Marca própria é saída para varejistas
Lucas Tieppo
Especial para o Diário
A crise financeira, que desde o ano passado abala também o mercado brasileiro, pode
representar um gatilho para o crescimento do segmento de marcas próprias no mercado
varejista. O setor não sofre tanto com a crise quanto os segmentos produtivos, como a
indústria, por exemplo. Mas a busca por preços menores, e o consequente controle da
inflação, é uma preocupação constante.
Pensando sob esta ótica, a Abmapro (Associação Brasileira de Marcas Próprias e
Terceirização) acredita que o segmento deve crescer cerca de 15% neste ano. O motivo
da expansão seria justamente a crise.
Para Neide Montesano, presidente da Abmapro, a estimativa é considerada até
conservadora. "O mercado de marcas próprias sempre cresceu nos momentos de crise
financeira, quando o consumidor é obrigado a gastar menos. A crise representou uma
grande oportunidade para esse nicho. Os consumidores tiraram as marcas premium do
carrinho de compra, por uma questão de necessidade, experimentaram os de marca
própria e perceberam que podem continuar adquirindo tais produtos mesmo após a
crise, tanto pelo preço como pela qualidade", explicou.
Neide ressalta que a estimativa de crescimento de 15% para 2009 se baseia nos números
obtidos nos últimos anos. "Desde o ano 2000, o mercado de marcas próprias vem
crescendo cerca de 15% por ano", lembrou a presidente da Abmapro.
A presidente da Abmapro afirma que o produto de marca própria chega ao consumidor
custando de 15 a 20% a menos. "O produto chega mais barato ao consumidor, cerca de
20%, e se deve à redução de custos na cadeia de produção e não à baixa qualidade".
Daniela Marchiolli, gerenciadora de Marcas Próprias da Coop (Cooperativa de
Consumo), que possui a linha Coop Plus, com mais de 468 itens e grande variedade de
produtos, acredita que o mercado nacional destes produtos aproxima a cooperativa do
consumidor.
"É um mercado importante e estratégico para os negócios da cooperativa ele é um canal
de aproximação junto aos nossos cooperados bem como a divulgação de nossos
princípios e propósitos cooperativistas", explicou.
No ano passado, um estudo da Nielsen mostrou que os itens de marca própria estavam
presente em quase metade das residências do País (48,9%), o que equivale a
aproximadamente 18 milhões de domicílios.
Neide ressalta que os produtos de marca própria encontraram seu lugar no mercado. "Os
produtos estão muito bem direcionados, conhecem seu público. Em 2007, as marcas
próprias tiveram 7% de participação no mercado varejista", lembrou.
Segundo Daniela, a Coop estima que a participação da venda de marcas própria fique
por volta de 6% do faturamento da empresa. "Podemos dizer que esta evolução parte de
bons trabalhos que realizaremos com nossos parceiros fornecedores, exposição nas
unidades e também da credibilidade que os produtos vêem conquistando com os
cooperados", concluiu Daniela. (Supervisão Marcos Seabra)
Redes mundiais alavancaram utilização
De acordo com a Abmapro, no Brasil as marcas próprias apareceram com os "produtos
genéricos", no início do século 20. Levavam esse nome porque não tinham
diferenciação ou análise qualitativa.
"Produtos como arroz e feijão eram acondicionados em embalagens identificadas
apenas com a designação do produto. A qualidade e o valor agregado eram baixos e o
seu principal diferencial era o preço", diz a direção da entidade.
Na década de 1970, os varejistas começaram a estampar a marca de suas lojas nos
produtos, criando uma linha capaz de competir com as tradicionais. Na década seguinte,
com a chegada ao Brasil de novas bandeiras do varejo mundial, a prática se desenvolveu
como uma nova forma de diferenciação e competição do varejo no mercado.
"Aumentaram-se os investimentos em qualidade e valor agregado, mas o maior
diferencial continuou a ser o preço".
Na década passada houve uma explosão de crescimento das marcas próprias e o
conceito se expandiu.
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