CURSO LIVRE DESENHO E PINTURA Prof.a Luzia Cocco - [email protected] – Face: Luzia Cocco. TEXTOS SUGERIDOS PARA LEITURA ARTE: A verdadeira essência da arte e a do artista é poder transformar a realidade de acordo com os seus ideais e pensamentos, na sua diversidade, como artes decorativas, plásticas, do espetáculo, visuais, ou literatura, retratadas através da história da Beleza da Arte. Para GIULIO CARLO ARGAN (2002), a arte, enquanto pura arte é indispensável à vida e à sociedade. A questão da arte, para o teórico, se apresenta não especificamente estética, mas pela experiência ela preserva e mantém sua própria autonomia. “O artista também faz parte da sociedade, a arte não só decorre de uma estética, mas, diante de sua atuação, ou seja, ela constrói uma estética” PROCESSO DE CRIAÇÃO: Para FAYGA OSTROWER (1920) a criatividade implica uma força crescente que se reabastece nos próprios processos através dos quais se realiza. Isto quer dizer que a motivação não é meramente um estímulo externo, embora este também faça parte do processo criativo. Neste sentido, a tensão psíquica é uma noção constante do potencial criador e um aspecto relevante para a criação. Os processos de criação ocorrem no âmbito da intuição e tornam-se conscientes na medida em que são expressos. A materialidade seria a matéria com suas qualificações e seus compromissos culturais. É a matéria cultural que propõe os confins do possível para cada indivíduo: as matérias e a culturas que podem ser transformadas. Formar implica transformar, de modo que todo processo de elaboração e desenvolvimento abrange um processo dinâmico de transformação, em que a matéria, que orienta a ação criativa, é transformada pela mesma ação. Segundo FAYGA OSTROWER (1920), além dos impulsos do inconsciente, nos processos criativos entra tudo o que o homem sabe, os conhecimentos, as conjecturas, as propostas, as dúvidas, tudo o que ele pensa e imagina. O ato criador, sempre um ato de integração, adquire seu significado pleno apenas quando entendido globalmente. Somado a isto, está a intuição como um dos mais importantes modos cognitivos do homem e encontra-se na base dos processos de criação. A intuição caracteriza todos os processos criativos. Ao ordenar, intuí-se. O que caracteriza os processos intuitivos e os torna expressivos é a qualidade nova da percepção. Pode-se, então, dizer que ambas, intuição e percepção, são modos de conhecimento, vias de busca de certas ordenações e significados. O homem é um ser social que desde o nascimento tem a experiência de relacionamento, da compreensão da forma e dos significados. A integração da experiência em padrão referencial é um processo que continua pela vida afora. A forma será sempre compreendida como a estrutura de relações, isto é, como o modo que as relações se ordenam e se configuram. Desde que a forma é estrutura e ordenação, todo fazer abrange a forma em seu como fazer. Ainda nas considerações de FAYGA OSTROWER (1920), a forma configurada concretiza o exato momento de um equilíbrio alcançado. Para o ser humano, o equilíbrio é algo que a todo instante precisa ser reconquistado. Os desequilíbrios em busca de equilíbrio são inevitáveis, são da essência do viver, do nosso crescimento e desenvolvimento. Eles integram o conteúdo de nossas experiências, de nossas motivações e de nossas possibilidades reais. Poder alcançar um estado de equilíbrio é como uma verdadeira conquista. O equilíbrio não anula as forças diferentes, contudo possibilita o homem ampliar a apreensão da realidade. Por outro lado, a percepção não está isenta de projeções valorativas. A maneira pela qual o indivíduo lida e avalia certos problemas traduz algo de sua personalidade. O homem desdobra o seu ser social em formas culturais. O estilo, por exemplo, abrange a maneira de pensar, de imaginar, de sonhar, de sentir, de se comover, abrange a maneira de agir e reagir, a própria maneira de o homem vivenciar o consciente e as incursões ao inconsciente. O estilo é forma de cultura, correspondendo a visões de vida. O adulto criativo altera o mundo que o cerca, o mundo físico e psíquico. Em suas atividades produtivas ele acrescenta sempre algo em termos de informação e, sobretudo, em termos de formação. Para OSTROWER (1920), o verdadeiro e natural caminho para que o homem realize seu potencial criador, reside no CURSO LIVRE DESENHO E PINTURA Prof.a Luzia Cocco - [email protected] – Face: Luzia Cocco. TEXTOS SUGERIDOS PARA LEITURA processo elementar de cada um poder crescer em seu tempo vital e poder amadurecer, de poder integrar-se como ser individual e cultural. No argumento de FAYGA OSTROWER (1920), a individualidade de cada um, vista como valor, é parte do acervo humanista. Ser espontâneo significa ser coerente consigo mesmo. Na espontaneidade seletiva se fundamentam os comportamentos criativos. Poder responder de maneira espontânea aos acontecimentos significa dispor de uma real abertura, sem rigidez ou preconceitos, ante o futuro imprevisível. O ser humano espontâneo torna-se flexível. Ao mesmo tempo em que espontaneamente se abre ao novo e o absorve, também espontaneamente o estrutura. Os processos de descobertas são sempre processos seletivos de estruturação. O que se reforça aqui é precisamente o conteúdo da liberdade de expressão. A compreensão íntima de si dá ao homem sua verdadeira dimensão. Criar é poder relacionar com precisão, é relacionar com adequação. Do respeito às delimitações advém a verdadeira coragem ante a vida. Essa capacidade de reconhecer limites de si, em si, para si e em relação aos outros, permite ao indivíduo agir livremente. Trata-se do acatamento às possibilidades reais de cada coisa e de cada ser, à transição contínua, porém contida, de tudo com que se lida, sejam objetos com que se trabalha, a linguagem que se usa, a própria vida que se vive. O referencial dos limites permite que nos relacionamentos se use o senso de proporção, se avalie a justeza no que se faça. Ser livre significa compreender, o sentido mais lúcido e amplo que a palavra pode ter. Assim, a criação é um perene desdobramento e uma perene reestruturação. É uma intensificação da vida. Criar é tão difícil ou tão fácil como viver. E é do mesmo modo necessário. Referência Bibliográfica e Fontes ARGAN, Giulio Carlo. As fontes da arte moderna. Tradução: Rodrigo Naves. In: Revista Novos Estudos CEBRAP nº 18, setembro 87. Disponível em: <https://docs.google.com/viewer?>. Acesso em: 17 nov. 2012. Para conhecimento: Vídeo sobre A Intuição e a Criação de FAYGA OSTROWET: Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=M4p0ORnWI2E&feature=youtu.be.>. Acesso em: 12 abr. 2012. Introdução ao desenho 1 - Características do desenho: Diferente da pintura que usa a mancha para preencher superfícies com a cor, o desenho caracteriza-se pela representação gráfica de traços. O seu uso isolado ou na construção de formas, dependendo do propósito, pode gerar sobre uma superfície física ou em meios virtuais, imagens figurativas ou abstratas. CURSO LIVRE DESENHO E PINTURA Prof.a Luzia Cocco - [email protected] – Face: Luzia Cocco. TEXTOS SUGERIDOS PARA LEITURA 2 - O desenho quanto à forma Como desenho, propriamente dito, pode ser reconhecido desde um simples risco ate configurações complexas. E ao desenhista não deve ser responsabilizada a obrigação de imitar unicamente a natureza visível com a perfeição esperada. O seu universo gráfico pode transitar pela figuração abstrata que habita a imaginação humana ou os motivos invisíveis, a olho nu, pertencentes a realidade microscópica. Em síntese, identificamos a forma do desenho em duas categorias a saber: a) Desenho figurativo: Tem a finalidade de representar formas que reproduzem a aparência da realidade. Tanto as naturais quanto as criadas pelo homem. A sua execução pode ser a partir da observação, de memória ou de criação. b) Desenho abstrato: Representação gráfica não figurativa que tem como motivo de referencia, formas orgânicas (formas da natureza) e geométricas (composição com linhas, planos e ou sólidos geométricos). 3 - Tipos de desenho O desenho pode ter, como ponto de partida, vários enfoques. Há os que reproduzem o mundo real, outros que revelam a memória do seu autor e ainda os que são propostas originais de novas formas. Vejamos sobre cada uma dessas facetas nos três tópicos a seguir: a) Desenho de observação: É a representação, na maioria das vezes figurativa, a partir da observação de um modelo se propondo a transferir para o papel de desenho sua forma, textura, iluminação, cor, etc., com auxílio de instrumentos de mensuração visual a distância ou medidas e cálculos mentais por meio da observação direta. b) Desenho de memória: Representação gráfica que se espelha na forma de elementos da realidade visualizada anteriormente. c) Desenho de criação: Apresenta configuração original. Pode ser obra da pura imaginação, abstração ou o resultado da combinação de outras formas já existentes, inspiradas nos elementos da realidade.