Quinta-feira, 10 de abril de 2014 Gazeta do Povo Ministério Público / Estrutura é desafio de nova gestão, diz Giacoia Entrevista Gilberto Giacoia, procurador-geral do Ministério Público do Paraná Taiana Bubniak Procurador-geral (segundo da esq. para a dir.) defende pagamento de auxílio-moradia para promotores, mas diz que ainda não há nenhum critério ou previsão Reconduzido ao cargo de procurador-geral de Justiça do Paraná na manhã de ontem, Gilberto Giacoia defende que os promotores atuem em proximidade com os cidadãos e diz que em grandes investigações, como no caso dos Diários Secretos da Assembleia Legislativa, o Ministério Público não pode atuar “de forma leviana”. Ele ficará no cargo até 2016 e considera justo o pagamento do auxílio-moradia aos promotores. Veja os principais trechos da entrevista concedida à Gazeta do Povo. Qual o balanço da gestão e o que projeta a partir de agora? O MP enfrenta desafios, especialmente na questão estrutural. Mas é um trabalho lento e há alguma dificuldade de custear essa nova estrutura. Em material humano, nós conseguimos oferecer funcionalidade e ferramentas mínimas para as promotorias. Os promotores têm pelo menos um assessor e um oficial de promotoria. Havia casos em que o promotor tinha de atuar quase de forma cartorial. Nesses dois anos, conseguimos avançar. Em que fase está a investigação sobre os Diários Secretos? Não há risco de prescrição? A investigação está no gabinete do procurador-geral e o gabinete tem uma estrutura que investiga na área criminal e cível. Essa investigação tem um tempo próprio, que não é o tempo da imprensa. Basta que o sujeito realize atos administrativos sem a publicidade que requer, para se configurar a improbidade. Mas daí a ser um crime de peculato, você precisa provar que aquela falta de publicidade favoreceu alguém especificamente, que se apropriou de dinheiro ou de alguma outra vantagem. Seria maravilhoso se eu pudesse atuar no tempo da imprensa. Já existe algum estudo ou previsão de orçamento para o pagamento do auxílio-moradia que será pago aos juízes? Quais critérios o Ministério Público adotaria? O que o Tribunal de Justiça do Paraná fez foi alcançar o status normativo para o pagamento. Não foi estabelecido nenhum tipo de critério ou previsão. Se perdermos a capacidade de atrair os melhores quadros, o que vai acontecer? Vamos perder funcionários e quem perde é a sociedade. Editorial / CPIs desmoralizadas Uma CPI para investigar tudo, como quer o PT, acabará não investigando nada, como bem sabe o PT Quando o presidente do Senado, Renan Calheiros, fez pouco de suas responsabilidades e remeteu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa os requerimentos do governo e da oposição para a criação de CPIs que investigassem a Petrobras e uma série de outras denúncias, o desfecho já estava decidido: como a CCJ tem ampla maioria governista, obviamente prevaleceria a farsa que o PT montou para inviabilizar as investigações sobre a gestão desastrosa da estatal, responsável por escândalos como os das refinarias de Pasadena e Abreu e Lima, as supostas propinas pagas por uma empresa holandesa e os malfeitos de ex-diretores como Paulo Alberto Costa, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Ontem, a CCJ aprovou, como se imaginava, o pedido do governo para a criação de uma CPI que investigue não apenas a Petrobras, mas também o cartel dos trens paulistas e o Porto de Suape, em Pernambuco – acusações lançadas sob medida para atacar os partidos dos dois principais candidatos de oposição a Dilma Rousseff em outubro, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O PT, afinal, não quer investigar nada; quer apenas tumultuar a apuração das graves denúncias que envolvem a Petrobras, que em apenas um ano perdeu mais de 100 posições no ranking das maiores empresas do mundo. É claro que uma CPI que se proponha a investigar tudo vai acabar não investigando nada. A falta de foco, proposital, vai arruinar qualquer tentativa de descobrir o que de fato acontece nos bastidores da maior empresa brasileira. Como bem disse, na terça-feira, o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, se o PT quisesse investigar até o Trem das Onze, que pedisse a abertura de uma CPI específica, pois tem assinaturas suficientes para tal. Não é coincidência que o escândalo dos trens paulistas tenha aparecido na imprensa há tanto tempo e só agora, quando a oposição pede a investigação sobre a Petrobras, os petistas tenham se dado conta de que ele merecia uma CPI. “Querem embaralhar as cartas”, resumiu o tucano. O PT demonstra, assim, mais uma vez, que tem compromisso apenas consigo próprio; não tem compromisso com a transparência, com o patrimônio do Estado e dos brasileiros, com a decência na administração pública, nem mesmo com a coerência – pois o partido pedia uma CPI que investigasse fatos completamente independentes entre si enquanto tentava inviabilizar a CPI da oposição, que só pretendia investigar a Petrobras, alegando que as denúncias envolvendo a estatal eram desconexas. Durante seus anos no poder, o PT já atacou uma série de instituições: as agências reguladoras, aparelhadas pelo partido, perderam a força necessária para defender o consumidor; com o mensalão, o partido tentou comprar o Legislativo para submetê-lo ao Executivo; o Supremo Tribunal Federal sofreu uma campanha de desmoralização constante desde o início do julgamento dos mensaleiros. Agora, o PT destrói as CPIs, um dos poucos recursos que restam à oposição para cumprir seu papel de fiscalizar o governo. A partir de agora, sempre que surgir uma iniciativa de CPI que possa prejudicar o governo, bastará à base aliada sugerir uma comissão “combo”, acrescentando mais um punhado de assuntos variados para atacar a oposição, para matar no nascedouro a investigação. Especialmente triste para o Paraná é o fato de a senadora Gleisi Hoffmann estar na linha de frente da farsa petista para acabar com a investigação sobre a Petrobras. “Apresentaremos também um mandado de segurança ao Supremo Tribunal Federal com base nos mesmos argumentos para que se conceda uma liminar para que se suspenda a instalação da CPI [da oposição] por não atendimento da determinação e conexão dos fatos”, prometia, ontem, na CCJ, enquanto seu grupo garantia a aprovação da “CPI de tudo”, em contradição com o que alegava a senadora para atacar a “CPI só da Petrobras”. Já existe um pedido, da oposição, para que o Supremo coloque ordem no caos causado pelo governo e mantenha o foco na CPI. O plenário do Senado decidirá na próxima terça-feira se segue ou não o entendimento da CCJ, mas tudo indica que o Judiciário, agora, é a única esperança de que tenhamos uma investigação decente sobre o desastre que tem sido a administração da Petrobras. Justiça / Após mais de uma década de espera, pescadores seguem sem indenização Dois acidentes da Petrobras e a explosão do navio Vicuña renderam valores antecipados de até R$ 40 mil às famílias afetadas, mas boa parte ainda não viu a cor do dinheiro Oswaldo Eustáquio E Mauri König Mais de uma década após três desastres ambientais de grandes proporções no Litoral do Paraná, 6 mil famílias de pescadores, catadores de caranguejo e marisqueiros ainda passam algum tipo de privação. Juntos, os dois vazamentos ligados à Petrobras (o de nafta do navio Norma e o de óleo do Poliduto Olapa, ambos em 2001) e a explosão do navio chileno Vicunã – que despejou milhares de litros de metanol, óleo diesel e óleo lubrificante na Baía de Paranaguá – deixaram essa população sem poder trabalhar por longos períodos e provocaram uma redução de 60% no volume de pescados que antes eram retirados das águas paranaenses. E quem deveria trabalhar para amenizar a penúria de parte dos trabalhadores aproveita a situação em benefício próprio. Ao longo de um ano, a Gazeta do Povo conseguiu identificar 18 pescadores que desconheciam o andamento de ações indenizatórias em seu nome ligadas aos acidentes da Petrobras e também a concessão antecipada pela Justiça de parte dos montantes pedidos. Por meio de pesquisas no Fórum de Paranaguá e o acompanhamento desses pescadores até o banco, a reportagem constatou que valores entre R$ 7 mil e R$ 40 mil foram sacados pelo escritório da advogada que os representa, Cristiane Uliana, sem o conhecimento dos clientes. Falta de transparência A forma como os nomes de alguns pescadores constam nos sistemas de busca e controle de processos no Judiciário reforça a falta de transparência nas ações. Os sistemas trazem apenas as iniciais dos trabalhadores, como se os processos corressem em segredo de Justiça, embora sejam públicos. João de Deus Cunha conta que por diversas vezes foi ao cartório e ao escritório de Cristiane em busca de informações sobre suas ações, mas obteve sempre a mesma resposta: não havia nenhuma execução provisória em nome dele. Cunha também pediu para amigos buscarem pelo seu processo no sistema da Assejepar, sistema on-line da Justiça, mas também não teve sucesso. Registro Ele e os amigos dificilmente encontrariam o que buscavam digitado o nome completo do pescador. No sistema é possível encontrar o processo de Cunha com as iniciais J.D.D.C. A informação é de que houve a liberação de uma indenização de R$ 7.746,88 em seu benefício. O extrato da conta judicial da Caixa Econômica Federal revela que o valor foi sacado no dia 21 de novembro de 2012 por quem tem procuração em nome do pescador. Cunha também teve liberado pela Justiça o valor de R$ 30.600 no dia 26 de maio de 2010, em alvará assinado pelo juiz Hélio Arabori. Essa quantia foi sacada cinco dias depois, no dia 31, conforme extrato bancário a que a Gazeta do Povo teve acesso. Nenhum dos dois valores, porém, foi pago ao pescador. “Eu não sabia da existência destes processos. Já tinha ido várias vezes no escritório da minha advogada, mas sempre me enganavam dizendo que não havia nenhum processo no meu nome. Não consigo acreditar que me roubaram esse dinheiro”, diz. O pescador registrou boletim de ocorrência contra Cristiane, que o representa nos dois processos, por apropriação indébita. Profissional foi denunciada à OAB Um dos pescadores representados por Cristiane Uliana, Reginaldo Modesto Soares não só registrou boletim de ocorrência contra a advogada como também a denunciou à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Paranaguá. Soares teve a execução antecipada de sua ação indenizatória contra a Petrobras, pelo acidente do navio Norma, sacada da Caixa Econômica Federal em outubro de 2012. Eram R$ 7.905,10. Antes de fazer o BO e a denúncia à OAB, Soares foi ao escritório de Cristiane e, com uma câmera escondida, perguntou se ele tinha algum valor a receber. A secretária do escritório disse que não havia nada. A Gazeta do Povo teve acesso a um total de 30 processos registrados apenas com as iniciais dos clientes. A maioria das procurações assinadas pelos pescadores nestes processos têm apenas o nome da ilha ou do bairro onde moram. Mesmo assim, a reportagem encontrou 20 deles. Destes, 18 não sabiam da existência das ações, muito menos da concessão de parte das quantias pedidas. Ao todo, além de João de Deus Cunha, doze pescadores já prestaram queixa contra Cristiane por apropriação indébita e estelionato. Procurada várias vezes, a advogada Cristiane Uliana não quis falar com a reportagem. Ainda no ano passado, quando procurado pela primeira vez, o presidente da OAB-PR, Juliano Breda, disse que a instituição é intransigente contra qualquer tipo de apropriação indébita e que iria investigar o caso. Procurado novamente neste ano, Breda preferiu não comentar o assunto. Filhas de pescadores recorreram à prostituição No Litoral, não é raro ouvir histórias de adolescentes que recorreram à prostituição para sustentar a família após os acidentes ambientais. Um pescador que pediu para não ser identificado desabafa à Gazeta do Povo que viu sua filha recorrer à prostituição para sustento da casa. “Na época da fome, minha filha mais moça não aguentou ver a mãe passando fome, sem ter dinheiro pra comprar arroz, sem ter peixe pra comer. Para trazer comida pra dentro de casa, ela se submetia a se deitar com caminhoneiros que vinham carregar no Porto de Paranaguá. Eu e a mãe dela sabíamos que ela se submetia a isso, mas não falávamos nada. Nem ela falava também. Tinha que ser assim”, diz. Uma bala na bolsa e R$ 37,3 mil tirados do banco Na Ilha de Medeiros, a pescadora Ozília do Rosário desmaiou quando foi informada pela reportagem sobre o saque de sua indenização no caso do acidente do navio Norma. Ela e o irmão, Ozias do Rosário, foram no dia seguinte a Paranaguá para conferir a informação. Na saída da agência da Caixa Econômica Federal, Ozília voltou a passar mal com a confirmação de que R$ 37.320 liberados pela Justiça foram sacados de sua conta no dia 26 de outubro de 2012. Viúva, a pescadora passa sérias dificuldades atualmente. Muito emocionada, contou que ela e o filho chegaram a passar fome nos últimos meses. “Eu não tenho vergonha de contar que vim para Paranaguá e saí de casa com uma bala. Mesmo com fome, voltei pra casa e levei de volta a bala para o meu filho. Eu não tinha dinheiro. A gente nem come para deixar para os filhos”, disse. Assim como outros pescadores, Ozília registrou boletim de ocorrência contra a advogada Cristiane Uliana na delegacia de Paranaguá. Outra comarca / Advogada executou parte das ações em Araucária A advogada Cristiane Uliana executou 107 processos dos pescadores do Litoral do Paraná na cidade de Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. A Gazeta do Povo procurou três desses casos e constatou, novamente, que uma parte das indenizações foi liberada pela Justiça e sacada sem o conhecimento dos pescadores. Um quarto caso semelhante chegou ao conhecimento da reportagem porque a irmã de um pescador fez a denúncia. No dia 29 de abril de 2013, o juiz Evandro Portugal expediu o alvará de R$ 40.680 para o pescador Manoel Crisanto Mendes, baseado no artigo 475-O do CPC, para fins alimentares. O dinheiro foi sacado no dia 25 de maio de 2013, de acordo com extrato da Caixa Econômica Federal de Araucária. O dinheiro não chegou às mãos do pescador. Aos 59 anos, Manoel não pode mais pescar porque sofreu um acidente grave em Pontal do Paraná, local onde pescava. Sequelas do acidente podem ser vistas no rosto de Manoel, que hoje é deficiente visual e sofre de epilepsia. Hoje, ele vive com a irmã Isabel, que cuida dele. Ela disse à reportagem que nem ela nem o irmão tinham conhecimento da existência da ação e ficaram surpresos quando viram o nome de Manoel nas execuções de Araucária. Ela sustenta a família e o irmão com uma pequena pensão que recebe do ex-marido, que é presidente da Colônia de Pesca de Paranaguá. Um boletim de ocorrência de estelionato foi aberto pelo pescador na delegacia de Paranaguá. Acidentes / Saiba mais sobre os desastres ambientais que afetaram o trabalho dos pescadores do Litoral Poliduto Olapa 16 de fevereiro de 2011 - Em decorrência de fortes chuvas, a barreira de proteção que cercava o Poliduto Olapa, da Petrobras, se rompeu, jogando nas baías de Antonina e Paranaguá 48,5 mil litros de óleo. Milhares de pescadores ficaram sem trabalho, gerando uma série de pedidos judiciais de indenização. A Petrobras alega que o acidente se deu em circunstâncias que fugiram à sua responsabilidade. Navio Norma 18 de outubro de 2001 – O navio Norma, da Petrobras, bate em uma pedra na baía de Paranaguá e um dos tanques que transportava nafta é atingido provocando o vazamento de 392 mil litros do produto, um derivado do petróleo que é altamente inflamável. O técnico mergulhador Nereu Gouveia morre enquanto avalia os danos no casco do petroleiro. Ele foi vítima de edema pulmonar devido a uma intoxicação aguda por nafta. Navio Vicuña 15 de novembro de 2004 – O navio chileno Vicuña explode e mata dois tripulantes, despejando 291 mil litros de metanol, óleo diesel e óleo lubrificante na Baía de Paranaguá, que impediram a pesca por dois meses. Foram atingidas quatro unidades de conservação: Parque Nacional do Superagui, Estação Ecológica de Guaraqueçaba, Parque Estadual da Ilha do Mel e Estação Ecológica da Ilha do Mel. O óleo chegou ainda à Ilha da Cotinga e à Guaraqueçaba. Caso Tayná / Laudo não descarta violência sexual, diz advogado Raphael Marchiori O laudo gerado após a exumação do corpo de Tayná da Silva, 14 anos, não descarta a hipótese de violência sexual. Essa é a opinião do advogado Luiz Gustavo Janiszewski, que representa a família da vítima. Ontem, a Gazeta do Povo revelou que o exame feito a pedido do Ministério Público reafirmava o primeiro laudo do Instituto de Criminalística e descartava que a vítima tenha sofrido violência sexual antes do homicídio. Segundo Janiszewski, nem mesmo o primeiro laudo descartava a hipótese. “O laudo de necropsia realizado após a exumação foi disponibilizado à família e lá não consta nenhuma informação de que não houve violência sexual”, diz trecho da nota enviada pelo advogado, que não pôde fornecer o laudo por causa do sigilo de justiça imposto ao caso. Conforme fontes ligadas às investigações, o laudo feito após a exumação do cadáver de Tayná serviu para averiguar dois pontos específicos questionados no primeiro laudo: se houve ou não a violência sexual e se o osso do pescoço estava quebrado. Isso ocorre quando a vítima sofre uma “gravata”. Esse golpe foi descrito pelos quatro homens tratados inicialmente como suspeitos como um dos movimentos aplicados contra a vítima. O laudo de necropsia pós-exumação foi feito por legistas indicados pelo MP e foi acompanhado pelo promotor do caso. Os profissionais escolhidos foram diferentes daqueles que participaram do primeiro exame. A reportagem voltou a ouvir especialistas envolvidos nos exames e eles reafirmaram que Tayná não sofreu violência sexual. “Em nenhum dos laudos está descrito que houve violência sexual. O que está escrito no primeiro laudo é que houve um ato libidinoso diverso da conjunção carnal por conta do espermatozoide encontrado na calcinha da vítima. Mas não foi isso que a fez morrer”, afirmou um funcionário do IML, que pediu para ser identificado. Obscuros Para o advogado da família de Tayná, a alegação de que não houve violência sexual “não é verdadeira e atende a interesses obscuros que não a busca da verdade”. A nota enviada por Janiszewski, entretanto, não diz quais seriam esses interesses. A família acredita que o quarteto preso inicialmente é culpado do crime. Os suspeitos acabaram liberados após denúncias de que eles confessaram o assassinato após sessões de tortura. Além disso, um laudo comprovou que o sêmen encontrado na calcinha da vítima não era de nenhum deles. O inquérito que investiga o crime, ocorrido em junho do ano passado, já foi prorrogado seis vezes e atualmente é presidido pelo delegado Cristiano Quintas. Autoescolas Simulador de direção não será obrigatório Câmara rejeita proposta que estabelecia o uso do equipamento em autoescolas. Projeto tramitava há quase dois anos no Congresso Das Agências O uso de simulador de direção em autoescolas não será obrigatório, como previa projeto em tramitação no Congresso há quase dois anos. A proposta que estabelecia a obrigatoriedade em todo o país para quem quer tirar a carteira de motorista (PL 4.449/12) foi rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. As informações são da Agência Brasil. A ideia inicial do autor do projeto, Mauro Lopes (PMDB-MG), era obrigar autoescolas a comprar esses equipamentos para fazer as simulações antes do início das aulas práticas de direção. Recorrendo a estatísticas sobre acidentes de trânsito, Lopes defendeu que o uso de simuladores “tem sido a principal ferramenta para o treinamento na aviação e pode contribuir, da mesma forma, para o treinamento dos candidatos à habilitação ou daqueles que pretendem mudar de categoria”. Deputados do colegiado defenderam que não é constitucional criar um gasto adicional ao setor e votaram favoravelmente ao parecer contrário ao projeto apresentado pelo deputado Marcos Rogério (PDT-RO). O relator reconheceu que quase 40 mil brasileiros morrem por ano e milhares de pessoas ficam com sequelas graves em decorrência de acidentes de trânsito, o que representa um custo de mais de R$ 30 bilhões aos cofres públicos. Mas o parlamentar alertou que, mesmo que os simuladores possam criar situações de risco como neblinas e chuvas fortes, não existe um estudo que comprove que o uso desses equipamentos pode reduzir acidentes. “A proposição ainda fere o princípio da livre-iniciativa. As chamadas autoescolas, em grande parte, são pequenos empreendimentos com dificuldades para arcar com o custo de aquisição dos caros equipamentos simuladores”, ressaltou. Segundo ele, os gastos atuais com a compra e a manutenção de veículos para as aulas e o pagamento de funcionários e instrutores já comprometem o caixa das autoescolas. “A obrigatoriedade poderá tornar inviável a atividade para muitos desses empreendedores. O preço de um simulador homologado pode chegar a R$ 20 mil.” A proposta foi aprovada em caráter conclusivo e não precisa passar pelo plenário, a menos que haja recurso para que isso ocorra. Há possibilidade de que um requerimento seja apresentado para levar o texto a plenário, já que a aprovação do relatório na CCJ não foi unânime. Entrelinhas / Um valor na prateleira, outro no caixa/ Marcela Campos Há cerca de três meses, o publicitário Filipe Matiazi Macedo, de 28 anos, adotou um novo hábito em suas idas semanais ao supermercado: tirar foto do preço anunciado na gôndola, para posteriormente conferir se o valor bate com aquele registrado no caixa. Macedo diz ter perdido a conta de quantas vezes encontrou diferença nos preços, com produtos mais caros do que o exposto nas prateleiras, na unidade Bigorrilho do Pão de Açúcar, em Curitiba. “Tiro foto ou decoro o preço para reclamar no caixa e pedir que eles passem o valor anunciado. Quando vejo que é uma promoção, costumo fotografar, para o funcionário não ter de ir até a gôndola verificar”, conta. Há algumas semanas ele deixou uma reclamação no site da empresa e recebeu a ligação do gerente da loja. O funcionário pediu desculpas, disse que a unidade estava com dificuldades na contratação de pessoal e prometeu mudanças. Ao que parece, elas não ocorreram. Nesta semana, Macedo pediu ressarcimento novamente (foto). Resposta Questionado sobre o problema, o Grupo Pão de Açúcar informou que “tem como norma o rígido controle e fiscalização dos preços para que estejam alinhados aos valores registrados no caixa, praticado por meio de conferência diária e auditorias periódicas. A rede analisa iniciativas em tecnologia e equipamentos para contribuir com este trabalho”. A empresa também afirmou que “segue irrestritamente o que determina o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Dessa forma, em eventual divergência de preço encontrada nas lojas, será registrado o menor valor, evitando qualquer tipo de prejuízo ao consumidor”. Procon O Procon Paraná também foi procurado pela coluna, no fim da manhã de ontem. Até o fechamento desta edição, o órgão não conseguiu obter dados sobre o número de reclamações feitas, no ano passado, sobre diferenças entre os preços anunciados nas prateleiras e aqueles registrados nos caixas dos supermercados. Segundo a assessoria de imprensa, a apuração dessas informações exigiria mais tempo. No Rio de Janeiro, um termo de ajustamento de conduta firmado no fim do ano passado garante ao consumidor o direito de levar, de graça, o produto que tiver diferença de preços. A norma entrou vigor em 15 de janeiro. Pinhalão / Complexo do Peixe será investigado Comissão formada por deputados e auditores quer saber detalhes sobre aplicação de recursos em área carente de água Marco Martins, correspondente em Santo Antônio da Platina, colaborou Antoniele Luciano A aplicação de R$ 25 milhões do Ministério da Pesca em um projeto de piscicultura em uma região carente de lâminas de água despertou o interesse da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados e do Tribunal de Contas da União (TCU). A comissão e o Tribunal pretendem investigar como os recursos estão sendo aplicados e os resultados que os investimentos vão oferecer para o Norte Pioneiro do Paraná. O Complexo do Peixe, como a iniciativa foi batizada, está sendo erguido em Pinhalão em ritmo acelerado. As obras foram iniciadas no fim de 2013 e devem ser concluídas em agosto. O complexo, erguido na margem da rodovia PR-272, prevê a construção de três obras. A primeira é um setor reservado para a produção de 30 milhões de alevinos ao ano. A segunda é uma indústria de ração para peixes, e a terceira é um abatedouro com três linhas de produção com capacidade para processar 60 toneladas de peixe por dia. O deputado federal João Arruda (PMDB) explica que não só os valores liberados chamaram a atenção da comissão, mas as particularidades da região onde os recursos estão sendo empregados. Segundo ele, Pinhalão está no centro de uma região com pouca água. “Estão gastando R$ 25 milhões em lugar que nem sequer tem nascentes ou água suficiente para construir criadouros.” Além disso, diz parlamentar, o complexo está sendo erguido a 100 quilômetros de outro centro de produção e abate de peixes construído há dois anos em Cornélio Procópio, também com dinheiro do Ministério da Pesca. Para João Arruda, mesmo que a região contasse com tanques escavados suficientes não haveria demanda para a produção de pescados. A expectativa é que as comissões visitem o complexo neste mês. A visita técnica também será acompanha por representantes do Ministério da Pesca. O prefeito de Pinhalão, Claudinei Benetti (PSD), idealizador do projeto do Complexo de Peixes, foi procurado para comentar o assunto, mas ele não foi localizado na prefeitura e seu telefone celular estava desligado. Já o ministro da Pesca e Aquicultura, Eduardo Lopes, classificou a investigação como “normal”. “Para nós, é bom que fiscalizem. Isso faz parte do trabalho dos órgãos de controle.” Investimento / Construção de centro pode ser arriscado, afirma especialista O coordenador do curso de engenharia de Aquicultura da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Eduardo Zacarkim, responsável pelo acompanhamento e implantação de vários projetos como o de Pinhalão, explicou que pode ser arriscado construir o complexo de peixes sem antes garantir recursos específicos para o fomento da atividade pesqueira na região. “Como qualquer atividade econômica, a piscicultura exige planejamento e investimento para que o produtor rural invista na construção, seja de tanques-rede ou escavados. Além disso, é preciso treinar o piscicultor, já que o manejo da atividade não é tão simples.” Crédito Segundo o especialista, seria necessário disponibilizar linhas de crédito entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão para cada produtor interessado em investir na atividade. Como o novo complexo tem capacidade para processar até 60 toneladas de peixe por dia, o projeto precisaria de ao menos 2,5 mil produtores de peixes. Para se ter uma ideia, em todo o Norte Pioneiro há pouco mais de 25 mil produtores rurais. Saúde / Liberação de emagrecedores é aprovada na Câmara Contrariando a resolução da Anvisa, deputados dão um passo para que a venda dos medicamentos seja permitida Diego Antonelli, com agências Os deputados federais aprovaram o projeto que libera a venda de medicamentos contra obesidade no Brasil. Em 2011, uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) havia proibido o uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol. Hoje, a venda de fórmulas à base de sibutramina tem restrições severas. O texto aprovado pelos deputados anula os efeitos da resolução e possibilita que esses inibidores de apetite voltem a ser comercializados. A proposta ainda seguirá para votação no Senado. Ao proibir o uso dos medicamentos, a Anvisa argumentou que não foram apresentados estudos clínicos que comprovassem a eficácia. É nesse ponto que especialistas criticam a decisão da Câmara. Para o gerente da Central de Medicamentos do Conselho Regional de Farmácia do Paraná (CRF-PR), Jackson Rapkiewicz, a competência para liberar a utilização desses medicamentos deveria ficar exclusivamente sob responsabilidade da Anvisa. “Estudos indicam que esses medicamentos podem provocar dependência e são estimulantes, que podem afetar o sistema nervoso central, causando ansiedade e insônia”, afirma. Além disso, Rapkiewicz afirma que os remédios podem causar danos no sistema cardiovascular. “Quem já sofre com obesidade tem riscos maiores de ter problemas cardíacos”, exemplifica. A médica Keti Patsis, integrante do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), afirma que é uma ilusão que o remédio emagreça a pessoa. “Se fosse assim não existiriam médicos gordos. Esses medicamentos seriam úteis para apenas algumas exceções”, ressalta. Segundo ela, permitir a venda dos inibidores de apetite tem um ponto positivo, já que muitas pessoas compram os remédios em mercado negro. “Tomam esses medicamentos sem prescrição médica e fiscalização. O que temos que fazer é investigar médicos que receitem de forma equivocada esses medicamentos”, diz. Votação dividida O deputado Henrique Fontana (PT-RS), médico, se posicionou contra a aprovação da proposta. Para ele, a Câmara dos Deputados não tem condições técnicas para tomar tal decisão. “É óbvio que todos nós queremos que os obesos tenham o tratamento qualificado, mas será que o parlamento tem condição de fazer este tipo de análise técnica?” O autor da proposta, Beto Albuquerque (PSB-RS), que é advogado, argumentou que a medida causou insatisfação na classe médica, como um retrocesso no tratamento dos obesos no país. “Tiraram a caneta do médico para definir o tipo de tratamento adequado. A sustação [da resolução] que estamos fazendo aqui é temporária e vai obrigar um debate técnico sobre a questão”, disse. Liminar / TJ corrige decisão e põe fim à greve na saúde pública O Tribunal de Justiça do Paraná corrigiu ontem o texto da liminar impetrada pelo governo do estado que exige o fim da greve no sistema de saúde, que já dura 23 dias. O movimento é conduzido pelo Sindicato dos Servidores Estaduais da Saúde (Sindisaúde). Um dos parágrafos da decisão judicial não continha uma frase que determinava o cancelamento do movimento. Com a correção, os trabalhadores ligados ao Sindisaúde terão de voltar aos seus postos, sob pena de R$ 50 mil de multa diária por descumprimento. De acordo com a assessoria de imprensa do sindicato, o órgão ainda não foi notificado da nova determinação. Na sexta-feira, o TJ encaminhou uma primeira liminar ao Sindisaúde, que dava margem para a interpretação de que a greve não deveria ser cancelada. A assessoria de imprensa do sindicato informou que hoje ocorrerá uma nova assembleia, em Curitiba, para decidir os rumos da greve. Entre as reivindicações estão a participação no debate da lei do Quadro Próprio dos Servidores da Saúde e a negociação dos planos de cargos, carreiras e salários. Medicina / À espera de cirurgia, jovem não consegue abrir a boca Amanda Audi Há mais de um ano, a curitibana Fernanda Amaro, 26 anos, não consegue abrir a boca mais do que cinco milímetros. Ela sofre de um tipo de degeneração na mandíbula, chamado anquilose bilateral de ATM. Sente dores o tempo todo e só pode ingerir alimentos líquidos ou pastosos. Para resolver o problema, precisaria passar por uma cirurgia para receber uma prótese que custa cerca de R$ 300 mil. O plano de saúde Clinipam, contratado pela família, ainda não cobriu a despesa. A empresa foi multada em R$ 64 mil pela Agência Nacional de Saúde (ANS) na segunda-feira por deixar de garantir a cobertura obrigatória. A família de Fernanda trava uma batalha judicial para que a Clinipam arque com os custos da cirurgia. Fernando Amaro conta que a filha já havia passado por todos os tipos de tratamento – que não surtiram efeito – quando fez o pedido de cirurgia, em dezembro de 2012. A Clinipam afirma que vai recorrer da multa da ANS e diz que não se nega a fazer a cirurgia, mas acredita que não seria o tratamento mais indicado. Depois de uma série de recursos dos dois lados, a Justiça ordenou que um perito analisasse o caso de Fernanda. O parecer indica que ela deveria receber uma prótese importada feita sob medida. A família rejeita outros tratamentos porque diz que Fernanda está “definhando”. “Enquanto isso a minha filha está aqui, sem poder comer nem falar direito. Ela está deprimida, já emagreceu um monte. E tem a questão financeira ainda, porque estou sem trabalho agora e nós gastamos R$ 400 por mês em remédios para a Fernanda”, diz o pai. O caso veio à tona em uma reportagem da RPC TV da semana passada. A jovem foi afastada do trabalho e recebia pensão até setembro do INSS. O benefício foi cortado, de acordo com a família, porque o INSS entendeu que ela poderia voltar ao trabalho, já que não passou pela cirurgia. No Facebook, Fernanda conta suas frustrações. “Mais um dia se passou esperando as notícias que não chegam nunca... Tudo que eu queria era acordar amanhã e saber que vou conseguir as próteses, que a cirurgia será marcada, que vou receber meu auxílio-doença, que eu vou poder ter a minha vida e minha saúde novamente”, escreveu, no fim de março. Ela organizou, na rede social, um esquema de rifa solidária, em que vende cada bilhete por R$ 2 para ajudar a custear os gastos com remédios. Plano diz que cirurgia seria muito invasiva A Clinipam alega que a colocação da prótese seria um tratamento agressivo, a ser encarado como última opção. “A Fernanda poderia ter uma vida de qualidade e sem dor com outros tratamentos até a colocação da prótese, que só deveria ser colocada quando ela fosse mais velha. Até porque a prótese tem tempo de vida que varia de 5 a 10 anos, no máximo”, afirma Arnaldo Cassilha, gerente-médico da Clinipam. “Nós não nos recusamos a fazer a cirurgia, só não concordamos com a conduta adotada. Vamos fazer [o procedimento] se a Justiça assim determinar. Mas com a ressalva de que as complicações deste tratamento agressivo vão ser de responsabilidade da família e do juiz”, afirma. O plano admite que a perícia judicial sugeriu a prótese, mas diz que também deu a opção de outros tratamentos. Uma das medidas seria a colocação de uma prótese parcial. Decisão / Ameaçado de cassação, Vargas renuncia à vice da Câmara Alvo de um processo disciplinar no Conselho de Ética da Casa, paranaense disse abrir mão do cargo para se dedicar a sua defesa Das Agências, colaboraram Katna Baran e Euclides Lucas Garcia O deputado licenciado André Vargas (PT-PR) renunciou ontem à vice-presidência da Câmara dos Deputados. Em uma carta lida na noite de ontem pelo líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), o paranaense anunciou que abre mão do cargo para se dedicar a sua defesa no processo instaurado ontem pelo Conselho de Ética contra ele. O colegiado investigará as denúncias do envolvimento do petista com o doleiro preso Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. “Tomo essa decisão para que eu possa me concentrar em minha defesa perante o conselho e para não prejudicar o andamento dos trabalhos da Mesa Diretora, e também preservar a imagem da Câmara, do meu partido e de meus colegas deputados”, diz o petista no documento. O conselho terá a partir de agora 90 dias úteis para concluir a investigação e apresentar um parecer que pode prever diversas punições, sendo a mais grave o pedido de cassação do mandato. A decisão final ficará a cargo do plenário da Casa, em votação aberta. Para haver a perda do mandato, é preciso o voto de pelo menos 257 dos 513 deputados. Vargas ficará inelegível até o início de 2023 caso perca o mandato. Renúncia Ao ler a carta, Vicentinho disse que o partido apoia sua decisão e que, a partir de agora, a legenda passará a discutir nomes para substituir Vargas na vicepresidência. Vicentinho hesitou em falar sobre uma possível renúncia de Vargas ao mandato parlamentar e limitou-se a dizer que a questão é “de foro íntimo”. “Ele agora quer ter o direito defesa e de ser ouvido”, disse. O deputado estadual Ênio Verri, presidente do PT do Paraná, disse que esteve reunido com Vargas durante a tarde de ontem em Brasília e que o parlamentar teria informado que não pretende renunciar ao mandato. Verri ainda desconhecia a decisão de Vargas de deixar a vice-presidência da Câmara, mas disse que a decisão deve ter sido tomada “para fortalecer sua defesa na comissão de ética da casa”. Processo Durante a sessão de instalação do processo contra Vargas, integrantes do PT tentaram uma manobra para adiar o início das investigações no Conselho. Escalado para apresentar uma questão de ordem, o deputado Zé Geraldo (PT-PA) defendeu que o processo fosse inicialmente discutido na Corregedoria da Câmara, como propuseram integrantes do PSol. A iniciativa, no entanto, foi rejeitada pelo presidente do Conselho, Ricardo Izar (PSD-SP), que na sequência, após sorteio, nomeou o deputado Julio Delgado (PSB-MG) como relator do processo. Força-tarefa terá três procuradores que investigaram caso Banestado Guilherme Voitch A força-tarefa criada pela Procuradoria-Geral da República para atuar exclusivamente no inquérito da Operação Lava Jato terá três procuradores que já atuaram juntos em outra investigação nacional de um esquema de corrupção. Carlos Fernando dos Santos Lima, Orlando Martello Junior e Deltan Dallagnol participaram da força-tarefa do Banestado, que, em 2002, investigou remessas ilegais de dinheiro para fora do país por meio das contas CC-5. A força-tarefa do Banestado denunciou mais de 600 pessoas, das quais 97 foram condenadas. Entra elas está justamente o doleiro Alberto Youssef, pivô do inquérito da Operação Lava Jato. Durante a investigação das CC-5, Youssef admitiu ter movimentado US$ 5 bilhões ilegalmente. O doleiro pagou uma multa de R$ 1 milhão e fez um acordo de delação premiada com a Justiça, comprometendo-se a não atuar mais no mercado do dólar – o que, conforme o que foi revelado até agora pela Polícia Federal (PF), não ocorreu. Na prática, a Procuradoria-Geral aposta em profissionais com expertise para ir além do que já foi descoberto pela PF. Assim como ocorreu com a CC-5, na Lava Jato existem indícios de que os operadores lavaram dinheiro de políticos e de servidores públicos que recebiam propina. Também há semelhanças no modelo de envio ilegal de dinheiro, com doleiros atuando de forma conjunta por meio de várias contas. Integrantes Santos Lima e Martello Junior são procuradores regionais da 3.ª Região. Dallagnol é procurador da República no Paraná. Além deles, integram a forçatarefa o procurador regional da 4.ª Região Januário Paludo e os procuradores Andrey Borges de Mendonça e Diogo Castor de Matos, respectivamente das Procuradorias de São Paulo e do Paraná. Anvisa não autorizou ação de laboratório Agência O Globo O Ministério da Saúde firmou parceria com o laboratório suspeito de pertencer ao doleiro Alberto Youssef mesmo com a recusa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em autorizar o funcionamento da empresa como produtora de medicamentos. O indeferimento da autorização está registrado numa resolução da Anvisa de 23 de agosto de 2013. Em 11 de dezembro de 2013, a gestão do então ministro Alexandre Padilha anunciou a parceria com a Labogen, um negócio de R$ 31 milhões, para a produção de um medicamento. A pasta só suspendeu a parceria após a revelação das investigações da Operação Lava Jato. O ministério sustentou que a parceria ainda estava na primeira fase, período destinado a adequações. “A comprovação do registro só é necessária na finalização dessa primeira fase”, informou. Denúncia / Irmão de André Vargas trabalhou para doleiro, diz jornal Agência O Globo Uma gravação captada pela Polícia Federal, durante a Operação Lava Jato, mostra André Vargas (PT-PR) cobrando o doleiro Alberto Youssef um pagamento para o seu irmão, Milton Vargas. A informação foi publicada na quarta-feira pela Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, Vargas diz que o irmão foi contratado pelo doleiro para prestar um serviço de tecnologia para a empresa Labogen, no ano passado. A PF aponta que a empresa foi usada para fazer remessas ilegais de US$ 37 milhões para o exterior. Em troca de mensagens entre Vargas e o doleiro, segundo a PF, o petista pergunta por qual motivo o irmão não recebeu o pagamento. “Sabe por que não pagam o Milton?” , diz Vargas. “Calma que vai ser pago”, respondeu Youssef. À Folha, Vargas disse que o serviço de tecnologia prestado pelo irmão, entre R$ 76 mil e R$ 78 mil, não foi pago. O advogado de Youssef alegou não saber do ocorrido. Na berlinda / Liderança no PT nacional e paranaense, André Vargas se complicou com a divulgação de denúncias de seu relacionamento com o doleiro Alberto Youssef. O doleiro está preso por suspeitas de participação num esquema de lavagem de dinheiro, que teria movimentado R$ 10 bilhões, segundo a Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Voo polêmico Vargas viajou de férias com a família para João Pessoa, na Paraíba, em um jatinho arranjado pelo doleiro. O voo teria custado cerca de R$ 100 mil. Da tribuna, o deputado federal disse que foi “imprudente” e que havia cometido um “equívoco”. Contato ministerial Em uma troca de mensagens de texto interceptadas pela Polícia Federal, Vargas e Youssef mencionam a Labogen, empresa química ligada ao doleiro suspeita de ter sido usada para fazer remessas de US$ 37 milhões ao exterior. Segundo a conversa, o deputado teria ajudado o laboratório a obter financiamento de R$ 31 milhões com o Ministério da Saúde para produção de medicamentos. Youssef chega a dizer que está trabalhando pela “independência financeira” dos dois. Irmão A Polícia Federal também interceptou conversas que mostram que o irmão do deputado federal André Vargas, Milton, trabalhou para o doleiro Youssef. No diálogo, o parlamentar cobra um pagamento a Milton que não havia sido feito. Prefeitura / MP oferece denúncia contra servidores de Campo Mourão O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Maringá – braço do Ministério Público (MP) – ofereceu denúncia na terça-feira contra quatro servidores do alto escalão da prefeitura de Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná, por associação criminosa e corrupção passiva. A quadrilha já havia sido desarticulada em fevereiro, quando um diretor da Secretaria Municipal de Saúde foi preso em flagrante pelo Gaeco. O nome dos servidores não foi divulgado. Segundo o MP, os funcionários recolhiam uma espécie de mesada de servidores comissionados. Procurada para prestar esclarecimentos, a assessoria de imprensa da prefeitura de Campo Mourão já havia encerrado o expediente. Corregedoria / Sindicância irá apurar denúncias na emissão de alvarás em Londrina A Corregedoria-Geral da prefeitura de Londrina instaurou ontem uma sindicância para investigar as denúncias de irregularidades na concessão de Habite-se pelo município. Na segunda-feira, o Jornal de Londrina denunciou que documentos que provam irregularidades na concessão do documento para imóveis do Jardim Colúmbia, na zona oeste, foram mantidos na gaveta por quase um ano na Secretaria de Obras. O caso resultou na exoneração do responsável pela pasta, Sandro Nóbrega. O corregedor-geral, Alexandre Tranin, informou que as investigações devem começar em breve. “Vamos investigar as supostas irregularidades e envolvimento dos servidores na expedição dos alvarás. Porém, essa sindicância vai se restringir apenas a esta denúncia do Jardim Colúmbia”, disse. A pasta tem um prazo de até 180 dias para encerrar o trabalho. A suspeita é de que ao menos 12 concessões de Habite-se de residências do bairro Jardim Colúmbia tenham sido emitidas irregularmente. Senado / Aliados aprovam CPI ampla da Petrobras na CCJ Com ação da base governista, comissão incluiu na investigação temas que atingem précandidatos da oposição à Presidência. Definição ficou para a semana que vem Agência Estado Sob protestos da oposição, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou na manhã de ontem, em votação simbólica, a proposta de se instalar a CPI “ampliada” da Petrobras. Os oposicionistas não participaram da votação do parecer do senador Romero Jucá (PMDB-RR), favorável a investigar a estatal e ao mesmo tempo casos que envolvem o PSDB de Aécio Neves e o PSB de Eduardo Campos. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), marcou para terça-feira a decisão sobre o futuro da CPI. Desde terça os oposicionistas criticam a ação da base aliada de não permitir a instalação da CPI para investigar exclusivamente as suspeitas sobre a Petrobras. O principal foco era investigar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), negociação que teve a aprovação da presidente Dilma Rousseff, que na ocasião presidia o Conselho de Administração da Petrobras. Na semana passada os governistas propuseram uma CPI “combo”, para investigar também irregularidades no metrô de São Paulo e do Distrito Federal, além do porto de Suape, em Pernambuco. Sem querer arcar com o ônus de barrar a CPI, Renan mandou sua decisão para ser analisada pela CCJ. O debate de ontem foi acalorado na CCJ. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), defendeu a proposta de se incluir outros assuntos na investigação. “O que estamos travando aqui é um debate eminentemente político. A oposição quer fazer uma CPI da Petrobras para transformar um palanque. Vamos para a CPI, mas vamos investigar tudo”, afirmou. O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), chamou a CPI proposta pela base aliada de “chapa branca” e “diversionista”. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que a base aliada, maioria no Senado, não respeitou o direito das minorias. “O que se está fazendo aqui é, na prática, um estupro ao que diz a Constituição”, criticou. Durante a sessão, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) anunciou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal para impedir que o Senado instale a CPI da Petrobras. Na semana passada, após a oposição protocolar o requerimento que pedia a instalação da CPI exclusiva da Petrobras, a senadora colocou uma questão de ordem, alegando que os objetos propostos são desconexos e, portanto, a comissão seria inconstitucional. Na sessão de ontem, Aloysio Nunes disse à senadora que ela “está no mundo da lua”. “A senhora não quer CPI e ponto final”, disse o tucano. A oposição, que na terçafeira entrou com recurso na no Supremo, espera uma decisão favorável para instalar a CPI que tratará apenas da estatal. Comissão vai ouvir ex-diretor na sede da PF A Comissão Externa da Câmara dos Deputados criada para acompanhar as investigações sobre o suposto pagamento de propina a funcionários da Petrobras pela holandesa SBM Offshore aprovou ontem o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF). A oposição alegou que é preciso verificar se existe correlação entre o caso SBM e a operação na qual o ex-diretor foi preso. O depoimento deverá acontecer na sede da Superintendência da PF no Paraná, mas a data ainda não foi definida. O líder do SDD, Fernando Francischini (PR), disse que, enquanto o governo conseguiu aprovar na Comissão de Constituição e Justiça do Senado a CPI ampliada da Petrobras, na Câmara a tendência é de “investigar os fatos” envolvendo a estatal. “O governo cochilou e o cachimbo caiu da boca. Se o governo não é rápido, nós somos”, disse. Ontem, a 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região negou um pedido de habeas corpus de Paulo Roberto Costa. O mesmo pedido já havia sido rejeitado pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, em 26 de março. Outro pedido foi feito ao Supremo Tribunal Federal e está sendo analisado pelo ministro Teori Zavascki. Celso Nascimento / Teje preso! Enquanto chegava ao STF um pedido do governo estadual de prisão do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, por descumprimento de liminar do Supremo que o obrigaria a liberar empréstimos ao estado, realizava-se no gabinete dele uma reunião muito menos tensa do que se esperava. Augustin recebeu deputados estaduais e federais do Paraná, em Brasília, para explicar-lhes que a demora nas liberações se devia mais a “barbeiragens” cometidas pelo estado do que por discriminação política da União contra o Paraná. Segundo participante do encontro, Augustin teria informado que o empréstimo do Proinveste, de R$ 817 milhões, só não foi liberado porque, após solicitado, o estado pediu redução da taxa anual de juros. Obedecida a taxa original (mais alta), o aval da União seria desnecessário; com índice mais baixo, o aval se tornaria obrigatório. Neste meio tempo, enquanto a STN reexaminava o assunto, o senador Roberto Requião advertiu o governo federal de que o governo estadual também não cumprira o limite mínimo legal de aplicar 12% do Orçamento em saúde pública – o que, de novo, paralisou o andamento da liberação, apesar das duas liminares do ministro do STF Marco Aurélio Melo, concedidas em fevereiro e no último dia 3, que se referiam apenas à regularidade com gastos com pessoal. Augustin indicou o caminho das pedras: o governo do Paraná precisa ingressar com novo pedido de liminar no STF, desta feita para derrubar a exigência relativa à inadimplência com a saúde pública. Disse não ter dúvidas de que o STF dará a liminar. Fonte da Procuradoria Geral do Estado (PGE) informa que o pedido de liminar e outra com o pedido de prisão já estão no STF. Quando concedida a primeira estarão removidos os obstáculos para a liberação dos empréstimos – não só do Proinveste, mas também de dois outros, menores, que, embora já aprovados no Senado, foram posteriormente suspensos pela STN. E Augustin está livre da cadeia. A que ponto chegamos... Olho vivo • Em perigo 1 Está a perigo uma das mais respeitadas instituições de pesquisa e projetos de que dispõe o Paraná. Trata-se do Laboratório de Hidráulica Professor Parigot de Souza, que nasceu em 1959 como parte da estrutura da Copel, mas transferido há cerca de 15 anos para o Lactec – instituição vinculada ao governo estadual. Relegado a segundo plano e destituído de corpo técnico compatível, o laboratório vem sendo esvaziado pelas últimas gestões do Lactec. Em perigo 2 De sua história fazem parte projetos de modelagem hidráulica que possibilitaram a implantação das maiores hidrelétricas do Paraná, de Itaipu e de outras Brasil afora. Autosustentável, vinha trabalhando ultimamente na modelagem das usinas de Belo Monte e do Baixo Iguaçu. Fazem parte do seu conselho, além da Universidade Federal do Paraná, entidades empresariais do Paraná, que agora estão sendo acionadas para participar de uma operação de socorro. Adesivos 1 Um viajante pelo interior do Paraná diz ter visto muitos carros ostentando dois diferentes tipos de adesivos. Um deles com a inscrição “Volta Requião”; outro, com “Agora é Pessuti”. O viajante não viu nenhum adesivo clamando para que o PMDB apoie o tucano Beto Richa ou a petista Gleisi Hoffmann. Adesivos 2 Animado pelos slogans a seu favor, o ex-governador Orlando Pessuti se prepara para cumprir suas duas últimas etapas de contatos com diretórios do partido, no Sudoeste a maioria e uns poucos na região Oeste. Ele diz já não ter mais dúvidas de que o PMDB lançará candidatura própria e que está disposto a enfrentar Requião na convenção. Motivo 1 Dias atrás, esta coluna informou que o militante e dirigente do PMDB Doático Santos desdisse, em documento registrado em cartório, todas as denúncias que fizera em 2008 contra o desembargador federal Edgar Lippmann. Suas acusações levaram o CNJ a aposentar Lippmann compulsoriamente por suposta venda de sentenças. Doático retirou as denúncias e assinou declaração para afirmar que só as fez a mando do então governador Roberto Requião. Motivo 2 Do gabinete do senador Roberto Requião a coluna recebeu e registra hoje uma versão para explicar o “arrependimento” de Doático. Ele teria sido fruto de provável acordo feito por Doático com Lippmann para se livrar do pagamento de R$ 30 mil de indenização por danos morais a que fora condenado em razão de ação movida pelo desembargador. Recursos / STN questiona PR sobre empréstimo e governo pede prisão de secretário Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional, diz que o estado não aplicou o mínimo necessário em saúde; Palácio Iguaçu diz que ele descumpre decisão do STF André Gonçalves, correspondente Diferentes interpretações dos governos estadual e federal sobre o cumprimento do limite legal das despesas com saúde do governo do Paraná em 2013 ampliam a polêmica sobre a liberação de um empréstimo de R$ 817 milhões do Banco do Brasil para o estado. Ontem, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, reiterou que a União não pode liberar o empréstimo porque a gestão de Beto Richa (PSDB) não destinou no ano passado 12% de seu orçamento para a área da saúde, como exige a Lei de Responsabilidade Fiscal. A afirmação de Augustin foi feita durante reunião com um grupo de deputados estaduais do Paraná, em Brasília. A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) insiste que Augustin descumpre uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso e ingressou com uma nova petição na corte, sugerindo até a prisão dele por crime de desobediência. A linha de crédito está inserida no Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal (Proinveste), que ofereceu um pacote de R$ 20 bilhões em financiamentos para o combate à crise financeira, em julho de 2012. O Paraná é o único estado que não teve acesso ao recurso. A decisão sobre o Proinveste deve ter impacto na liberação de outros quatro empréstimos internacionais, que somam R$ 1,5 bilhão. Nove deputados federais e quatro estaduais participaram da reunião com Augustin. Vários parlamentares abordaram a suposta perseguição política do governo federal ao Paraná, que teria como objetivo prejudicar Richa e beneficiar a ex-ministra e senadora Gleisi Hoffmann (PT), pré-candidata ao Palácio Iguaçu. Ex-secretário estadual da Fazenda, Luiz Carlos Hauly (PSDB) abandonou a sala por não concordar com o posicionamento de Augustin. “Acabou a minha paciência, o que eu quero é ver o empréstimo sair”, disse o tucano. Já o secretário declarou que não tem “o poder de descumprir a lei”. “O que estamos fazendo é um trabalho técnico. Se estamos fazendo errado, por favor, nos apontem os erros”, afirmou Augustin. De acordo com a STN, o Paraná está autorizado a contrair o empréstimo desde dezembro do ano passado. A liberação só não ocorreu, segundo Augustin, porque o governo do estado também solicitou garantia da União para o negócio. Com o aval, as condições de pagamento do empréstimo, dentro de um prazo de 20 anos, ficam em 1,1% de juro ao ano, mais Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Sem a garantia, os juros sobem para 2,1% mais TJLP (atualmente em 5% ao ano). Abaixo do mínimo / Secretaria diz cumprir decisão e questiona gastos com saúde No dia 14 de fevereiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello concedeu uma decisão liminar favorável ao governo do estado em ação cautelar apresentada pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) referente ao cumprimento de gastos com pessoal. A STN diz cumprir a decisão, mas que agora são os gastos com saúde que inviabilizam a autorização para a garantia. Na avaliação do procurador do estado Sérgio Botto de Lacerda, a liminar de Marco Aurélio é suficiente porque foi concedida em um momento em que não havia o questionamento da STN sobre o cumprimento do gasto com saúde. “Isso apareceu depois, na época as certidões estavam todas corretas”, diz Botto de Lacerda. O procurador também cita outro despacho do ministro do STF, da semana passada, que multa a União em R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da decisão. “Para nós, cumprir a decisão é liberar o empréstimo”. Botto de Lacerda também assina a petição que pede o endurecimento dessas sanções, nas mãos de Marco Aurélio desde ontem. Na ação, a PGE pede a majoração da multa diária, a fixação de uma multa pessoal ao secretário do Tesouro Nacional e a expedição de uma mandado de prisão contra o secretário, por crime de desobediência. Para a STN, no entanto, não está caracterizado o descumprimento da decisão. Em paralelo, a PGE também ingressou no começo do mês com uma ação cautelar no STF específica sobre saúde, que tem como relator o ministro Luís Roberto Barroso. Além disso, o governo teria feito um acordo com o Tribunal de Contas do Estado para suplementar no orçamento de 2014 os valores que não foram aplicados em saúde no ano passado – 1,97% do total de despesas, que correspondem a cerca de R$ 400 milhões. Ontem, o Executivo estadual encaminhou mensagem à Assembleia Legislativa para destinar mais R$ 900 milhões para a saúde. Reempossado / De volta ao TC, Fabio Camargo tenta receber salários suspensos Chico Marés Conduzido de volta ao Tribunal de Contas (TC) por uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o conselheiro Fabio Camargo participou ontem da sessão da 2.ª Câmara do tribunal, da qual é membro. Por falta de tempo hábil, ele não relatou nenhum processo, mas aproveitou a oportunidade para, em discurso no plenário, anunciar que vai buscar reaver os salários que deixou de receber enquanto estava afastado do cargo. Ele não quis conversar com a imprensa depois do encerramento da sessão. No período em que ficou afastado, Camargo deixou de receber quatro salários de conselheiro – o que representa, em valores líquidos, R$ 79,2 mil. Em sua fala, o conselheiro disse que pretende receber esse dinheiro e que vai doar parte desse montante para a construção de uma creche para funcionários do TC. Segundo a assessoria de comunicação do órgão, o caso está sendo analisado pela diretoria jurídica. Em sua fala, Camargo também agradeceu as pessoas que o apoiaram enquanto esteve afastado. Camargo foi afastado do TC por decisão da desembargadora Regina Afonso Portes, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), no final de novembro de 2013, em caráter liminar. Sua eleição para o cargo foi contestada pelo empresário Max Schrappe, um dos candidatos derrotados. A desembargadora entendeu que Camargo não apresentou os documentos necessários para participar da disputa, e que também não recebeu votos suficientes para vencer no primeiro turno – ele recebeu 27 votos, exatamente metade dos 54 da Assembleia. A liminar foi derrubada na sexta-feira pelo ministro Gilmar Mendes. Sem processos Apesar de ter participado da sessão, Camargo não relatou nenhum processo. Segundo a assessoria do TC, como ele foi reempossado na segundafeira, não haveria tempo hábil para que qualquer processo fosse relatado por ele. Seu gabinete deve começar a receber novos processos a partir de agora. Durante seu afastamento, Camargo foi substituído por dois auditores do tribunal: Sérgio Valadares Fonseca, que relatou seus processos na 2.ª Câmara, e Ivens Linhares, responsável pelos processos no pleno. A estrutura de gabinete foi mantida, e custou, ao todo, R$ 282 mil no período. Trabalho / Não assinar carteira de doméstico dará multa Folhapress O patrão que não assinar a carteira de trabalho do empregado doméstico poderá ser multado em pelo menos um salário mínimo, valor que é de R$ 724 na maioria dos estados brasileiros. A lei, publicada ontem no Diário Oficial da União após sanção da presidente Dilma Rousseff, determina basicamente que as irregularidades no trabalho doméstico devem ser punidas com as mesmas multas previstas na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). A norma passa a valer a partir de 8 de agosto. Se a Justiça trabalhista considerar que há “gravidade” na infração, a pena poderá ser dobrada. A norma estabelece que o tempo de serviço do trabalhador, a idade, o número de empregados e o tipo da infração serão fatores considerados para medir a gravidade da infração. A elevação da multa poderá, contudo, ser reduzida caso o patrão reconheça voluntariamente o tempo de serviço e regularize a situação do seu empregado. A Justiça trabalhista entende que há vínculo empregatício quando o trabalho é feito pelo menos três vezes por semana. A lei prevê, ainda, que o governo deve organizar campanha publicitária para divulgar o assunto e esclarecer a população sobre direitos e deveres de quem emprega. A lei publicada não é, ainda, a regulamentação da emenda constitucional aprovada pelo Congresso há um ano que ampliou os direitos dos domésticos. O Congresso fez um projeto de regulamentação que foi aprovado no Senado em agosto, mas está parado na Câmara. Sindicatos Os sindicatos dos domésticos defendem mudanças no projeto de ampliação de direitos que está parado na Câmara, como a inclusão de imposto sindical recolhido por patrões e empregados. Também querem alterar o formato de pagamento de horas extras, o que pela proposta ocorreria só após o primeiro ano de trabalho. Comércio / Governo investiga venda de garantia estendida Ministério da Justiça vai apurar denúncias contra grandes varejistas que empurrariam, junto da garantia, seguros e planos odontológicos Agência Estado O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), vinculado ao Ministério da Justiça, abriu processo administrativo para investigar Magazine Luiza, Ricardo Eletro, Casas Bahia e Ponto Frio pela venda abusiva de garantia estendida aos clientes. O órgão vai apurar denúncias de consumidores que foram às lojas para comprar um determinado produto e saíram com vários tipos de seguros e até plano odontológico. A abertura de processo administrativo contra as varejistas foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União. As empresas têm até dez dias para apresentar a defesa. Se condenadas, podem ser multadas em até R$ 7,2 milhões cada uma – teto definido pelo Código de Defesa do Consumidor. A Lojas Insinuante, com presença significativa no Nordeste, também foi notificada para prestar esclarecimentos sobre a prática, mas ainda não teve processo administrativo aberto. A garantia estendida não pode substituir o compromisso obrigatório previsto no Código de Defesa do Consumidor. Para os bens duráveis, como eletrodomésticos, o código determina garantia gratuita mínima de 90 dias, prazo geralmente estendido pelos fabricantes. O benefício, porém, acabou se tornando um grande negócio para as varejistas. Uma das empresas sob investigação vendeu, em apenas um ano, 9 milhões de apólices de seguro, segundo o diretor do DPDC, Amaury Oliva. Ele não quis revelar o nome da rede. O Ministério da Justiça informou que as averiguações começaram em 2012, depois de denúncia do Procon de Ubá (MG) contra a Casas Bahia. Após consulta aos registros do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec) e aos Procons, o DPDC resolveu ampliar a investigação para outras empresas por causa do alto número de reclamações em vários estados. “Não podemos admitir que empresas se aproveitem da vulnerabilidade dos consumidores e imponham a compra de um eletrodoméstico à venda de seguros e serviços não solicitados”, disse Oliva. No ano passado, 24,9 mil consumidores procuraram os Procons do país para reclamar da venda irregular de seguros, segundo o Ministério da Justiça. Levantamento feito pela pasta mostra que, entre 2005 e 2012, a Ricardo Eletro liderou o ranking de queixas nesse tema, com 33.367 reclamações. Em seguida, aparecem Ponto Frio (14.031), Casas Bahia (13.057) e Magazine Luiza (9.068). Defesa / Empresas prestarão esclarecimento, mas negam venda casada As varejistas afirmam que vão prestar os esclarecimentos no tempo determinado pelo governo. As companhias alegaram, porém, que não praticam venda casada e que seguem as determinações do Código de Defesa do Consumidor. Ricardo Eletro e Magazine Luiza afirmaram que não tinham recebido a notificação de abertura do processo administrativo. A Ricardo disse que tem realizado investimentos constantes para atender melhor o consumidor e que constatou, depois da adoção das medidas, uma redução “significativa” no número de reclamações. O Magazine Luiza disse que preza por “transparência e excelência no atendimento”, visando a satisfação dos clientes. A Via Varejo, holding das marcas Ponto Frio e Casas Bahia, informou que pauta suas ações de acordo com a Lei e na “excelência do atendimento ao consumidor em todos os seus negócios”. A Insinuante também afirmou que tem “obediência irrestrita” à legislação. Artigo / Advogados, médicos e a Copa Débora Fajardo, Jornalista As manifestações que pipocaram pelo país, tempos atrás, têm mostrado uma nova faceta dos brasileiros, ainda pouco conhecida, ou pelo menos convenientemente ignorada. E quem acompanha as redes sociais garante: vem mais por aí, sobretudo no período do principal torneio mundial de futebol. Os críticos de plantão argumentam que se trata de um movimento vazio, sem direção, com reivindicações diversas. Mas uma coisa é inegável: as vozes que ecoam das ruas trazem em comum a indignação por um modelo de gestão ultrapassado, que privilegia uma casta de políticos (e seus apadrinhados) que pouco fazem pelos cidadãos e oneram mais o erário do que o faria, provavelmente, uma família imperial. Aqui falamos de cidadãos pacíficos e não de baderneiros travestidos de manifestantes. As históricas desigualdades brasileiras não se resumem aos privilégios dos políticos e à injusta distribuição de renda. Estendem-se ao trato dispensado a alguns profissionais. A legislação é dura com os advogados, que enfrentam um novo “vestibular” ao deixar a faculdade. Quem não passa no Exame de Ordem está fora do mercado de trabalho. Em compensação, para quem lida com a saúde humana não se exige o mesmo rigor. Seis em cada dez médicos foram reprovados no exame do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, dos formados em 2013. O índice é pior que o de 2012, ano em que a prova se tornou obrigatória, e quando foram reprovados 54,5%. O tragicômico é que o Conselho de Medicina não pode negar o registro a quem não acerta 60% da prova. O diretor do Cremesp comenta que há candidatos que acertam apenas 17 das 120 questões de múltipla escolha, e seguem a profissão como se nada tivesse acontecido. A maioria dos avaliados não sabia quais são os cuidados básicos para tratar um paciente com pressão alta e 64% não conheciam os principais sintomas da tuberculose. Os resultados são piores entre os formados em faculdades particulares. De acordo com o Cremesp, a prova só avalia o básico da formação em Medicina. Se é assim no estado mais progressista da nação, é duro imaginar o que não ocorre país afora. A pergunta é: onde está o Ministério Público, que a cada recorrente denúncia de corrupção exibe sua performance nos telejornais? Onde a Ordem dos Advogados, defensora de tantas causas democráticas, mas que faz vista grossa para tamanho descalabro? Onde os veículos de comunicação, sobretudo a televisão, que nos impõem uma overdose informativa quando quer derrubar algum político ou defender uma causa? Parecem estar todos se fingindo de mortos. Os médicos reprovados são os que vão cuidar da saúde desta geração, bem como de seus filhos e netos. O hábito não faz o monge, diz o velho adágio popular, assim como o jaleco não faz o médico e como fachadas portentosas não garantem a eficácia de um hospital. O povo brasileiro precisa acordar e unificar sua voz em torno de temas que realmente interessam. Está mais que na hora de as manifestações (pacíficas) das ruas não só repudiarem os gastos com a Copa, mas reivindicarem para o exercício da medicina o mesmo que se exige dos advogados. Abaixo os gastos abusivos com a Copa! Abaixo o desrespeito com a vida humana! Bem Paraná TJ retifica redação de liminar e manda suspender greve Documento emitido na sexta feira passada provocou ambigüidade de interpretação; servidores fazem assembléia de hoje O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) emitiu, nesta quarta-feira (9), documento de esclarecimento a respeito da Ação Inibitória de Greve de Servidor Público (autos nº 121049-5), impetrada pelo governo do Estado contra o SindSaúde (Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Estaduais dos Serviços de Saúde e da Previdência do Paraná). O documento retifica dispositivo da liminar concedida ao Estado do Paraná, na última sexta-feira (4), determinando a suspensão do movimento de greve dos servidores da saúde, paralisados há 23 dias, gerando riscos ao atendimento à saúde da população. De acordo com o documento expedido nesta quarta-feira, a redação da ação liminar concedida pelo juiz Sérgio Luiz Patitucci, na última sexta-feira, foi obscura em relação ao dispositivo contido no item ‘a’. A autoridade judiciária esclarece que, onde constou “determinar que os servidores da área de saúde vinculados a Secretaria de Estado da Saúde, vinculados ou não ao Sindsaúde – Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Estaduais dos Serviços da Saúde e da Previdência do Paraná, até que seja apreciado o mérito da demanda”, passe a constar “determinar que os servidores da área de saúde vinculados a Secretaria de Estado da Saúde, vinculados ou não ao Sindsaúde – Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Estaduais dos Serviços da Saúde e da Previdência do Paraná, a suspensão do movimento de greve dos servidores da saúde, até que seja apreciado o mérito da demanda". A falta do termo “a suspensão do movimento de greve dos servidores da saúde”, no documento expedido na sexta-feira (4), gerou dupla interpretação e polêmica, com entendimento, por parte do SindSaúde, de que o movimento grevista da categoria não teria sido declarado ilegal pela Justiça e que o servidores não estavam obrigados a retornar ao trabalho. Com a nova redação, fica explícita a ilegalidade da greve, com obrigatoriedade de sua suspensão, até que seja apreciado o mérito da ação movida pelo governo do Estado. No caso de descumprimento da ordem, determina a aplicação de multa diária de R$ 50 mil, a contar do prazo da intimação do Sindsaúde. Penal / Em três anos, sistema recebeu 33,8 mil presos no PR De janeiro de 2011 até março de 2014, o Sistema Penitenciário do Paraná recebeu 33.832 presos, sendo 32.554 oriundos de delegacias e distritos policiais do Estado, sob a gestão da Secretaria da Segurança Pública, e 1.278 detentos da Polícia Federal. Os dados foram divulgados ontem, durante reunião entre representantes das secretarias da Justiça e da Segurança e do Tribunal de Justiça do Paraná. As 33 unidades do Sistema Penitenciário do Paraná, administrado pela Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, já receberam 2.828 presos em 2014. Foram transferidos 2.739 detentos oriundos de carceragens de delegacias e distritos policiais da Polícia Civil de todo o Paraná e 89 presos da Superintendência da Polícia Federal no Estado. O maior número de transferência é de presos de carceragens de delegacias e distritos policiais de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral. Com os 20 presos transferidos ontem para a Casa de Custódia de Piraquara, já são 1.387 detentos dessa região absorvidos nos estabelecimentos penitenciários coordenados pelo Departamento de Execução Penal (Depen). Isso significa uma média semanal de 98 presos, número bem superior ao assumido pela Secretaria da Justiça em compromisso com a Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público e Tribunal de Justiça do Paraná. A meta era receber semanalmente 80 detentos nos estabelecimentos penitenciários, vindos dessas unidades policiais. A secretária da Justiça, Maria Tereza Uille Gomes, informou que em janeiro de 2014 foram transferidos 302 presos de unidades policiais de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral para o sistema penitenciário. Em fevereiro foram 539 transferências e, em março, 421. Só neste mês de abril já foram transferidos 125 presos. Durante a reunião, o Depen se dispôs a receber, ainda nesta semana, 33 mulheres detidas na Capital. Elas se somarão a mais 20 presos que serão transferidos para a Casa de Custódia de Piraquara hoje. O diretor do Departamento, Cezinando Paredes, ficou encarregado de apresentar até a próxima segunda-feira um estudo de quantos presos os estabelecimentos penitenciários de Curitiba e Região Metropolitana será possível receber, sem comprometer a segurança e os trabalhos de ressocialização ali desenvolvidos. Folha de Londrina Opinião Do Leitor / Repúdio à corrupção Gostaria de lembrar ao leitor Eduardo A. Simões (Opinião, 8/4), que ninguém precisa receber elogios por ser honesto. A honestidade é uma qualidade que toda pessoa tem obrigação de cultivar. A desonestidade, ao contrário, deve ser repudiada com veemência, pois demonstra falha de caráter de quem a pratica. Assim, o "nobre" deputado André Vargas (PT-PR), se fez alguma coisa de bom para nossa região, não fez mais que cumprir sua obrigação como nosso representante, pois quando pediu nosso voto prometeu assim agir. Agora, quando algum parlamentar, seja quem for, procura tirar vantagem do cargo ou resolve se corromper, sempre visando benefícios próprios em detrimento de seus eleitores, merece sofrer a execração pública, não importando o quanto de bem tenha feito antes. Vale lembrar também que os salários e vantagens dos deputados são de causar inveja à maioria absoluta do povo brasileiro, não havendo justificativa para querer se valer de expedientes escusos. Antônio Ferreira Dos Santos (advogado) – Londrina ‘Rouba, mas faz’ Este deve ser o lema insinuado pelo leitor Eduardo A. Simões referindo-se ao nosso deputado petista André Vargas envolvido em maracutaias. Dizer que "de uma hora para outra" a pessoa se torna imprestável é bastante hilariante. Quanto aos benefícios que fez para nossa população, não tenho muito conhecimento, mas com certeza ele está por trás dos empréstimos barrados ao governo do Paraná. Como o leitor mesmo diz, este é um ano eleitoral. Flavio Luiz Zapparoli (servidor público) – Londrina Defender o indefensável! O leitor Eduardo A. Simões se enganou quando afirma que o deputado André Vargas deixou de prestar de uma hora para outra, que o digam o escândalo AMA/Comurb em 2000. Quanto aos benefícios que trouxe para a nossa cidade, foram mínimos considerando-se o alto custo dos seus salários e mordomias. Não temos orgulho desse deputado representar o nosso Estado como vice-presidente da Câmara Federal, mas sim vergonha. Adoniro Prieto Mathias (contabilista) - Londrina Quem paga o pato? Muito me admira o nosso ilustre ex-presidente Lula estar preocupado com as eleições de outubro, quando seu "companheiro" e vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), fez o que todo e bom petista sabe fazer. Ora, tenha paciência! Já está mais que provado que o povo anda com os pés bem atrás quando se trata dele esconder a sujeira da sua "cumpanherada" Nathanael Da Silva (projetista) Londrina Pseudopolíticos Com suas demagogas promessas eleitorais revolucionárias, os pseudopolíticos não passam de velhas raposas viciadas na corrupção e na subversão da ordem, que projetam interesses pessoais acima dos interesses da nação, surrupiando os cofres públicos e virando as costas para o anseio do povo. Eliseu Da Silva (recepcionista) – Londrina Vargas vira alvo do Conselho de Ética e renuncia à Mesa Processo disciplinar aberto ontem em função de ligações com doleiro preso pode levar à cassação de parananense Das Agências Brasília - O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Federal, Ricardo Izar (PSD-SP), rejeitou ontem a questão de ordem apresentada por integrantes do PT para tentar impedir a instauração de processo disciplinar contra o deputado licenciado André Vargas (PT-PR). Na sequência, Izar determinou a abertura da ação contra o petista. No mesmo dia, já no início da noite, Vargas divulgou uma carta na qual ele renuncia ao cargo de vice-presidente da Câmara. Integrantes da bancada do PT podem, no entanto, recorrer da decisão do Conselho de Ética junto ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A questão de ordem foi apresentada no início da sessão pelo deputado Zé Geraldo (PT-PA). De acordo com o petista, não poderia ser aberto o processo por ele se basear em reportagens jornalísticas relativas a investigações da Polícia Federal (PF) que culminaram com a deflagração da operação Lava Jato. "Note-se que são matérias jornalísticas que dão a versão daqueles meios de comunicação aos fatos e expõem supostas provas que teriam origem em fontes daqueles noticiosos", afirmou Geraldo. Durante a leitura do documento, o petista defendeu que as investigações contra André Vargas sejam feitas na Corregedoria, como propôs o Psol. "Em sua representação, o Psol, por intermédio do seu líder, deputado Ivan Valente (SP), enfatizou que a Corregedoria corresponde à instância apropriada para a investigação das acusações", ressaltou o paraense. O vice-líder do Psol, Chico Alencar (RJ), criticou, no entanto, a iniciativa de integrantes do PT. "Espero que esse conselho não se demita vergonhosamente de suas funções", afirmou o carioca. A manobra dos petistas é feita de olho na possibilidade de Vargas ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Caso ele seja condenado no Conselho de Ética, pode perder o mandato em votação aberta no plenário e passaria a ficar inelegível. Caso se inicie uma investigação na Corregedoria, somente após concluído e votado o relatório ele seria enviado para o Conselho de Ética. "Não existem provas, além de notícias jornalísticas baseadas em fontes anônimas ou obtidas ilegalmente de um inquérito policial sigiloso", disse Geraldo. Investigação O colegiado investigará as denúncias do envolvimento do petista com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O petista está sob intensa pressão desde que a Folha de S.Paulo revelou que uma viagem sua de jatinho, de Londrina a João Pessoa, com familiares, foi paga pelo doleiro. Eles também conversaram sobre a negociação de um laboratório com o Ministério da Saúde. O advogado de Vargas terá dez dias para apresentar defesa prévia e indicar até cinco testemunhas de defesa. Ao longo do processo, ele poderá ir pessoalmente ao colegiado. Saída Da Vice-Presidência Em uma carta lida na noite de ontem pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Vicentinho (SP), André Vargas anunciou que abre mão da vice-presidência da Casa para se dedicar a sua defesa no processo instaurado pelo Conselho de Ética. "Tomo essa decisão para que eu possa me concentrar em minha defesa perante o conselho e para não prejudicar o andamento dos trabalhos da Mesa Diretora, e também preservar a imagem da Câmara, do meu partido e de meus colegas deputados", diz o petista no documento. Ao ler a carta, Vicentinho disse que o partido apoia sua decisão e que, a partir de agora, a legenda passará a discutir nomes para substituir Vargas na vice-presidência. Os mais cotados seriam o ex-líder do PT José Guimarães (CE), o vice-líder do governo Henrique Fontana (RS) e o ex-presidente da Câmara Marco Maia (RS). Vicentinho hesitou em falar sobre uma possível renúncia de Vargas ao mandato parlamentar e limitou-se a dizer que a questão é "de foro íntimo". "Ele agora quer ter o direito defesa e de ser ouvido", disse Vicentinho. Júlio Delgado é escolhido relator Mariana Haubert Folhapress Brasília - O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) será o relator do processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado licenciado André Vargas (PT-PR), que foi aberto na tarde de ontem pelo Conselho de Ética da Casa. Esta não é a primeira vez que o deputado mineiro tem em mãos um caso polêmico para analisar. Em 2005, ele foi o relator do processo contra o ex-ministro José Dirceu, que na época era deputado e acabou sendo cassado pelo plenário da Casa. Delgado foi escolhido pelo presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PSDSP), a partir de uma lista tríplice. De acordo com Izar, a escolha se deu pela experiência do deputado mineiro. Delgado afirmou que irá apresentar na semana que vem o parecer pela admissibilidade do processo. "Neste caso em questão nós temos muitas provas públicas e notórias e vamos trabalhar neste prazo, garantindo o amplo direito de defesa ao deputado André Vargas", afirmou. Somente após a votação e aprovação deste relatório, é que o Conselho de Ética inicia o processo de investigação. "A cada dia surgem novas denúncias sobre o envolvimento dele com o doleiro. O fato de ele ter vindo à tribuna na semana passada e disse que não tinha nada mais profundo na relação dele com o doleiro, e depois a gente fica sabendo que há relações mais profundas, já demonstra claramente que ele admitiu no próprio plenário", afirmou. Escritório em Londrina será desativado Loriane Comeli Reportagem Local Os funcionários do escritório político do deputado federal André Vargas (PT-PR) em Londrina, no Edifício São Paulo Towers, no centro da cidade, não estão mais trabalhando desde ontem, data em que foram exonerados dos cargos devido à licença não remunerada de que está gozando o petista. A publicação da demissão deve ser feita na edição de hoje do Diário Oficial. Ontem, segundo a jornalista Meire Bicudo, que trabalha com Vargas há 8 anos, a equipe se dedicava apenas a atividades internas, como "organização para o fechamento do escritório e pagamento a fornecedores". "Fomos todos exonerados e vamos esperar a vinda do deputado a Londrina para definirmos todos os detalhes", comentou, acrescentando que quatro funcionários fixos e um coordenador trabalhavam no escritório, que ocupa duas salas do edifício. Para manter os escritórios de Londrina e Brasília - que empregavam 19 pessoas, Vargas dispunha de verba mensal de R$ 78 mil, imediatamente suspensa após o pedido de licença. Por serem comissionados, os funcionários não têm direito a aviso prévio, mas podem ser recontratados caso o político volte ao cargo. ‘Aconselho cuidado com vazamentos parciais’, diz Gilberto Carvalho Folhapress Brasília - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, recomendou "muito cuidado" com os "vazamentos parciais" sobre a relação do deputado federal licenciado André Vargas (PT-PR) com o doleiro Alberto Youssef, preso no último dia 17 por lavagem de dinheiro, remessa ilegal de dólar e financiamento ao tráfico de drogas. "Eu sou muito cuidadoso em relação a esse tipo de afirmação e de processos, não tem nenhuma prova, nada, o processo está começando agora e eu aconselharia todo mundo a ter muito cuidado com aquilo que aparece a partir de vazamentos parciais", afirmou Carvalho. As declarações feitas hoje, após audiência pública na Câmara dos Deputados, destoaram do tom adotado pelo ex-presidente Lula, que afirmou ontem que Vargas "precisa dar explicações à sociedade". Gilberto Carvalho continuou: "Só queria recomendar que a gente tome muito cuidado e faça análises a partir efetivamente de provas e de processos por inteiro, não apenas parciais. Muita gente já foi vitimada por conta disso, me lembro do Orlando Silva (ex-ministro do Esporte), que acabou saindo do governo com enorme pressão, depois foi provado que ele não devia nada". O ex-ministro deixou o governo em 2011 após suspeitas de participação em um esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que dá verbas a ONGs para incentivar jovens a praticar esportes. "A gente está acostumado com essa história, acha que a corrupção tem que ser combatida duramente, mas ao mesmo tempo o direito sagrado de defesa é muito importante de todo cidadão", disse Carvalho. Kireeff exonera Sandro Nóbrega Irregularidades na liberação de Habite-se não foram investigadas; engenheiro assume secretaria interinamente Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), confirmou ontem a exoneração de Sandro Nóbrega, que estava à frente da Secretaria de Obras, e anunciou o engenheiro Fernando Lovel Bergamasco no comando interino da pasta. As mudanças ocorrem um dia após Nóbrega por o cargo à disposição, devido a uma crise instalada pela liberação de alvarás com base em informações falsas. A atitude de Nóbrega veio a público no plenário da Câmara de Londrina, anteontem, quando foi dar informações sobre a denúncia de que a Secretaria de Obras teria engavetado um dossiê que comprovaria a liberação de Habite-se para obras no Jardim Columbia com base em informações falsas. Antes de Nóbrega, a diretora de Aprovação de Projetos, Celina Ota, foi exonerada. Kireeff anunciou a exoneração na manhã de ontem, em coletiva na sede da prefeitura. A opção pela demissão, diz o prefeito, foi tomada em comum acordo com o ex-secretário para que a investigação de eventuais irregularidades pudesse prosseguir. "Essa apuração será feita da maneira mais transparente possível, que é a forma de agir desta administração", disse Kireeff. O prefeito também afirmou que determinou a exoneração de Celina porque os documentos ficaram engavetados sob a responsabilidade dela. No dia anterior, Nóbrega afirmou que ela pediu demissão por problemas de saúde. O prefeito disse que ela pode ter se antecipado à sua ordem. A nomeação do novo secretário, que deve começar a dar expediente hoje, é aguardada pela Corregedoria Geral do Município para que indique um servidor da Secretaria de Obras que auxilie a sindicância instaurada para o caso. De acordo com o corregedor-geral, Alexandre Trannin, os documentos constantes no dossiê vão embasar o início da investigação. "Os documentos, como são assinados, vão indicar quem será ouvido no procedimento", afirma. Ao MP, testemunha diz ter pago propina a fiscal Uma das testemunhas ouvidas ontem pelo promotor de Justiça do Patrimônio Público de Londrina Renato de Lima Castro disse ter pago propina a um fiscal da prefeitura para que ele fizesse constar em documentos oficiais a existência de piso tátil em sua residência no Jardim Columbia, quando na verdade não tem, para viabilizar a liberação do Habite-se. O promotor começou ontem a ouvir pessoas no inquérito instaurado no dia anterior, justamente para apurar irregularidades na Prefeitura de Londrina para a liberação de alvarás definitivos de obras. Apesar de os casos, por enquanto, se concentrarem em um bairro, Castro diz duvidar que os problemas fiquem restritos a apenas uma região. A investigação começou depois de o ex-secretário de Obras Sandro Nóbrega levar ao Ministério Público denúncia de que funcionários estariam declarando falsamente a existência de contrapartidas em obras. "Ele afirmou, inclusive, que houve extravio de fotos que confirmariam a falsidade dos documentos", contou o promotor. Segundo Castro, a situação é bastante grave porque traz problemas no ordenamento urbano, onera outros moradores e fomenta a possibilidade de corrupção. "E é um ‘trabalho’ que tem fôlego, porque a quantidade de construções pode elevar a corrupção a números vultosos", diz o promotor. Castro afirma que tem em mãos fotografias que comprovam a falsidade nas declarações de fiscais da administração municipal. "Os fatos são graves e os elementos probatórios, muito importantes", afirma. Ainda não há prazo para a conclusão do inquérito. O promotor afirma que os responsáveis podem ser enquadrados em crime de falsidade ideológica, enriquecimento ilícito e, eventualmente, formação de quadrilha. Também pode culminar em improbidade administrativa. (L.F.W.) PGE vai de novo ao STF e pede até prisão de Augustin Governo do Paraná tenta na Corte obter aval da Secretaria do Tesouro Nacional para buscar empréstimo Mariana Franco Ramos Reportagem Local Curitiba - A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) entrou na terça-feira com novo pedido de cumprimento imediato da liminar concedida em fevereiro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a liberação dos R$ 816 milhões do Programa de Apoio ao Investimento de Estados e do Distrito Federal (Proinveste). A informação foi confirmada na noite de ontem pela assessoria de imprensa do Palácio Iguaçu. Na ação cautelar, a PGE solicita a majoração da multa diária de R$ 100 mil, já aplicada à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) desde a semana passada, por determinação do ministro Marco Aurélio Mello, e, em caso de desobediência, a expedição de um mandado de prisão contra o secretário Arno Augustin Filho. Pressão Na tarde de ontem, pelo menos quatro deputados estaduais e dez federais, a maioria aliada ao governador Beto Richa (PSDB), participaram de uma reunião unificada no gabinete de Augustin, na tentativa de pressioná-lo a autorizar essa e mais outras quatro operações de crédito pleiteadas pelo Executivo estadual, todas pendentes na STN. A comitiva contou com as presenças do procurador-geral do Estado, Ubirajara Gasparin, e do chefe do escritório de representação do Paraná em Brasília, Amauri Escudero. A pasta, ligada ao Ministério da Fazenda, contudo, informou não haver qualquer novidade quanto à concessão dos recursos. O argumento era o mesmo apresentado anteriormente, de que o Paraná descumpre a Constituição Federal no que diz respeito ao investimento mínimo em saúde. Também não mudaram as alegações de ambos os lados sobre as pendências da administração estadual. Segundo o líder do PT na Assembleia Legislativa (AL), Tadeu Veneri, o chefe da STN deixou claro que, se o Estado entrar com pedido no STF para compensar neste ano o que deixou de investir em 2013, as verbas saem no mesmo dia. "É muito simples. Agora, depende do governo. Parece que eles tinham um grande trunfo, que era o discurso de perseguição. E, perdendo isso, pela incompetência que ficou explícita, ficaram meio que sem chão". O deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), por sua vez, falou que o encontro reforçou a ideia de que o Paraná é discriminado. "É uma grande má vontade com o Paraná e uma grande boa vontade com o Rio Grande do Sul, que tem situação fiscal muito mais complexa. Lá, em 15 dias eles fazem o pedido e é liberado. Aqui, daqui a pouco vão pedir o exame de sangue do Beto Richa para ver se o colesterol dele está bom." Fabio Camargo: ‘retroativos vão para construção de creche’ Rodrigo Batista Equipe Bonde Curitiba - Em sua primeira participação numa sessão do Tribunal de Contas (TC) do Paraná após retornar ao órgão por decisão liminar, o ex-deputado estadual Fabio Camargo confirmou ontem que pretende receber os salários do período de 130 dias em que esteve afastado e que vai repassar parte deste dinheiro para a criação de um fundo para construir uma creche. O local atenderia aos funcionários do TC e a verba ficaria com a associação de servidores da Corte. Camargo fez o anúncio durante a sessão do TC e não falou com a imprensa. O conselheiro agradeceu aos seus "amigos e funcionários" que "lutaram e trabalharam" com ele e disse que a doação é um ato espelhado no avô Heliantho Camargo, que enquanto foi presidente do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná, entre 1981 e 1982, teria entregue uma creche para os funcionários do Palácio da Justiça. "A doação demonstra todo o respeito a essa Corte e aos seus funcionários." Camargo pretende receber quatro salários no valor de R$ 25.323,50 cada – sem os descontos – referentes aos meses de dezembro de 2013, além de janeiro, fevereiro e março deste ano. Neste período, ele ficou sem receber por causa do afastamento que sofreu por determinação do TJ. Mas a defesa de Camargo alegou no Supremo Tribunal Federal (STF) que ele foi eleito para um cargo vitalício e somente decisão do TC poderia tê-lo afastado. O argumento foi acatado pelo ministro Gilmar Mendes. Sesa confirma epidemia de dengue em Maringá Outros 11 municípios estão em situação epidêmica; Paraná já registrou 5,2 mil casos da doença Rubens Chueire Jr.Reportagem Local Curitiba - A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) confirmou no novo boletim da dengue que Maringá (Noroeste) já enfrenta epidemia da doença. Conforme os dados do documento, com 1.414 confirmações a cidade chegou a incidência de 363,70 casos por 100 mil habitantes até a última segunda-feira. Outros 11 municípios também estão em situação epidêmica: Guaíra, Alvorada do Sul, Nossa Senhora das Graças, Tamboara, Nova Londrina, Marilena, Itaúna do Sul, Indianópolis, Guaporema, Cidade Gaúcha e Missal. Além disso, outras oito cidades estão em alerta: Santo Antônio de Caiuá, Loanda, Sarandi, Ibiporã, Nova Olímpia, Diamante do Norte, São Carlos do Ivaí e Cianorte. Em todo o Paraná já foram confirmados 5.282 casos de dengue e 27.130 notificações de agosto de 2013 até o dia 8 de abril. As cidades com maior número de casos confirmados são Maringá (1.414), Nova Londrina (1.180) e Marilena (695). Já aquelas com maior quantidade de notificações são Maringá (5.326), Londrina (3.946) e Nova Londrina (1.335). Para a Sesa, a expectativa é de que ao longo das próximas três semanas a quantidade de casos confirmados crescer ainda mais. No entanto, a partir de maio a tendência é de queda. De acordo com Sezifredo Paz, superintendente de Vigilância em Saúde do órgão, com a chegada do frio diminuem as condições favoráveis para que os focos do mosquito Aedes Aegypti se desenvolvam. Ele ressalta que, apesar de 12 municípios estarem com epidemia, incluindo uma cidade do porte de Maringá, a situação registrada neste ano é bem menos preocupante do que o mesmo período do ano passado. Paz aponta que as ações de combate à dengue desenvolvidas em todo o Estado, além da estiagem registrada no final do ano passado até a metade de janeiro, contribuíram para o panorama atual. "É claro que a situação é preocupante principalmente porque estamos falando de uma cidade grande, entretanto confiamos nas ações que vêm sendo desenvolvidas", disse. Mutirão Na terça-feira, a Prefeitura de Maringá divulgou um balanço parcial do trabalho de combate à dengue na cidade. Durante dois dias foram identificados mais de 40 focos de dengue, a maioria em quintais de residências. Conforme a administração, foram emitidos 51 autos de infração. A operação segue até amanhã, com concentração nos bairros da zona norte, onde foi registrado o maior número de casos. Governo investiga varejistas por venda ‘abusiva’ Empresas não podem impor venda de garantia estendida e outros serviços como seguro e plano odontológico no momento da compra Murilo Rodrigues Alves Agência Estado Brasília - O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), órgão do Ministério da Justiça, explicou que vai investigar as empresas Magazine Luiza, Ricardo Eletro, Casas Bahia e Ponto Frio por tentarem impor venda "abusiva" de garantia estendida e outros serviços, incluindo planos odontológicos, no momento da comercialização de eletrodomésticos. A abertura de processo administrativo contra as varejistas foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União. As empresas têm 10 dias para apresentar a defesa. Se condenadas, podem ser multadas cada uma em até R$ 7,2 milhões. Segundo o Ministério da Justiça, as averiguações começaram em 2012, depois de denúncia do Procon de Ubá (MG) contra as Casas Bahia. Após consulta aos registros do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec) e aos Procons, o órgão resolveu ampliar a investigação para outras empresas por causa do alto número de reclamações em todos os Estados. "É dever do fornecedor informar, esclarecer e orientar o consumidor sobre todos os produtos e serviços ofertados. Não podemos admitir que empresas se aproveitem da vulnerabilidade dos consumidores e imponham à compra de um eletrodoméstico a venda de seguros e serviços não solicitados", afirma Amaury Oliva, diretor do DPDC. O seguro garantia estendida não pode substituir a garantia obrigatória prevista no Código de Defesa do Consumidor. Os fornecedores são obrigados a oferecê-la. De acordo com Oliva, no ano passado, 24.906 consumidores procuraram os Procons em todo o País para reclamar sobre seguros. O Ministério produziu um levantamento sobre reclamações de consumidores em relação à garantia contra cada uma das quatro varejistas entre 2005 e 2012. No período, a Ricardo Eletro liderou o ranking de queixas, com 33.367 reclamações. Em seguida, aparecem Ponto Frio (14.031), Casas Bahia (13.057) e Magazine Luiza (9.068). Uma dessas empresas conseguiu vender em apenas um ano 9 milhões de apólices de seguro, de acordo com Oliva. Ele não quis identificar qual foi a varejista. Segundo ele, só o Magazine Luiza oferece 11 tipos diferentes de seguro. O diretor apresentou alguns casos de consumidores que saíram das lojas sem saber que, junto com os produtos, também adquiriram outros serviços em vendas casadas. Uma consumidora comprou um jogo de cozinha, que custaria R$ 820, e saiu com seguro de vida, garantia estendida e compra de seguro. No total, teve que desembolsar R$ 1.019,00. Uma aposentada comprou diversos produtos e quando foi conferir a nota fiscal percebeu que adquiriu também um seguro para trabalhadores sem comprovação de renda, serviço que não precisaria adquirir. Ele afirmou que o DPDC trabalha em conjunto com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo que regulamenta e fiscaliza o setor. Esta semana, estão reunidos em Brasília representantes dos Procons, Ministérios Públicos e Defensorias Públicas para discutir ações de fiscalização do mercado. A Ricardo Eletro informou que ainda não foi notificada e que só se manifestará após tomar conhecimento da medida. A empresa afirma que tem realizado investimentos constantes para atender melhor o consumidor e que constatou uma redução "bastante significativa" no número de reclamações de clientes. A Via Varejo, holding das marcas Ponto Frio e Casas Bahia, informou, por meio de nota, que responderá ao governo no prazo determinado. "A Via Varejo informa que pauta suas ações de acordo com a lei e na excelência do atendimento ao consumidor em todos os seus negócios", diz o comunicado. A reportagem também procurou o Magazine Luiza, mas a empresa ainda não se pronunciou. Seis mil trotes em um mês Receber ligações de pessoas que relatam ocorrências inexistentes é rotina para atendentes da PM Viviani Costa Reportagem Local Londrina – A Central de Operações da Polícia Militar em Londrina recebeu 44.347 chamadas no mês de março. Deste total, apenas 1.634 casos necessitavam de atendimento e geraram boletins de ocorrência. A grande maioria das ligações corresponde a trotes (6.347) e ligações com brincadeiras feitas aos atendentes (15.522). Há também pedidos de informações e até momentos em que a pessoa procura apenas alguém para desabafar. Casos de ligações indevidas aos serviços públicos voltaram a ser destaque nesta semana, após uma chamada registrada no telefone 190, que mobilizou várias equipes da PM e até o helicóptero do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer). Uma mulher denunciou aos atendentes que uma senhora havia abandonado um recém-nascido em um matagal do Jardim Planalto, na zona norte. O piloto do Graer envolvido na operação, capitão Márcio Valim de Souza, contou que o helicóptero sobrevoou a área por 39 minutos, na tentativa de localizar o bebê. "A única informação que a gente tinha era que a criança estava em uma manta cor-de-rosa. Depois de sobrevoar a área, pensamos que o barulho do helicóptero também poderia atrapalhar as outras equipes e que eles não iriam ouvir o choro da criança", explicou. Segundo o aspirante da 4ª Cia da Polícia Militar, Fernando Henrique Yoshimine, a operação durou, aproximadamente, duas horas. "Nós ligamos para a mulher que fez a denúncia e ela repassou novas informações sobre o caso. Conforme o tempo foi passando, rastreamos o número do celular e conseguimos identificar o nome e o endereço. A mulher mora em frente ao terreno e estava acompanhando toda a movimentação da polícia. Era trote", destacou. Ela foi presa e encaminhada à delegacia por falsa comunicação de crime. A autora do trote assinou um termo circunstanciado e será convocada para dar explicações no juizado especial. O porta-voz do 5º Batalhão da PM, capitão Nelson Villa, ressaltou que os telefones são cadastrados em uma lista para evitar a perda de tempo ao checar ocorrências inexistentes. "O 190 é o primeiro telefone que vem a mente das pessoas. Elas ligam para denunciar ocorrências, desabafar, pedir informações sobre hospitais, perguntar a melhor rota até algum ponto específico, reclamar dos vizinhos e até nos pedem para dar ‘sustos’ em determinadas pessoas", afirmou. O tempo perdido durante as ligações e ocorrências falsas compromete o atendimento à população. "Poderia haver algum tipo de sanção administrativa como a aplicação de uma multa, por exemplo, para quem adota esse tipo de conduta. As penas mais brandas que são aplicadas rapidamente têm mais resultado que as punições severas que não são colocadas em prática", destacou Villa. ‘A gente tem que pecar pelo excesso’ Londrina - A experiência de quem trabalha nas centrais de atendimento ajuda a identificar os trotes com mais facilidade. O coordenador médico do Samu, Leandro Perales, explicou que das cerca de 300 ligações recebidas por dia entre os meses de dezembro e fevereiro, aproximadamente, 5% eram trotes. "A maioria é criança fazendo piadas após o horário das aulas. Adultos convincentes também nos ligam e a ambulância chega a ser deslocada. A gente tem que pecar pelo excesso e não pela falta de assistência", ressaltou. Já o Corpo de Bombeiros não possui uma estatística sobre o número de trotes recebido mensalmente. No entanto, a aspirante Marinara da Rocha destaca que quase metade das ligações diárias é trote. "Nós não conseguimos ir atrás de quem comete esse tipo de coisa até para evitar perder ainda mais tempo com essas ligações", argumentou. Os socorristas do Siate atendem, em média, 30 ocorrências por dia. "Eles adquirem experiência e a gente acaba combatendo os trotes por meio de uma triagem interna. Os atendentes são orientados a filtrar as ocorrências perguntando detalhes e informações. Deslocar um caminhão de combate à incêndio, por exemplo, leva muito tempo", explicou Marinara. "Um dia, quem passa trote vai precisar de atendimento e pode não ter porque alguém na linha está brincando com o serviço de urgência", concluiu. (V.C.) Diário dos Campos Juiz Bochenek quer criação de tribunais federais Luana Souza O juiz federal Antônio César Bochenek foi eleito o novo presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) com a chapa 'Avançar na Luta', na última semana. Ele ficará a frente da entidade no biênio 2014-2016. O juiz tomará posse no dia 4 de junho, mas já adianta alguns projetos previstos para o seu mandato. Um deles é a criação de tribunais federais. "Atuar para demonstrar a necessidade de criação e ampliação dos tribunais da 2ª, 3ª e 5ª instância e pela manutenção das estruturas e cargos dos tribunais federais da 1ª e 4ª instância, num primeiro momento, junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Congresso Nacional", prevê o projeto citado por Bochenek. Justiça reafirma ilegalidade da greve dos servidores da saúde Da Redação O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) emitiu, ontem, documento de esclarecimento a respeito da Ação Inibitória de Greve de Servidor Público (autos nº 121049-5), impetrada pelo governo do Estado contra o SindSaúde (Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Estaduais dos Serviços de Saúde e da Previdência do Paraná). O documento retifica dispositivo da liminar concedida ao Estado do Paraná, na última sexta-feira (4/4), determinando a suspensão do movimento de greve dos servidores da saúde, paralisados há 23 dias, gerando riscos ao atendimento à saúde da população. A autoridade judiciária reforça a determinação de “suspensão do movimento de greve dos servidores da saúde até que seja apreciado o mérito da demanda". De acordo como diretor geral do Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HURCG), Everson Augusto Krum, 27% dos servidores do hospital voltaram à suas atividades normais. Segundo ele, a desobediência à liminar concedida pela Justiça acarretará na aplicação de descontos aos servidores faltosos de todos os dias parados, além da multa diária aplicada ao sindicato da categoria, a partir da última segunda-feira, dia 7, quando a entidade sindical foi notificada. De acordo com a diretora do Sindisaúde, Heloísa Helena de Souza, a nova decisão ainda não foi comunicada ao Sindisaúde. “A greve não é ilegal, 30% dos serviços essenciais estão mantidos, mas vamos acatar a determinação da Justiça de não realizar manifestações, mas o movimento grevista continua na resistência, aguardando posicionamento concreto do governo, de atendimento de pelo menos algumas das 14 reivindicações da pauta”. Segundo ela, cerca de 75% dos 10 mil servidores do Estado continuam paralisados. Do Hospital Regional dos Campos Gerais, cerca de 60 funcionários estão paralisados. (Da Redação) PEPG recebe em média três presos por semana Jeferson Augusto Desde 2011, a Penitenciária Estadual de Ponta Grossa (PEPG) recebeu mais de 700 detentos vindos de delegacias e carceragens da região. De janeiro até março foram transferidos para a penitenciária de Ponta Grossa 36 detentos. Os números divulgados pela Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (SEJU) mostram que de janeiro de 2011 até março deste ano a PEPG recebeu 704 presos, uma média de 176 detentos por ano. Em 2014, por semana, a penitenciária de Ponta Grossa abriga quase três detentos novos por semana. Os dados não incluem os detentos da Cadeia Pública Hildebrando de Souza, que passou aos cuidados da SEJU recentemente. Em 2011 foram deslocados à PEPG 248 presos, no ano seguinte tendo este número reduzido a 199, em 2012 foram 199, e no ano passado 221. O diretor da Penitenciária Estadual de Ponta Grossa, Luiz Francisco da Silveira, explica que estas transferências ocorrem somente a partir do momento em que uma nova vaga é aberta. “A penitenciária recebe novos presos de acordo com as condições e abertura de vagas. A partir do momento em que um preso tem sua pena cumprida e é posto em liberdade, é possível a transferência de delegacias da região, ou do Hildebrando (de Souza)”, exemplifica Silveira. A distribuição de mudanças de detentos para a PEPG ainda obedece a uma proporção, dividida entre delegacias de cidades da região, e o Hildebrando. As vagas no presídio de Ponta Grossa são destinadas 40% para a Cadeia Pública de Ponta Grossa, e 60% para delegacias de cidades dos Campos Gerais. O diretor da PEPG afirma que com a ampliação da penitenciária será possível aumentar este número de transferências de presos. “Com a ampliação prevista para ser concluída no final do ano, certamente será possível atender a toda demanda, principalmente das delegacias da região”, diz o diretor. Inaugurada em 2003, a Penitenciária Estadual de Ponta Grossa não está superlotada, mas tem todas as vagas ocupadas no momento. A unidade é considerada modelo no Estado e nunca registrou uma rebelião ou tentativa de fuga. Ampliada, penitenciária terá capacidade para mais 334 presos A Penitenciária Estadual de Ponta Grossa está sendo reformada e terá sua capacidade ampliada. Já com as obras em execução, a PEPG irá pode abrigar mais 334 presos, atualmente a unidade prisional tem 432 vagas. A Penitenciária de Ponta Grossa só atende presos do sexo masculino. A ampliação da PEPG teve orçamento inicial de pouco mais de R$ 9 milhões e as obras já tiveram início. A previsão é que a conclusão ocorra no final deste ano. Além da ampliação da Penitenciária Estadual, o sistema prisional de Ponta Grossa também será ampliado com a construção de uma nova cadeia pública, já autorizada pelo governo estadual. A nova cadeia terá capacidade para 382 detentos, que ficarão abrigados provisoriamente, até que sejam transferidos para penitenciárias. Com as duas obras, o sistema prisional do municípios terá mais 716 vagas. Unidade de Ponta Grossa tem um dos menores índices do Estado Da Redação A Penitenciária Estadual de Ponta Grossa apresenta um dos menores índices de transferências de presos no Paraná, segundo números da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (SEJU). Maringá, por exemplo, teve 138 transferências, enquanto que Guarapuava 38 detentos transferidos. Já Cascavel 86 transferências. As 33 unidades do Sistema Penitenciário do Paraná, administrado pela Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (SEJU), já absorveu 2.828 presos neste ano. São 2.739 detentos oriundos de carceragens de delegacias e distritos policiais da Polícia Civil de todo o Paraná e 89 presos da superintendência da Polícia Federal no estado. O maior número de transferência é de presos oriundos de carceragens de delegacias e distritos policiais de Curitiba, região metropolitana e litoral. Com os 20 presos transferidos ontem para a Casa de Custódia de Piraquara(CCP), já são 1.387 detentos região absorvidos nos estabelecimentos penitenciários. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (09/04), durante reunião entre representantes da SEJU, da Secretaria Secretaria de Segurança Pública (SESP) e do TJ-PR. Durante a reunião, a Secretária da Justiça informou que desde o início da atual gestão até março deste ano o Sistema Penitenciário do Paraná já recebeu 33.832 presos, sendo 32.554 oriundos de Delegacias e Distritos Policiais do Estado, sob gestão da SESP, e 1.278, da Polícia Federal. Só da SESP, em 2011, foram 7.068 transferências; em 2012 foram 11.230; em 2013 foram 11.642; e no primeiro trimestre de 2014 foram 2.614. O Diário do Norte do Paraná Focos de dengue geram 76 multas na zona norte Força-tarefa contra a doença recolheu seis caçambas de lixo de casas da região Moradores multados já haviam sido notificados para que limpassem quintais Rubia Pimenta Em três dias de fiscalizações realizadas na região norte de Maringá, a ação conjunta de combate ao mosquito da dengue organizada pelo município aplicou 76 multas. Os autuados são moradores de casas onde, pela segunda vez este ano, foram encontrados focos do Aedes aegypti, ou proprietários de terrenos que são alvos frequentes de reclamação por acúmulo de lixo. Em uma residência no Conjunto Requião, bairro que concentra 30% dos casos confirmados da doença em 2014, os agentes encontraram, pela segunda vez no ano, um balde de água com grande quantidade de larvas, o suficiente para contaminar 80 pessoas. O morador já havia sido notificado sobre a gravidade do caso em janeiro. "Ele disse que era para o cão beber água. O orientamos sobre a situação, mas como ele não resolveu, foi multado, assim como outros moradores do bairro", explicou ontem o gerente de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, Silvio Torrecilha. O problema maior na região é o acúmulo de lixo nas residências. "Entramos com um caminhão no quintal de uma casa para tirar entulhos. Havia oito vasos sanitários descartados, além de colchões e eletrodomésticos inutilizados há anos. Situações como esta infelizmente se repetiram em várias residências que vistoriamos." Nos três dias de ações foram encontrados 58 focos de dengue na região norte, e recolhido entulho suficiente para encher seis caminhões caçamba, além de móveis velhos. "São objetos que ajudam a reter água e atrair o mosquito da dengue", disse o gerente. O valor mínimo da multa é de R$ 350, podendo aumentar de acordo com a área do terreno e a quantidade de focos encontrados. Em 2013, por exemplo, uma empresa foi multada em R$ 30 mil por descarte ilegal de lixo em terreno baldio. As fiscalizações na zona norte seguem até sexta-feira, desta vez com foco maior no Jardim Alvorada, área de médio risco para proliferação do mosquito e com elevado número de casos confirmados da doença. No bairro, o índice de infestação é de 3,8% - a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera tolerável 1%. As reclamações que chegam à prefeitura através da Ouvidoria (fone 156) estão sendo observadas. Em três dias, mais de 320 casos foram checados - 150 deles só no Conjunto Requião. A Secretaria da Saúde lembra que a região norte também está recebendo o fumacê desde o final de março. "O fumacê mata o mosquito, mas não elimina os ovos e as larvas, que proliferam na água parada", lembra o secretário de Saúde, Antônio Carlos Nardi. Quando o veículo do fumacê passa, o morador deve abrir as janelas e, se possível, as portas, para que o veneno tenha o máximo de alcance. Adolescentes são colocados em liberdade Um dos garotos foi ameaçado enquanto estava no Cense Prazo legal de conclusão do processo venceria domingo Ana Luiza Verzola Com Leonardo Filho Uma decisão judicial colocou em liberdade os dois adolescentes de 13 e 17 anos suspeitos de envolvimento na morte de Matheus Iwamura de Souza, 9. De acordo com informações da Vara da Infância e Juventude, os fatores que pesaram na decisão foram o período de 45 dias para conclusão do processo, prazo que se esgotaria no domingo, e a falta de esclarecimento de alguns pontos relativos à participação dos dois no crime. "Os adolescentes não participaram da morte; ajudaram o rapaz a esconder o corpo e estavam com medo de sofrer algum tipo de consequência por parte do maior", disse a promotora da Vara da Infância e Juventude, Mônica Louise de Azevedo. Ainda segundo a promotora, no Centro de Socioeducação (Cense) o mais velho foi ameaçado. "Começaram a dizer que iam jogar futebol com a cabeça dele. Por uma questão de segurança, pedi para que o mudassem de unidade, mas a informação é que não havia vaga", explicou. O juiz José Cândido Sobrinho, responsável pelo casos, estava em audiência ontem à tarde. Por conta da comoção que o crime gerou em Paiçandu, as famílias dos garotos foram orientadas a não levá-los à cidade. Os dois admitem que, junto de Lucas Alves Monteiro, 19, foram tomar um banho no rio, mas dizem que não sabiam que ele tinha a intenção de matar Matheus. Eles alegam que foram forçados a segurar os braços e pernas do menino, que foi estrangulado, e depois esconder o corpo sob pedras. A promotora foi contra a determinação de soltura dos garotos. "Pedi a internação até para própria proteção dos dois." Os três foram identificados pela polícia um dia após o crime. Lucas está preso na Casa de Custódia de Maringá (CCM). Entenda Matheus Iwamura, 9 anos, foi encontrado morto no dia 20 de fevereiro, sob pedras em um córrego perto de onde morava. Ele estava desaparecido há um dia. Matheus tinha deficiência mental e costumava entrar nas casas dos vizinhos, o que teria motivado o crime. Avô Diz Não Ter Rancor "Notícia ruim voa, né?", respondeu Sidnei Almeida da Silva, avô de Matheus, quando questionado de que forma recebeu a notícia da soltura dos dois adolescentes. No mesmo dia em que os dois foram colocados em liberdade, amigos próximos e até conhecidos ligaram para comentar o assunto com ele. "Lei é lei, não podemos fazer nada. É complicado para todos nós, mas meu neto já foi", disse. Guardar ódio e rancor, para ele, é estar um passo mais distante do neto. "Se eu não perdoar, não sou perdoado por Deus e não vou para o céu. Assim não vou poder me reencontrar com Matheus", explicou. O que origina toda a situação, para ele, é "o sistema que exclui", e o que vem acontecendo com as famílias de todos os envolvidos é fruto de uma injustiça social. O sonho dele é que um dia os dois possam trabalhar junto de Sidnei, cuidando de crianças. "Me preocupo muito com as crianças a minha volta. Quero me aproximar deles". Tribuna do Norte Promotor recomenda contratação de pintor com deficiência em Apucarana Sérgio Salomão contesta reprovação de profissional em exame médico Da Redação O promotor Sérgio Salomão encaminhou recomendação administrativa à Prefeitura de Apucarana pedindo o cumprimento da lei que determina a reserva de vagas para deficientes físicos nos concursos públicos realizados pela administração. A solicitação ocorre em meio à polêmica envolvendo o pintor apucaranense Valdeci Olímpio, mais conhecido como Baré, que passou em primeiro lugar no concurso da administração, mas acabou reprovado em exame de aptidão física por empresa que presta serviços ao município. Baré perdeu o braço em acidente de trem quando tinha sete anos. Na recomendação, Sérgio Salomão pede a reavaliação do caso do pintor por parte da prefeitura, argumentando que Baré deveria ter passado por estágio probatório de dois anos e não poderia ter sua contratação rejeitada. O promotor tomou a medida após receber a reclamação do pintor no Ministério Público (MP). Em entrevista à Tribuna, o promotor também contesta a avaliação médica feita pela Prefeitura e diz que ele deveria ter passado por uma junta médica. Salomão entende ainda que o pintor deveria ser incluído nos 5% de vagas destinadas aos deficientes no concurso, conforme decreto-lei federal. Ele não descarta entrar com ação contra a Prefeitura. Outro Lado O procurador jurídico do Município, advogado Paulo Sérgio Vital, confirmou o recebimento da recomendação administrativa. “Estamos respondendo de imediato a recomendação do Dr. Salomão, informando que neste concurso foi rigorosamente cumprida o que determina a legislação em relação aos deficientes”, observou o procurador jurídico. Vital reiterou que, neste concurso, foram ofertadas apenas duas vagas para a função de pintor, e que nenhuma delas era destinada a portadores de deficiência.