COPPE/UFRJ ASPECTOS METEOROLÓGICOS E BALANÇO HÍDRICO EM UM ATERRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS. Angela Tostes Alves da Silva Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientadores: Cláudio Fernando Mahler Adriana Soares de Schueler Rio de Janeiro Setembro de 2008 ASPECTOS METEOROLÓGICOS E BALANÇO HÍDRICO EM UM ATERRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS Angela Tostes Alves da Silva DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: ________________________________________________ Prof. Cláudio Fernando Mahler, D.Sc. ________________________________________________ Dra. Adriana Soares de Schueler, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Mauricio Ehrlich, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Valdo da Silva Marques, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL SETEMBRO DE 2008 ii Silva, Angela Tostes Alves da Aspectos Meteorológicos e Balanço Hídrico em um Aterro de Resíduos Sólidos Urbanos/Angela Tostes UFRJ/COPPE, 2008. Alves da Silva. – Rio de Janeiro: XVI, 125 p.: il.; 29,7 cm. Orientadores: Cláudio Fernando Mahler Adriana Soares de Schueler Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Civil, 2008. Referências Bibliográficas: p. 100-112. 1. Balanço hídrico em aterros de resíduos sólidos urbanos. 2. Monitoramento meteorológicos em aterros de de elementos resíduos sólidos urbanos. I.. Mahler, Cláudio Fernando et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil. III. Titulo. iii AGRADECIMENTOS A Deus por mais esta conquista. Aos meus pais, Braz (In memoriam) e Amelia, por terem contribuído para a minha formação pessoal e profissional, com muito amor, incentivo e dedicação. Ao Eduardo Domenico Aloise pelo companheirismo, estímulo e por ter contribuído para a realização desta dissertação. Ao meu orientador Cláudio Fernando Mahler pelo apoio que recebi durante toda a realização do Mestrado. A minha orientadora Adriana Soares de Schueler pela disponibilidade e paciência demonstradas em todos os momentos que necessitei. Aos professores Valdo da Silva Marques e Mauricio Ehrlich por aceitarem o meu convite para participar da banca. Aos professores da Geotecnia da COPPE que contribuíram para essa dissertação com os seus ensinamentos e aos demais que tive ao longo da vida. À Coordenação de Meteorologia do CEFET-RJ pelo empréstimo da Estação Meteorológica Automática Maws, e especialmente ao Almir Venancio pelo empenho em tudo o que envolveu a instalação e a manutenção da referida Estação no Aterro Metropolitano de Gramacho. Aos estagiários do Curso Técnico de Meteorologia do CEFET-RJ pela companhia e colaboração nas idas ao aterro de Gramacho: Aline Verol, Allan Amâncio, Cesar Bruno, Júlia Carelli, Katyusse Bovoy, Leonardo Garcia e especialmente Bruno Matos, Cecília Lima e Gabriela Assis. iv Ao Felipe Roque e aos alunos das turmas 5A MET 2007/1 e 6A MET 2007/1, 5A MET 2008/1 e 6A MET 2008/1, do Curso Técnico de Meteorologia do CEFET-RJ, que participaram, respectivamente, da instalação e da retirada da Estação Meteorológica Automática Maws. À COMLURB por permitir a instalação da Estação Meteorológica Automática Maws no Aterro Metropolitano de Gramacho, especialmente representada por Lucio Vianna Alves. À REDUC pelo fornecimento dos dados meteorológicos. Ao amigo Paulo Emannoel Viola (In memoriam) pelo exemplo de amor e dedicação à Meteorologia e pelo incentivo profissional. Aos colegas Vinicius Guedes e Ronaldo Izzo pelos resultados de suas pesquisas elaboradas no Aterro Metropolitano de Gramacho. A Siana, Flavia, Eliane, Sueli, Cristina, Pedro e demais colegas do Mestrado. Aos funcionários da Secretaria Acadêmica do Programa de Engenharia Civil, do Laboratório de Geotecnia e do Laboratório de Computação do bloco B. Ao Luis Manoel Paiva Nunes e a todas as pessoas que, mesmo não tendo sido mencionadas, por um imperdoável esquecimento, ajudaram de forma direta ou indireta no cumprimento dessa etapa da minha vida. Valeu! v Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.) ASPECTOS METEOROLÓGICOS E BALANÇO HÍDRICO EM UM ATERRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS Angela Tostes Alves da Silva Setembro/2008 Orientadores: Cláudio Fernando Mahler Adriana Soares de Schueler Programa: Engenharia Civil O presente trabalho teve como objetivo o estudo do Aterro Metropolitano de Gramacho através de alguns aspectos meteorológicos, bem como do Balanço Hídrico, cujos cálculos foram feitos utilizando-se o método climático proposto por Thornthwaite e o programa HELP (Hydrological Evaluation of Landfill Performance), que é um modelo computacional que analisa em detalhes o comportamento hídrico dos aterros de resíduos. Foram obtidos dados meteorológicos registrados pela estação meteorológica automática MAWS, instalada no Aterro Metropolitano de Gramacho especialmente para obter dados para esta dissertação, e pela estação da REDUC, situada na cidade de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro. Também foram utilizados dados de precipitação, medidos através do pluviômetro tipo “Ville de Paris” já instalado no aterro de Gramacho e pertencente à COMLURB. Comparações foram feitas para verificar se houve diferenças significativas nos registros dos elementos meteorológicos e nos resultados do Balanço Hídrico, utilizando os dados coletados no aterro ou num local próximo, ou seja, na estação da REDUC. vi Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) METEOROLOGICAL ASPECTS AND WATER BALANCE IN URBAN SOLID WASTE LANDFILL Angela Tostes Alves da Silva September/2008 Advisors: Cláudio Fernando Mahler Adriana Soares de Schueler Department: Engineering Civil The objective of this project was to study Gramacho Landfill considering meteorological aspects as well as the water balance, whose calculations were made by using the classic climatic method proposed for Thornthwaite and the software HELP (Hydrological Evaluation of Landfill Performance), what is a computational model that analyzes the water balance of landfills. Meteorological data were obtained by automatic weather station MAWS, installed in Gramacho Landfill especially to obtain meteorological variables for this dissertation, and by automatic weather station from REDUC, situated in Caxias city, in Rio de Janeiro State. Also were used rainfall data measured with a Ville de Paris pluviometer already installed in Gramacho Landfill and belonging to COMLURB. Comparisons were performed to verify if there were relevant differences between meteorological data and also on the results of the water balance, by using the meteorological data obtained by automatic weather station installed in Gramacho Landfill or on a site next , in other words, by automatic weather station from REDUC. vii ÍNDICE AGRADECIMENTOS ................................................................................................. IV RESUMO....................................................................................................................... VI ABSTRACT ................................................................................................................ VII ÍNDICE ....................................................................................................................... VIII LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XII LISTA DE FIGURAS................................................................................................ XIV LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS........................................................ XVI CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .................................................................................. 1 CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................... 4 2.1. RESÍDUOS SÓLIDOS. .......................................................................................... 4 2.1.1. NOÇÕES DE ALGUMAS PROPRIEDADES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS....................................................................................................................... 8 2.1.1.1. PROPRIEDADES FÍSICAS. ........................................................................... 8 2.1.1.2. PROPRIEDADES QUÍMICAS. .................................................................... 12 2.1.1.3. PROPRIEDADES BIOLÓGICAS. ............................................................... 12 2.1.2. PERCOLADO DO RESÍDUO SÓLIDO. ........................................................ 12 2.2.1. LIXÃO. ................................................................................................................ 14 2.2.2. ATERRO CONTROLADO. .............................................................................. 15 2.2.3. ATERRO SANITÁRIO. .................................................................................... 15 2.3. SISTEMA DE COBERTURA DE ATERROS. ................................................. 17 2.4. OBSERVAÇÃO METEOROLÓGICA DE SUPERFÍCIE. ............................. 24 2.5. ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DE SUPERFÍCIE. ...................................... 24 2.5.1. ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS CONVENCIONAIS. ............................ 25 2.5.2. ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS AUTOMÁTICAS. ................................ 26 2.6. ELEMENTOS DO CLIMA. ................................................................................ 27 2.6.1. TEMPERATURA DO AR. ............................................................................... 27 viii 2.6.1.1. TEMPERATURA COMO FUNÇÃO DA LATITUDE. .............................. 27 2.6.1.2. VARIAÇÃO ANUAL DA TEMPERATURA. ............................................. 27 2.6.2. PRESSÃO ATMOSFÉRICA. ............................................................................ 28 2.6.3. PRECIPITAÇÃO. .............................................................................................. 28 2.6.3.1. PRECIPITAÇÃO ANUAL. ........................................................................... 29 2.6.3.2. VARIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO COM O OCEANO. ............................ 29 2.6.4. UMIDADE DO AR. ............................................................................................ 30 2.6.5. EVAPORAÇÃO. ................................................................................................ 30 2.6.6. RADIAÇÃO SOLAR. ........................................................................................ 30 2.6.7. NEBULOSIDADE. ............................................................................................. 31 2.7. FATORES CLIMÁTICOS. .................................................................................. 33 2.7.1. LATITUDE. ....................................................................................................... 34 2.7.2. DISPOSIÇÃO DOS CONTINENTES E MARES. ......................................... 34 2.7.3. ALTITUDE. ........................................................................................................ 34 2.7.4. RELEVO. ............................................................................................................ 34 2.7.5. TIPO DO SOLO. ................................................................................................ 35 2.7.6. CORRENTES MARÍTIMAS. ........................................................................... 35 2.8. ASPECTOS CLIMÁTICOS DOS ATERROS SANITÁRIOS. ........................ 35 2.9. BALANÇO HÍDRICO. ......................................................................................... 36 2.9.1. ESTIMATIVA DE PERCOLADOS ATRAVÉS DE MÉTODOS EMPÍRICOS. ................................................................................................................ 41 2.9.1.1. MÉTODO SUÍÇO. .......................................................................................... 41 2.9.1.2. MÉTODO RACIONAL. ................................................................................. 42 2.9.1.3. MÉTODO DA CAPACIDADE DE CAMPO. ............................................... 43 2.9.1.4. MÉTODO DO BALANÇO HÍDRICO. ........................................................ 44 2.9.2. ESTIMATIVA DE PERCOLADOS ATRAVÉS DE MODELOS COMPUTACIONAIS. ................................................................................................. 46 2.9.2.1. MODELO MODUELO 2. ............................................................................... 46 ix 2.9.2.2. MODELO HELP. ............................................................................................ 48 2.9.3. COMPARAÇÕES ENTRE ALGUNS MÉTODOS E MODELOS UTILIZADOS PARA A ESTIMATIVA DE PERCOLADOS. ................................ 53 CAPÍTULO 3 – CARACTERÍSTICAS DO ATERRO DE GRAMACHO ............ 55 3.1. LOCALIZAÇÃO E HISTÓRICO. ..................................................................... 55 3.2. TIPOS DE MONITORAMENTO....................................................................... 58 3.2.1. MONITORAMENTO TOPOGRÁFICO E GEOTÉCNICO. ....................... 58 3.2.2. MONITORAMENTO AMBIENTAL. ............................................................ 60 3.3. CLIMA. ................................................................................................................. 62 3.3.1. TEMPERATURA DO AR. ................................................................................ 63 3.3.2. PRECIPITAÇÃO. .............................................................................................. 64 3.3.3. UMIDADE DO AR. ............................................................................................ 64 3.3.4. EVAPORAÇÃO. ................................................................................................ 64 3.3.5. VENTO. ............................................................................................................... 65 CAPÍTULO 4 – COLETA DE DADOS METEOROLÓGICOS ............................. 66 4.1. ESTAÇÃO METEOROLÓGICA AUTOMÁTICA MAWS............................. 66 4.1.1. SENSORES DA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA AUTOMÁTICA MAWS. ........................................................................................................................................ 68 4.1.1.1. PRESSÃO ATMOSFÉRICA. ........................................................................ 68 4.1.1.2. PRECIPITAÇÃO. .......................................................................................... 68 4.1.1.3. TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR. .............................. 68 4.1.1.4. RADIAÇÃO SOLAR GLOBAL. .................................................................. 69 4.1.1.5. DIREÇÃO E VELOCIDADE DO VENTO. ................................................ 70 4.2. PLUVIÔMETRO TIPO “VILLE DE PARIS”. ................................................. 71 CAPÍTULO 5 – CÁLCULO DO BALANÇO HÍDRICO UTILIZANDO OS MÉTODOS DE THORNTHWAITE E O MODELO NUMÉRICO HYDROLOGICAL EVALUATION OF LANDFILL PERFORMANCE (HELP) 74 5.1. MÉTODOS DE THORNTHWAITE. ................................................................. 74 5.2. MODELO HELP. ................................................................................................. 79 x CAPÍTULO 6 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......... 85 6.1. ELEMENTOS METEOROLÓGICOS. ............................................................. 85 6.2. BALANÇO HÍDRICO – MÉTODO DE THORNTHWAITE. ........................ 88 6.3. BALANÇO HÍDRICO – MODELO HELP. ...................................................... 91 CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES ................................................................................ 98 7.1. CONCLUSÕES...................................................................................................... 98 7.2. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS. ................................................. 99 CAPÍTULO 8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................... 100 ANEXOS. .................................................................................................................... 113 xi LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 - Histórico do recebimento de lixo domiciliar e público no município do Rio de Janeiro...................................................................................................................................5 Tabela 2.2 - Análise gravimétrica dos resíduos sólidos no município do Rio de Janeiro em 2007. ...............................................................................................................................................8 Tabela 2.3 - Coeficientes de permeabilidade em aterros de resíduos sólidos............................10 Tabela 2.4 - Intensidade da precipitação.....................................................................................29 Tabela 2.5 - Escala Beaufort.......................................................................................................32 Tabela 2.6 – Representação da direção do vento........................................................................33 Tabela 2.7 - Módulos principais do modelo Moduelo 2.............................................................47 Tabela 2.8 – Tipos de camadas consideradas pelo modelo HELP..............................................51 Tabela 2.9 - Comparação entre métodos e modelos utilizados para a estimativa de percolados em aterros de resíduos sólidos urbanos...............................................................................54 Tabela 3.1 – Métodos utilizados para o monitoramento topográfico e geotécnico do aterro de Gramacho............................................................................................................................59 Tabela 3.2 – Descrição e freqüência do monitoramento ambiental do aterro de Gramacho.......60 Tabela 3.3 – Normais Climatológicas da estação do Aterro de Flamengo.................................62 Tabela 5.1 – Significado das colunas do Anexo 1......................................................................74 Tabela 5.2 – Significado das colunas do Anexo 2......................................................................75 Tabela 5.3 – Índices: hídrico, de aridez e de umidade................................................................76 Tabela 5.4 – Tipos Climáticos Segundo Thornthwaite – 1948, baseados no Índice de umidade. .............................................................................................................................................76 Tabela 5.5 – Subdivisões dos Tipos Climáticos Segundo Thornthwaite – 1948, com base no Índice de aridez (Ia) e no Índice de Umidade (Ih)................................................................77 Tabela 5.6 – Subdivisões dos Tipos Climáticos com base no Índice Térmico (Evapotranspiração Potencial Anual)..................................................................................................................78 Tabela 5.7 – Parâmetros utilizados no cenário 1.........................................................................82 Tabela 5.8 – Parâmetros utilizados no cenário 2.........................................................................82 Tabela 5.9 – Parâmetros utilizados no cenário 3.........................................................................83 Tabela 5.10 – Parâmetros utilizados no cenário 4.......................................................................84 xii Tabela 5.11 – Parâmetros utilizados no cenário 5.......................................................................84 xiii LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Camadas de um sistema de cobertura final.............................................................20 Figura 2.2 – Balanço Hídrico de um aterro sanitário..................................................................40 Figura 3.1 - Localização do aterro de Gramacho, através de uma imagem do satélite Landsat.55 Figura 3.2 - Lagoa de equalização do aterro de Gramacho.........................................................57 Figura 3.3 – Inclinômetro Figura 3.4 – Acompanhamento topográfico.....59 Figura 3.5 - Manguezal do aterro. Figura 3.6 - Cerca de proteção..........................61 Figura 4.1 – Estação de Tratamento de Chorume do Aterro de Gramacho................................66 Figura 4.2 – Estação Meteorologica MAWS instalada no Aterro Metropolitano de Gramacho.67 Figura 4.3 – Software de interface gráfica YourVIEW...............................................................67 Figura 4.4 – Pluviômetro e abrigo...............................................................................................69 Figura 4.5 – Piranômetro.............................................................................................................70 Figura 4.6 – Sensores para a medição do vento..........................................................................71 Figura 4.7 – REDUC vista do Aterro Metropolitano de Gramacho............................................71 Figura 4.8 – Pluviômetro existente no Aterro Metropolitano de Gramacho...............................72 Figura 4.9 – Localização no Aterro Metropolitano de Gramacho da estação Meteorológica MAWS e do pluviômetro pertencente à COMLURB.........................................................73 Figura 5.1 – Planta do Aterro Metropolitano de Gramacho mostrando o ponto P1 para onde foi rodado o modelo HELP.......................................................................................................79 Figura 5.2 – Curva granulométrica no ponto P1.........................................................................80 Figura 5.3 – Valores de Limite de Liquidez, Limite de Plasticidade e Índice de Plasticidade no ponto P1..............................................................................................................................81 Figura 6.1 – Registros pluviométricos obtidos pela Estação Meteorológica Automática MAWS, pela estação da REDUC e pelo pluviômetro da COMLURB..............................................86 Figura 6.2 – Registros de temperatura média mensal obtidos pela Estação Meteorológica Automática MAWS e pela estação da REDUC..................................................................87 Figura 6.3 – Extrato simplificado do balanço hídrico calculado pelo método proposto por Thornthwaite e Mather em 1955, com dados registrados no aterro de Gramacho..............89 Figura 6.4 – Extrato simplificado do balanço hídrico calculado pelo método proposto por Thornthwaite e Mather em 1955, com dados registrados na REDUC................................90 xiv Figura 6.5 – Variação mensal da evapotranspiração potencial, da evapotranspiração real e da precipitação calculadas pelo método proposto por Thornthwaite e Mather em 1955, com dados registrados em Gramacho.........................................................................................90 Figura 6.6 – Balanço hídrico do cenário 1, calculado pelo modelo HELP utilizando dados meteorológicos registrados pela estação de Gramacho.......................................................91 Figura 6.7 – Balanço hídrico do cenário 1, calculado pelo modelo HELP utilizando dados meteorológicos registrados pela estação da REDUC..........................................................92 Figura 6.8 – Balanço hídrico do cenário 2, calculado pelo modelo HELP, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação do aterro de Gramacho........................................93 Figura 6.9 – Balanço hídrico do cenário 2, calculado pelo modelo HELP, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação da REDUC..........................................................93 Figura 6.10 – Curvas da percolação na camada 2 do ponto estudado no aterro de Gramacho, com diferentes espessuras de barreira, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação de Gramacho...........................................................................................................94 Figura 6.11 – Curvas da percolação na camada 2 do ponto estudado no aterro de Gramacho, com diferentes espessuras de barreira, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação da REDUC..............................................................................................................94 Figura 6.12 – Balanço hídrico do cenário 3, calculado pelo modelo HELP utilizando dados meteorológicos registrados pela estação do aterro de Gramacho........................................95 Figura 6.13 – Curvas da percolação na camada 4 do ponto estudado no aterro de Gramacho, com diferentes espessuras de barreira, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação de Gramacho...........................................................................................................96 Figura 6.14 – Curvas da percolação na camada 4 do ponto estudado no aterro de Gramacho, com diferentes espessuras de barreira, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação da REDUC..............................................................................................................96 Figura 6.15 – Comparação dos valores da produção diária de chorume calculada através do modelo HELP, com os fornecidos pela Caenge Ambiental................................................97 xv LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas COMLURB Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Rio de Janeiro – RJ) COPPE/UFRJ Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro CAD Capacidade de água disponível DBO Demanda bioquímica de oxigênio DQO Demanda química de oxigênio FUNDREM Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro HELP Hydrological Evaluation of Landfill Performance INMET Instituto Nacional de Meteorologia OMM Organização Meteorológica Mundial REDUC Refinaria Duque de Caxias RSU Resíduos Sólidos Urbanos TMG Tempo Médio de Greenwich UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro US EPA United States Environmental Protection Agency xvi CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO Num projeto de aterros de disposição de resíduos, um dos fatores que deve ser levado em conta como medida de proteção ambiental é o balanço hídrico do local do aterro, tendo em vista que ele permite monitorar o volume de água armazenada e que a geração de efluentes líquidos e gasosos está associada à infiltração de água no aterro. O clima também é um fator importante, pois ele influencia diretamente na escolha do tipo de solo que será utilizado na camada de cobertura do aterro e no dimensionamento da espessura desta. Existem diversos métodos de cálculo do balanço hídrico, cada um com a sua função, sendo que um dos mais conhecidos e que tem como finalidade principal servir como base para uma classificação climática foi o proposto por Thornthwaite, em 1948, posteriormente modificado por ele e Mather, em 1955, ficando então conhecido como Balanço Hídrico de Thornthwaite e Mather, 1955. O balanço hídrico climático compreende a determinação de todos os ganhos e perdas hídricas que se verificam num terreno com vegetação, de modo a se estabelecer a quantidade de água disponível às plantas em um dado momento. Consiste em se efetuar a contabilidade hídrica do solo, até a profundidade explorada pelas raízes, computandose, sistematicamente, todos os fluxos hídricos positivos (entrada de água no solo) e negativos (saída de água do solo). Tais fluxos decorrem das trocas com a atmosfera (precipitação, condensação, evaporação e transpiração) e do próprio movimento superficial (escoamento) e subterrâneo (percolação) da água (Varejão-Silva, 2000). Para um aterro sanitário, a quantidade do líquido percolado pode ser determinada por vários métodos baseados em equações empíricas, tais como o Suíço, o Racional e o da Capacidade de Campo, destacando-se, no entanto, o do Balanço Hídrico. Com a crescente preocupação com as questões ambientais, surgiram modelos computacionais que procuram descrever com mais detalhes a dinâmica e o comportamento hídrico dos aterros sanitários. Dentre os mais utilizados, encontra-se o modelo HELP (Hydrologic Evaluation of Landfill Performance), desenvolvido por Schroeder et al. (1994), que se baseia nos mesmos princípios hidrológicos tradicionais do cálculo do balanço hídrico e de fluxo em meios não saturados, apresentando facilidade na entrada dos dados e rapidez na obtenção dos resultados. Diversas áreas tais como recursos hídricos, agricultura e construção civil, dentre outras, são diretamente relacionadas aos aspectos meteorológicos. 1 Por esse motivo o acompanhamento dos elementos do clima ou meteorológicos deve ser contínuo, eficiente e seguir as normas e critérios estabelecidos pela Organização Meteorológica Mundial. Para este estudo uma estação meteorológica automática MAWS foi instalada no Aterro Metropolitano de Gramacho, possibilitando o monitoramento horário dos seguintes elementos meteorológicos: Temperatura, umidade relativa do ar, pressão atmosférica, radiação solar global, precipitação, direção e intensidade do vento. O presente trabalho tem como objetivo estudar alguns aspectos meteorológicos do Aterro Metropolitano de Gramacho, situado no estado do Rio de Janeiro, bem como calcular o Balanço Hídrico, utilizando-se o método climático proposto por Thornthwaite e o programa HELP, que permite estimar o percolado gerado, utilizando diferentes cenários. Além disso, será feita uma comparação dos dados meteorológicos registrados no Aterro Metropolitano de Gramacho com os fornecidos pela REDUC, situada em Duque de Caxias, no mesmo estado, e com os dados de precipitação obtidos através do pluviômetro tipo “Ville de Paris” já instalado no Aterro Metropolitano de Gramacho e pertencente à COMLURB. Na análise das informações meteorológicas obtidas a partir das diferentes fontes será incluída uma avaliação a respeito dos equipamentos utilizados para a sua obtenção, para saber se foram seguidos os procedimentos recomendados pela OMM, pois a confiabilidade no cálculo do balanço hídrico depende fundamentalmente da qualidade dos dados utilizados, e também se há diferenças significativas no resultado do balanço hídrico utilizando-se dados obtidos no local ou próximo ao aterro. Esta dissertação é composta de 8 capítulos: No Capítulo 2 é feita uma revisão bibliográfica dos principais tópicos referentes à classificação, propriedades, percolado e disposição dos resíduos sólidos, ressaltando-se o sistema de cobertura de aterros por estar relacionado com o balanço hídrico. Na parte de Meteorologia é feita uma abordagem a respeito das observações e estações meteorológicas de superfície, bem como dos elementos do clima e fatores climáticos, estabelecendo-se uma relação com os aterros sanitários ao se citar seus aspectos climáticos. O Balanço Hídrico Climático é apresentado através do método desenvolvido por Thornthwaite em 1948 e modificado por ele e Mather em 1955. Os métodos empíricos e os modelos computacionais utilizados na estimativa da quantidade de percolados em aterros de resíduos sólidos também são apresentados, efetuando-se ao final do capítulo uma comparação entre os principais. 2 No Capítulo 3 são apresentadas algumas características do aterro de Gramacho, incluindo os monitoramentos topográfico, geotécnico e ambiental, e o clima. O procedimento empregado para se obter os dados meteorológicos utilizados na dissertação é descrito no Capítulo 4, onde são descritos os equipamentos e a sua localização. O Capítulo 5 apresenta os procedimentos utilizados no cálculo do Balanço Hídrico Climático utilizando os métodos de Thornthwaite, 1948, e Thornthwaite e Mather, 1955, e do modelo numérico HELP, todos feitos com os dados do aterro de Gramacho e da REDUC. No Capítulo 6 encontra-se a análise dos elementos meteorológicos medidos pelas diferentes fontes, efetuando-se comparações e avaliando-se a forma de obtenção dos mesmos. Os resultados do balanço hídrico obtidos a partir dos procedimentos descritos no capítulo anterior são apresentados e interpretados, visando a obtenção das conclusões. As considerações finais, nas quais se incluem as sugestões para futuras pesquisas, e as conclusões encontram-se no Capítulo 7, enquanto no Capítulo 8 são listadas as referências bibliográficas. No final da dissertação são apresentados os anexos com o balanço hídrico do aterro de Gramacho utilizando o método proposto por Thornthwaite em 1948 e modificado por ele e Mather em 1955, com o nomograma para cálculo da evapotranspiração potencial mensal pela fórmula de Thornthwaite e com algumas rosas dos ventos do aterro de Gramacho e da REDUC selecionadas dentro do período estudado. 3 CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Resíduos sólidos. De acordo com a norma NBR 10.004/2004 da ABNT, os resíduos sólidos são os restos das atividades humanas domésticas, comerciais, industriais e de serviços de saúde ou aqueles gerados pela natureza, como folhas, galhos, terra, areia. São recolhidos e enviados para os locais de destinação ou tratamento. Normalmente, apresentam-se no estado sólido, semi-sólido ou semi-líquido. Os resíduos são definidos segundo sua origem e classificados de acordo com o seu risco em relação ao homem e ao meio ambiente, em resíduos urbanos e resíduos especiais. Os resíduos podem ser classificados: . Por sua natureza física: seco e molhado; . Por sua composição química: orgânicos (restos de alimentos, de animais mortos, de podas de árvores, entre outros) e inorgânicos (vidro, plástico, papel, metal, entulho, entre outros);. . Pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos, não-inertes e inertes. No Brasil os resíduos são classificados quanto à periculosidade segundo a definição da ABNT em sua norma NBR 10.004/2004: Classe I - Perigosos: são aqueles que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, ou apresentam características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade; Classe II - Não Perigosos: Classe II A - Não Inertes: são aqueles que não se enquadram na classificação de resíduos Classe I, perigosos, ou resíduos Classe II B, inertes. Podem ter propriedades tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; Classe II B - Inertes: são os resíduos que quando amostrados de uma forma representativa, submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não tiveram nenhum de seus constituintes 4 solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, turbidez, dureza e sabor. . Por sua origem: Domiciliar Î Aquele formado pelos resíduos sólidos de atividades residenciais. Contém muita quantidade de matéria orgânica, plástico, lata, vidro, embalagens em geral e uma grande diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos. O histórico do recebimento de lixo domiciliar e público no município do Rio de Janeiro está demonstrado na Tabela 2.1. Tabela 2.1 - Histórico do recebimento de lixo domiciliar e público no município do Rio de Janeiro. Ano Acumulado no Ano Domiciliar Público 1996 1.273.684,57 1.029.177,04 1997 1.478.809,00 901.327,93 1998 1.506.670,49 861.692,22 1999 1.463.642,94 997.785,90 2000 1.439.525,62 967.312,79 2001 1.425.175,79 1.039.698,16 2002 1.451.954,00 1.242.770,00 2003 1.385.930,02 1.306.224,02 2004 1.447.130,80 1.197.292,35 2005 1.465.993,63 1.232.084,98 2006 1.515.792,34 1.285.961,91 2007 1.001.421,66 868.941,27 Fonte:www.rio.rj.gov.br/comlurb/ 5 Comercial Î Aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como, supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes etc. O lixo destes estabelecimentos e serviços, além de ser composto por matéria orgânica, tem um forte componente de papel, plásticos e embalagens diversas. Público Î São aqueles originados dos serviços: . de limpeza pública urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, de galerias, de córregos e de terrenos, restos de podas de árvores etc; . de limpeza de áreas de feiras livres, constituídos por restos vegetais diversos, embalagens etc. Serviços de saúde e hospitalar Î Constituem os resíduos sépticos, ou seja, que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos. São produzidos em serviços de saúde, tais como: hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde etc. São agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, meios de culturas e animais usados em testes, sangue coagulado, luvas descartáveis, remédios com prazos de validade vencidos, instrumentos de resina sintética, filmes fotográficos de raios X etc. Resíduos assépticos destes locais, constituídos por papéis, restos da preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós, cinzas etc.), e outros materiais que não entram em contato direto com pacientes ou com os resíduos sépticos anteriormente descritos, são considerados como domiciliares. Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários Î Constituem os resíduos sépticos, ou seja, aqueles que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos, trazidos aos portos, terminais rodoviários e aeroportos. Basicamente, originam-se de material de higiene, asseio pessoal e restos de alimentação que podem veicular doenças provenientes de outras cidades, estados e países. Também neste caso, os resíduos assépticos destes locais são considerados como domiciliares. Industrial Î Aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como, metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, alimentícia etc. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos 6 ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros e cerâmicas etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo considerado tóxico. Agrícola Î Resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita etc. Em várias regiões do mundo, estes resíduos já constituem uma preocupação crescente, destacando-se as enormes quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuária intensiva. Também as embalagens de agroquímicos diversos, em geral altamente tóxicos, têm sido alvo de legislação específica, definindo os cuidados na sua destinação final e, por vezes, co-responsabilizando a própria indústria fabricante destes produtos. Entulho Î Resíduos da construção civil: demolições e restos de obras, solos de escavações etc. O entulho é, geralmente, um material inerte, passível de reaproveitamento. Rejeitos de mineração Î Resultantes dos processos de mineração em geral. Os resíduos urbanos, também conhecidos como lixo doméstico, normalmente são aqueles gerados nas residências, no comércio ou em outras atividades desenvolvidas nas cidades. Incluem-se neles os resíduos dos logradouros públicos. Nestes resíduos encontram-se: papel, papelão, vidro, latas, plásticos, trapos, folhas, galhos e terra, restos de alimentos, madeira e todos os outros detritos apresentados à coleta nas portas das casas pelos habitantes das cidades ou lançados nas ruas. A Os resíduos especiais são aqueles gerados em indústrias ou em serviços de saúde, como hospitais, ambulatórios, farmácias, clínicas que, pelo perigo que representam à saúde pública e ao meio ambiente, exigem maiores cuidados no seu acondicionamento, manipulação, transporte, tratamento e destino final. Também se incluem nesta categoria os materiais radioativos, alimentos ou medicamentos fora da validade ou deteriorados, resíduos de matadouros, inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos e dos restos de embalagem de inseticida e herbicida empregados na área rural. 7 2.1.1. Noções de algumas propriedades dos resíduos sólidos urbanos. As propriedades que serão descritas a seguir são do solo, mas têm sido usadas para os resíduos. 2.1.1.1. Propriedades físicas: . Composição. A composição física dos resíduos sólidos, os tipos de materiais que os constituem, sua heterogeneidade e as proporções de diferentes compostos e elementos químicos, dependem basicamente das condições de geração, do modo de coleta, da construção e da operação do aterro. As características dos resíduos podem variar também em função dos aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos. A Tabela 2.2 relaciona os componentes dos resíduos sólidos no município do Rio de Janeiro com os percentuais medidos em 2007. Tabela 2.2 - Análise gravimétrica dos resíduos sólidos no município do Rio de Janeiro em 2007. Componentes Papel – papelão (%) Plástico (%) Vidro (%) Mat. Orgânica putrescível (%) Metal total (%) Inerte total (%) Folha (%) Madeira (%) Borracha (%) Pano- trapo (%) Couro (%) Osso (%) Coco (%) Vela – parafina (%) TOTAL PESO ESPECÍFICO (kg/m3) TEOR DE UMIDADE (%) Fonte: COMLURB (2007). 8 % em peso 14,56 17,15 2,96 58,23 1,59 0,74 1,75 0,36 0,21 1,67 0,23 0,00 0,55 0,00 100,00 143,57 65,30 . Granulometria. A variação granulométrica dos resíduos sólidos urbanos que chegam nos aterros é muito grande. Encontram-se tanto partículas de grandes dimensões (blocos de rocha, madeiras, metais, tecidos e plástico) como de pequenas dimensões. Com o passar do tempo o material resultante da decomposição tende a se tornar mais granular. . Massa específica. É uma propriedade que varia conforme o aterro. A variabilidade na composição dos resíduos, o volume, a umidade, os métodos e o grau de compactação, além das condições meteorológicas tornam difícil a padronização de valores. Segundo Gotteland et al., 1995 apud Calle, 2007, várias técnicas são usadas para determinar a massa específica in situ e dentre elas destacam-se os ensaios em poços escavados (2 a 4m de profundidade) ou trincheira e aqueles empregando radiação gama. Os ensaios em poços consistem na pesagem do material e na determinação do volume a partir do preenchimento da cava devidamente impermeabilizada com manta sintética. A composição, principalmente o conteúdo orgânico, controla o processo bioquímico, especialmente a geração de gases e lixiviados. O conteúdo orgânico também afeta os parâmetros de resistência e a deformabilidade dos resíduos. . Permeabilidade. A norma ABNT NBR 13.896/1997 estabelece como condição ideal para a instalação de aterros de resíduos sólidos, o local que possui coeficiente de permeabilidade ou condutividade hidráulica da ordem de 10-8 m/s, mas os valores apontados na literatura mostram uma variação girando em torno de 10-4 a 10-8 m/s, sendo que a grande maioria situa-se entre 10-4 a 10-6 m/s. Na Tabela 2.3 são mostrados os coeficientes de permeabilidade em aterros de resíduos sólidos. Observa-se que os valores em aterros brasileiros são menores do que os encontrados na bibliografia internacional, e variam em torno de 10-6 a 10-8 m/s. O teor de matéria orgânica influencia a permeabilidade já que é o maior responsável pelo 9 aumento do percentual de partículas finas e diminuição do índice de vazios com o passar do tempo. Tabela 2.3 - Coeficientes de permeabilidade em aterros de resíduos sólidos. PESQUISADOR COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (m/s) 10-5 a 2 x 10-4 FUNGAROLI ET AL. (1979) (1) KORIATES ET AL. (1983) (1) 3,15 x 10-5 a 5,1 x 10-5 OWEIS & KHERA (1986) (1) 10-5 10-5 / 1,5 x 10-4 / 1,1 x 10-5 OWEIS ET AL. (1990) (1) 10-5 a 4 x 10-4 LANDVA & CLARK (1990) (1) GABR & VALERO (1995) (1) 10-7 a 10-5 BLENGINO ET AL. (1996) (1) 3 x10-7 a 3 x 10-6 1,5 x10-5 a 2,6 x10-4 MANASSERO (1990) (1) 10-7 a 10-4 BEAVEN & POWRIE (1995) (1) BRANDL (1990) (1994) (1994) (1) 3 x10-7 a 5 x10-6 / 10-6 a 5 x10-4 / 3 x10-8 a 2 x10-6 MARIANO & JUCÁ (1998) (1) 1,89 x10-8 a 4,15 x10-6 CEPOLLINA ET AL. (1994) (1) 10-7 SANTOS ET AL. (1998) (1) 10-7 5 x 10-8 a 8 x 10-6 CARVALHO (1999) 10-5 EHRLICH ET AL. (1994) 3,9 x 10-4 a 5,1 x 10-4 AGUIAR (2001) 10-5 a 10-6 AZEVEDO ET AL. (2003) (1)ABREU, 2000 apud Schueler, 2005 . Capacidade de campo. Segundo Veihmeyer (1931), a quantidade de água que um perfil de terreno retém contra a ação da gravidade, após plenamente inundado e deixado drenar livremente por uns poucos dias, sem adição de água, determina o volume máximo aproximado de água que um solo bem drenado pode armazenar por longos períodos, chamado de capacidade de campo do solo. Em outras palavras, a capacidade de campo corresponde ao conteúdo 10 de umidade medido após toda a água livre da massa saturada ser drenada por gravidade. É a máxima capacidade de absorção em condições de livre drenagem. A capacidade de campo em resíduos sólidos urbanos é a quantidade máxima de água que pode ficar retida na massa aterrada em oposição à ação da força da gravidade, sendo expressa como o teor de umidade correspondente, podendo ser volumétrica (volume de água/volume total da amostra) ou gravimétrica em base seca (massa de água/massa seca de resíduos sólidos urbanos) ou em base úmida (massa de água/massa total da amostra) Tchobanoglous et al., (1993). A capacidade de campo pode ser influenciada pela textura e estrutura do solo ou do resíduo, pelo teor de matéria orgânica, pela seqüência dos horizontes pedogenéticos e pelo gradiente textural entre os horizontes (Fabian e Ottoni Filho, 2000 e Reichardt, 1988 apud Paixão et al, 2004). . Teor de umidade. Os fatores que influenciam o teor de umidade de um aterro incluem o teor de umidade inicial do resíduo, normalmente associado ao percentual de matéria orgânica, o tipo de sistema de tratamento de chorume, as condições climáticas locais, através da precipitação, da temperatura e das estações do ano, a profundidade, o tipo de cobertura e o tipo de base do aterro. O valor médio do teor de umidade inicial dos resíduos domiciliares é da ordem de 60% (Lima, 1995). Segundo Tchobanoglous et al. (1993), o teor de umidade dos resíduos sólidos urbanos aterrados, usualmente, varia entre 15 a 40%, com um valor típico de aproximadamente 25%, onde a evapotranspiração excede a precipitação. De acordo com Carvalho (2006), os valores do teor de umidade para os resíduos se encontram numa gama bastante ampla, de 15 a 130%. Os componentes inorgânicos, tais como, papéis e produtos plásticos, geralmente, têm um teor de umidade abaixo de 10% (Knochenmus et al.,1998 apud Calle, 2007). A fração orgânica constitui a maior parcela dos resíduos sólidos urbanos gerados pelos municípios brasileiros. Em sua pesquisa, Calle (2007) cita que os resíduos domiciliares brasileiros têm se apresentado com taxas de matéria orgânica da ordem de 50 a 60%, típicas de países em desenvolvimento, e maiores que os encontrados em países desenvolvidos. A composição média dos resíduos apresentada em Castilhos et al. (2003), a partir de resultados de análises em diversas cidades brasileiras, revela que a matéria orgânica e o agregado fino correspondem a aproximadamente 59% do total dos resíduos com um teor de umidade de 65%. 11 . Temperatura. Coumoulos et al. (1995) apresentaram valores típicos de temperatura relacionados à profundidade. Mostraram que a temperatura aumenta até 20 m de profundidade, chegando aos 60oC e independendo da temperatura do meio ambiente. Abaixo da profundidade de 20 m a temperatura diminuiu. As temperaturas no interior da massa de lixo são de grande importância principalmente no que se refere à atividade de microrganismos que promovem a degradação dos diversos componentes do lixo. Dependendo da faixa de temperatura da massa, diferentes tipos de microrganimos estão em atividade. Havendo mudanças nesta faixa de temperatura, alguns microrganismos iniciam ou cessam a sua atividade (Junqueira, 2000 apud Calle, 2007). 2.1.1.2. Propriedades químicas: A composição química do percolado gerado em aterros de resíduos sólidos urbanos irá variar enquanto a massa de lixo passar pelas diversas fases de decomposição. As propriedades químicas são influenciadas pela decomposição biológica dos materiais orgânicos biodegradáveis, pelos processos de oxidação química e pela dissolução de materiais orgânicos e inorgânicos dos resíduos. Essas propriedades do percolado dependem dos seguintes fatores: Idade do aterro, tempo de disposição, características do resíduo e condições ambientais. (Bertazzoli e Pelegrini, 2002). 2.1.1.3. Propriedades biológicas: O resíduo sólido urbano possui substâncias poluentes representadas pela população microbiana e pelos agentes patogênicos que contém. O conhecimento das propriedades biológicas, juntamente com as químicas, permite que sejam aplicados os métodos de pré-tratamento e disposição mais adequados, que devem ser ambientalmente sustentáveis, com baixo custo de implantação, operação e manutenção. 2.1.2. Percolado do resíduo sólido. 12 Define-se percolado ou lixiviado como o líquido que se infiltra através dos resíduos sólidos e extrai materiais dissolvidos ou em suspensão (Tchobanoglous, 1994). Segundo Orth (1981), o percolado ou lixiviado é formado pela percolação de águas que atravessam a massa de resíduo arrastando o chorume, além de outros materiais. O chorume é um líquido preto, mal cheiroso, que apresenta elevada demanda química de oxigênio, produzido pela decomposição da matéria orgânica contida no lixo. É um poluente extremamente agressivo ao ambiente, em função da elevada concentração de matéria orgânica e outros materiais inorgânicos, necessitando de tratamento anterior ao seu lançamento no corpo receptor. Os principais fatores que influenciam na sua formação e composição são o teor de umidade inicial e as características da matéria orgânica, ou seja, a quantidade de água contida na massa de resíduos. Além disso, também contribuem a água gerada no processo de decomposição biológica e a água da chuva que percola pela camada de cobertura. Um dos principais problemas ambientais dos aterros é a liberação de percolado no local, resultando na contaminação do solo e da água. O percolado é um efluente que depende das características físicas do local de disposição dos resíduos e é formado pela umidade inicial contida nos resíduos, pelo processo de decomposição biológica, pela água de constituição presente nos resíduos que é liberada pela compactação, e por fontes externas de água que infiltram pela camada de cobertura, tais como precipitação pluviométrica, águas subterrâneas, recirculação do próprio percolado etc. Os resíduos sólidos orgânicos depositados em aterros possibilitam a geração de um percolado com altas concentrações de matéria orgânica e com quantidades consideráveis de metais tóxicos (Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, Zn ), cuja composição química apresenta grande variabilidade. Além das variações temporais das características físicas, químicas e biológicas dos líquidos percolados, da natureza dos resíduos depositados, da presença de oxigênio, da forma de disposição, da idade e da operação do aterro, a composição do percolado é extremamente influenciada pelos fatores climáticos, através das variações sazonais. O percolado é gerado durante todo o ciclo de vida do aterro, devendo ser monitorado e encaminhado para tratamento por longo período após o fechamento do aterro. O volume de percolados é normalmente calculado utilizando métodos empíricos e modelos computacionais. (Koerner e Daniel, 1997). Schueler (2005) relata que para a previsão da quantidade de percolado gerada em aterros de resíduos diversos aspectos devem ser considerados: 13 - composição, quantidade e densidade da massa do lixo aterrado; - idade do aterro, que se relaciona à fase de estabilização por que passa o material; - condições ambientais externas, como temperatura, pluviometria, insolação, ventos; - questões relacionadas ao projeto do aterro, como o tipo de proteção de base e de cobertura, presença de vegetação, drenagem de efluentes, topografia, características do solo entre outros; - procedimentos operacionais, tais como o recobrimento adequado dos resíduos que pode diminuir a quantidade do percolado gerado, mesmo quando ocorrem chuvas intensas. Esses fatores, em sua maioria, são grandezas variáveis tanto sazonalmente como com o passar do tempo. A grande heterogeneidade dos resíduos dificulta a identificação das características como sua capacidade de retenção de umidade, principalmente porque podem passar por transformações ao longo do tempo. Quando o resíduo é aterrado, a sua umidade costuma ser mais baixa, o que faz com que haja absorção da água infiltrada até que o material atinja a capacidade de campo. Depois que isso acontece, essa água é liberada e ocorre a percolação. Sendo assim, no início do processo a produção de percolado costuma ser baixa. À medida que a fração orgânica, responsável por parte da retenção de água, é degradada e a densidade aumenta, há um aumento na produção de percolado. 2.2. Disposição de resíduos sólidos. 2.2.1. Lixão. É um local onde há uma inadequada disposição final dos resíduos sólidos, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. É o mesmo que descarga de resíduos a céu aberto. Há total descontrole quanto aos tipos de resíduos recebidos nesses locais, verificando-se, inclusive, a disposição de dejetos originados dos serviços de saúde e das indústrias. Os resíduos assim lançados acarretam problemas à saúde pública, como proliferação de vetores de doenças, geração de maus odores e, principalmente, a poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas através do chorume, comprometendo os recursos hídricos. 14 2.2.2. Aterro controlado. É uma técnica de disposição dos resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho. Esta forma de disposição em que a proveniência dos resíduos é controlada produz, em geral, poluição localizada, pois a extensão da área de disposição é minimizada. Porém, geralmente não dispõe de impermeabilização de base, o que compromete a qualidade das águas subterrâneas, nem de sistemas de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases gerados. Este método é preferível ao lixão, mas, devido aos problemas ambientais que causa e aos seus custos de operação, a qualidade é inferior ao aterro sanitário. Na fase de operação, realiza-se uma impermeabilização do local, de modo a diminuir os riscos de poluição. O biogás é extraído e o lixiviado é tratado. A deposição faz-se por células que, uma vez preenchidas, são devidamente seladas e tapadas. A cobertura dos resíduos faz-se diariamente. Uma vez esgotado o tempo de vida útil do aterro, este é selado, efetuando-se o recobrimento da massa de resíduos com uma camada de terras com 1,0 a 1,5 m de espessura. Posteriormente, a área pode ser utilizada para alguns tipos de ocupações, tais como campos de jogos etc. (ABNT/NBR 8.849/1985). 2.2.3. Aterro sanitário. De acordo com a norma da ABNT NBR 8.419/1992, o aterro sanitário é considerado um local utilizado para a disposição dos resíduos sólidos no solo, particularmente lixo domiciliar, com o propósito de isolar todo tipo de ação que possa poluir o meio ambiente. É baseado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, que permitem o confinamento em camadas cobertas com material inerte, seguro em termos de controle de poluição ambiental e proteção à saúde pública. Os geossintéticos são constituídos de diferentes polímeros e apresentam várias aplicações. Têm uma importante função nos sistemas de disposição de resíduos sólidos, já que podem funcionar como material drenante e previnem a entrada de água no aterro, a fuga do gás para atmosfera e a contaminação do solo pelo percolado. Em aterros de resíduos os geossintéticos de maior interesse são os geotêxteis e as geomembranas. A base do aterro sanitário deve ser constituída por um sistema de drenagem de efluentes 15 líquidos percolados acima de uma camada impermeável de polietileno de alta densidade - PEAD, sobre uma camada de solo compactado para evitar o vazamento de material líquido para o solo, evitando assim a contaminação dos lençóis freáticos. Dentre as diversas alternativas para o tratamento dos percolados, destacam-se a recirculação, a evaporação e o transporte para o tratamento em estações de esgoto. A recirculação é um procedimento de custo reduzido que é defendido por um grande número de profissionais envolvidos em projetos, operação e monitoramento de aterros sanitários. Neste processo, o percolado coletado pelo sistema de drenagem é reinserido no próprio aterro, visando promover uma aceleração da decomposição dos resíduos dispostos, bem como a redução da sua carga poluidora. O percolado obtido nas partes mais antigas do aterro possui grande quantidade de microorganismos e é reintroduzido principalmente nas partes mais novas, auxiliando o início ou a aceleração do processo de biodegradação. O interior do aterro sanitário deve possuir um sistema de drenagem de gases que possibilite a coleta do biogás, que é constituído por metano, gás carbônico (CO2) e água (vapor), entre outros, e é formado pela decomposição dos resíduos. Este efluente deve ser queimado ou beneficiado. Os gases podem ser queimados na atmosfera ou aproveitados para geração de energia. No caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, a utilização do biogás pode ter como recompensa financeira a compensação por créditos de carbono ou Certificados de Redução de Emissões do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), conforme previsto no Protocolo de Quioto. Isto já é efetuado por diversos aterros sanitários no Brasil: Aterro de Nova Iguaçu, aterros Bandeirantes e São João em São Paulo, Embralixo-Arauna em Bragança Paulista, entre outros. Em abril de 2007 foi assinado um contrato para a realização do projeto "Biogás Gramacho", cujo objetivo é a outorga de concessão para aproveitamento do biogás do aterro de Gramacho por um período de 15 anos, de acordo com o MDL. A cobertura do aterro sanitário é constituída por um sistema de drenagem de águas pluviais, que não permita a infiltração de águas de chuva para o interior do aterro. A resistência ao cisalhamento é uma importante propriedade geotécnica que deve ser calculada para os aterros sanitários. Ainda na atualidade utilizam-se no Brasil parâmetros da literatura internacional para avaliar o comportamento dessas estruturas, embora os resíduos sejam diferentes na sua origem, estrutura, gravimetria dos componentes etc. 16 A maior parte dos aterros sanitários recebe resíduos brutos, sem qualquer processamento. A prática mais comum compreende o lançamento dos resíduos recebidos e a compactação direta sem qualquer tratamento prévio. Em vários países é comum o emprego de trituração prévia ou o enfardamento dos resíduos. Estas duas alternativas permitem uma grande redução do volume dos resíduos, o que, conseqüentemente, permite uma otimização geral de diversas técnicas e dispositivos, destacando, entre outras as associadas à compactação mais eficiente dos resíduos triturados e aos sistemas de drenagem de chorume e gases, de reaproveitamento do biogás e de sistemas de cobertura, além da maior facilidade de tráfego sobre células já concluídas (Nahas et al., 1996). Um aterro sanitário deve possuir um sistema de monitoramento ambiental (topográfico e hidrogeológico) e pátio de estocagem de materiais. Para aterros que recebem resíduos de populações acima de 30 mil habitantes é desejável também muro ou cerca limítrofe, sistema de controle de entrada de resíduos (balança rodoviária), guarita de entrada, prédio administrativo, oficina e borracharia. Existem critérios de distância mínima de um aterro sanitário e um curso de água, uma região populosa e assim por diante. No Brasil, recomenda-se distância mínima de um aterro sanitário para um curso de água deve ser de 400m. Do ponto de vista sanitário, embora apresente garantias razoáveis, o aterro sanitário apresenta algumas desvantagens, tais como a necessidade de novos locais para a disposição dos resíduos sólidos, à medida que os mais antigos se vão esgotando. Numa perspectiva de médio e longo prazo este é um problema grave, pois normalmente apenas um número reduzido de locais reúne todas as condições necessárias para ser utilizado. Quando atinge o limite de capacidade de armazenagem, o aterro tem que ser objeto de um processo de monitoração especifico, e se reunidas as condições, pode se transformar num espaço verde para lazer, eliminando assim o efeito estético negativo. 2.3. Sistema de cobertura de aterros. O principal objetivo dos sistemas de cobertura para aterros de resíduos sólidos é formar uma barreira física visando impedir a entrada de água da chuva no interior do aterro, o que compromete a sua estabilidade física e provoca acréscimo na geração do percolado. Além disso, é necessário precaver-se contra as falhas na superfície, promover a resistência à erosão dos taludes, a qual compromete a estabilidade do sistema de 17 cobertura, controlar a combustão espontânea, reduzir a exalação de odores, evitar a proliferação de vetores e pássaros e preservar a saúde humana e o meio ambiente. O sistema de cobertura deve ser projetado de forma a atender também a utilização do aterro após o seu fechamento. O projeto do sistema de cobertura para aterros de resíduos sólidos varia em função do local do aterro e de acordo com os resíduos a serem armazenados. Cada camada do sistema de cobertura possui características e funções específicas e os procedimentos para a sua execução devem seguir um controle de qualidade para minimizar ou até mesmo evitar as descontinuidades e defeitos da camada. Durante a operação dos aterros, após o espalhamento e a compactação dos resíduos, as camadas intermediárias deverão ser executadas. Nessas camadas deve ser construído um sistema de drenos secundários, o qual deve direcionar o percolado e parte do gás produzido para os sistemas principais de coleta de percolados. A eficiência da camada de cobertura influencia diretamente o processo de decomposição bioquímica dos resíduos, a geração e as características físico-químicas do percolado e o controle de migração do gás para a atmosfera (Ferreira, 2006). Peyton e Schroeder (1998) relatam a importância do tipo de material de cobertura, já que o seu coeficiente de permeabilidade influencia significativamente na drenagem e acúmulo da água da chuva. O solo pode ser utilizado como camada de cobertura de um aterro de resíduos sólidos e, para isso, deve-se levar em conta os aspectos geotécnicos e os fatores que influenciam o crescimento de vegetação. As argilas, devido a sua baixa permeabilidade, são o material mais empregado para a construção de sistemas de cobertura em aterros de resíduos sólidos. Podem ser utilizados diversos tipos de argilas, normalmente com condutividade hidráulica menor que 10-7 cm/s. A camada de cobertura deverá ser compactada para a obtenção de uma condutividade hidráulica relativamente baixa (<10-5 ou <10-7 cm/s), de acordo com o seu objetivo (ALBRIGH et al., 2004 apud Ferreira, 2006). A qualidade dos solos naturais utilizados como camada de cobertura pode ser melhorada com a adição de alguns materiais, tais como bentonita cinzas voláteis, entre outros. Também pode-se optar pelo uso de solos de baixa permeabilidade conjuntamente com geomembranas, geotêxteis e outros. Quando os aterros de resíduos sólidos estão com suas áreas de disposição totalmente utilizadas, tendo ocupado todo o espaço físico previsto no projeto, existe a necessidade da construção de um sistema de cobertura final para promover a separação física entre o resíduo e o meio ambiente, controlando dessa forma a migração dos gases, visando à 18 proteção da saúde humana e reduzindo ou eliminado os riscos ambientais. Para isso sempre deve haver uma manutenção desse sistema que garanta a sua durabilidade, porém a longo prazo os seus custos devem diminuir. O sistema de cobertura final dos aterros de resíduos sólidos deve garantir a estabilidade física, química e biológica, condicionando-o à utilização futura. Este sistema é constituído de várias camadas, geralmente construído de argila compactada, geomembranas ou a combinação desses materiais (EPA, 2003). Barros (2005) relata que para a confecção de um projeto do sistema de cobertura final de aterros de resíduos devem ser considerados e avaliados vários fatores, dentre os quais se destacam: . O tipo e a classe de resíduo a ser coberto, ou seja, se ele é um resíduo sólido urbano, um resíduo perigoso etc; . O balanço hídrico do local onde está implantado o aterro, tendo em vista que quanto maior o índice pluviométrico do local, menor deverá ser a permeabilidade do solo a ser aplicado como cobertura, o que determina o tipo de material a ser utilizado; . O clima do local que influencia diretamente não só na definição do tipo de solo a ser utilizado na cobertura, como também no dimensionamento da espessura da camada da cobertura; . A erodibilidade e a resistência ao cisalhamento do solo que se pretende usar como cobertura, de modo que a inclinação dos taludes proporcione segurança e estabilidade a todo o sistema de cobertura final e que haja um sistema adequado de drenagem; . A recuperação da área do aterro, o que pode ser realizado por meio de um sistema de replantio. Em regiões de clima árido e semi-árido, as coberturas finais devem possuir configurações e especificações de solos diferentes das coberturas convencionais construídas em aterros de regiões de clima úmido (Koerner e Daniel, 1997). O desempenho dos sistemas de cobertura em solo natural (argila) em regiões áridas fica comprometido pela alta evaporação, a qual provoca o ressecamento do solo e a 19 formação de trincas. Por este motivo, deve-se utilizar o sistema de cobertura final com uma barreira capilar (Dwyer, 2003 apud Ferreira, 2006). O princípio físico das barreiras capilares é baseado no fluxo não saturado entre solos de diferentes texturas, ou seja, uma camada de solo fino sobre uma camada de granulação mais grosseira (brita). A água infiltrada pela superfície não passa para a camada de solo mais grosso até que a camada de solo fino esteja bem próxima da sua saturação, fazendo com que a água fique armazenada na camada superior durante um período maior. Podem existir três condições diferentes de cobertura final, as quais dependem do propósito a ser atingido e do que for definido no projeto do sistema dessa cobertura, e cujos objetivos são: . Controlar a infiltração de água para o interior do aterro e minimizar a percolação, . Regular a liberação dos gases de dentro do aterro e . Prover a separação física entre o resíduo e o meio ambiente, visando a proteção da saúde humana. Conforme ilustrado na Figura 2.1, existem 6 ( seis) componentes básicos em um sistema de cobertura final, que são: Fonte: KOERNER e DANIEL (1997), apud Barros (2005). Figura 2.1 – Camadas de um sistema de cobertura final 20 Os sistemas de cobertura final nem sempre necessitam de todos os componentes. A camada de drenagem, por exemplo, pode não ser necessária em sistemas de cobertura final de regiões áridas. Da mesma forma, a camada de coleta de gás pode ser exigida para algumas coberturas, mas não para outras, dependendo do fato dos gases produzidos necessitarem ou não de coleta e gerenciamento. Algumas camadas podem ser também combinadas. Por exemplo, tem-se verificado que a camada de superfície pode ser combinada com a camada de proteção, formando uma única camada. Da mesma forma, a camada de coleta de gás, composta por solo granular, é freqüentemente combinada com a camada de base, formando uma única camada (Koerner e Daniel, 1997). As funções das camadas de um sistema de cobertura final se encontram resumidas abaixo: Camada superficial Î separar os componentes que se encontram abaixo da mesma do meio ambiente. Para esta camada são utilizados solos naturais (misturados ou não), cascalho, concreto asfáltico e outros materiais, inclusive alguns materiais de demolição e construção. Uma camada superficial construída com solos naturais proporciona suporte para o plantio de vegetação. Camada de proteção Î proteger as camadas do sistema de cobertura que se encontram abaixo e armazenar a água que percola através da camada de superfície. Caso o projeto do sistema de cobertura exija que a camada de superfície seja composta de vegetação, a camada de proteção deve ser capaz de sustentar o crescimento das espécies para minimizar a erosão. Camada de drenagem Î reduzir a carga hidráulica (do líquido) na camada inferior que funciona como barreira, minimizando assim a quantidade de água que infiltra para as camadas inferiores, do resíduo ou do solo contaminado; drenar a água do solo acima, permitindo absorver e reter a água adicional; e eliminar a poropressão na interface da barreira subjacente. Ao longo do tempo a camada de drenagem pode sofrer obstrução excessiva, tanto em drenos de solos naturais como nos de geossintéticos. Este tipo de problema pode ser 21 prevenido e evitado com a incorporação de filtro de solo ou geotêxtil entre a camada de drenagem e a camada superior. Em regiões áridas, a necessidade e o projeto de uma camada de drenagem devem ser baseados na freqüência e intensidade da precipitação e na capacidade de retenção das outras camadas do sistema de cobertura. Para estes locais pode ser possível a construção de uma camada de superfície e de proteção que absorverá a maioria, se não toda a precipitação que infiltra nestas camadas, eliminando assim a necessidade da construção de uma camada de drenagem. Camada de barreira hidráulica ou de gás Î controlar o movimento de líquidos e/ou gases. Para a construção desta camada geralmente são utilizadas as seguintes categorias de materiais: . Geomembrana: É um polímero flexível, amplamente aplicado em obras geotécnicas, de baixa permeabilidade e espessura fina. Requer cuidados na instalação, mas mantém a sua resistência mecânica durante um longo período. . Liner (revestimento) de argila geossintética (GCL): Produto fabricado com uma camada de bentonita colocada entre geotêxteis ou adesivos unidos a uma geomembrana. A bentonita é um componente de baixa condutividade hidráulica, sendo que o GCL constituído por bentonita sódica apresenta uma condutividade hidráulica na ordem de -9 -9 1.10 a 5.10 cm/s; . Liner (revestimento) de argila compactada (CCL): Constituído primariamente de solos naturais que são ricos em argila, embora possa conter materiais processados como a bentonita. Camada de coleta de gás Î diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa para a atmosfera. O metano (CH4), principal componente dos gases da decomposição do lixo, é 21 vezes mais prejudicial ao aquecimento do planeta do que o dióxido de carbono (CO2). 22 Os materiais usados na construção da camada coletora de gás deverão ter especificações similares aos materiais granulares usados na camada de drenagem ou similares aos materiais geossintéticos de drenagem. Estes materiais deverão ser dispostos de tal forma que facilitem a construção e a compactação. Camada de base ou de fundação Î servir de base para as outras camadas que compõem o sistema de cobertura final. Esta camada é construída imediatamente sobre o resíduo. O uso de vegetação sobre a camada de cobertura final reduz a erosão, pois ela aumenta a evapotranspiração e diminui a quantidade de chuva que se infiltra, reduzindo assim a quantidade do lixiviado gerado no aterro e o efeito da intensidade do vento. Além disso, minimiza o impacto visual, restabelecendo a interação da área com o meio ambiente local. A seleção das espécies de plantas a serem utilizadas na camada de cobertura deve ser criteriosa. Arbustos e árvores são inadequados, devido a suas raízes se estenderem a profundidades que normalmente invadem as camadas que se encontram abaixo, penetrando na camada de drenagem. Essa penetração forma caminhos preferenciais de infiltração de água, podendo provocar trincamentos e comprometer o sistema de cobertura final. Segundo Koerner e Daniel (1997), existe uma variedade de solos que podem ser utilizados como camada de cobertura e a escolha do tipo de solo a ser usado deve ser precedida de uma avaliação dos solos existentes no local onde se pretende construir a cobertura. Os solos de granulometria média têm em geral características melhores para germinar sementes e para o desenvolvimento das raízes das plantas. Os solos de textura fina, como as argilas, são freqüentemente férteis, podendo apresentar dificuldades em períodos úmidos para o estabelecimento inicial da vegetação. Solos arenosos podem ser um problema devido à baixa retenção de água e à perda de nutrientes por lixiviação. Outros materiais, como os cascalhos, também podem ser usados como camada de proteção, em aplicações especiais. A presença de animais sobre o aterro, após o seu fechamento, também deve ser evitada, pois os animais podem fazer buracos na superfície do solo, tornando essas áreas caminhos preferenciais da água. Dependendo da profundidade desses buracos, uma camada subseqüente pode ser exposta, danificando o sistema de camadas de cobertura. 23 2.4. Observação Meteorológica de Superfície. Consiste na medição ou determinação de todos os elementos que, em seu conjunto, representem as condições meteorológicas num dado momento e em determinado lugar, utilizando instrumental adequado e valendo-se do sentido da visão. As observações realizadas de forma sistemática, uniforme, ininterrupta e em horas estabelecidas, permitem conhecer as características e variações dos elementos atmosféricos, os quais constituem os dados básicos para informar o tempo que está ocorrendo nas diferentes estações meteorológicas, possibilitando a confecção de cartas sinóticas utilizadas para a previsão do tempo, a alimentação dos diversos modelos numéricos, a obtenção de séries climatológicas, dentre outras. Devido a sua importânca é importante que as observações meteorológicas sejam feitas com o máximo de precisão e honestidade (INMET, 1999). De acordo com Vianello e Alves (2002), as observações meteorológicas de superfície são procedimentos sistemáticos e padronizados pela OMM no que diz respeito aos tipos de equipamentos, ao manuseio, às técnicas de calibração e aferição, aos ajustes, às correções, às estimativas, aos horários em que são realizadas, ao tratamento e à transmissão dos dados, e ao uso operacional. Tais medidas visam à obtenção de informações qualitativas e quantitativas referentes aos parâmetros meteorológicos capazes de serem comparadas e de caracterizarem plenamente o estado instantâneo da atmosfera. Os dados meteorológicos podem ser obtidos, mediante leituras ou registros contínuos, diretamente dos instrumentos (temperatura, pressão atmosférica, precipitação, direção e velocidade do vento etc) ou identificados pelo próprio observador (quantidade, tipo e altura de nuvens, visibilidade etc), que deve ser um profissional bem preparado. Outros dados são estimados ou derivados dos primeiros (temperatura do ponto de orvalho, pressão ao nível do mar etc). As observações meteorológicas são realizadas em estações meteorológicas, que são locais tecnicamente escolhidos e preparados para tais fins. 2.5. Estação Meteorológica de Superfície. É o local onde é feita a avaliação de um ou de diversos elementos meteorológicos. Deve ser localizada de maneira a fornecer dados meteorológicos representativos da área na qual está situada. A fim de que as observações feitas em diferentes estações possam ser comparáveis, a exposição dos instrumentos deve ser semelhante. Uma área de 24 terreno cercada, plana, de fácil acesso e coberta com grama sempre aparada, é satisfatória para os instrumentos externos, contanto que estejam convenientemente localizados. Os instrumentos devem estar longe da influência imediata de árvores e de construções que possam projetar sombra na área da estação ou interferir nas condições atmosféricas locais, e numa posição que garanta uma representação correta das condições do meio ambiente. A estação não deve, tanto quanto possível, estar localizada sobre ou próximo às margens de rios, ladeiras, cordilheiras, penhascos ou pequenos vales. É importante também que a área seja bem exposta, tendo longos horizontes, especialmente nos sentido leste-oeste. Há dois tipos de Estações Meteorológicas de Superfície: As Estações Meteorológicas Convencionais e as Estações Meteorológicas Automáticas. 2.5.1. Estações Meteorológicas Convencionais. Exigem a presença diária do observador meteorológico para coleta de dados, elas se dividem em classes de acordo com o número de elementos observados. As de primeira classe são aquelas que medem todos os elementos do clima, as de segunda classe são as que não realizam as medidas de pressão atmosférica, radiação solar e vento e as de terceira classe medem a temperatura máxima, a mínima e a chuva, também conhecidas como termo-pluviométricas. Segundo Vianello e Alves (2002), as Estações Meteorológicas Convencionais, dependendo das suas finalidades, são classificadas em: Estações Sinóticas, Estações Climatológicas, Estações Agrometeorológicas, Estações Meteorológicas Aeronáuticas e Estações Especiais. Estações Sinóticas Î são aquelas em que se realizam observações para fins de previsão do tempo em horários padronizados internacionalmente. Emprega-se o Tempo Médio de Greenwich ou “tempo universal”. A hora legal de Brasília é atrasada 3 horas sobre o tempo universal. Podem se localizar sobre o continente (superfície ou ar superior, estas últimas denominadas de Estações de Sondagem Atmosférica) ou sobre o oceano (em navios). Estações Climatológicas Î são usadas, em geral, para fins climatológicos, mas suas observações podem ser utilizadas também para fins de previsão do tempo, quando 25 realizadas nos horários TMG. As instalações são rigorosamente padronizadas (orientação do cercado, cor da pintura do abrigo, dimensões, piso etc) a fim de evitar influências anômalas nas medições. Podem ser Principais ou Ordinárias: . Estações Climatológicas Principais: São as que medem, pelo menos três vezes ao dia, todos os elementos meteorológicos necessários aos estudos climatológicos e sinóticos. Essas estações realizam obrigatoriamente observações às 12:00, 18:00 e 24:00 TMG. Possuem um abrigo termométrico, termômetro de máxima, termômetro de mínima, psicrômetro, ventilador ou aspirador para psicrômetro, pluviômetro, barômetro, catavento, anemômetro e/ou anemógrafo, evaporímetro de Piche, barógrafo, termógrafo ou termohigrógrafo, higrógrafo, pluviógrafo, heliógrafo e termômetros de solo (INMET, 1999). . Estações Climatológicas Ordinárias: São mais simplificadas e em geral constituídas apenas de um abrigo meteorológico de menor porte e de sensores para medir a temperatura e a chuva, além de possibilitar observações visuais locais que caracterizam o tempo passado e o tempo presente. Estações Agrometeorológicas Î Realizam observações meteorológicas e fenológicas para relacionar os elementos meteorológicos às atividades agrícolas. Estações Meteorológicas Aeronáuticas Î Coletam, processam e registram informações meteorológicas de superfície e altitude para fins aeronáuticos e sinóticos. Fazem parte da rede básica da OMM, quando equipadas apropriadamente. Estações Especiais Î Todas as demais estações com qualidades distintas enquadramse como tais. Como exemplo, é possível citar: Estações Micrometeorológicas, Estações Ozonométricas, Estações de Radar, Estações de Recepção de Informações (imagens e dados) de Satélites etc. 2.5.2. Estações Meteorológicas Automáticas. Nesse tipo de estação a coleta de dados é totalmente automatizada. Os sensores operam com princípios que permitem a emissão de sinais elétricos, que são captados por um 26 sistema de aquisição de dados, possibilitando que o armazenamento e o processamento dos dados sejam informatizados. Apresenta como principal vantagem o registro contínuo dos elementos, com saídas dos dados em intervalos que o usuário programar. 2.6. Elementos do Clima. Segundo Vianello e Alves (2002), são as grandezas meteorológicas que comunicam ao meio atmosférico suas propriedades e características peculiares. Os principais elementos são: 2.6.1. Temperatura do ar. Como a maioria dos gases, o ar não é um bom condutor de calor e tarda muito a alcançar o equilíbrio térmico com os demais corpos com os quais se acha em contato. Nas camadas de ar adjacentes ao solo é que se verificam as variações mais rápidas dos valores de temperatura do ar e a partir de determinada altitude (correspondente à superfície de 850 hPa) é que se verifica um decréscimo mais ou menos regular. A distribuição de temperatura no planeta é influenciada por diversos fatores, tais como a latitude, a distribuição dos continentes e mares, as correntes marítimas, os ventos predominantes e pela ação das massas de ar. 2.6.1.1. Temperatura como função da latitude. A temperatura do ar é controlada principalmente pela radiação solar e a sua distribuição depende da latitude. Cidades na mesma latitude estão à mesma distância do equador e tendem a ter a mesma temperatura, mas a temperatura depende de outros fatores também, como por exemplo, a altitude. A oscilação diurna da temperatura varia notavelmente de amplitude segundo as condições locais e a época do ano, de tal forma que se considera a referida amplitude como um dos índices climatológicos mais significativos. 2.6.1.2. Variação anual da temperatura. As variações médias anuais são muito maiores sobre os interiores continentais e bem menores sobre os oceanos situados nas mesmas latitudes. Quanto aos hemisférios, a 27 variação da temperatura é menor no hemisfério sul do que no norte porque neste predominam os continentes. 2.6.2. Pressão atmosférica. A pressão atmosférica é o elemento mais importante no estudo e pesquisa das condições físicas da atmosfera, pois é o único que permite a análise direta dessas condições físicas e nos leva à previsão da evolução das mesmas. O campo bárico da atmosfera é analisado ao nível do mar e as variações horizontais da pressão atmosférica revelam, através da análise, os sistemas ou centros de pressão que compõem, no todo, esse campo bárico. A análise do campo bárico ao nível do mar permite a exata visualização do comportamento físico da atmosfera, através das flutuações e deslocamentos dos diferentes sistemas de pressão, representados num único plano. Há duas naturezas de sistemas de pressão: . Centros de altas pressões: Apresentam pressões mais elevadas no seu centro e pressões diminuindo gradativamente para a periferia; . Centros de baixas pressões: Apresentam pressões mais baixas no seu centro e pressões aumentando gradativamente para a periferia. 2.6.3. Precipitação. A precipitação é definida como conjunto de partículas líquidas ou sólidas que caem das nuvens (chuva, chuvisco, granizo e neve), conjunto de partículas em suspensão na atmosfera (nevoeiro e bruma) e como partículas que se depositam (geada e orvalho) (INMET, 1999). Para as condições climáticas do Brasil, a chuva é a precipitação mais significativa em termos de volume. A precipitação é o elemento alimentador da fase terrestre do ciclo hidrológico e constitui, portanto, fator importante para os processos de escoamento superficial direto, infiltração, evaporação, evapotranspiração, recarga de aqüíferos e vazão dos rios. A precipitação sempre equilibra a evaporação em termos globais, a fim de manter harmônico o equilíbrio hidrológico. Tipos de precipitação: 28 . Convectiva: É resultante da ascensão do ar úmido por aquecimento local; . Orográfica: É resultante do levantamento forçado do ar úmido ao cruzar uma região montanhosa e constitui um tipo com maiores totais anuais; . Frontal: É resultante dos deslocamentos das massas de ar. A Tabela 2.4 mostra a intensidade da precipitação (chuvisco e chuva), que é o volume de água que cai na unidade de tempo. Tabela 2.4 - Intensidade da precipitação. CHUVISCO INTENSIDADE CHUVA INTENSIDADE FRACO até 0,3 mm/h FRACA 1,1 a 5,0 mm/h MODERADO 0,3 a 0,5 mm/h MODERADA 5,1 a 60,0 mm/h FORTE 0,5 a 1,0 mm/h FORTE acima de 60,0 mm/h Fonte: Adaptado de INMET (1999). 2.6.3.1. Precipitação anual. Três fatores determinam a precipitação anual: Latitude, relevo e posição relativa do continente. A distribuição da precipitação é irregular: Próximo ao equador as chuvas são mais intensas, sofrendo uma diminuição gradativa a medida que as latitudes aumentam. Nas faixas onde a circulação atmosférica é caracterizada por ascensão do ar, registram-se grandes totais anuais de chuvas e nas faixas de predominância de subsidência tais valores são menores. 2.6.3.2. Variação da precipitação com o oceano. A precipitação sobre o oceano é mais alta do que sobre o continente. Sobre as ilhas a precipitação é maior do que sobre o oceano devido aos efeitos orográficos e convectivos. 29 2.6.4. Umidade do ar. A umidade do ar ou atmosférica é a quantidade de vapor d’água que a atmosfera contém em um determinado momento e num determinado lugar. O vapor d’água contribui para o aquecimento e resfriamento da superfície do globo e está diretamente relacionado com a distribuição e extensão da precipitação sobre a Terra. 2.6.5. Evaporação. O regime de evaporação pode ser aproximadamente paralelo ao regime de temperatura, com máximo de evaporação durante o dia e mínimo à noite. Fatores que afetam a evaporação de qualquer corpo da superfície: . Radiação total, solar e terrestre; . Temperatura do ar e da superfície de evaporação; . Velocidade do vento; . Umidade relativa do ar; . Pressão atmosférica; . Natureza da superfície; . Total de umidade na superfície disponível para evaporação. A evaporação nas superfícies líquidas também será afetada pela presença de impurezas ou de vegetação, já que deve ser levado em conta o estado da superfície adjacente e o caráter da superfície líquida. A evaporação do solo depende de outros fatores além das condições meteorológicas. Estes incluem o teor de umidade, propriedades físicas e composição química do solo, bem como a profundidade do nível do lençol d`água (INMET, 1999). 2.6.6. Radiação solar. A radiação solar incidente no topo da atmosfera terrestre varia basicamente com a latitude e o tempo, a qual, ao atravessar a atmosfera, interage com seus constituintes. Parte dessa radiação que é espalhada em outras direções é especificada de radiação solar 30 difusa, a outra parte, que chega diretamente à superfície do solo, é denominada de radiação solar direta. Somando a radiação difusa com a direta obtém-se a radiação solar global. 2.6.7. Nebulosidade. A quantidade e a altura da base das nuvens em relação ao solo é um elemento climático bastante usado. Durante o dia, a nebulosidade intervém refletindo, absorvendo ou difundindo a radiação solar que recebe, diminuindo assim o aquecimento da superfície. À noite serve de manto térmico evitando as perdas de calor terrestre pela radiação noturna. 2.6.8. Vento. O vento é simplesmente o ar em movimento, que se processa tanto no sentido horizontal quanto na vertical. Na prática, a velocidade e a direção do vento são medidas no sentido horizontal do movimento do ar. O vento sopra de acordo com as diferenças de pressão, das altas para as áreas de baixa pressão. Do ponto de vista climatológico, o vento tem grande importância como agente transportador de calor e umidade de uma região a outra, redistribuindo as massas de ar e influenciando os regimes pluviométricos. A Tabela 2.5 apresenta a Escala Beaufort, inventada por Sir Francis Beaufort (17771857), hidrógrafo da Marinha Real Britânica. É um sistema para calcular e informar a velocidade do vento, baseado na Força ou Número de Beaufort, utilizando a equação 2.1: U = 1,87 . B 3/2 (2.1) Onde: U = velocidade do vento em milhas náuticas por segundo B = número Beaufort Algumas organizações como da Comissão da Marinha Meteorológica e a Organização Meteorológica Mundial, providenciaram uma tabela com os valores de Beaufort correspondendo ao aspecto do mar e aos efeitos visíveis em terra. 31 Tabela 2.5 - Escala Beaufort. For- Designação m/s km/h nós Aspecto do mar Efeitos em terra ça 0 calma 0 - 0,5 1 Aragem 0,6 - 2 brisa fraca 4 brisa moderada 6 7 7- 12 3,4 5,2 13 18 5,3 7,4 19 26 7,5 9,8 27 35 9,9 12,4 36 44 12,5 15,2 45 54 15,3 18,2 55 65 18,3 21,5 66 77 21,6 25,1 78 90 26,2 29 91 104 30 - ... 105 ... vento forte 9 ventania forte tempestade tempestade violenta 12 1,8 3,3 vento fresco ventania 11 2-6 brisa forte 8 10 1,7 brisa leve 3 5 0-1 furacão A fumaça sobe verticalmente. A direção da aragem é Mar encrespado com pequenas indicada pela fumaça, 2 - 3 rugas, com a aparência de mas a grimpa ainda não escamas. reage. Sente-se o vento no Ligeiras ondulações de 30 cm (1 rosto, movem-se as folhas das árvores e a 4 - 6 pé), com cristas, mas sem grimpa começa a arrebentação. funcionar As folhas das árvores se Grandes ondulações de 60 cm 7 - 10 com princípio de arrebentação. agitam e as bandeiras se desfraldam. Alguns "carneiros". Poeira e pequenos papéis Pequenas vagas, mais longas de soltos são levantados. 11 1,5 m, com freqüentes Movem-se os galhos das 16 "carneiros". árvores. Vagas moderadas de forma Movem-se as pequenas 17 - longa e uns 2,4 m. Muitos árvores. A água começa 21 "carneiros". Possibilidade de a ondular. alguns borrifos. Assobios na fiação aérea. Grandes vagas de até 3,6 m. Movem-se os maiores 22 Muitas cristas brancas. galhos das árvores. 27 Probabilidade de borrifos. Guarda-chuva usado com dificuldade. Mar grosso. Vagas de até 4,8 m Movem-se as grandes 28 - de altura. Espuma branca de árvores. É difícil andar arrebentação; o vento arranca 33 contra o vento. laivos de espuma. Vagalhões regulares de 6 a 7,5m Quebram-se os galhos 34 das árvores. É difícil de altura. Faixas com espuma 40 andar contra o vento. branca e fraca arrebentação. Vagalhões de 7,5 m com faixas Danos nas partes 41 - de espuma densa. O mar rola. O salientes das árvores. 47 borrifo começa afetar a Impossível andar contra visibilidade. o vento. Grandes vagalhões de 9 a 12m. O vento arranca as faixas de Arranca árvores e causa 48 espuma; a superfície do mar fica danos na estrutura dos 55 toda branca. A visibilidade é prédios. afetada. Vagalhões excepcionalmente grandes, de até 13,5 m. a Muito raramente 26,2 visibilidade é muito afetada. observado em terra. 29 Navios de tamanho médio somem no cavado das ondas. Mar todo de espuma. Espuma e 30 - respingos saturam o ar. A Grandes estragos. visibilidade é seriamente ... afetada. 0-1 Espelhado. Fonte: LAMMA. 32 A direção do vento é definida como a direção de onde ele sopra. É expressa em graus, medidos no sentido dos ponteiros do relógio, a partir do norte geográfico (norte verdadeiro), conforme é mostrado na Tabela 2.6. Tabela 2.6 – Representação da direção do vento. Direção Abreviatura Direção em graus Norte N 360,0 Norte-nordeste NNE 22,5 Nordeste NE 45,0 Este-nordeste ENE 67,5 Este E 90,0 Este-sudeste ESE 112,5 Sudeste SE 135,0 Sul-sudeste SSE 157,5 Sul S 180,0 Sul-sudoeste SSW 202,5 Sudoeste SW 225,0 Oeste-sudoeste WSW 247,5 Oeste 270,0 W Oeste-noroeste WNW 292,5 Noroeste 315,0 NW Norte-noroeste NNW 337,5 Fonte: Adaptado de INMET (1999). Em informações climatológicas usa-se a Rosa dos Ventos com oito pontos de direção. A figura da Rosa dos Ventos, desenvolvida por antigos astrônomos e navegadores, indica os principais rumos ou direções determinadas pelos pontos cardeais. Cada quadrante da Rosa dos Ventos corresponde a 90o. Padronizou-se o norte ser 0o, o leste 90o, o sul 180o e o oeste 270o. 2.7. Fatores climáticos. 33 O regime normal de cada um dos elementos climáticos estudados determina o clima de uma região. As manifestações características dos elementos do clima se apresentam em combinações determinadas e o conjunto delas nos permite definir as características básicas dos climas das diferentes regiões do globo. Os elementos climáticos variam no tempo e no espaço e são influenciados por certos fatores, chamados fatores climáticos. Em escala regional ou local, os mais importantes fatores que governam o clima de uma região são os seguintes: Latitude, disposição dos continentes e mares, altitude, relevo, tipo do solo e correntes marítimas (Blair e Fite, 1964). 2.7.1. Latitude. Influi na distribuição da temperatura. A Terra é iluminada pelos raios solares com diferentes inclinações. Quanto mais longe do equador, menor a temperatura porque a incidência da luz solar é menor. Esse fenômeno decorre da curvatura do planeta Terra que faz com que diminua a incidência de radiação solar com o aumento da latitude. 2.7.2. Disposição dos continentes e mares. Altera a distribuição da temperatura, afetando a distribuição das pressões e, conseqüentemente o regime de ventos. Os oceanos demoram a se aquecer, enquanto os continentes se aquecem rapidamente. Por outro lado, ao contrário dos continentes, a água demora irradiar a energia absorvida. Sendo assim, o hemisfério norte tem invernos mais rigorosos e verões mais quentes, devido à quantidade de terras emersas ser maior, ou seja, boa parte deste hemisfério sofre influência da continentalidade. 2.7.3. Altitude. Provoca variação imediata dos elementos meteorológicos. À medida que aumenta a altitude, menor será a temperatura porque a concentração dos gases e da umidade é menor e o ar se torna rarefeito, o que vai reduzir a retenção de calor nas camadas mais elevada da atmosfera. 2.7.4. Relevo. 34 Modifica consideravelmente o regime de ventos e, em conseqüência, o da chuva. Além disso, pode facilitar ou dificultar as circulações das massas de ar, influindo na temperatura. 2.7.5. Tipo do solo. Influi na distribuição da temperatura, chuva e vegetação. incidência total dos raios solares na superfície. A vegetação impede a Quando há desmatamento ocorre diminuição das chuvas, visto que a umidade diminui, e há um aumento da temperatura na região. 2.7.6. Correntes marítimas. As correntes marítimas têm suas próprias condições de temperatura e pressão e se movimentam por todos os oceanos do mundo, transportando calor, alterando a distribuição das temperaturas e apresentando influência direta no clima. 2.8. Aspectos Climáticos dos aterros sanitários. Antes da construção de um aterro sanitário deve-se fazer um levantamento das condições meteorológicas predominantes ao longo das estações do ano e efetuar uma análise integrada dos aspectos do clima e sua influência na produção de chorume e odor. Estas informações servem de parâmetro para que, após a instalação do aterro, haja um melhor acompanhamento e controle da produção do percolado e dos gases, evitando-se possíveis contaminações do solo e de águas superficiais e subterrâneas. O regime de chuva na área dos aterros sanitários é de extrema importância. A precipitação influencia a quantidade e a qualidade do percolado, além de provocar a entrada do oxigênio dissolvido na água, o que favorece a degradação do material orgânico presente nos resíduos sólidos urbanos (Calle, 2007). Nos meses de alto índice pluviométrico observa-se um aumento considerável na quantidade dos líquidos percolados, sendo a água infiltrada o principal fator (Paes, 2004). Em regiões onde ocorre muita precipitação pluviométrica, pode ocorrer a paralisação da operação do aterro e o aumento na geração dos percolados. Em regiões de pouca 35 precipitação, onde o balanço hídrico é negativo, como as regiões semi-áridas, a geração de percolados é significativamente menor, ou quase inexistente, em grande parte do ano. A classificação de um aterro sanitário como molhado ou seco é função principalmente da quantidade de precipitação que se infiltra na massa de lixo e se baseia na média anual das precipitações. Aterros situados em áreas com menos de 500 mm/ano são classificados como locais relativamente secos, mais de 500 mm/ano e menos do que 1000 mm/ano, como locais relativamente molhados, e aterros situados em áreas com mais de 1000 mm/ano, como locais molhados. A precipitação pluviométrica é de fundamental importância também para a análise do comportamento geomecânico e ambiental dos aterros. O regime de ventos é um aspecto climático dos mais importantes e menos estudados. Está relacionado com a dispersão do lixo depositado nas células antes delas serem cobertas, bem como com a propagação de odores na área do aterro. 2.9. Balanço hídrico. O Balanço Hídrico Climático foi introduzido primeiramente por Thornthwaite em 1948 para a quantificação e estudo do fator hídrico. Em um determinado volume de solo em estudo, pode-se contabilizar a variação de água em um determinado espaço de tempo. O balanço entre o volume da água que entrou e o que saiu num determinado volume, denominado volume de controle, representa a variação do armazenamento da água nesse volume. No estudo do clima de determinada região, o limite do volume a ser considerado está normalmente definido pelo maior alcance do sistema radicular das plantas predominantes naquele solo representativo da região na qual deve estar localizado o ponto de coleta dos elementos climáticos, especialmente a chuva. Pode-se dizer então, que o Balanço Hídrico Climático é a contabilização da água no solo representativo da região. Esse método é considerado simples, prático e fisicamente consistente. Foi introduzido por Thornthwaite como recurso para superar as limitações da classificação climática proposta por Wladimir Köppen em 1901, que até então se baseava exclusivamente na vegetação natural como a melhor expressão da totalidade do clima. Na classificação climática de Thornthwaite, a planta não é vista como um instrumento de integração dos elementos climáticos, e sim, como um meio físico pelo qual é possível transportar água do solo para a atmosfera. Dessa forma, um tipo de clima é 36 definido como seco ou úmido relacionado às necessidades hídricas das plantas, ou seja, dependente de um balanço hídrico. O conceito de balanço hídrico (Thornthwaite, 1948) avalia o solo como um reservatório fixo no qual a água armazenada até o máximo da capacidade de campo, que é a capacidade máxima que um solo tem de reter água em seus capilares contra a ação da gravidade, somente será removida pela ação das plantas. As deficiências e os excedentes de água ao longo de um ano, que são caracterizados por meio do balanço hídrico, podem influenciar o clima de determinada região alterando as suas condições de umidade. No caso das plantas, o excesso de água no período chuvoso em grande parte não resolve a deficiência hídrica no período de estiagem, mas pode amenizar tal situação principalmente para as plantas que possuem um sistema radicular grande e profundo. Essa relação, positiva ou negativa, de acordo com Thornthwaite, deveria ser representada por um Índice de Umidade. Com base na definição de que o excesso de água de 6 polegadas (152 mm) em uma estação do ano compensaria uma deficiência de 10 polegadas (254 mm) em outra estação, Thornthwaite propôs ainda o Índice Hídrico e o Índice de Aridez, os quais caracterizariam a subdivisão dos tipos climáticos baseados no Índice de Umidade (ABAG/RP). O método descrito acima foi aperfeiçoado por Thornthwaite e Mather em 1955. A capacidade de campo e a taxa de utilização da umidade do solo para a evapotranspiração passaram a depender da profundidade, do tipo e da estrutura do solo. A profundidade do solo pode variar de poucos milímetros, em solos arenosos rasos, a cerca de 300 mm, em solos siltosos profundos. Em solos arenosos, as plantas podem posuir raízes mais profundas que em solos argilosos e siltosos; conseqüentemente, deve haver alguma compensação. Por outro lado, existem na natureza consideráveis variações na capacidade de armazenamento d´água pelos solos. Por tudo isso, definiu-se a capacidade de água disponível (CAD) que é calculada a partir das propriedades físicas do solo, utilizando valores da capacidade de campo, densidade aparente ou global, e ponto de murcha permanente, e da profundidade efetiva das raízes. O ponto de murcha permanente, é o teor de água de um solo no qual as folhas de uma planta que nele cresce atingem, pela primeira vez, um murchamento irrecuperável. Caso não se tenham informações, são utilizados critérios práticos, onde solos arenosos apresentam 60 mm de água disponível por metro de solo explorado pelas raízes, solos com textura média, 140 mm/m e solos com textura argilosa, 200 mm/m (Pereira, 2002). Para fins de classificação climática utiliza-se o valor de CAD igual a 100 mm 37 Outra modificação substancial proposta por Thornthwaite e Mather diz respeito ao comportamento da evapotranspiração real à proporção que o solo vai perdendo água. Esses autores sugeriram um declínio linear da evapotranspiração com o aumento da tensão d´água no solo. Além disso, eles propuseram uma relação exponencial, envolvendo os seguintes parâmetros: armazenamento d´água no solo ao longo do ano, capacidade de água disponível e perda d´água acumulada, apresentada na equação 2.2: S = F . e (A/F) (2.2) Onde: S = armazenamento (ARM) ao longo do ano; A = perda d´água acumulada ou negativo acumulado F = capacidade de água disponível (CAD). Algumas definições, segundo Alfonsi et al. (1995): . Evapotranspiração real ou efetiva: quantidade de água que nas condições reais é evaporada do solo e transpirada pelas plantas nas condições atuais dos parâmetros meteorológicos, umidade do solo e condições da cultura. É o processo de transferência de vapor onde o solo não está totalmente coberto e nem na capacidade de campo. Além dos fatores meteorológicos que condicionam a evapotranspiração, tais como a radiação solar, o vento, a temperatura do ar e o déficit da pressão de vapor, a evapotranspiração real é grandemente afetada pelo tipo de cultura, porcentagem de cobertura do solo e disponibilidade de água no solo. . Evapotranspiração potencial: máxima capacidade de água capaz de ser perdida como vapor, em uma dada condição climática, por um meio contínuo de vegetação, que cobre toda a superfície do solo estando este na capacidade de campo ou acima desta. Desta maneira, inclui a evaporação do solo e a transpiração de uma vegetação de uma região específica em um dado intervalo de tempo. . Excedente hídrico: diferença entre a precipitação e a evapotranspiração potencial, quando o solo atinge a sua capacidade máxima de retenção de água. . Deficiência hídrica: diferença entre a evapotranspiração potencial e a real. Nos aterros sanitários, uma forma tradicional de se analisar a presença de água no solo é através do cálculo do balanço hídrico que, tanto para o estudo do solo quanto da água, 38 é baseado na relação existente entre a precipitação, a evapotranspiração, o escoamento superficial e a capacidade de armazenamento de água no solo, cujas contribuições são resumidas abaixo: Precipitação Î representa a recarga de água no sistema e é o fator que mais influencia no cálculo do balanço hídrico. Pode ser determinada de forma relativamente precisa, mas os dados devem ser obtidos no próprio local onde se encontra o aterro, pois variações, mesmo que em pequenas distâncias, podem conduzir a valores diferentes de precipitação; Evapotranspiração Î processo de transporte da água de uma superfície vegetada, na forma de vapor, para a atmosfera, através dos mecanismos combinados de evaporação do solo e transpiração das plantas. A evaporação de superfícies cobertas por resíduos sólidos não pode ser medida diretamente, mas pode ser estimada com a aplicação de equações empíricas; Escoamento superficial Î em áreas cobertas com lixo fresco, só ocorrerá escoamento superficial (runoff) em caso de chuva forte e/ou nas encostas. Em áreas cobertas com solo, o escoamento superficial depende de suas características. Caso haja erosão do material, haverá maior infiltração, que pode levar a problemas de estabilidade da massa de lixo; Capacidade de armazenamento/retenção Î armazenamento representa a quantidade de água que pode ficar retida no solo e nos resíduos, no caso dos aterros sanitários, podendo ser caracterizado como a capacidade de campo. Já a retenção é caracterizada como o retardo na percolação do lixiviado através da massa. De forma prática, pode-se dizer que ambos se referem à capacidade de armazenamento da massa de lixo que depende da porosidade dessa massa, da quantidade de água presente no momento da disposição, da altura e da idade do aterro. No balanço hídrico, a mais importante fonte de entrada de água no sistema se dá através da face superior do aterro, através da percolação pela camada de cobertura. Por esse motivo, é de extrema importância o conhecimento do regime de chuvas na área do aterro. O solo, por ser um meio poroso, absorve a água da chuva que caiu sobre ele até 39 que as camadas superiores atinjam a saturação. A partir desse momento, o excesso não infiltrado começa a escoar pela superfície. A água infiltrada no solo sofre a ação da capilaridade e da gravidade, prosseguindo seu caminho até atingir a massa de resíduos, umedecendo-a de cima para baixo, alterando, assim, o perfil de umidade da célula. Mesmo após o encerramento da chuva, ainda há movimentação de água no interior da célula (IPT/CEMPRE, 2000 apud Huse, 2007). Nos aterros brasileiros a precipitação é a forma principal de entrada de água. Por esse motivo, é necessário o projeto e a construção de barreira efetiva, de vida útil longa, na superfície desses empreendimentos. O balanço hídrico é um sistema contábil de monitoramento da água do solo que permite estimar o percolado gerado em aterros de resíduos sólidos num fluxo unidimensional e origina-se da aplicação do princípio de conservação de massa para a água num volume de solo. Para a conservação de massa, a quantidade de água que entra na camada de cobertura deve ser igual à quantidade que sai mais o montante de água que ficou armazenado. Logo, o princípio da conservação de massa é a base para o balanço hídrico (Koerner e Daniel, 1997). Para a avaliação do movimento da água através dos aterros sanitários são consideradas a intensidade dos processos climatológicos e hidrológicos, as propriedades dos materiais envolvidos, as características do projeto e a operação do aterro, conforme ilustra a Figura 2.2. Precipitação (P) Evapotranspiração(ET) Run-off (R) (R) Infiltração Umidade dos resíduos (UL) Percolação (I) Infiltração de água subterrânea(I) Fonte: FARQUHAR (1989) Figura 2.2 – Balanço Hídrico de um aterro sanitário 40 O balanço hídrico deve ser feito com freqüência, se possível mensal, para se identificar os períodos em que há aumento de umidade. Mesmo que os aterros estejam situados em áreas com déficit anual de chuva, podem produzir percolado em meses chuvosos. 2.9.1. Estimativa de percolados através de métodos empíricos. Alguns métodos fundamentados em equações empíricas, ou seja, que se baseiam somente na experiência ou observação, sem levar em consideração teorias ou métodos científicos, são utilizados para estimar a quantidade de percolados em aterros de resíduos sólidos. Dentre os métodos mais utilizados estão o Suíço, pela sua simplicidade de cálculo e o do Balanço Hídrico, que se baseia numa metodologia mais sofisticada que analisa cada componente do balanço hídrico de um aterro. Esses métodos, bem como o Racional e o da Capacidade de Campo, serão descritos abaixo. 2.9.1.1. Método Suíço. Barros (2004) relata que foi estabelecida, na Suíça, uma sistemática empírica para a determinação da vazão de percolado, denominada Método Suíço. Neste método, estimase que uma certa porcentagem da precipitação infiltra nos resíduos, atinge a camada de impermeabilização na base da plataforma e, conseqüentemente deve ser drenada. Esta porcentagem é, normalmente, estipulada em função do peso específico dos resíduos dispostos no aterro e da experiência do projetista. Este método tem uma formulação simplificada, visto que a produção do percolado é função apenas da precipitação sobre a cobertura e do grau de compactação dos resíduos, onde estão embutidas todas as perdas de água, não considerando a evapotranspiração potencial, conforme descrito por Lins (2003). O cálculo da vazão média pode ser expresso pela equação 2.3: Q=P.A.K (2.3) t Onde: Q = vazão média de líquido percolado (l/s); 41 P = precipitação anual média (mm); A = área do aterro (m2); t = número de segundos em um ano; K = coeficiente dependente do grau de compactação dos resíduos sólidos urbanos. Valores do coeficiente K para a aplicação do Método Suíço (Rocca, 1981 apud Lins, 2003): de 0,15 a 0,25 Î Aterro fortemente compactado em que o peso específico dos resíduos sólidos urbanos compactados é maior do que 0,7 ton/m3. de 02,5 a 0,50 Î Aterro fracamente compactado em que o peso específico dos resíduos sólidos urbanos compactados varia de 04, a 0,7 ton/m3; 2.9.1.2. Método Racional. O cálculo da vazão superficial por este método baseia-se em três parâmetros: área da bacia de contribuição; intensidade e duração das chuvas e o coeficiente de escoamento superficial ou “runoff”, conforme a equação 2.4 apresentada abaixo: Q=C.i.A (2.4) Onde: Q = vazão do percolado (l/s ou m3/s); C = coeficiente de escoamento ou “runoff”; i = intensidade média da chuva (l ou m3 . ha/s); A = área da bacia receptora da chuva (m2 ou ha). Para se obter a parcela da precipitação que infiltra, deve-se subtrair o volume total precipitado sobre a área do aterro, do volume escoado, que é calculado pelo método racional, dentro do mesmo intervalo de tempo. Devendo, deste resultado, subtrair a parcela de água devida à evapotranspiração. Tem-se, portanto a fórmula algébrica mostrada na equação 2.5: 42 Q = [(P – ES) – EP] . A t (2.5) Onde: Q = vazão do percolado (l/s ou m3/s); P = precipitação média mensal (mm); EP = evaporação Potencial (mm); A = área da bacia receptora da precipitação (m2 ). t = número de segundos em um mês (2592000 s); ES = (P . C) = escoamento superficial (mm); C = coeficiente de escoamento superficial ("run-off", admensional). 2.9.1.3. Método da Capacidade de Campo. Em sua pesquisa, Lins (2003) cita que são adotadas algumas hipóteses para a utilização do método experimental baseado na capacidade de campo, as quais se encontram descritas abaixo: . Toda infiltração é proveniente apenas da precipitação que cai diretamente sobre o aterro, não existindo pontos de surgência e elevação do lençol freático no aterro; . A profundidade do aterro é muito menor que sua extensão horizontal, de maneira que todo o movimento de água é considerado vertical; . Será considerada uma média da capacidade de campo do lixo velho e novo; . Não existirão variações, em profundidades, da capacidade de campo do lixo, sendo uniforme para todo o aterro; . O tipo de solo de cobertura será uniforme para todo o aterro e com mesma espessura; . A massa de lixo será homogênea, não levando em consideração os fluxos preferenciais tomados pelo percolado; 43 . As umidades da massa de lixo e do solo serão uniformes para todo o aterro. De acordo com a definição de balanço hídrico, é possível escrever a equação 2.6: Perc = U + I – ( CCsolo + CClixo) (2.6) Onde: Perc = percolado (mm) U = umidade do solo + lixo (mm) (coleta realizada três vezes no mês); I = infiltração (mm); CCsolo = capacidade de campo do solo (mm) CClixo = capacidade de campo do lixo (mm) A infiltração será determinada pela multiplicação da precipitação com o coeficiente K da Tabela 2.5. A precipitação será baseada em boletins pluviométricos e a evaporação em dados hidrometeorológicos. A capacidade de campo do solo será a média obtida pelos ensaios, bem como a capacidade de campo do lixo e umidades. A vazão é calculada conforme a equação 2.7: Q = Perc . Área aterro (2.7) t Onde: t = número de segundos em um mês (2.592.000 s); 2.9.1.4. Método do Balanço Hídrico. A estimativa da quantidade de água que efetivamente se infiltra no maciço de lixo e é responsável pela geração de percolado, pode ser calculada por meio do balanço hídrico local. Para o cálculo do balanço hídrico de um aterro sanitário, são considerados: . os fluxos que contribuem para o ganho de água por parte do solo: águas que chegam por precipitação (P) e o próprio teor de umidade inicial do lixo (UL); 44 . os fluxos que contribuem para a perda de água do solo: escoamento superficial ou run-off (R), evapotranspiração (ET), percolado (C) e as diferenças que ocorrem ao longo do tempo nos teores de umidade do solo (US) e do resíduo (UL). Se a quantidade de água que entra (Qe) no solo, num determinado período de tempo for maior do que a quantidade que sai, o balanço hídrico é considerado positivo, sendo mais provável a geração de percolado. Quando ocorre o contrario, têm-se o balanço hídrico negativo e a geração de percolado é menor. C: Qe – Qs Qe: P + UL (inicial) Qs: R + ET+ US + UL C = P (R + ET +US + UL) (2.8) Onde: C = Percolado produzido P = Precipitação Us = Umidade retida no solo de cobertura UL = Diferença do teor de umidade dos componentes do lixo ET = Evapotranspiração R = Escoamento superficial - Run-off Com exceção da precipitação, os demais termos contidos na equação 2.8 são de difícil obtenção, dificultando a sua utilização prática. Jucá (2003) em sua pesquisa cita que alguns métodos empíricos foram utilizados a fim de estimar o volume de percolado gerado no aterro da Muribeca (Recife-PE), dentre eles: o Método Suíço, o Racional e o do Balanço Hídrico. Os resultados mostraram que estes métodos foram falhos na previsão, principalmente em épocas de déficit hídrico. Por exemplo, o Método Suíço teve um erro de 39%, o Método Racional 46,5%, e o Método do Balanço Hídrico 57,8%. Estas discrepâncias muito elevadas devem-se ao fato de que os métodos não levam em consideração algumas variáveis importantes, tais como a umidade, a densidade e a capacidade de campo da camada de cobertura e do lixo. Estas variáveis são fortemente influenciadas pela sucção, que é a capacidade de 45 reter água, que por sua vez é de difícil obtenção no lixo. Os resíduos sólidos, inicialmente, agem como uma esponja e simplesmente absorvem a água; entretanto, o material atinge um teor de umidade, conhecido como capacidade de campo ou de retenção, a partir do qual, qualquer acréscimo de água resulta na percolação de igual quantidade da massa. A condutividade hidráulica e a capacidade de campo dos resíduos interferem no balanço hídrico do aterro e, conseqüentemente, no dimensionamento do sistema de drenagem e no tratamento dos percolados. Estes parâmetros dependem da composição dos resíduos, da profundidade, idade e compacidade do aterro, e também do clima da região. 2.9.2. Estimativa de percolados através de modelos computacionais. Segundo Sobrinho (2000), modelos computacionais têm sido desenvolvidos com base no Método do Balanço Hídrico desde o início da década de 80, para estimar a quantidade de percolado em aterros sanitários. Os modelos numéricos que calculam o balanço hídrico estão se tornando uma ferramenta importante na avaliação do desempenho dos sistemas de cobertura dos aterros sanitários A escolha da metodologia deve ser adequada às condições do local, aos resíduos e à operação do aterro. Os principais modelos computacionais utilizados, atualmente, serão discutidos a seguir. 2.9.2.1. Modelo Moduelo 2. O Moduelo 2 é um modelo tridimensional desenvolvido pelo Grupo de Engenharia Ambiental da Universidade de Cantabria, Espanha, que analisa o fluxo de um líquido através de um meio poroso, baseado nas equações de fluxo saturado, no escoamento de água entre as células e no balanço de umidade. É capaz de gerar de forma horária os dados de umidade e a vazão de líquidos lixiviados. O software reproduz a evolução do aterro e a simulação com o modelo devidamente calibrado permite estimar a vazão do líquido percolado, a contaminação orgânica e o biogás gerado diariamente. Em seu estudo, Borba (2006) cita que no Moduelo 2 são inseridos, além de informações da morfologia do terreno e das características dos resíduos recebidos, dados climatológicos diários. O programa permite estimar a contaminação emitida no 46 lixiviado e como biogás, partindo de dados topográficos, meteorológicos, de caracterização do resíduo depositado e do tipo de exploração do aterro (Borba, 2006). O Moduelo 2 é estruturado em dois módulos principais, cujos cálculos efetuados e resultados são mostrados na Tabela 2.7. Tabela 2.7 - Módulos principais do modelo Moduelo 2. Módulo Hidrológico Cálculo Resultado - balanço hídrico; - estima o volume diário de - transferência de umidade lixiviado; entre as células; - estabelece as condições de - quantidade de água que umidade em cada célula. chega até os drenos de lixiviado. Degradação do resíduo - contaminação produzida pela - cargas de contaminantes biodegradação da matéria orgânicos biodegradáveis e orgânica do resíduo. não biodegradáveis no lixiviado; - concentrações de DQO e DBO; - volume e composição do biogás gerado diariamente. Fonte: Lobo, 2003 apud Borba, 2006. Além do cálculo das vazões de líquidos lixiviados e do registro instantâneo da umidade nas células, que possibilita a avaliação do nível interno de líquidos em células predeterminadas, o modelo simula a degradação dos RSU, estimando a composição do líquido lixiviado, o volume e a composição do biogás gerado. Os dados de entrada, necessários para a realização das simulações, são divididos em quatro blocos independentes: . Produção de RSU Î onde são armazenados os parâmetros que caracterizam os RSU que chegam ao aterro, tais como, produção total, composição gravimétrica, propriedades dos resíduos (umidade, densidade e poder calorífico), crescimento das 47 taxas de produção, proporção de recicláveis, biodegradáveis e composição química. A partir destes dados calcula-se a evolução anual da quantidade de resíduos produzidos, sua composição e características. . Morfologia do aterro Î com todos os dados necessários para a realização das simulações os quais se referem à disposição geométrica do aterro (topografia da área do aterro, situação de cada célula, ordem de enchimento) e as características de discretização (dimensão horizontal das células, espessura da cobertura, tipologia das células e posição dos drenos). . Climatologia Î onde são armazenadas as séries temporais das variáveis climatológicas como precipitação horária, temperatura média diária, radiação solar média diária,velocidade do vento e umidade relativa do ar diária. . Parâmetros de cálculos para simulação Î que contêm tanto os que governam os modelos teóricos utilizados (permeabilidade, capacidade de campo, umidade, densidade etc) como aqueles que controlam a simulação propriamente dita (data de inicio e de fechamento, raio de influência dos drenos etc). Os três primeiros blocos podem ser denominados “parâmetros reais” e neles são resumidos todos os parâmetros físicos que o modelo precisa para simular o comportamento do aterro. O quarto bloco se refere aos “parâmetros de simulação” que permitem ajustar os valores calculados aos obtidos nas medições reais (Borba, 2006). 2.9.2.2. Modelo Help. O modelo HELP (Hydrologic Evaluation of Landfil Performance), desenvolvido por Schroeder et al. (1994), vem se destacando como modelo determinístico recomendado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (United States Environmental Protection Agency – US EPA) para modelagem hidrológica em ambientes complexos, como é o caso dos aterros de resíduos. É um modelo computacional que executa simulações do fluxo da água através dos aterros sanitários, baseado no balanço hídrico, 48 e fornece resultados que permitem determinar a quantidade de percolado produzido pelo aterro e avaliar a eficiência da camada de cobertura na redução da sua produção. O HELP é um modelo de camadas, o que significa que o aterro é dividido, e, para cada camada, faz-se o cálculo do balanço hídrico. Uma camada é um elemento indivisível, homogêneo e infinito. Trata-se de um modelo quasi-bidimensional porque a água passa das camadas superiores às inferiores, ou seja, percola verticalmente, e algumas camadas permitem uma perda lateral de água, ou seja, drenagem lateral (Simões et al., 2005). O HELP calcula o balanço hídrico levando em conta a capacidade de campo de um solo ao estimar o acúmulo de água em uma das suas camadas, o tempo decorrido entre a ocorrência da precipitação e a geração do percolado, que ocorre quando este transpassa a camada de resíduos, e a descarga de líquidos percolados. No modelo HELP a massa de resíduos é considerada um solo artificial e os parâmetros relativos ao solo são constantes e independentes das variações climáticas, durante todo o período da simulação. O HELP utiliza as condições climáticas e permite a entrada de dados referentes à área do aterro, ao sistema de drenagem, tais como, declividades dos taludes e distâncias máximas entre os drenos laterais, dados do sistema de cobertura, descrição e espessura das camadas de solo e resíduos, percentual utilizado na recirculação do percolado, infiltrações subsuperficiais, características do solo (capacidade de campo, ponto de murcha, condutividade hidráulica saturada, porosidade) e da geomembrana (densidade, defeitos de instalação, condutividade hidráulica saturada, espessura, transmissividade) (Schroeder et al., 1994). Em seu estudo a respeito do balanço hídrico em aterro sanitário por meio de lisímetros de grandes dimensões, Barros (2004) constatou que dos três métodos usados no trabalho para avaliar o volume de percolados medidos nos lisímetros, o modelo HELP foi o que apresentou melhores resultados em comparação com os obtidos nos ensaios. O HELP já foi bastante testado, sob diferentes condições, e obteve sucesso. No entanto, apresenta algumas limitações, tais como o fato de não considerar as contribuições de líquidos provenientes das reações de degradação do resíduo, subestimando o volume do percolado gerado. Como existem poucos dados físicos para a caracterização do resíduo, o seu processo de biodegrabilidade é desconsiderado pela simulação do HELP. Os efeitos da capilaridade na taxa de fluxo também não são considerados, o que significa que a drenagem não saturada ocorre a partir do momento em que a umidade da camada alcança a capacidade de campo. O HELP assume um fluxo uniforme de água, não 49 levando em conta a existência de caminhos preferenciais que podem levar ao aumento da permeabilidade, tais como eventuais trincas no solo causadas por impacto de caminhões pesados e tratores. O fluxo dos bolsões de gás comuns no interior dos aterros de resíduos, outro caminho preferencial, também é desconsiderado (Schroeder et al., 1994). Processos que o HELP considera possíveis de ocorrer: . Superficiais Î interceptação das águas pluviais pela vegetação de cobertura, armazenamento de água na superfície do aterro, escoamento superficial e evaporação; . Subsuperficiais Î infiltração, capacidade de armazenamento de água das camadas do aterro, evaporação da água contida no solo, transpiração das plantas, drenagens laterais subsuperficiais, drenagem vertical em camadas não-saturadas e vazamentos através das camadas de solos, geomembranas ou “liners”compostos. Dados de entrada que o modelo HELP usa para fazer as simulações (Schroeder et al., 1994): . Processos hidrológicos no interior do maciço: dados relativos à geometria e ao material das camadas formadoras do aterro. Quando ocorrem diferenças consideráveis na geometria superficial e no subsolo, ao longo da área total, faz-se necessário seu desmembramento com a criação de diferentes setores ou perfis dos aterros. Os perfis incluem várias combinações de vegetação, cobertura, camadas de resíduos, camadas de drenagem lateral, barreiras e geomembranas. Cada perfil é analisado separadamente e para a obtenção do resultado total, deve-se agregar os resultados individuais. Para cada projeto é possível construir ou modificar o perfil do aterro, adicionar, editar ou apagar camadas. 50 Dados requeridos para a montagem dos perfis: A camada de cobertura e as demais camadas do perfil do aterro devem ser especificadas como uma camada de percolação vertical, de drenagem lateral, barreira de solo ou geomembrana, dependendo da função e das propriedades hidráulicas. Na Tabela 2.8 são apresentados os quatro tipos de camadas considerados no HELP. Tabela 2.8 – Tipos de camadas consideradas pelo modelo HELP. Tipo de camada Percolação Vertical Características hidráulicas Nesta camada o fluxo é estritamente vertical (descendente devido à gravidade e acendente devido à evapotranspiração). A condutividade hidráulica varia entre 10-5 e 10-6 cm/s Camada que faz parte do sistema de drenagem Drenagem superficial e é projetada para conduzir a água, Lateral lateralmente, tendo a função de restringir a drenagem vertical. Tem alta permeabilidade, geralmente >10-4 m/s. É permitida a drenagem lateral para o sistema de coleta, por exemplo, drenos subsuperficias na cobertura. A camada por baixo normalmente é uma barreira de solo. As barreiras de solo apresentam baixas Barreira de permeabilidades, normalmente são constituídas Solo de argila compactada (CCL) ou argila geossintética (GCL). A camada barreira de solo geralmente tem uma condutividade hidráulica entre 10-8 e 10-9 m/s. Geomembrana As geomembranas podem ser de vários tipos e reduzem a área onde é possível a infiltração. O programa considera defeitos na instalação, pequenas fissuras etc, pois permitem uma percolação via vapor de difusão. A condutividade hidráulica é superior a 10-9 m/s. Fonte: US EPA, 1994 apud Sobrinho, 2000. 51 Exemplos Cobertura vegetal, camada de coleta de gás e camada de lixo. Solos granulares ou materiais geossintéticos. Argila compactada, argila geossintética. PVC (polivinil clorado), 1,0 mm de espessura; PEAD (polietileno de alta densidade), 1,0 mm de espessura e PEAD texturizada, 2,5 mm de espessura. Para cada camada os valores dos parâmetros podem ser fornecidos da seguinte forma: Diretamente Î o usuário insere os valores do armazenamento de água no solo, porosidade, capacidade de campo, ponto de murcha e condutividade hidráulica saturada. Através de um banco de dados Î o programa possui um banco de dados padrão (default) para os parâmetros do solo. Estes são classificados segundo o Departamento de Agricultura Americano e pelo Sistema de Classificação Universal . Processos hidrológicos externos: dados climáticos, além das especificações do projeto para realizar as análises. Climáticos Î é necessário ao menos um ano de dados dos totais diários e mensais de precipitação, médias diárias e mensais da temperatura, velocidades médias do vento, radiação solar, umidade relativa, crescimento vegetal e evapotranspiração. É necessário escolher uma localidade que esteja presente no banco de dados “WHI Weather Generator” do modelo ou então inserir os dados, que podem ser digitados ou importados de um arquivo no formato padrão, para o período em estudo. O “WHI Weather Generator” também gera estatisticamente até cem anos de dados climáticos para se utilizar como entrada. Dentre as medidas estatísticas calculadas, estão o coeficiente de variação, que mede percentualmente a relação entre o desvio padrão e a média aritmética, e a distribuição gama com dois parâmetros, uma distribuição de freqüências que pode ser útil no estudo de dados climatológicos, principalmente no estudo das precipitações pluviométricas. Para o cálculo da evapotranspiração, o HELP necessita, além da precipitação e da temperatura, da localização do aterro (cidade, país e latitude), da média anual da velocidade dos ventos, da média da umidade relativa ao longo do ano dividida em quartos e dos seguintes parâmetros: Profundidade da zona de evaporação Î é a profundidade máxima em que a água pode ser removida por evapotranspiração e para estimá-la é preciso considerar o tipo de 52 solo e a vegetação. O tipo de solo determina a profundidade que a água pode percolar por capilaridade, enquanto que o tipo da vegetação determina a profundiade das raízes. Para um solo nú, a profundidade da zona de evaporação deve ser especificada como sendo a do próprio solo. Quando existe vegetação, a profundidade da zona de evaporação é, no mínimo, igual a profundidade média alcançada pelas raízes das plantas. Para o cascalho pode ser considerada uma faixa de profundidade da zona de evapotranspiração entre 2 e 10 cm, para solos arenosos, entre 10 e 20 cm, para siltes, entre 20 e 46 cm, e para solos argilosos de 30 cm a 1,50 m (Schroeder et al., 1994). Índice de área foliar (IAF) Î trata-se de um valor adimensional que relaciona a área da folhagem, onde acontece a transpiração da planta, com a área do solo ocupada. O IAF máximo para solo nú é zero. Para solo com grama ou vegetação rala, é considerado um IAF igual a 1,0; quando a grama ou vegetação apresenta-se em estado de qualidade mediana, é considerado um IAF igual a 2,0; para grama ou vegetação em bom estado é considerado um valor de IAF de 3,5; e para grama ou vegetação densa, em excelente estado, é considerado um IAF igual a 5,0. Datas do início e do final da estação de crescimento Î são determinadas a partir das temperaturas médias diárias e da espécie das plantas. No clima tropical úmido, as gramíneas estão presentes durante todo o ano, já que a variação da temperatura não impede que isso ocorra. Sendo assim, o início da estação de crescimento corresponde ao primeiro dia juliano e o término ao último, dia 365. Os dias Julianos são contados sem ser considerada a divisão em meses, ou seja, o primeiro dia juliano é o dia de número 1 e o último é o dia de número 365. 2.9.3. Comparações entre alguns métodos e modelos utilizados para a estimativa de percolados. A Tabela 2.9 apresenta a comparação entre os métodos Suíço e do Balanço Hídrico e os modelos computacionais Moduelo 2 e Help, considerando as limitações apresentadas por cada um. 53 Tabela 2.9 - Comparação entre métodos e modelos utilizados para a estimativa de percolados em aterros de resíduos sólidos urbanos. Características Dimensão Precipitação Método Suíço Balanço Hídrico Moduelo 2 1D 1D 3D Quase 2D x x x x x x x x x Temperatura Velocidade do vento Radiação Solar x Insolação x Umidade relativa x Interação com a atmosfera Camadas de resíduos Help x x Camadas de solo x x x x x x x Geossintéticos x Sistema de drenagem x x x x Fluxo Horizontal x x Histórico do aterro x Simulação em operação x Fluxo Vertical Simulação pós- x x x x x x fechamento Degradação dos resíduos x Previsões de longo prazo x Fonte: Ferreira (2006). 54 x CAPÍTULO 3 – CARACTERÍSTICAS DO ATERRO DE GRAMACHO 3.1. Localização e histórico. O Aterro Metropolitano de Gramacho, considerado o maior da América Latina em termos de volume de lixo recebido, está localizado no município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, no bairro de Jardim Gramacho, numa área de manguezal, às margens da Baía de Guanabara. O município de Duque de Caxias limita-se ao Norte com Petrópolis e Miguel Pereira; a Leste com a Baia da Guanabara e Magé; ao Sul com a cidade do Rio de Janeiro e a Oeste com São João de Meriti, Belford Roxo e Nova Iguaçu. O aterro está situado na latitude de 22º44’S e no meridiano 43º16’W. Na Figura 3.1 está assinalada a localização do aterro de Gramacho, numa imagem do satélite Landsat. Este satélite foi desenvolvido pela Agência Espacial Americana e contribui para o mapeamento da superfície terrestre. Fonte: Silva (2005). Figura 3.1 - Localização do aterro de Gramacho, através de uma imagem do satélite Landsat. O aterro de Gramacho foi construído sobre uma região de mangue constituída por sedimentos argilosos e siltosos, de coloração cinza escuro e com grande teor de matéria orgânica. O lençol freático na região é raso e em períodos chuvosos chega à superfície do terreno. 55 Viabilizado pelo governo estadual, no âmbito da extinta FUNDREM, o aterro foi implantado em novembro de 1976 através de um convênio entre a COMLURB e os municípios de Duque de Caxias e Nilópolis. Em 1991 foi feito um convênio entre a COPPE/UFRJ e a COMLURB, visando a elaboração de um projeto completo de operação e recuperação da área do aterro de Gramacho, o qual encontra-se no Relatório Técnico COPPETEC (1992), feito por Ehrlich et al.. Nesse estudo concluiu-se que o solo de base do aterro é essencialmente constituído por argila mole orgânica que possui um índice de permeabilidade baixa, na ordem de 10-7 cm/s. Este resultado justificou e norteou a recuperação técnica da área do aterro, já que o solo existente é favorável à contenção de líquidos, não permitindo o extravasamento do lixiviado pelo seu fundo. Uma vez confirmada a viabilidade técnicoeconômica do Projeto de Recuperação do Aterro Metropolitano de Gramacho, adotaram-se soluções técnicas para transformar Gramacho num aterro sanitário, tais como a construção de uma barreira periférica que impediria o extravasamento do chorume que escorria pelas laterais do aterro e costumeiramente atingia o manguezal do entorno do aterro. Nesse mesmo ano, a recuperação do aterro foi incluída no Programa de Despoluição da Baía de Guanabara. A Baía de Guanabara e sua bacia hidrográfica constituinte formam um ecossistema muito importante, não somente para a cidade do Rio de Janeiro, como também para as do seu entorno. Devido à concentração populacional, ao crescimento urbano desordenado e aos processos industriais, esse ecossistema tem sido bastante poluído ao longo dos anos, sendo que o seu problema mais grave reside no lançamento de esgotos domésticos e de lixo, conseqüências da ausência de uma infra-estrutura adequada de saneamento básico. Em 1995 a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro decidiu realizar os serviços necessários ao desenvolvimento de um amplo programa de recuperação do aterro de Gramacho e para isso foi contratada por licitação uma empresa que, além de operar o aterro, promovesse a sua recuperação. No início de janeiro do ano 2000, foi iniciada a operação da estação de tratamento de chorume. Esse sistema é composto de equalização em lagoa, tratamento físico-químico de coagulação e clarificação e correção do pH, seguida de tratamento biológico aeróbio por lodos ativados. O polimento do lixiviado é obtido pelo processo de membranas de nanofiltração. Além da remoção da matéria orgânica medida como DBO e DQO, obtém-se excelente redução de amônia, da cor e da toxicidade do chorume. O efluente 56 tratado apresenta aspecto claro, sem odor e com as características físicoquímicas conforme as permitidas pela legislação ambiental regional (Giordano et al., 2002). Na Figura 3.2 é apresentada a lagoa de equalização do aterro de Gramacho, para a qual o chorume é conduzido após ser coletado através de um canal de drenagem periférico ao aterro. O chorume armazenado na lagoa é bombeado para uma peneira mecânica, onde os materiais sólidos finos são removidos, e depois alimenta o tanque de homogeneização. Figura 3.2 - Lagoa de equalização do aterro de Gramacho. Em julho de 2006 a Caenge Ambiental, sediada em Brasília, foi contratada pela COMLURB para operar e manter o Aterro Metropolitano de Gramacho. O contrato prevê, além da operação em si, os monitoramentos ambientais, topográficos e geotécnicos, visando um acompanhamento eficiente das condições do aterro. Além disso, está incluída a manutenção das avenidas que dão acesso ao aterro e dos 17 km de estradas internas, garantindo o tráfego dos veículos no aterro principalmente em situações de chuvas intensas. Atualmente Gramacho é a principal unidade para destino final de resíduos sólidos urbanos coletados na cidade do Rio de Janeiro e nos municípios da região 57 metropolitana, em especial Duque de Caxias, Queimados, Mesquita, Nilópolis e São João de Meriti. O aterro possui 1.300.000 m2 de área e sua localização visou atender, de maneira eqüidistante, aos principais centros urbanos dos municípios envolvidos. A altitude atual é de cota 45 m acima do nível do mar. De acordo com dados recentes fornecidos pela COMLURB, para o aterro de Gramacho são levadas, em média, 7.700 toneladas de lixo urbano por dia, sendo que 6.200 toneladas são provenientes do Rio e 1.500 toneladas dos outros municípios da sua região metropolitana. O aterro é dividido em três praças de vazamento: A primeira para carretas, a segunda para compactadores e caminhões, e a terceira para o lixo hospitalar. Segundo a CAENGE AMBIENTAL, a quantidade de chorume gerada é, em média, de 1.500 m³/dia. No aterro de Gramacho, a cobertura final é feita com argila de baixa permeabilidade, que reduz a infiltração das águas pluviais e conseqüentemente reduz o volume de chorume gerado. O aterro de Gramacho, assim como o de Gericinó, em Bangu, já se encontra com a vida útil tecnicamente esgotada. Em maio de 2008 a Comissão Estadual de Controle Ambiental concedeu o licenciamento prévio para a instalação do Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos do Rio (CTR-Rio) na Fazenda Santa Rosa, situada em Paciência, na zona oeste do Rio de Janeiro, que irá substituir os aterros mencionados acima. Depois que eles forem desativados sofrerão processos de encerramento, incluindo a cobertura total, regularização dos taludes e das vias internas, além da sua transformação em área para o uso público, e de manutenção, durante o período em que existe a responsabilidade pelo passivo ambiental. 3.2. Tipos de monitoramento. No aterro de Gramacho é feito o monitoramento topográfico e geotécnico, bem como o ambiental. 3.2.1. Monitoramento Topográfico e Geotécnico. Esse monitoramento é realizado através da inspeção visual e da leitura de instrumentos instalados no aterro, conforme é mostrado na Tabela 3.1. 58 Tabela 3.1 – Métodos utilizados para o monitoramento topográfico e geotécnico do aterro de Gramacho. Método Função Freqüência de Leitura Inclinômetros Identificar deslocamentos horizontais do maciço. Semanal nos trechos de operação. Quinzenal nos demais trechos. Marcos Superficiais Identificar deslocamentos e recalques do maciço. Duas vezes por semana. Inspeção Visual Identificar ocorrência de trincas, estufamentos, afundamentos, deslocamentos de estradas e valas e quaisquer outros sinais de movimento de massa. Diárias nos trechos de operação. Semanal nos demais trechos. Fonte: Adaptado de Monteiro (2006). As Figuras 3.3 e 3.4 mostram funcionários do aterro de Gramacho efetuando a leitura de um inclinômetro e realizando um acompanhamento topográfico, respectivamente. Figura 3.3 – Inclinômetro Figura 3.4 – Acompanhamento topográfico Fonte: http://www.caenge.com.br/texto_aterro.html Segundo a Caenge Ambiental, no aterro de Gramacho uma equipe técnica realiza leituras periódicas dos equipamentos de monitoramento topográfico e geotécnico (marcos e inclinômetros). Os resultados são repassados à Caenge, que define as áreas que podem receber a disposição de resíduos com o mínimo comprometimento da estabilidade dos maciços. Em função do monitoramento geotécnico, as áreas e cotas a serem atingidas pelo vazamento dos resíduos são previamente planejadas e mudam de localização em períodos que variam entre dez a quinze dias, distribuindo uniformemente o peso pelas regiões do aterro, visando, dessa forma, evitar carregamentos concentrados. Além disso, em função da necessidade de prolongar a vida do aterro, a operadora vem implantando sistemas pontuais de drenagem do percolado e das águas pluviais, para 59 maior estabilidade, que são executados na medida em que o aterro avança, de modo a manter a massa de lixo não saturada. O mesmo é feito em relação aos gases gerados, sendo esta medida importante para aliviar as pressões internas causadas pelo biogás. Coberturas vegetais têm sido intensificadas em todos os taludes, de forma a evitar processos erosivos que possam desestabilizar o maciço. 3.2.2. Monitoramento Ambiental. O monitoramento ambiental é um processo de coleta de dados, estudo e acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais, visando identificar e avaliar qualitativa e quantitativamente as condições dos recursos naturais em um determinado momento, assim como as tendências ao longo do tempo. Fornece informações sobre os fatores que influenciam no estado de conservação, preservação, degradação e recuperação ambiental. No aterro de Gramacho é feito de forma a atender aos órgãos de controle ambiental e à legislação vigente. A Tabela 3.2 apresenta a descrição e a freqüência com que esse controle é feito. Tabela 3.2 – Descrição e freqüência do monitoramento ambiental do aterro de Gramacho. Monitoramento Descrição Coleta de amostras à jusante e à montante do aterro, Corpos Hídricos (Rio Sarapuí; Rio Iguaçu; Baía da realizando análises laboratoriais contendo: DBO, DQO, Oxigênio dissolvido, Nitrogênio amoniacal, Sólidos Guanabara) em suspensão total e Sólidos em Suspensão Voláteis. Freqüência Bimestral Estação de Tratamento de chorume Monitoramento da estação de tratamento em cada uma das unidades que a compõem. Mensal Manguezal Equipe para manutenção de viveiro e replantio das espécies nativas além de ações sistemáticas de limpeza. Diária Particulados sólidos Avaliar quantitativamente poeiras totais e sílica livre cristalizada nas áreas de circulação de veículos, utilizando bomba de amostragem de ar. Monitoramento e ações de controle realizados pela Gerência de Pesquisas da COMLURB. Bimestral (no verão) Controle de Vetores de Transmissão de Enfermidades Semestral Bimestral (no verão) Estação Pluviométrica Avaliar o comportamento hídrico da área do aterro e na contribuição para geração do percolado. Fonte: Monteiro (2006). 60 Diária Em toda a volta do aterro de Gramacho há uma rede de 5,5 km de canaletas que captam e conduzem o percolado para a lagoa de equalização, de onde é bombeado para a Estação de Tratamento de Chorume que promove, ao final do processo, uma redução da carga orgânica do chorume, permitindo que seja despejado na baía da Guanabara sem danos para o meio ambiente. Além disso, na lagoa de equalização, duas bombas de água e quatro canhões movimentam o chorume por aspersão, resultando na evaporação de cerca de 20% do percolado bombeado. Outra parte é recirculada dentro do aterro, através de caminhões-pipas que irrigam as pistas de serviço evitando o levantamento do particulado sólido gerado pela movimentação dos veículos. No aterro também é feita a evaporação do líquido, utilizando o biogás, que é volatilizado a partir da fermentação do próprio chorume. O manguezal no entorno do aterro está sendo recuperado com o plantio de mudas de espécies nativas. Aves e caranguejos voltaram a freqüentar o mangue e uma espécie de gramínea se prolifera nas áreas próximas da estrada da cota dois (os primeiros dois metros acima do nível do mar), delimitada por árvores que, em alguns trechos, já formam um túnel. Um cinturão de manguezal saudável é o melhor indicador da não-poluição dos corpos hídricos adjacentes. No total foram recuperados 150 hectares de manguezal, dos quais 50 hectares foram replantados e 100 hectares se auto-regeneraram. Foi construída ainda uma cerca de proteção, nas margens da Baía da Guanabara, para impedir a entrada do lixo que chega flutuando pela baía com o movimento das marés. A empresa operadora do aterro realiza o monitoramento da qualidade do ar e dos corpos hídricos do entorno do aterro, com coleta de água da baía e dos rios Sarapuí e Iguaçu, em seis pontos distintos (CAENGE AMBIENTAL). Nas Figuras 3.5 e 3.6 são mostradas uma parte do manguezal no entorno do aterro de Gramacho e a cerca de proteção mencionada acima, respectivamente. Figura 3.5 - Manguezal do aterro. Figura 3.6 - Cerca de proteção. 61 3.3. Clima. As cidades do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias, onde o aterro se encontra, estão situadas na região sudeste do Brasil, entre o equador e o Trópico de Capricórnio. Elas têm o seu clima definido, segundo a Classificação Climática de Köppen adaptada ao Brasil, como tropical, com máximo de chuva no outono e estação seca coincidindo com o inverno. As Normais Climatológicas são obtidas através do cálculo das médias de parâmetros meteorológicos, obedecendo aos critérios recomendados pela OMM. Essas médias se referem a períodos padronizados de trinta anos, sucessivamente, de 1901 a 1930, 1931 a 1960 e 1961 a 1990. Como no Brasil, somente a partir de 1910 começaram a ser feitas as observações meteorológicas, o primeiro padrão possível de ser calculado foi o de 1931 a 1960. No entanto, o INMET conseguiu calcular as Normais de 1912 a 1942 para algumas estações meteorológicas que possuíam dados desse período. A Tabela 3.3 apresenta as Normais Climatológicas do Rio de Janeiro referentes ao período de 1973 a 1990, estação do Aterro de Flamengo, situada na latitude de -22º55`S e no meridiano -43º10`W. Tabela 3.3 – Normais Climatológicas da estação do Aterro de Flamengo. Elemento Pressão JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANO 1011,3 1012,1, 1012,5 1014,8 1016,3 1018,7 1019,6 1018,3 1017,5 1014,7 1012,8 1011,3 1011,3 26,2 26,5 26,0 24,5 23,0 21,5 21,3 21,8 21,8 22,8 24,2 25,2 23,7 29,4 30,2 29,4 27,8 26,4 25,2 25,3 25,6 25,0 26,0 27,4 28,6 27,2 23,3 23,5 23,3 21,9 20,4 18,7 18,4 18,9 19,2 20,2 21,4 22,4 21,0 atmosférica (hPa) Temperatura média (oC) Temperatura máxima (oC) Temperatura mínima (oC) Precipitação 114,1 105,3 103,3 137,4 85,6 80,4 56,4 50,5 87,1 88,2 95,6 169,0 1172,9 total (mm) Evaporação 111,8 103,9 104,8 92,2 90,6 84,2 103,2 102,6 97,4 98,2 104,0 106,5 1198,6 79 79 80 80 80 79 77 77 79 80 79 80 79 196,2 207,0 195,6 166,0 171,4 157,2 182,5 178,4 136,9 158,5 168,7 160,1 2078,5 total (mm) Umidade Relativa (%) Insolação total (horas e décimos) Fonte: INMET (1992). 62 No Brasil, para o cálculo das temperaturas e umidades relativas médias diárias, são usadas as equações 3.1 e 3.2, respectivamente: B T = T12 + 2 . (T00) + Tmax + Tmin 5 (3.1) Onde: T12 = temperatura do ar às 12 TMG (°C) T00 = temperatura do ar às 00 TMG (°C) Tmax = temperatura máxima do ar (°C) Tmin = temperatura mínima do ar (°C) BB UR = UR12 + UR18 + 2 .UR00 (3.2) 4 Onde: UR12, UR18 e UR00 = Umidade relativa às 12, 18 e 00 TMG, respectivamente Abaixo serão abordados alguns elementos do clima em relação à região onde se encontra o aterro de Gramacho. 3.3.1. Temperatura do ar. A região Sudeste é cortada em sua parte meridional pelo Trópico de Capricórnio, o que lhe confere caráter nitidamente tropical do ponto de vista climático. O relevo, porém, atenua, em amplas áreas, as condições térmicas decorrentes da localização geográfica dessa região. Os efeitos combinados da latitude (o sudeste se estende aproximadamente entre 15ºS e 25ºS), da forma e disposição do relevo e ainda da maior ou menor continentalidade, criam situações bastante diferenciadas quanto à variação das temperaturas. As características da circulação atmosférica regional, muito marcadas pela ação dominante da massa de ar tropical atlântica e da polar atlântica, acentuam ainda mais essas diferenças. As temperaturas do ar das cidades do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias são típicas das áreas litorâneas tropicais. As médias mensais situam-se sempre acima de 20,0°C. As 63 temperaturas são elevadas no verão, podendo ultrapassar 40,0°C. No inverno as temperaturas são amenas, exceto nas situações pré-frontais ou quando ocorre um bloqueio atmosférico por vários dias impedindo a entrada das frentes frias, quando podem ocorrer máximas acima de 30,0°C. 3.3.2. Precipitação. Nas cidades do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias no verão as chuvas são principalmente de origem convectiva, provenientes das nuvens Cumulonimbus que são formadas geralmente a partir da tarde, em função do intenso calor comum nessa estação, o que provoca uma grande evaporação da água da superfície. As chuvas são intensas, normalmente de curta duração e acompanhadas por grande quantidade de descargas elétricas. Já foram observadas num intervalo de 24 horas precipitações superiores a 100 mm, acarretando inundações, principalmente nos locais mais baixos. Os meses de inverno são os mais secos. As chuvas desta estação são principalmente de origem frontal, em conseqüência da passagem das frentes frias originárias do extremo sul do continente e geralmente de fraca intensidade, embora se estendam por um período de dois a quatro dias. A região de Duque de Caxias é uma das áreas de maior pluviosidade do Estado do Rio de Janeiro devido à presença da Serra do Mar que forma uma barreira natural para a entrada dos ventos úmidos. 3.3.3. Umidade do ar. O Clima Tropical úmido das cidades do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias apresenta grande influência da maritimidade. O Oceano Atlântico funciona como um poderoso regulador térmico, comprimindo as amplitudes térmicas anuais, e, ao mesmo tempo, fornecendo ao continente substancial suporte de água para a baixa atmosfera. 3.3.4. Evaporação. O aterro de Gramacho devido a sua posição latitudinal está localizado na zona tropical e submetido à forte radiação solar. Esta, por sua vez, cria melhores condições à evaporação, uma vez que nesse processo é empregado calor, sendo tanto mais ativa quanto maior o calor disponível a ser empregado no seu processamento. Outra pré 64 condição necessária à evaporação é a existência de superfícies líquidas. Estando o aterro às margens da Baía de Guanabara, fica evidente que ele possui uma superfície à disposição de intenso processo de evaporação. 3.3.5. Vento. Nas cidades do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias na maior parte do dia predominam os ventos do quadrante norte devido à Alta Subtropical do Atlântico Sul. Geralmente no final da manhã se estabelece um vento que sopra do mar, alcança sua intensidade máxima no começo da tarde, diminui progressivamente e cessa à noite. A intensidade desse vento, denominado brisa marítima, é maior em dias quentes, podendo ser fraca sob condições de nebulosidade. A causa básica da brisa marítima é a diferente razão de aquecimento das superfícies do mar e da terra, causada pela radiação solar. À noite, podem se estabelecer nas camadas baixas, brisas terrestres dirigidas da terra para o mar que são o resultado do resfriamento noturno pela radiação que atua mais rapidamente sobre o solo do que sobre o mar. Os ventos nessas cidades, com a aproximação e passagem das frentes frias, giram de nordeste para noroeste e para oeste. Na área frontal, continuam a girar para sudoeste e depois para sudeste, no sentido anti-horário. 65 CAPÍTULO 4 – COLETA DE DADOS METEOROLÓGICOS Para se fazer o monitoramento de alguns elementos meteorológicos no local do aterro de Gramacho e o cálculo do balanço hídrico, foi instalada uma estação meteorológica automática MAWS modelo 101 no Aterro Metropolitano de Gramacho. 4.1. Estação Meteorológica Automática MAWS. A Estação Meteorológica Automática MAWS, da Vaisala, é básica e considerada apropriada para o monitoramento meteorológico em tempo real, assim como para o armazenamento de dados por aproximadamente três meses, dependendo do número de elementos monitorados, e a sua transferência para um computador conectado a ela através de cabos. Essa estação, com baixo consumo de energia, tem uma fonte interna para suprir as necessidades do sistema. Um painel solar é utilizado como fonte de alimentação externa sendo usadas também baterias reservas. Devido à sua estrutura compacta e leve, pode ser instalada de forma rápida e fácil, sem grandes fundações de concreto. No aterro de Gramacho a estação foi instalada num gramado na área da Estação de Tratamento de Chorume através de um tripé que foi preso ao solo com vergalhões. Na Figura 4.1 está assinalado o local da Estação de Tratamento de Chorume onde foi instalada a estação meteorológica, mostrada na Figura 4.2. Fonte: www.resol.com.br Figura 4.1 – Estação de Tratamento de Chorume do Aterro de Gramacho 66 Figura 4.2 – Estação Meteorologica MAWS instalada no Aterro Metropolitano de Gramacho O programa de configuração da estação, o MAWS Lizard, fornece procedimentos de configuração básicos e diretos. Entretanto, se necessário, os parâmetros podem ser modificados posteriormente pelo usuário. O programa tem uma interface gráfica com ícones, menus auxiliares e suspensos, e caixas de diálogos. O usuário não precisa ter nenhum conhecimento anterior de linguagens de programação. Na Figura 4.3 é apresentada a interface gráfica da estação MAWS, o YourVIEW, que oferece uma apresentação no monitor do computador, em tempo real, dos elementos medidos e calculados. Figura 4.3 – Software de interface gráfica YourVIEW 67 4.1.1. Sensores da Estação Meteorológica Automática MAWS. Os sensores são os responsáveis pela medição das variáveis. Cada sensor da estação é fornecido com um cabo e/ou conectores para facilitar a sua instalação. Todos os componentes se encaixam facilmente e sem necessitar de ferramentas especiais. A precisão dos sensores é assegurada por uma unidade de processamento central de 32 bits, por um conversor de 16 bits e por um programa avançado de validação e controle de qualidade de dados. Para esse estudo foram monitorados os seguintes elementos: Temperatura, umidade relativa do ar, pressão atmosférica, radiação solar global, precipitação, e direção e intensidade do vento, cujos sensores serão descritos a seguir, segundo VAISALA (1999). Foi necessário fazer visitas freqüentes à estação para efetuar manutenção, principalmente em termos de limpeza dos sensores, visto que no aterro de Gramacho há muita poeira e o seu acúmulo sobre os sensores pode alterar as medidas dos elementos. 4.1.1.1. Pressão atmosférica. O sensor possui célula capacitiva de silício que na realidade é um aneróide miniatura. A extensão da deformação é medida pela capacitância entre dois eletrodos. Encontra-se no interior da caixa selada da estação meteorológica, mas possui comunicação externa, que permite a medição da pressão atmosférica. É indicado para a medição de pressões atmosféricas entre 600 a 1100 hPa (hectopascal), com precisão de ±0,3 hPa. 4.1.1.2. Precipitação. A Organização Meteorológica Mundial recomenda que o pluviômetro mantenha-se em local livre, em distância igual ou superior a quatro vezes a altura de eventuais obstáculos. A área de captação da precipitação deverá estar posicionada em plano horizontal a uma altura de 1,5 m. A unidade de medida é mm/h. 4.1.1.3. Temperatura e Umidade Relativa do ar. O sensor de temperatura é uma termo-resistência. Tem capacidade para medir temperaturas num intervalo de -40°C a +60°C, com precisão de ±0,3°C. A medida da umidade relativa é realizada medindo-se a capacitância do elemento sensor. A capacitância muda com a umidade relativa porque o vapor d´água é absorvido pelo 68 polímero do elemento sensor. O circuito eletrônico dentro do cabeçote da sonda emite um sinal de tensão proporcional à umidade da medida. Mede na faixa de 0 a 100%, com precisão de ±2% (0 a 90%) e ±3% (90 a 100%). Os dois sensores conjugados são protegidos por um mini abrigo meteorológico na cor branca, naturalmente ventilado, que fornece a necessária proteção contra a radiação solar e a precipitação pluviométrica. Esse abrigo evita a exposição direta dos elementos sensores aos raios solares e à chuva, além de garantir a livre circulação do ar permitindo um equilíbrio com a atmosfera a sua volta. Esse conjunto sensor deve ser instalado no lado oposto do sensor de radiação. Suas unidades de medida são: Temperatura Î ºC (graus Celsius) e Umidade Relativa Î % (porcentagem). Na Figura 4.4 são mostrados o pluviômetro e o abrigo meteorológico da estação instalada no aterro de Gramacho. Figura 4.4 – Pluviômetro e abrigo 4.1.1.4. Radiação solar global. A radiação solar global é medida por um radiômetro específico denominado Piranômetro, mostrado na Figura 4.5. Deve ser instalado em suportes que garantam seu perfeito nivelamento e em locais abertos sem a presença de sombras, obstáculos e áreas reflexivas. No Hemisfério Sul é recomendada a instalação do instrumento na face norte, 69 minimizando a possibilidade de sombras de sensores ou estruturas da estação meteorológica. Esta variável não é dependente da altura do instrumento, mas recomenda-se instalação entre 1,5 m e 2 m de altura. Sua unidade de medida é W/m². Figura 4.5 – Piranômetro 4.1.1.5. Direção e velocidade do vento. O sensor monitora a velocidade de ventos de 0,5 à 60 m/s, com precisão de ±0,3 m/s. A direção do vento é detectada usando um potenciômetro de rotação simétrica axial com dois lados, fornecendo ampla varredura de 0 a 360º, com precisão < ±3º . Sensores de vento, mostrados na Figura 4.6, devem ser instalados em área livre, acima do nível do terreno ao seu redor, com distância horizontal 10 vezes superior à altura do obstáculo. Em alguns casos a distância horizontal pode ser reduzida para 3 vezes sua altura, sendo que valores inferiores a estes inviabilizam por completo a representação do fenômeno. Suas unidades de medida são: Velocidade do vento Î m/s e Direção do vento Î ° (graus). 70 Figura 4.6 – Sensores para a medição do vento No presente estudo foram utilizados também dados meteorológicos fornecidos pela REDUC, situada em Duque de Caxias e distante aproximadamente 5 km do Aterro Metropolitano de Gramacho, cuja foto é mostrada na Figura 4.7, e informações de precipitação obtidas através do pluviômetro tipo “Ville de Paris”, já instalado no atero. Figura 4.7 – REDUC vista do Aterro Metropolitano de Gramacho 4.2. Pluviômetro tipo “Ville de Paris”. 71 Destina-se à captação e acumulação de chuva para posterior medição com uma proveta graduada. O modelo é o de uso mais tradicional e generalizado do Brasil. Consiste em um aro circular de captação com 400 cm2, dotado de um cone coletor, encimando um recipiente com capacidade de acumulação de cerca de 5 litros. O corpo é construído em chapa de aço inoxidável, com 630 mm de comprimento. Um par de braçadeiras faz a fixação do pluviômetro à estaca. A capacidade de acumulação do pluviômetro em termos de altura de precipitação é de 125 mm. São utilizadas para a leitura duas provetas de vidro que serão descritas no item 6.1. Na Figura 4.5 está indicado o pluviômetro existente no Aterro de Gramacho e pertencente à COMLURB. Figura 4.8 – Pluviômetro existente no Aterro Metropolitano de Gramacho Uma vez apuradas e criticadas as informações meteorológicas obtidas a partir das diferentes fontes, procedeu-se à análise para verificar se foram seguidos os procedimentos padronizados pela Organização Meteorológica Mundial para as observações meteorológicas. 72 Na Figura 4.9 estão indicadas as localizações da estação Meteorológica MAWS (à esquerda) e do pluviômetro pertencente à COMLURB (à direita). Fonte: www.rio.rj.gov.br/comlurb. Figura 4.9 – Localização no Aterro Metropolitano de Gramacho da estação Meteorológica MAWS e do pluviômetro pertencente à COMLURB 73 CAPÍTULO 5 – CÁLCULO DO BALANÇO HÍDRICO UTILIZANDO OS MÉTODOS DE THORNTHWAITE E O MODELO NUMÉRICO HYDROLOGICAL EVALUATION OF LANDFILL PERFORMANCE (HELP) 5.1. Métodos de Thornthwaite. Está apresentado no Anexo 1 deste estudo o cálculo do balanço hídrico do aterro de Gramacho, utilizando o método proposto por Thornthwaite em 1948, com a capacidade de água disponível (CAD) igual a 100mm, que é o valor usado para fins de classificação climática. Na Tabela 5.1 são apresentados os significados de cada coluna do Anexo 1 Tabela 5.1 – Significado das colunas do Anexo 1. COLUNA SIGNIFICADO 1 Meses do ano 2 Temperatura Î temperaturas médias mensais 3 Nomograma Î evapotranspiração potencial mensal obtida através do nomograma de Thornthwaite (Anexo 7) 4 Correção Î preenchida com os respectivos fatores de correção mensais (função do mês e da latitude do lugar), obtidos através de uma tabela de duração máxima possível de brilho solar no Hemisfério Sul 5 EP Îevapotranspiração potencial média em mm/mês, obtida através da multiplicação dos dados da coluna 3 pelos da coluna 4 6 P Î total de precipitação mensal 7 P – EP Î subtração dos valores da coluna 5 dos da coluna 6 8 ARM (Armazenamento) Î considera-se que os valores da água armazenada disponível na zona das raízes variam entre 0 e 100mm. Normalmente parte-se de 100 mm no mês em que o resultado da coluna 7 é positivo e superior a 100mmm ou no mês no qual a soma dos balanços dos meses anteriores é positiva e superior a 100 mm, o que ocorreu com os meses de maio e junho de 2007, visto que os meses anteriores climatologicamente são chuvosos 9 ALT (Alteração) Î indica a alteração dos valores da coluna 8. É a subtração algébrica dos milímetros de água disponível do mês em curso do valor do mês anterior 10 ER Î evapotranspiração real mensal. Nos meses em que há água disponível no solo (ARM > 0), é sempre igua a EP. Nos outros casos, é igual à soma de P com o módulo de ALT 11 DEF (Deficiência) Î deficiência hídrica. É sempre representada pelo valor EP - ER 12 EXC (Excesso) Î é o excesso hídrico. Só existe quando (P – EP) >0 e o ARM = 100. Neste caso, o EXC Será sempre = [(P- EP) – ALT] Fonte: Adaptado de Vianello e Alves (2002). 74 No Anexo 2 é apresentado o cálculo do balanço hídrico do aterro de Gramacho, utilizando o método aperfeiçoado por Thornthwaite e Mather em 1955 e utilizando a CAD igual a 100mm. Na Tabela 5.2 são apresentados os significados de cada coluna do Anexo 2. Tabela 5.2 – Significado das colunas do Anexo 2. COLUNA 1a7 SIGNIFICADO Idênticas ao Anexo 1 8 Negativo Acumulado Î coluna dos valores negativos acumulados da diferença P – EP. Inicia-se quando surge um valor negativo de P – EP. No primeiro mês em que se observa um valor negativo de P – EP, o valor da coluna é P – EP. O valor do Negativo Acumulado do mês seguinte será igual a soma do valor de P – EP desse mês com o valor de P – EP do mês anterior 9 ARM (Armazenamento) Î com o valor da coluna 8 consulta-se uma tabela que depende do valor de CAD e determina-se o ARM para cada mês. Quando ocorrer um valor positivo de P – EP, soma-se este valor ao ARM do mês anterior, obtendo-se o valor do ARM do mês em questão que, obviamente, não pode ser maior que CAD. Com esse valor de ARM, volta-se à tabela e, num processo inverso, determina-se o valor do Negativo Acumulado para o referido mês. Quando a soma de um valor positivo de P – EP de um determinado mês com o ARM do mês anterior for maior que o CAD, o ARM do mês será igual ao próprio CAD, o que indica que há excesso de água no referido mês 10 ALT (Alteração) Î é o ARM do mês em curso menos o ARM do mês anterior 11 ER Î evapotranspiração real. É igual à potencial, quando ARM é total (igual a CAD determinada) e quiando P – EP > 0, embora ARM não seja total. Nos casos em que P – EP < 0, ER é a soma das colunas 6 (P) e 10 (ALT), sem considerar o sinal negativo de ALT 12 DEF (Deficiência) Î deficiência hídrica. É sempre representada pelo valor EP - ER 13 EXC (Excesso) Î é o excesso hídrico. Idem coluna 12 do Anexo 1. Fonte: Adaptado de Vianello e Alves (2002). 75 O cálculo do balanço hídrico pelo método proposto por Thornthwaite em 1948 e pelo método aperfeiçoado por Thornthwaite e Mather em 1955, ambos utilizando os dados registrados no aterro de Gramacho e a CAD igual a 100mm, apresentados nos Anexos 1 e 2, levam aos seguintes resultados dos índices hídrico (Ih), de aridez (Ia) e de umidade (Im), apresentados na Tabela 5.3. Tabela 5.3 – Índices: hídrico, de aridez e de umidade. ÍNDICES MÉTODO DE 1948MÉTODO DE 1955 Ih =100*EXC/EP 118,3 121,2 Ia =100*DEF/EP 0,0 2,9 118,3 119,5 Im =(100*EXC-60*DEF)/EP Tabela 5.4 – Tipos Climáticos Segundo Thornthwaite – 1948, baseados no Índice de umidade. TIPOS CLIMÁTICOS ÍNDICE DE UMIDADE (Im) A – Super úmido Im 100 B4 – Úmido 80 Im < 100 B3 – Úmido 60 Im < 80 B2 – Úmido 40 Im < 60 B1 – Úmido 20 Im < 40 C2 – Sub-úmido 00 Im < 20 C1 – Sub-úmido seco -20 Im < 00 D – Semi-árido -40 Im < -20 E – Árido -60 Im < -40 Fonte: Vianello e Alves (2002). 76 Tabela 5.5 – Subdivisões dos Tipos Climáticos Segundo Thornthwaite – 1948, com base no Índice de aridez (Ia) e no Índice de Umidade (Ih). CLIMAS ÚMIDOS (A, B, C2) ÍNDICE DE ARIDEZ (Ia) CLIMAS SECOS (C1, D, E) ÍNDICE DE ARIDEZ (Ih) r – deficiência d’ água pequena ou nula 00,0 Ia < 16,7 d – excesso d’ água pequeno ou nulo 00,0 Ih < 10,0 s – deficiência d’ água moderada no verão 16,7 Ia < 33,3 s – excesso d’ água moderado no verão 10,0 Ih < 20,0 w – deficiência d’ água moderada no inverno 16,7 Ia < 33,3 w – excesso d’ água moderado no inverno 10,0 Ih < 20,0 S2 – grande deficiência d’ água no verão Ia 33,3 S2 – grande excesso d’ água no verão Ih 20,0 W2 – grande deficiência d’ água no inverno Ia 33,3 W2 – grande excesso d’ água no inverno Ih 20,0 Fonte: Adaptado de Vianello e Alves (2002). 77 A evapotranspiração potencial (EP) é uma quantidade que pode ser obtida em função da temperatura do ar e da duração do dia. Esta quantidade é normalmente usada como índice de eficiência térmica, isto é, ET = EP. Os valores limites de evapotranspiração potencial anual, propostos por Thornthwaite, são mostrados na Tabela 5.6. Tabela 5.6 – Subdivisões dos Tipos Climáticos com base no Índice Térmico (Evapotranspiração Potencial Anual) Tipo Climático EP anual (mm) A’ – megatérmico EP 1.140 B’4 – mesotérmico 1.140 > EP 997 B’3 – mesotérmico 997 > EP 855 B’2 – mesotérmico 855 > EP 712 B’1 – mesotérmico 712 > EP 570 C’2 – microtérmico 570 > EP 427 C’1 – microtérmico 427 > EP 285 D’1 – tundra 285 > EP 142 E’1 – gelo perpétuo EP < 142 Fonte: Vianello e Alves (2002). Os resultados da Tabela 5.3, levados às Tabelas 5.4, 5.5 e 5.6 permitem concluir que com os dados do período estudado chega-se à seguinte classificação, segundo Thornthwaite: Clima: Superúmido, com deficiência hídrica pequena ou nula. Tipo climático: Mesotérmico, com evaporação anual de aproximadamente 861,6 mm (Anexo 1) e concentração da evapotranspiração potencial nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro de 34%. Nos Anexos 3 e 4 são apresentados os cálculos do balanço hídrico do aterro de Gramacho, utilizando o método proposto por Thornthwaite em 1948 e o método aperfeiçoado por Thornthwaite e Mather em 1955, ambos utilizando a CAD igual a 200mm. 78 5.2. Modelo HELP. O cálculo do volume de percolado gerado no aterro de Gramacho foi feito por meio do modelo HELP, versão 3.07, apresentado no Capítulo 2. O detalhamento do mesmo pode ser encontrado em Schroeder et al. (1994). O Modelo HELP foi rodado para o ponto P1 do aterro de Gramacho, escolhido por Guedes (2007) para estudar as emissões de biogás pela camada de cobertura e mostrado na Figura 5.1 Fonte: GUEDES (2007). Figura 5.1 – Planta do Aterro Metropolitano de Gramacho mostrando o ponto P1 para onde foi rodado o modelo HELP. 79 Pela curva granulométrica do ponto P1 (Figura 5.2), Guedes (2007) verificou que o solo do Ponto P1 apresenta 66% de finos, sendo 27% de argila e 39% de silte. Através do ensaio de permeabilidade do solo, realizado no Laboratório de Geotecnia da COPPE, o coeficiente de permeabilidade foi definido igual a 1,6 x 10-6 cm/s. Fonte: GUEDES (2007). Figura 5.2 – Curva granulométrica no ponto P1. Na Figura 5.3 são apresentados os limites de Atterberg determinados para o solo do ponto P1: Limite de Liquidez de 54,5% e Limite de Plasticidade de 20,8%. O Índice de Plasticidade é de 33,7%, o que indica um material altamente plástico de acordo com o Sistema Unificado de Classificação de Solos. 80 Fonte: GUEDES (2007). Figura 5.3 – Valores de Limite de Liquidez, Limite de Plasticidade e Índice de Plasticidade no ponto P1. No ensaio de compactação realizado com o solo do ponto P1, Guedes (2007) obteve a massa específica de 1,56 g/cm3 e a umidade ótima de 23,5%. Para utilizar o modelo HELP, criou-se para o ponto P1 o seguinte perfil com três camadas para mostrar a situação real: Camada 1: 50cm do solo caracterizado no trabalho de Guedes (2007); Camada 2: 5m de resíduo; Camada 3: 50cm do solo caracterizado no trabalho de Guedes (2007). O ponto P1 do aterro foi dimensionado com uma área de 1 hectare (1 ha). Para a criação do cenário climático foram inseridos os dados diários de precipitação e temperatura medidos no aterro de Gramacho e na REDUC, de maio de 2007 a abril de 2008. Para avaliar a Climatologia do local seria uma amostra insuficiente, mas foi 81 utilizada para representar o período acima mencionado. A partir daí foram feitas suposições para criar os seguintes cenários e efetuar os processos de modelagem do balanço hídrico através do programa HELP: Cenário 1: a) Solo nu na camada de cobertura (dados climáticos medidos em Gramacho); b) Solo nu na camada de cobertura (dados climáticos medidos na REDUC). Estão apresentados na Tabela 5.7 os parâmetros utilizados no cenário 1. Tabela 5.7 – Parâmetros utilizados no cenário 1. CAMADA ESPESSURA POROSIDA- CAPACIDA- PONTO DE PERMEABI- (cm) DE (vol/vol) DE DE CAM- MURCHA LIDADE PO (vol/vol) (vol/vol) (cm/s) 1 - solo nu 50.00 0.5010 0.2840 0.1350 1.600 x 10-6 2 - resíduo 500.00 0.6710 0.2920 0.0770 1.000 x 10-3 3 - solo 50.00 0.5010 0.2840 0.1350 1.600 x 10-6 Cenário 2: a) Com grama na camada de cobertura (dados climáticos medidos em Gramacho); b) Com grama na camada de cobertura (dados climáticos medidos na REDUC). Estão apresentados na Tabela 5.8 os parâmetros utilizados no cenário 2. Tabela 5.8 – Parâmetros utilizados no cenário 2. CAMADA ESPESSURA POROSIDA- CAPACIDA- PONTO DE PERMEABI- (cm) DE (vol/vol) DE DE CAM- MURCHA LIDADE PO (vol/vol) (vol/vol) (cm/s) 50.00 0.7100 0.5300 0.0180 1.100 x 10-4 2 - resíduo 500.00 0.6710 0.2920 0.0770 1.000 x 10-3 3 - solo 50.00 0.5010 0.2840 0.1350 1.100 x 10-4 1 - solo c/ grama 82 Cenário 3: a) 35cm de solo nu na camada de cobertura e 15cm de barreira (dados climáticos medidos em Gramacho); b) 35cm de solo nu na camada de cobertura e 15cm de barreira (dados climáticos medidos na REDUC). Estão apresentados na Tabela 5.9 os parâmetros utilizados no cenário 3. Tabela 5.9 – Parâmetros utilizados no cenário 3. CAMADA ESPESSURA POROSIDA- CAPACIDA- PONTO DE PERMEABI- (cm) DE (vol/vol) DE DE CAM- MURCHA LIDADE PO (vol/vol) (vol/vol) (cm/s) 1 - solo nu 35.00 0.5010 0.2840 0.1350 1.600 x 10-6 2 - barreira 15.00 0.4270 0.4180 0.3670 1.000 x 10-7 3 - resíduo 500.00 0.6710 0.2920 0.0770 1.000 x 10-3 4 - solo 50.00 0.5010 0.2840 0.1350 1.600 x 10-6 Cenário 4: a) 20cm de solo nu na camada de cobertura e 30cm de barreira (dados climáticos medidos em Gramacho); b) 20cm de solo nu na camada de cobertura e 30cm de barreira (dados climáticos medidos na REDUC). Estão apresentados na Tabela 5.10 os parâmetros utilizados no cenário 4. 83 Tabela 5.10 – Parâmetros utilizados no cenário 4. CAMADA ESPESSURA POROSIDA- CAPACIDA- PONTO DE PERMEABI- (cm) DE (vol/vol) DE DE CAM- MURCHA LIDADE PO (vol/vol) (vol/vol) (cm/s) 1 - solo nu 20.00 0.5010 0.2840 0.1350 1.600 x 10-6 2 - barreira 30.00 0.4270 0.4180 0.3670 1.000 x 10-7 3 - resíduo 500.00 0.6710 0.2920 0.0770 1.000 x 10-3 4 - solo 50.00 0.5010 0.2840 0.1350 1.600 x 10-6 Cenário 5: a) 5cm de solo nu na camada de cobertura e 45cm de barreira (dados climáticos medidos em Gramacho): b) 5cm de solo nu na camada de cobertura e 45cm de barreira (dados climáticos medidos na REDUC). Estão apresentados na Tabela 5.11 os parâmetros utilizados no cenário 5. Tabela 5.11 – Parâmetros utilizados no cenário 5. CAMADA ESPESSURA POROSIDA- CAPACIDA- PONTO DE PERMEABI- (cm) DE (vol/vol) DE DE CAM- MURCHA LIDADE PO (vol/vol) (vol/vol) (cm/s) 1 - solo nu 5.00 0.5010 0.2840 0.1350 1.600 x 10-6 2 - barreira 45.00 0.4270 0.4180 0.3670 1.000 x 10-7 3 - resíduo 500.00 0.6710 0.2920 0.0770 1.000 x 10-3 4 - solo 50.00 0.5010 0.2840 0.1350 1.600 x 10-6 Em todos os cenários foram utilizados os valores do perfil padrão do HELP para a declividade, para a profundidade, umidade inicial e limites da zona de evaporação, e para a umidade inicial da camada de resíduos. 84 CAPÍTULO 6 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 6.1. Elementos meteorológicos. Na Figura 6.1 são mostrados os dados mensais de precipitação obtidos pela Estação Meteorológica Automática MAWS, pela estação da REDUC e pelo pluviômetro da COMLURB. Comparando-se esses valores verifica-se que, em geral, nas três fontes de dados houve maior ocorrência de precipitação nos meses de dezembro a março, meses de verão, e menor ocorrênca nos meses de junho a setembro, o que mostra que o período estudado não foi atípico, comportando-se de acordo com as Normais Climatológicas apresentadas na Tabela 3.3 deste estudo. Os valores registrados pela estação Maws só não foram superiores aos demais nos meses de maio, setembro e fevereiro. As diferenças existentes entre os valores medidos pelo pluviômetro da COMLURB e pela estação Maws se devem em parte pela diferente localização no aterro, mas principalmente pela forma como foram obtidos, leitura através de uma proveta e registrador, respectivamente. A precisão do sensor do registrador confere aos resultados obtidos por ele uma maior confiabilidade. A falta de regularidade nas observações do pluviômetro e o despreparo para a função de observador meteorológico dos funcionários que fazem esse procedimento, são duas das causas apontadas como principais. As observações do pluviômetro devem seguir a padronização da OMM, no que diz respeito ao manuseio dos equipamentos e aos horários em que são realizadas. A observação do pluviômetro consiste em recolher, cuidadosamente, na hora prevista para a observação, toda a água encontrada no seu bojo, utilizando-se para isso duas provetas adequadas: Uma de 25 mm e outra de 7 mm. A primeira é graduada de dois em dois décimos de milímetro, enquanto a segunda, própria para a medição de pequenas quantidades d´água, é dividida em décimos de milímetro. Uma vez recolhida do pluviômetro toda a água existente, deve-se fechar a toneira do mesmo. Para se ler a altura d´água dentro da proveta, ela deve ser colocada num lugar plano e horizontal, tomando-se cuidado ao ler o menisco d´água que se forma no interior da proveta para que não se cometa erro de paralaxe, que ocorre através da observação errada do valor na escala da proveta, devido ao ângulo de visão. Além disso, o pluviômetro encontra-se em local inadequado, cercado por uma tela, árvores e prédios, o que por si só invalida as medições feitas por ele. 85 Os dados de precipitação obtidos pela estação da REDUC no período estudado foram sempre inferiores aos registrados pela estação Maws, mas levando-se em conta que as condições de obtenção foram semelhantes, a diferença se dá pela variabilidade espacial da precipitação, ou seja, embora a REDUC seja próxima ao aterro de Gramacho, é possivel haver diferenças na ocorrência de chuvas diárias. Convém salientar que analisando-se os dados diários, na grande maioria das ocasiões em que foi registrada chuva no aterro Gramacho e não na REDUC, a quantidade de chuva foi pequena, muitas vezes não ultrapassando 5 mm. Dados mensais de precipitação 350.0 300.0 Precip. (mm) 250.0 MAWS 200.0 REDUC 150.0 COMLURB 100.0 50.0 m ai /0 ju 7 n/ 07 ju l/0 ag 7 o/ 07 se t/0 ou 7 t/0 no 7 v/ 0 de 7 z/ 0 ja 7 n/ 0 fe 8 v/ m 08 ar /0 ab 8 r/0 8 0.0 meses/ano Figura 6.1 – Registros pluviométricos obtidos pela Estação Meteorológica Automática MAWS, pela estação da REDUC e pelo pluviômetro da COMLURB. Na Figura 6.2 são apresentados os registros de temperatura média mensal obtidos pela Estação Meteorológica Automática MAWS e pela estação da REDUC. Verifica-se que apenas no mês de agosto a temperatura média mensal registrada na REDUC foi superior a do aterro. No mês de maio o valor foi o mesmo para as duas estações e nos demais a temperatura média mensal do aterro sempre foi superior à da REDUC, sendo que a 86 diferença foi sempre de no máximo 1oC. Estranhamente, no único mês em que a REDUC apresentou a maior temperatura média mensal, a diferença foi de 3oC. Em agosto de 2007 a direção dos ventos predominantes em Gramacho foi de este, enquanto na REDUC de sudeste, conforme é mostrado nos Anexos 8 e 9, respectivamente. A intensidade dos ventos em Gramacho nesse mês foi maior do que na REDUC, havendo apenas oito ocorrências de ventos com intensidade menor que 0,5 m/s. Ainda assim é preciso um estudo mais aprofundado para se justificar essa diferença. Temperatura média mensal 26,0 25,0 Temp. (oC) 24,0 23,0 22,0 21,0 20,0 19,0 8 ab r/0 8 ar /0 8 m fe v/ 0 ja n/ 08 7 no v/ 07 de z/ 07 ou t/0 se t/0 7 7 ag o/ 07 l/0 ju ju n/ 07 m ai /0 7 18,0 meses/ano MAWS REDUC Figura 6.2 – Registros de temperatura média mensal obtidos pela Estação Meteorológica Automática MAWS e pela estação da REDUC. Através das Rosas dos Ventos do Aterro de Gramacho e da REDUC verifica-se que durante o período estudado, de maio de 2007 a abril de 2008, a direção predominante dos ventos é sudeste (SE), tanto no aterro de Gramacho quanto na REDUC. Em Gramacho as freqüências de este são as que se apresentam em segundo lugar na maioria dos meses, exceto nos meses junho e julho, nos quais o segundo lugar em freqüência é o de direção noroeste. No aterro de Gramacho o vento com maior intensidade ocorreu em novembro (Anexo 10), mas a intensidade média mais elevada ocorreu em outubro (Anexo 11). A intensidade média menos elevada ocorreu em abril. Na REDUC o vento com maior intensidade ocorreu em outubro (Anexo 12), quando também ocorreu a intensidade 87 média mais elevada, assim como em Gramacho. Na REDUC a intensidade média menos elevada ocorreu em junho (Anexo 13). A Estação Meteorológica Automática MAWS modelo 101 apresentou medições coerentes e cumpriu a sua finalidade. O local onde a estação meteorológica foi instalada no aterro de Gramacho apresentava-se livre de agentes interferentes nas proximidades. Construções, tela e árvores em torno do pluviômetro da COMLURB interferem na mensuração da precipitação. Não houve autorização para visitar a estação meteorológica instalada na REDUC, mas após consulta ao setor responsável foi informado que a estação meteorológica segue a padronização da OMM. Pretendia-se fazer comparações dos resultados do volume de percolados obtidos através do modelo HELP, de maio de 2007 a abril de 2008, com os valores reais da produção mensal de percolados em Gramacho nesse período, mas segundo a COMLURB, a produção de percolados de Gramacho não é medida, pois há o tratamento na Estação de Tratamento de Chorume, a dispersão por três bombas de alta pressão e o espalhamento nas pistas internas por duas pipas 6.2. Balanço hídrico – Método de Thornthwaite. Na Figura 6.3 é apresentado o extrato simplificado do balanço hídrico calculado pelo método proposto por Thornthwaite e Mather em 1955, correspondendo às colunas12 e 13 do Anexo 4. Verifica-se que houve deficiência hídrica nos meses de julho a setembro, um pequeno excedente hídrico em maio, junho e outubro, e valores elevados de novembro de 2007 a abril de 2008, sendo que o maior excedente ocorreu em março. 88 ab r/0 8 ja n/ 08 fe v/ 08 m ar /0 8 no v/ 07 de z/ 07 ou t/0 7 ju n/ 07 ju l/0 7 ag o/ 07 se t/0 7 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 m ai /0 7 mm Balanço Hídrico -Gramacho meses/ano Excedente Déficit Figura 6.3 – Extrato simplificado do balanço hídrico calculado pelo método proposto por Thornthwaite e Mather em 1955, com dados registrados no aterro de Gramacho Na Figura 6.4 é mostrado o extrato simplificado do balanço hídrico calculado pelo método proposto por Thornthwaite e Mather em 1955, correspondendo às colunas 12 e 13 do Anexo 6. Verifica-se que a maior deficiência hídrica ocorreu em setembro e o maior excedente em janeiro. Comparando-se a Figura 6.3 com a Figura 6.4, observa-se que houve um número maior de meses com excedente hídrico em Gramacho. 89 B a la n ç o H íd r ic o - R e d u c 160,0 140,0 120,0 mm 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 ab r/0 8 m ar /0 8 fe v/ 08 ja n/ 08 /0 7 de z/ 07 no v ou t/0 7 se t/0 7 7 ag o/ 07 ju l/0 ju n/ 07 m ai /0 7 0,0 m e se s/ a n o E x c edente D é fic it Figura 6.4 – Extrato simplificado do balanço hídrico calculado pelo método proposto por Thornthwaite e Mather em 1955, com dados registrados na REDUC Através da Figura 6.5 é mostrada uma outra forma de se representar o balanço hidrico, ou seja, através das curvas correspondentes à variação mensal da evapotranspiração potencial, da evapotranspiração real e da precipitação. Analisando-se tais curvas observa-se que nos meses de novembro de 2007 a abril de 2008, que apresentaram excedente hídrico conforme visto na Figura 6.3, a precipitação foi maior do que a evapotranspiração real, como era de se esperar. ar /0 8 ab r/0 8 m 08 8 fe v/ 07 ja n/ 0 de z/ 07 7 7 v/ no ou t/0 07 /0 se t ag o/ 7 l/0 ju n/ 0 ju ai m 7 350,0 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 /0 7 mm Balanço Hídrico - Gramacho meses/ano Evap. Potencial Evap. Real Precipitação Figura 6.5 – Variação mensal da evapotranspiração potencial, da evapotranspiração real e da precipitação calculadas pelo método proposto por Thornthwaite e Mather em 1955, com dados registrados em Gramacho. 90 6.3. Balanço hídrico – Modelo HELP. Na Figura 6.6 é mostrada a relação entre a precipitação, a evapotranspiração, o escoamento superficial, o percolado gerado e também a diferença entre a precipitação e a evapotranspiração, para o cenário 1 (Tabela 5.7), que retrata a situação real do aterro, utilizando o modelo HELP com os dados registrados pela estação automática MAWS.Verifica-se que nos meses em que houve maior precipitação, de dezembro de 2007 a abril de 2008, o percolado gerado também foi maior. No entanto, os meses de outubro e novembro em que a precipitação foi superior a 200mm, os valores do percolado gerado foram menores, pois houve um maior escoamento superficial. Balanço hídrico - Dados de Gramacho - Situação real 400,0 350,0 300,0 250,0 (mm) Precipitação 200,0 Evapotranspiração Precip. - Evapot. Runoff 150,0 Percolação Cam. 3 100,0 50,0 m ai /0 7 ju n/ 07 ju l/ 0 7 ag o/ 07 se t/0 7 ou t/0 7 no v/ 07 de z/ 07 ja n/ 08 fe v/ 08 m ar /0 8 ab r/0 8 0,0 -50,0 meses/ano Figura 6.6 – Balanço hídrico do cenário 1, calculado pelo modelo HELP utilizando dados meteorológicos registrados pela estação de Gramacho. Na Figura 6.7 é apresentada a relação entre os mesmos elementos da Figura 6.6 e para o mesmo cenário, utilizando o modelo HELP com os dados obtidos pela estação da REDUC, onde o comportamento das curvas foi, em geral, semelhante à Figura 6.6. Através da Figura 6.7 também é mostrado o quanto a evapotranspiração influi na percolação. Nos meses de junho a setembro de 2007, onde a diferença entre a precipitação e a evapotranspiração foi negativa, a percolação foi praticamente nula. 91 Balanço Hídrico - Dados da REDUC - Situação real 300,0 250,0 200,0 Precipitação 150,0 (mm) Evapotranspiração Precipi. - Evapot. Runoff 100,0 Percol. Cam. 3 50,0 r/0 8 ab n/ 08 fe v/ 08 m ar /0 8 ja de z/ 07 7 v/ 07 no 7 t/0 t/0 ou se 7 ju l/0 7 ag o/ 07 ju m ai /0 n/ 07 0,0 -50,0 meses/ano Figura 6.7 – Balanço hídrico do cenário 1, calculado pelo modelo HELP utilizando dados meteorológicos registrados pela estação da REDUC. Nas Figuras 6.8 e 6.9 encontra-se o balanço hídrico para o segundo cenário (Tabela 5.8) criado, o qual teve grama na camada de cobertura, utilizando-se dados meteorológicos de Gramacho e da REDUC, respectivamente. Nos dois casos verifica-se que a percolação diminuiu, demonstrando a importância da vegetação sobre a camada de cobertura final, uma vez que promove a perda de água por evapotranspiração, o que minimiza a quantidade de água da chuva que se infiltra na massa de resíduos. 92 Balanço Hídrico - Dados de Gramacho - Cenário 2 (c/ veget.) 400,0 350,0 300,0 250,0 200,0 (mm) Precipitação Evapotranspiração 150,0 Precip. - Evapot. 100,0 Runoff Percol. Cam. 3 50,0 t/0 7 no v/ 07 de z/ 07 ja n/ 08 fe v/ 08 m ar /0 8 ab r/0 8 t/0 7 ou se 7 07 ag o/ /0 n/ ju l m -50,0 ju ai /0 7 07 0,0 -100,0 -150,0 meses/ano Figura 6.8 – Balanço hídrico do cenário 2, calculado pelo modelo HELP, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação do aterro de Gramacho. Balanço hídrico - Dados da REDUC - Cenário2 (c/ vegetação) 300,0 250,0 200,0 (mm) 150,0 Precipitação Evapotranspiração 100,0 Precip. - Evapot. Runoff Percol. Cam. 3 50,0 -50,0 ju l/0 7 ag o/ 07 se t/0 7 ou t/0 7 no v/ 07 de z/ 07 ja n/ 08 fe v/ 08 m ar /0 8 ab r/0 8 m ai /0 7 ju n/ 07 0,0 -100,0 meses/ano Figura 6.9 – Balanço hídrico do cenário 2, calculado pelo modelo HELP, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação da REDUC. 93 Nas Figuras 6.10 e 6.11 são apresentadas as curvas da percolação na camada 2 do ponto estudado no aterro de Gramacho, calculadas pelo modelo HELP, com diferentes espessuras de barreira hidráulica, utilizando-se dados meteorológicos de Gramacho e da REDUC, respectivamente. Comparando-se os valores da percolação mostrados por estas figuras com os ocorridos nos meses mais chuvosos das Figuras 6.6 a 6.9, percebe-se que como a precipitação é a forma predominante de entrada de água no aterro, é importante o projeto e a construção de uma camada de barreira hidráulica, cuja função é mudar a direção e/ou impedir a percolação da água da chuva que entra em contato com esta camada. Percolação Camada 2 - Gramacho 7,0 6,0 mm 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 /0 8 08 r/0 8 ab m ar /0 8 07 fe v/ ja n no de z/ 7 v/ 07 7 t/0 t/0 ou se 7 07 l/0 ag o/ /0 7 ju ju n m ai /0 7 0,0 mês Barreira 15 cm Barreira 30 cm Barreira 45 cm Figura 6.10 – Curvas da percolação na camada 2 do ponto estudado no aterro de Gramacho, com diferentes espessuras de barreira, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação de Gramacho. Percolação - Camada 2 - Reduc 7,0 6,0 mm 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 r/0 8 ab m ar /0 8 fe v/ 08 ja n/ 08 z/ 07 de t/0 7 v/ 07 no ou t/0 7 o/ 07 se ag 7 ju l/0 ju n/ 07 m ai /0 7 0,0 mês Barreira 15cm Barreira 30cm Barreira 45cm Figura 6.11 – Curvas da percolação na camada 2 do ponto estudado no aterro de Gramacho, com diferentes espessuras de barreira, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação da REDUC. 94 Comparando-se a Figura 6.6 com a Figura 6.12, onde é mostrado o Balanço hídrico calculado pelo modelo HELP para o cenário 3 (Tabela 5.9), no qual utilizou-se uma barreira hidráulica de 15 cm, com os dados meteorológicos registrados pela estação do aterro de Gramacho, percebe-se que quando a segunda camada é especificada como uma camada de barreira hidráulica torna-se uma barreira natural à infiltração de água no aterro. Conseqüentemente há um aumento da parcela da precipitação destinada ao escoamento superficial. Balanço Hídrico - Dados de Gramacho - Barreira de 15cm 400,0 350,0 300,0 250,0 (mm) Precipitação Evapotranspiração 200,0 Precip. - Evapot. Runoff 150,0 Percol. Cam. 2 Percol. Cam. 4 100,0 50,0 ai /0 7 ju n/ 07 ju l/0 7 ag o/ 07 se t/0 7 ou t/0 7 no v/ 07 de z/ 07 ja n/ 08 fe v/ 08 m ar /0 8 ab r/0 8 0,0 m -50,0 meses/ano Figura 6.12 – Balanço hídrico do cenário 3, calculado pelo modelo HELP utilizando dados meteorológicos registrados pela estação do aterro de Gramacho. Nas Figuras 6.13 e 6.14 são apresentadas as curvas da percolação na camada 4 do ponto estudado no aterro de Gramacho, calculadas pelo modelo HELP, com diferentes espessuras de barreira hidráulica (Tabelas 5.9, 5.10 e 5.11), utilizando-se dados meteorológicos de Gramacho e da REDUC, respectivamente. Nas duas figuras as curvas correspondentes à barreira de 45 cm demonstram que a percolação foi praticamente nula. 95 Percolação Camada 4 - Gramacho 7.0 6.0 mm 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 8 ab r/0 8 fe v/ 08 m ar /0 8 n/ 0 ja de z/ 07 no v/ 07 t/0 7 ou 7 7 se t/0 o/ 0 ag 7 l/0 7 ju n/ 0 ju m ai /0 7 0.0 mês Barreira 15 cm Barreira 30 cm Barreira 45 cm Figura 6.13 – Curvas da percolação na camada 4 do ponto estudado no aterro de Gramacho, com diferentes espessuras de barreira, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação de Gramacho. Percolação - Camada 4 - Reduc 7.0 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 ab r/0 8 m ar /0 8 fe v/ 08 ja n/ 08 /0 7 de z no v/ 07 ou t/0 7 se t/0 7 ag o/ 07 ju l/0 7 ju n/ 07 m ai /0 7 0.0 mês Barreira 15cm Barreira 30cm Barreira 45cm Figura 6.14 – Curvas da percolação na camada 4 do ponto estudado no aterro de Gramacho, com diferentes espessuras de barreira, utilizando dados meteorológicos registrados pela estação da REDUC. 96 No Relatório Técnico COPPETEC (1992) o valor calculado da produção de chorume no aterro de Gramacho, cuja área na época era de 1.200.000m2, para o ano de 1987 foi de 820 m3/dia e para 1988, 1.234 m3/dia. No período estudado no presente trabalho, de maio de 2007 a abril de 2008, os valores da produção diária de chorume no aterro de Gramacho, cuja área atual é de 1.300.000 m2, calculados através do modelo HELP, utilizando-se dados meteorológicos obtidos no aterro de Gramacho e na REDUC, foram iguais a 2.119,0 m3/dia e 1.217,2 m3/dia, respectivamente. A diferença observada é função dos totais anuais de precipitação registrados nas duas estações, 1745,6 mm e 1185,0 mm. Comparando-se os valores atuais obtidos com o fornecido pela CAENGE AMBIENTAL, em média 1.500 m³/dia, verifica-se que com os dados registrados em Gramacho a produção de chorume foi superestimada, enquanto que com os dados da REDUC os valores foram subestimados, porém mais próximos (Figura 6.15). O método utilizado para o cálculo do valor fornecido pela CAENGE AMBIENTAL não foi informado, mas o fato do modelo HELP considerar parâmetros referentes às características geométricas, geotécnicas e hidrológicas dos aterros, confere a ele uma confiabilidade maior do que, por exemplo, os métodos empíricos apresentados no item 2.9.1. deste estudo. No entanto, as diferenças apresentadas em relação ao valor fornecido pela CAENGE AMBIENTAL podem ser devidas à escassez de informações de campo que levou à utilização nesta pesquisa dos valores do perfil padrão do HELP para a profundidade, umidade inicial e limites da zona de evaporação, e para a umidade inicial da camada de resíduos, que nem sempre representam bem a realidade brasileira e especificamente o local estudado. Além disso, deve-se dar prosseguimento a este estudo ulilizando um período maior de informações que possibilitem conclusões mais amplas. Produção diária de chorume - maio/07 a abril/08 2500.0 2119.0 (+619.0) 2000.0 m3/dia 1500.0 1500.0 1217.2 (-282.8) 1000.0 500.0 0.0 Dados Gramacho Dados REDUC Informação Caenge Figura 6.15 – Comparação dos valores da produção diária de chorume calculada através do modelo HELP, com os fornecidos pela Caenge Ambiental. 97 CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES 7.1. Conclusões. Considerando-se todas as etapas envolvidas nesta dissertação, conclui-se que é importante o monitoramento dos elementos meteorológicos nos aterros de resíduos, principalmente da precipitação, que está diretamente relacionada com volume do percolado produzido. A parcela de redução do volume do percolado devida à evaporação também é importante e o aterro de Gramacho tem condições climáticas favoráveis a isso devido ao seu clima que apresenta altas temperaturas durante quase todo o ano, um regime de ventos eficiente e altos índices de radiação solar. Comparando-se alguns elementos meteorológicos obtidos pela estação instalada no aterro de Gramacho com os registrados na REDUC, foram percebidas diferenças significativas, principalmente em relação à precipitação. O mesmo verificou-se quando foi calculado o Balanço Hídrico Climático utilizando os métodos de Thornthwaite, 1948 e Thornthwaite e Mather, 1955. Apesar do período em que foi feito o monitoramento meteorológico, um ano, ser pequeno e ter dado apenas uma noção do comportamento hídrico do aterro de Gramacho, foram obtidos resultados consistentes através das simulações feitas com o modelo computacional HELP. Assim como nos casos mencionados acima, mais uma vez observaram-se diferenças nos resultados alcançados com os dados medidos no local do aterro e numa estação próxima, o que reforça a importância de uma estação meteorológica no aterro para monitorar os elementos do clima. Além disso, como são poucas as estações meteorológicas brasileiras inseridas no banco de dados do programa HELP, para utilizá-lo deve ser feito, se possível, o monitoramento das variáveis meteorológicas nos aterros de resíduos, de forma correta e contínua, a fim de possibilitar melhores resultados do balanço hídrico e da produção do percolado gerado, contribuindo-se, dessa forma, para que se estabeleçam medidas de proteção ambiental, tais como impermeabilização de base e tratamento de percolado e biogás. Os resultados obtidos através do HELP ratificaram o fato de que é importante o projeto e a construção de barreira efetiva, de vida útil longa, na superfície dos aterros. 98 7.2. Sugestões para futuras pesquisas. - Aumentar o número de pontos no aterro de Gramacho a serem estudados, incluindo a obtenção de informações dos solos e dos parâmetros dos resíduos depositados nesses locais, que permitam resultados mais próximos à realidade. - Manter uma estação meteorológica automática no aterro de Gramacho para continuar o monitoramento dos elementos estudados e possibilitar a utilização do software HELP com uma série maior de dados do aterro. 99 CAPÍTULO 8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABAG/RP - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO AGRONEGÓCIO DA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO. Balanço hídrico e índice hídrico. Disponível em: <http://www.abagrp.cnpm.embrapa.br/areas/clima.htm>. Acessado em 28-03-08. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1985. Apresentação de Projetos de Aterros Controlados de Resíduos Sólidos Urbanos. NBR 8.849/1985. _________, 1992. Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos. NBR 8.419/1992. _________, 1997. 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(°C) Nomograma Correção 2 mai/07 Meses 1 861.56 71.8 89.3 90.0 98.9 104.1 82.5 80.7 61.0 47.0 44.2 42.7 49.4 EP(mm) 5 1881.2 203.6 290.4 204.8 291.6 261.6 222.0 201.2 14.0 22.2 36.4 51.6 81.8 P(mm) 6 113 1019.6 131.8 201.2 114.8 192.7 157.5 139.5 120.5 -47.0 -24.8 -7.8 8.9 32.4 P-EP(mm) 7 8 1080.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 20.4 67.4 92.2 100.0 100.0 ARM(mm) BALANÇO HÍDRICO 1948 - ATERRO 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 79.6 -47.0 -24.8 -7.8 0.0 0.0 ALT(mm) 9 861.6 71.8 89.3 90.0 98.9 104.1 82.5 80.7 61.0 47.0 44.2 42.7 49.4 ER(mm) 10 11 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 DEF(mm) Cad=100mm 1019.7 131.8 201.2 114.8 192.7 157.5 139.5 40.9 0.0 0.0 0.0 8.9 32.4 EXC(mm) 12 ANEXO 1 - BALANÇO HÍDRICO DO ATERRO DE GRAMACHO UTILIZANDO O MÉTODO PROPOSTO POR THORNTHWAITE EM 1948, UTILIZANDO CAD = 100MM. 20,5 20,0 19,9 20,0 21,8 23,6 23,7 25,3 24,8 25,0 24,7 23,5 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 soma 3 4 5 6 7 74 85 90 86 89 75 74 61 48 47 48 52 0,97 1,05 1,00 1,15 1,17 1,10 1,09 1,00 0,98 0,94 0,89 0,95 203,6 290,4 204,8 291,6 261,6 222,0 201,2 14,0 22,2 36,4 51,6 81,8 861,56 1881,2 71,8 89,3 90,0 98,9 104,1 82,5 80,7 61,0 47,0 44,2 42,7 49,4 8 9 - - - - - - - - - 100 100 100 100 100 100 100 45,2 72,2 92,5 -119,9 1109,835 -79,5 -32,6 -7,8 100 100 Neg. Acum.(mm) ARM(mm) 114 1019,64 131,8 201,2 114,8 192,7 157,5 139,5 120,5 -47,0 -24,8 -7,8 8,9 32,4 Temp. (°C) Nomograma Correção EP(mm) P(mm) P-EP(mm) 2 mai/07 Meses 1 BALANÇO HÍDRICO 1955 - ATERRO THORNTHWAITE E MATHER EM 1955, UTILIZANDO CAD = 100MM. - - - - - - - - 0 54,8 -27,0 -20,3 -7,5 ALT(mm) 10 Cad=100mm 836,5 71,8 89,3 90,0 98,9 104,1 82,5 80,7 41,0 42,2 43,9 42,7 49,4 ER(mm) 11 13 20,0 4,8 0,3 25,12 - - - - - - - - - 1044,5 131,8 201,2 114,8 192,7 157,5 139,5 65,7 - - - 8,9 32,4 DEF(mm) EXC(mm) 12 ANEXO 2 - BALANÇO HÍDRICO DO ATERRO DE GRAMACHO UTILIZANDO O MÉTODO PROPOSTO POR 20,0 19,9 20,0 21,8 23,6 23,7 25,3 24,8 25,0 24,7 23,5 Meses mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 soma Temp. (°C) 20,5 2 1 74 85 90 86 89 75 74 61 48 47 48 52 Nomograma 3 0,97 1,05 1,00 1,15 1,17 1,10 1,09 1,00 0,98 0,94 0,89 0,95 Correção 4 861,6 71,8 89,3 90,0 98,9 104,1 82,5 80,7 61,0 47,0 44,2 42,7 49,4 EP(mm) 5 1881,2 203,6 290,4 204,8 291,6 261,6 222,0 201,2 14,0 22,2 36,4 51,6 81,8 P(mm) 6 115 1019,6 131,8 201,2 114,8 192,7 157,5 139,5 120,5 -47,0 -24,8 -7,8 8,9 32,4 P-EP(mm) 7 8 2280,0 200,0 200,0 200,0 200,0 200,0 200,0 200,0 120,4 167,4 192,2 200,0 200,0 ARM(mm) BALANÇO HÍDRICO 1948 - ATERRO 10 11 12 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 79,6 -47,0 -24,8 -7,8 0,0 0,0 861,5 71,8 89,3 90,0 98,9 104,1 82,5 80,7 61,0 47,0 44,2 42,7 49,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1019,7 131,8 201,2 114,8 192,7 157,5 139,5 40,9 0,0 0,0 0,0 8,9 32,4 ALT(mm) ER(mm) DEF(mm) EXC(mm) 9 Cad=200mm ANEXO 3 - BALANÇO HÍDRICO DO ATERRO DE GRAMACHO UTILIZANDO O MÉTODO PROPOSTO POR THORNTHWAITE EM 1948, UTILIZANDO CAD = 200MM. 20,0 19,9 20,0 21,8 23,6 23,7 25,3 24,8 25,0 24,7 23,5 Meses mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 soma Temp. (°C) 20,5 2 1 74 85 90 86 89 75 74 61 48 47 48 52 Nomograma 3 5 6 7 0,97 1,05 1,00 1,15 1,17 1,10 1,09 1,00 0,98 0,94 0,89 0,95 203,6 290,4 204,8 291,6 261,6 222,0 201,2 14,0 22,2 36,4 51,6 81,8 861,6 1881,2 71,8 89,3 90,0 98,9 104,1 82,5 80,7 61,0 47,0 44,2 42,7 49,4 116 1019,6 131,8 201,2 114,8 192,7 157,5 139,5 120,5 -47,0 -24,8 -7,8 8,9 32,4 Correção EP(mm) P(mm) P-EP(mm) 4 8 9 10 Cad=200mm 11 12 13 - - - - - - - - - -119,9 -79,5 -32,6 -7,8 2219,7 200,0 200,0 200,0 200,0 200,0 200,0 200,0 90,3 144,4 185,0 200,0 200,0 -54,1 -40,6 -15,0 - - - - - - 0,0 109,7 - - 836,8 71,8 89,3 90,0 98,9 104,1 82,5 80,7 41,3 42,2 43,9 42,7 49,4 - - - - - - - - - 24,8 19,7 4,8 0,3 10,8 989,6 131,8 201,2 114,8 192,7 157,5 139,5 - - - 8,9 32,4 Neg. Acum.(mm) ARM(mm) ALT(mm) ER(mm) DEF(mm) EXC(mm) BALANÇO HÍDRICO 1955 - ATERRO ANEXO 4 - BALANÇO HÍDRICO DO ATERRO DE GRAMACHO UTILIZANDO O MÉTODO PROPOSTO POR THORNTHWAITE E MATHER EM 1955, UTILIZANDO CAD = 200MM. 19.6 18.9 23.0 21.4 23.1 22.8 24.6 24.7 24.0 24.5 22.8 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 soma 20.5 74 85 90 86 89 75 74 61 48 47 48 52 Temperatura(°C) Nomograma mai/07 Meses 1.0 1.1 1.0 1.2 1.2 1.1 1.1 1.0 1.0 0.9 0.9 1.0 Correção 861.6 71.8 89.3 90.0 98.9 104.1 82.5 80.7 61.0 47.0 44.2 42.7 49.4 EP(mm) 1162.8 66.8 140.8 148.8 250.0 220.4 157.8 115.2 1.6 2.4 0.0 22.2 36.8 P(mm) 117 -5.0 51.6 58.8 151.1 116.3 75.3 34.5 -59.4 -44.6 -44.2 -20.5 -12.6 P-EP(mm) 95.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 34.5 0.0 0.0 17.7 61.9 82.4 ARM (mm) BALANÇO HÍDRICO 1948 - REDUC -5.0 0.0 0.0 0.0 0.0 65.5 34.5 0.0 -17.7 -44.2 -20.5 -12.6 ALT (mm) 71.8 89.3 90.0 98.9 104.1 82.5 80.7 1.6 20.1 44.2 42.7 49.4 ER(mm) 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 59.4 26.9 0.0 0.0 0.0 (mm) DEF 0.0 51.6 58.8 151.1 100.0 9.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 (mm) EXC ANEXO 5 - BALANÇO HÍDRICO COM OS DADOS OBTIDOS NA REDUC UTILIZANDO O MÉTODO PROPOSTO POR THORNTHWAITE EM 1948, UTILIZANDO CAD = 100MM. 2 3 4 5 20.5 19.6 18.9 23.0 21.4 23.1 22.8 24.6 24.7 24.0 24.5 22.8 22.5 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 soma 74 85 90 86 89 75 74 61 48 47 48 52 1.0 1.1 1.0 1.2 1.2 1.1 1.1 1.0 1.0 0.9 0.9 1.0 66.8 140.8 148.8 250.0 220.4 157.8 115.2 1.6 2.4 0.0 22.2 36.8 861.56 1162.8 71.8 89.3 90.0 98.9 104.1 82.5 80.7 61.0 47.0 44.2 42.7 49.4 118 -5.0 51.6 58.8 151.1 116.3 75.3 34.5 -59.4 -44.6 -44.2 -20.5 -12.6 EP(mm) 9 10 11 12 13 - - - -5.0 39.8 -76.5 -151.8 -186.3 -126.9 -82.3 -38.1 -17.6 95.1 100.0 100.0 100.0 100.0 46.5 21.9 15.5 28.1 43.9 68.3 83.9 -4.9 100.0 100.0 100.0 - 24.6 6.4 -12.6 -15.8 -24.4 -15.5 -11.3 71.7 89.3 90.0 98.9 104.1 82.5 80.7 14.2 18.2 24.4 37.7 48.1 - - - - - - 0.1 46.8 28.8 19.8 5.0 1.3 - 51.6 58.8 151.1 116.3 - - - - - - - Neg. Acum.(mm) Arm.(mm) Alt.(mm) ER(mm) Def.(mm) Exc.(mm) BALANÇO HÍDRICO 1955 - REDUC 6 7 8 P- Meses Temperatura(°C) Nomograma Correção EP(mm) P(mm) 1 ANEXO 6 - BALANÇO HÍDRICO COM OS DADOS OBTIDOS NA REDUC UTILIZANDO O MÉTODO PROPOSTO POR THORNTHWAITE E MATHER EM 1955, UTILIZANDO CAD = 100MM. Fonte: Vianello e Alves (2002). 119 ANEXO 7 – Nomograma para Cálculo da Evapotranspiração Potencial Mensal, Não-ajustada, pela Fórmula de Thornthwaite, em Função da Temperatura Média Mensal. 120 ANEXO 8 – ROSA DOS VENTOS DO ATERRO DE GRAMACHO NO MÊS DE AGOSTO DE 2007. 121 ANEXO 9 – ROSA DOS VENTOS DA REDUC NO MÊS DE AGOSTO DE 2007. 122 ANEXO 10 – ROSA DOS VENTOS DO ATERRO DE GRAMACHO NO MÊS DE NOVEMBRO DE 2007. 123 ANEXO 11 – ROSA DOS VENTOS DO ATERRO DE GRAMACHO NO MÊS DE OUTUBRO DE 2007. 124 ANEXO 12 – ROSA DOS VENTOS DA REDUC NO MÊS DE OUTUBRO DE 2007. 125 ANEXO 13 – ROSA DOS VENTOS DA REDUC NO MÊS DE JUNHO DE 2007.