los e mostrar-lhes o resultado de imediato. A viagem à Mpenha, com o Ir. Luís e o Pe. David, foi condicionada por um dilúvio intenso que apenas nos deixou escapar da carrinha directos para o abrigo da igreja no topo da colina. “Fugimos” para Lifidzi onde o Sol conseguira vencer a chuva. A igreja da Missão é imponente, bem de frente para quem chega na larga estrada de terra ladeada por árvores, como quem abraça a casa da Missão e o Internato. Mais uma vez, a azáfama era grande pois haviam começado as aulas. Os jantares em Fonte Boa eram sempre animados. A Leiga Elizabete, que lecciona as aulas de português na escola da Missão, era a mais enérgica! Já na sua segunda temporada em Fonte Boa, foi quem mais partilhou connosco as preocupações com as lacunas estruturais e falta de qualidade do ensino no país, o elevado nível de corrupção mesmo ao nível educativo, e carências de material escolar mais básicas. Não nos esquecemos dos compassos que prometemos enviar, Elizabete! No último fim de dia em Fonte Boa, a missa na capela da missão com alguns dos alunos do internato foi marcante. Marcante pela intensidade, pela alegria e simpatia, e talvez já pela nostalgia do adeus. 26 de Janeiro de 2011, Angónia - Tete Maputo – Lisboa Está na hora do regresso. De facto, Maputo não é Moçambique, como já muitas vezes tínhamos ouvido antes de aqui chegarmos. Moçambique é muito mais do que uma cidade. É um povo quente, é uma terra rica com gente pobre, é alegria com muito pouco, é uma saudade que fica gravada no coração para sempre. É também um país onde os jesuítas e a Fundação Gonçalo da Silveira trabalham muito, e trabalham bem. E mesmo que nos pareça que a sua ajuda é uma “gota no oceano”, nós ficámos com a certeza de que é uma gota muito importante! Zikomo kwambiri (muito obrigado), Moçambique. Carlos Guedes - Designer Interactivo / Videógrafo Luís Mileu - Designer Gráfico / Fotógrafo Meios que unem O INSTRUMENTO COM DEUS Abril Junho Exercícios Espirituais Exercícios Espirituais 3 DIAS 07 a 10 | em Palmela, com o P. António Vaz Pinto 14 a 17 | no Rodízio, com o P. Manuel Morujão 14 a 17 | no Rodízio, com o P. António Vaz Pinto 15 a 18 | em Soutelo, pé descalço, com o P. Lourenço Eiró 3 DIAS 02 a 05 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia 09 a 12 | em Soutelo, com a Drª. Alzira Fernandes 09 a 12 | em Soutelo, com o P. Carlos Carneiro Maio Exercícios Espirituais 2 DIAS 20 a 22 | em Soutelo, “amigos de rua”, com Teresa Olazabal 3 DIAS 05 a 08 | na Costa Nova, com o P. Filipe Martins 05 a 08 | em Soutelo, com o P. José Carlos Belchior 12 a 15 | no Rodízio, Exercícios Espirituais e Renovamento Carismático, com o P. Jorge Oliveira 12 a 15 | em Soutelo, pé descalço, com o P. Nuno Tovar de Lemos 19 a 22 | no Rodízio, com o P. Carlos Azevedo Mendes e o Esc. Fernando Ribeiro, sj 19 a 22 | no Rodízio, com o P. Gonçalo Castro Fonseca 19 a 22 | no Rodízio, EE temáticos*, com o P. Sérgio Diz Nunes 19 a 22 | em Soutelo, com o P. António Valério 7 DIAS 01 a 08 | em Soutelo, com o P. Luís Maria da Providência 09 a 16 | no Rodízio, com o P. Miguel Almeida 8 DIAS 09 a 17 | no Rodízio, com o P. Luís Maria da Providência 13 a 21 | em Soutelo, com o P. Manuel Bello 18 a 26 | em Palmela, com o P. António Vaz Pinto 18 a 26 | na Costa Nova, com o P. António Costa e Silva 24 a 02 Jul | em Fátima, com o P. Hermínio Vitorino CASAIS 06 a 08 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia * “Comprometer-se” 8 DIAS 17 a 25 | em Fátima, com o P. Luís Maria da Providência 20 a 28 | em Soutelo, com o P. Dário Pedroso Consulte o programa anual em www.jesuitas.pt boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2011 8 DIAS 13 a 21 | no Rodízio, com o P. Sérgio Diz Nunes 15 a 23 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia 4 DIAS 09 a 13 | no Rodízio, com o P. João Norton 22 a 26 | em Soutelo, com Madalena Abreu e o P. Luís Maria da Providência 22 a 26 | em Soutelo, com o P. Vasco Pinto de Magalhães 15