Do Pensamento Crítico ao Pragmatismo Utópico:
discípulos do Prof. Dr. Jacques Vigneron
Ms. Hellen de Paula Pacheco
Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP
Faculdade de Comunicação e Artes – FCA – S. J. dos Campos e
Rose Ely Pereira Nascimento Pacheco
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
Resumo
Essa pesquisa teve por objetivo analisar as dissertações de mestrado dos
discípulos do Prof. Dr. Jacques Vigneron, do Programa de Pós-graduação em
Comunicação Social – Poscom -, da Universidade Metodista de São Paulo- UMESP, da
linha de pesquisa Teletrabalho, Teleformação, quanto a presença do pensamento crítico,
a habilidade do pesquisador em trabalhar com o pensamento crítico e a tendência
pragmática utópica dos projetos, quando existentes nas dissertações. Para tanto,
escolheu-se o período de 1990 a 2000 para analisar as dissertações. A análise foi feita
com base nos oito elementos do raciocínio e nos padrões intelectuais universais, que
permitiu avaliar a presença do pensamento crítico, bem como o desenvolvimento prático
dos projetos propostos por algumas dissertações.
Palavra Chave: Pensamento crítico, pragmatismo utópico, elementos do raciocínio.
Introdução
O interesse em falar sobre o Pensamento Crítico ao Pragmatismo Utópico do
Grupo Comunicacional de São Bernardo do Campo partiu das observações feitas no
desenvolvimento dos trabalhos de mestrados dos discípulos de São Bernardo, do
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – Poscom, da Universidade
Metodista de São Paulo – UMESP.
O objetivo desta proposta foi verificar a presença do pensamento crítico, a
habilidade do pesquisador em trabalhar com o pensamento crítico e a tendência
pragmática utópica nas dissertações. Mas, como os números de discípulos são muito
grande, esta pesquisa focou apenas uma linha de pesquisa Teletrabalho, Teleformação,
enquadrada dentro do Projeto Integrado III: Educomídia, cujo orientador é o Prof. Dr.
Jacques Vigneron.
A análise foi feita em cima das dissertações de mestrado defendidas no período
de 1990 a 2000. Para tanto, foi preciso entender o que é pensamento crítico e
pragmatismo utópico, para analisar as trinta dissertações.
Pensamento crítico, segundo Richard Paul (1993), é o processo intelectualmente
disciplinado de atividade habilmente conceitualizada que aplica, analisando,
sintetizando, informações adquiridas, ou geradas por, observação, experiências,
reflexão, argumentação ou comunicação, como um guia para convicção e ação e, o que
é isso se não todo o processo de desenvolvimento da dissertação praticada pelo
pesquisador.
A dissertação é o momento onde o pesquisador desenvolve a habilidade de
processar e gerar informações e crenças, bem como o hábito de usar esta habilidade para
definir comportamento, baseado em um compromisso intelectual. É através da
dissertação que o pesquisador inicia o seu interesse pela pesquisa, e começa a colocar
em prática o pensamento crítico.
É o momento em que ele (pesquisador) busca fundamentações para suas
suposições, conceituando, analisando as informações adquiridas ou geradas pelas
observações feitas e/ou experiências realizadas, refletindo e confrontando todas as
idéias, para convencer a todos, através das argumentações, as suas convicções a respeito
do assunto na qual se propôs a pensar /pesquisar.
Assim, nas dissertações analisadas, dos discípulos do Prof. Dr. Jacques
Vigneron, o pensamento crítico está presente do começo ao final, o que diferi uma
dissertação da outra, é a habilidade do pesquisador em elaborar e entender as
argumentações lógicas e ilógicas. No livro “o Mundo Assombrado por Demônios - A
ciência vista como uma vela na escuridão”, de Carl Sagan ele descreve que:
A essência do pensamento crítico consiste na habilidade de elaborar e entender um
argumento lógico e - especialmente importante - reconhecer um argumento falho
ou fraudulento. Não é uma questão de gostarmos ou não da conclusão que emerge
de uma linha de raciocínio, mas sim se a conclusão realmente é resultado da
premissa inicial e se esta premissa é válida.
Para verificar a habilidade dos discípulos de Jacques Vigneron em elaborar e
entender um argumento lógico e ilógico buscou-se nos textos a presença dos oito
elementos do raciocínio, que de acordo com Paul (1993), são necessário para se dar o
primeiro passo na entrada para pensar criticamente, além dos padrões intelectuais
universais pelos quais avaliam-se as habilidades de raciocínio.
O primeiro elemento para se verificar a habilidade do pesquisador em elaborar e
entender um argumento foca o que chamamos de propósito, ou seja, finalidade de se
raciocinar a respeito de algo. O propósito do raciocínio tem que estar vinculado,
pautado, na satisfação de algum desejo ou necessidade, senão não há o porquê do
raciocínio. Os alvos são nitidamente vistos nos temas das dissertações, pois deixam
claras as questões a qual o pesquisador se propõe a raciocinar.
Por exemplo: “Uma leitura filosófica – existencialista do personagem Horácio
de Maurício de Souza”, tema da dissertação de Robson Bastos da Silva, defendida em
1990. Podemos perceber no tema o propósito do raciocínio de Robson. Ele se propõe a
fazer um raciocínio filosófico a cerca da existência do personagem Horácio de Maurício
de Souza. È o seu desejo, que será satisfeito através da pesquisa. Um outro exemplo é o
tema de Antonia Clarice de Medeiros: “A violência no cotidiano das crianças –
televisão e a influência dos superseres: heróis, heroínas, vilões e vilãs”, defendida em
1998. O propósito de raciocínio de Antonia Medeiros é tão claro no tema quanto de
Robson da Silva, bem como é a dos outros pesquisadores.
O segundo elemento é o problema. Para se motivar o raciocínio é preciso que
haja uma curiosidade, um porque que nos leve a raciocinar, uma problemática
motivacional que se dará através de uma pergunta inicial. O problema é aquele que
serve como propósito de raciocínio que, de certa forma, está relacionado com os temas
das dissertações. Na dissertação da Celi Langhi Volpoline, que tem como tema
“Formação permanente e educação: recursos da comunicação enquanto colaboradores
da educação continuada”, defendida em 1995, contem a pergunta inicial, não explícita
como imaginamos, em forma de pergunta, mas implícita quando ela escreve: “A meta
deste trabalho é demonstrar a importância da formação permanente na educação do
homem para o próximo milênio”, que reformulando como pergunta ficaria da seguinte
maneira: Qual a importância da formação permanente na educação do homem para o
próximo milênio?
É claro que há outras perguntas, contudo é esta a pergunta básica que norteará o
desenvolvimento do trabalho na busca de uma resposta. A sua importância não finda na
demonstração dos propósitos da dissertação, mas na orientação dos caminhos que
devem ser percorridos para se alcançar o resultado almejado.
O propósito de estudar ou pesquisar sobre um determinado assunto parte
certamente de um questionamento sobre um fato ou fenômeno que ainda não possui
resposta ou explicação. Contudo, há sempre na mente do pesquisador suposições a
respeito do fato ou fenômeno. As essas suposições damos o nome de hipótese, o nosso
terceiro elemento.
As hipóteses possuem um papel muito importante na organização da pesquisa, é
a através dela que o pesquisador formular questões, que darão condições dele identificar
as informações necessárias, evitar a dispersão, focalizar determinados argumentos do
campo da observação, selecionar os dados. As hipóteses ou suposições é que dão a base
para a partida do raciocínio. Nas dissertações, as suposições não são colocadas de
maneira clara e objetiva, mas entrelinhas e, uma forma de percebê-las é na exposição de
idéias e/ou conceitos, que visam reforçar o ponto de vista do pesquisador, ou seja, suas
suposições. É o que podemos observar num trecho da dissertação de Luiz Francisco
Dias, defendida em 1999, com o tema: “Estratégias nas negociações sindicais nos
sindicatos metalúrgicos do Estado de São Paulo”, quando ele conceitua o papel da
comunicação organizacional para reforçar suas premissas:
Comunicação Empresarial é uma atividade sistêmica de caráter estratégico,
ligada aos mais altos escalões da empresa e que tem por objetivo: criar - onde
ainda não existe ou for neutra – manter – onde já existir – ou, ainda, mudar para
favorável – onde for negativa – a imagem da empresa junto a seus públicos
prioritários. (Cohen, 1990, p. 29)
O quarto elemento é representado pelas idéias e conceitos. Assim, as
dissertações analisadas estão carregadas de idéias e conceitos que fundamentam ou
embasam alguma argumentação ou suposição do pesquisador, na qual se pretende
provar a validade e a veracidade do pensamento, bem como, percebe-se na construção
das frases a presença de idéias e conceitos absorvidos pelo pesquisador, nas suas
leituras, ao discutir sobre aquele determinado assunto. A aprendizagem dos conceitos e
vocabulários são essenciais no processo do pensamento crítico. É como podemos
verificar na dissertação de Fabiana Quintanilha Cantoni, defendida em 1998, que fala
sobre: “Relações Internacionais: um estudo sobre a Comunicação em um ambiente
Globalizado”, a presença de idéias e conceitos que estão por trás da argumentação
montada sobre o assunto, onde a percepção se dá nas terminologias utilizadas, como,
por exemplo, vejamos as palavras que estão sublinhadas:
Essa dissertação tem como objetivo discorre sobre formas de expressão e
comunicação que um individuo oriundo de um outro país tem que desenvolver
estamos em um ambiente cultural diverso ao seu. Para tal, levanta os agentes
facilitadores, agindo como ponte entre dois universos, e os dificultadores, vitais
para a preservação do indivíduo, uma vez que esta fase se caracteriza pelos
sentidos e semimentos aguçados em relação ao seu próprio mundo e ao mundo ao
seu redor, devido à mudança da vida cotidiana, sendo este um novo país, escolhido
pelo individuo, o processo dialético da empatia, através da globalização e outras
situações favoráveis, ajudam-no, a atravessar este período de aventuras
psicologicamente instável.
Perceba que as terminologias que estão sublinhadas fazem parte do discurso do
pesquisador, contudo tal construção só foi possível devido a leitura dessas idéias e
conceitos, que agora servem como respaldo teórico para a construção da idéia.
Entretanto, os conceitos e as idéias somadas com as argumentações, suposições,
resultam numa conclusão parcial, para o desfecho final da resposta esperada pela
pergunta inicial são necessários informações, dados e fatos precisos. Esses elementos
são vitais para o desenrolar da resposta, ou seja, a conclusão.
Assim, o quinto elemento do raciocínio são as informações, dados e fatos
colhidos sobre o objeto de estudo, cuja presença na dissertação é vital, sem informações,
dados e fatos a respeito do assunto proposto a estudo, as informações teóricas tornam-se
redundante e repetitiva daquilo que já foi escrito. É o momento em que o pesquisador
realiza a coleta de dados e as utiliza para unir e relacionar com as informações teóricas
já trabalhadas, verificar a veracidade de suas suposições em relação ao objeto, traçar
possíveis respostas a pergunta inicial e dá corpo ao propósito de pensamento, com a
finalidade de construir a lógica dos raciocínios.
Nas dissertações esse quinto elemento posiciona-se no último capitulo, que
antecede a conclusão, é onde o pesquisador expõe seu objeto de pesquisa e aborda todas
as informações, dados e fatos encontrados a seu respeito.
Com os dados em mãos, o próximo passo é a interpretação final que engloba os
conceitos e suposições, que provêm da investigação crítica, possibilitando um
julgamento pautado no ponto de vista do pesquisador, chegando-se a uma conclusão,
que é o nosso sétimo elemento. Nas considerações finais da dissertação “Comunicação
no presídio elos e contradição” de Risete da Silva, defendida em 1993, é passivo de se
observar as suas interpretações finais e a conclusão a que se chegou.
O estudo de comunicação entre prisioneiros reforça ainda o conceito de que as
funções e formas comunicacionais refletem a realidade e estrutura onde são
geradas. A expressão comunicacional dos prisioneiros foi enfocada a partir de
seus textos escritos e orais. O trabalho conclui pela relevância dessas
contradições, projetado pelo próprio ambiente prisional como elemento intrínseco
revelador do processo de comunicação.
Entretanto, cerca de 83% (ver gráfico 1) das dissertações não trazem o oitavo
elemento do raciocínio, conseqüências e implicações. Todo raciocínio tem implicações
ou conseqüência além das que quem raciocinou considerou.
Mas isso não implica que os discípulos do Prof. Dr. Jacques Vigneron não
tenham realizado o pensamento crítico, eles somente não finalizaram o processo de
raciocínio. Isso se deve a oportunidade que os mestrandos possuem, diferentemente dos
alunos em fase de doutoramento, de desenvolverem uma dissertação totalmente teórica,
onde o assunto fecha-se em si mesmo. É claro que isso não significa que as dissertações
teóricas não possam gerar implicações e conseqüências no seu estudo, na verdade elas
deveriam gerar, pois daria margem para novos estudos.
Todavia, quando a dissertação parte para a pesquisa de campo, na busca de
comprovações, a probabilidade da presença na conclusão das implicações e
conseqüência é maior, pois nem sempre, através da pesquisa há a oportunidade de
discutir todos os aspectos, até porque essa ação pode implicar no desvio do foco central,
desta forma, o pesquisador faz suas considerações finais citando as implicações e
conseqüências para futuros estudo, possibilitando uma continuidade do raciocínio
iniciado por ele. Nas dissertações analisadas uma parcela pequena de 17% (ver gráfico
1) realizaram estudo de campo e mostraram em suas dissertações as implicações e
conseqüência.
Gráfico 1 – Oitavo elemento do raciocínio
Conseqüência e Implicação
Sim
Não
17%
83%
Para terminar a verificação da presença do pensamento crítico nas dissertações,
bem como a habilidade do pesquisador em trabalhar com o pensamento crítico, foram
analisados os padrões intelectuais universais.
São sete os padrões universais usados em pensamentos críticos: clareza, exatidão
precisão, relevância, profundidade, largura e lógica. Esse conjunto de padrões
intelectuais foram todos encontrados nas dissertações analisadas.
A clareza, por exemplo, deve estar presente nas proposições das dissertações,
pois é a partir da preposição que outras pessoas tomaram conhecimento do assunto, ou
objeto de estudo pesquisado, mas para que ele seja compreendido é necessária clareza
na mensagem. Veja os temas das dissertações e perceberam a clareza da proposição de
pesquisa.
ANO DE 1990
Nome
58 - José Carlos Saenger
59 – Robson Bastos da Silva
Tema
A politica Editorial da Cia. De
Desenvolvimento do Vale do São Francisco CODEVASF..
Uma leitura filosófica – existencialista do
personagem Horácio de Maurício de Souza
ANO DE 1991
Nome
60 - José Viegas Muniz Neto
61 - Maria Marta Viegas Muniz
70 - Claudia Márcia Junqueira
71 - Rita de Cássia Bóbio Lima
74 - Sidney Nilton de Oliveira
Tema
Comunicação gestual da Regência de
Orquestra
Aspectos de Comunicação de
indumentária da mulher japonesa no contexto
brasileiro
Arrumação: a reinterpretação da
cultura mineira pela TV
Relatos e retratos de Conceição da
Barra
Comunicação e Saúde Pública Análise de Saúde do Trabalhador (CESAT)
em Santos
ANO DE 1992
Nome
75 - Isabel Castello Branco Lima
80 - Rita Margarida Toler Russo
89 - Edson silva
92 - Edgar Cesar Melech
Tema
Jornalismo e Esfera Pública: o Projeto
Folha
Coelho Netto: O abolicionista na sua
obra como literato e jornalista
Projeto Rádio alternativa: A construção
da comunicação participativa: a busca da
utopia possível
Telejornal, fome e antiética
ANO DE 1993
Nome
Tema
Leitura Sociodrámatica de um meio de
comunicação: HQ O universo educacional de
94 - Liana Gottlieb
Mafalda numa leitura correlata de Buber e
Moreno
O ensino de Filosofia como um
processo existencial humano nos cursos de
95 - Roberto Bazanini
comunicação social. Uma abordagem crítica da
educação tradicional (estudo de caso)
A dialética na relação emissor receptor:
102 - Jussara Rezende Araújo
o referencial de Lucien Goldmann
Comunicação no presídio elos e
107 - Risete da Silva
contradição
108 - Cristina Schimidt Pereira da
New Caipira: A recriação da cultura em
Silva
Piracicaba
ANO DE 1994
Nome
112 - Domingos Tomás
124 - Maria do Carmo da Silva
Tema
O papel dos meios de comunicação
social na educação em Angola, do período précolonial à independência de 1975
Interação entre uma escola e uma
comunidade de artesãos
ANO DE 1995
Nome
136 - Celi Langhi Volpoline
Tema
Formação Permanente e Educação:
Recursos da Comunicação enquanto
colaboradores da Educação Continuada
ANO DE 1996
Nome
164 - Luiz Alberto Malta de
Barros
Tema
A importância da Assessoria de
Comunicação Social no Hospital Universitário
Público - Proposta para uma Comunicação
Integrada
ANO DE 1997
Nome
179 - Lucia Helena Aponi
180 - Sara Edwirgens Barros Silva
Tema
Comunicação e formação permanente:
uma proposta de aprendizagem para melhorar a
qualidade de vida nas empresas
Televisão e Vídeo-cassete:
instrumentos na educação do deficiente
auditivo
ANO DE 1998
Nome
Tema
A Comunicação Dialógica na
215 - Otilia Pereira Marcos
EMATER - MG - Uma década depois do
repensar
Relações Internacionais: um estudo
222 - Fabiana Quintanilha Cantoni
sobre a Comunicação em um ambiente
Globalizado
A violência no cotidiano das crianças 224 - Antonia Clarice de Medeiros televisão e a influência dos super-seres: heróis,
heroínas, vilões e vilãs
210 – Maria de Fátima Moreira
Comunicação escolar em arte: uma
reflexão
ANO DE 1999
Nome
243 - Luiz Francisco Dias
Tema
Estratégias nas negociações sindicais
nos sindicatos metalúrgicos do Estado de São
Paulo
245 - Jorge Arlan de Oliveira
Pereira
O papel dos departamentos de
comunicação e educação em cooperativas
agropecuárias do oeste de Santa Catarina
ANO DE 2000
Nome
268 - Rosalba Facchinetti
272 - Tânia Maria Martins Lopes
300 – Hulda de Freitas Daghlian
Tema
A comunicação organizacional de uma
Instituição pública frente a pressão das
mudanças externas do mundo do trabalho: um
estudo
A comunicação na força sindical em
tempos de globalização
Os processos de comunicação geradores
de sinergia e qualidade nas organizações
educacionais.
A precisão nas dissertações pauta-se na exatidão das afirmações feitas e
comprovadas pelo pesquisador através de dados quantitativo. A relevância do objeto
estudado se dá pela sua pertinência, importância. Se o objeto não possui relevância
então para que estudá-lo. Desta forma, as dissertações trouxeram contribuições
pertinentes para a área da Comunicação Científica. Mas não basta o assunto ser
relevante, ele tem que ter profundidade. A dissertação sem profundidade trás em suas
páginas a superficialidade. As dissertações analisadas mostraram profundidade, pois
havia embasamento teórico e, mais do que isso, havia toda trajetória do objeto estudado.
As dissertações também apresentaram largura, ou seja, diversos pontos de vista em
relação a questão abordada, permitindo uma visão mais global e menos individualista,
partidária . E a última unidade dos padrões intelectuais, a lógica, que foi também
percebida pela forma como os pesquisadores concluíram suas dissertações sem
contradições.
Nas dissertações que não fecharam o assunto em si e, propuseram ações práticas,
o desenvolvimento do projeto limitou-se a sugestão de proposta passiveis de aplicações,
não se estendendo as aplicações e análise da eficácia da mesma, assim suas propostas
não passaram utopia. Nenhuma das dissertações que propuseram ações de mudança,
adaptação, reformulação e iniciativas colocaram em prática as idéias. Todas ficaram no
papel como sugestão. Um dos motivos é a complexidade da ação proposta, que projeta
uma prática fora da realidade do objeto de estudo, tornando o projeto interessante, mas
irrealizável, outro motivo é a não ação do pesquisador em relação a sua proposta, ou
seja, o pesquisador limita-se ao estudo e a projeção de uma proposta recheada de
soluções, na qual não sabe se realmente dará certa e, por último o fato do mestrado ser
realizado em pouco tempo, não permitindo o estudo, desenvolvimento, implantação e
análise da proposta. Não há um trabalho de campo, tipo garimpeiro, braçal, apenas o
intelectual, o teórico, característico das dissertações de mestrado. As propostas de
soluções são suscetíveis a erros, pois não foram aplicadas e analisadas por ninguém,
nem pelo pesquisador, nem pelo objeto de estudo, desta forma não há continuidade das
idéias. A dissertação, desta forma, acaba ali, tornando-se um objeto de consulta teórica,
sem uso prático.
Apesar de haver uma necessidade de se ampliar este estudo para os outros
componentes do Grupo de São Bernardo e seus discípulos, a fim de tirar melhores
conclusões, o que se conclui em relação aos discípulos do Prof. Dr. Jacques Vigneron é
que todos os pesquisadores apresentaram habilidade de pensar criticamente ao utilizá-lo
para julgar proposições, argumentos e opiniões, através da investigação ativa, obtendo
justificações para as decisões e crença enfatizadas.
Através do pensamento crítico os pesquisadores puderam discutir sobre as suas
proposições, problemáticas, suposições, idéias e conceitos, relaciona-los com as
informações, dados e fatos obtidos e, fazer interpretações e tirar suas próprias
conclusões, bem como obterem conhecimento que os elevassem de nível, tornando-os
mestres.
Embora as dissertações possam ser trabalhas de duas formas: teórico e teórico
prático, a presença de propostas pragmática utópica nas dissertações, mostrou o quanto
o discurso científico comunicacional esta longe das verdadeiras aplicações práticas e
continuas. É claro que as contribuições são inquestionáveis, cada uma trás uma
abordagem particular e única do ponto de vista do seu pesquisador. Elas trazem consigo
a oportunidade de se discutir as informações trabalhadas, levantar, debater e polemizar
problemáticas ainda não abordadas, concentrar, analisar, conceituar e registrar dados
que ainda não foram vistos e estão dispersos, bem como a chance do pesquisador expor
seu ponto de vista.
Bibliografia
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Do Pensamento Crítico ao Pragmatismo Utópico