INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE
RAFAEL SANTANA RODRIGUES
CONECTORES POR ENCAIXE SEMI-RÍGIDOS EM PRÓTESE
PARCIAL FIXA: uma revisão de literatura
São Luís
2010
1
RAFAEL SANTANA RODRIGUES
CONECTORES POR ENCAIXE SEMI-RÍGIDOS EM PRÓTESE
PARCIAL FIXA: uma revisão de literatura
Monografia apresentada ao curso de
Especialização em Prótese Dental do
Instituto de Ciências da Saúde –
FUNORTE / Núcleo São Luís - MA, como
requisito para obtenção do título de
Especialista em prótese dentária.
Orientador: Profº. Dr. Rudys Rodolfo de
Jesus Tavarez.
São Luís
2010
2
Rodrigues, Rafael Santana.
Conectores por encaixe semi-rígidos em prótese parcial fixa: uma
revisão de literatura / Rafael Santana Rodrigues. _ São Luís, 2010.
35 f.
Monografia (Especialização) – Instituto de Ciências da Saúde FUNORTE / Núcleo São Luís, Curso de prótese dentária, 2010.
1. Prótese fixa. 2. Conectores rígidos. 3. Conectores não-rígidos.
I. Título
CDU 616.314-77
3
CONECTORES POR ENCAIXE SEMI-RIGIDOS EM PRÓTESE
PARCIAL FIXA: uma revisão de literatura
RAFAEL SANTANA RODRIGUES
Aprovada em:
/
/
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________
Prof. Dr. Rudys Rodolfo de Jesus Tavarez (Orientador)
Doutor em Reabilitação Oral (FOB/USP)
_____________________________________________
Profa. Ms. Adriana Santos Malheiros
Mestre em Ciências da Saúde (UFMA)
_____________________________________________
Profº. Mário Gilson Nina Gomes
Especialista em Prótese Dentária (UFRJ)
4
1
1
As opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do autor.
5
Com profundo amor e gratidão dedico este
trabalho a Deus, que permitiu a minha
existência e por estar ao meu lado em
todos os momentos da minha vida.
Aos meus pais, José Rodrigues dos
Santos e Maria Margateth Alves Santana
por todo o carinho, amor, e principalmente
por serem os responsáveis pela minha
educação e formação.
À minha esposa Tainá Victória e minha
filha Ana Rafaela, que sempre serão
minhas fontes de inspiração.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus por conceder-me a vida, guiar meus passos e dar-me a sabedoria
para seguir o melhor caminho. Obrigado também Senhor, pelo seu amor
incondicional e incontáveis bênçãos concedidas.
Ao grande homem da minha vida, meu pai José Rodrigues dos Santos,
que desde o início da minha vida cuidou de mim com grande amor, e de maneira
cuidadosa, investiu ao longo de todos esses anos na minha educação, tornando-se
o principal responsável pela formação do ser humano que sou hoje. À minha mãe
Maria Margareth Alves Santana, que além do afeto, dedicação e amor, sempre me
incentivou a lutar por todos os meus sonhos e objetivos, que acreditando ser
possível, me ajudou a alcançá-los.
À minha esposa Tainá Victória, por todo carinho, amor e apoio oferecido
ao longo desta etapa, e por estar ao meu lado nos momentos mais importantes da
minha vida, sabendo compreender minha ausência em alguns instantes.
À minha filha Ana Rafaela, que chegou para alegrar ainda mais os dias da
minha vida.
Aos meus familiares, em especial à minha irmã Ana Porcina Santana
Rodrigues, que sempre está ao meu lado, seja em momentos difíceis, como em
momentos simples e alegres, ocupando um papel importante nesta jornada.
Aos professores do Curso de Especialização em Reabilitação Oral Profº.
Roberto, Profa. Adriana, Profº. Mário, que foram mediadores de conhecimentos
importantes, contribuindo de forma positiva para a minha formação profissional, e em
especial, ao meu orientador Profº. Dr. Rudys Rodolfo de Jesus Tavarez pelos
ensinamentos oferecidos e principalmente pelo incentivo e atenção dada durante
toda a execução deste trabalho.
Aos meus amigos de curso, George, Isabel, Lucila, Cibele, Ronald, Daniel,
Valben, Andréa, Sabrina e Paula, pelos conhecimentos e idéias compartilhados que
só vieram a enriquecer minha formação acadêmica e intelectual.
Aos meus amigos, Marcelo Calvet, Danilo Rocha, Nilson Neto, Aristeu
Junior, Pedro Natividade e Herotides Jr., pela amizade verdadeira, na qual pretendo
preservar por toda minha vida.
7
“A grandeza de um homem consiste em sua
decisão de ser mais forte que a condição
humana”.
(Albert Camus)
8
RESUMO
Durante o planejamento protético em Prótese Parcial Fixa (PPF), é indispensável
que o profissional analise as inúmeras formas e opções de tratamento que o caso
clínico em questão permite realizar. Com o desenvolvimento dos sistemas de
conexões e encaixe em prótese fixa, pôde-se observar uma amplitude nas
alternativas para confecção de trabalhos protéticos com ótimas qualidades
funcionais, sem que a qualidade estética seja prejudicada. Com isso, os conectores
semi-rígidos são uma opção na substituição das conexões rígidas, em que, essas
por sua vez, proporcionam uma união rígida entre os elementos de uma PPF,
conferindo a ela boas propriedades mecânicas, mas perdendo em alguns requisitos
quando relacionadas a trabalhos mais complexos, como exemplo as reabilitações
extensas que envolvem pilar intermediário. A escolha dos tipos de conectores,
rígidos ou semi-rígidos, bem como suas localizações, é um dos parâmetros a ser
analisado, mas talvez um dos mais importantes para elevar o prognóstico de uma
PPF. Portanto, o presente trabalho vem apresentar através de levantamento
bibliográfico os conectores por encaixe semi-rígidos, como opção na confecção de
prótese fixa com propriedades funcionais e estéticas favoráveis, assim como, suas
vantagens, indicações e características de sua infra-estrutura.
Palavras-chave: Prótese parcial fixa. Conectores rígidos. Conectores semi-rígidos.
9
ABSTRACT
During the prosthetic planning in Fixed Partial Prosthesis (PPF), it is indispensable
that the professional analyzes innumerable ways and treatment options that the
clinical case in question can realize. With the development of
systems of
connections and fitting in fixed prosthesis, could be observed the increase in the
alternatives to the confection of prosthetic works with great functional qualities,
without the esthetic quality is harmed. With that, the semi-rigid connectors are an
option in the substitution of rigid connections, and that, those for this time, propose a
rigid union behind the FPP’s elements, checking good mechanical properties for her,
but losing in some requirements when relationated to more complex works, as
example the extensive rehabilitations that involve intermediate pillar. The choice from
connectors, rigid or semi-rigid, as well as their locations, is one of the parameters to
be analyzed, but maybe one of the most important to elevate the FPP’s prognostic.
Therefore, the present work comes to present through bibliographical rising the
connectors to semi-rigid fitting, like option on the confection of fixed prosthesis with
functional and aesthetic properties favorable, as well as, their advantages,
indications and characteristics of their infrastructure.
Word-key: Fixed Partial Prosthesis. Rigid connectors. Semi-rigid connectors.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Caso inicial – Paciente com necessidade de reabilitação oral
superior..........................................................................................
Figura 2
23
Caso inicial – Necessidade de próteses nas áreas edentudas e
dentes remanescentes...................................................................
23
Figura 3
Caso inicial – região lateral direita.................................................
24
Figura 4
Caso inicial – região lateral esquerda............................................
24
Figura 5
Preparos
dentários
–
Planejamento
com
próteses
fixas
convencionais................................................................................. 24
Figura 6
Restaurações provisórias instaladas.............................................. 25
Figura 7
Modelo de trabalho. O detalhe mostra a presença de um pilar
intermediário................................................................................... 25
Figura 8
Infra-estrutura metálica. Conexão semi-rígida...............................
25
Figura 9
Conector semi-rígido tipo encaixe macho-fêmea........................... 26
Figura 10
Área da conexão semi-rígida – vista lateral...................................
Figura 11
Reabilitação metalocerâmica instalada – detalhe da localização
26
do conector..................................................................................... 26
Figura 12
Reabilitação metalocerâmica instalada em detalhe conexão
semi-rígida...................................................................................... 27
Figura 13
Conector semi-rígido tipo macho e fêmea.....................................
27
Figura 14
Vista frontal - caso finalizado.........................................................
28
Figura 15
Sorriso do paciente após reabilitação instalada............................
28
11
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 12
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................
14
2.1 Conceito ......................................................................................................
14
2.2 Características dos conectores semi-rígidos .........................................
15
2.3 Confecção laboratorial ..............................................................................
18
2.4 Vantagens e indicações ............................................................................
20
3 OBJETIVOS .................................................................................. 22
3.1 Geral ............................................................................................................
22
3.2 Específicos .................................................................................................
22
4 CASO CLÍNICO.............................................................................
23
5 DISCUSSÃO ................................................................................. 29
6 CONCLUSÃO ...............................................................................
33
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 34
12
1 INTRODUÇÃO
A prótese fixa é considerada um dos trabalhos mais sofisticados da
Odontologia, tendo por finalidade a substituição de um ou mais elementos ausentes,
fixando-se rigidamente nos dentes presentes e caracterizando-se por ser uma
prótese exclusivamente dento – suportável. Durante a escolha dos conectores de
uma prótese fixa, tem-se a opção da conexão rígida, que é aquela conseguida pela
solda ou por fundição direta dos elementos de uma prótese; e a conexão semirígida, que é a obtida por meio de encaixes tipo “macho-fêmea” (SOUZA, 1987).
São inúmeras as situações que se leva a pensar e duvidar do sucesso do
tratamento protético a ser executado, quer seja por motivos funcionais, estéticos ou
fisiológicos. Os conectores semi-rígidos consistem em uma alternativa na solução
destes problemas. Exemplos comuns acontecem nos casos em que há discrepância
no paralelismo dos dentes anteriores e posteriores, excessiva inclinação de dentes
pilares, ou ainda rebordos de configuração mais quadrada podem ser muito bem
resolvidos com o encaixe, compatibilizando os diferentes planos de inserção
(PEGORARO, 2004).
O conector semi-rígido é também um recurso de planejamento bastante
utilizado em reabilitações realizadas com próteses fixas extensas. Isto porque,
nestes casos, os pilares encontram-se distribuídos em vários segmentos o que pode
dificultar o assentamento adequado da prótese se a mesma for confeccionada tendo
todos os retentores e pônticos unidos rigidamente (MOULDING, et al., 1992).
Na finalidade de aumentar e/ou melhorar o prognóstico pós-instalação de
uma PPF, alguns requisitos dos conectores são básicos, havendo a necessidade de
estes possuírem resistência suficiente para opor-se às forças de mastigação, além
de não transmitir esforços indevidos ao dente suporte e prover condições para uma
higiene satisfatória (WING, 1962).
Levando-se em consideração os conceitos atuais de estética e função em
prótese fixa, a utilização dos conectores semi-rígidos na confecção dessas
estruturas, define um novo padrão de prótese dentária. Torna-se assim de grande
importância o conhecimento e principalmente uma correta indicação clínica de um
procedimento protético que promova tanto uma adequada função, como aspectos
13
estéticos positivos, suprindo desta forma, as variadas situações clínicas do cotidiano
(ROSEN, 1986).
Desta forma, no presente trabalho, será apresentada, por meio de caso
clínico, a conexão semi-rígida na confecção de PPF, além de abordar através de
levantamento de literatura aspectos relacionados às suas vantagens e indicações,
enfatizando ainda a confecção laboratorial e as principais características dessas
conexões.
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Conceito
Conexões não-rígidas é um termo utilizado para diferenciar das conexões
rígidas. Independente de suas características que podem ser a clássica
“macho/fêmea”, esses trabalhos são também conhecidos como encaixe de
semiprecisão ou conexão semi-rígida, e ainda apoios oclusais com diferentes formas
ou dimensões (MALONE, 1990).
Os conectores semi-rígidos são partes da estrutura de algumas próteses
parciais fixas, que diferente das próteses fixas convencionais, são caracterizados
pela segmentação de sua infra-estrutura durante o planejamento e confecção
desses trabalhos (BONFANTE, 1998).
Silva, et al. (2006) relatam que os conectores rígidos podem ser
encontrados em dois tipos: soldados ou por fundição direta. Já em relação aos
conectores semi-rígidos é interessante lembrar que, embora haja vários designs,
sabe-se que todos eles possuem dois elementos essenciais, são eles: “o macho” e
“a fêmea”.
Souza (1987) relata que antes de se fazer a seleção do conector a ser
utilizado, é necessária que se faça uma avaliação geral do paciente para em seguida
determinar o tipo de conexão mais indicada. Esses requisitos a serem observados
consistem na avaliação periodontal (área de superfície periodontal), dentes
remanescentes (quantidade, grau de destruição das estruturas dentárias, higidez,
implantação óssea, proporção coroa-raíz, configuração das raízes), oclusão
(posicionamento axial dos elementos dentários), idade (compensação fisiológica /
claudicação patológica), estética, higienização oral (controle de placa), assim como
as condições socioeconômicas do paciente.
O autor descreve ainda que é interessante conhecer sobre os
componentes básicos de uma prótese fixa, pois são elementos fundamentais que
irão trabalhar em conjunto com os conectores. Tais elementos baseiam-se em:
pilares – dentes / raízes remanescentes onde se fixará a prótese fixa, ou seja, os
suportes da prótese fixa; retentores - reconstituição das estruturas dentárias que se
fixam nos pilares, podendo ser em metal ou cerâmica, e que por sua vez se
15
conectarão com os pônticos, que são os elementos que substituem funcionalmente e
esteticamente os elementos dentários perdidos, ocupando o espaço por eles
deixado; e conectores - parte da prótese fixa que realiza a conexão de seus
elementos (pônticos / retentores) (SOUZA, 1987).
Segundo Rosenstiel, et al. (2005) as conexões tem como principal função
unir os retentores individuais e pônticos. Muitas vezes, este processo ocorre por
meio de conexões rígidas, apesar de os conectores não-rígidos serem usados
ocasionalmente. Estes últimos são habitualmente indicados quando se torna difícil,
durante os preparos dentários, traçar um trajeto de inserção comum para o preparo
dos pilares em uma prótese fixa.
Moulding, et al. (1992) descrevem que na técnica convencional do uso da
conexão semi-rígida, o elemento “fêmea” encontra-se posicionado na distal do
retentor anterior e sua abertura apresenta-se divergente para oclusal. Já o elemento
“macho” estará unido à superfície mesial do pôntico e igualmente divergente para
oclusal. É importante notar que o segmento anterior da PPF é assentado
primeiramente e em seguida o segmento posterior é assentado com o “macho”
encaixando no elemento “fêmea”.
No entanto, o uso da conexão semi-rígida convencional é considerada,
em alguns casos, contra-indicada. Nesses casos, o autor propõe o uso de um
procedimento alternativo, ou seja, uma conexão que se diferencia por sua orientação
invertida. Essa por sua vez, é caracterizado pela inversão de seus componentes,
onde o elemento “macho” é unido à superfície distal do retentor anterior e o
componente “fêmea” estará unido à superfície mesial do pôntico, ambos convergindo
para cervical (MOULDING, et al. 1992).
2.2 Características dos conectores semi-rígidos
Durante o planejamento do design e dos componentes da infra-estrutura
das restaurações, antes de tudo, é preciso levar em consideração função, estética,
saúde periodontal, preservação pulpar, resistência à tensão e resistência à deflexão
biomecânica dos dentes (CARDOSO; GONÇALVES, 2002).
De acordo com Caputo, Standlee (1987) a biomecânica dos dentes é
considerado um dos fatores determinantes na seleção dos componentes e na
longevidade da prótese. Forças de tração e compressão ocorrem quando os dentes
16
entram em função. Deve-se considerar também que os dentes apresentam três
movimentos básicos dentro do alvéolo, são eles: movimentos de intrusão, para
vestibular e para anterior, sendo eles com diferentes magnitudes e direções. O autor
relata que esses movimentos são considerados fisiológicos de qualquer dente
quando os mesmos não apresentam perda de inserção. Caso contrário, a perda de
inserção aumenta a magnitude dos movimentos e dependendo dos componentes a
ser utilizado para a confecção da prótese, o risco de descimentação é maior.
Segundo Bassanta, Monteiro (1997) a situação clássica descrita na
literatura é a da prótese com dente suporte intermediário. O mesmo exerce uma
ação de fulcro sobre os extremos, quando todas as conexões forem rígidas. A
descimentação do retentor extremo, com menor retenção é eminente. A observação
clínica tem confirmado isto. Desta forma, uma das alternativas para atenuar tal risco
consiste na confecção de prótese com pôntico suspenso, ou o emprego de conexão
semi-rígida. Essa, por sua vez, terá a função de eliminar a ação do fulcro gerada
pelo dente suporte intermediário. Quanto à sua localização, é condição fundamental
que seja em distal do dente suporte intermediário ou do mais anterior. Qualquer
outra localização, leva ao aumento da mobilidade dos dentes e desconforto ao
paciente.
Muhlemann, et al. (1965) e Malone (1990) relataram que as conexões
semi-rígidas são comumente usadas em restaurações com pilares intermediários, e,
portanto devem seguir algumas características consideradas essenciais durante o
planejamento e execução desses trabalhos. Tais requisitos baseiam-se em:
 Altura mínima de 3mm;
 Localização o mais intracoronária possível, para uma distribuição mais axial
das cargas oclusais;
 Não devem interferir com o perfil de emergência da coroa protética, nem com
o controle de placa.
Por outro lado, Rosenstiel, et al. (2005) descrevem a importância e o
cuidado que se deve ter em relação à altura do conector durante o planejamento da
restauração, uma vez que a extensão da câmera pulpar e a altura da coroa clínica
podem ser consideradas fatores limitadores do design dos conectores não-rígidos. A
maioria dos padrões pré-fabricados requer o preparo de uma caixa com tamanho
considerável. Isto permite a incorporação do componente “fêmea” na restauração,
sem contorno excessivo do perfil de emergência e interproximal. Em casos de
17
coroas clínicas curtas, o espaço ocluso-cervical não é alcançado ao ponto de
garantir uma força adequada, visto que a altura vertical recomendada por alguns
fabricantes varia entre 3 e 4mm.
Pegoraro (2004) acrescenta que para garantir um correto emprego dos
conectores semi-rígidos, são necessários seguir alguns pré-requisitos para
confecção desses trabalhos, tais como:
 Paredes paralelas ou, idealmente paredes com expulsividade, para facilitar a
adaptação e contribuir para a estabilidade;
 Parede gengival plana e perpendicular ao longo eixo do dente, pois é através
dela que as forças mastigatórias serão transmitidas aos demais segmentos;
 Manter paralelismo com o plano de inserção do segmento da prótese em que
estiver contida a porção “macho”;
 Colocação da porção “fêmea” no segmento anterior da prótese (distal do
canino, por exemplo), com o objetivo de contribuir para a neutralização dos
esforços incidentes nos dentes posteriores, pois o inverso não resultaria no
mesmo efeito.
O autor lembra ainda que apesar de proporcionar maior resistência à
deflexão, o design do encaixe não pode ser de tamanho desproporcional. É preciso
estar atentos aos espaços que possibilitem uma adequada higienização afim de não
afetar a estética da prótese, pois, se muito amplo, inevitavelmente irá transparecer
ao olhar do observador.
Bassanta, Monteiro (1997) no capitulo sobre biomecânica, relataram que
o design, o tamanho, e o posicionamento de um conector influenciam diretamente no
sucesso da prótese. Um conector deve se apresentar grande o suficiente para
prevenir distorções ou possíveis fraturas durante a função e ainda não ser
excessivamente grande a ponto de impedir um correto controle de placa e,
conseqüentemente contribuir para a deterioração periodontal com o passar do
tempo.
Dessa forma, de acordo com Mezzomo (1994) a saúde periodontal, pulpar
e o risco de recidiva de cárie estão diretamente relacionados com a justeza das
margens, de um perfil de emergência plano e de uma superfície lisa e polida, tanto
do metal quanto da cerâmica. Os espaços das ameias também devem ser
preservados, uma vez que a higiene bucal, nessa região, terá que ser realizada de
maneira cautelosa.
18
2.3 Confecção laboratorial
Shavell (1998) relata que os procedimentos laboratoriais representam a
ligação entre a tecnologia dental e a saúde do paciente. Segundo o autor, o que o
técnico recebe é o resultado do diagnóstico, planejamento e execução clínica,
representada pelos moldes e registros oclusais e, portanto, não há como separar
essa interdependência. A falta de fidelidade do molde gera modelos e troquéis
distorcidos. Registros oclusais incorretos geram montagem em articulador alterada.
As conseqüências são restaurações que não preenchem os requisitos aos quais se
propõe. Inúmeros ajustes clínicos, além do gasto de tempo, material, e perda de
qualidade, comprometem diretamente o prognóstico do caso. Quando um protocolo
rigoroso é seguido desde o planejamento até a entrega do molde, a probabilidade de
receber uma prótese fiel é maior, desde que o técnico também siga de maneira
criteriosa o protocolo laboratorial definitivo. Desse modo, é pouco provável que haja
a necessidade de ajustes de uma infra-estrutura, não havendo, conseqüentemente,
a necessidade de inúmeros reparos.
De acordo com Shillingburg, et al. (1998) existem varias situações em que
os conectores não-rígidos são indicados, seja para aliviar pressão ou para acomodar
pilares de uma PPF que estejam incorretamente alinhadas. Entre os conectores nãorígidos mais usados estão as “caldas de andorinha”, conhecidas pelos seus
principais componentes, “macho” e “fêmea”.
Rosenstiel, et al. (2005) descrevem que na etapa de confecção das PPF’s
o componente “fêmea” pode ser preparado manualmente no padrão de cera, ou com
um aparelho de fresagem de precisão. Outra abordagem é usar componentes
plásticos para a “fêmea” e o “macho” de um conector não-rígido.
Durante a confecção laboratorial, o padrão de cera para o retentor de um
pilar de apoio deve ser fabricado no modelo de trabalho. Quando um padrão de
plástico for usado para “macho” e “fêmea”, uma forma cúbica profunda é esculpida
na superfície distal do padrão de cera para abrir espaço para colocação de um
padrão fêmea de plástico. A profundidade adequada e o eixo de inserção paralelo
são essenciais durante o preparo da forma cúbica no aspecto distal deste pilar
(SHILLINGBURG et al 1998).
19
É importante ressaltar que, ainda no estágio de padrão de cera, o
componente “fêmea” precisa ser preparado dentro dos contornos do retentor, e o
componente macho terá que ser conectado ao pôntico. A fêmea encontra-se
geralmente localizada na face distal do retentor anterior (ROSENSTIEL, et al. 2005).
Nesse momento, o modelo de trabalho com o padrão de cera é assentado
no delineador e em seguida são montadas as porções “macho” e “fêmea” do
conector. Só então, o mandril que se estende desde o topo do “macho/fêmea” do
padrão até a haste do delineador, é travado. É necessário que se manipule o
delineador até que o mandril e os assessórios estejam paralelos ao eixo de inserção
do preparo distal. Depois, o padrão de plástico é baixado até o padrão de cera do
retentor, no qual o mesmo será vedado com cera pegajosa nesta posição. É
removida a porção “macho” e “fêmea” e o padrão de cera do retentor é completado,
combinando a superfície distal com a “fêmea” (SHILLINGBURG et al 1998).
O alinhamento exato da “fêmea” é crítico, ele deve estar paralelo ao
trajeto da remoção do retentor distal. O paralelismo é normalmente obtido com o
delineador. Durante o alinhamento da restauração o trajeto da inserção do retentor
adjacente ao “macho” é identificado. A “fêmea” do outro retentor é então configurada
de forma que seu trajeto de inserção permita o assentamento simultâneo do “macho”
e do seu retentor correspondente (ROSENSTIEL, et al., 2005).
O padrão é então incluído, queimado e fundido. Após a fundição ter sido
limpa e ter sofrido jateamento, as partes da “fêmea” que ultrapassarem a superfície
oclusal devem ser cortadas cuidadosamente. A fundição é colocada no modelo de
trabalho e inserida no padrão pré-fabricado plástico para o “macho” e “fêmea”. Neste
momento, o padrão de cera do pôntico é acoplado ao macho de plástico. O padrão
do pôntico é concluído, removido do modelo, incluído e fundido. Depois de a
fundição ser removida do revestimento, o mandril e todo o excesso presente no topo
do “macho” são cuidadosamente reduzidos a fim de que o “macho” e a “fêmea”
fiquem nivelados, e bem acabados (SHILLINGBURG et al 1998).
O autor relata ainda que durante a prova da infra-estrutura, deve-se
verificar o ajuste de cada uma das unidades. Em seguida, ajusta-se o segmento
anterior com o pôntico distal já acoplada pelo encaixe, o retentor do pilar
intermediário e o retentor distal. Os componentes concluídos após a soldagem são
provados na boca em uma consulta subseqüente e se necessário, são realizados
ajustes oclusais. É interessante lembrar que no momento da cimentação da
20
restauração, o segmento mesial ou anterior é colocado primeiramente e em seguida
a porção distal ou posterior é assentada imediatamente depois. Nenhuma porção de
cimento deve ser colocada na conexão (SHILLINGBURG et al 1998).
2.4 Vantagens e indicações
Segundo Parfitt (1960) e Caputo, Standlee (1987) a conexão semi-rígida
embora seja pouco discutida na literatura de planejamento em prótese fixa, possui
um amplo espectro de indicações de uso com prognóstico excelente. São elas:
 Prótese com dente suporte intermediário. Já descrita anteriormente.
 Reabilitações extensas e/ou complexas. Idealmente, toda prótese parcial fixa
deveria permitir a independência de movimento dos dentes. Porém, isto é
impraticável. Arcos dentais com perda de inserção têm a mobilidade dos
dentes aumentada. Se for agregada ainda a diferença de mobilidade, a
presença de dentes suporte intermediário e secundário e grandes diferenças
de qualidades retentivas, o risco de descimentação aumenta ainda mais. As
conexões semi-rígidas são alternativas atenuantes destes riscos.
 Diferenças de mobilidade entre os dentes suporte. O dente com maior
mobilidade exerce ação de fulcro sobre o de menor mobilidade. A conexão
não-rígida mantém grande parte da independência de movimento dos dentes
suporte, diminuindo o risco de descimentação.
 Dentes com prognóstico reservado. Dentes suporte posteriores que
apresentam prognóstico duvidoso, são unidos ao mais anterior com conexão
semi-rígida. Na eventual perda do dente a “fêmea” pode ser usada para uma
nova prótese parcial fixa ou para prótese parcial removível.
 Ausência de paralelismo entre os dentes suporte. O uso de conexão nãorígida, paralela à via de inserção do dente suporte posterior, evita possível
endodontia, ortodontia, preserva estrutura dentária, reduz custo e tempo e
mantém parte da independência dos movimentos dos dentes suporte.
 Diferença de qualidade de retenção dos retentores. É uma situação clínica
específica quando o retentor mais anterior for uma coroa total e o posterior for
um retentor parcial (ex.: onlay). Na eventual descimentação desse último, o
mesmo pode ser recimentado sem a necessidade de remoção do retentor
anterior.
21
 Facilitar as manobras laboratoriais, clínicas e reduzir o número de soldas.
Dificilmente uma prótese fratura em sua estrutura metálica em outra área que
não seja na área soldada, que é o seu ponto mais frágil. A cerâmica sofre
contração durante a cocção. Próteses extensas rígidas precisam de um maior
número de queimas para alcançar a qualidade oclusal e estética planejada. A
estrutura metálica está mais predisposta à distorção, além de que alguns
pigmentos da cerâmica podem volatilizar. As manobras clínicas de
cimentação são estressantes. É mais difícil o controle do tempo sobre a
manipulação de uma grande quantidade de cimento, colocação correta em
quantidade e localização do mesmo no elevado número de retentores e no
assentamento preciso da prótese em boca. A segmentação da prótese pelo
emprego de conexões semi-rígidas atenua todas essas dificuldades. A
atenção fica voltada apenas ao segmento cimentado, até a remoção dos
excessos para, então, dedicar-se à cimentação de outro segmento e, assim,
sucessivamente. Além disso, é mantida a arte da independência dos
movimentos fisiológicos dos dentes suporte.
De acordo com Pegoraro (2004) as conexões semi-rígidas convencionais
também apresentam as seguintes vantagens e indicações:
 Casos onde há necessidade de esplintagem dos diferentes segmentos do
arco, em razão da mobilidade dental;
 Transmissão dos esforços mastigatórios entre os dentes pilares, de maneira
similar às conexões rígidas;
 Necessidade de esplintagem dos dentes pilares;
 Redução das áreas de solda e, conseqüentemente, da possibilidade de
distorções em próteses extensas;
 Facilidade para realizar procedimentos técnicos (aplicação de porcelana);
 Facilidade durante a cimentação, pois permite a divisão desse procedimento
em duas ou três etapas, em vez de realizá-lo de uma só vez (monobloco);
 Vantagens em caso de repetição devido às falhas comuns (cárie e
descimentação), pois apenas o segmento afetado será refeito.
Por outro lado, Moulding et al., (1992) descrevem as vantagens da técnica
invertida, que baseiam-se em:
 Preparo mais conservador do dente;
 Potencial estético.
22
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Apresentar os conectores semi-rígidos como uma opção durante o
planejamento de próteses parciais fixas.
3.2 Específicos

Apresentar os tipos de conexões: rígidas e não-rígidas.

Identificar as principais características, vantagens e indicações das conexões
semi-rígidas.

Descrever as etapas laboratoriais e os princípios necessários a serem
seguidos para o uso dos conectores semi-rígidos.

Relatar através de caso clínico a utilização dos conectores, assim como os
resultados obtidos.
23
4 CASO CLÍNICO
Figura 1: caso inicial – paciente com necessidade de
reabilitação oral superior.
Figura 2: caso inicial – necessidade de próteses nas
áreas edentudas e dentes remanescentes.
24
Figura 3: caso inicial – região lateral direita.
Figura 4: caso inicial – região lateral esquerda.
Figura 5: preparos dentários – planejamento
com próteses fixas convencionais.
25
Figura 6: restaurações provisórias instaladas.
FIGURA
8:
Figura
7: modelo
de trabalho. O detalhe mostra a
presença
de um pilar intermediário.
FONTE:
Figura 8: infra-estrutura metálica. Conexão semi-rígida.
26
Figura 9: conector semi-rígido tipo encaixe
macho – fêmea.
Figura 10: área da conexão semi-rígida –
vista lateral.
Figura 11: reabilitação metalocerâmica instalada –
detalhe da localização do conector.
27
Figura 12: reabilitação metalocerâmica instalada –
em detalhe conexão semi-rígida.
Figura 13: conector semi-rígido tipo
macho e fêmea.
28
Figura 14: vista frontal - caso finalizado.
Figura 15: sorriso do paciente após reabilitação instalada.
29
5 DISCUSSÃO
De acordo com Ziada, Barrett (2000) o uso de conectores rígidos entre
pônticos e retentores é comum nas PPF. No entanto, há casos em que o conector
não-rígido torna-se uma opção relevante, como nos casos de trabalhos extensos
onde se torna bem mais complicado o uso das conexões rígidas.
Segundo Oruc, et al., (2008) a presença de um pilar intermediário também
é muito comum durante o planejamento de próteses parciais fixas de alguns
pacientes. O uso de um conector rígido para esse caso não é considerado a melhor
opção, uma vez que quando uma força oclusal é aplicada na extremidade do seu
retentor, o pilar intermediário pode atuar como um fulcro.
Ziada, Barrett (2000) acrescenta que a localização do conector não-rígido
é considerada importante, recomendando-se sua colocação na distal do pilar
intermediário. A colocação deste conector no pilar terminal da prótese poderia
resultar num pôntico exercendo uma ação de alavanca e o pilar intermediário uma
ação de fulcro. A anulação desta situação é a base lógica para o uso dos conectores
não-rígidos, uma vez que os conectores rígidos não permitiriam movimentos
independentes entre os pilares, diferentemente dos não-rígidos que permite uma
independência na resposta dos retentores a uma carga oclusal vertical, além de
poder quebrar o estresse gerado sobre o pilar intermediário e reduzir a propagação
do estresse para o pilar terminal da prótese.
Oruc, et al., (2008) lembra ainda que, quando forças elásticas são
aplicadas nos extremos opostos, muitas vezes pode gerar uma perda do potencial
de retenção e conseqüentemente resultarem na desadaptação marginal da
restauração ou até mesmo a ocorrência de cáries. Portanto, os conectores semirígidos são sugeridos como uma solução a estas dificuldades, já que as próteses
fixas unidas rigidamente e que apresentam pilar intermediário, possuem altas taxas
de insucesso.
Berger (1989) relata que a perda de inserção resultante da doença
periodontal cria uma relação coroa/raiz desfavorável, em que os movimentos
fisiológicos dos dentes podem resultar em mobilidade ou até fratura de um conector
rígido. Além disso, em casos de dentes longos, torna-se mais complicado obter
30
paralelismo com o objetivo de se ter um único eixo de inserção da prótese, havendo
comprometimento dos princípios biológicos do preparo de um pilar.
Nestas situações, Clarke, et al. (1989) sugerem o uso das conexões semirígidas, pois estas permitiriam pequenos movimentos entre os componentes da PPF
ao mesmo tempo em que o dente ou grupos deles permanecem esplintados.
Quando não se tem muita certeza sobre o prognóstico de um pilar é
recomendável que se faça a segmentação do design da prótese parcial fixa, para
prevenir futuras necessidades de reparo, o que se tornaria mais fácil podendo ser
feito individualmente. Esse procedimento minimiza também a possibilidade de
fraturas, principalmente em próteses extensas mandibulares que tendem a sofrer
deflexão durante os movimentos de abertura e fechamento forçados (PEGORARO,
2004).
Berger (1989) descreve ainda que a porção mais frágil de uma PPF é a
área do conector, e seu design inadequado pode permitir a estrutura flexionar-se, já
que o padrão de resistência de um conector é determinado pelas forças que lhe
serão impostas ou transmitidas. Porém, para o autor, não se deve padronizar o
design das PPF, mas sim conhecer algumas variações técnicas e, em alguns casos,
combinar dois ou mais tipos de design, a fim de obter bons resultados, e satisfazer
os anseios dos pacientes.
Em relação ao design da PPF, Bassanta, Monteiro (1997) recomenda que
a parte “fêmea” da conexão deve estar situada dentro do contorno normal da face
distal do apoio intermediário e a parte “macho” na face mesial do pôntico. Cerca de
98% dos dentes posteriores, submetidos a forças oclusais, inclinam-se para a
mesial. Logo, se a parte “fêmea” do conector esta situada na distal do apoio
intermediário, o movimento para mesial, citado acima, tende a encaixar firmemente a
porção “macho” no seu local. Caso contrário, se o componente “fêmea” encontra-se
no lado mesial, o “macho” tende a ser expulso durante os movimentos para mesial.
No entanto, é preciso uma avaliação muito detalhada do nível de mobilidade
dentária, já que, em algumas situações, a utilização do conector semi-rígido poderia
agravar o quadro periodontal.
Já Moulding et al., (1992) descrevem que em alguns casos, as limitações
do espaço exigem uma menor redução dentária durante a preparação do contorno
cervical do retentor, tornando-se complicado a colocação do elemento “fêmea”
dentro da parede do retentor. Desta forma, os autores propõem uma orientação
31
invertida do conector semi-rígido na finalidade de resolver estes problemas. Com
este design, o componente “fêmea” é unido à superfície mesial do pôntico, e o
“macho” é incorporado na superfície distal do retentor. Desta forma, a orientação
invertida oferece diversas vantagens e poucas desvantagens. Dentre as principais
vantagens encontra-se:
 Preparo conservador do dente pilar. Quando “o macho” é posicionado extra
coronário no dente pilar, o limite de preparo é conservado, evitando que haja
um desgaste adicional para fornecer espaço para o conector semi-rígido. Esta
preparação conservadora assegura a retenção e minimiza a irritação pulpar;
 Contornos axiais fisiológicos. Usando esta orientação invertida, o conector
semi-rígido estará inteiramente dentro dos contornos do pôntico, evitando que
ocorra um sobre contorno da superfície axial no dente pilar. Desta forma,
pode ser desenvolvido um perfil de emergência adequado e um contorno
fisiológico no terço gengival;
 Potencial estético. A orientação invertida de um conector semi-rígido pode
apresentar um resultado estético melhor, desde que a “fêmea” esteja
localizada na superfície interna do pôntico, e sua abertura voltada para o
tecido gengival. Desta forma, a única evidência visual do conector é a relação
entre os planos de inserção do metal dos dois segmentos.
Quanto às desvantagens da orientação invertida, os autores citaram
apenas o fato da abertura da porção fêmea ser em direção à superfície gengival.
Portanto, quando o tecido gengival encontra-se em íntimo contato com o pôntico,
torna-se uma área de retenção de placa e, conseqüentemente, irá proporcionar uma
irritação gengival (MOULDING et al., 1992).
Bonfante em (1998) relatou que à área interproximal não é o local ideal
para se realizar a soldagem, uma vez que, a área a ser unida pode ser insuficiente
para promover uma conexão satisfatória e duradoura, resistente aos esforços
mastigatórios e sobrecargas oclusais. É indispensável não só garantir o espaço
adequado para a acomodação da papila interproximal, como também é importante
que se faça a abertura ameias incisais ou oclusais, bem como das ameias cervicais
para a passagem dos meios de higienização convencionais.
De acordo com Araújo (1998) quando a conexão entre os pônticos ou
entre pôntico e retentor apresentar altura menor que 2,5mm, tanto em metais nobres
como em metais não-nobres, poderá ocorrer fraturas nessas áreas. O autor afirma
32
ainda que as conexões são extremamente importantes na resistência da estrutura
metálica de PPF metalocerâmica e, por isso, sua forma deverá ser minuciosamente
estudada e verificada durante o enceramento, para definir se as superfícies
gengivais, ou até mesmo as oclusais, das conexões poderão ficar em cerâmica ou
em metal, para possibilitar uma área de higiene mais adequada, sem que ocorra
prejuízo na resistência.
Kuwata (1986) no capitulo sobre confecção de estruturas metálicas, relata
que, no que se diz respeito à higienização, a região da conexão confeccionada em
tamanho menor seria mais benéfica, mas quando pensamos na sua resistência, há a
necessidade de criar algumas formas convenientes. A liberação das áreas
vestibulares e linguais dando a forma de um cavalete à conexão, além de garantir
sua resistência, oferecerá espaço suficiente para a acomodação livre da papila
interproximal e para a higienização.
Hirshberg (1972) concluiu que a higiene bucal exerce uma grande
influência na saúde gengival e na fibromucosa adjacente as PPF, e as condições
para que isto ocorra estão muito mais relacionadas com a forma dos pônticos e com
a altura dos conectores em relação à gengiva interproximal, do que com os tipos de
materiais empregados para sua confecção.
33
6 CONCLUSÃO
 O uso dos conectores semi-rígidos é uma alternativa eficaz na substituição
das conexões rígidas durante o planejamento e confecção de algumas próteses
fixas.
 O planejamento da localização do conector semi-rígido e a exatidão nos
procedimentos técnicos são essenciais para a precisão do trabalho protético.
 As conexões semi-rígidas oferecem inúmeras indicações, que variam desde a
confecção de prótese onde há uma discrepância entre o paralelismo dos dentes
pilares, até trabalhos que exijam elevada resistência, como pontes fixas
posteriores localizadas em áreas onde a carga mastigatória é maior.
34
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