A VULNERABILIDADE AO HIV/AIDS EM ADOLESCENTES FEMININAS
Neiva Francenely Cunha Vieira
Maria Marcilene da Silva
Maria Grasiela Teixeira Barroso
Maria do Socorro M Sherlock
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Elevados índices de adultos jovens com aids motivaram este estudo. O objetivo foi identificar
conhecimento e comportamento das adolescentes sobre vulnerabilidade ao risco de contrair HIV/aids
na negociação de comportamentos sexuais seguros. Estudo quantitativo, realizado em uma escola
governamental de Fortaleza, Ceará, Brasil. 113 adolescentes do sexo feminino, entre 14 a 19 anos
participaram desta pesquisa. Utilizamos um questionário com questões de conhecimentos e
comportamentos sob sexualidade, gênero, vulnerabilidade feminina a DST/aids. Os dados revelaram
que 28% das informantes têm informação insuficiente quanto à transmissão do HIV/aids na relação
com parceiros. 77% apontaram que o álcool não exerce influência na vulnerabilidade feminina ao
HIV/aids. 71% afirmaram que o preservativo se faz necessário para prevenir aids e gravidez, e apenas
6% das informantes afirmaram que o preservativo se faz necessário para evitar aids. A grande
preocupação das adolescentes é a gravidez indesejada. Elas afirmaram que diante de um
relacionamento fixo (três meses de namoro) abandonaria o preservativo como prova de amor e
fidelidade. Além das questões de gênero, as adolescentes acreditam que estão isentas de adquirir o
virus HIVaids. Concluímos que as adolescentes femininas vivenciam as relações amorosas com
emoção, entregam-se sem perceberem que, pouco a pouco estão mais vulneráveis.
INTRODUÇÃO
A literatura nos mostra que a idade de iniciação sexual, principalmente a feminina, vem
decrescendo cada vez mais, a idade média está cinco anos abaixo da idade de suas avós,
ironicamente mais próxima de suas bisavós, 15 anos (Mageste, 2003). Entretanto Silvia (1996)
afirma que a iniciação sexual feminina era de 17 anos em 1996.
Podemos observar que de 1996 para 2003 houve um decréscimo de 2 anos na iniciação
sexual feminina. Essa mudança de comportamento predispõem às doenças sexualmente
transmissíveis (DST), dentre elas a aids, que está no momento em ascensão. De acordo com
Brasil (2004) o maior número de notificações acumuladas de HIV/aids entre 1980 a 1999 foram
de 67.267 casos, sendo que 43,23% do total concentra-se entre 15 a 24 anos.
553
A impulsividade faz parte da adolescência, como também o pensamento mágico voltado
para a crença de que nada fora deste mundo projetado por eles poderá acontecer consigo,
levando-o à adoção de comportamentos de riscos, mesmo que se encontrem corretamente
informados, dessa forma sua vulnerabilidade tende a aumentar. Segundo Mann (1993) o modo
como as pessoas estão enfrentando a pandemia do HIV/aids contribuí para esse aumento,
distanciar-se do problema não os deixará isentos de uma infecção do vírus. Mesmo nos dias
atuais ainda existe o "pensamento mágico" que o risco de tornar-se ou ter um familiar ou amigo
soropositivo é praticamente inexistente.
A aids, que a princípio era uma doença de caráter dominantemente masculino, nas
últimas décadas vem assumido um caráter feminino, atrelada a essa mudança no perfil dessa
epidemia encontramos alguns aspectos que favorecem essa vulnerabilidade. Um dos fatores que
podem justificar é a juvenilização atrelados a aspectos emocionais, biológicos, socioculturais,
assim como as questões de gênero
A feminização vem no decorrer dos últimos anos sendo preocupação de muitos
estudiosos, podendo ser compreendida a partir de diversos fatores: do ponto de vista biológica, a
predisposição da mulher à infeção do HIV se deve a extensão e qualidade da superfície da
mucosa vaginal, somada à concentração e tempo de vida do HIV, significativamente maior do
sêmen do que no líquido da mucosa vagina (JIMENEZ, 2003).
As diferenças de poder que existe na relação heterossexual, tendem a limitar a mulher na
negociação da camisinha para prática do sexo seguro. Pois de acordo com Czeresnia et al (1995)
é um dos problemas mais crítico para as mulheres é a negociação do uso do preservativo pelo
parceiros, destaca ainda que, quanto menor o poder de barganha tem a mulher, maiores serão os
riscos dela se infectar.
A adolescente está cada vez mais tendo relações sexuais com homens mais velhos, o que
a deixa mais vulnerável a infeção pelo HIV/aids e outras DTS, levando em consideração que
esse homem possivelmente teve uma vida sexual mais longa, e conseqüentemente um maior
número de parceiras (DIAS,2003). Refletimos acerca dessas questões e acreditamos que estejam
entrelaçadas com questões voltadas para a postura da mulher diante de suas escolhas.
É importante salientar que nesta fase da adolescência, os altos índices são muito alto com
adolescentes com aids, em especial do sexo feminino. Soares (2000) com base nos dados da
Organização Mundial se saúde (OMS) afirma que diariamente mais de 7 mil jovens entre 10 a
24 anos no mundo são contaminados pelo vírus HIV. Dessa forma, a cada minuto, cinco jovens
estão sendo infectados, num total de 2,6 milhões por ano.
Diante de inúmeras constatações acerca da temática na literatura, pretendemos neste
estudo, identificar o conhecimento e comportamento das adolescentes sobre vulnerabilidade ao
554
risco de contrair HIV/aids, considerando as relações de gênero, sociais e culturais que estão
envolvidas no processo de negociação de comportamentos sexuais seguro.
METODOLOGIA
Estudo de natureza quantitativa, desenvolvido no Colégio Municipal de Ensino
Fundamental e Médio Filgueiras Lima, localizado no município de Fortaleza-Ce. Esta
instituição de ensino vivência sérios problemas financeiros, tais como: está com corpo docente
defasado, ocorre abandono do ano letivo por muitos alunos, entre outros.
A população constou de 113 adolescentes do sexo feminino, representando 36% das
estudantes da Escola., que cursavam da 8° do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio.
Os critério de inclusão no estudo foram: ser mulher; estar regulamente matriculada da 8° do
ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, estar na faixa etária entre 14 a 19 anos e a
aceitação em participar do estudo.
Para a realização desta pesquisa, optamos por um questionário estruturado com perguntas
fechadas e auto-aplicativo (Anexo), o qual se mostrou adequado, pois nos possibilitou colher
informações precisas e necessárias à pesquisa. A direção da escola cedeu 30 minutos para
aplicação dos questionários, que foram aplicados em salas de aula (16 turmas). No primeiro
momento, dialogava-se como as adolescentes, explicando-se o objetivo e leitura do questionário
e do termo de consentimento, no qual foram esclarecidos os direitos das pesquisadas. Durante a
aplicação dos questionários, algumas alunas apresentaram dúvidas sobre sexualidade/sexo,
normalmente ficávamos alguns minutos a mais para esclarecimentos.
A análise dos dados decorreu das informações coletadas através do questionário, com o
intuito de identificar o conhecimento e comportamento das adolescentes sobre vulnerabilidade
a HIV/aids/DST. Os dados foram agrupados em conformidade com a técnica de abordagem,
através de tabelas, quadros, gráficos e fundamentados em literatura.
A pesquisa obedeceu a todas as recomendações da Resolução 196 de 10 de outubro de
1996 do Conselho Nacional de saúde – Ministério da Saúde referente a estudos envolvendo
seres humanos. O presente projeto obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Ceará, posteriormente iniciou-se a coleta de dados.
555
RESULTADO E DISCUSSÃO
1. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS: As adolescentes
O quadro 01 apresenta as características dos dados sócio-demográficas das adolescentes
em estudo. Constatamos que a maioria das adolescentes 49 (43%), estão entre a faixa etária de
16 a 17 anos.
Segundo Brasil (2002) o número de adolescentes existente no Brasil são de 35,3 milhões,
o que corresponde a 23,4% da população brasileira. Deste quantitativo, 46% são do sexo
feminino e 50,6% são do sexo masculino.
Na escolaridade podemos observar que 1° e 3° ano do ensino médio tiveram um maior
número de adolescentes, cada turma 38 (33,6%) alunas, totalizando 76 (67,2%) alunas
respectivamente. Referente ao estado civil atual, 107 (94,6%) adolescentes solteiras, cinco
(4,4%) casadas e uma (0,8%) separada.
Os dados apresentados nessa tabela mostram ainda que a crença religiosa predominante é
a católica 74 (65,6%). No total da amostra, 96 (84,8%) alunas indicaram que a renda familiar
total é de até 2 salários mínimos1.
Segundo Borges (2002) essas famílias pertencem a uma situação social pouco favorável,
em que os acessos aos serviços de educação e saúde muitas vezes são limitados ou deficientes.
Este tipo de condição tende a maximizar os riscos no qual as adolescentes podem enfrentar nas
situações cotidianas.
A epidemia HIV/aids atingiu inicialmente indivíduos de maior renda, mas a tendência
atualmente é a população de baixo poder econômico, afetada pela exclusão social, desemprego,
baixa escolaridade e dificuldade de acesso aos serviços de saúde (SANTOS; SANTOS, 2004).
Dytz (2000, p: 80) afirma que “o alvo da atenção das políticas e saúde pública foi e
continua sendo a adolescente oriunda de família de baixa renda, que encontra-se mais
susceptível de ter contato, cada vez mais cedo, com atividade sexuais”. Dados estatísticos
revelam alguns padrões de risco, entretanto não revelam a realidade concreta dessa população
alvo, como também seu nível de qualidade de vida.
1
O Salário mínimo de R$ 260,00 (Duzentos e sessenta reais).
556
QUADRO 01: Distribuição sócio-demográfica das adolescentes do estudo segundo
informações, Fortaleza, 2004.
Sócio-demográfica
9 14 a 15 anos
9 16 a 17 anos
9 18 a 19 anos
N°
20
49
44
%
18
43
39
Escolaridade
9
9
9
9
09
38
28
38
7,9
33,6
24,7
33,6
Estado Civil
9 Solteira
9 Casada
9 Separada
107
05
01
94,6
4,4
0,8
Crença Religiosa
9
9
9
9
Católica
Evangélica
Espírita
Outros
74
31
05
03
65,6
27,4
4,4
2,6
Renda familiar
9
9
9
9
Até um salário mínimo
Até dois salários mínimo
Até cinco salários mínimo
Mais de cinco Salários mínimos
48
48
14
03
42,4
42,4
12,3
2,6
Faixa etária
8° serie do ensino fundamental
1° ano do ensino médio
2° ano do ensino médio
3° ano do ensino médio
2. GRAU DE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO DAS ADOLESCENTES NAS
FORMAS DE TRANSMISSÃO DO VÍRUS HIV.
Em relação ao grau de informação e conhecimentos de transmissão do vírus da aids, 113
(100%) adolescentes apontaram que as formas de transmissão biológica ocorrem através do
sangue e esperma, entretanto desta, sete apresentaram dúvidas quanto à saliva e à lágrima, ou
seja, se estas podem ser veículos transmissores do vírus HIV. Quanto à transmissão na relação
com parceiros, as informantes assim manifestaram, 113 (100%) adolescentes apontaram que o
homem pode transmitir aids para mulher, para 81 (72%) informantes afirmaram que o homem
pode transmitir aids para outro homem, 103 (91%) informantes concordam que a mulher pode
transmitir aids para
homem, 95 (84%) informantes disseram que o vírus não pode ser
transmitido de mulher para mulher, 18 (16%) informantes afirmaram que o homem não
transmiti aids para outro homem e 14 (12%) informantes disseram não saber informar, estes
557
dois últimos revelam que as adolescentes ainda possuem informações insuficientes sobre a
transmissão do HIV nas relações com parceiros.
A maioria das adolescentes demonstra
conhecer as formas de transmissão da aids,
entretanto, ainda consta na literatura registros de altos índices de casos infectados pelo vírus
HIV/aids e até mesmo de gravidez precoce nessa faixa etária, que se atribui a não adesão de
comportamentos sexuais seguro.
Ayres e Fontes (1998) afirmam que a mudança de comportamento não depende somente
da vontade individual, porém das condições que possam disponibilizar a informação e
compreensão das questões culturais do seu enfrentamento.
Quanto às medidas preventivas contra aids, 112 (99%) adolescentes afirmaram que o
preservativo oferece proteção contra o vírus HIV/aids, dentre estas 29 (26%) adolescentes
disseram que o coito interrompido oferece também proteção contra o vírus.
Mas uma vez, o estudo traz evidências de conhecimentos de comportamentos vulneráveis,
isso deve-se a falta de processos educativos adequados sobre os métodos preventivos,
articulando conhecimentos, valores culturais, percepção de vulnerabilidade e adesão ao
comportamento sexual seguro.
O quadro 02 mostra comportamentos que segundo as adolescentes indicam o nível de
risco para mulheres em relação ao HIV. Observamos que 58 (51%) afirmaram nenhum risco e
baixo risco 42 (37%) na relação em que casal heterossexual só fazem sexo entre si. Quando a
relação casal heterossexual, a mulher ocasionalmente faz sexo com outros homens, 85 (75%)
indicaram esse comportamento como de alto risco, 75 (66%) afirmaram alto risco para casal
heterossexual que ocasionalmente o homem faz sexo com outros homens.
É pertinente observarmos que na relação heterossexual, quando o homem ocasionalmente
faz sexo com outras mulheres, 100 (88,5%) adolescentes afirmaram que essa relação é de alto
risco, frisa-se, ainda, que para estas, as relações extraconjugais dos parceiros com homens
representam menor risco a DST/aids do que as relações com mulheres. As informantes foram
quase unânimes 112 (99,2%) apontaram que mulher com múltiplos parceiros possui alto risco
para adquiri o vírus HIV/aids. Jedás (2004) constatou em um estudo que casais que possuem
relação estável e outra (s) eventual (is), 33% só utiliza o preservativo na relação eventual, sendo
que 31% não utiliza em nenhuma das relações sexuais.
Para Ayres (1996) a noção de vulnerabilidade busca fornecer elementos para avaliar
objetivamente as diferentes chances que todo e qualquer indivíduo têm em se contaminar, em
especial as características individuais e sociais.
558
QUADRO 02: Nível de conhecimento das adolescentes relacionado a transmissão do
HIV/aids nas relações sexuais ( hete/homo/bissexuais, Fortaleza –Ce, 2004.
Tipos de relações sexuais
♦
Homem e mulher que ocasionalmente
Nenhum risco Baixo risco
Médio risco Alto risco Não sabe
N°
%
N°
N°
%
N°
%
N°
%
58
51,4
42
37
09
8
-
-
02
1,8
02
1,8
03
2,7
17
15
85
75
02
1,8
02
1,8
07
6
25
22
75
66
02
1,8
-
01
0,9
10
8,8
100 85,5 01
0,9
01
0,9
-
-
112 99
-
-
-
%
só fazem sexo entre si
♦
Homem e mulher, em que
ocasionalmente esta faz sexo com
outros homens.
♦
Homem e mulher, em que
ocasionalmente aquele faz sexo com
outros homens.
♦
Homem e mulher, em que
-
ocasionalmente aquele faz sexo com
outras mulheres.
♦
Mulheres que têm vários parceiros
-
-
sexuais.
♦
Homens com vários parceiros sexuais.
02
-
-
111 98,2
-
* Algumas alunas deixaram de responderam alguns itens.
3.
VULNERABILIDADE A AIDS.
Ao analisar o gráfico 01 constatamos que 88 (77%) das adolescentes apontaram que o uso
de bebida alcóolica não exerce nenhuma influência no aumento da vulnerabilidade aos riscos do
HIV, 23 (21%) alunas afirmaram que a bebida poderá exercer influência e dois (2%) não
souberam informar. Esses dados nos faz refletir sobre a percepção das adolescentes quanto a
vulnerabilidade ao HIV/aids e sua relação com uso de bebida, visto que as adolescentes não têm
compreensão de uma situação que poderá gerar ou expó-la a uma comportamento sexual
inseguro.
Para Mann (1993) a vulnerabilidade aumenta a medida que a pessoa inala ou usa qualquer
substância, seja por via oral ou endovenosa, podendo desta forma vir adotar comportamentos
que a deixa vulnerável a determinadas situações.
O consumo de álcool constitui um grave problema de saúde pública, com complicações
que podem atingir a vida pessoal, familiar, escolar e social do usuário. A ação depressora do
álcool no cérebro produz mudanças emocionais e comportamentais que quando tomada mesmo
que em pequenas quantidades é considerada desinibidora e afrodisíaca (ADROGA.CASADIA,
2004).
559
-
Em uma pesquisa Jedás (2004) evidenciou a vulnerabilidade do adolescentes em relação
às DST/aids, constatou que 28% dos adolescentes sexualmente ativos fazem uso de álcool antes
das relações sexuais.
“... o preservativo masculino/feminino são a única barreira comprovadamente eficaz
contra a aids” (CEARÀ, 2002; p: 121).
Afirma Bibliomed (2004) que mesmo sabendo avaliar os riscos da HIV/aids, em geral
muitos adolescentes se crêem invulneráveis, outros até saberiam se proteger, porém às vezes
não dispõem da habilidade social para fazê-lo, como também a ansiedade que impedem certos
jovens de usar os preservativos, pois o uso destes exigiria atenção e cooperação de seus
parceiros.
GRÁFICO 01. Distribuição de opiniões das adolescentes quando a influência do uso de
bebida alcóolica no aumento da vulnerabilidade nos riscos da aids, Fortaleza –Ce, 2004.
2%
21%
Não influência
S im, influência
Não s o ub eram re s p o nd er
77%
Já a tabela 01, abaixo descrita, apresenta distribuição das adolescentes de acordo com a
vida sexual e a adesão ou não do preservativo na primeira relação sexual. Verificamos que das
113 adolescentes em estudo, 43 (38%) adolescentes tiveram sua primeira relação sexual, em que
26 (60,5%) destas afirmaram ter usado preservativo na primeira relação sexual e 17 (39,5%)
apontaram não ter usado preservativo na primeira relação.
A média da iniciação sexual das adolescentes em estudo foi de 15,83 anos de idade, assim
observamos que a média do estudo está um pouco acima da média nacional, divulgada no Jornal
Folha de São Paulo (2003) divulgou que no Brasil às adolescentes se iniciam sexualmente com
15 anos.
560
Segundo Costa et al (1999) a iniciação sexual precoce representa muitas vezes uma
defesa para enfrentar certas situações, ou para suprir carências pessoais.
Vitiello (2003)
ressaltar uma tendência em diminuir a idade em que ocorre a iniciação sexual.
Saito (2004) nos informa que no início do namoro, os adolescentes costumam usar
preservativos nas relações sexuais, entretanto após algum tempo, eles acreditam que o
anticoncepcional já é o suficiente para evitar o mais temido problema, uma gravidez indesejada.
O amor e a confiança que os adolescentes sentem um pelo outro levam a uma crença de que o
parceiro está livre das DST, abandonam o preservativo e se tornam vulneráveis.
TABELA 01: Distribuição das adolescentes quanto a idade que tiveram sua primeira
relação sexual e o uso do preservativo, Fortaleza-Ce, 2004.
Uso do preservativo na primeira relação sexual
Faixa Etária
Usou
TOTAL
Não usou
N
%
N
%
N
%
13 a 14 anos
02
5
03
7
5
12
15 a 16 anos
11
25.5
11
25.5
22
49
17 a 18 anos
13
30
03
7
16
39
TOTAL
26
60.5
17
39.5
43
100
HIV/aids por não se sentirem à vontade com sua sexualidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados reforçam que a vulnerabilidade biológica caminha muito próximo da
vulnerabilidade social dessas adolescentes, elas detém na grande maioria das vezes a
informação, entretanto essa informação não é suficiente para adoção de um comportamento
sexual seguro, assim constatamos através dos dados apresentados, que as adolescentes em
estudo estão em situação vulnerável.
Assim, observamos que 51% das adolescentes afirmaram que homens mais velhos
despertam mas interesse, acreditamos que tal fato contribua para a diminuição do poder de
baganha, o que de certa forma tornará a negociação do preservativo na relação sexual mas
difícil.
561
Constatamos que às adolescentes apresentam risco para aquisição da aids/DST, como
também para uma gravidez indesejável, devido à falta de adesão aos métodos preventivos, como
o uso do preservativo, pelo menos constantemente, já que a grande maioria afirmou (mesmo às
que não tem vida sexual) que abandonaria diante de um “namoro fixo”.
Além das questões de gênero, que envolve o medo de perdê-lo ou até mesmo de serem
rotuladas como “menina fácil” quando solicitado o preservativo ao parceiro, destacamos algo
muito mais forte, que é o fato de que as adolescentes acreditam que estão isentas, e, também que
ao solicitar o preservativo estará pondo em prova a fidelidade de ambos, em especial a do
parceiro, que na concepção destas, acusará sua culpa, é como se fosse um “pacto de amor” à não
adesão ao preservativo. As informações e comportamentos justificam os altos índices em
relação a DST/HIV/aids e gravidez precoce, é o arcaico e atual pensamento mágico: sou imune.
Diante do exposto, concluímos que as adolescentes femininas vivenciam as relações
amorosas com subjetividade, com a emoção, entregam-se a paixão de corpo e alma, e sem
perceberem, paulatinamente estão mais vulneráveis, em oposição aos adolescentes masculinos
que em sua grande maioria vivenciam as relações amorosas com objetividade, sem que o
emocional possa ditar as regras do jogo da paixão.
É importante destacamos que os dados revelaram a necessidade da escola caminhar mas
próximo dos alunos, no sentido de informar, como também de monta estratégias que possa
minimizar as estatísticas. Não excluído os profissionais de saúde, em especial o enfermeiro, que
poderá atuar como promotor de saúde, principalmente no âmbito escolar.
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564
ANEXO
Questionário aplicado às participantes do estudo: Adolescentes femininas e sua
vulnerabilidade acerca dos riscos do aids/HIV.
1. Idade: _______
2. Escolaridade: ( ) 8° ensino fundamental
( ) 2° ensino médio
( ) 1° ensino médio
( ) 3° ensino médio
Turno: M
T
N
3. Seu estado civil:
( ) solteira
( ) Casada
( )Separada
( )outros:______________
4. Qual sua religião?
( ) Católica
( ) Evangélica
( ) Espiritismo ( )Outros:_____________
5. Em qual dessas faixas de renda sua família se enquadra? Salário mínimo ( R$ 260,00 Duzentos e sessenta reais).
( ) Um salário mínimo
( ) Até dois salários mínimo
( ) Até cinco salários mínimo ( ) Mais de cinco salários mínimo
6. As formas de transmissão da aids ocorre através de:
Certo
Errado
Não sei
Saliva
Sangue
Esperma (liquido que sai do pênis)
Lágrima
7. Na sua opinião quem passa a aids na relação sexual? Responda uma por uma a todas
as questões:
Sim
Não
Não sei
O homem pode passar aids para a mulher?
O homem pode passar aids para outro homem?
A mulher pode passar aids para o homem?
A mulher pode passar aids para outra mulher?
8. Na sua opinião, o que dá proteção contra a transmissão do vírus da aids.
Dá proteção
Não dá proteção
Camisinha
Pílula anticoncepcional
Coito interrompido
Lavar a genitália (pênis / vagina) após relação sexual
Injeção
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9. Classifique esses comportamentos segundo sua opinião: nenhum risco, baixo risco,
médio risco, alto risco.
Nenhum Baixo Médio Alto Não
risco
risco
risco
risco sabe
homem e uma mulher que só faz sexo entre si
Casal homem e mulher que ocasionalmente a
mulher faz sexo com outros homens
Casal homem e mulher que ocasionalmente o
homem faz sexo com outros homens
Casal homem e mulher que ocasionalmente o
homem faz sexo com outras mulheres
Mulheres que tem vários parceiros sexuais
Homens que tem vários parceiros sexuais
10. Marque de acordo com sua opinião sim/não:
Sim
Não
A bebida aumenta o risco na transmissão do HIV?
O sexo anal não transmite aids?
O sexo oral transmite aids?
Transar no período menstrual protege contra aids?
11. teve sua primeira relação sexual?
( ) Sim
( ) Não
11.1 Se sim, com que idade? ___________
11.2 faz uso de camisinha? Sim ( ) Não ( )
12. Numa relação sexual as adolescentes em geral costumam usar camisinha?
( ) Solicitam o uso das camisinha em todas as relações sexuais
( ) Somente em algumas relações sexuais
( ) Não costumo usar camisinha, por que faz uso de contraceptivo (pílula)
( ) Não solicitam por que tem medo ou vergonha de pedir
13. A adolescente pede o uso da camisinha, devidos a seguintes razões: (pode marcar mais
de uma).
( ) Sim, por que não quero engravidar
( ) Sim, por que não quero pegar aids
( ) Não, por que confio nele
( ) Não, por que teria vergonha de pedir
( ) Não, por que teria medo de perdê-lo
( ) Não, porque ele poderia pensar mal de mim ( ) Não, pois estragaria o momento.
14. Quando se namora há algum tempo com a mesma pessoa, e se faz sexo com ela, você
acha que:
( ) Não é necessário o uso da camisinha, depois de algum tempo (Ex. a partir de 3 meses)
( ) É necessário sempre para evitar uma gravidez
( ) É necessário para evitar aids ( ) É necessário para evitar ambas, uma gravidez e aids
15. Você deixaria de usar a camisinha numa relação sexual quando ele :
Sim
Não
Não sabe
É bonito
Parece limpo e cheiroso
É de boa família
É seu namorado fixo.
É seu conhecido a bastante tempo
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16. Você acha que, quando uma garota vai ter sua primeira relação sexual com um rapaz
que gosta, ela:
( )pede ao rapaz para que use camisinha e só aceita ter relação se ele concordar em usar o
preservativo
( )pede para ele usar, mas transa mesmo que ele recuse ( )tem vergonha de falar sobre isso
17. Para você quando é necessário uma adolescente solicitar ao parceiro para usar
camisinha.
( )para evitar gravidez
( )quando o menino é galinha (não confia no menino)
( )quando não está menstruada ( )sempre
18. O que uma adolescente espera do parceiro em uma relação sexual?
( ) que seja carinhoso
( ) que tome todas as iniciativas
( )que lhe satisfaça (lhe dê prazer) ( ) que seja rude; grosseiro
19. As adolescentes se sentem mais atraídos por parceiros:
( )homens mais velho
( )homens mais jovens
( ) na mesma faixa etária ( )um pouco mais velho
20. Quando você acha que uma adolescente deve transar.
( )sempre que receber uma cantada
( )apenas quando já paquerou ( )quando faz tempo que estou sozinha (carente)
( )quando o homem é insistente ( )quando o namoro está firme
21.Quando você acha que uma adolescente deve transar.
(
)sempre que receber uma cantada
(
)apenas quando já paquerou
(
)quando o homem é insistente (
( )quando faz tempo que estou sozinha (carente)
)quando o namoro está firme
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a vulnerabilidade ao hiv/aids em adolescentes femininas