INTEGRAÇÃO ENTRE ARQUITETURA E ESTRUTURA: UM ESTUDO PARA AS DISCIPLINAS DE PROJETO ARQUITETÔNICO Vivian Delatorre1, Carlos Eduardo Nunes Torrescasana2 Resumo: Este artigo trata do tema integração entre arquitetura e estrutura, com ênfase nas disciplinas de projeto do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ). O mesmo foi elaborado a partir da monografia apresentada como requisito para conclusão das disciplinas para o magistério superior da UNOCHAPECÓ com o tema Integração de projeto de arquitetura e estrutura: estudo para as disciplinas de projeto arquitetônico. Através de questionário aplicado aos alunos das disciplinas de projeto arquitetônico, do 1º semestre de 2009, consegue-se coletar dados e obter informações de como ocorre à integração entre arquitetura e estrutura nas disciplinas de projeto Arquitetônico. Para uma melhor compreensão são analisadas as ementas das disciplinas de Projeto Arquitetônico da grade 333. A partir da análise e interpretação dos resultados propõem-se as diretrizes fundamentais para as disciplinas de Projeto Arquitetônico da UNOCHAPECÓ, baseado na integração entre a arquitetura e estrutura e os conceitos de Integração e Construtibilidade. A aplicação das diretrizes ocorre por meio da implantação de novas disciplinas que venham abordar o tema estudado e complementar as disciplinas de projeto arquitetônico, a fim de suprir, as necessidades dos alunos e qualificar ainda mais o ensino das disciplinas de projeto arquitetônico, contribuindo para a formação acadêmica e profissional dos alunos. Palavras-chave: Integração. Arquitetura. Estrutura. 1. Introdução A construção civil, no Brasil apresenta mudanças significativas, devidos às evoluções tecnológicas. O mercado cada vez mais exigente e competitivo busca qualidade e rapidez no desenvolvimento dos projetos e das construções. As empresas buscam economia na obra visando a viabilizar os seus empreendimentos. Diante desta situação, a qualidade no processo de projeto é fundamental, pois os agentes envolvidos devem trabalhar de forma integrada, visando a compatibilização dos projetos e garantindo a sua construtibilidade; entretanto, tal integração entre os profissionais e agentes envolvidos ainda é um problema. A falta de compatibilização inicia na fase de concepção arquitetônica e se estende até o final da execução da obra. As falhas de projeto potencializam erros de compatibilização, geram re-trabalhos e desperdícios, interferindo na qualidade do produto final. Assim como a tecnologia e as inovações tecnológicas buscam conhecer e 1 2 Especialista em Estruturas Metálicas, Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected] Mestre em Engenharia Civil, Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected] aprimorar métodos e técnicas para a solução de problemas relacionados não apenas nas soluções técnicas de materiais e processos, mas também os problemas relacionados à sociedade e ao meio ambiente. Neste sentido a integração de projetos opera na busca de soluções que antecipem possíveis erros que possam gerar desperdícios de materiais e recursos naturais, reduzindo impactos ambientais. A pesquisa surge no intuito de compreender a problemática da falta de integração entre projetos, tendo como objeto de estudo as disciplinas de projeto arquitetônico do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNOCHAPECÓ. A partir do cenário atual da disciplina e com base nas informações a serem levantadas busca-se apresentar diretrizes fundamentais para o ensino das disciplinas de projeto, baseadas nos princípios de integração arquitetura e estrutura, compatibilização e construtibilidade. 2. Projeto arquitetônico e projeto integrado O projeto Arquitetônico faz parte das etapas iniciais no processo de construção. Melhado (1994), ponta o projeto arquitetônico como elemento responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características físicas e tecnológicas específicas a serem consideradas na execução de uma obra e abrange um processo maior Gus (1996 apud RAUBER, 2005, p. 19) acrescenta que o processo do projeto é também uma forma de expressão pessoal e arte, que incluiu a criatividade, originalidade para demonstrar e documentar expectativas e necessidades de seus clientes e usuários. O projeto arquitetônico deve ser entendido não apenas como um produto que é capaz de definir a edificação, gerando desenhos, especificações técnicas, detalhamentos e memoriais. Para Fabrício (2002), o processo de projeto envolve todas as decisões e formulações que visam subsidiar a criação e a produção de um empreendimento, desde a montagem da operação imobiliária, passando pela formulação do programa de necessidades e do projeto do produto até o desenvolvimento da produção, o projeto “as built” (atualização das informações contidas no projeto executivo que tenham sido modificados ao longo do período de execução da obra e Entrega do manual do proprietário com todas as informações necessárias ao usuário do produto) e a avaliação da satisfação dos usuários com o produto. Todo este processo de projeto envolve Soluções de Projeto Integrado ou Projeto Simultâneo, definido por Melhado (2005) como sendo a realização em paralelo de várias etapas do desenvolvimento do projeto para a redução de custo com re-trabalhos, diminuição do prazo de elaboração de projeto e soluções completas e compatibilizadas a partir de uma maior integração entre as interfaces de projeto, para a negociação de soluções e análise das interfaces. Melhado (2005) acrescenta: “Projeto Integrado é não somente a compatibilização de projetos, que muitas vezes vem sendo executada como resolução de problemas, mas sim a antecipação de problemas antes que os mesmo cheguem à fase de execução.” (MELHADO, 2005, p. 35). O projeto deve atingir a um nível de detalhamento e informações necessárias para que sejam capazes de atender as atividades de produção na fase de execução da obra, sendo necessário o Processo Multidisciplinar do Projeto. 3. O processo multidisciplinar do projeto Melhado et al. (2005) argumenta que o processo de Projeto vem sofrendo algumas mudanças com as Inovações Tecnológicas. O mercado cada vez mais competitivo e exigente busca agilidade na produção de Edifícios. O projeto, os requisitos técnicos e a econômica têm papel fundamental neste novo cenário. Diante deste contexto surgem novas especialidades. O projeto de edificações era composto por: projeto Arquitetônico e Complementar (Estrutural, Hidráulico, Elétrico, Preventivo de Incêndio, entre outros), onde cada um destes projetos era desenvolvido de forma individual, sem a interação dos demais profissionais. Não era levado em consideração que cada parte envolvida é resultante de um único produto: o Edifício. Este método não é adequado para o canteiro de obras, que exige a integração e a compatibilização entre os projetos. O trabalho de forma individual ainda é realidade de muitos escritórios de Arquitetura e Engenharia. Com os avanços Tecnológicos ocorridos na década de 90, Melhado et al. (2005), aponta o surgimento de um novo foco para o desenvolvimento de projetos: Denominado projeto para produção, que envolve disciplinas auxiliares à condução das atividades em Canteiro. Somam-se ainda as novas exigências por parte de construtores ante os projetistas, no sentido de fornecer projetos cada vez mais especializados, adequados às novas demandas dos edifícios e desenvolver projetos em prazos menores. (Melhado et al., 2005, p. 29) O mercado atual exige cada vez mais que o desenvolvimento dos projetos ocorra de forma multidisciplinar onde os profissionais envolvidos devem trabalhar de forma integrada, pensando não apenas na sua especialidade, mas interagindo com as outras equipes, tendo como principal objetivo a qualidade do projeto, atendendo os requisitos do cliente e as informações necessárias para desenvolvimento no canteiro de obras. A lógica da multidisciplinaridade deve ser difundida nas escolas de arquitetura e engenharia onde é fundamental nas disciplinas de projeto a integração entre arquitetura e estrutura, bem como com os demais sistemas. O processo da produção de projeto inicia pela concepção arquitetônica desta forma é importante desenvolver estas habilidades de integração buscando simultaneidade entre a arquitetura e a estrutura nas fases iniciais do projeto. 4. A estrutura e arquitetura Quando se fala de estrutura o que remete a mente é algo que sustenta, seja nas mais diversas áreas do conhecimento: estrutura musical, estrutura urbana, estrutura de uma empresa ou estabelecimento, a estrutura do corpo humano, entre outras, por mais ampla que seja a palavra “estrutura” o seu conceito se relaciona com a organização das partes ou elementos desta estrutura e está presente no nosso cotidiano, ou seja, na natureza, nas pessoas, objetos, ideais, nas construções (LOPES, 2006). Para a arquitetura e engenharia a estrutura de um edifício é elemento fundamental para transformar o projeto concebido em uma edificação construída, dentre os principais elementos que compõem a estrutura são as lajes, as vigas, os pilares e a fundação. Tem-se a idéia que a concepção da estrutura é atribuição do Engenheiro Civil, onde este teve uma formação profissional baseada em cálculos, dimensionamentos estruturais e sistemas complexos, mas a concepção estrutural não nasce de modelos matemáticos e dimensionamentos estruturais, pois para os elementos possam ser dimensionados devem existir um modelo previamente concebido, a concepção não necessariamente deve ser materializada (REBELLO, 2003). Um Edifício nasce de uma concepção arquitetônica, onde através de uma série de desenhos que explicam o espaço que será construído, um edifício não pode existir sem uma estrutura, logo a estrutura nasce da concepção arquitetônica, onde a forma do objeto concebido corresponde automaticamente à sua própria estrutura, ou seja, conscientemente ou inconscientemente a arquitetura e a estrutura nascem juntas (REBELLO, 2003). Embora muitos arquitetos não pensem na estrutura ou sistema estrutural, de seu projeto, ao desenvolver as primeiras formas geométricas a estrutura já está sendo elaborada e estas primeiras idéias e irão resultar de uma estrutura que será posteriormente calculada pelo Engenheiro Estrutural (REBELLO, 2003). A concepção da estrutura é diferente do projeto Estrutural como descreve Silva (2009): O projeto estrutural e o projeto arquitetônico da estrutura podem ser divididos em duas categorias de atividades que são bem amplas: a primeira, de invenção da forma e arranjo da estrutura e a segunda a de definir e detalhar as especificações, geometria e dimensões de todos os componentes da estrutura e as conexões entre eles. (SILVA, 2009, p.15). Quando o profissional tem consciência de que seu projeto irá resultar uma estrutura, este terá uma relação diferente com a arquitetura e estrutura, buscando conhecer os sistemas estruturais e tirando partido destes conhecimentos seja para a racionalização, a qualidade, a construtibilidade ou até mesmo a estética do edifício, buscando a compatibilização dos projetos trabalhando de forma integrada com os profissionais responsáveis pelos Projetos Estruturais e Complementares. 5. Breve Conceito de Compatibilização e Construtibilidade A compreensão dos termos compatibilização e construtibilidade são de extrema importância para a integração entre a Arquitetura e a Estrutura. Mikaldo; Scheer (2008) apresenta o conceito de compatibilização como sendo: Atributo do projeto cujos componentes dos sistemas ocupam espaços que não conflitam entre si e, além disso, que possui dados compartilhados com consistência e confiabilidade até o final do processo de projeto e obra. (MIKALDO; SCHEER, 2008, p. 4). Heineck; Rodrigues (2001) descrevem a construtibilidade como o emprego adequado do conhecimento e da experiência técnica em vários níveis para racionalizar a execução dos empreendimentos, enfatizando a inter-relação entre as etapas de projeto e execução. Estes conceitos devem estar presentes ao projetista que busca desenvolver seus projetos de maneira a integrar a arquitetura como a estrutura, como também no ensino de projeto integrado. A partir destes conceitos foi elaborado um questionário aos alunos do 1º semestre de 2010, das disciplinas de Projeto I, Projeto II, Projeto III, Projeto IV, Projeto VII e TCC de Projeto (Trabalho de Conclusão de Curso), do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNOCHAPECÓ, com o objetivo de verificar como ocorre a integração entre a Arquitetura e Estrutura nas disciplinas de projeto. Na aplicação do questionário foram apresentados estes conceitos, a fim de sanar possíveis dúvidas no preenchimento do questionário. 6. Análise e Resultados O gráfico abaixo apresenta o resultado final da pesquisa, através de questionário aplicado no curso de Arquitetura e Urbanismo, na UNOCHAPECÓ. Gráfico 1 – Resultado Final obtido através do questionário aplicado nas disciplinas de projeto no curso de Arquitetura e Urbanismo Fonte: Delatorre, 2010. A partir das respostas do questionário aplicado constata-se que em todas as fases do curso os alunos percebem a importância da Integração entre a Arquitetura e Estrutura nas disciplinas de Projeto, bem como os conceitos de compatibilização e construtibilidade. Nos questionários aplicados, os alunos demonstram grande interesse pelo conhecimento dos sistemas estruturais e apontam que os mesmos poderiam ser mais explorados nas disciplinas de Projeto Arquitetônico. A partir dos relatos dos questionários aplicados, busca-se conhecer e analisar as ementas das disciplinas de Projeto Arquitetônico da grade 333 do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNOCHAPECÓ, com objetivo de compreender o resultado da pesquisa. Ementas das Disciplinas de Projeto Arquitetônico – Grade 333 PROJETO I (3ª fase) Metodologia de pesquisa e projeto arquitetônicos. Características do espaço arquitetônico. Tipos de espaços arquitetônicos (interior/exterior, público/privado, sagrado/profano, etc.). Estudo da residência (edifício de pequeno porte, edifício de uso privado), enfatizando seus espaços interiores. Estudo das relações espaciais do edifício residencial (escala, proporção, ritmo, articulação cheio-vazio, etc.), memorial justificativo. programa, pré-dimensionamento, organograma, fluxograma, setorização, ergonometria. Estudo preliminar de arquitetura (planta baixa, vistas, croquis, etc.). Explorar as possibilidades plástico-formais do edifício residencial. (dados extraídos do site: https://www.unochapeco.edu.br/saa/frame.php) Análise: A ementa do projeto I, não aborda a integração entre a Arquitetura e Estrutura, nenhum sistema estrutural é descrito. Os pré-lançamentos estruturais, os conceitos de modulação, compatibilização, construtibilidade não são apresentados. PROJETO II (4ª fase) Metodologia de pesquisa e projeto arquitetônicos. Estudo da residência com diferentes níveis, enfatizando a relação entre espaço externo e espaço interno e a relação do edifício com o lote. Memorial justificativo. Programa, pré- dimensionamento, organograma, fluxograma, setorização, ergonometria. Estudo preliminar de arquitetura (situação, topografia do terreno, implantação e cobertura, plantas baixas, cortes, elevações, perspectivas, maquete, memorial descritivo, etc.). Explorar as possibilidades plástico-formais da edificação. (dados extraídos do site: https://www.unochapeco.edu.br/saa/frame.php) Análise: A ementa do projeto II como Também no projeto I, não apresenta discussões sobre a integração entre a Arquitetura e Estrutura, os sistemas estruturais, os pré-lançamentos estruturais, os conceitos de modulação, compatibilização, construtibilidade. PROJETO III (5ª fase) Metodologia de pesquisa e projeto arquitetônicos. Estudo do edifício em altura residencial multifamiliar (edifício de pequeno porte, edifício de uso coletivo), enfatizando a articulação do edifício com os equipamentos urbanos próximos. Técnicas construtivas. Memorial justificativo. Programa, pré-dimensionamento, organograma, fluxograma, setorização, ergonometria. Estudo preliminar de arquitetura (situação, topografia do terreno, implantação e cobertura, plantas baixas, cortes, elevações, perspectivas, maquete, memorial descritivo, detalhamentos, etc.). Explorar as possibilidades plástico-formais do edifício em altura residencial multifamiliar. Professor Associado na área de sociologia urbana – conteúdo: compreensão das relações sociais coletivas e o espaço de convivência. (dados extraídos do site: https://www.unochapeco.edu.br/saa/frame.php) Análise: O projeto III a ementa aborda as técnicas construtivas, mas também não enfatiza integração entre a Arquitetura e Estrutura, os pré-lançamentos estruturais, os conceitos de modulação, compatibilização, construtibilidade não são apresentados. PROJETO IV (6ª fase) Metodologia de pesquisa e projeto arquitetônicos. Estudo do edifício institucional (edifício de médio porte, edifício de uso público, coletivo), enfatizando a busca de resultado formal articulado ao uso diferenciado de materiais e tecnologias. Análise da relação do edifício institucional com o meio urbano próximo. Técnicas construtivas. Memorial justificativo. Programa, pré-dimensionamento, organograma, fluxograma, setorização, ergonometria. Estudo preliminar de arquitetura (situação, topografia do terreno, implantação e cobertura, plantas baixas, cortes, elevações, perspectivas, maquete, memorial descritivo, detalhamentos, etc.). Explorar as possibilidades plástico-formais do edifício institucional. Professor Associado na área de engenharia civil – conteúdo: relação forma/tecnologia e técnica construtiva. (dados extraídos do site: https://www.unochapeco.edu.br/saa/frame.php) Análise: Na ementa do projeto IV apresenta conteúdos relacionados a materiais e tecnologia e técnicas construtivas, sendo que os temas relacionados à integração entre a Arquitetura e Estrutura, os pré-lançamentos estruturais, os conceitos de modulação, compatibilização, construtibilidade não aparecem descritos. Nesta fase um professor associado à Área de Engenharia civil, começa a trabalhar conteúdos como: relação forma/tecnologia e técnica construtiva. PROJETO V (7ª fase) Metodologia de pesquisa e projeto arquitetônicos. Estudo do edifício de grande vão (edifício de médio e grande porte, edifício de uso coletivo), enfatizando tipos de estruturas empregadas em grandes vãos. Análise da relação do edifício de grande vão com o meio urbano. Técnicas construtivas. Memorial justificativo. Programa, pré-dimensionamento, organograma, fluxograma, setorização. Ergonometria. Estudo preliminar de arquitetura (situação, topografia do terreno, implantação e cobertura, plantas baixas, cortes, elevações, perspectivas, maquete, memorial descritivo, detalhamentos, etc.). Explorar as possibilidades plástico-formais do edifício de grande vão. Professor Associado na área de engenharia civil – conteúdo: tipos, análise e lançamento de estruturas empregadas em grandes vãos. (dados extraídos do site: https://www.unochapeco.edu.br/saa/frame.php) Análise: A ementa do projeto V enfatiza conteúdos relacionados aos tipos de estruturas empregadas para grandes vãos e as técnicas construtivas. Nesta fase o professor associado à área de engenharia civil auxilia na análise e no lançamento da estrutura empregada para os grandes vãos. Embora não estejam explicitamente citados nesta fase os conceitos de integração entre a Arquitetura e Estrutura começa a serem desenvolvidos nas disciplinas de projeto. Os conceitos de modulação, compatibilização e construtibilidade ainda não estão descritos. PROJETO VI (8ª fase) Metodologia de pesquisa e projeto arquitetônicos. Estudo do edifício em altura (edifício de médio e grande porte, edifício de uso coletivo), enfatizando tipos de infraestruturas empregadas. Aspectos técnicos relacionados ao edifício em altura: circulação vertical, lixo, gás, instalações hidráulicas e demais infra-estruturas complementar. Lançamento de elementos estruturais. Técnicas construtivas. Custos do edifício em altura e construtibilidade. Análise da relação do edifício em altura com o meio urbano. organograma, Memorial fluxograma, justificativo. setorização, Programa, Ergonometria. pré-dimensionamento, Estudo preliminar de arquitetura (situação, topografia do terreno, implantação e cobertura, plantas baixais, cortes, elevações, perspectivas, maquete, memorial descritivo, detalhamentos, etc.). Explorar as possibilidades plásticos-formais do edifício em altura. Professor Associado na área de engenharia civil – conteúdo: aspectos técnicos relacionados ao edifício em altura. Custos do Edifício em altura e construtibilidade. (dados extraídos do site: https://www.unochapeco.edu.br/saa/frame.php) Análise: A ementa do projeto VI, explana de forma mais completa os temas de integração entre arquitetura e estrutura, pois os conceito de construtibilidade são apresentados, bem como os aspectos técnicos e custos do edifício que são abordados pelo professor associado da Área de engenharia civil . Também estão descritos alguns sistemas complementares como instalações de gás e instalações hidráulicas que vem de encontro com o tema de compatibilização entre projetos. Quanto o conceito modulação ele não é descrito. PROJETO VII (9º fase) Metodologia de pesquisa e projeto arquitetônicos. Estudo do edifício de alta complexidade (edifício de grande porte, edifício de uso coletivo), enfatizando a articulação entre as exigências técnicas, normas específicas, equipamentos e instalações especiais. Noções de sustentabilidade aplicada à arquitetura e urbanismo. Lançamento de elementos estruturais. Técnicas Construtivas. Custos do edifício e construtibilidade. Análise da relação do edifício de alta complexidade com meio urbano. Memorial justificativo, Programa, pré-dimensionamento, organograma, fluxograma setorização. Ergonomia. Estudo pré-liminar de arquitetura (situação, topografia do terreno, implantação e cobertura, plantas baixas, cortes e fachadas, elevações, perspectiva, maquete, memorial descritivo, detalhamentos, etc.). Explorar as possibilidades plástico-formais do edifício de alta complexidade. Professor Associado na área de engenharia civil: elementos estruturais, técnicas construtivas e custos do edifício e construtibilidade. https://www.unochapeco.edu.br/saa/frame.php) (dados extraídos do site: Análise: semelhante à ementa do Projeto VI, o projeto VII também trata dos temas de integração entre arquitetura e estrutura, os conceito de construtibilidade, bem como os aspectos técnicos e custos do edifício que são abordados pelo professor associado da Área de engenharia civil. A ementa acrescenta as instalações especiais e deixa de abordar os sistemas complementares que tratam da compatibilização entre projetos arquitetônicos e os demais projetos. O conceito modulação não está descrito. Conforme os estudos desenvolvidos, na fundamentação teórica no presente trabalho sobre integração entre arquitetura e estrutura, é fundamental que a estrutura seja pensada já nas fases iniciais do projeto, bem como os demais sistemas complementares. A grande causa da incompatibilização entre projetos ocorre devido à elaboração dos mesmos ocorrem de forma isolada. Esta maneira de pensar e de desenvolver projetos gera retrabalhos, incompatibilização, desperdício de materiais, medidas paliativas na obra entre outros problemas, que acabam desgastando clientes e profissionais além de gerar impactos ao meio ambiente. Nesse contexto observa-se uma lacuna nas fases iniciais das disciplinas de projeto (Projeto I, Projeto II e Projeto III), onde as ementas destas disciplinas não apresentam temas de integração entre a arquitetura e estrutura, nem os conceitos de compatibilização e construtibilidade. Estes temas começam a ser tratados a partir da 6ª fase do curso, na disciplina de projeto IV, onde então um professor da Área da Engenharia Civil é associado à disciplina para tratar do tema relação forma/tecnologia e técnica construtiva. Se pensarmos no conceito de concepção da arquitetura e estrutura de forma integrada, é tardio a apresentação destes conteúdos para os alunos. Nos projetos VI e VII, o tema arquitetura e estrutura, bem como os conceitos de construtibilidade e compatibilização, são apresentados pelo professor associado da Área de Engenharia Civil, porém os sistemas construtivos são abordados apenas para projetos de grandes vãos. Os sistemas construtivos deveriam ser explorados desde as fases iniciais, pois cada sistema construtivo possui suas peculiaridades e estes deveriam ser apresentados de forma gradativa, desde o primeiro projeto a fim de desenvolver nos alunos a aptidão de pensar o projeto de forma integrada, incorporado aos conceitos de compatibilização, modulação e construtibilidade. Em base a fundamentação teórica, análise e interpretação dos resultados seguem as diretrizes fundamentais para o ensino das disciplinas de projeto, baseadas nos princípios de integração arquitetura e estrutura, compatibilização e construtibilidade: Proporcionar o ensino gradativo dos principais sistemas estruturais tais como: Alvenaria convencional, Estruturas de Madeira, Alvenaria Estrutural, Estruturas de Aço e Estruturas pré-moldadas; Abordar dentro de cada sistema estrutural as particularidades e os elementos, a importância dos sistemas modulares, da construtibilidade e da compatibilização entre projetos; Relacionar os sistemas estruturais com obras de arquiteturas existentes, visando despertar interesse dos alunos pelo tema; Promover o aprendizado através de exercícios de projetos arquitetônicos pensando na concepção estrutural e no sistema estrutural a ser utilizado, bem como a sua construtibilidade e compatibilização com os demais sistemas; Ensinar a lançar os pré-dimensionamentos dentro de cada sistema estrutural; Integrar a arquitetura e estrutura enfatizando a importância do lançamento estrutural no projeto arquitetônico e os demais sistemas. Desenvolver a capacidade dos alunos em elaborar seus projetos de forma integrada, buscando soluções que venham de encontro com os conceitos de construtibilidade e compatibilização; Auxiliar na formação acadêmica dos alunos, para que os mesmos possam se inserir no mercado de trabalho, com maiores conhecimentos relacionados ao tema integração arquitetura e estrutura, sendo capazes de conceber projetos que estejam adequados ao mercado vigente, onde a utilização dos conceitos construtibilidade e compatibilização de projetos são fundamentais; As aplicações destas diretrizes fundamentais podem ocorrer através da implantação de disciplinas de INTEGRAÇÃO ARQUITETURA E ESTRUTURA, no curso de Arquitetura e Urbanismo, quando houver alteração de grade. As disciplinas INTEGRAÇÃO ARQUITETURA E ESTRUTURA devem iniciar em paralelo a primeira disciplina de Projeto e as disciplinas devem ser integradas, para que os conteúdos vistos nas disciplinas de INTEGRAÇÃO ARQUITETURA E ESTRUTURA possam imediatamente ser aplicados na disciplina de Projeto, facilitando a compreensão por parte dos alunos. As disciplinas podem ser divididas em 3 fases, cada componente curricular com 2 créditos. Segue sugestão de ementa das disciplinas de INTEGRAÇÃO ARQUITETURA E ESTRUTURA: INTEGRAÇÃO ARQUITETURA E ESTRUTURA I: Ementa: Estudo dos sistemas estruturais em alvenaria convencional, Wood Frame e Estruturas de Madeira (pilar, vigas, tesouras e elementos de cobertura), Steel Frame e Alvenaria Estrutural e fechamentos. Integração entre a arquitetura e estrutura na concepção do projeto. Os condicionantes dos sistemas estruturais apresentados, suas vantagens e desvantagens, modulação, conceitos de construtibilidade e compatibilização entre projetos. Apresentação dos sistemas complementares de acordo com o grau de complexidade do projeto. Lançamentos e pré- dimensionamento da estrutura. Fundações rasas. Conceito de lajes e vigas de concreto armado. Piso em madeira e escadas, Graficação dos detalhes estruturais e suas interfaces. INTEGRAÇÃO ARQUITETURA E ESTRUTURA II: Ementa: Estudo dos sistemas estruturais em alvenaria convencional, Wood Frame e Estruturas de Madeira (pilar, vigas, tesouras e elementos de cobertura), Steel Frame e Alvenaria Estrutural e fechamentos. Integração entre a arquitetura e estrutura na concepção do projeto. Os condicionantes dos sistemas estruturais apresentados, suas vantagens e desvantagens, modulação, conceitos de construtibilidade e compatibilização entre projetos. Apresentação dos sistemas complementares de acordo com o grau de complexidade do projeto. Lançamentos e pré- dimensionamento da estrutura. Fundações rasas e profundas (estaqueamento). Conceito de lajes e vigas de concreto armado. Escadas. Graficação dos detalhes estruturais e suas interfaces. INTEGRAÇÃO ARQUITETURA E ESTRUTURA III: Ementa: Estudo dos sistemas estruturais para grandes vãos, estruturas metálicas (perfis soldados), estruturas pré-moldadas de concreto, concreto pretendido. Interfaces entre estruturas e fechamentos. Integração entre a arquitetura e estrutura na concepção do projeto. Os condicionantes dos sistemas estruturais apresentados, suas vantagens e desvantagens, modulação, conceitos de construtibilidade e compatibilização entre projetos. Apresentação dos sistemas complementares de acordo com o grau de complexidade do projeto. Lançamentos e pré- dimensionamento da estrutura. Fundações rasas e profundas (estaqueamento). Conceito de lajes nervuradas, escadas, Graficação dos detalhes estruturais e suas interfaces. Núcleos de enrijecimento e Reservatórios. Noções sobre cargas de ventos e cargas térmicas (juntas de dilatação). 7 Considerações As disciplinas propostas devem suprir as necessidades dos alunos quanto ao tema arquitetura e estrutura até a 6º fase do curso, para que os mesmos obtenham maiores conhecimentos relacionados ao tema e que possam ter maior autonomia nas demais fases das disciplinas de projeto, contribuindo para a sua futura formação de arquiteto e urbanista. Referências DELATORRE, Vivian; TORRESCASANA, Carlos Eduardo Nunes. Integração de projeto de arquitetura e estrutura: estudo para as disciplinas de projeto arquitetônico. 2010: Monografia (Conclusão para Formação para o Magistério Superior). Universidade Comunitária da Região de Chapecó, 2010. FABRICIO, M. M. Projeto simultâneo na construção de edifícios. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2002. HEINECK, Luiz Fernando Mahlmann; RODRÍGUEZ, Marco Antonio Arancibia. A construtibilidade no processo de projeto de edificações, 2001. Disponível em: <http://www.eesc.usp.br/sap/projetar/files/A020.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2009. LOPES, João Marcos; BOGÉA, Marta Vieira; REBELLO, Yopanan Conrado Pereira. Arquiteturas da engenharia ou engenharias da arquitetura. São Paulo: PINI, 2006. MELHADO, S. B. Qualidade do projeto na construção de edifícios: aplicação ao caso das empresas de incorporação e construção. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994. MELHADO, S. B.; SOUZA, Ana Lúcia Rocha de et al. Coordenação de projetos de edificações. São Paulo: O Nome da Rosa, 2005. MIKALDO JR, Jorge; SCHEER, Sergio. Compatibilização de projetos ou engenharia simultânea: qual é a melhor solução. Gestão & Tecnologia de Projetos Vol. 3, nº 1, maio 2008, Universidade Federal do Paraná. RAUBER, Felipe Claus. Contribuições ao projeto arquitetônico de edifícios em alvenaria estrutural. 2005. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. REBELLO, Yopanan Conrado Pereira. A concepção estrutural e a arquitetura. São Paulo: Zigurate, 2003. SILVA, Mauro César de Brito. Estrutura e arquitetura. 2006. Disponível em: <http://professor.ucg.br/siteDocente/admin/arquivosUpload/3095/material/Estrutura %20e%20 Arquitetura.pdf>. Acesso em: 05 out. 2009.