Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região (CRFa-2ª Região)
Centro de Estudos Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão (CEALAG)
Departamento de Medicina Social (FCMSCSP)
PERFIL DE FORMAÇÃO ESPECIALIZADA E INSERÇÃO
NO MERCADO DE TRABALHO DO FONOAUDIÓLOGO
NO ESTADO DE SÃO PAULO
(Relatório de Pesquisa)
Coordenação Geral:
Cássio Silveira (FCMSC-SP)
Coordenação e Supervisão de campo:
Jucélia Barbosa (Cealag)
Denise Andrade (Cealag)
Equipe Técnica:
João Paulo Balderrama Kishi (SES)
Paulo Damasceno Melo (CRFa-2ª Região)
Rodrigo Calado (Cealag)
São Paulo
Novembro de 2009
INDICE
Introdução ...................................................................................................... 01
Métodos e Técnicas de Pesquisa................................................................... 03
Resultados ..................................................................................................... 07
Considerações Finais ..................................................................................... 36
Bibliografia Consultada .................................................................................. 39
INTRODUÇÃO
O levantamento de informações sobre o perfil de formação especializada e
inserção no mercado de trabalho em saúde do profissional em Fonoaudiologia,
recoloca, de maneira geral, a necessidade da produção de conhecimentos
sobre o trabalho em saúde, e, em particular, conhecimentos sobre as
profissões em saúde.
As transformações ocorridas no mercado de trabalho em saúde, no Brasil, nas
duas últimas décadas, constituem, por um lado, expressão do aumento da
oferta de vagas nos cursos superiores como resultado imediato da abertura de
cursos na área da saúde e, particularmente, de novos cursos de
Fonoaudiologia, principalmente no setor privado de ensino superior; por outro
lado, o setor público de serviços de saúde imprimiu uma dinâmica diferenciada
no mercado de trabalho em saúde ao promover a expansão do Sistema Único
de Saúde (SUS) em todo território nacional, fato que viabilizou a expansão da
oferta de empregos no contexto dos processos de descentralização
administrativa dos serviços e da municipalização dos mesmos, transferindo boa
parte das responsabilidades sobre a organização dos serviços de saúde aos
poderes municipal e estadual.
Tais afirmações constituem pressupostos importantes à elaboração de
respostas mais concretas e amparadas em conhecimentos empíricos sobre o
mercado de trabalho em saúde no Brasil. Assim postas como ponto de partida,
levam-nos a reconhecer, primeiramente, que as mudanças ocorridas no
mercado
de
trabalho
em
saúde
não
conduzem
necessariamente
à
incorporação de toda mão-de-obra formada, fato que gera comprometimento
de gasto social com formação profissional sem as garantias de inserção do
trabalhador qualificado no mercado de trabalho. Por outro lado, a necessidade
de verificação das condições de trabalho em que se encontram aqueles que
estão incluídos, porque a constatação da oferta de postos no mercado de
trabalho por si só não explicita as reais condições de trabalho vividas pelos
profissionais em saúde.
1
O caso específico da formação e do mercado de trabalho em Fonoaudiologia
não foge aos questionamentos feitos anteriormente, uma vez que a dinâmica
de transformação das profissões na extensa área da saúde tem assumido
formas diferenciadas no que tange às modalidades de inserção no mercado de
trabalho. São exemplos dessas mudanças a tendência de incorporação dos
profissionais pelo mercado privado em saúde, principalmente com as novas
modalidades de relações de trabalho entre profissionais autônomos e
empresas de medicina de grupo, assim como também pela incorporação
desses profissionais pelos setores públicos estatal e não estatal, que têm
apresentado um considerável desenvolvimento desde a implantação do
Sistema Único de Saúde (SUS), em fins dos anos oitenta. Com relação a este
último, soma-se a quantidade de articulações realizadas entre o SUS e a rede
de assistência à saúde do setor público não estatal e do setor privado lucrativo
que aumentou o número de serviços e, conseqüentemente, de postos de
trabalho em saúde.
Essas preocupações têm orientado os trabalhos de pesquisadores e gestores
do setor público de saúde no país nos últimos anos, fato que levou o CRFa da
2ª Região a preocupar-se em atualizar os conhecimentos sobre a
caracterização do perfil sócio-demográfico, a formação especializada e a
inserção no mercado de trabalho dos profissionais inscritos no Conselho para,
assim, poder abrir o debate sobre o trabalho em Fonoaudiologia no estado de
São Paulo.
2
MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA
Breve histórico
O desejo de realização desta pesquisa partiu, por um lado, da necessidade
concreta de caracterização do profissional em Fonoaudiologia no estado de
São Paulo. Inicialmente, foi proposto pelo Centro de Estudos Augusto Leopoldo
Ayrosa Galvão (Cealag), vinculado ao Departamento de Medicina Social
(Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo), um
levantamento de informações que permitisse configurar um quadro de
conhecimentos precisos sobre a formação e o trabalho do Fonoaudiólogo no
estado de São Paulo.
No segundo semestre do ano de 2007, foi realizada uma reunião na sede do
CRFa da 2ª Região, da qual participaram membros da diretoria e
representantes do Cealag. A proposta inicial foi a de, primeiramente, realizar o
recadastramento dos mais de 12.000 Fonoaudiólogos inscritos no CRFa da 2ª
Região, pedido externado pelos membros da diretoria já que o banco de dados
de registros necessitava de atualização das informações mais elementares
sobre os profissionais em Fonoaudiologia. Simultaneamente, ficou acertado
que após a realização do recadastramento, seria levantada uma amostra de
Fonoaudiólogos inscritos no CRFa da 2ª Região para realização de pesquisa
sobre a formação especializada e inserção no mercado de trabalho.
Ainda no segundo semestre daquele ano, iniciou-se a realização do
recadastramento do número total de profissionais registrados no CRFa da 2ª
Região. Primeiro, foi realizado o recadastramento por meio do site do CRFa da
2ª Região. Os Fonoaudiólogos foram convocados por contato via correios e,
também, por correspondência eletrônica, a entrarem no site e preencherem
obrigatoriamente o formulário de recadastramento. Foi construído um
formulário com as seguintes variáveis levantadas em consenso com a diretoria
do CRFa da 2ª Região, e distribuídas pelos seguintes eixos: identificação
demográfica, atualização de endereço para contato e registro da área de
atuação profissional em Fonoaudiologia (Linguagem, Voz, Motricidade
3
Orofacial, Audiologia ou Saúde Coletiva). Para aqueles que não acessaram o
site por algum motivo (cerca de 500 contatos com pessoas jurídicas e cerca de
2.400 com pessoas físicas), as mesmas foram contatadas via telefone (ETAC:
Entrevista Telefônica Assistida por Computador). O recadastramento teve início
em novembro de 2007 e seu término em junho de 2008.
A partir do recadastramento, iniciou-se o processo de pesquisa. Primeiramente,
foram
contratadas
e
treinadas
oito
pesquisadoras
que
atuariam
no
levantamento da coleta de informações. Em seguida, o CRFa da 2ª Região
transferiu o banco de dados com todos os registros atualizados nele contidos
para que o mesmo fosse tomado como ponto de partida para o contato com os
profissionais. Os registros foram transferidos para um novo banco de dados,
reorganizados e associados a um sistema informatizado de controle e
monitoramento das informações que permitiu, por sua vez, a inclusão no
programa de gerenciamento de pesquisa realizada por telefone (ETAC).
Assim feito, iniciaram-se os contatos com os profissionais e foram sendo
realizadas as entrevistas com um formulário cuja aplicação demandava em
média 7 minutos. A pesquisa, incluindo preparação do campo e aplicação do
instrumento de coleta de dados, teve início em março do ano de 2009 com
término em julho do mesmo ano.
A pesquisa: planejamento e recursos metodológicos utilizados
Tendo sido realizado o recadastramento, iniciou-se a organização da etapa
seguinte já acordada anteriormente: realizar a pesquisa que viabilizou uma
caracterização
mais
detalhada
do
perfil
demográfico,
da
formação
especializada e da inserção no mercado de trabalho em saúde.
Partiu-se de um trabalho de pesquisa realizado no ano de 1997, denominado
Perfil do Fonoaudiólogo no Estado de São Paulo. Tal pesquisa foi importante
referência no processo de elaboração de um formulário cujo conteúdo foi
discutido e aprovado em sucessivas reuniões com a diretoria do CRFa da 2a
Região.
4
O mesmo sistema de aplicação e controle do instrumento de coleta de dados
por telefone foi utilizado com maior eficiência que durante o recadastramento,
já que naquele momento as informações para estabelecer o contato com os
profissionais já estavam atualizadas. A coleta de dados alcançou com
facilidade e segurança os profissionais escolhidos pelo sorteio da amostra.
A técnica de coleta de dados utilizada foi a entrevista com formulário aplicado
via comunicação telefônica (ETAC). Foram levantadas informações para
caracterização
dos
seguintes
aspectos:
perfil
demográfico,
formação
especializada e inserção no mercado de trabalho.
A amostra foi elaborada seguindo-se os seguintes critérios: tomou-se por base
o universo de 12.254 Fonoaudiólogos inscritos no CRFa da 2ª Região, no ano
de 2009; foi realizado um sorteio aleatório considerando-se, primeiro, a
proporcionalidade pelo tempo de formação dos inscritos subdivididos de dez
em dez anos; segundo, considerou-se a proporcionalidade entre os residentes
na Grande São Paulo e Capital e no Interior. Resultou do sorteio uma amostra
de 1.992 profissionais.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade da
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, tendo sido cumpridos todas as
determinações que cercam os cuidados com os sujeitos de pesquisa e as
organizações envolvidas no processo.
Campo de pesquisa
O trabalho de coleta de dados transcorreu com tranqüilidade posto que a
contribuição dos profissionais em Fonoaudiologia foi muito grande. A aceitação
à participação fornecendo informações foi antecedida da apresentação, pelos
pesquisadores, dos objetivos da pesquisa e de sua contextualização no CRFa
da 2ª Região, sua origem institucional e, também, dos cuidados éticos em
5
relação às informações disponibilizadas no momento da entrevista – sigilo e
privacidade.
A produção de entrevistas atingiu os seguintes resultados, apresentados a
seguir (Figura 1).
Não realizados;
13,96%
Recusados;
1,96%
Finalizados;
84,09%
Figura 1 – Distribuição da produção de entrevistas realizadas junto aos inscritos no CRFa da
2ª Região, 2009. (N=1.992)
Como pode ser observado, a produção de entrevistas atingiu a porcentagem de
84,09% do total da amostra (N=1.992), com uma baixa porcentagem de
recusas: 1,96%. O convencimento à participação dos entrevistados sorteados
na amostra estava baseado na argumentação da importância da pesquisa ao
desenvolvimento e à consecução das ações desenvolvidas pelo CRFa da 2ª
Região.
Ainda assim, 13,96% das entrevistas não foram realizadas, configurando as
seguintes ocorrências no campo de pesquisa: impossibilidade de contato
mesmo com a atualização das informações durante o cadastro, viagem
prolongada, ausência de retorno em sucessivos recados deixados e um
falecimento.
6
RESULTADOS
Os resultados aqui apresentados expressam um conjunto atualizado de
informações sobre o perfil do profissional de Fonoaudiologia no estado de São
Paulo. A composição da apresentação deste relatório descritivo foi estruturada
da seguinte maneira: em primeiro lugar, uma caracterização dos dados sóciodemográficos que situam o leitor no universo dos sujeitos da pesquisa; em
segundo, dados sobre a formação especializada, tendência crescente em todas
as formações em saúde; por fim, a apresentação das principais características
da inserção no mercado de trabalho dos profissionais em Fonoaudiologia.
Perfil sócio-demográfico
A Figura 2, apresentada a seguir, aponta para uma tendência que parece
configurar-se como permanente. No tocante ao sexo das pessoas que
procuram a formação em Fonoaudiologia, constata-se que a maioria continua
sendo de mulheres: 98,87% As mesmas ocupam praticamente todo o conjunto
de pessoas formadas e inscritas no CRFa da 2ª Região.
Masculino; 1,13%
Feminino; 98,87%
Figura 2 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por sexo, CRFa da 2ª Região, 2009. (N=1.675)
De maneira geral, esse expressivo conjunto de representantes do sexo
feminino na profissão parece representar tendência também encontrada em
outras profissões em saúde, tais como, a Enfermagem, por exemplo. Mesmo
assim, deve-se considerar que a quase totalidade do sexo feminino é uma
7
marca registrada na profissão em Fonoaudiologia. Considere-se, também, que
para uma verificação mais abrangente desta tendência, seria necessária uma
verificação junto à totalidade das pessoas que entram nos cursos de graduação
em Fonoaudiologia, tomam o caminho da evasão ou terminam a graduação
sem, contudo, inscreverem-se no CRFa da 2ª Região. Tal informação permitiria
inferir sobre, primeiro, se a procura pela formação é quase exclusivamente
feminina, e, segundo, se os homens que procuram a formação evadem durante
o curso, ou não se inscrevem no CRFa da 2ª Região ao seu término.
Em relação à distribuição da idade por faixas etárias dos profissionais em
Fonoaudiologia (Figura 3), ganham destaque as faixas etárias mais jovens:
32,42% na faixa dos 20 aos 30 anos completos, caracterizando, assim, um
número elevado de pessoas recém formadas; a faixa etária de 30 a 40 anos
completos apresenta a porcentagem de 41,55%, ou seja, quase a metade dos
entrevistados inseridos neste intervalo, somados à faixa etária anterior,
constituem mais de 70% do total dos entrevistados.
Tal situação requer atenção especial ao futuro desses profissionais, primeiro,
pela necessidade de cuidar do fomento à formação pós-graduada e da carreira
profissional daqueles que estão inseridos no mercado de trabalho em saúde;
segundo, a importância de considerar a atualização e a capacitação
profissional para o desenvolvimento do trabalho em Fonoaudiologia.
8
100%
41,55%
32,42%
18,69%
6,69%
0,60%
0,06%
De 61 a 70
anos
Acima de 70
anos
0%
De 20 a 30
anos
De 31 a 40
anos
De 41 a 50
anos
De 51 a 60
anos
Figura 3 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por faixa etária, CRFa da 2ª Região, 2009. (N=1.675)
Em relação à nacionalidade de origem dos Fonoaudiólogos (Tabela 1),
somente dois entrevistados referiram ter nascido em outro país, sendo um
chinês e outro italiano.
Tabela 1 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por nacionalidade,
CRFa da 2ª Região, 2009.
Nacionalidade
Brasileira
Estrangeira
Total
Nº
%
1671
99,76
2
0,12
1673
100,00
NS/NR 2
Quanto ao estado civil dos entrevistados (Figura 4), observa-se uma
porcentagem de 52,75% de casados, seguida de 39,37% de solteiros. O alto
número de entrevistados solteiros confirma a concentração da maioria
pertencer às faixas etárias mais jovens, momento da vida no qual é comum a
preocupação com o futuro profissional após a formação na graduação, com a
busca pela formação especializada e com a busca e consolidação da entrada
no mercado de trabalho.
9
Viuvo(a); 0,78%
Solteiro(a);
39,37%
Casado(a);
52,75%
Separado(a);
7,11%
Figura 4 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por estado civil, CRFa da 2ª Região, 2009.
(N=1.674; NS/NR: 1)
As respostas sobre o local de residência dos entrevistados (Tabela 2)
demonstraram haver equilíbrio entre os moradores da Grande São Paulo e
Capital e do Interior, com uma leve percentagem aumentada para esse último:
51,05%.
Tabela 2 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por local
de residência no estado de São Paulo, CRFa da 2ª
Região, 2009.
Local de Residência
Nº
%
Grande São Paulo e Capital
820
48,95
Interior
855
51,05
1.675
100,0
Total
10
Formação Especializada
Quanto à organização de ensino superior de origem dos entrevistados (Quadro
1), têm destaque as seguintes escolas:
Quadro 1 – Organizações de ensino nas quais se graduaram
os Fonoaudiólogos, CRFa da 2ª Região, 2009.
Principais Organizações de Ensino
Pontifícia Universidade Católica – SP
Pontifícia Universidade Católica – Campinas
Universidade Metodista de Piracicaba
Universidade Federal de São Paulo
Centro Universitario São Camilo
O tempo de formação dos Fonoaudiólogos (Figura 5) concentra uma
porcentagem elevada nas duas primeiras faixas: 23,17% e 29,98%,
respectivamente. Essa presença marcante nas duas primeiras faixas apresenta
um quadro de Fonoaudiólogos formados há no máximo dez anos.
No início dos anos noventa houve uma expansão da oferta de vagas em cursos
de graduação no estado de São Paulo. Tal evolução pode elucidar a
concentração de um grande número de pessoal formado nesse período nos
últimos quinze anos. Conseqüentemente, a oferta de vagas em escolas
superiores aumentou, além do que a perspectiva de uma nova profissão no
mercado de trabalho com a ampliação das possibilidades de inserção
profissional na área da saúde, pode também ter constituído um forte atrativo
em busca de formação nessa área.
Por outro lado, mais um dado chama a atenção na Figura 5: a redução da
porcentagem dos formados na faixa mais recente (de um a cinco anos), que cai
em mais de 5% em relação à faixa de 6 a 10 anos. Tal resultado pode ser
explicado pela redução da oferta de vagas em cursos superiores que ocorreu
mais recentemente. Ou seja, houve uma retração da oferta de vagas com o
fechamento de muitos cursos que sofriam com a falta de candidatos ou com o
processo de evasão, também.
11
100%
29,98%
23,17%
19,40%
11,20%
7,37%
5,87%
2,99%
0,90%
0,12%
0%
De 1 a 5
anos
De 6 a 10 De 11 a 15 De 16 a 20 De 21 a 25 De 26 a 30 De 31 a 35 De 36 a 40 Acima de
anos
anos
anos
anos
anos
anos
anos
40 anos
Figura 5 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por tempo de conclusão do curso de graduação (períodos
de 5 anos), CRFa 2ª Região, 2009. (N=1.670; NS/NR=5)
Ao findarem o curso de graduação, mais da metade dos Fonoaudiólogos
procurou a formação em cursos de especialização (Figura 6). Mais exatamente,
51,79% realizaram curso de especialização.
Não; 48,21%
Sim; 51,79%
Figura 6 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por realização de especialização, CRFa da 2ª
Região, 2009. (N=1674; NS/NR=1)
Dentre os que freqüentaram curso de especialização, foi levantado o número
de cursos realizados (Figura 7). Do total dos que realizaram (51,79% da
amostra, Figura 6), 82,86% permanecem na realização de um curso, para
13,43% que cursaram dois cursos de especialização. Tal resultado aponta para
um contingente ampliado de Fonoaudiólogos que buscam aprimorar seus
conhecimentos especializados.
12
5 cursos; 0,35%
4 cursos; 0,35%
3 cursos; 3,01%
2 cursos; 13,43%
1 curso; 82,86%
Figura 7 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por número de cursos de especialização realizados,
CRFa da 2ª Região, 2009. (N=864; NS/NR=3)
Ainda em relação às especializações, há restrições impostas pelo Conselho
Federal de Fonoaudiologia quanto à concessão e certificação do título de
especialista. O órgão determina que os profissionais em Fonoaudiologia podem
realizar quantos cursos desejarem, no entanto, o título de especialista só é
concedido pela entidade federal para as seguintes áreas: Especialista em
Linguagem, Especialista em Voz, Especialista em Motricidade Orofacial e
Especialista em Saúde Coletiva. Ou seja, o Fonoaudiólogo pode realizar
quantos cursos de especialização desejar, porém, poderá auferir somente um
título dentro das áreas apresentadas anteriormente.
A Figura 8, apresentada a seguir, indica a distribuição dos cursos realizados
pelos entrevistados distribuídos pelas áreas de concessão de título de
especialista. Têm destaque a área de Audiologia (27,92%), seguida de
Motricidade Orofacial (23,66%). Linguagem também se constitui enquanto área
importante à especialização (14,26%), seguidas de Voz (9,21%) e Saúde
Coletiva (2,48%), sendo esta última a mais nova titulação incorporada à lista de
especialidades pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia.
Entre os que responderam por outras áreas (22,48%), foram encontrados os
seguintes exemplos: Educação, Distúrbio da Comunicação, Fonoaudiologia
Hospitalar, Neurologia e Psicopedagogia, entre outros.
13
2,48%
Saúde Coletiva
9,21%
Voz
14,26%
Linguagem
22,48%
Outros
23,66%
Motricidade
27,92%
Audiologia
0%
100%
Figura 8 - Distribuição dos Fonoaudiólogos pelas áreas de especialização com certificação, CRFa da 2ª Região,
2009. (N=1010)
A Tabela 3 apresenta informações sobre a realização de cursos de pósgraduação stricto sensu. Os Fonoaudiólogos entrevistados apresentaram um
conjunto menor de profissionais que realizaram cursos de mestrado, doutorado,
ou ambas as formações pós-graduadas, quando comparados à formação
especializada. Note-se que 11,7% dos Fonoaudiólogos (196 entrevistados da
amostra) confirmaram ter realizado a pós-graduação stricto sensu.
A maioria cursou somente o mestrado (78,06%), seguido daqueles que
cursaram o mestrado e o doutorado (20,41%). Há ainda aqueles que
realizaram somente o doutorado: 1,53%.
Tabela 3 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por
realização de curso de pós-graduação Stricto Sensu,
CRFa da 2ª Região, 2009.
Curso de Pós Graduação
Nº
%
Stricto Sensu
Somente o Mestrado
153
78,06
Mestrado e Doutorado
40
20,41
Somente o Doutorado
3
1,53
196
100,00
Total
14
Em relação aos que cursaram somente o mestrado, mais da metade, ou seja,
56,48% (N=153) obtiveram algum tipo de financiamento que desse suporte
durante o período de sua realização. Já em relação à realização do doutorado,
37,21% (N=43) obtiveram concessão de algum tipo de bolsa de estudo.
As organizações de fomento à pesquisa, indicadas pelos entrevistados, são: a
Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Ensino Superior), o
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a
Fapesp (Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo). A ordem
decrescente de distribuição da freqüência com que aparecem nas respostas é
a mesma para mestrado e doutorado. Um entrevistado citou a PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) como cedente da bolsa de
estudos para o doutorado.
As Figuras a seguir (Figuras 9 e 10), apresentam as áreas de formação nas
quais os entrevistados formaram-se no mestrado e no doutorado.
A formação no nível de mestrado (Figura 9) aponta para um equilíbrio entre as
áreas de Linguagem (22,11%) e Audiologia (20%). A área de Voz vem logo em
seguida (12,63%) colocando-a mais próxima das duas primeiras. Motricidade
Orofacial e Saúde Coletiva
aparecem por último
(7,37%
e
5,26%,
respectivamente) sendo a primeira considerada uma área tradicional dentro do
Fonoaudiologia e, por outro lado, a área de Saúde Coletiva que emerge como
possibilidade de formação para os profissionais em Fonoaudiologia.
15
Linguagem;
22,11%
*Outras; 32,63%
Audiologia;
20,00%
Saúde Coletiva;
5,26%
Motricidade
Orofacial; 7,37%
Voz; 12,63%
Figura 9 – Distribuição dos Fonoaudiólogos pela área de formação no mestrado, CRFa da 2ª
Região, 2009. (N=190; NS/NR=3)
* São exemplos de outras: distúrbios da comunicação, neurociências, neurologia, neurolingística,
ciências da saúde, ciências da realibilitacão, educação e psicologia social.
Já no doutorado (Figura 10), a distribuição da freqüência alterna as duas
primeiras áreas encontradas no mestrado. A área de Audiologia desponta com
23,26%, seguida de Linguagem com 16,28%. A área de Voz novamente
aparece no terceiro posto com 11,63%.
Pelo exposto, é possível supor que a área de Saúde Coletiva, apesar de muito
pouco representada no nível de formação em doutorado, aparece no nível de
mestrado como uma possível que promessa para a sua continuidade no
doutorado. Primeiro, porque há oferta, tanto na capital, quanto no interior do
estado de São Paulo, de vários programas de pós-graduação que oferecem o
título de doutor; segundo, porque é possível, uma vez tomado o caminho de
formação em Saúde Coletiva, um retorno às áreas mais consagradas em
Fonoaudiologia tornar-se um pouco mais distante, pelo fato de serem áreas
com características de formação técnica, e, também, pelo fato de que a área de
Saúde Coletiva coloca a possibilidade de inserções variadas no mercado de
trabalho em saúde pública (gerência de serviços de saúde, gestão em serviços
de saúde, vigilância em saúde e epidemiológica, entre outros).
16
Linguagem;
16,28%
*Outras; 39,52%
Audiologia;
23,26%
Saúde Coletiva;
2,33%
Voz; 11,63%
Motricidade
orofacial; 6,98%
Figura 10 - Distribuição dos Fonoaudiólogos pela área de formação no doutorado, CRFa da 2ª
Região, 2009. (N=43)
* São exemplos de outras: distúrbios da comunicação, neurociências, ciências da realibilitacão,
educação e psicologia social.
As principais organizações de ensino nas quais os entrevistados realizaram o
mestrado são as seguintes (Quadro 2):
Quadro 2 - Organizações de ensino nas quais os Fonoaudiólogos
realizaram o mestrado, CRFa da 2ª Região, 2009.
Principais Organizações de Ensino
Pontifícia Universidade Católica – SP
Universidade Federal de São Paulo
Universidade Estadual de Campinas
Universidade de São Paulo – Bauru
Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto
Universidade Estadual de Marília
Universidade Federal de São Carlos
Universidade Metodista de Piracicaba
Pontifícia Universidade Católica – Campinas
Universidade de Franca
Universidade Estadual Paulista – Botucatu
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Faculdade de Saúde Pública – USP
Hospital de Reabilitação de Anomalias Crânio-Faciais – USP
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
Faculdade Moura Lacerda de Ribeiro Preto
Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva
Instituto de Saúde - Coordenadoria Instituto Pesquisa
Universidade Bandeirantes de São Paulo
Universidade Castelo Branco
Universidade Catolica de Santos
Universidade de São Paulo – Araraquara
Universidade do Oeste Paulista
Universidade Presbiteriana Mackenzie
17
As principais organizações de ensino nas quais os entrevistados realizaram o
doutorado são as seguintes (Quadro 3):
Quadro 3 - Organizações de ensino nas quais os Fonoaudiólogos
realizaram o doutorado, CRFa da 2ª Região, 2009.
Principais Organizações de Ensino
Universidade de São Paulo
Universidade Federal de São Paulo
Universidade Estadual de Campinas
Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto
Pontifícia Universidade Católica – SP
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Faculdade de Medicina – USP
Faculdade de Saúde Pública – USP
Universidade de São Paulo – Araraquara
Universidade de São Paulo – Bauru
Universidade Estadual Paulista – Marilia
Universidade Federal de São Carlos
Total
As Figuras apresentadas a seguir (11 e 12) demonstram há quanto tempo os
Fonoaudiólogos estão formados no mestrado e no doutorado. As respostas
foram distribuídas em faixas de cinco em cinco anos.
As pessoas que concluíram o mestrado (Figura 11) concentram-se nas duas
primeiras faixas de tempo (até cinco anos e de 6 a dez anos) de formados:
37,17% e 40,31%, respectivamente. Já os que concluíram o doutorado (Figura
12), a maior concentração está na primeira faixa (até 5 anos) o que demonstra
haver um conjunto razoável de recém doutores.
De 16 a 20 anos;
5,76%
Acima de 20 anos;
3,14%
De 11 a 15 anos;
13,61%
De 0 a 5 anos;
37,17%
De 6 a 10 anos;
40,31%
Figura 11 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por faixas de tempo de conclusão do mestrado, CRFa
da 2ª Região, 2009. (N=191; NS/NR=2)
18
Acima de 15 anos;
4,88%
De 11 a 15 anos;
4,88%
De 6 a 10 anos;
31,71%
De 0 a 5 anos;
58,53%
Figura 12 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por faixas de tempo de conclusão do doutorado, CRFa da
2ª Região, 2009. (N=41; NS/NR=2)
Quanto ao local de formação em pós-graduação, nível mestrado, predomina a
realização do curso na capital para 69,95% dos entrevistados (N=193). Em
relação à realização do doutorado, a porcentagem dos entrevistados que se
formou na capital é de 60,47% (N=43).
Inserção no mercado de trabalho
A atuação profissional no mercado de trabalho em Fonoaudiologia, no estado
de São Paulo, apresenta um conjunto de 16,84% de entrevistados que
atualmente encontram-se sem atuação profissional na área (Figura 13). Mesmo
que o resultado da pesquisa indique que a maioria (83,16%) esteja atualmente
inserida no mercado de trabalho em Fonoaudiologia, é preocupante o
percentual de pessoas formadas e inscritas no Conselho sem atuação na área.
Algumas considerações gerais sobre o problema apontam para o custo social
do investimento na formação e qualificação profissional em descompasso com
a impossibilidade de inserção no mercado de trabalho, além dos custos
individuais e familiares investidos durante a trajetória de formação acadêmica.
19
Não
16,84%
Sim
83,16%
Figura 13 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por atuação na área, CRFa 2ª Região, 2009. (N=1.675)
Entre os motivos alegados que justificam a não atuação na área de
Fonoaudiologia (Figura 14), ter procurado e não ter conseguido trabalho como
Fonoaudiólogo é indicado por 22,78% dos entrevistados. Outros 27,05%
apontam motivos pessoais pela não inserção no mercado.
Não conseguiu trabalho
como Fonoaudiólogo
Motivos pessoais
Outros motivos
0,0%
22,78%
27,05%
50,18%
100,0%
Figura 14 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por motivos da não atuação na área, CRFa 2ª Região, 2009.
(N=281; NS/NR=1)
Os desdobramentos quanto aos outros motivos (50,18%, Figura 14) trouxeram
informações importantes ao esclarecimento minucioso do problema sobre a
inserção no mercado de trabalho em Fonoaudiologia. Na Figura 15,
apresentada a seguir, a atuação em outra área, sem especificar qual, é para
20
25,5% o motivo principal da não inserção no mercado de trabalho. Estar
cursando outra graduação, ou mesmo a pós-graduação, surge como motivo
para 24,8%. Dois outros motivos chamam a atenção pela remissão direta ao
debate sobre os problemas da inserção no mercado de trabalho em
Fonoaudiologia: a baixa remuneração oferecida no campo de trabalho (14,2%)
e, também, a insatisfação com a área de formação (13,5%).
Atuar em outra área (sem especificar)
25,50%
Cursando graduação ou pós-graduação
24,80%
Falta de oportunidade de trabalho na área
14,20%
Baixa remuneração
13,50%
6,40%
Insatisfação com a área de formação
5,00%
Negócio próprio
Concursada no setor público
3,50%
Falta de pacientes
3,50%
Desatualização
2,10%
Aposentada
0,70%
Montando Consultório
0,70%
0,0%
100,0%
Figura 15 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por outros motivos da não atuação na área, CRFa 2ª Região,
2009. (N=141)
Ao serem indagados sobre se procuraram trabalho na área no último ano
(Figura 16), os Fonoaudiólogos que não atuam na área de formação, em
maioria absoluta de 67,26%, confirmaram não tê-lo feito. O dado é importante,
pois, corrobora as informações apontadas anteriormente, que expõem uma
insatisfação com o mercado de trabalho na área e até com a própria formação
e campo de atuação em Fonoaudiologia.
21
Sim
32,74%
Não
67,26%
Figura 16 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por procura de trabalho na área nos últimos 12 meses,
CRFa 2ª Região, 2009. (N=281; NS/NR=1)
De maneira complementar, a Figura 17 traz informações sobre se os
Fonoaudiólogos entrevistados estão atuando em outra área no mercado de
trabalho.
Da
amostra,
19,4%
atualmente
atuam
fora
da
área
de
Fonoaudiologia. Ou seja, o percentual aumenta em relação aos 16,84% que
não atuam na área (Figura 14), o que leva a crer que cerca de 4% dos
entrevistados ampliam sua participação no mercado de trabalho além da
atuação em Fonoaudiologia.
Sim
19,40%
Não
80,60%
Figura 17 – Distribuição dos Fonoaudiólogos pela atuação em outra área de trabalho,
CRFa-2ª Região, 2009. (N=1.675)
A Figura 18 apresenta a distribuição das outras atividades de atuação
profissional desenvolvidas pelos Fonoaudiólogos. Interessante observar que a
atuação em Educação, que ocupa o primeiro lugar entre as respostas com
22
27,4%, vem seguida da atuação em Administração com 20%. Juntamente com
a atuação na área de Comércio e Vendas (12%), que aparece em terceiro
lugar, as três áreas de atuação fora da Fonoaudiologia totalizam quase 50% do
total das respostas. A atuação em Saúde aparece com 11,1% das respostas.
Educação
27,40%
Administração
20,00%
Comércio e Vendas
12,00%
Saúde
11,10%
Negócio próprio
8,30%
Outra área (sem especificar)
8,00%
Prestação de serviços
5,50%
Arte, dança, moda e música
2,80%
Atuação no SUS
1,80%
Serviço público
1,80%
Trabalho voluntário
1,20%
0,0%
100,0%
Figura 18 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por outras áreas de atuação fora da Fonoaudiologia, CRFa
2ª Região, 2009. (N=325)
Entre os entrevistados que atuam em Fonoaudiologia atualmente (N=1.393),
um pouco mais da metade (51,19%) têm residência na Grande São Paulo e
Capital, restando 48,81% que têm residência no interior do estado. Ou seja, há
uma distribuição bem equilibrada entre região metropolitana e interior.
Entre aqueles que atuam na área de Fonoaudiologia, atualmente, a maioria
representada por 55,71% dos entrevistados, possuem somente um vínculo
profissional (Figura 19). Chama a atenção a porcentagem de 32,38% dos
entrevistados que possuem dois vínculos de trabalho, o que aproxima da
realidade já historicamente consagrada de que a somatória de situações de
trabalho é um fenômeno comum a outras formações na grande área da saúde,
23
particularmente em Medicina, ainda que bem distante da situação desta última.
Os que indicaram três vínculos de trabalho (9,26%) afastam-se em termos
percentuais dos anteriores, caindo vertiginosamente para 1,87% entre aqueles
que possuem quatro vínculos de trabalho.
Duas suposições podem ser inseridas nesta discussão: primeira, o mercado de
trabalho em Fonoaudiologia não oferece tantas oportunidades que permitam
uma abertura maior da composição das situações de trabalho dos
entrevistados; por outro lado, e complementarmente, pode haver a oferta de
trabalhos que não permitam a flexibilidade em termos da composição diária da
agenda de trabalho (cumprimento de carga horária que ocupe toda a jornada
diária de trabalho, por exemplo), ou mesmo a obrigatoriedade contratual do
cumprimento de uma produtividade que inviabiliza a busca por outras situações
de trabalho pela carga excessiva de trabalho acumulada.
100%
55,71%
32,38%
9,26%
1,87%
0,72%
0,07%
4 vínculos
5 vínculos
6 vínculos
0%
1 vínculo
2 vínculos
3 vínculos
Figura 19 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por número de vínculos profissionais na área, CRFa 2ª Região,
2009. (N=1.393)
As situações de trabalho de todos os entrevistados somaram 2.226, no total. A
descrição dos dados quantificados em sua totalidade apresentou informações
importantes à caracterização dessas situações de trabalho.
Para a caracterização do tipo de natureza jurídica das organizações em que
estão inseridos os Fonoaudiólogos (Tabela 4), foram consideradas as
24
seguintes categorias: organização pública governamental é toda organização
vinculada ao serviço público nos níveis municipal, estadual ou federal, seja ela
uma autarquia ou pertencente à administração direta; organização pública não
governamental é toda organização de direito privado, mas voltada às ações
filantrópicas (sem fins lucrativos), tais como, associações, sociedades,
fundações
e
as
denominadas
genericamente
de
organizações
não
governamentais; organização privada é toda organização regida pelo direito
privado e tem fins lucrativos.
Os dados demonstram claramente o predomínio da oferta de trabalho em
Fonoaudiologia no setor privado (75,05%). Ou seja, é uma área de trabalho
ainda com baixa absorção do setor público se comparada à inserção no
mercado privado.
A incorporação da força de trabalho em Fonoaudiologia pelas organizações
públicas governamentais municipais, por outro lado, aparece em segundo lugar
com 14,25% das respostas. Provavelmente, esse grupo teve acesso ao
trabalho nas Secretarias Municipais de Saúde em decorrência da expansão do
Sistema Único de Saúde nas duas últimas décadas. O processo de
transferência da responsabilidade em relação à organização dos serviços de
saúde foi intenso neste período, caracterizando-se essa transferência no
sentido da federação e dos estados aos municípios. Isso ocorreu como
desdobramento dos processos de descentralização administrativa e da
municipalização dos serviços de saúde. A ampliação dos quadros de
trabalhadores sob a responsabilidade dos municípios sofreu transformações, o
que poderia explicar tal situação.
Às organizações públicas não governamentais cabe uma fatia menor dos
vínculos existentes entre os Fonoaudiólogos: 6,19%. Cai bastante quando se
trata da inserção nas organizações públicas governamentais estaduais (3,84%)
e maior declínio ainda nas organizações públicas governamentais federais
(0,68%).
25
Tabela 4 – Distribuição das situações de trabalho dos Fonoaudiólogos
pela natureza jurídica das organizações em que atuam, CRFa 2ª Região,
2009.
Natureza jurídica das organizações
Nº
%
Privada
1660
75,05
Pública governamental municipal
315
14,25
Pública não governamental
137
6,19
Pública governamental estadual
85
3,84
Pública governamental federal
TOTAL
NS/NR/NL=14
15
0,68
2212
100,00
Com relação ao setor econômico dentro do qual essas situações de trabalho se
distribuem (Figura 20), houve o predomínio do setor terciário, como era de se
esperar: 97,98% dos entrevistados. Neste setor da economia estão incluídos a
prestação de serviços e, também, o comércio. A atuação profissional no
mercado de trabalho em Fonoaudiologia também apresentou uma pequena
participação no setor secundário e menor ainda no primário.
Primário
0,31%
Secundário
1,71%
Terciário
97,98%
Figura 20 – Distribuição das situações de trabalho dos Fonoaudiólogos por setor econômico do
mercado, CRFa 2ª Região, 2009. (N=2.223; NS/NR=3)
Na
continuidade
da
caracterização
das
situações
de
trabalho
dos
Fonoaudiólogos, foi levantada a informação sobre o que se produz nas
organizações em que trabalham (Figura 21). A prestação de serviços de saúde
desponta com 78,74% dos entrevistados. Em pequeníssima proporção, a área
de Educação aparece com 5,39%. A produção de Insumos em Saúde também
aparece com 1,26%.
26
78,74%
Serviços de Saúde
5,39%
Area da Educação
Insumos para Saúde
1,26%
Assessoria
0,58%
14,02%
Outros
0%
100%
Figura 21 – Distribuição das situações de trabalho dos Fonoaudiólogos pelo tipo de produção realizada pela
organização, CRFa 2ª Região, 2009. (N=2.225; NS/NR=1)
Tabela 5 – Distribuição do tipo de produção das organizações dos
Fonoaudiólogos nas outras situações de trabalho, CRFa da 2ª
Região, 2009.
Outros Tipos de Produção
Nº
%
Área de Educação
Educação e Saúde
Serviços em Saúde
Serviços Públicos
Usina
Comercial
Assessoria
Call center
Alimentos
Comunicação
94
68
62
53
12
10
7
7
6
4
26,04
18,84
17,17
14,68
3,32
2,77
1,94
1,94
1,66
1,11
Insumos para saúde
Outros
3
35
0,83
9,70
Total
361
100,00
Quando indagados sobre o tempo em que estão inseridos nas situações de
trabalho indicadas (Figura 22), 57,29% das situações em que se encontram os
Fonoaudiólogos ocupa a primeira faixa. Mais da metade, portanto, tem pouco
tempo (de um a cinco anos) nessa situação de trabalho.
27
100%
57,29%
18,28%
10,97%
7,31%
2,84%
2,35%
0,95%
De 21 a 25
anos
De 26 a 30
anos
Acima de 30
anos
0%
De 1 a 5
anos
De 6 a 10
anos
De 11 a 15
anos
De 16 a 20
anos
Figura 22 – Distribuição das situações de trabalho dos Fonoaudiólogos pelo tempo de trabalho, CRFa 2ª
Região, 2009. (N=2.215; NS/NR=11)
Na Tabela 6, apresentada a seguir, observa-se a função exercida pelo
Fonoaudiólogo em sua situação de trabalho. Predomina claramente a atividade
de consulta para 74,2%.
Tabela 6 – Distribuição das funções exercidas pelos profissionais
em Fonoaudiologia, CRFa da 2ª Região, 2009.
Funções
Nº
%
Consultas
Atividade docente
1651
110
74,20
4,94
Administração
Outros
100
364
4,49
16,36
2225
100,00
Total
NS/NR/NL=1
Quadro 4 – Relação das outras funções
exercidas nas situações de trabalho dos
Fonoaudiólogos, CRFa da 2ª Região, 2009.
Outras funções
Ações de Saúde Coletiva
Aperfeiçoamento da Comunicação Humana
Avaliação Diagnóstico e Terapia
Monitoramento do Desempenho do Paciente
Orientação
Pesquisa
28
Os dados apresentados a seguir (Figura 23), que versam sobre o tipo de
vínculo contratual estabelecido nas situações de trabalho dos Fonoaudiólogos,
foram coletados considerando-se as seguintes categorias: assalariado é aquele
que tem contrato de trabalho regido pela Consolidação das Leis Trabalhistas,
estipulando tempo de trabalho, produção e salário; liberal é aquele que exerce
sua
atividade
principal
independentemente
de
qualquer
controle
de
organização pública ou privada; autônomo é aquele que mesmo exercendo
suas atividades em consultório particular, estabelece convênios com empresas
prestadoras de serviços em saúde (seguradoras, medicina de grupo e medicina
empresarial), tendo, portanto, parte de seu trabalho controlado; proprietário é o
que possui empresa na área de saúde, seja como proprietário exclusivo, sócio
ou acionista; no caso de contrato temporário, somente indicar se este estiver
em vigor; trabalho voluntário é aquele desenvolvido sem remuneração ou
benefício algum.
A situação que prevalece é a de vínculo como autônomo para quase metade
dos Fonoaudiólogos (45,45%). A situação de autônomo está vinculada ao
desenvolvimento de trabalhos em consultórios privados e caracteriza, como
descrito no parágrafo anterior, o estabelecimento de vínculo com organizações
prestadoras de serviços de saúde que acabam por controlar parte substancial
do trabalho desses profissionais. Exemplo disso é a subordinação às
determinações quanto aos patamares de remuneração e as conseqüências
para o trabalhador desta relação: aumento excessivo da produção de serviço
para haver compensação financeira.
Outro dado importante neste caso, é a relação possível de ser estabelecida
com a atuação profissional em organizações privadas com fins lucrativos:
75,05% de todas as situações de trabalho dos Fonoaudiólogos, conforme
apresentado anteriormente na Tabela 4.
Os assalariados aparecem com uma porcentagem também de destaque,
porém, bem mais reduzida quando comparada à anterior: 30,38%. A
porcentagem de respostas entre aqueles que são proprietários cai para 19,08%
(Figura 23).
29
O trabalho entre os Fonoaudiólogos parecer ter ainda uma condição adequada
no que diz respeito à ausência de modalidades de vínculo que expressem a
possibilidade de precarização das condições de trabalho, como demonstram os
seguintes dados: a porcentagem de Fonoaudiólogos sem contrato é pequena
(0,63%), ainda que existente, assim como aqueles com contrato temporário
(1,03%).
45,45%
Autônomo
30,38%
Assalariado
19,08%
Proprietário
2,21%
Trabalho Voluntário
1,22%
Contrato Temporário
1,04%
Liberal
0,63%
Sem Contrato
0%
100%
Figura 23 – Distribuição das situações de trabalho dos Fonoaudiólogos pelo tipo de vínculo com a
organização, CRFa 2ª Região, 2009. (N=2.222; NS/NR=4)
Os salários que recebem os Fonoaudiólogos pelo seu trabalho está descrito a
seguir (Figura 24). A informação foi coletada oferecendo aos entrevistados as
faixas de salários mínimos (sm) para que os mesmos pudessem localizar-se
nessa distribuição.
Há predomínio da primeira faixa de salários (até cinco sm completos). Nesta
faixa encontram-se 78,84% dos entrevistados. A situação muda radicalmente já
na segunda faixa salarial (de mais de cinco sm a dez sm completos): 16,3% da
amostra. Ou seja, os dados demonstram haver uma concentração na primeira
faixa salarial, donde se pode depreender uma nivelação muito baixa dos
salários no mercado de trabalho.
30
100%
78,84%
16,30%
3,56%
0,69%
0,37%
0,23%
0%
Até 5 SM
De 5 a 10 SM
De 10 a 15 SM De 15 a 20 SM De 20 a 25 SM
25 SM em
diante
Figura 24 – Distribuição das situações de trabalho dos Fonoaudiólogos por faixas de remuneração mensal,
CRFa 2ª Região, 2009. (N=2.160; NS/NR=66). Valor do salário mínimo em vigor no período da coleta de dados:
R$ 465,00.
Em relação à carga horária semanal, somadas todas as situações de trabalho,
o movimento ascendente dá-se na direção das maiores cargas horárias de
trabalho (Figura 25). As duas primeiras faixas concentram exatamente 33,42%
quando somadas. Essas faixas representam uma carga de horas de trabalho
mais reduzida na semana.
As faixas 4 e 5, por outro lado, concentram uma porcentagem maior (20,79% e
33,82%, respectivamente) e, quando somadas, expressam mais da metade dos
entrevistados: 54,61%. Mesmo aqui os dados indicam uma normalidade no que
diz respeito à carga temporária de trabalho, tomando-se por base o teto de
quarenta horas semanais.
31
100%
33,82%
20,79%
19,43%
13,99%
7,95%
3,93%
0,09%
0%
De 1 a 5
horas
De 5 a 10
horas
De 10 a 15
horas
De 15 a 20
horas
De 20 a 40
horas
De 40 a 60
horas
60 horas em
diante
Figura 25 – Distribuição das situações de trabalho dos Fonoaudiólogos por carga horária semanal de trabalho,
CRFa 2ª Região, 2009. (N=2.136; NS/NR/NL=90)
Em relação à área de atuação em Fonoaudiologia (Figura 26), optou-se por
pedir aos entrevistados que indicassem mais de uma área de atuação,
tornando-a, portanto, resposta múltipla. Segundo a Lei 6.965/81, que
regulamenta a Profissão de Fonoaudiólogo, o Artigo 1º, Parágrafo Único, diz o
seguinte: “Fonoaudiólogo é o profissional, com graduação plena em
Fonoaudiologia que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia
fonoaudiológica na área da comunicação oral e escrita, voz e audição, bem
como em aperfeiçoamento dos padrões da fala e da voz”. A partir da
regulamentação da profissão de Fonoaudiólogo, o Conselho Federal de
Fonoaudiologia criou os títulos de especialistas para atender a necessidade de
formação sub-especializada, frente às áreas de atuação do Fonoaudiólogo.
Portanto, foi usado o critério de especialidades para fazer a classificação das
áreas de atuação: Audiologia, Linguagem, Voz, Motricidade Orofacial e Saúde
Pública.
Observa-se uma distribuição relativamente equilibrada das especialidades em
Fonoaudiologia. As áreas de Motricidade Orofacial e Linguagem atingem
percentuais muito próximos: 28,99% e 28,33%, respectivamente. Audiologia cai
para 20,69% e Voz para 17,24%. Saúde Coletiva fica abaixo de todas as
anteriores com 3,31%.
32
Motricidade Orofacial
28,99%
Linguagem
28,33%
20,69%
Audiologia
17,24%
Voz
3,31%
Saúde Coletiva
1,44%
*Outras áreas
0%
100%
Figura 26 – Distribuição das situações de trabalho desenvolvidas no momento da entrevista por especialidades
em Fonoaudiologia, CRFa 2ª Região, 2009. (N=4.084; NS/NR=24)
*São exemplos de outras áreas: Terapia, neurologia.
Nessas situações de trabalho, prevalece a distribuição equilibrada (meio à
meio) da assistência praticada a homens e mulheres prestada pelos
entrevistados em suas situações de trabalho, com 48,59% das respostas
(Figura 27).
Neste caso, as respostas aqui também foram coletadas de
maneira que os entrevistados indicassem mais de uma área, constituindo
assim a situação de múltipla escolha.
O atendimento predominantemente de pessoas do sexo masculino ficou com
37,28% das respostas e o predominantemente de pessoas do sexo feminino
ficou com 14,13% das respostas.
Predominância
de Mulheres
14,13%
Distribuição
Equilibrada
48,59%
Predominância
de Homens
37,28%
Figura 27 – Distribuição das situações de trabalho dos Fonoaudiólogos por sexo dos
pacientes assistidos, CRFa 2ª Região, 2009. (N=2.060; NS/NR=166)
33
Foi perguntado aos entrevistados sobre as faixas etárias predominantes na
prática assistencial dos Fonoaudiólogos (Figura 28). A resposta múltipla
também foi o critério utilizado aqui com a finalidade de oferecer oportunidade
de resposta àqueles que atuam em mais de uma faixa etária.
As duas primeiras faixas etárias que compreendem a assistência às crianças
(7,92%
e
31,54%,
respectivamente)
quando
somadas
indicam
uma
concentração da atuação dos Fonoaudiólogos: 39,46%. No extremo oposto isto
também se repete. As faixas que compreendem a assistência aos adultos
(mais de 20 anos a 60 completos e mais de 60 anos completos) se somadas
perfazem um total de 37,08% da amostra.
Tal situação configura duas possibilidades de explicação: tradicionalmente os
cuidados à saúde da criança tem sido desenvolvido pela Fonoaudiologia; por
outro lado, a assistência aos adultos cresce ao passo que as demandas para
prevenção e tratamento às doenças típicas do envelhecimento têm aumentado,
também.
100%
31,54%
22,58%
15,64%
14,50%
7,92%
7,82%
0%
De 0 a 2 anos De 2 a 11 anos
completos
completos
De 12 a 19
anos
completos
De 20 a 59
anos
completos
Acima de 60
anos
Todas as
idades
Figura 28 – Distribuição das situações de trabalho dos Fonoaudiólogos por faixas etárias predominantes da
população assistida, CRFa 2ª Região, 2009. (N=3.069; NS/NR=47)
34
Por fim, a renda mensal familiar dos entrevistados (Figura 29) demonstra haver
uma porcentagem de 34,10% na segunda faixa salarial (de mais de 5 a 10 sm
completos). Decresce na terceira faixa (de mais de 10 a 15 sm completos),
mas, ainda assim mantém um percentual alto de entrevistados: 22,15%. A
renda familiar aumenta bastante quando comparada à renda individual. A
diferença pode ser observada principalmente na distribuição da primeira faixa
na renda, se comparadas as duas perguntas: na renda individual a primeira
faixa de sm concentra 78,84% (Figura 24), enquanto que na primeira faixa da
renda familiar há diminuição acentuada (16,81%), com uma nítida distribuição
nas três faixas subseqüentes (Figura 29).
100,0%
34,10%
22,15%
16,81%
12,29%
6,82%
7,83%
De 20 a 25
SM
completos
De 25 SM
em diante
0,0%
Até 5 SM
completos
De 5 a 10
SM
completos
De 10 a 15
SM
completos
De 15 a 20
SM
completos
Figura 29 – Distribuição dos Fonoaudiólogos por faixas de renda mensal familiar, CRFa 2ª Região, 2009.
(N=1.481; NS/NR=194). Valor do salário mínimo em vigor no período da coleta de dados: R$ 465,00.
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As características da formação especializada e da inserção no mercado de
trabalho dos Fonoaudiólogos no estado de São Paulo demonstrou ter havido
algumas mudanças e mantidas algumas semelhanças quanto ao perfil desses
trabalhadores quando comparadas ao levantamento realizado em fins dos anos
noventa pelo CRFª da 2ª Região, ainda que as metodologias empregadas
difiram entre si.
Em relação ao perfil demográfico, os dados demonstram ainda persistir a
característica de ser uma profissão quase exclusivamente feminina. Ainda
permanece a característica de sua composição ser predominante jovem,
também.
Há um equilíbrio na distribuição do local de residência dos Fonoaudiólogos:
praticamente divide-se entre Grande São Paulo e Capital e Interior, com leve
diminuição neste último. Já a situação conjugal dos Fonoaudiólogos
demonstrou haver maioria de casados seguidos de pessoas solteiras.
A formação em graduação demonstrou existir um grande número de
Fonoaudiólogos formados nos últimos quinze anos. Com certeza tal informação
explica-se pelo crescimento do número de cursos superiores criados nos anos
noventa. Os dados mostram também um pequeno declínio do número de
formados nos últimos cinco anos, dado que pode significar o fechamento de
cursos superiores e a redução da procura por esta formação.
A formação especializada apontou dados bastante interessantes no tocante à
busca por especialização na profissão. É grande o número de profissionais
especializados (Lato Sensu). Mais da metade dos entrevistados fez ou está
fazendo um curso de especialização, com destaque ainda para um grupo que
possui mais de um curso de especialização. As áreas de formação
predominantes aqui são: Motricidade Orofacial e Audiologia.
36
A formação nos níveis de mestrado e doutorado também indica um
fortalecimento na qualidade da formação e atuação desses profissionais,
porém bem menos expressivo quantitativamente quando comparado à
formação nos cursos de especialização: 11,7% da amostra. As áreas
predominantes na formação nesses dois níveis são Linguagem e Audiologia.
A inserção no mercado de trabalho revelou aspectos preocupantes quanto ao
presente e ao futuro do mercado de trabalho para esses profissionais.
Se comparado ao levantamento de fins dos anos noventa, aumentou o número
de Fonoaudiólogos fora do mercado de trabalho na área. Ou seja, 16,84% do
total da amostra não estava trabalhando na área de Fonoaudiologia quando da
realização da pesquisa. Levantamento realizado em fins dos anos noventa
apontou a não atuação na área para 11,14%. Considere-se, pois, que há um
comprometimento da oferta de trabalho em Fonoaudiologia, com um provável
aumento do desemprego evidenciado nos últimos dez anos. Um detalhe
importante
e
complementar
à
afirmação
anterior
é
que
entre
os
desempregados do mercado em Fonoaudiologia, praticamente um quarto
deles, afirmou não ter conseguido trabalho em sua área de formação. Há,
também, uma insatisfação quanto à área de formação demonstrada pela
evidência de que mais da metade daqueles que não atuam em Fonoaudiologia
não procuraram trabalho na área nos últimos doze meses.
O número de situações de trabalho demonstrou ter se reduzido tenuamente
quando observada a média de vínculos de trabalho por Fonoaudiólogo atuando
na área: 1,6 na atualidade para 1,7 vínculo em fins dos anos noventa.
Predomina no conjunto de entrevistados aqueles que têm somente um vínculo
(55,7%) o que afasta, muito possivelmente, a perspectiva colocada em fins dos
anos noventa de que o mercado em ascensão da Fonoaudiologia abrir-se-ia,
também, à multiempregabilidade.
O conjunto de trabalhadores autônomos mantém-se em destaque com quase
metade da amostra dentro desta categoria. Detalhe importante é o
desdobramento proposto às categorias autônomo e liberal, caracterizando a
37
primeira como cercada de determinações impostas por relações com
organizações empresas de saúde que limitam o exercício liberal do trabalhador
em
Fonoaudiologia.
O
conjunto
de
assalariados
assume
proporções
consideráveis, também, fato que pode ser decorrente do aumento de oferta de
postos de trabalho no setor público de saúde com o crescimento e expansão
municipal do Sistema Único de Saúde.
A renda individual demonstrou um cenário mais complexo e comprometedor da
garantia dos rendimentos mensais e da base econômica desses profissionais.
Há uma concentração muito acentuada entre os que percebem até cinco
salários mínimos (78,84% da amostra). Há, portanto, uma mudança radical na
renda mensal individual dos anos noventa, que apresentava 18,54% na faixa
de 05 (cinco) salários mínimo, para os dados evidenciados na atualidade.
Tal evidência ressalta mais ainda a complexidade da situação quando
comparada aos rendimentos familiares: há uma distribuição bem acentuada da
segunda faixa de salários mínimos até a quarta faixa de salários mínimos. Ou
seja, o profissional em Fonoaudiologia está compondo a renda familiar com
menor participação na economia doméstica.
Por fim, as evidências apontadas acima constituem importante material à
reflexão sobre as ações de regulamentação junto aos profissionais e às
políticas de recursos humanos no setor saúde no Brasil. No caso particular da
Fonoaudiologia é importante considerar o significativo papel desempenhado
por profissionais cuja capacitação técnica é de fundamental importância à
oferta de serviços de saúde baseados no conceito de integralidade. Os saberes
teóricos e técnicos desenvolvidos na área de Fonoaudiologia constituem parte
integrante dos serviços de saúde, sejam os públicos ou privados. Sua
manutenção e expansão devem, pois, ser pensadas de maneira a criar modos
de regulação e fomento à formação, assim como abrir o debate sobre o
mercado de trabalho na área e seu futuro no Brasil.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CRFa da 2ª Região. Perfil do Fonoaudiólogo no Estado de São Paulo, 1997.
Mimeo.
Girardi, SN. Aspectos do(s) mercado(s) de trabalho em saúde no Brasil:
estrutura dinâmica e conexões. http://www.opas.org.br/rh/publicacoes.
Haddad, AE e outros (organizadores). A trajetória dos cursos de graduação no
Brasil. Brasília, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira, 2006.
Mer, MTV de. Os marcos políticos da Fonoaudiologia para a atuação
profissional. Cefac, vol.9 no.3 São Paulo Jul/Set, 2007. Editorial.
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Pesquisa Cealag - Conselho Regional de Fonoaudiologia