O Celular Como Ferramenta Tecnológica: produção
audiovisual no ensino à distância telessala
Sebastião Severino da Silva (UPE)
Sebastião da Silva Vieira (UFRPE)
Resumo:
O presente trabalho teve como objetivo discutir a importância do uso do
celular como ferramenta tecnológica e educacional na produção
audiovisual no ensino á distância telessala. Como metodologia foi utilizada
um estudo quali-quantitativo, requer a utilização de um estudo mais
próximo da realidade do sujeito. Outro instrumento de pesquisa utilizado
foi o cinema documentário, como fonte de pesquisa e ensino das ciências
humanas e sociais. Esse gênero cinematográfico pode, também, significar
para realizadores, estudiosos e espectadores uma prova da "verdade", uma
vez que trabalha diretamente com imagens extraídas da realidade. É
comum se imaginar o filme documentário como a expressão legítima do
real ou se crer que ele está mais próximo da verdade e da realidade do que
os filmes de ficção. A ferramenta utilizada para filmagem e criação dos
recursos audiovisuais foi um celular. A problemática a ser discutida é como
o celular pode ajudar pedagogicamente na criação dentro da sala de aula
de recursos audiovisuais?
Palavras-chave: 1. Celular. 2. Tecnologia 3. Produção audiovisual.
Introdução
Este trabalho discute a utilização do celular como ferramenta tecnológica e
educacional, na produção audiovisual no ensino à distância telessala, tendo como
base a produção do documentário Um olhar sobre a Vila Velha – Ilha de Itamaracá
desenvolvido com os alunos do ensino à distância do projeto telessala 9º ano (EF II)
da Escola Municipal João Bento de Paiva, do município de Itapissuma-PE, no
primeiro semestre de 2010.
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Referencial teórico
A expressão "Tecnologia na Educação" abrange a Informática na Educação,
mas não se restringe a ela. Inclui, também, o uso da televisão, do vídeo, e do rádio
(e, por que não, do cinema) na promoção da educação.
A expressão "Tecnologia na Educação" é ainda mais abrangente. O termo
"tecnologia", aqui, se refere a tudo aquilo que o ser humano inventou, tanto em
termos de artefatos como de métodos e técnicas, para estender a sua capacidade
física, sensorial, motora ou mental, assim facilitando e simplificando o seu trabalho,
enriquecendo suas relações interpessoais, ou simplesmente lhe dando prazer.
As tecnologias evoluem muito mais rapidamente do que a cultura. A
cultura implica em padrões, repetição, consolidação. A cultura
educacional, também. As tecnologias permitem mudanças profundas já
hoje, que praticamente permanecem inexploradas pela inércia da cultura
tradicional, pelo medo, pelos valores consolidados. Por isso, sempre
haverá um distanciamento entre as possibilidades e a realidade. O ser
humano avança com inúmeras contradições, muito mais devagar que os
costumes, hábitos, valores. Intelectualmente também avançamos muito
mais do que nas práticas. Há sempre um distanciamento grande entre o
desejo e a ação. Apesar de tudo, está se construindo uma outra sociedade,
que em uma ou duas décadas será muito diferente da que vivemos até
agora.( MORAN,2007p.49)
O uso de novas tecnologias e novas linguagens na escola tem sido alvo de
inúmeros estudos e muito se tem pesquisado acerca da inserção de blogs, e-mails,
podcasts, hipertextos e outras mídias, gêneros, recursos e linguagens na sala de
aula (além de televisão, cinema e rádio, há muito discutido).
Há vários materiais publicados para o professor preocupado em usar, em
suas aulas, outros gêneros textuais, novas maneiras de abordagem de conteúdos e
linguagens diversas, mas, apesar da relevância da linguagem digital, ainda há certa
resistência quanto à sua utilização.
Existem outros tipos de tecnologias que vão além dos equipamentos. Em
muitos casos, alguns espaços ou produtos são utilizados como suportes para que as
ações ocorram. Um exemplo: as chamadas "tecnologias da inteligência" (Lévy,
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1993), construções internalizadas nos espaços da memória das pessoas que foram
criadas pelos homens para avançar no conhecimento e aprender mais. A linguagem
oral, a escrita e a linguagem digital (dos computadores) são exemplos
paradigmáticos desse tipo de tecnologia.
A utilização do celular como tecnologia na educação surge como uma
alternativa de produção audiovisual, pois a facilidade de manuseio e utilização do
celular está presente em grande parte dos jovens. Para (PHEBO apud ALVES, 2009)
“O celular é uma ferramenta de convergência. Ele serve para a comunicação
através de vários recursos: áudio, imagens estáticas e dinâmicas (vídeos) e
escrita”.
Metodologia
O documentário Um olhar sobre a Vila Velha foi produzido por 4 alunos do
9º ano do EF II do projeto telessala da Escola João Bento de Paiva em
Itapissuma/PE, no primeiro semestre de 2010, e apresentado na escola como
documentário audiovisual, mostrando a temática da pesquisa.
A produção audiovisual produzida pelos alunos serviu como instrumento de
pesquisa sobre o meio ambiente na comunidade da Vila Velha, situada na Ilha de
Itamaracá/PE. O grupo de alunos, juntamente com os educadores da escola,
apresentou o documentário na própria escola para os alunos da educação de jovens
e adultos (EJA). E em forma de palestra no Colégio de referência em ensino médio
Eurídice Cadaval, debatendo com outros alunos a temática da pesquisa.
O vídeo transformou-se em um recurso de estudo nas escolas do município
de Itapissuma.
Pesquisa de campo
Tema: um olhar sobre a Vila Velha na Ilha de Itamaracá.
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Linha da pesquisa: meio ambiente e população local.
Objetivo geral
Investigar o olhar dos moradores da Vila Velha sobre os aspectos ambientais,
sociais e de desenvolvimento local.
Objetivos específicos
•
Analisar as opiniões dos moradores sobre a preservação, consciência e
educação ambiental;
•
Verificar as formas de preservação utilizadas pelos moradores;
•
Compreender
o
processo
de
desenvolvimento
sustentável,
social
e
econômico da Vila Velha.
A investigação sobre “um olhar sobre a Vila Velha” requer a utilização de um
estudo mais próximo da realidade do sujeito, como forma de se analisar como os
moradores preservam os aspectos ambientais, o ecossistema e o habitat em que
vivem.
Por isto, foi optado por uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa
e quantitativa, para poder analisar e quantificar as diversas opiniões coletadas.
O lócus da pesquisa se deu na comunidade de Vila Velha, Ilha de Itamaracá.
Números de entrevistados (05)
Os entrevistados são moradores da Vila Velha.
O instrumento de pesquisa utilizado no estudo foi uma apreensão qualitativa
e quantitativa do objeto, a investigação utilizou a entrevista semiestruturada
empregando um roteiro de entrevista e observação como técnicas de pesquisa de
campo.
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Outro instrumento de pesquisa utilizado foi o cinema documentário, como
fonte de pesquisa e ensino das ciências humanas e sociais. Esse gênero
cinematográfico pode, também, significar para realizadores, estudiosos e
espectadores uma prova da "verdade", uma vez que trabalha diretamente com
imagens extraídas da realidade. É comum se imaginar o filme documentário como a
expressão legítima do real ou se crer que ele está mais próximo da verdade e da
realidade do que os filmes de ficção. Foi utilizado na captação de imagens um
celular, produzindo assim uma análise audiovisual da temática pesquisada,
produzindo assim um documentário.
Resultados e discussões
O documentário um Olhar sobre a Vila Velha visou investigar os problemas
locais da comunidade, entrevistando os moradores (pescador, idoso, adolescente,
dona-de-casa) abordados na pesquisa realizados exclusivamente com o uso dos
recursos da câmera do celular.
Na edição e produção do documentário os alunos utilizaram o programa
Windows Movie Maker, que faz parte do pacote “Windows” sendo o mesmo para a
publicação do documentário na Internet, os alunos criaram contas no Youtube e
facebook.
Destino do lixo:
•
80 % dos moradores utilizam o método da queimada do lixo.
•
20% fazem a coleta seletiva do lixo
Emprego e geração de renda:
•
75 % alegam que não há perspectiva de conseguirem um emprego na vila.
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•
25% relatam que a perspectiva de renda só há para aposentados e para
funcionários da prefeitura.
Preservação do meio ambiente:
•
100% dos moradores disseram que preservam o meio ambiente.
Qualificação profissional
•
60 % relatam que não há investimento voltado para os jovens e sua
qualificação;
•
40 % relatam que existem cursos, mas financiados por eles próprios;
Ilustrações
Fotos 1, 2 e 3: Manguezal, Vila Velha, Ilha de Itamaracá, 2010.
Foto: Edemir Nascimento
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Foto: Edemir Nascimento
Foto: Edemir Nascimento
Considerações finais
A tecnologia na educação é sem dúvida um caminho a excelência em
qualidade educacional. A demanda da sociedade atual e a flexibilidade
característica das tecnologias impulsionaram seu crescimento nos ambientes.
Como toda evolução tecnológica que provoca a mudança de hábitos, a
digitalização de conteúdo também tem gerado preocupações por conta das
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associações entre texto, vídeos e sons. Algo que se torna ainda mais delicado
quando envolve o campo da educação.
Compreender as tecnologias é, portanto, apropriar-se das linguagens que as
constituem, e a escola pode desempenhar um importante papel nesse processo se,
desde já, aprofundar-se no estudo desses meios para incorporá-los a sua prática.
Essa inserção da tecnologia na educação com a produção do documentário
Um olhar sobre a Vila Velha não só contribuiu socialmente através da investigação
na comunidade da Vila Velha, analisado os problemas ambientais e sociais
existentes na área, como também desenvolveu no aluno a criticidade, fazendo os
alunos serem sujeitos de suas próprias ações.
Esse tipo de pesquisa com os alunos do ensino fundamental é de extrema
importância para a construção das interpretações sociais no aluno, fazendo-o
enxergar a realidade de seu entorno.
O uso do celular como ferramenta tecnológica e educacional em atividade
escolar, trouxe para os alunos um novo método de pesquisa e investigação social,
bem como os levou a buscar ferramentas que os auxiliassem e melhorar os
resultados do trabalho.
As escolas podem ser as oficinas que engendram a nova cultura se
professores e alunos aprenderem a superar as intransigências e compreenderem
que:
A intransigência em relação a tudo quanto é novo é um dos piores defeitos
do homem. E, inversamente, perceber a realidade pelos meios não
convencionais é o que mais intensamente deveria ser buscado nas
universidades [e nas escolas]. Porque isso é capacidade de invenção em
estado puro: cultivar o devaneio, anotar seus sonhos, escrever poesias,
criar imageticamente o roteiro de um filme que ainda vai ser filmado. (...)
Inventividade e tradição mantêm entre si uma relação muito complexa,
que nunca foi constante ao longo do tempo: às vezes foi de oposição e
exclusão, outras vezes foi complementar e estimulante".(LEONARDI,1999,
p. 57-58).
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Talvez o grande desafio para a educação na sociedade telemidiática seja
justamente o de estimular a expressão dessa complementaridade que permanece,
muitas vezes, latente entre a educação e as mídias, em especial a televisão, por
ser aquela que, hoje, consegue alcançar o maior número de pessoas e compõe de
igual maneira o cotidiano de professores e alunos, supera a hierarquia imposta pela
escola e transforma todos os envolvidos no processo em telespectadores dos
mesmos programas, das mesmas imagens e sons.
Referencias Bibliográficas
LÈVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1999
LEONARDI, Victor. Jazz em Jerusalém: inventividade e tradição na história cultural.
São Paulo: Nankin Editorial,1999.
MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar
lá. Campinas: Papirus, 2007.
________. Desafios na comunicação pessoal. 3ª ed. revista. São Paulo: Paulinas,
2007.
Página pessoal: www.eca.usp.br/prof/moran
Blog sobre educação inovadora: http://moran10.blogspot.com
MENDES, Lina. Celular e Expressão: um projeto para o uso dos dispositivos móveis
na escola. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA DA EDUCAÇÃO. 8, 2010.
Pernambuco. Anais... Recife: Ed. SENAC-PE, 2010, 1 CD. (ISSN: 1984-6355)
PHEBO, A.G. O Celular Como Material Didático. Disponível em:
http://aphebo.webnode.com//. Acesso em: 10 jun 2010.
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