BIOMINERALIZAÇÕES DE SÍLICA (ESPÍCULAS DE ESPONJAS) NA INTERPRETAÇÃO PALEOAMBIENTAL DE UMA PALEOLAGUNA NA PLANÍCIE COSTEIRA DE MARICÁ (RJ) Autores ANDRÉ LUIZ CARVALHO DA SILVA, MAURO PAROLIN, HELOISA HELENA GOMES COE, CAROLINA PEREIRA SILVESTRE, CÁTIA PEREIRA DOS SANTOS Resumo O litoral de Maricá (RJ) é caracterizado pela presença de duas barreiras arenosas separadas por pequenas lagunas colmatadas e pela imponente lagoa de Maricá. A integração de dados obtidos com o georadar e sondagens geológicas realizadas na planície costeira forneceu informações sobre a sedimentação quaternária desta área e permitiu identificar uma extensa unidade lamosa representativa de uma paleolaguna, associada a um sistema barreira-laguna pretérito, formado no Pleistoceno por volta de 45.000 anos A.P. Os litorais formados por um sistema barreira-laguna são de grande importância econômica para a indústria do petróleo. As áreas lagunares localizadas na retaguarda das barreiras podem ser locais de acúmulo de matéria orgânica para a formação de turfa e carvão que, sob condições específicas, dão origem aos hidrocarbonetos. Foi analisada a presença de espículas de esponjas e fitólitos objetivando identificar mudanças nas condições paleoambientais e contribuir para um maior entendimento da evolução deste litoral durante o Quaternário. Os procedimentos laboratoriais para a recuperação de espículas de esponjas e fitólitos foram realizados no Laboratório de Estudos Paleoambientais da FECILCAM no Paraná. Foram analisadas amostras de sedimentos lamosos da planície lagunar (22º57’45.3" S; 42º51’44.6" W) entre 19 e 13 m de profundidade. Os resultados, embora preliminares, evidenciam a ocorrência abundante de espículas de esponjas marinhas (fragmentos de tilóstilos e subtilóstilos) associadas a raríssimos fragmentos de gemoscleras do gênero Corvoheteromeyenia sp. na profundidade em torno de 19 m. A presença destas sugere um ambiente de baixa energia, provavelmente lagunar, permitindo a deposição do material em meio aquoso salino com pouca influência de água doce. No entanto, a fragmentação acentuada das espículas de esponjas aponta para alterações no grau de energia, possivelmente decorrentes de uma agitação da água por ventos e/ou pela influência esporádica de ondas de alta energia entrando por canais de maré ou transpondo a barreira durante a ocorrência de tempestades. Na profundidade entre 15,3 e 13,15 m, verificou-se uma diminuição acentuada de fragmentos de espículas de esponjas marinhas em comparação com o intervalo anterior. Também foram identificados raríssimos fitólitos (Papillae e Cuneiform) e algumas diatomáceas (cêntricas) entre 15 e 13 m. A presença de espículas marinhas associadas a diatomáceas neste intervalo sugere um aumento da lâmina d’água, provavelmente em resposta a uma elevação do nível do mar, ou uma maior exposição deste ambiente aos processos marinhos, permitindo o retrabalhamento dos sedimentos da paleolaguna e a deposição das diatomáceas.