Projeto Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil Relatório de Pesquisa 01 Os arranjos produtivos locais no Estado de Santa Catarina: Mapeamento, metodologia de identificação e critérios de seleção para políticas de apoio Santa Catarina UFSC Departamento de Economia www.redesist.ie.ufrj.br www.politicaapls.redesist.ie.ufrj.br Projeto Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil Relatório de Pesquisa 01 OS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA: MAPEAMENTO, METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO E CRITÉRIOS DE SELEÇÃO PARA POLÍTICAS DE APOIO. Santa Catarina Equipe Estadual Coordenador: Renato Ramos Campos Pesquisadores: Pablo Felipe Bittencourt Valdir Alvim da Silva Estagiários: Moisés Spilere Thiago de Aguiar Netto Carolina Faraco Santolin Equipe de Coordenação do Projeto / RedeSist Coordenador: Renato Ramos Campos Fabio Stallivieri Pablo Bittencourt Marcelo Matos Mayra Rodrigues SUMÁRIO Introdução.................................................................................................................................1 1. Antecedentes, Conceitos Utilizados e Desenvolvimento da Atenção Dada à Questão dos Arranjos Produtivos Locais como Tema de Intervenção na Política Estadual. ..........2 1.1. A Descentralização Político-Administrativa.................................................................3 1.2. Especialização Regional e os Planos Regionais de Desenvolvimento Econômico ......4 1.3. O Projeto Master Plan ..................................................................................................5 1.3.1. O Desenvolvimento com base na Inovação ........................................................6 1.3.2. Logística de Transporte........................................................................................7 1.4. O Projeto Meu Lugar ....................................................................................................9 1.5. A Câmara de Gestão de Aglomerações Produtivas e Redes de Empresas em Santa Catarina. ..............................................................................................................................9 1.6. Considerações finais ...................................................................................................10 2 . Os organismos de coordenação e implementação de políticas estaduais para arranjos produtivos locais e o foco/tipo das políticas. ........................................................................11 2.1. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (SEBRAE/SC) .....................................................................................................................12 2.1.1. A atuação do SEBRAE-SC no apoio aos APLs.................................................13 2.2. O Instituto Evaldo Lodi de Santa Catarina.................................................................16 2.2.1. A atuação do IEL em APLs................................................................................17 2.3. A Fundação de Apoio a Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) ...........................................................................................................18 3. Metodologias adotadas para identificação dos arranjos produtivos locais, e os critérios para seleção dos arranjos objetos das políticas ....................................................20 3.1 Quanto a definição de APLs.........................................................................................20 3.2. Os critérios do SEBRAE-SC para a inclusão de APLs em seus programas ...............21 3.3. Os critérios de seleção de APL’s a serem apoiados pelo IEL-SC ..............................22 3.4. Os Critérios de Seleção da Câmara de Aglomerações Produtivas e Redes de Empresas ............................................................................................................................23 3.5. Conclusões do capítulo ...............................................................................................23 4. Os principais mapeamentos existentes de arranjos produtivos locais no estado e identificação dos APLs que são focos de políticas pública. ...............................................24 4.1 O Mapeamento “implícito” da Câmara de APLs e os APLs Prioritários...................24 4.2. O mapeamento do SEBRAE-SC ..................................................................................27 4.3. O mapeamento do IEL-SC...........................................................................................29 4.4. Conclusão....................................................................................................................30 5. Os demais arranjos não apoiados e considerações finais................................................31 5. 1. Os Arranjos identificados nos mapeamentos existentes, e que não foram ou não estão sendo estimulados por políticas públicas no estado.................................................31 5. 2. Os arranjos não incluídos em listagens das instituições que apóiam APLs..............31 5. 3. Considerações finais ..................................................................................................32 Anexos do Relatório I: ...........................................................................................................33 Anexo I: Lista de APLs identificados e apoiados:...............................................................33 Anexo II: Lista de APLs identificados e não apoiados: ......................................................36 Anexo III: Lista de APLs “não” identificados: ...................................................................37 OS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA: MAPEAMENTO, METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO E CRITÉRIOS DE SELEÇÃO PARA POLÍTICAS DE APOIO Introdução Este relatório tem por objetivo analisar o mapeamento e as políticas para arranjos produtivos locais (APL’s) em Santa Catarina apresentando os resultados da primeira fase da pesquisa no âmbito de um estudo demandado pelo BNDES para os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. Este estudo visa “consolidar conhecimentos sobre experiências de identificação de Arranjos Produtivos Locais (APLs) nos estados e avaliar as políticas de apoio existentes, com a finalidade de fornecer subsídios para a formulação e aperfeiçoamento das políticas voltadas para APLs e desenvolvimento regional” (BNDES, 2008). Neste primeiro momento serão identificados os APLs considerados focos de políticas públicas, ou privadas, as instituições e organizações que as possuem e realizam, e os critérios utilizados para a definição e seleção dos APLs efetivamente apoiados. Seguindo os passos da metodologia da investigação sugerida no primeiro seminário realizado com os coordenadores estaduais da pesquisa, em Florianópolis, e após uma breve reflexão sobre o desenvolvimento inicial desse tipo de política nos estados subnacionais, este relatório discutirá: as políticas pretéritas aplicadas aos APLs; a identificação dos organismos que atualmente realizam políticas voltadas para APLs, buscando compreender suas formas de atuação e as características de suas políticas; as metodologias utilizadas pelas instituições na identificação e seleção dos APLs que foram objetos de seu apoio; o mapeamento do conjunto dos APLs que são apoiados nos estados pelas respectivas instituições de apoio; e os APLs que mesmo tendo possibilidades de serem apoiados, não se encontram entre os estimulados por políticas específicas. Para esta análise as principais fontes referenciadas para as observações imediatas foram as obtidas em pesquisa documental nos respectivos sítios e documentos das instituições mapeadas, além de entrevistas realizadas com os responsáveis pela política para APLs. Assim foram mapeadas as instituições que compõem os órgãos do governo estadual como a Câmara de Gestão do Desenvolvimento das Aglomerações Produtivas e Redes de Empresas de Santa Catarina órgão coordenador das relações entre as instituições que realizam alguma ação voltada para APLs; as Secretarias de Desenvolvimento Regionais (SDRs) estrutura de governo formada por 36 unidades administrativas distribuídas em todo território catarinense; e a Fundação de Apoio a Pesquisa de Santa Catarina (FAPESC) instituição pública de direito privado vinculada ao gabinete do Governador do estado. Considerou-se também, para efeito da análise outros órgãos de nível federal que atuam no território catarinense, como o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (SEBRAE-SC). cujas unidades regionais possuem certa autonomia política em relação ao Serviço nacional, além de um conjunto de representações de órgãos federais articulados ao Grupo de Trabalho Permanente (GTP/APL) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDIC) que influenciam direta ou indiretamente a ação política nos níveis estaduais.1 Entre as organizações de caráter 1 Como o Banco Regional de Desenvolvimento Econômico (BRDE), o Banco do Brasil (BB), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e Ministério de Minas e Energia (MME). Ressalte-se que estas instituições não foram entrevistadas nesta etapa do trabalho, 1 privado, incluiu-se a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) que possui atuação específica com APLs através do Instituto Evaldo Lodi (IEL). 1. Antecedentes, Conceitos Utilizados e Desenvolvimento da Atenção Dada à Questão dos Arranjos Produtivos Locais como Tema de Intervenção na Política Estadual. O Governo do estado de Santa Catarina não possui um documento que explicite uma política especifica dirigida para arranjos produtivos locais (APLs). Existe, no entanto um órgão estatal, a Câmara de Gestão de Aglomerações e Redes de Empresas, conhecida como Câmara de APL, vinculada a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável (SDS), que atua como o núcleo estadual do Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP/APL) do Ministério da Indústria e Comércio Exterior e objetiva principalmente “servir de plataforma de relacionamento interinstitucional para as entidades e órgãos governamentais que atuam no apoio ao desenvolvimento de Aglomerações Produtivas e Redes de Empresas” (Regimento Interno da Câmara). Além deste órgão também devem ser considerados outras ações do governo estadual que mencionam os APLs como um instrumento na execução de certas atividades, como a recente lei estadual de inovação. Da mesma forma estudo do governo estadual que propõe diretrizes para políticas de desenvolvimento (apelidado de Master Plan) considera também esse instrumento de organização da intervenção pública no desenvolvimento de setores econômicos. Neste estudo as propostas de logística de transportes sugerem impactos regionais sobre os quais a ação pública também pode ser organizada na forma de Arranjos Produtivos Locais. Outro elemento importante na análise das políticas estaduais que podem afetar a organização do território e as atividades econômicas localizadas é a política de descentralização das atividades políticas e administrativas do Estado executada desde 2003, cujo objetivo principal é o de aproximar os serviços públicos das demandas sociais locais. Essa política aponta para o reconhecimento das potencialidades do território e das relações locais como instrumento de ação pública. A criação das Secretarias e dos Conselhos de Desenvolvimento Regionais (SDRs) estimulou fortemente a ação governamental com ênfase nas especificidades regionais. Também estudos específicos foram realizados para propor planos regionais de desenvolvimento para os espaços específicos das SDRs, com o apoio do PNUD, denominados de “Meu Lugar”, nos quais se fazem freqüentes referencias a APLs. Este capítulo analisará estas manifestações do governo do estado objetivando identificar elementos que podem, através de uma formulação explicita, ou sugerida implicitamente, estimular o desenvolvimento de arranjos produtivos locais no Estado de Santa Catarina. Na seção 1.1 apresenta-se brevemente a descentralização político-administrativa e busca-se identificar sua potencialidade para políticas de estímulos a APL’s. No que diz respeito às ações previstas nos projetos propostos nos estudos como o “Master Plan” e “Meu Lugar” destacamos, nas seções 1.2 e 1.3, elementos que podem articular-se em uma política explicita para APLs. A seção 1.4 apresenta brevemente aspectos da recente Lei Estadual de Inovações destacando a menção a APL. A seção 1.5 trata da Câmara de APLs, o órgão estadual voltado especificamente para articulação da ação de apoio a APLs de 2 diversas entidades, estaduais ou federais, publicas ou não, que atuam no território estadual e que é o núcleo estadual para as relações com o GTP/APL do MIDIC. 1.1. A Descentralização Político-Administrativa As Secretarias de Desenvolvimento Regionais (SDR’s) foram criadas na reforma administrativa Do primeiro Governo Luiz Henrique. Tais secretarias são dotadas de recursos financeiros para atender as demandas por serviços de Estado em cada um dos locais de sua jurisdição, descentralizando, portanto a gestão dos recursos que passa a ser influenciada pelo Conselho de Desenvolvimento Regional (CDRs) da Secretaria. Os CDR’s são formados por prefeitos e vereadores dos municípios participantes de cada SDR, como membros natos. São também eleitos e designados dois representantes da sociedade civil organizada (patronal, trabalhista ou de universidades) por município. O conselho, sempre presidido pelos respectivos Secretários de Estado de Desenvolvimento Regional de cada SDR, reúne-se mensalmente de maneira itinerante de acordo com os municípios constituintes das SDR’s, sendo as reuniões abertas ao público. Todas as decisões sobre atividades a serem apoiadas, convênios ou contratos a serem estabelecidos, entre outras, são definidas de acordo com o CDR. Foram criadas 8 SDR’s mesorregionais e 27 SDR’s microrregionais. As mesorregionais possuem estruturas maiores e estão localizadas em: Blumenau, no Alto Vale do Rio ItajaíAçú; em Chapecó, no extremo Oeste; em Itajaí, no Litoral Norte; em Lages, na região Serrana (central); em Joaçaba, no meio Oeste; em Joinville, na região Norte; em São José, na grande Florianópolis; e em Criciúma, na região Sul. Considerando que a descentralização não contém explicitamente propostas para programas de identificação ou apoio a APL, procuramos investigar neste primeiro momento da pesquisa, qual a percepção de instituições que, ao implementar políticas de apoio a APLs, interagiram com as SDRs. Agentes como o SEBRAE, que tem intensa atuação no apoio a APLs em Santa Catarina, para tomar decisões sobre quais APLs poderiam ser considerados em suas políticas no território da SDR, em alguns casos fez consultas às SDRs e mesmo articulações para que o apoio aos APLs se efetivasse. Para a FAPESC nas suas atividades de apoio a APL, no âmbito de programas do FINEP, as SDR’s tem cumprido o papel de intermediadora para o atendimento as demandas das empresas, principalmente nas SDR’s mesorregionais. , tais como Joinville, Blumenau, Brusque e Criciúma. De fato, a institucionalização das SDR’s tem feito com que os recursos cheguem mais rápido e eficazmente às regiões, uma vez que, antes disso qualquer demanda local específica por recursos estaduais dependeria de uma articulação direta de contatos com responsáveis pelas instituições de governo sediadas na capital do estado.. Contudo, ainda que a instalação das SDR’s deva ser considerada um passo largo no sentido da compreensão por parte do governo do estado para atendimento das demandas particulares em torno das estruturas produtivas locais típicas de APL’s, observa-se que os mecanismos de ação estatal descentralizada ainda carecem de diretrizes que direcionem as ações das SDR’s para o apoio aos APL’s. Com as SDR’s o governo do estado conta com importantes instrumentos para o diagnóstico de demandas locais, implementação e avaliação de políticas públicas regionalizadas, mas esta estrutura descentralizada não possui programas relacionados com APL’s que sejam capazes de eleger prioridades de políticas de desenvolvimento local. 3 1.2. Especialização Regional e os Planos Regionais de Desenvolvimento Econômico Uma particularidade do desenvolvimento catarinense é a especialização regional das atividades econômicas. O quadro abaixo procura destacar as atividades produtivas e sua localização. Estudos realizados na segunda metade da década de 1990 demonstram que o desenvolvimento destas atividades produtivas concentradas em determinadas regiões já apresentavam uma relativa dispersão no território catarinense. Em todos eles, com exceção do setor de extração mineral, ocorreu não apenas o adensamento das estruturas produtivas em torno da região de origem do setor, como também o seu desenvolvimento em áreas distantes destas regiões. Quadro 1 - A Localização Espacial das Atividades Produtivas em Santa Catarina ATIVIDADE INDUSTRIAL Têxtilvestuário PRINCIPAL ÁREA DE CONCENTRAÇÃO • Blumenau PRESENÇA EM ÁREAS CONTÍGUAS À PRINCIPAL PRESENÇA EM ÁREAS NÃO CONTÍGUAS À PRINCIPAL • Rio do Sul • Araranguá • Ituporanga • Criciúma • Itajaí • Tubarão • Joinville • Chapecó • São Miguel do Oeste Indústria de base madeireira • São Bento do Sul (móveis) • Curitibanos e Canoinhas (produtos de madeira) • Campos de Lages, Rio do Sul e Joaçaba (produtos de madeira) • São Miguel do Oeste e Chapecó (móveis) • Joinville 1) Adensamento em torno da principal região 2) Formação de novas áreas no território estadual 1) Produção de móveis regionalmente concentrada 2) Demais atividades dispersas por toda a região central do Estado. • Blumenau (móveis) • Campos de Lages, Curitibanos e Joaçaba (papel e celulose) Indústria eletrometalmecânica PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 3) Na produção de móveis: Formação de novas áreas no território estadual • Blumenau • São Bento do Sul • Principalmente Chapecó • Criciúma e Tubarão 1) Grande divisão do trabalho na microrregião de maior concentração 2) Dispersa no território estadual Produtos Alimentares • Chapecó • Joaçaba • Concórdia • São Miguel do Oeste • Rio do Sul, Canoinhas e Campos de Lages • Araranguá,Criciúma e Tubarão 1) Concentrada em microrregiões no Oeste do território, com base na atividade de abate • Xanxerê Indústria de minerais nãometálicos • Criciúma,Tubar ão e Araranguá • Blumenau e Tijucas 1) Concentrada nas microrregiões do Sul do estado com base na cerâmica branca Fonte: CAMPOS, et al., 2005) 4 Figura 1 - Localização Geográfica das Principais Regiões Catarinenses Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina Este aspecto histórico do desenvolvimento econômico regional catarinense pode balizar a identificação de forma mais adequada de APLs em Santa Catarina. Ao se conhecer previamente áreas de especialização regional é possível avaliar mais adequadamente a presença de bases produtivas capazes de sustentar APL’s. Em Santa Catarina um desses trabalhos de investigação identificou 32 estruturas produtivas concentradas em nove atividades da indústria de transformação (Bittencourt, 2006) localizadas em diferentes espaços do território catarinense. Referencias como essa aparecem também em estudos realizado com a finalidade de definição de políticas de desenvolvimento estadual feito por encomenda governamental, como o estudo denominado de “Master Plan”. Por outro lado o denominado “Projeto de Regionalização Administrativa e Descentralização do Processo de Desenvolvimento Catarinense, conhecido pelo apelido de “Meu Lugar”, foi uma das ações que acompanhou o processo de descentralização administrativa. Tais estudos serviram de referencia para o “Plano Catarinense de Desenvolvimento 2015”. Em ambos os estudos há importantes indicações para a ação regionalizada, quer pela presença de propostas de efeitos estruturantes sobre as regiões catarinenses, como as referentes a logísticas de transportes no Master Plan, quer pelas proposições de alternativas locais de desenvolvimento no caso dos estudos regionais do projeto “Meu Lugar”. 1.3. O Projeto Master Plan O “Master Plan” foi um estudo realizado com o objetivo de orientar as ações do governo do Estado quanto a uma política de desenvolvimento econômico. Foram selecionadas quatro áreas prioritárias: (i) desenvolvimento, com base na Inovação; (ii) Logística; (iii) Energia; e (iv) Finanças. Comentaremos as áreas de inovação e logística, nas quais se identificou menção a políticas que tangenciam a noção de arranjos produtivos locais. 5 1.3.1. O Desenvolvimento com Base na Inovação O documento do Master Plan analisa 12 “aglomerações produtivas locais” e “cadeias produtivas” apontando o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC’s) como prioritário e destacando as concentrações desta atividade nos municípios de Blumenau, Joinville e Florianópolis. Configurando implicitamente arranjos produtivos locais no que tange à presença de estruturas produtivas concentradas. É destacada de forma geral a necessidade de aproximação entre as instituições de ensino e os agentes da estrutura produtiva e a criação de novos cursos demandados pelos diversos segmentos da TICs. No que se refere ao apoio específico à inovação são enfatizadas as seguintes ações: (a) ampliação substancial dos recursos destinados à área tecnológica; (b) mudança na forma de operar o sistema de inovação catarinense, deixando de atuar de forma passiva, e passando a apoiar atividades estratégicas com impactos no conjunto da economia catarinense; (c) investimento para criação de um ambiente, capaz de efetivamente atrair a empresa privada para os investimentos em P&D; (d) uso efetivo do poder de compra do estado como forma de apoiar iniciativas no campo de P&D, e, em particular, de TIC; e (e) a estruturação de um sistema de financiamento para apoio às a empresas emergentes de base tecnológica. Destaca o potencial de agregação de valor aos outros produtos catarinenses proporcionado pelo desenvolvimento das TICs como um importante impacto dessa política. Por contar com relevante densidade dos APL’s e o significativo desempenho recente, o documento destaca que as pré-condições para o desenvolvimento sustentado da atividade já estão presentes em Santa Catarina. A articulação entre os agentes e o apoio decidido do governo seriam os ingredientes que poderiam impulsionar o setor. Sobre o papel do governo do estado aponta a necessidade de organizar e estabilizar a demanda de serviços e produtos de alta tecnologia através da institucionalização de: (i) legislação que privilegie compras pelo estado, (ii) condições especiais de financiamento (criação de fundos de investimentos de risco, de capital de giro, de aval); e (iii) fomento a centros de excelência na área (apoio a cursos de mestrado e doutorado, às incubadoras, bolsas para alunos, e prêmios a resultados obtidos), em parceria com empresas privadas com disposição para financiar venture-capital. A ação primordial seria o projeto e-Gov. Considerando a especificidade da localização da estrutura produtiva catarinense, conforma já mencionamos antes, nota-se que a implementação das ações recomendadas levaria a impactos diretos no setor das TIC, com base numa política de estímulos setoriais e regionais, estimulando externalidades locais nesta área intensiva em conhecimento com desdobramentos nos demais setores produtivos dados a permissividade dessas tecnologias. Lembra-se aqui que o incentivo a capacidade de inovação de grandes empresas, que em Santa Catarina são na maioria dos casos em setores tradicionais, têxteis, confecções, metal mecânica, e estão localizadas nos mesmos territórios das empresas de TIC, podem ter efeitos locais intensos criando capacidades competitivas territorializadas. A utilização de instrumentos de políticas de estimulo à inovação com base na ação cooperativa articulando as pequenas empresas locais a esse processo é uma importante política complementar para geração de extenalidades locais. O que destacamos, portanto é que as considerações do governo do Estado na definição de políticas de desenvolvimento, tem incluído explicitamente ou não ações que considera a possibilidade de estimular APLs, ou mostra as possibilidades de fortes relações com essas políticas. 6 1.3.2. Logística de Transporte Os projetos associados à logística de transporte fazem parte de outra linha de ações prevista no “Master Plan” com impacto direto nas estruturas produtivas concentradas e localizadas próximas aos projetos. Mais do que isso, os investimentos em eixos de transportes voltados para escoamento de exportações direciona o desenvolvimento quanto aos setores a serem afetados, e também quanto às regiões onde se localizam. São três eixos direcionados para o escoamento de exportações e relacionados aos três maiores portos catarinenses. Para cada um dos três eixos foi realizado um diagnóstico e proposto um conjunto de investimentos públicos e privados. O quadro 2 apresenta de uma maneira resumida os principais projetos a serem desenvolvidos para os três eixos, os respectivos investimentos e seus executores. Quadro 2 - Gargalos Identificados ao Desenvolvimento dos Três Eixos Logísticos Catarinenses Projeto Investimento (US$ x 103) Parceiro Modelagem Concessionária Privado Prefeitura de Itajaí e Sup. Porto de Itajaí Sup. Porto de Itajaí TECONVI PORTONAVE Público Ministério dos Transportes DEINFRA DEINFRA ALL/FTC/parceiros usuários Parceiros usuários Porto a definir Orçamento MT EIXO LOGÍÌSTICO VALE DO ITAJAÌ Duplicação da BR-470 Avenidas de acesso 250.000 numa primeira parte, restante a definir a definir Adequação do Porto Público Investimentos no TECONVI PORTONAVE a definir 40.000 300.000 Público Privado Privado EIXO LOGÍSTICO DE IMBITUBA Duplicação da BR-101 a definir Pavimentação da BR-282 Pavimentação da SC-439 Acesso ferroviário 20.000 10.000 100.000 Terminal de grãos Investimentos imediatos Investimentos de longo prazo (Plano Diretor) 100.000 a definir a definir Fundo* Fundo* Privado Privado Privado Privado EIXO LOGÍSTICO DE SÃO FRANCISCO DO SUL-ITAPOÃ Duplicação da BR-101 a definir Pavimentação da BR-282 Pavimentação da SC-439 Acesso ferroviário 20.000 10.000 100.000 Terminal de grãos Investimentos imediatos Investimentos de longo prazo (Plano Diretor) 100.000 a definir a definir Ministério dos Transportes DEINFRA DEINFRA ALL/FTC/parceiros usuários Parceiros usuários Porto a definir Orçamento MT Fundo* Fundo* Privado Privado Privado Privado * Fundo: o Projeto prevê a criação de um fundo catarinense para construção e conservação de rodovias Fonte: Marterplan (2006). 7 Figura 2- Localização dos Portos Catarinenses Fonte: Governo do Estado. Os maiores entraves ao desenvolvimento do potencial exportador e da necessidade de importações estão relacionados às rodovias federais que comunicam o Oeste ao Litoral do estado. Ainda assim, no que se refere à grandes projetos estruturantes com potenciais impactos à APL’s, destaca-se do projeto Master Plan a indicação de prioridade do governo do estado ao Porto de Imbituba. Segundo o estudo, algumas características particulares do porto permitiriam torná-lo um grande concentrador das cargas de uma área que inclui o norte do Paraná/Mato Grosso do Sul, passando por áreas de Paraguai e Argentina. Entre essas características está a de ser um dos quatro portos em operação no país capazes de receber cargueiros Post-Panamax (6.000 TEUs). Investimentos desse porte em infra-estrutura rodoviária podem proporcionar fortes impactos regionais. Conseqüente além dos arranjos locais já existentes em Santa Catarina, mas, especialmente na região, através da diminuição dos custos de transportes e no atendimento a demandas por produtos e serviços típicos da atividade portuária de grande porte. De maneira complementar, a revitalização da atual Zona de Processamento de Exportações (ZPE) de Imbituba, seria, provavelmente, uma das principais ações capazes de incentivar a formação e o adensamento de arranjos produtivos locais da região. 8 1.4. O Projeto Meu Lugar O projeto envolveu cooperação técnica internacional entre governo do estado de Santa Catarina e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A primeira fase do projeto relacionada ao aprofundamento das discussões sobre conceitos, princípios e instrumentos técnicos a serem utilizados nos trabalhos de campo, que seriam a base para a formalização de 30 planos de desenvolvimento regional catarinense (um para cada região), contou então com a participação de diversas entidades, entre elas Universidades, agências de fomento, instituições de representação, entre outras. O projeto foi idealizado pelo governo do estado com base em sua política de “regionalização administrativa e descentralização do processo de desenvolvimento” com o foco na promoção do em promover o desenvolvimento local. Foi denominado projeto “meu Lugar” procurando traduzir a preocupação com a identificação dos atores locais com seu território. As estratégias de ações previstas no projeto visam, principalmente, a melhoria da qualidade de vida nas regiões e o aumento do sentimento de pertencimento e compromisso de cada cidadão com o território onde vive. Ações de apoio baseadas nessa noção tendem a se concentrar nos APL’s menos estruturados no estado, por vezes baseados em atividades decadentes nos locais que impulsionam a migração para regiões mais desenvolvidas. Por visarem a criação de oportunidades alternativas de desenvolvimento baseadas em competências reconhecidas nos espaços locais, as ações baseadas no projeto Meu Lugar tenderiam a diminuir as desigualdades regionais apoiando, inclusive, o desenvolvimento de APL’s inseridos nessas regiões. Entre outros produtos o projeto gerou 30 Planos de Desenvolvimentos Regionais, centrados na consolidação de identidades territoriais e a elaboração dos de diagnósticos para aquilo que o governo do estado intitulou “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio” a serem desenvolvidos para 30 regiões do estado. 1.5. A Câmara de Gestão de Aglomerações Produtivas e Redes de Empresas em Santa Catarina. A proposta inicial de criação da Câmara tem origem na experiência de associações de municípios de uma mesma região, que existe em Santa Catarina desde a década de 70 e que já teve um papel importante nas relações entre municípios e governo estadual. A Câmara esta vinculada a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável e são seus objetivos, conforme definido na resolução de sua criação em 2004: a) servir de plataforma de relacionamento interinstitucional para entidades e órgãos governamentais que atuam no apoio ao desenvolvimento de APLs e rede de empresas; b) apoiar o Governo do Estado no planejamento, acompanhamento e desenvolvimento dos APL; e c) mais recentemente, desde 2008, ser o elo de ligação entre o GTP-APL do MIDIC e o Governo Estadual, transformando-se no Núcleo Estadual para a as atividades do GTAPL. Como núcleo estadual do GTP-APL, cabe a câmara definir os APLs considerados prioritários para receberem os estímulos daquele órgão. Atualmente a câmara procura, conforme definido em sua reunião de outubro de 2008, realizar as seguintes atividades: a) elaboração dos planos de desenvolvimento dos APLs 9 (cuja experiência mais recente foi o plano do APL de Móveis em São Bento do Sul) em cooperação com as universidades do Estado, b) a integração com um Programa Estadual de Inovação, c) a valorização dos territórios do APLs de forma integrada às Secretarias de Desenvolvimento Regional – SDRs. A Câmara é formada por representantes de 22 instituições: - Sete federações ou organismos representativos de interesses específicos: a Federação dos Trabalhadores na Indústria de Santa Catarina – FETIESC, a Federação Catarinense de Municípios – FECAM, a Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas de SC – FAMPESC, a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC. A Agencia do Fórum Catarinense de Desenvolvimento – FORUMCAT, a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina – OCESC, e o Fórum MesoMercosul, - Cinco Instituições Educacionais – UFSC, UDESC, a Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE, a Universidade de Região de Joinville – UNIVILLE, Sociedade Educacional de Santa Catarina – SOCIESC, Associação de Mantenedoras Particulares de Educação Superior de Santa Catarina – AMPESC, - Quatro Secretarias de Estado: Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, a Secretaria de Estado de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a Secretaria de Estado da Administração e a Secretaria de Estado da Educação. Uma fundação estadual: à Fundação de Ciência e Tecnologia de Santa Catarina - FAPESC -, - 4 Bancos públicos, sendo 2 (dois) de Fomento e Desenvolvimento: Badesc e BRDE e dois federais – Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, - Além do SEBRAE-SC, do IEL-SC, da EPAGRI, e da FINEP. 1.6. Considerações Finais Na formação e desenvolvimento da estrutura produtiva do Estado de Santa Catarina, a especialização regional foi uma característica importante do processo de crescimento econômico. Nesse contexto as representações regionais e de segmentos da atividade produtiva organizada sempre tiveram expressão e se refletiram na organização do Estado. Também nos anos 70, foi marcante a experiência catarinense de associações municipais regionais e seus planos regionais de desenvolvimento. Nesse contexto, a regionalização administrativa, as referências a uma ação de política de desenvolvimento com considerações espaciais, o freqüente apoio a micro e pequenas empresas, e a influência das políticas de estímulos a APLs do Governo Federal, são 10 aspectos que revelam possibilidades para a adoção de políticas explicitas de estímulo a APLs. Neste capitulo procuramos destacar alguns dos aspectos mencionados sem, no entanto fazer uma descrição exaustiva de todos eles. No capitulo seguinte apresentamos as principais organizações que atuam no território estadual com políticas explícitas para APLs, quais sejam o SEBRAE-SC, destacando a ação estadual desta instituição que atua no âmbito da federação, o Instituto Evaldo Lodi que integra a Federação das Indústrias de Santa Catarina, e a Fundação de Apoio a Pesquisa Científica e Tecnológica de Santa Catarina, que atuam junto com a FINEP em certos programas específicos para APLs. 2. Os Organismos de Coordenação e Implementação de Políticas Estaduais para Arranjos Produtivos Locais e o Foco/Tipo das Políticas. Ainda que as características de diversificação da estrutura produtiva do estado de Santa Catarina associadas à marcante especialização regional são fatores importantes para o desenvolvimento de arranjos produtivos locais, o governo do estado de Santa Catarina caminha a passos lentos para a construção de política específica a estas aglomerações produtivas. As ações governamentais têm se restringido principalmente a articulação interinstitucional no contexto da Câmara de APLs, ou a inserção desse instrumento de política em algumas diretrizes de política, como indicam os estudos mencionados no capitulo anterior. A descentralização administrativa com a criação das Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDR’s) em 36 regiões do estado, proporcionando capilaridade à estrutura organizacional do estado, pode ser considerada um importante instrumento de articulação das demandas locais aos programas do governo do estado. Mas também não configura uma política especifica com foco em APLs. Em Santa Catarina destacam-se três órgãos que realizam as principais atividades de estímulos a APLs: o SEBRAE-SC, o IEL/SC e a Câmara de APLs O SEBRAE e O IEL, caracterizam-se como agências estaduais de órgãos com atuação no território nacional e a Câmara de APLs é um órgão do governo estadual que congrega um conjunto de outros órgãos federais e estaduais com programas de estímulos a APLs. Além destes, a EPAGRI, na agricultura e a FAPESC, o fundo para pesquisa do estado de SC, possuem programas de estímulos a atividades produtivas através de APls. No caso da FAPESC, através dos editais da FINEP no âmbito do Estado. Nos dois primeiros casos, a forma de atuação difere segundo a missão das instituições. No SEBRAE-SC, o apoio às micro e pequenas empresas inseridas em APLs se dá através: (i) do reconhecimento da legitimidade da demanda dos atores locais, e da capacidade desses agentes atuarem conjuntamente com o SEBRAE-SC; (ii) da elaboração e gestão conjunta do projeto a ser desenvolvido (com os atores locais); (iii) do aporte de recursos financeiros para a realização de projetos; e (iv) assessoria para a captação de outras fontes de recursos, para os projetos no qual participa. A atividade do IEL/SC é principalmente de captador de recursos, assessorando a elaboração dos projetos com focos em APL. 11 A Câmara de APLs, através de sua articulação interinstitucional, e na medida em que atua como o núcleo estadual do GTP/APL do MDIC, pode ser considerado um órgão que busca coordenar as ações no âmbito estadual. A pesquisa identificou também na Fundação de Apoio a Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) um programa específico para APLs. Esclarecemos que este relatório não aborda, neste momento da pesquisa, a atividade da EPAGRI, por dificuldades de obtenção das informações Esta instituição será objeto de análise nas próximas etapas do trabalho. Apresenta-se a seguir uma análise dessas instituições, levando-se em consideração as características das políticas e a ação de implementação ou coordenação das mesmas. 2.1. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (SEBRAE/SC) O SEBRAE-SC configura-se como uma instituição técnica de apoio ao desenvolvimento da atividade empresarial de micro e pequeno porte, Constituída como entidade sem fins lucrativos, descentralizada da esfera federal, procura operar em sintonia com as estratégias de políticas do setor público, buscando atender exclusivamente as demandas do setor privado. Esta instituição possui grande capilaridade no estado de Santa Catarina com uma estrutura de atendimento em cerca de 100 dos 293 municípios catarinenses. Em Santa Catarina a missão do SEBRAE privilegia cinco áreas de atuação: (a) Educação: realizada através de workshops, cursos, seminários e palestras; (b) Ampliação dos mercados: apoio à exportação, missões empresariais e bolsas de negócios; (c) Desenvolvimento tecnológico: realização de convênios com Instituições de ensino e pesquisa e centros tecnológicos; (d) Informação: através da elaboração, manutenção, ampliação e divulgação de bancos de dados com informações e publicações que auxiliam no apoio à tomada de decisão dos empresários; e (e) Políticas públicas: acompanhamento das ações de governo e monitorando seus impactos nas micro e pequenas empresas. No que se refere à gestão administrativa, o Conselho deliberativo é constituído por representantes de 14 instituições, sendo estes majoritariamente de entidades privadas, conforme a composição: a) Seis federações patronais: Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (FAESC); Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC); Federação do comércio do Estado de Santa Catarina (FECOMÉRCIO); Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina (FACISC); Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (FAMPESC); e Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL); 12 b) Uma secretaria de Estado: Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Santa Catarina (SDS); c) Uma agência de desenvolvimento: Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina (BADESC); d) Três bancos públicos: Banco Regional de Desenvolvimento Econômico do Extremo Sul (BRDE-SC), Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal (CAIXA); e) Uma universidade federal: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); f) Uma instituição setorial de formação profissional: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); e g) Uma fundação de apoio: Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI). 2.1.1. A Atuação do SEBRAE-SC no Apoio aos APLs A atuação do SEBRAE-SC em APLs está amplamente difundida pelo estado de Santa Catarina, que podemos relacionar a diversos fatores: (i) as características da estrutura produtiva catarinense de especialização regional e forte presença de micro e pequenas empresas, (ii) o significativo número de pontos de atendimento do SEBRAE e (iii) o reconhecimento, tanto de micro e pequenos empresários, quanto de outras instituições, acerca da capacidade do SEBRAE-SC de articular os atores envolvidos em projetos que dinamizam as atividades produtivas. Estes fatores criam uma forte demanda pela orientação do SEBRAE em projetos de articuladores de micro e pequenas empresas concentrada numa mesma atividade produtiva. É o foco em micro e pequena empresa e a ação conjunta dos agentes que condicionam os programas do SEBRAE que utilizam o conceito de APL. Qualquer atividade produtiva pode ser objeto do programa que pode ser dirigido também para objetivos diversos como: a ampliação do comércio exterior, a substituição de importações, o aumento da competitividade ou do nível tecnológico de produtos e processos, o equilíbrio no desenvolvimento regional ou a ampliação do emprego e da qualidade do crédito. Este diagnóstico é realizado pelos profissionais técnicos do SEBRAE-SC em parceria com atores locais, de forma a criar, já na elaboração do programa fortes interações entre os participantes. Nesse processo torna-se freqüente a participação de associações de produtores e empresários, de sindicados de trabalhadores, das prefeituras municipais, e do governo do estado através das Secretarias Estaduais de Desenvolvimento Regional (SDR’s), conforme se observa no Quadro 4, no final deste capítulo. Identificadas as deficiências e potencialidades dos APLs no diagnóstico, a segunda etapa do processo consiste em definir ações capazes de diminuir os gargalos e maximizar as potencialidades identificadas. Cada ação corresponde, portanto, a um projeto elaborado, envolvendo normalmente um grupo amplo de organizações. Como exemplo, pode-se verificar que identificada a combinação entre a dificuldade de exportar e o potencial de desenvolvimento tecnológico, o SEBRAE-SC poderá articular a participação de órgãos do 13 governo federal, estadual, municipal, e/ou mesmo não-públicos no projeto - como é o caso da Agência Brasileira de Promoção a Exportações e Investimentos (APEX) e da Agência de Fomento de Santa Catarina (BADESC). Fica, portanto, a cargo do SEBRAE o papel de adequar às necessidades e potencialidades identificadas nos APLs aos programas e ações desenvolvidas por outras instituições. Entre as instituições estaduais com maior participação na articulação dos projetos com o SEBRAE estão: o Badesc, a FAPESC, o SENAI, as SDR’s, e em menor medida a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI). No âmbito local as instituições que atua com maior freqüência como parceiros dos SEBRAE são as prefeituras municipais. Entre as ações desenvolvidas pelo SEBRAE-SC destaca-se também a adequação das demandas identificadas nos projetos de APLs às oportunidades contidas em programas da própria instituição. É exemplo o Programa Capacitação de Fornecedores, que dedica apoio tecnológico e gerencial aos micro e pequenos empresários, com o objetivo de adequação às exigências do mercado, e o Programa Via Design SEBRAE que procura desenvolver melhorias dos produtos nos aspectos funcionais, ergonômicos e visuais, em projetos de parceria com o IEL/SC, UFSC, UDESC, Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e SENAI. A partir deste programa já foram implantados seis núcleos de inovação e design (artesanato, cadeia têxtil, embalagens, cerâmico, metal mecânico e moveleiro), além de três oficinas de artesanato (cerâmicas fibras e tecelagem). São também freqüentes as consultorias técnicas, tecnológicas e financeiras realizadas por especialistas contratados pelo SEBRAE-SC. Para o SEBRAE-SC a atuação em parceria - ao mesmo tempo em que diminui os riscos associados aos possíveis arrefecimentos futuros do comprometimento dos parceiros com o objetivo do projeto, é capaz de estimular a participação de um conjunto amplo e diversificado de atores locais. No último ano de 2008, o volume de recursos destinados pelo SEBRAE-SC a esses projetos girou em torno de R$ 10 milhões. A instituição contribui normalmente com cerca de 50% do valor dos projetos, sendo o restante a contrapartida das outras instituições envolvidas e das próprias empresas inclusive. No que se refere ao papel das instituições parceiras é decisivo o esforço na fase de captação de recursos para a realização do projeto. Além disso, a coordenação do projeto é capaz de alavancar outras contribuições não orçadas diretamente no projeto. São exemplos: a disponibilização de técnicos por instituições especializadas e o custeio de deslocamento até a região do APL. O SEBRAE-SC projeta, grosso modo, que para cada R$ 1,00 alocado pela instituição para o projeto, outros R$ 3,00 ou R$ 4,00 sejam incluídos como contrapartida. A gestão dos recursos e das ações é feita de maneira compartilhada envolvendo o SEBRAE-SC e as instituições parceiras. Enquanto que a fiscalização dessa gestão é terceirizada para empresa especializada, contratada por meio de licitação de acordo com os recursos previstos no orçamento do projeto. Dentre as delegações repassadas à esta empresa terceira está a responsabilidade de elaborar um diagnóstico, a cada 6 meses, sobre a satisfação dos agentes envolvidos no projeto, dentre outros atributos. Segundo o SEBRAE-SC, as ações previstas nos projetos são efetivamente realizadas em 90% dos casos. A parte não realizada fica explicitada, em menor escala, pelo não cumprimento das contrapartidas, e no mais das vezes pelos eventos conjunturais tais como, mudanças abruptas da taxa de câmbio, ou fenômenos naturais por causas metereológicas. 14 No que se refere ao impacto das ações capazes de diferenciar o desempenho das firmas inseridas em APLs, foi dado destaque à ampliação do aprendizado tecnológico e produtivo. Segundo o SEBRAE-SC as firmas inseridas em APLs apoiados têm conseguido desenvolver estratégias superiores de sobrevivência em conjunturas desfavoráveis, como por exemplo, a ampliação da concorrência pela ampliação das importações chinesas, e a necessidade de adequação às exigências tecnológicas. É importante destacar, para efeito do mapeamento das políticas propostas, que os projetos resultantes dessas ações estarão automaticamente inclusos no “Programa APL” do SEBRAE-SC, ou seja, o programa se estrutura de acordo com as demandas dos atores locais. Não há um diagnóstico preliminar sobre potencialidades e gargalos da economia catarinense capazes de nortear a seleção de APLs a serem apoiados, ou mesmo uma vinculação direta às possíveis prioridades do governo do estado de Santa Catarina. O “Programa APLs” do SEBRAE-SC baseia-se numa diretriz da política federal no âmbito da instituição, qual seja, a de priorizar o apoio de micro e pequenos estabelecimentos localizados em APLs. Não se trata, portanto, de um programa desenvolvido especificamente para Santa Catarina. A partir desta descrição sobre as atividades do SEBRAE em Santa Catarina percebe-se que há de fato ações políticas para APLs capazes de estimular interações e vínculos cooperativos com vistas à ampliação da competitividade, inclusive pela via do desenvolvimento tecnológico. Tais ações estão amplamente adequadas à perspectiva de arranjos produtivos locais pelo fato de envolver os atores locais nas etapas de implementação e coordenação das atividades, o que, dada a capacidade de ampliar as possibilidades de sucesso, na medida em que abarca e estimula determinadas características - como confiança e comprometimento dos atores locais com seus objetivos comuns, mostra a eficácia das intervenções baseadas no conceito de arranjos produtivos locais utilizado. Contudo, este conjunto de ações não se desenvolve segundo um programa específico baseado em características fundamentais da economia catarinense, tais como o desenvolvimento regional desigual, ou o desenvolvimento tecnológico diferenciado de arranjos produtivos locais de mesmo setor. Nesse sentido, o SEBRAE-SC é, provavelmente, a instituição atuante em Santa Catarina que está mais preparada institucionalmente para contribuir com tal objetivo, pelo fato de estimular a ação coletiva em seus projetos. 15 Quadro 3 - A Transformação na Ação do SEBRAE-SC e o Conceito de APL A forma de atuação recente do SEBRAE-SC é, provavelmente, aquela que melhor se adequa a perspectiva de APL, por (i) estimular interações e atividades conjuntas dos atores locais, (ii) ter como objetivo final a ampliação da capacidade competitiva e cooperativa das firmas inseridas nessas estruturas, com foco no desenvolvimento sustentado de longo prazo, e (iii) a participação dos agentes locais na gestão e implementação dos projetos. A introdução dessa última característica é a inovação, e só foi possível devido às experiências intervencionistas, acumuladas e elaboradas, sob óticas sensivelmente diferentes no passado. Desde o final do primeiro mandato do governo Lula, mas especialmente a partir do segundo, a forma de atuação do SEBRAE em estruturas produtivas locais especializadas tem procurado ampliar a participação dos atores locais na gestão dos recursos. Anteriormente mais centralizada nos técnicos da instituição, a elaboração e a gestão dos projetos de apoio contam, atualmente, com a participação muito mais efetiva de atores locais. A gestão está muito mais dentro do território, o que tem dado maior publicidade e adesão por parte de atores locais aos projetos de apoio. Essa mudança incremental tem-se minimizado um dos principais obstáculos ao sucesso dos projetos de apoio aos APL’, seja, o comprometimento dos atores locais com objetivos e procedimentos comuns. Pode-se dizer, portanto, que a forma de apoiar APLs do SEBRAE, por se adequar melhor a perspectiva teórica de APLs, através da maior participação dos atores locais nas fases de elaboração, implementação e gestão das ações, logrou diminuir antigas dificuldades para a efetivação dos apoios. Fonte: Elaboração própria 2.2. O Instituto Evaldo Lodi de Santa Catarina O Instituto Evaldo Lodi (IEL) foi constituído como uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, possuindo atribuições associadas ao desenvolvimento de serviços para o melhoramento da gestão e ampliação da capacitação das firmas. As ações, centradas na capacitação e educação dos trabalhadores, se desenvolvem na forma de estímulo à inovação, a eficiência na gestão das firmas e ao desenvolvimento econômico e ecológico sustentável. As atividades do IEL tiveram início em Santa Catarina em 1970, e durante os 24 anos seguintes estiveram centradas no gerenciamento de estágios universitários para o setor da indústria. A partir de 1994 sofreu uma reformulação estatutária e passou a desempenhar funções de agência de desenvolvimento industrial e tecnológico, tendo como missão específica a promoção, adequação, articulação, interação e a cooperação entre instituições de ensino e pesquisa, instituições governamentais e a indústria. Nesta articulação foi dada especial atenção ao estabelecimento de vínculos entre o setor produtivo, as instituições de ensino e as agências de fomento creditício, como forma de tornar viável o uso e difusão dos conhecimentos gerados nas instituições de C&T nas indústrias. Os programas desenvolvidos envolvem desde estratégias para o aumento da rentabilidade, mas com uso consciente dos recursos naturais, até projetos de inovação e de P&D. 16 Entre os programas voltados aos esforços de ampliação da capacidade inovativa, destaca-se o Programa de Qualificação dos Fornecedores (PQF), o Programa de Elaboração de Projetos de Inovação (PEPI) e o Programa de Benchmarking Industrial (PBI). A principal fonte de recursos do IEL constitui-se do montante dos 1,5% (um e meio por cento) das receitas institucionais do sistema FIESC, SESI-SC e SENAI-SC, além da aplicação de recursos dos fundos de incentivos públicos e privados em pesquisas e projetos. O Instituto possui escritórios de atendimento em 10 regiões do estado, tendo sua sede e estrutura administrativa na capital do estado de Santa Catarina. A administração central é composta por representantes de diversos ramos da atividade industrial do Estado, mas também por representantes institucionais tais como: BRDE, FAPESC, SEBRAE-SC, UFSC, Fundação CERTI, UDESC, e o Sistema da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (ACAFE). 2.2.1. A Atuação do IEL em APLs O IEL atua em APLs como parte de sua missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável da indústria catarinense, através de melhoramentos na gestão e capacitação empresarial, no apoio à inovação, e na interação entre instituições de ensino/pesquisa e empresas. O apoio efetivo se dá no sentido de criar as condições para melhorar os vínculos entre políticas para APLs de outras instituições e esferas, sejam elas federais, estaduais, locais, públicas, semi-públicas ou privadas, e as demandas de atores locais organizados. Essa missão é cumprida na forma de elaboração e gerenciamento de projetos baseados em demandas locais que possam ser adequadas para programas de outras instituições. Não há, portanto, um programa específico da instituição para o desenvolvimento de APLs catarinenses, ou mesmo, um volume mínimo de recursos destinados ao apoio efetivo aos APLs. Para que as demandas locais possam existir, o IEL-SC possui uma estratégia de atuação que prevê a estruturação e recuperação de vínculos entre os atores locais, com foco especial na participação de instituições representativas de classe e instituições de conhecimento. Como parte dos primeiros esforços é destacado o estímulo à participação em fóruns de debate e a estruturação de organizações capazes de diagnosticar constantemente as demandas locais. Ao instituir estas estruturas o IEL-SC considera constituir formas de governança de APLs, e o resultado esperado é o de que as demandas locais surjam, exatamente, dessa instituição. Em resumo pode-se dizer que a participação inicial do IEL-SC está muito mais associada com as intencionalidades de aproximação de atores e muito menos em diagnosticar demandas locais. O conjunto de atores e a forma com que eles passarão a se organizar será o fator determinante da construção das demandas por projetos que poderão ou não fazer parte das atividades do IEL-SC. As etapas de formalização dos projetos e a busca de recursos para sua implantação fazem parte das atribuições do IEL-SC. Nesse sentido, atua de maneira próxima ao SEBRAE-SC, buscando adequar possibilidades de programas e políticas de diversas instituições às demandas dos atores locais. 17 2.3. A Fundação de Apoio a Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) A Fundação de Apoio a Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) é vinculada ao Gabinete do Governador do Estado, e tem como missão institucional fomentar a pesquisa científica e tecnológica nas diversas áreas do conhecimento no estado de Santa Catarina, considerando os objetivos de equilíbrio no desenvolvimento regional e o desenvolvimento econômico com o uso consciente dos recursos. A atuação da FAPESC ocorre através do apoio com dispêndio de recursos financeiros a fundo perdido ou do financiamento de projetos de instituições de ensino e pesquisa. Atenção especial é dada à formação e a capacitação de recursos humanos requeridos para a pesquisa científica e tecnológica, procurando desconcentrar as atividades, atualmente, intensamente centralizas na capital do Estado. Entre os programas específicos desenvolvidos pela instituição há um intitulado “Programa APL”. Este programa consiste no apoio às iniciativas de desenvolvimento de tecnologias específicas por parte de empresas, vinculadas ou não a instituições de pesquisa e tecnologia. O apoio é dado através da aplicação de recursos financeiros à projetos de empresas capazes de atender as especificações de programas da instituição, destinados ao desenvolvimento de tecnologia específica. Contudo, apenas uma empresa é a vencedora do projeto, sendo que, apenas em alguns casos há vinculação com instituto de educação e pesquisa, o qual pode ou não estar localizado no mesmo espaço geográfico. Deduz-se daí que o impacto espacial da destas ações é mais restrito. Não se trata de um programa voltado à ampliação da articulação de agentes locais com vistas ao estímulo e à criação e/ou difusão de conhecimentos entre atores locais, ou mesmo a capacitação de um conjunto de atores. Sob a forma de intervenção política da FAPESC as ações geram benefícios, no máximo, indiretos e pouco relevantes ao conjunto de atores que formam o APL. Não se pode, portanto, considerá-la uma ação para APLs, ainda que a firma e a instituição beneficiada possam estar inseridas em algum arranjo produtivo local. Em outras palavras, o programa não é desenvolvido levando em consideração as especificidades de determinado arranjo produtivo, como por exemplo: as articulações produtivas existentes; as potenciais articulações; o potencial de demanda interna e externa; o nível tecnológico de produtores e fornecedores; a estrutura de conhecimento local; entre outras características. Trata-se de fato, de uma política para o desenvolvimento tecnológico que pode, apenas indiretamente, ter algum impacto tecnológico e economicamente nos atores locais inseridos no APL. Isso não quer dizer, todavia, que essas ações não sejam adequadas do ponto de vista do desenvolvimento do APL, quando partem de estratégias de desenvolvimento como aquelas desenvolvidas por SEBRAE-SC e IEL-SC, por exemplo2. Informações colhidas no sitio da FAPESC demonstram existir quatro programas para APLs, de acordo com o Quadro a seguir: 2 A listagem de APLs da FAPESC não está incluída no anexo 1. Contudo, há casos em que o apoio da FAPESC foi considerado parte da ação coordenada por outros órgãos (SEBRAE, FIESC ou GTP/APL. 18 Quadro 4 - Programa APLs - FAPESC Programa Número de projetos aprovados Localização das firmas vencedoras dos editais segundo as SDR’s* Recursos Aplicados (R$) APL Suinocultura 5 Chapecó 20.709,0 Concórdia 120.000,00 Videira 109.000,00 São José e 108.000,00 Tubarão 161.000,00 APL Cerâmica Vermelha 1 Criciúma 71.350,00 APL Malacocultura 2 Itajaí e 167.500,00 São José 129.004,09 Blumenau 54.100,00 Mafra 12.780,30 São José e 372.039,00 Lages 39.737,70 - 1.365.220,09 APL Móveis e Madeira Total 4 12 * Nota-se que não há contigüidade entre as SDR’s, onde estão inseridas as firmas que tiveram projetos aprovados . Fonte: Elaboração própria com base nos dados da FAPESC Com base no que destacamos neste capítulo evidencia-se as poucas iniciativas do governo do estado na elaboração, coordenação e implantação de uma política para APL. À Câmara de APLs, único órgão vinculado ao governo do estado com ações efetivas, tem papel bastante restrito sob o ponto de vista da formulação de políticas. As SDR’s caracterizam uma ação territorializada do governo sem, contudo adotarem explicitamente políticas de estímulo a APLs, além do fato de não estarem articuladas ao órgão estadual que procura coordenar as ações de política. As ações no estado ocorrem por iniciativa de agências estaduais de órgãos federais. Tanto o IEL-SC como o SEBRAE-SC, no entanto, atuam de maneira pouco articulada à política do governo do estado. 19 3. Metodologias Adotadas para Identificação dos Arranjos Produtivos Locais, e os Critérios para Seleção dos Arranjos Objetos das Políticas Neste capitulo procuramos identificar os critérios e metodologias adotados pelas instituições que atuam no apoio a APLs em Santa Catarina. Inicialmente observamos a definição de APLs dada pelas instituições para em seguida analisarmos os critérios que as mesmas utilizam na seleção dos APLs que serão objetos de suas ações. 3.1 Quanto a Definição de APLs. Para o conjunto das instituições a definição de Arranjo Produtivo Local é bastante homogênea. Todas se referem a um conjunto de agentes produtivos, associativos, governamentais, educacionais e financeiros, para destacar os mais mencionados. A referência nestas definições ao tamanho dos agentes produtivos se relaciona mais a atividade fim do órgão que utiliza o conceito. O SEBRAE, por exemplo, destaca na definição a presença de micro e pequenas empresas ainda que não exclusivamente. Também todos os órgãos se referem a uma atividade produtiva em destaque, de natureza industrial ou não e com mais ou menos ênfase destacam também as atividades relacionadas a cadeia produtiva da atividade econômica em referência. E também todas se referem a presença de algum nível de coordenação entre esses agentes no contexto dessa estrutura localizada. Menos homogêneo é a caracterização do local onde esta situada a atividade e os agentes, pois a mesma pode ser uma área geográfica contigua ou não. É comum se observar a denominação de APLs para o conjunto de agentes com uma mesma atividade produtiva e algum nível de coordenação entre eles, mas que não ocupam um espaço contiguo, ou seja nem sempre a proximidade geográfica está presente. Mas a relativa homogeneidade da definição entre os órgãos que realizam políticas para estímulo a APLs, não significa uniformidade no entendimento quanto a inúmeros outros aspectos. Com por exemplo os que se referem a dinâmica de funcionamento e as possibilidades de desenvolvimentos de APLs, Essa heterogeneidade vem a se refletir também no sentido e objetivo das políticas. Destacam-se, por exemplo, o uso dessa definição em políticas de estímulos às pequenas e médias empresas, ou de estímulo ao desenvolvimento regional, ou de estimulo a inovação e competitividade, ou políticas industriais voltadas para adensamento da cadeia produtiva no local, ou ainda políticas para estimular as exportações. De qualquer forma, os órgãos que de alguma maneira utilizam em suas políticas a definição de APL, parecem reconhecer que, em primeiro lugar, a ação conjunta, ou mesmo a simples interação entre os diversos agentes, cria externalidades que justificam a política não ser dirigida a um único agente, mas ao seu conjunto. Em segundo lugar, ainda que com um grau menor de homogeneidade, a percepção de que essas relações no contexto de um espaço contiguo, ou seja, acompanhadas pela proximidade geográfica e em alguns casos institucional entre os agentes, é também um elemento decisivo para a criação de externalidades. Como observamos no caso de Santa Catarina a definição é apropriada pelo órgão para os fins de sua política e de forma mais freqüente enfatizando dois aspectos: a) a homogeneidade da atividade produtiva, ou seja, o APL é quase sempre referenciado a um setor produtivo, e b) a exigência quanto a presença de alguma forma de coordenação entre 20 aquele conjunto de agentes, na medida em que será esta a possibilidade que viabilizara o tratamento com os agentes para a aplicação da política. Essas questões práticas se sobrepõem a questões relativas a estrutura ou a dinâmica, como a densidade da cadeia produtiva no local, ou a intensidade das interações e aspectos diversos do funcionamento como diferentes formas de governança que não a coordenada por organizações representativas, mas ligadas a dimensão e composição das praticas de terceirização local por exemplo. Desta forma a definição usual de APL torna-se suficiente para orientar as políticas, e em ultimo caso, os órgãos estão usando a definição de APL como um instrumento para a realização de sua própria política, ou seja, estímulo às micro e pequenas empresas, viabilização de empreendimentos pequenos em tecnologias mais avançadas, etc. Não se trata, portanto de criação de externalidades locais como intenção e foco da política, mas a definição de APL torna-se um instrumento da política que poderá provocar externalidades locais na medida em que a política procura atingir um conjunto de agentes. Em Santa Catarina, o órgão que procura articular as ações que afetam os APLs, assim os define: “Sistema Produtivo local (ou Sistema Econômico Local): Região fortemente estruturada, contendo um ou mais clusters, redes de empresas, com um planejamento territorial com alta interação público-privada, com respeito à cultura e com o objetivo de assegurar a QUALIDADE de VIDA dos habitantes”. Esta definição sugerida em várias palestras do coordenador da câmara indica uma concepção com fortes interações institucionais e significativos efeitos regionais/locais, enfatizando a importância do planejamento regional. No Estado de Santa Catarina a ausência de uma política explicita para APLs e a difusão de seu uso por entidades de diferentes níveis de governo não exige precisão quanto a definição desse objeto de intervenção política. O APL acaba sendo um instrumento para políticas que tem outros focos quais sejam, o desenvolvimento regional, a exportação, o apóio as micro e pequenas empresas entre outros. Em outras palavras, as políticas não buscam estruturar APLs ou afetar sua dinâmica, mas sim visam estimular as exportações daquele conjunto de empresas ou desenvolver suas capacitações tecnológicas, por exemplo. Considerando esse contexto estadual, passamos a investigar os critérios de seleção utilizados pelos órgãos para incluir os APLs em seus programas. Destacamos aqui preliminarmente o SEBRAE e o IEL. 3.2. Os Critérios do SEBRAE-SC para a Inclusão de APLs em seus Programas No caso do SEBRAE-SC, os critérios mínimos para a seleção de um APL a ser apoiado são (i) no mínimo vinte estabelecimentos vinculados a uma mesma cadeia produtiva, (ii) ocupação de no mínimo cem pessoas nesses estabelecimentos e (iii) que o produto final produzido pelo APL apresente características mínimas de homogeneidade. Sob essas características, as possibilidades do desenvolvimento de projetos em Santa Catarina seriam imensas. Contudo, o critério limite nas fases de identificação e seleção dos APL’s é determinado pela capacidade de estruturação das demandas locais que chegam à instituição. Importa a capacidade de articulação dos atores locais tanto no que se refere ao comprometimento com objetivos comuns quanto com a busca de contrapartidas (monetárias) para que o apoio se efetive. Os casos selecionados são, portanto, aqueles em que os atores locais conseguiram cumprir a exigência do SEBRAE-SC de garantir uma contrapartida aos recursos aplicados 21 pelo SEBRAE no programa, de maneira que além de viabilidade técnica o projeto possua viabilidade operacional. É provável que Isso explique o conjunto restrito de APL’s identificados e não apoiados (tabela II do anexo I). Há aqui uma clara divergência na consideração do que é Arranjo Produtivo Local pela RedeSist e os APL’s que podem ser objeto de políticas do SEBRAE-SC, uma vez que o conceito da RedeSist, ao considerar características típicas das economias em desenvolvimento, enfatiza as articulações incipientes existentes em APL’s. Para o SEBRAE-SC, portanto, é necessário que haja uma articulação prévia entre os agentes Essa exigência, ainda que bastante compreensível, exclui aqueles casos em que, provavelmente, há maior necessidade de ações políticas para seu desenvolvimento. No que se refere aos arranjos apoiados existem casos em que a articulação dos agentes não é suficiente para o mesmo ser incluído no “programa APL”. Agentes articulados em torno de demandas ou projetos com baixo potencial de alcançar o desenvolvimento futuro sustentado das atividades não são considerados APL’s. Um exemplo é a articulação de agentes locais em torno de apoios historicamente assistencialistas de outros organismos. Nesse caso, ainda que o apoio se efetive, o SEBRAE-SC o classifica como parte de outro programa da instituição. Há ainda casos que poderiam ser considerados no programa de apoio a APL, mas estão incluídos em outros programas. São exemplos os apoios para: (i) “Aumento da competitividade das empresas de móveis no varejo do Oeste Catarinense”, que busca capacitar as empresas localizadas em municípios contíguos da região, ou (ii) “Desenvolvimento dos Vinhos Catarinenses”, o qual, busca difundir o desenvolvimento tecnológico e organizacional e a divulgação da marca ACAVITIS (Associação dos Vitivinicultores Catarinense) no mercado. Ainda que esse possa parecer um programa setorial para o Estado, de fato, se trata do desenvolvimento de uma linha especial de vinhos: “os vinhos de altitude” desenvolvidos sob condições específicas do relevo das regiões serranas e meio-oeste do Estado. 3.3. Os Critérios de Seleção de APL’s a Serem Apoiados pelo IEL-SC Segundo informações colhidas no IEL dois critérios complementares são determinantes para a seleção dos APL’s a serem apoiados pela instituição: (i) um diagnóstico preliminar sobre a situação produtiva, tecnológica e social da indústria no Estado, o qual, está baseado em indicadores analisados por técnicos do IEL-SC e/ou de diagnósticos específicos encomendados pelo IEL/FIESC e (ii) a capacidade de organização dos atores locais em torno do desenvolvimento de atividades em prol de objetivos comuns. No que se refere ao segundo ponto a divergência de interesses dos atores do APL tem se mostrado o principal empecilho para que o apoio se efetive. Para o IEL-SC há certa dificuldade de articulação dos atores em torno de projetos comuns devido a pouca compreensão das potenciais oportunidades alcançáveis, via composição de estrutura organizacional coesa, capaz de identificar e legitimar demandas por projetos e políticas. Em caso de dificuldades de institucionalização dessa estrutura organizacional, não haverá acordo sobre demandas conjuntas e conseqüentemente não haverão “projetos” de apoio do IEL-SC. O pequeno número de APL’s apoiados pelo IEL-SC (apenas seis), sugere que, provavelmente, a forma de atuação gera uma “preferência” implícita pelos casos mais estruturados de maneira mais intensiva do que o SEBRAE-SC. Contribui para essa 22 interpretação o fato de que o apoio dado pelo IEL-SC é direcionado as atividades bastante desenvolvidas em suas regiões. 3.4. Os Critérios de Seleção da Câmara de Aglomerações Produtivas e Redes de Empresas Entre os 10 APLs resultantes desse processo, 7 deles são casos bastante estruturados do ponto de vista da densidade de firmas e empregados e outros 3 menos estruturados e de desenvolvimento mais recente. Os sete primeiros: (i) Têxteis em Blumenau, (ii) Metalmecânico no nordeste do Estado, (iii) Calçados no vale de Tijucas, (iv) Móveis em São Bento do Sul, (v) Tecnologia da Informação e Comunicação em Florianópolis, Joinville e Blumenau e em menor medida (vi) Cerâmica Vermelha em Tubarão e Rio do Sul e (vii) móveis e madeira em Chapecó. Os casos menos estruturados são (i) APL’s de Leite de Chapecó, (ii) Malacocultura de Florianópolis e (iii) Vinicultura da Serra Catarinense. A seleção desses Arranjos em primeiro lugar resultou da própria demanda dos atores locais e de suas representações nos órgãos estaduais ou federais. Em segundo lugar, coube ao GTP/APL excluir da lista remetida os APL’s de bananicultura da Região de Luiz Alves e de plásticos da Região Sul, para atingir o número de 10 prioritários por estado conforme havia definindo previamente. Este procedimento da Câmara de APL, na pratica foi uma opção por deixar à critério do GTP/APL a identificação dos prioritários, após uma seleção prévia feita pela Câmara. A indicação dos APL’s catarinenses a serem apoiados pelos programas especiais desenvolvidos pelas instituições vinculadas ao GTP/APL MDIC estão basicamente associados a projetos apoiados por órgão participantes da Câmara de APLs.. Os APLs a serem indicados para o GTP, foram selecionados a partir de um conjunto no qual já havia alguma atuação das instituições que formam a Câmara. Esse conjunto excedia em apenas dois casos o numero de indicações solicitada pelo GTP/APL Dos doze projetos apresentados ao GTP/APL, dez foram selecionados pelo próprio GTP para serem incluídos na lista de prioritários. De certa forma a Câmara deixou essa tarefa a cargo do MDIC. Isso é decorrência do fato de a Câmara atuar principalmente como um órgão que cria o espaço interinstitucional para articular entidades que se preocupam com APLs. Não é, portanto o órgão formulador da política, mas reflete a ação de seus membros. 3.5. Conclusões do Capítulo Desse capítulo destaca-se a importância da capacidade de expressão das demandas locais para os APL’s serem apoiados por políticas. A estruturação dos interesses locais capaz de estabelecer algum nível de coordenação dos agentes beneficiários em torno do apoio e de contrapartidas exigidas parece ser um aspecto prévio nos critérios de inclusão de APLs em programas de apoio. A definição de APLs, segundo as observações da pesquisa, possibilita caracterizar um objeto especifico de ação da política, quais sejam agentes de determinada atividade produtiva em articulação com agentes educacionais, públicos, entre outros, com algum nível de interação ou coordenação, num determinado território. 23 As políticas, entretanto parecem atuar, não sobre o estimulo à esse objeto, mas sim usando-o como instrumento de política para focos específicos como a exportação, a capacitação tecnológica, o aumento da renda local, etc. Ou seja não procuram através da política criar externalidades decorrentes da proximidade e das interações entre os agentes, que é o que o estimulo a aglomerações pode proporcionar. O possível fortalecimento da estrutura e da dinâmica local que pode ser o resultado da política parece ser um meio para os fins da política que esta dirigida para diversos propósitos. Ou mesmo um sub-produto. Por outro lado a inexistência de uma política especifica para APLs e a existência de um órgão de articulação institucional na esfera do governo estadual reforça essa concepção de APL como instrumento para outras políticas, pois acaba por coordenar ações de política de instituições que atuam em campos diversos e que tem em comum o instrumento para realizar suas políticas específicas, qual seja o APL. Nesse contexto o êxito da política tende a depender do nível de estruturação do instrumento da política. Em decorrência serão escolhidos os APLS mais estruturados, e melhor organizados no nível da sua governança e da sua representação. Ressalta-se com isso, entre outros aspectos, a dificuldade das instituições catarinenses que apóiam APL’s em identificar e apoiar os casos menos estruturados, os quais, provavelmente, careçam de mais apoio do que aqueles mais articulados. Essa concepção proporcionara impactos também nos mapeamentos, ou seja, na identificação de APLs para políticas de apoio como analisaremos no capítulo seguinte. 4. Os Principais Mapeamentos Existentes de Arranjos Produtivos Locais no Estado e Identificação dos APLs que são Focos de Políticas Públicas Esse capítulo objetiva analisar os mapeamentos realizados pelas instituições no estado de Santa Catarina. Considerando a definição de APL e os critérios utilizados para selecionar os APLs, Inicialmente comentaremos os mapeamentos que resultam da utilização de bancos de dados secundários. A primeira lista que analisamos é considerada pelo coordenador da Câmara de APLs como uma referência importante, mas não é uma relação oficial daquele órgão. Em seguida será analisado a relação de APLs apoiada pelo Sebrae, destacando uma questão especifica qual seja a existência de APLs apoiados pela instituição sem terem sido incluídos no programa especifico de apoio a APLs. A terceira seção destaca a ação do IEL, com ênfase no apoio aos APLs de tecnologias de informação e comunicações. A última seção apresenta as conclusões preliminares do capítulo. 4.1 O Mapeamento “Implícito” da Câmara de APLs e os APLs Prioritários Esta relação de APLs foi obtida de palestras do coordenador da Câmara de APLs. Não se trata de uma decisão de política, mas reflete um relativo consenso quanto à regionalização e especialização da estrutura produtiva catarinense, já demonstrada em diversos outros estudos que identificam aglomerações produtivas através de banco de dados estatísticos. Pode-se afirmar com segurança que qualquer política específica, ou qualquer ação para apoio a APLs em Santa Catarina, terá que considerar como base essa distribuição das atividades produtivas. 24 O quadro abaixo destaca as aglomerações usualmente consideradas nos setores industriais: Quadro 5 - APLs em Setores Industriais SETOR DE ATIVIDADE Confecções CAMARA de APLs GOVERNO ESTADUAL (regiões adminstrativas) a)Joinville e Jaragua b)Rio do Sul, Ituporanga, Ibirama, Blumenau e Brusque c)Tubarão, Criciúma , Ararangua OUTROS ORGÃOS (municípios) São Miguel do Oeste Chapecó Metal Mecânico (Maq. E Equip.) a) Joinville e Jaragua b) Rio do Sul, Ituporanga e Ibirama c) Chapecó e Joaçaba São Miguel do Oeste Madeira e Móveis a) São Miguel do Oeste, São Lourenço do Oeste, Maravilha, Chapecó Palmitos b) Tubarão e Ararangua c)Campos Novos, Caçador, Curitibanos, Rio do Sul, Ituporanga e Ibirama, Mafra, Canoinhas, Lages e São Joaquim a)Brusque b)Ararangua a)Blumenau b)Tubarão e Criciúma Laguna Tubarão Criciúma São Bento do Sul Lages Papel e Celulose Couro Calçados Plástico e Quimica Cerâmica Informática Alimentos São João Batista Joinville Tijucas Camboriu Canelinha Brusque Blumenau Joinville Florianópolis a) São Miguel do Oeste, Maravilha, Chapecó, Xanxerê. Concórdia, Joaçaba, Videira. b) Jaraguá do Sul c) Lages d) Canoinhas e) Ararangua Nos serviços e na agricultura, frente à dificuldade no uso de bancos de dados, o consenso é menor, mas pode-se destacar como usualmente reconhecidos as aglomerações listadas no quadro abaixo. Em todos os casos, ainda que exista divergência quanto a delimitação das aglomerações, não há desacordo quanto a atividade produtiva. Mais recentemente, devido a ampliação da ação de apoio e estimulo a APLs, principalmente por órgãos do governo federal, diversos outras aglomerações ou APLs em outros setores econômicos passaram a ser consideradas, como apontamos nos quadros anexos a este relatório. Nesta relação o critério básico de inclusão é a constatação da concentração espacial da atividade produtiva que se reflete em índices diversos de concentração. Mas também se pode afirmar que há critérios, ainda que não sejam objetivos, tais como, a forte especialização da estrutura produtiva catarinense, que evidencia áreas de produção 25 tradicional em determinada atividade, como a têxtil, a metal mecânica, a de carnes de aves e suínos, a de papel e celulose, a de móveis, e a de cerâmica branca entre as mais destacadas. Quadro 6 - APLs em Setores Agrícolas e de Serviços SETOR DE ATIVIDADE Transportes Turismo Aqüicultura Fruticultura CAMARA de APLs GOVERNO ESTADUAL(a denominação do local refere-se à região administrativa) Concórdia Iatajaí Florianópolis Laguna Transportes Turismo Aqüicultura Fruticultura Apicultura Floricultura Lages São Bento do Sul Litoral Norte Blumenau Festas de outubro Florianópolis Itajaí Videira São Joaquim Apicultura Floricultura SETOR DE ATIVIDADE OUTROS ORGÃOS (a denominação do local refere-se ao município) CAMARA de APLs GOVERNO ESTADUAL (a denominação do local refere-se à região administrativa) Concórdia Iatajaí Florianópolis Laguna Curitbanos Videira Joinville OUTROS ORGÃOS ( a denominação do local referese ao município) Lages São Bento do Sul Litoral Norte Blumenau Festas de outubro Florianópolis Itajaí Videira São Joaquim Curitbanos Videira Joinville Se por um lado estas atividades se intensificaram nas suas áreas de origem, criando grande diversidade industrial no local, por outro lado elas também se dispersaram pelo território catarinense. Estudos recentes, como mencionado no primeiro capítulo deste relatório, atestam essa dispersão. Essa identificação, atualmente exige estudos mais específicos para precisar as aglomerações atuais. Isso apresenta maiores dificuldades naqueles espaços originais, pois nestes locais se ampliou a concentração geográfica de um grande número de diferentes atividades produtivas. Deve-se considerar também que atualmente a identificação de aglomerações através de bancos de dados estatísticos torna-se menos precisa na medida em que se ampliou consideravelmente a informalidade na economia. E tão importante quanto isso, a criação de atividades novas na indústria e principalmente nos serviços, com as mudanças nas relações de trabalho, tornaram deficientes as referencias analíticas consagradas, e, por conseguinte os dados que as informam. Aqui no estado exemplos importantes desse fato são as festas de 26 outubro no âmbito das atividades turísticas, ou as atividades específicas de automação industrial no interior da indústria metal-mecânica. Alem destes aspectos, a caracterização adequada de um APL exige uma investigação de campo, pois aspectos de governança e coordenação, são difíceis de serem captados com precisão. Essas dificuldades na construção de um mapa adequado do objeto da política, ou seja, dos APLs, combinadas com a ausência de uma política estadual específica, torna os mapeamentos realizados no estado, muito mais o retrato das políticas específicas dos órgãos que utilizam os APLs como seu instrumento de política. Assim é com o Sebrae-SC, o órgão que mais se refere em suas políticas a esse instrumento. Nesse contexto, quando da criação do GTP e por solicitação do mesmo a Câmara definiu como prioritários os seguintes APLs: 1) têxteis no vale do Itajaí, 2) metal-mecânico no nordeste do estado, 3) calçados no vale de Tijucas, 4) móveis em São Bento do Sul e 5) móveis no oeste. Como se observa são os APLs dos principais setores industriais catarinenses, como têxtil, metal-mecânico e móveis, e também duas aglomerações que estavam em rápido desenvolvimento como calçados em São João Batista e móveis no oeste do estado. Além destes foram recomendados em 2008 como prioritários ao MIDIC os seguintes: 6) APL de Vinicultura na Serra catarinense; 7) APL’s de Leite em Chapecó, 8) APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Florianópolis, Joinville e Blumenau 9) APL de Cerâmica Vermelha das regiões de Tubarão e Rio do Sul, 10) APL de malacocultura de Florianópolis, 11) Plástico no sul do estado; 12) banana no nordeste3. Esses dois últimos APL’s foram excluídos das prioridades do GTP/APL do MDIC. Portanto o mapeamento da Câmara de APLs que consideramos para este trabalho refere-se aos 10 prioritários, sobre os quais efetivamente se realiza uma política com alguma interveniência da Câmara e cujos critérios foram apresentados no capítulo anterior. Estes elementos sugerem que, conforme discutiremos a seguir, os mapeamentos, para alem daqueles que explicitam a característica de especialização regional da economia catarinense, tornam-se referidos mais as políticas especificas dos órgãos, principalmente do governo federal, do que aos estímulos para estruturação ou desenvolvimento de APLs específicos. 4.2. O Mapeamento do SEBRAE-SC O principal mapeamento de APL’s do estado, feito pelo SEBRAE-SC, está disponível no SIGEOR-SEBRAE (Sistema de Informação da Gestão Estratégica Orientada de Resultados) e no anexo 1 desse relatório. Conforme dito acima, além dos arranjos contemplados no “programa APL’s” existem outros em que as ações estão voltadas para APL’s. Esses, estão denominados de diversas formas no SIGEOR. São exemplos, os casos em que o SEBRAE-SC coordenou a articulação de agentes locais em torno de recursos provindos da Finep através de 11 editais de chamada pública. Por meio desses, esforços conjuntos em atividades de inovação estão sendo realizados por firmas de um mesmo setor ou cadeia produtiva, inseridas em 9 diferentes espaços geográficos. Um exemplo específico são as seis empresas da região de Laguna contempladas, na condição de intervenientes, na Chamada Pública 3 São, portanto 10 APL’s considerados pelo GTP/APL do MDIC como prioritários, conforme se discute no capitulo 4. 27 FINEP/SEBRAE 07/2006, como objetivo de desenvolver e caracterizar uma variedade de tilapia adaptada ao cultivo em águas salobras, como alternativa a decadente produção dos aquicultores da região. Outro exemplo, com atividades tecnológicas mais próximas do atual paradigma são as três empresas do APL de Tecnológica da Informação e Comunicação da Grande Florianópolis, contempladas também na condição de intervenientes na Chamada Pública FINEP/SEBRAE 07/2006 para o objetivo de criar uma metodologia de pesquisa computacional, um produto de desenvolvimento e a implantação de um software para a área médica dermatológica que auxilie na detecção precoce do câncer de pele. Além dessas 11 ações via chamada pública, outras 11 não incluídas pelo SEBRAE-SC em seu “programa APL” podem ser consideradas ações típicas de políticas para APL’s, por estimularem a articulação de atores locais e/ou sua capacitação operacional, tecnológica e gerencial em atividades produtivas de mesmo ramo. São elas: Quadro 7 - Políticas para APL’s do SEBRAE-SC com outras denominações: Denominação do APL APL de lojas de calçados de Criciúma APL de Artesanato da região Serrana APL do Artesanato da Palha do trigo de Joaçaba APL de maricultura de Florianópolis APL metalmecânico da Região Norte Classificação nos Programas do SEBRAE-SC Desenvolvimento da Competitividade das Lojas de Calçados e Acessórios da região da AMREC Desenvolvimento do Artesanato da Serra Catarinense APL dos Vinhos de Altitude Desenvolvimento do artesanato da palha do trigo no meiooeste Desenvolvimento do Cultivo de Ostras de Florianópolis Desenvolvimento do Setor Mecânico da Região Norte do Estado Desenvolvimento dos Setores de Automecânicos e de Metalmecânicos do Extremo Oeste Catarinense Desenvolvimento dos vinhos Catarinenses APL de fumo da região sul e sudeste do Estado APL de Bares e Restaurantes de Desenvolvimento sustentável da agricultura familiar catarinense Fortalecimento do Setor de Bares e APL metalmecânico do extremo Oeste Catarinense Forma de ações relacionadas Atividade Principal Principal Município Estímulos a cooperação de fornecedores e lojistas para ampliação de mercado e capacitação de pessoal Capacitação dos artesãos locais de modo produto final esteja baseado nas características do local Capacitação dos artesões locais como forma de alternativa de emprego Venda de calçado Criciúma Artesanato Lages Artesanato Joaçaba Ampliação dos mercados e melhoramentos nos processos produtivos Ampliação dos mercados melhoramento dos processos produtivos e capacitação Ampliação dos mercados, diversificação e melhoramento tecnológico de produtos Cultivo de Ostras Florianópolis Metal-Mecânica Joinville Metal-Mecânico Chapecó Desenvolvimento tecnológico de produto e processo. Desenvolvimento de marca. Diversificação da produção e eliminação de agrotóxicos Vinhos São Joaquim Fumo Braço do Norte Excelência na prestação de serviços Bares e restaurantes (turismo) Florianópolis 28 Florianópolis APL de EletroMetalMecânico de Joinville restaurantes de Florianópolis Melhoria Processo/Gestão Emp. Repres/Manut. de Equipamentos de Informática e Escrit Assoc. AJORPEME APL de Turismo do Vale Europeu Turismo Rural, Étnico e Cultural do Vale Europeu Capacitação através de ação conjunta das firmas prestadoras serviços de reparação e manutenção de a microcomputadores e materiais de escritório de Joinville Promover a integração dos atores locais em torno do objetivo de promover a preservação do patrimônio cultural, ambiental e histórico de maneira a torná-lo atrativo ao turista Firmas de manutenção e reparação de microcomputadores e materiais de escritório Joinville Gastronomia e turismo Blumenau Fonte: Elaboração própria Entre outros motivos a inclusão dos projetos acima em outros programas que não o de estimulo a APL, foi devido principalmente às dificuldades de articulação dos atores locais. A prevalência desse critério, que ocorre no momento da implementação dos projetos, sugere que o conceito de APL é muito mais um instrumento de política para atender demandas como preservação do patrimônio cultural, ou condições setoriais de competitividade, por exemplo, do que estimular condições estruturais para desenvolvimento de APLs. 4.3. O Mapeamento do IEL-SC No que se refere ao apoio dado pelo IEL/FIESC aos APL’s, apenas 5 casos foram identificados: o APL de cerâmica vermelha de Rio do Sul e o de Morro da Fumaça; o APL de móveis e madeira de São Bento do Sul; o APL têxtil e de confecções da região de Blumenau e o APL de Tecnologia da Informação e Comunicação das regiões de Florianópolis, Blumenau e Joinville. Além desses, foi ainda identificado o APL de cerâmica vermelha da região de Tijucas, próximo a grande Florianópolis. Contudo, em virtude das dificuldades da falta de articulação e comprometimento dos atores locais com a institucionalização de um projeto comum, esse APL’s não foi apoiado. No caso do APL de TIC há uma distinção na identificação dos “limites” territoriais dos APL’s de TIC’s em relação a identificação de Nicolau, (2002) e Rauen (2006) por exemplo. Esses autores informam sobre diferenças na formação e desenvolvimento em cada um das três regiões. Para os pesquisadores, a relação entre produtores e usuários, os recursos internos do ambiente local, a formação e as interações com a estrutura de conhecimento, assim como, a institucionalização de entidades de representação de classe, apontariam a formação de três APL’s. O primeiro (i) centralizado no município de Florianópolis e São José, com formação histórica muito associada ao conjunto de instituições locais de conhecimento, o que explicaria inclusive um nível intensivo de interações com essas instituições. Enquanto o segundo e o terceiro possuem histórico de formação associado à 29 terceirização da atividade em firmas das regiões de Joinville e Blumenau, ou seja, partes do processo de especialização e terceirização de atividades produtivas da firma, recorrentes nas últimas décadas.. As regiões, separadas por cerca de 200 Km, respondem por mais de 80% do emprego na atividade de softwares e, nesse caso específico, a função de aproximar entidades representativas parte das três regiões em torno do esforço de identificar demandas comuns, provavelmente se aproxime mais de uma estratégia setorial do que de uma estratégia de ampliação da utilização, criação e difusão de conhecimentos nos locais, a partir de recursos internos específicos. 4.4. Conclusão Os diversos mapeamentos de APLs construídos a partir de banco de dados estatísticos, no contexto de uma economia com fortes especializações regionais como a catarinense, possuem certa homogeneidade quanto aos resultados obtidos. Aponta para uma realidade já bem conhecida, mas exige atualmente um maior detalhamento, o que no entanto torna-se mais difícil de realizar devido a maior fluidez entre as fronteiras dos setores econômicos, a expansão das atividades terciárias e o avanço da informalidade. Além disso, no caso de Santa Catarina a ausência de uma política especifica a esse objeto pelo governo do estado não estimula a elaboração de mapeamentos que identifiquem APLs. Apesar de haver algum esforço nesse sentido pelas instituições acadêmicas. Também a intensificação da ação política para APLs por parte de órgãos federais no espaço estadual, faz com que os APLs identificados são os mais apropriados para a política fim do órgão que a realiza. Pois se trata de usar o APL não como o fim da política, mas como seu instrumento. Dessa forma Os mapeamentos tendem a privilegiar aglomerações produtivas que revelam a presença de interações de governança mais intensiva, principalmente em setores industriais que já apresentam potencialidades para obter êxito nas políticas fins daqueles órgãos. Notou-se que mesmo que as intervenções políticas estejam adequadas ao foco em APL’s e que as estruturas locais sejam típicas de APL’s, alguns casos podem não serem inclusos nos “programas APL’s” devido ou ao foco da política específica do órgão, ou a motivos como a incipiente articulação dos agentes no interior do APL o que poderia comprometer o resultado do foco especifico da política. Também, como se percebeu na divergência sobre a delimitação geográfica do espaço local, notou-se que ainda que se deva considerar as diferenças na forma de observar o fenômeno entre os pesquisadores e os policy makers, a afirmação desse último agente de que o caso de TIC é especial (pois o desenvolvimento e venda dos produtos podem envolver agentes localizados em diversas partes do mundo) aponta por um lado divergência de concepção do conceito e por outro possivelmente o fato das políticas para APL’s estarem em “moda” com menos atenção ao “modo” do tratamento aos APL’s. 30 5. Os Demais Arranjos não apoiados e considerações finais 5. 1. Os Arranjos Identificados nos Mapeamentos Existentes, e que não Foram ou não Estão Sendo Estimulados por Políticas Públicas no Pstado. Em Santa Catarina o número de Arranjos Produtivos Locais identificados e não apoiados é bastante restrito. Em primeiro lugar porque um critério importante para a seleção e portanto a identificação (ou seja sua inclusão na listagem da instituição) é a existência de uma demanda local e da capacidade de governança local e sua representação junto aos órgãos de política. Isso na ausência de uma diretriz de política no âmbito estadual faz com que sejam identificados apenas os que serão apoiados. Como vimos no caso do SEBRAE-SC parte das demandas locais não atendidas pela instituição ou não são caracterizadas como APL’s, ou não dispunham de governança local capaz de serem selecionados. No IEL-SC, esse mesmo tipo de dificuldade fez com que apenas um APL identificado não fosse apoiado4 . No caso da Câmara de Aglomerações Produtivas e Redes de Empresas, o não apoio a dois APLs, que junto com os demais reivindicavam serem selecionados como prioritários para o MDIC, foi resultado dos critérios de seleção do MIDIC e não dos órgãos estaduais. 5. 2. Os Arranjos não Incluídos em Listagens das Instituições que Apóiam APLs Para a identificação dos Arranjos Produtivos Locais não incluídos nas listagens e mapeamentos institucionais nos baseamos em pesquisa de teses, dissertações, monografias, e artigos científicos, bem como no conhecimento tácito dos pesquisadores. Alguns destes APLs apesar de não identificados ( ou seja, não incluídos nos mapeamentos dos órgãos de políticas) são bastante conhecidos, mas não foram objetos de políticas. A prioridade dada ao estimulo a atividade principal da região pode ter sido causa da inexistência de apoio a esses APLs, que via de regra estão localizados no entorno dos APLs principais e mais conhecidos. Pode-se sugerir que a suas origens, como desenvolvimento da atividade principal na região, explique a ausência de políticas nos mesmos. Encontram-se entre estes APLs surgidos como resultado do processo de diversificação da atividade produtiva especializada em determinada região: APL de plásticos, química, móveis e madeira, alimentício, em Joinville, APl de plásticos em Criciúma e Tubarão, APL de química de Joinville, metal-mecânico em Rio do Sul, metal mecânico em Chapecó, APL de construções civis de Criciúma, APL de logística de Itajaí. Há também os APL’s surgidos como fruto de alternativas produtivas a deterioração da atividade produtiva local como o de construção de embarcações em Itajaí. E existem também APL’s formados a partir da presença de recursos naturais na região. APL de cerâmica vermelha da região de São Bento do Sul, da cerâmica vermelha no Sul do estado. APL de carnes do extremo Oeste do Estado, centrado em Chapecó, APL de carne de Concórdia, APL de carnes da região de Joaçaba e APL Pesqueiro de Itajaí. APL do Turismo em Florianópolis. 4 Contudo, esse APL, cerâmica da região de Tijucas, é apoiado pelo SEBRAE-SC. 31 Alem destas questões, e como já afirmamos neste relatório, tanto a ausência de política quanto a política para fins diversos, utilizando a noção de APL como instrumento da política, não estimulam a identificação dos mesmos. Ao lado da inexistência de um levantamento mais exaustivo no âmbito do Estado, ressalta-se a freqüente seleção de APLs pelo simples atendimento de demandas locais. A organização local na demanda da política junto com a capacidade de representação acaba por ser um elemento decisivo na seleção dos APLs a serem identificados e apoiados. Estes aspectos acabam por ampliar o número de APLs não identificados nos mapeamentos dos órgãos de política e não apoiados por políticas.. Deve-se considerar também que em condições de estruturas econômicas mais diversificadas, a complexidade que se forma no local pode dificultar a identificação de APLs mais especializados. Também em regiões menos desenvolvidas economicamente, como a região de Lages no centro do Estado, a informalidade pode estar obstaculizando a identificação de APLs que podem ser alternativas de desenvolvimento local. Nesse contexto a lista anexa é apenas indicativa e tem por base principalmente aqueles que foram objetos de estudos específicos 5. 3. Considerações Finais A partir das informações e análises disponibilizadas nesse relatório destaca-se (i) a incipiência da política estadual de apoio a APL’s, (ii) a falta de articulação entre as ações do governo do Estado, voltadas a descentralização administrativa, como as Secretarias de Desenvolvimento Regionais e uma política de estimulo a Arranjos Produtivos Locais, (iii) o apoio a APL’s mais estruturados, do ponto de vista da articulação interna, e inseridos em regiões mais desenvolvidas do Estado, como resultado do critérios de seleção e identificação A existência de uma estrutura de governo descentralizada e com razoável consolidação, proporciona um importante papel as SDR’s que poderia ser bastante ampliado no sentido da implantação de uma política industrial para o Estado de Santa Catarina baseada nas características particulares da estrutura produtiva, social e de conhecimento. Deve-se considerar também que a existência de um órgão estadual, a Câmara, que procura criar um espaço de articulação institucional, num contexto de forte presença de instituições federais que usam a noção de APL como instrumento de política, cria condições para a formulação e implantação de uma política de estímulo a Arranjos Produtivos Locais. As etapas seguintes desta pesquisa objetivarão analisar essas possibilidades. 32 Anexos do Relatório I Anexo I: Lista de APLs Identificados e Apoiados: APL APL de Agroindústria de Treze de Maio APL de fumo da região sul e sudeste do estado Atividade Produtiva Principal (CNAE*) Localização Geográfica** (Código do IBGE) Organização Responsável pelo Apoio 1 421840 GTP APL/BB 01.14-8 420280 Sebrae SC APL de agricultura Familiar da região litoral centro-sul 01.14-8 420280, 421560, 421490, 420610, 420150, 420620, 421710, 420110, 421590, 421700, 420960 Sebrae SC APL de Floricultura de Joinville 01.22-9 420910 GTP APL/Sebrae SC APL da Bananicultura da Região de Luiz Alves 0133-4 421000 Sebrae SC, GTP APL/BB APL da Bananicultura na Região Norte de SC 0133-4 420910, 420210, 420450, 420580, 420650, 420890, 421060, 421635, 421740 Sebrae SC APL Suinocultura de Concórdia 01.54-7 420430 APL Suinocultura de Chapecó 01.54-7 420420, 420900, 421930, 420280 APL da Apicultura da Região de Curitibanos 0159-8, 420480, 420555, 420287, 421370 APL da Apicultura da Região de Videira 0159-8 APL da Apicultura da Região do Extremo Oeste 0159-8 APL de Malacocultura de Florianópolis*** APL de Carcinicultura de Florianópolis 03.21-3 03.21-3 421930, 420040, 420160, 420300, 420360, 420390, 420540, 420550, 420555, 420757, 421003, 421070, 421440, 421540, 421790 421720, 420840, 420500, 421670, 421520, 420209, 421625, 421875, 420080, 420535, 421568 420540, 420230, 420600, 421660, 421190 420540 APL Malacocultura De Itajaí / São José 03.21-3 420820, 421660 APL de Aquicultura de Laguna 03.21-3 420940 420420, 420050, 420055, 420080, 420208, 420209, 420215, 420257, 420310, 420350, 420410, 420420, 420435, 420440, 420445, 420470, 420475, 420490, 420500, 420535, APL de Leite e Derivados do Oeste Catarinense*** 10.5 GTP APL/FAPESC, MI, MEC, APEX BR, Sistema C e T FAPESC, GTP APL/MI, APEX BR, Sistema C e T Sebrae SC Sebrae SC Sebrae SC GTP APL/Sebrae SC, EPAGRI, FINEP GTP APL/Sebrae SC GTP APL/FAPESC, EPAGRI, UFSC, UNIVALI, FAMASC, ACAQ Sebrae SC Sebrae SC, GTP APL/Instituto Saga 33 420543, 420560, 420640, 420660, 420665, 420765, 420775, 420785, 420840, 420895, 420917, 421050, 421090, 421100, 421140, 421145, 421165, 421200, 421210, 421223, 421290, 421315, 421415, 421420, 421500, 421520, 421535, 421555, 421568, 421569, 421575, 421600, 421625, 421670, 421690, 421715, 421795, 421895, 421885, 421875, 421795, 421775, 421755, 421730, 421720, 11.12-7 421650, 420160, 420243, 420315, 420480, 420550, 420250, 420260, 420300, 420555, 420757, 420930, 420970, 421005, 421070, 421189, 421300, 421335, 421440, 421505, 421540, 421550, 421605, 421790, 421825, 421890, 421895, 421930, 421650 GTP APL, EPAGRI, Sebrae SC APL das Indústrias de Confecção do Vale do Itapocu 14.1 420890, 420650, 420450, 421060, 421740 Sebrae SC, GTP APL/MEC, Bradesco APL das Indústrias de Confecção do Oeste 14.1 420420, 421050, 421720, 421290, 421950, 420765 GTP APL/Sebrae SC 14.1 420460, 420425, 420545, 420700, 420960, 421120, 421160, 421170, 421760, 421835, 421900, 421870, 421770, 420140 Sebrae SC APL de Vinhos de Altitude da Região de São Joaquim*** APL das Indústrias de Confecção do Sul de SC APL Têxtil e Confecções do Vale do Itajaí*** 14.1 APL de artesanato da Serra Catarinense 16.29-3 APL de artesanato de palha de Joaçaba 16.29-3 APL de Produtos Químicos de Tubarão APL da Indústria de Plástico de Joinville APL de Cerâmica Vermelha Tubarão e Rio do Sul*** 420240, 420020, 420125, 420170, 420270, 420290, 420590, 420690, 420710, 420750, 420820, 420850, 420990, 421320, 421480, 421510, 421820 420930, 420250, 420260, 420340, 420360, 420480, 421205, 421650 Sebrae SC, Finep, GTP/APL FURB, Seplan SC, APEX BR, IEL, Sistema C e T, Bradesco, Caixa, CNI Sebrae SC 420900, 421003, 420040, 421180, 420400, 420390 Sebrae SC 20.1 421870 GTP APL/Sistema C e T 22.2 420910 Sebrae SC 23.4 421870, 420020, 420030, 420125, 420180, 420190, 420285, 420395, 420419, 420425, 420460, 420510, 420545, 420690, 420700, 420740, 420850, 420880, 420915, 420950, 420990, 421120, 421270, 421400, 421410, 421460, 421480, 421545, 421840, 421860, 421900, 421920, 421935, 421940, 421800, 420090, 420820, 420980, 421020, 421150, 421480, 421630 Sebrae SC, Finep, GTP APL/MME, APEX BR, IEL, Sistema C e T e IEL 34 APL de Cerâmica Vermelha de Sombrio APL de Cerâmica Vermelha de Camboriú 23.4 421770 Sebrae SC 23.4 420320 GTP APL/IEL-SC APL de Cerâmica Vermelha de Tijucas 23.4 421800, 421630, 421480, 421150, 421020, 420980, 420820, 420090 APL de Cerâmica Vermelha de Canelinha 23.4 420370 APL Eletro-Metal-Mecânico de Joinville 25.3 420910, 420130, 420205, 420450, 420580, 420650, 420845, 420890, 421060, 421620, 421740 Sebrae SC, GTP APL/Sosiesc APL Eletro-Metal-Mecânico de Joinville 26.5 420910 Sebrae SC, Finep APL da Indústria de Metalmecânica de Joinville*** 28.2 420910, 420130, 420205, 420450, 420580, 420650, 420845, 420890, 421060, 421620 Sebrae SC, GTP APL/MEC, Sistema C e T, Bradesco 420910 Sebrae SC 28.2 420420, 421140, 421930 Sebrae SC, Finep 25.3 420420 Sebrae SC 26.3 420540 Sebrae SC, Finep 26.3 420540 Sebrae SC, Finep 29.4 421720, 420490, 420840, 421050, 421100 Sebrae SC APL Eltro-Metal-Mecânico de Joinville APL Metal-Mecânico ExtremoOeste APL da Indústria de Metalmecânica do Oeste APL Eletro-eletrônicos de Florianópolis APL Eletro-Metal-mecânico de Florianópiolis APL do Setor de Automecânicos e Metalmecânicos do Extremo Oeste 33.12-1 GTP APL/APEX BR, Sistema C e T, Sebrae SC GTP APL/MME, IEL, Sistema C e T Sebrae SC, GTP APL/MEC, APEX BR, Sistema C e T, Bradesco, CNI, UDESC, FAPESC/IEL Sebrae SC, GTP APL/MEC, Seplan SC, CNI, AMOESC GTP APL/Sebrae SC, Seplan SC, FAPESC Sebrae SC, GTP APL/APEX BR, BB, CNI, Sebrae SC APL das Indústrias de Madeira e Móveis do Alto Vale do Rio Negro*** 31.0 421580, 420330, 421500 APL das Indústrias de Móveis do Oeste*** 31.0 420420, 420300, 420440, 421140, 421290, 421670, 421690, 421720 APL de Madeira e Móveis de Lages 16.1 420930 APL de Calçados de São João Batista*** 15.3 421630, 420370 APL do comércio calçadista de Criciúma 47.82-2 420460 Sebrae SC 32.5 420540 Sebrae SC, Finep APL de Materiais Ortodonticos de Florianópolis APL do varejo de autopeças no Vale do Itajaí APL de varejo de móveis do Extremo Oeste Catarinense APL de bares e restaurantes da Grande Florianópolis APL de Software de Florianópolis 45.30-7 47.54-7 420240, 420200, 420290, 420590, 420690, 420750, 420820, 420850, 421480 420420, 421950, 420900, 421290, 421720, 420430 Sebrae SC Sebrae SC 56.1 420540, 421660 Sebrae SC 62.0 420540 Sebrae SC, Finep 35 APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Florianópolis/JoinvilleBlumenau*** APL das Empresas de Base Tecnológica do Oeste Catarinense 62.0 62.0 420540, 420230, 420240, 420590, 420845, 420910, 421190, 421320, 421570, 421620, 421660 420420 420430, 421950, 421050, 420900, 421290, 421970, 421720 GTP APL/MI, IEL, CNI, Sociesc Sebrae SC APL Rota da Amizade 79.1 420900, 420550, 421300, 421310, 421850, 421790, 421930 Sebrae SC APL Rota dos Tropeiros 79.1 420930 Sebrae SC APL de Turismo Costa Esmeralda APL de Turismo da Grande Florianópolis APL de Turismo da Serra Catarinense 79.1 420830, 421350, 420245 Sebrae SC 79.1 420540, 421660, 420230, 421190 Sebrae SC APL de turismo no Vale do Itajaí 79.1 APL de turismo do Vale Europeu 79.1 79.1 420930, 421650, 421890, 421895, 420250 420240, 420170, 420125, 420220, 420515, 420750, 421320, 421470, 421510, 421820, 420890 420240, 421320, 420290 Sebrae SC Sebrae SC Sebrae SC * CNAE (Código) = Será utilizado o código à três dígitos para Extração, Indústria e Serviços e a quatro dígitos para Agricultura. ** Municípios que integram o APL – código IBGE. *** APL’s apontados pela Câmara de Aglomerações Produtivas e Redes de Empresas de Santa Catarina como prioritários para o apoio do GTP/APL do MDIC. Anexo II: Lista de APLs Identificados e não Apoiados: APL APL de Polímeros (Plástico) da região de Criciúma APL de Confecções de Joinville APL de Uva Gothe de Urussanga APL Maça no Planalto Serrano Atividade Produtiva Localização Principal (CNAE*) Geográfica** Organização responsável pela identificação 22.2 420460 GTP APL e SEBRAE-SC 14.1 420910 GTP APL 0132-6 421900 SEBRAE-SC 0133-4 421650 e 420550 SEBRAE-SC * CNAE (Código) = Será utilizado o código à três dígitos para Extração, Indústria e Serviços e a quatro dígitos para Agricultura. ** Municípios que integram o APL – código IBGE. 36 Anexo III - Lista de APLs “não” Identificados APL Atividade Produtiva Principal (CNAE*) Localização Geográfica** (quando possível delimitar) APL de Confecções de Joinville APL de Fabricação de Embarcações de Itajaí APL metal-mecânico de São Bento do Sul APL Eletro-metal-mecânico de Blumenau APL de móveis e madeira de Rio do Sul APL de móveis e madeira de Canoinhas APL de molduras de Braço do Norte 14.1 420910 30.1 421130, 420820 25.9 421580, 421500 29.4 16.2 420240, 420750, 421820, 421320, 420290 421530, 421400, 421370, 420690, 421480 16.2 420380, 421360, 421010 16.2 420280 APL do Vime de Lages 16.2 420930, 421175 APL Calçadista de Araranguá 15.3 421770, 421380, 421225, 420140 APL de produtos Químicos de Joinville APL de produtos Químicos do Sul do Estado (Criciúma) APL de Cerâmica Vermelha de São Bento do Sul 201 420910, 421060, 420650 22.2 420460, 420700, 421170, 421700, 421120, 421900 23.4 421580, 421500 APL da Pesca de Itajaí 03.1 420820, 421130 APL de Logística de Itajaí 49.3 420820, 421130 41.2 420460, 421870 23.4 420460 APL de Construções Civis de Criciúma APL de Cerâmica de Revestimento de Criciúma * CNAE (Código) = Será utilizado o código à três dígitos para Extração, Indústria e Serviços e a quatro dígitos para Agricultura. ** Municípios que integram o APL – código IBGE. 37