SISTEMA DE CONTROLE DE QUALIDADE DAS ATIVIDADES DE
SILVICULTURA
Minatel, R.1; Schneider, C.R.2; Blood, E.F.Y.3; Bortolas, E.P.4
1. INTRODUÇÃO
O inicio da evolução do chamado Controle de Qualidade, coincide com a época da Revolução industrial,
através dos estudos e conceitos gerados, o sistema de gestão da qualidade foi gradativamente se espalhando em
um mercado cada vez mais competitivo, na busca pela excelência em qualidade operacional e serviços, sendo
pré-requisito para a sobrevivência de uma floresta e sucesso de qualquer atividade de silvicultura, seja própria ou
terceirizada.
O setor florestal, apesar de ter acordado um pouco tarde, começou os investimentos em qualidade no final da
década de 80, buscando principalmente certificações, para agregar valor ao produto e comprovar a
sustentabilidade do negocio.
O estabelecimento de novas técnicas silviculturais mais intensivas (preparo do solo, fertilização adequada,
controle de pragas e doenças e capina química) vem resultando em ganhos consideráveis de produtividade
florestal. Estas técnicas devem ser realizadas com qualidade para que surtam os efeitos desejados. No setor
florestal, o controle de qualidade está sendo de forma mais lenta comparativamente à agricultura, devido a sua
grande diversidade de atividades.
Com o aprimoramento efetivo das diversas operações realizadas, durante as varias fases dos
povoamentos florestais, existe uma metodologia própria para cada uma, em função das características próprias
para uma maior eficiência.
Como tal atividade possui características muito dinâmicas, as mudanças das práticas silviculturais são
muitas e, como se sabe, a aplicação prática de novas tecnologias, exige um criterioso controle. Também com a
elevação dos custos das diversas operações, principalmente devido a melhorias ocorridas no preparo do solo,
qualidade das mudas utilizadas e elevação dos preços e fertilizantes químicos, a prática de controle de qualidade
torna-se essencial e vem sendo adotada pela grande maioria das empresas (FRANCO, 1984).
Quanto à recomendação das atividades silviculturais, em nível de talhão, ganhos significativos são
obtidos ao se especificarem preparo de solo, fertilização e controle de mato competição, ao talhão. Racionalizase o uso de recursos (máquinas, mão-de-obra e insumos) concomitantemente à melhoria da produtividade média
dos talhões. Em geral, talhões afins são agrupados em unidade de manejo e o uso é conhecido e consolidado na
área florestal (STAPE, 2004).
A recomendação de atividades silviculturais diferenciadas, dentro do mesmo talhão, é ainda pouco
conhecida na área florestal, embora já consolidada na área agrícola, com a agricultura de precisão. A lógica de
sua eficácia reside nos mesmos conceitos que norteiam a criação das unidades de manejo, ou seja, tratamentos
silviculturais diferenciados para condições diferenciadas (STAPE, 2002).
Esta eficácia das atividades pode ser medida através de metodologia amostral que as avaliem e
conheçam sua variabilidade espaço-temporal. Esta avaliação deve estar focada no processo da atividade, e não
somente no seu produto final, quando se quer estudar sua melhoria (FESSEL, 2003).
A empresa Klabin mantém sua posição no mercado graça a sua estratégia de melhores tecnologias na
reforma e manutenção de florestas, com isso, avançando em busca de desenvolvimento técnico-operacional e
alta qualidade. Neste contexto se encaixa o presente modelo de trabalho, que fornecerá elementos de qualidade
para cada operação, através dos principais pontos de desvios levantados no talhão e os possíveis pontos de
melhorias para a uniformidade e conformidade na qualidade das operações florestais.
Este trabalho tem por objetivo avaliar o processo das operações de silvicultura, através de amostragem,
análises estatísticas e observações em campo, buscando compreender como se comporta a variabilidade e a
qualidade das atividades de silvicultura no crescimento da floresta, com base em sua conformidade com as
recomendações e normas técnicas da empresa, e da sua uniformidade dentro dos talhões; e, propor melhoria
continua e novos estudos na qualidade das atividades de silvicultura.
1
Engenheiro Florestal, Gestor Operacional da Qualidade Florestal, Klabin S/A – [email protected]
Engenheiro Florestal, Gerente de Operações, Klabin S/A – [email protected]
3
Especialista em Unidades de Informação, Gestão de Documentação Técnica , Klabin S/A – [email protected]
4
Técnico Agropecuário, Coordenador de Silvicultura, Klabin S/A – [email protected]
2
2. MATERIAL E MÉTODOS
A Klabin em sua unidade florestal no Paraná utiliza em seu sistema de controle de qualidade o ciclo
PDCA (Planejamento – PLAN, Execução –DO, Verificar – CHECK, Agir corretivamente – ACTION), visando
uma melhoria continua no processo.
2.1. Gestão da Qualidade Florestal
Para o monitoramento da qualidade, foi elaborado um sistema de auditorias para as áreas de silvicultura e
colheita de madeira.
Trimestralmente, todas as empresas prestadoras de serviços são avaliadas em cinco pilares distintos:
Qualidade Operacional, Meio Ambiente, Segurança do Trabalho, Tecnologia e Social; recebendo notas de
acordo com seu desempenho.
Ao final do trimestre, são realizadas reuniões devolutivas, onde são entregues às prestadoras de serviço o
resultado das avaliações, apontando os pontos positivos e negativos encontrados. Para cada não-conformidade
aberta, a prestadora de serviço deve abrir um plano de ação corretivo e apresentar as evidências para a Gestão do
Sistema da Qualidade.
2.1.1. Qualidade Ambiental
Para o Monitoramento Ambiental, a equipe de auditores internos da Klabin, trimestralmente preenche um
check list para cada uma das empresas prestadoras de serviço. Através deste monitoramento, é gerada a nota da
empresa, que vai para o Sistema de Controle da Qualidade.
2.1.2. Qualidade Social
Para o monitoramento das condições de trabalho dos funcionários dos prestadores de serviços, foi
implantado um sistema de monitoramento dos requisitos trabalhista e tributário, realizado pela setor de Recursos
Humanos, que consiste em check list no campo, entrevista com os funcionários e auditoria no escritório. Este
monitoramento é realizado trimestralmente, com todas as empresas prestadoras de serviços da área de
Silvicultura e Colheita, gerando uma pontuação, encaminhada ao Sistema de Controle da Qualidade.
2.1.3. Qualidade de Segurança do Trabalho
As avaliações na área de Segurança do Trabalho são elaboradas trimestralmente pelos técnicos em
Segurança do Trabalho da Klabin, através de um sistema completo de checagens em campo e documental.
As empresas com pendências são orientadas para elaboração de um plano de ação para as correções. A
pontuação final das avaliações é enviada para o Sistema de Controle da Qualidade.
2.1.4. Qualidade de Tecnologia
No monitoramento de Qualidade de Tecnologia as equipes de silvicultura e colheita da Klabin, com auxílio
da equipe de qualidade, realizam avaliações com as empresas prestadoras de serviço, para pontuar,
principalmente, os seguintes itens: a) Crescimento e desenvolvimento; b) Comprometimento com informações
(acertos); c) Informações para programação (diária); d) Comprometimento com liderança (equipes). Além disso,
verifica-se se a empresa está conseguindo se adequar ao sistema.
2.1.5. Qualidade Operacional
O sistema de monitoramento da Qualidade Operacional é composto por auditorias internas, divididas em três
níveis de verificação de controle: a) Verificação diária: Realizada pelo líder da equipe, própria ou terceiro, uma
vez ao dia por talhão; b) Verificação mensal: Realizada pelo supervisor da Klabin, verificando e conferindo a
qualidade; c) Verificação trimestral: Realizada pelos auditores internos e/ou setor da gestão da qualidade,
gerando pontuação para a empresa auditada. (Figura 01)
Figura 01: Diagrama do sistema de verificação da Klabin S/A.
O sistema de verificação utilizado serve para controlar variações, entender suas causas, prevenir ocorrências
em que as variáveis saíram do controle das normas técnicas e recomendações. Por meio deste sistema são
geradas as ações preventivas e corretivas, Acompanhamento da qualidade e verificação de critérios.
2.1.5.1. Sistema de Revisão dos Procedimentos da Qualidade Operacional (Silvicultura)
Através de um comitê técnico existente, e seguindo uma lista técnica, três atividades de silvicultura
foram selecionadas por terem maior impacto na uniformidade e produtividade da floresta: Capina química
(manual e mecanizada), Preparo de solo com fosfatagem e Adubação (plantio, cobertura e manutenção). Para o
presente trabalho, será focada a capina química com costal manual.
Primeiramente foi realizado um diagnóstico operacional para levantar as necessidades da implantação de
novas tecnologias de aplicação de herbicida e adequar as recomendações técnicas.
Com o resultado do diagnóstico foi possível revisar o procedimento operacional e criar novos indicadores
para o controle da qualidade, como: preparo e concentração da calda, qualidade da água, qualidade dos
equipamentos, qualidade da cobertura e distribuição do herbicida, dosagem, vazão e levantamento de infestação
de plantas daninhas.
Estes indicadores geram relatórios estatísticos que serão analisados por meio da gestão da informação, para
o acompanhamento no controle da atividade.
Como conclusão do processo de revisão, a implantação do procedimento é iniciada com treinamento
operacional direcionada para os supervisores da Klabin e empresas prestadoras de serviço.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Baseado em levantamento de dados realizado em campo, durante um período determinado, conclui-se que
para a capina química com costal manual, a dosagem de calda ficou abaixo da recomendação técnica exigida na
empresa (Figura 02). Além disso, dentro da mesma área verificou-se a ocorrência de variação de aplicação entre
operadores. Estes valores permitiram à empresa adequar as doses recomendadas de aplicação de herbicida e
revisar a metodologia de monitoramento de plantas daninhas, revendo técnicas de aplicação e treinando equipes
de campo.
Figura 02 - Variação das doses, tomadas em seis locais, com oito observações por local.
DoseBombaCostal (L/ha)
180
- 15%
140
100
60
20
Talhão
4. CONCLUSÕES
Com a implantação das melhorias em tecnologia de aplicação e a revisão dos procedimentos operacionais
foi verificado redução de 10% no consumo de glifosato, ganho de 20% no rendimento operacional, diminuição
de retrabalho e eficiência/eficácia no controle de plantas daninhas.
Nas três atividades de silvicultura avaliadas foi possível detectar variabilidade passível de controle,
mostrando o potencial de uso do controle de qualidade.
A variabilidade de atividades manuais foi muito superior às atividades mecanizadas, e mostrou que o
controle de qualidade permite correções durante a própria execução.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FESSEL, V.A.G. Qualidade, desempenho operacional e custos de plantio, manual e mecanizado, de
Eucalyptus grandis, implantados com cultivo mínimo do solo. 88p. Dissertação (Mestrado) – Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” –Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.
FRANCO, A.C. Controle de qualidade em floresta de Eucalyptus. Viçosa, MG: Editora UFV, 1984.
STAPE, J.L.; ANDRADE, S.C.; GOMES, A.N.; KREJCY,L.C.; RIBEIRO, J.A. Definição de métodos de
preparo de solo para silvicultura em solo coesos do litoral norte da Bahia. In: GOLÇALVES, J.L.M. e
STAPE, J.L. (ed.). Conservação e cultivo de solos para plantações florestais. Piracicaba, SP: IPEF, 2002. P. 81107.
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