SÃO LUÍS:
ELEIÇÕES 2008 NA CAPITAL
MARANHENSE. PEÇAS NOVAS
PARA UM VELHO JOGO
Arleth Santos Borges
Professora do Departamento de Sociologia e Antropologia
da Universidade Federal do Maranhão – UFMA
As eleições de 2008 em São Luís (MA) se inscrevem na teia de eventos políticos
que desde 2003 tem se configurado como processo de crise e ruptura no interior do grupo
comandado pela família Sarney, o mais forte na política local desde meados dos anos
1960. Na capital do estado, porém, o domínio desse grupo só existiu enquanto foram
proibidas as eleições diretas1, pois desde que estas foram restabelecidas, em 1985, o
grupo sarneysta tem perdido as eleições. Essas derrotas vêm reforçando o epíteto de
“ilha rebelde”, imputado a São Luís em 1951 quando esta capital se rebelou contra a
posse do governador eleito pelo grupo político comandado pelo então senador e principal
chefe político local, Vitorino Freire, do PSD2.
Essa tradição oposicionista de São Luís, reforçada pela derrota do grupo Sarney
na disputa para o Governo do Estado em 2006, foi um elemento de grande destaque no
processo eleitoral de 2008, compondo a estratégia plebiscitária recorrentemente adotada
pelos grupos políticos de oposição nos pleitos maranhenses. A despeito do grande
número de partidos e candidatos presentes na disputa eleitoral, tal estratégia opera a
simplificação das forças em disputa que, por este expediente, são reduzidas a dois
grandes campos, os quais, mesmo não sendo homogêneos, apresentam-se como se o
fossem. Um destes campos corresponde ao grupo constituído pela família Sarney e seus

1
Doutora em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).
O Art. 4º do Ato Institucional nº 3, decretado pelo General Castelo Branco em 05 de fevereiro de 1966,
determina que “serão nomeados pelos Governadores de Estado, os Prefeitos dos Municípios das Capitais
mediante prévio assentimento da Assembléia Legislativa ao nome proposto”. Em maio de 1985 a Emenda
Constitucional nº 25/85 reintroduz as eleições diretas para prefeito.
2
Esta e todas as demais siglas partidárias mencionadas neste artigo estão relacionadas, com sua completa
denominação, no Anexo1.
aliados, vinculados aos partidos DEM, PMDB, PV e outros; o segundo campo,
denominado de oposição, é representado por partidos, segmentos organizados ou
personalidades que se autodefinem não proativamente, mas pela reação e oposição ao
chamado sarneysmo, reunindo de modo mais permanente o PDT e o PT (e de modo mais
circunstancial o PCdoB e PSB), forças não partidárias ligadas a movimentos sociais e
Igreja, além de outros partidos ou personalidades que, por variadas razões, encontrem-se
na oposição. O esquema plebiscitário é acionado pelos oposicionistas e supõe que todas
as forças políticas relevantes se alinharão num ou noutro destes pólos, escapando ao
magnetismo dos mesmos apenas os partidos de extrema esquerda, os quais, no entanto,
não têm tido força para inviabilizar a lógica plebiscitária.
Em 2008, cada um desses grupos entrou na disputa com fragilidades e
potencialidades, compondo um cenário de incerteza, indispensável a qualquer disputa
que se pretenda democrática. O grupo Sarney apresenta-se com trunfos acumulados em
décadas de experiência político-administrativa e ocupação de posições importantes, que
se desdobram em notáveis recursos de poder, tais como: dinheiro, suportes midiáticos de
grande alcance, popularidade/visibilidade e, sobretudo, inserções na esfera
governamental (estadual e federal) que lhes favorece o acesso a recursos e instâncias
decisórias, ampliando seu papel redistributivo, ou seja, sua capacidade de distribuir
benefícios coletivos e seletivos. A questão era saber se esse arsenal de trunfos materiais,
políticos e simbólicos seria acionado para a disputa de prefeito da capital, até então pouco
privilegiada pelo grupo desde a sua emblemática derrota de 19853.
Os oposicionistas, por sua vez, mobilizavam em seu favor a retórica antisarneysta, que apontava esse grupo como responsável pelos péssimos indicadores sócioeconômicos do estado; contavam com a presença de lideranças partidárias à frente do
governo estadual e da Prefeitura de São Luís, Jackson Lago e Tadeu Palácio, ambos do
PDT; tinham um partido da oposição (PDT) governando a capital há praticamente duas
décadas; e reverberavam o clima de confiança remanescente da vitória sobre Roseana
Sarney na disputa para o governo estadual em 2006. Trunfos políticos a serem
convertidos em ganhos eleitorais.
Em face disso, seria razoável admitir que, tanto para os sarneystas como para os
oposicionistas, a disputa de 2008 pelo governo da capital – principal núcleo de poder
político e econômico do estado - ganhasse maior relevo. Para os primeiros, havia a
necessidade de recomposição das bases de apoio e poder, sob tensões e fraturas desde
20034, aproveitando-se, inclusive, do desgaste recentemente sofrido pelo governador e
ex-governador que foram, direta ou indiretamente, envolvidos em operação anti-corrupção
3
Nessa eleição (1985), o candidato sarneysta, Jaime Santana, apresentado como “força total”, perdeu a
eleição para Gardênia Ribeiro Gonçalves, auto-representada como “nome de flor” que “vai tratar São Luís com
amor”. Os slogans de cada candidato podem ser tomados como sinalizadores do volume de recursos e do
poder atribuído a cada um dos grupos em disputa, no caso: sarneystas versus oposicionistas.
4
Nesse ano (2003), houve a ruptura do governador José Reinaldo Tavares com a família Sarney, sendo o
primeiro acompanhado por vários deputados e lideranças municipais. Em 2006, aconteceu a derrota de
Roseana Sarney para Jackson Lago na disputa para o governo estadual.
2
conduzida pela polícia federal5. Para os oposicionistas, interessava consolidar a vitória de
2006 e permanecer no comando político da capital.
Para realizar seu propósito, o projeto oposicionista incluía a reedição da chamada
“Frente de Libertação do Maranhão”, que seria o espaço de unificação dos partidos,
movimentos e personalidades de oposição em torno de uma candidatura única. Esta
Frente seria o meio privilegiado pelo qual a eleição em São Luís poderia ser transformada
numa espécie de plebiscito Sarney/anti-Sarney. Em 2006, essa estratégia foi
cuidadosamente preparada, mas só foi efetivada no segundo turno devido às restrições
impostas pela lei da verticalização das alianças partidárias6, que obrigava a reedição das
alianças nacionais no plano estadual. Já em 2008, malgrado a confiança no êxito da
estratégia frentista e num contexto em que não haveria eleição federal, os partidos
oposicionistas se dividiram em três candidaturas que disputaram entre si e com outras
cinco, alinhadas ao sarneysmo, e mais duas de partidos de extrema esquerda. Com este
quadro de fortes concorrências inter e intrapartidárias, São Luís foi a capital que
apresentou maior número de candidatos a prefeito nas eleições de 2008.
Candidatos, Partidos e Coligações
Os dez candidatos que se apresentaram à disputa para o Executivo Municipal de
São Luís em 2008 foram:
Quadro 1:
Candidatos, Partidos e Coligações nas Eleições de 2008 em São Luís-MA
Candidato
Partido
Partidos Coligados
Nome da Coligação
(Slogan)
João Castelo
PSDB
PSDB / PSB / PTC
São Luís merece mais
Agora Vai
Flávio Dino
PCdoB
PCdoB / PT
Unidade Popular
São Luís quer muito mais
Clodomir Paz
PDT
PDT/ PMN/ PCB/ PSL /PRP
/PSDC /PR/ PHS / PTN/ PPS
São Luís não pode parar
Prefeito Presente
5
O governador Jackson Lago foi envolvido na “Operação Navalha” da Polícia Federal, em razão da acusação
de que dois sobrinhos seus, com cargos no governo estadual, teriam sido flagrados recebendo propina da
construtora Gautama. Também foi envolvido nessa operação o ex-sarneysta e então padrinho político de
Lago, José Reinaldo Tavares, ex-governador, que chegou a ser algemado e preso ante as câmeras de TV.
6
Resolução nº 20.993, publicada em 26 de fevereiro de 2002 pelo Tribunal Superior Eleitoral, que determina:
"Os partidos políticos que lançarem, isoladamente ou em coligação, candidato à eleição de presidente da
República não poderão formar coligações para eleição de governador/a de Estado ou do Distrito Federal
senador/a, deputado/a federal e deputado/a estadual ou distrital com partido que tenha, isoladamente ou em
aliança diversa, lançado candidato/a à eleição presidencial".
3
A força das Comunidades
Segurança das
Comunidades
Diga sim para São Luís
São Luís sob nova direção
Raimundo Cutrim
DEM
DEM / PTdoB / PRTB
Gastão Vieira
PMDB
PMDB /PSC
Waldir Maranhão
PP
PP / PV
Cleber Verde
PRB
NÃO FEZ COLIGAÇÃO
Welbson Madeira
PSTU
NÃO FEZ COLIGAÇÃO
Pedro Fernandes
PTB
NÃO FEZ COLIGAÇÃO
Paulo Rios
PSOL
NÃO FEZ COLIGAÇÃO
São Luís: progresso
sustentável
Fonte: TSE / Eleições 2008
O primeiro aspecto que esses dados apontam é o grande número de candidaturas,
decorrente de dois motivos interligados: a derrota do projeto frentista em prol de
estratégias particularistas de partidos e candidatos, e as dificuldades de construir acordos
sobre alianças dentro dos próprios partidos e destes entre si. A opção pelo fortalecimento
de siglas e lideranças partidárias em detrimento da reedição da “Frente de Libertação”7,
teve a ver com a possibilidade, nada remota, de realização de segundo turno, fato que
estimula a utilização do primeiro turno para a divulgação de nomes e idéias partidárias,
deixando as alianças estratégicas para o segundo turno.
A “Frente” não se viabilizou porque os partidos potencialmente integrantes, apoiandose em trunfos e interesses específicos, disputavam a liderança da chapa pluripartidária a
ser lançada; outros sequer conseguiam chegar a um acordo interno quanto à estratégia e
o nome do melhor candidato. O PSDB se reivindicava portador do nome mais competitivo
(o do ex-governador João Castelo); o PDT encontrava-se internamente dividido, mas
contava em suas fileiras com o prefeito da cidade e o governador do estado; o PT tinha o
status de partido do presidente da República, àquela altura com extraordinária
popularidade, mas estava duplamente dividido entre ter ou não ter candidatura própria e,
na hipótese de não tê-la, divergia sobre qual poderia ser o aliado preferencial (PCdoB ou
PDT); em seu favor, o PT dispunha de grande tempo no horário gratuito de propaganda
eleitoral no rádio e TV – condição de viabilidade das pretensões de candidatura do
7
Em 2006, os partidos inicialmente engajados na Frente de Libertação do Maranhão eram o PSB, PDT,
PSDB, PPS, PT, PAN, PL, PCB, PMN e PCdoB, unidos pela pré-candidatura do ex-prefeito Jackson Lago
(PDT) ao Governo do Estado, e a do deputado federal João Castelo (PSDB) ao Senado da República. Com a
regra da verticalização adotada naquele pleito esse projeto foi inviabilizado, visto que PT, PSDB e PDT
lançaram candidatos a presidente e o PSDB coligou-se ao PFL que, no Maranhão era o partido da
candidatura de Roseana Sarney. Por isso, naquela ocasião, a Frente de Libertação do Maranhão desdobrouse em três candidaturas: Jackson Lago, pelo PDT; Aderson Lago, pelo PSDB; e Edson Vidigal, pelo PSB/PT.
4
PCdoB. Sequer os partidos de extrema esquerda conseguiram se unificar em uma chapa,
sendo lançados candidatos do PSOL, do PSTU e, por pouco, o PCO não lançaria mais
uma candidatura, inviabilizada apenas por irregularidades na documentação legal.
A estratégia de lançar candidaturas através de coligação foi a opção da maioria dos
partidos e candidatos, interessados em maximizar o “tamanho do palanque”, isto é, o
número de apoiadores de destaque, o trabalho de “corpo-a-corpo” junto aos eleitores, o
tempo disponível para a propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV e, conseqüentemente,
o número de votos8. Ideologicamente, a única coligação de traços, teoricamente, mais
homogêneos foi a coligação PCdoB/PT9.
Existem diferenças significativas quanto ao tamanho das coligações, sendo a maior de
todas a do partido do governo, tanto estadual como municipal (o PDT); mas há um traço
invariante em todas elas: a presença de pelo menos um grande partido nacional, no caso,
o PT, o PSDB, o PMDB, o PDT e o DEM. Dos 26 partidos participantes do pleito, apenas
quatro – um de médio porte (PTB) e três de pequeno porte (PRB, PSTU e PSOL) –
optaram pela candidatura própria, apresentando-se sozinhos no primeiro turno.
Para os que fizeram coligações, observa-se a partir dos nomes com que estas foram
batizadas que, via de regra, a ênfase das mensagens não incide sobre partidos ou
ideologias, mas sobre questões da cidade. Daí os slogans carregados de ufanismo e
reverências a São Luís e suas possibilidades e necessidades de avanços. Tal estratégia é
ilustrativa do aspecto denegatório da política, pelo qual a mesma é justificada não por
interesses particulares dos postulantes aos cargos ou das organizações partidárias, mas
pelo discurso de compromissos com a comunidade e disposição para servir, ainda que ao
custo do sacrifício pessoal10.
Acrescente-se a isso que o número total de candidaturas, embora grande, não
chegou a ser inédito em São Luís, visto que foi o mesmo de 1992, ano da primeira eleição
após a instituição do segundo turno nos grandes colégios eleitorais em que nenhum dos
candidatos a cargos executivos obtivesse a maioria absoluta dos votos.
Perfil dos Candidatos
Vasta literatura, tanto de viés institucionalista quanto etnográfico, tem salientado
que uma disputa eleitoral não pode ser explicada apenas pela racionalidade instrumental
do eleitor, supostamente bem informado e ideologicamente orientado. Tais questões têm
a sua importância, mas ao lado delas há outras também significativas, relacionadas às
motivações, nem sempre racionais, do eleitor e ao capital social e político
estrategicamente acionados pelos agentes em disputa. A idade do candidato, por
8
Para o aprofundamento sobre os significados e experiências de coligações eleitorais no Brasil, ver o trabalho
organizado por Krause e Schmitt (2005).
9
Conforme classificação ideológica dos partidos políticos brasileiros proposta por Figueiredo e Limongi
(1999).
10
A propósito de representações generosas e heróicas que políticos profissionais elaboram para referir-se à
suas atitudes e trajetórias, ver Kushnir (2000).
5
exemplo, quando elevada, pode ser apresentada ao eleitor como marca de experiência e
maturidade, mas pode também, quando pequena, ser acionada como sinal de renovação
e vitalidade. Diplomas e títulos universitários geralmente são apresentados como
indicadores de competência, status intelectual e inserção em meios acadêmicos; a
assunção prévia de cargos eletivos ou administrativos é apontada como sinônimo de
experiência e trânsito entre as elites dirigentes, ou seja, conhecimento e acesso às
estruturas de poder. De modo mais ou menos explícito, elementos como estes povoaram
o cenário da disputa eleitoral em São Luís em 2008.
Outros elementos trazidos à tona, não por iniciativa dos candidatos, mas por
exigências da instituição eleitoral, referem-se à situação patrimonial dos postulantes a
cargos eletivos e à previsão de gastos na campanha. Com a publicização da primeira
informação, a autoridade legal visa instaurar efeitos dissuasivos em relação ao
enriquecimento (ilícito) com a atividade política; com a segunda medida, o objetivo é
conter a generalizada tendência de transformação das eleições em simples disputa de
poder econômico, razão pela qual os dispositivos legais procuram manter o processo
tanto de gastos como de prestação de contas dentro de limites legais, previamente
fixados. O Quadro 2 apresenta uma síntese da situação dos candidatos relativamente a
estes pontos.
Quadro 2:
Perfil ocupacional, experiência político-administrativa e condição sócio-econômica
dos candidatos a prefeito de São Luís em 2008
Candidato / Ocupação
Idade /
Declarada
(Ano do 1º
mandato)
João Castelo, Advogado
70
(1979)
Mandatos
Eletivos
Principais
Cargos
Anteriores
Governador
Senador
Deputado
Federal (3
mandatos)
Presidente Banco da 6.363.437,00 7.900.000,00
Amazônia - BASA
Presidente da
Empresa
Maranhense de
Administração
Portuária – EMAP
Secretário Executivo
733.748,00 2.500.000,00
do Conselho Nacional
de Justiça – CNJ
Juiz Federal
Presidente Associção
Nacional dos Juízes
Federais – ANJUFE
Flávio Dino, Advogado Deputado
40
Federal
(2006)
(1º mandato)
Clodomir
Paz,
63
(1986)
Engenheiro Deputado
Diretor das Centrais
Estadual
Elétricas do MA (03 mandatos) CEMAR
Secretário Estadual
de Minas e Energia
6
Patrimônio
(R$) *
Previsão de
Gastos
(limite)
1.702.794,00 6.000.000,00
Secretário Municipal
de Assuntos Políticos
Raimundo
Cutrim,
53
(2006)
Deputado Deputado
(estadual) Estadual
(1º mandato)
Cleber
Verde,
36
(1998)
Servidor
público
federal
Vereador
(1mandato)
Deputado
Estadual
(1º mandato)
Gastão
Vieira,
62
(1987)
Deputado
(federal)
Deputado
Estadual
(2 mandatos)
Deputado
Federal
(4 mandatos)
Welbson
Madeira,
38
Pedro
Fernandes,
59
(1993)
Professor
universitário
Deputado Vereador São
Luís
(1 mandato)
Deputado
Federal
(3 mandatos)
Waldir
Maranhão,
53
(2006)
Paulo Rios,
46
Médico
Deputado
Veterinário Federal
(1º mandato)
Historiador
/ Professor
Universitário
Delegado da Polícia
527.456,00
Federal
Secretário/Gerente
Estadual de
Segurança Pública
Diretor regional do
735.000,00
INSS
3.500.000,00
Secretário Estadual
de Planejamento
Secretário Estadual
de Educação
441.599,00
1.500.000,00
Dirigente sindical
15.000,00
30.000,00
Presidente da
982.657,00
Companhia de
Limpeza Urbana de
São Luís - COLISEU
Secretário Municipal
de Obras e
Transporte
Secretário Municipal
de Infraestrutura.
Reitor da
450.000,00
Universidade
Estadual do
Maranhão – UEMA
Dirigente sindical
357.000,
4.000.000,00
6.000.000,
2.000.000,
100.000,
-
* Informações Declaradas ao Tribunal Regional Eleitoral
Fontes: TSE; Jornal Folha de São Paulo/Eleições 2008/Perfil dos Candidatos São Luís-MA,
disponível em (http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2008/eleicoes) Horário Gratuito de
Propaganda Eleitoral, veiculado em São Luís no período de 19/08/2008 a 02/10/2008. Câmara dos
Deputados / Dados Biográficos; e materiais informativos dos candidatos.
Em relação à idade dos candidatos, observa-se uma variação significativa com
extremos localizados em 70 e 36 anos. Quase todos os concorrentes já exerceram
mandatos eletivos, sendo deputado federal o cargo de maior incidência e vereador o de
7
menor incidência11, havendo um candidato (João Castelo) que já ocupou três cargos
diferentes (governador, senador e deputado federal), enquanto outros ainda não
exerceram mandatos eletivos. Por outro lado, o exercício de atividades administrativas
anteriores, em cargos de confiança, é quase uma regra, pois só ficam de fora os dois
candidatos da extrema esquerda, que são, entretanto, professores de universidades
públicas, e o ex-juiz federal, cujas funções também apresentam inconteste caráter
público, mas este, a exemplo dos dois anteriores não chegaram a esses cargos por
indicação ou confiança particular de algum político, mas por critério burocrático, ou seja,
por direito obtido através de concurso público.
A situação patrimonial dos candidatos situa-se em patamares médio-alto e alto e
registra diferenças profundas, confirmando-se, porém, a regra de que os mais
competitivos foram os detentores de maior patrimônio. Na mesma linha, as previsões de
gastos na campanha eleitoral seguem o ritmo maior ou menor do patrimônio de cada
candidato; por outro lado, também acompanham a tendência de elevado e progressivo
encarecimento das campanhas, apesar de todas as medidas preventivas fixadas em lei.
Considerando esses gastos declarados pelos candidatos, o desempenho de Flávio Dino
não nega, mas foge um pouco ao padrão de proporcionalidade direta entre poder
econômico e competitividade eleitoral.
Cumpre registrar que, nesse universo muito heterogêneo, a campanha acabou
polarizada entre candidatos de situações bastante diferenciadas – João Castelo e Flávio
Dino – que só têm em comum o fato de serem ambos, advogados. Castelo é o candidato
mais velho e Dino, um dos mais jovens; o primeiro tem larga experiência em cargos
eletivos e administrativos, enquanto o segundo está iniciando seu primeiro mandato; um é
o mais rico de todos e o outro tem patrimônio mediano; o primeiro tem trajetória políticopartidária mais de centro-direita, enquanto o segundo localiza-se mais à esquerda; João
Castelo sempre esteve mais próximo de esferas governamentais, enquanto o Flávio Dino
tem um histórico de vinculações com setores organizados da sociedade civil. Tais
elementos impõem a relativização do alcance eleitoral destes aqui denominados trunfos
sócio-econômicos e políticos, afinal nenhum destes elementos, incluindo o poder
econômico, mostrou-se suficiente ou decisivo para a vitória nas urnas. A importância de
atributos sócio-econômicos, tempo na política, experiências político-administrativas,
vinculações partidárias etc., só se define como tal no contexto efetivo de cada disputa.
A Disputa Retórica
Os processos eleitorais são constitutivos da moderna democracia representativa e
têm atravessado várias modificações ao longo do tempo, assimilando características e
necessidades dos diferentes contextos políticos e culturais, as transformações políticopartidárias e os processos de especialização da atividade política (MANIN, 1995). Uma
das mudanças de maior destaque relaciona-se às novas formas de sociabilidade,
marcadamente influenciada pela comunicação midiática e, junto com isso, a emergência
de novas configurações políticas e técnicas eleitorais.
11
Tais evidências estão de acordo com as conclusões de Grill (2007) que, em pesquisas sobre as bancadas
maranhenses de deputados federais, constatou haver nesse estado um padrão de ingresso na política pelo
alto, ou seja, por cargos federais e não por aqueles de âmbito local, como vereador ou prefeito.
8
Argumentando no sentido de que na contemporaneidade as relações entre
comunicação e política são muito estreitas, Rubim (2001), citando Alejandro Alonso,
refere-se às eleições como um “foro comunicativo” no qual todos os seus atores são
convocados a empreender um admirável investimento em comunicação, através de
estratégias, dispositivos e instrumentos bastante variados, dentro de um esforço de
comunicar idéias e propostas, convencer, sensibilizar e emocionar, mobilizando mentes e
corações, em disputa pelo poder político na sociedade. Também destaca que esse
embate é orientado por normas (formais e informais, acrescente-se) e é realizado em
ambiente público.
Além disso, sendo a eleição uma espécie de jogo em que a competição pode
tornar-se muito intensa, o processo em que se desenvolve supõe permanente diálogo não
apenas entre candidatos e eleitores, mas também dos candidatos entre si. Nesse sentido,
as estratégias de auto-representação, a construção da imagem do adversário, a
interpretação do mundo presente e do mundo futuro (atual situação da cidade e propostas
a serem implementadas) e a política de alianças adquirem grande importância tanto para
o encaminhamento do processo eleitoral como para o resultado da campanha. O Quadro
3 sintetiza o acionamento e os significados de alguns desses elementos na disputa de
São Luís em 2008, a partir do discurso dos próprios candidatos, enunciado em materiais
de propaganda, entrevistas e no horário gratuito de propaganda eleitoral.
Quadro 3:
Construção da imagem, desconstrução do oponente e propostas de governo dos
Candidatos
Candidato Auto-imagem
Aliados
Identificação e
Principais
Desconstrução do Propostas de
Oponente
Governo*
João
Castelo
Experiente /
Roberto Rocha (dep. Flávio Dino Moderno /
fed.); Pinto da
apresentado como
Realizador de
Itamaraty (dep. fed. e inexperiente,
grandes obras - as proprietário de radiola comunista,
maiores da cidade. de reggae); Aécio
sarneysta e inimigo
Amigo dos Jovens. Neves (gov. de MG); dos mais velhos e
Vítima de ataques Alberto Franco,
das Igrejas.
e injustiças.
Edvaldo Holanda e
Afonso Manoel (dep.
estaduais); Telma
Pinheiro (sec. estad.
das cidades,
responsável pelas
obras do PAC em São
Luís); Aldionor
Salgado (exvereador); exmilitantes de
esquerda e do
movimento estudantil
9
Transformar São Luís
num canteiro de obras:
Hospital de Urgência
Médica; programa
Palafita Zero; novo
anel viário; creches em
todos os bairros; livros
e uniformes gratuitos
para alunos da rede
municipal; ampliação
da frota de ônibus;
distribuição de
alimentos a preços
populares; etc.
na época da greve
pela meia passagem)
Flávio Dino Novo. Aliado de
Lula; ministros;
Lula. Moderno.
lideranças nacionais
Preparado:
do PT (Ricardo
conhece as leis e Berzoini) e do PCdoB
os caminhos para (Renato Rabelo);
obter recursos.
Helena Heluy
Trajetória de luta (deputada estadual);
por justiça e de
artistas e intelectuais
êxitos profissionais locais; militantes de
movimentos sociais e
do PT.
Clodomir
Paz
Cleber
Verde
Fazer em São Luís o
João Castelo que Lula está fazendo
apontado como
sem acesso ao
no Brasil (PAC São
governo federal,
Luís)
impositor de falso
debate (alusão a
questões religiosas
e aspectos da vida
privada do
candidato); velho,
no sentido de
ultrapassado, e
sem experiência
democrática.
Experiente na
Tadeu Palácio
João Castelo (de Continuidade ao
administração
governo Tadeu
(prefeito). Pastores
quem tentou
municipal;
deputados estaduais impugnar a candi- Palácio, com
conhecedor do
incrementos nas áreas
– Graça Paz
datura no TRE) que tem que ser (esposa), Pavão
apresentado como de saúde, transporte e
feito. Honesto e
educação
Filho, Elisiane Gama. violento, pelas
competente para
agressões
fazer as mudanças
praticadas contra
que São Luís
os estudantes na
precisa.
greve de 1979;
inimigo dos funcionários públicos,
devido à demissão
de centenas destes
na gestão de sua
mulher como prefeita; mau gestor e
descumpridor de
leis trabalhistas
(vide os vários
processos de
dívidas trabalhistas
a que responde e a
situação falimentar
de suas empresas).
Origem humilde e Aposentados,
Implantação de
sucesso político: militares, feirantes,
Hospitais do coração e
de feirante da
do diabético. Unidades
estudantes.
Cohab, professor
móveis de saúde.
e vereador a depuCreches alternativas.
tado federal. Em
Brasília, “aprendeu
onde estão os
recursos”.
10
Raimundo Corajoso;
Grupo Sarney
Independente;
Cutrim
Segmento policial
“Entrei para a
política pela porta
da frente, não
precisei de
dinheiro público
para me eleger”.
Sabe como
funciona o
governo.
Gastão
Vieira
Competência.
Honestidade.
Força política.
Experiência.
Acesso
privilegiado ao
governo federal:
um dos vice-líderes do presidente
Lula na Câmara
Histórico de
militância na
Esquerda e nos
movimentos
sociais.
Roseana Sarney
(senadora e exgovernadora);
ministros, do MDB,
com destaque a
Edson Lobão (exsenador e exgovernador do
Estado).
Castelo - acusado Segurança pública
de ter endividado o para São Luís.
estado e levado
suas empresas à
falência.
Flávio Dino chamado de
comunista
engravatado que
mora em Brasília e
agora se veste com
a barba de Lula.
Revolução lenta em
João Castelo,
apresentado como São Luís, através da
sem acesso ao
educação.
governo federal em
razão de seu
partido, o PSDB,
ser a principal força
de oposição ao
presidente Lula.
Os 8 Candidatos do Concursos Públicos.
Militantes de MoviGrupo Sarney,
Melhoria dos
mentos Sociais.
equipamentos e
Intelectuais.
todos tratados
serviços públicos.
Brincantes do Bumba- como
representantes ou Combate à
meu-boi.
herdeiros da
terceirização de
oligarquia.
serviços públicos.
Experiente, por
Oferta gratuita de
Pedro
O candidato não
produtos essenciais
Fernandes que já passou por
elegeu um
vários cargos
adversário direto, para os mais pobres:
públicos. 100% de
pão, internet, curso de
mas teve grande
comparecimento
inglês e cursinho prérepercussão o
na Câmara dos
prejuízo que teria vestibular. Transporte
Deputados.
causado a Flávio coletivo urbano
Dino por ter apre- (ônibus) com ar
condicionado.
sentado recurso
que inviabilizou o
debate entre os
candidatos no 1°
turno, com
transmissão pela
TV Globo, e para o
qual Dino fizera
ampla convocação.
Origem simples. Familiares. Jornalista
Integração do
Waldir
transporte
Maranhão Orgulho de ser
e empresária do ramo
professor
metropolitano. Metrô.
de entretenimento
Horto-florestal
(Dulce Brito).
Welbson
Madeira
11
Paulo Rios Militante de
esquerda
Flávio Dino,
apontado como
mais um candidato
de Sarney, de
práticas eleitoreiras
e antidemocráticas
como as alianças
eleitorais com
prefeitos “ficha
suja” e
financiamentos por
parte de
empresários e
representantes da
política tradicional.
Programa de obras
públicas emergenciais.
Participação nas lutas
sociais. Combate ao
nepotismo. Valorização
da cultura popular e
política de
acessibilidade
Fontes: Propaganda Eleitoral Gratuita veiculada pela televisão; materiais de campanha dos
candidatos; entrevistas divulgadas na mídia local e/ou jornal Folha de São Paulo; e dados do TSE.
A visão apresentada no Quadro 3 sobre as auto-representações dos candidatos
evidencia a valorização da chamada “experiência”, o que denota reconhecimento da
arena política como um campo que requer competências específicas e profissionais
(distintas do amadorismo). Essa experiência freqüentemente é traduzida como “conhecer
os caminhos”, os quais logo são especificados como “das pedras”, para sinalizar que não
se trata de caminhos fáceis, auto-evidentes ou acessíveis a principiantes ou outsiders.
João Castelo, Clodomir Paz, Raimundo Cutrim, Gastão Vieira, Pedro Fernandes e Waldir
Maranhão tiveram prévias experiências administrativas e de gestão pública (por eleição
ou indicação para cargos de confiança) e as acionaram com o propósito de dar
consistência e confiabilidade aos seus discursos e propostas12.
Também ocorre que a experiência ou expertise e mesmo o prestígio reivindicado
pelo candidato possa estar referido não a ele próprio, mas a apoiadores detentores de
alguma notoriedade, registrando-se, nesses casos esforços de transposição de trunfos e
capitais de uma esfera para outra esfera ou de um agente para outro13. O quanto esta
passagem ou transferência pode ser operacionalizada e com que grau de eficácia é
questão a ser observada em cada situação concreta, mas essa possibilidade é um dos
elementos que dá sentido à política de alianças empreendida pelos candidatos. Esta
política, para além da conformação de campos ideológicos ou composição de maiorias
numéricas, cumpre o papel de ungir o candidato com as qualidades, legitimidade e
confiabilidade creditadas aos seus notáveis aliados e apoiadores. Todos os candidatos
participantes do pleito de 2008 em São Luís empenharam-se em ter aliados notáveis,
embora o conteúdo dessa notoriedade possua significados os mais diversos.
12
A respeito da política como uma esfera ou campo de saberes e práticas especializadas, ver Bourdieu
(1989). Para uma análise desta questão aplicada ao caso brasileiro, ver Bezerra (1999).
13
Bourdieu, 1989, com atenção especial aos conceitos de instituição e investidura.
12
Um elemento de notoriedade dos mais acionados foi o pertencimento a instâncias
da administração pública, observando a hierarquia que marca os níveis federal, estadual e
municipal, apesar de tratar-se de eleição municipal. Assim, revelou-se crucial para todos
os candidatos tornar evidente a sua proximidade com o presidente Lula, não escapando a
essa estratégia sequer o candidato do PSDB, que usou o seu horário de propaganda
eleitoral para apresentar um vídeo em que o presidente, em reunião com prefeitos de todo
o país, afirmava a isonomia de tratamento a todos os eleitos, independentemente de
diferenciações partidárias ou regionais. Na mesma direção, a vinda a São Luís, do
governador Aécio Neves, de Minas Gerais, para dar apoio ao candidato João Castelo
(PSDB) atendia a uma dupla função: explicitar o apoio de um governador com expressiva
liderança nacional e dar o testemunho de que ser governante por um partido de oposição
não significa abandono por parte do presidente Lula. Flávio Dino (PCdoB) trouxe ao seu
programa eleitoral depoimentos de apoio do presidente Lula e participação de vários
ministros, medida também adotada por Gastão Vieira (PMDB). Também foi intensa a
presença de senadores, deputados, secretários de governo estadual e municipal nos
palanques eletrônicos de São Luís. Artistas e profissionais liberais de maior visibilidade,
dirigentes de movimentos sociais e “representantes” de manifestações culturais (do
bumba-meu-boi ao marafolia, passando pelo reggae) também foram amplamente
requisitados por candidatos de todos os matizes ideológicos, sendo Raimundo Cutrim
(DEM) o mais resistente à utilização da propaganda feita por terceiros.
No processo de construção da imagem do candidato, também é comum que a
ausência de experiências político-administrativas próprias seja mitigada por capitais
sociais como diplomas, prêmios e experiência profissional ou política em espaços não
estatais. O candidato Flávio Dino, um dos mais novos na disputa e sem experiência
administrativa, freqüentemente chamava atenção para seus títulos acadêmicos, sua
experiência como juiz – que lhe conferiam o status sempre muito valorizado de
“conhecedor das leis” – e também destacava seu ativismo político em entidade
representativa dos juízes e suas inserções junto a movimentos organizados da sociedade
civil. Esta é uma via pela qual a própria trajetória individual pode ser valorizada (ou
desvalorizada) pelos agentes políticos em disputa.
Outra forma de compensar a falta de experiência e de tirar proveito da pouca idade
(em geral, associada à inexperiência e à insensatez) é dada pela afirmação como “novo”,
“moderno”, “avançado” e diferente da situação presente, presumidamente insatisfatória ou
passível de aperfeiçoamentos. Tal estratégia foi utilizada por Flávio Dino contra João
Castelo, quando o primeiro questionava a experiência do segundo com o argumento de
que esta teria ocorrido em um contexto autoritário (da ditadura militar), o qual a população
brasileira estava decidida a superar. Na mesma linha, mas em direção ideológica
diferente, os candidatos Welbson Madeira e Paulo Rios não reputam importância
significativa à experiência em instituições caracterizadas como “capitalistas”, “burguesas”
e de orientação “neoliberal”. A grande experiência por estes reconhecida e valorizada é
aquela vivenciada nas chamadas lutas sociais e organizações populares.
Ainda no plano das auto-representações, o Quadro aponta o acionamento da
estratégia de vitimização. Esta foi utilizada principalmente por João Castelo,
paradoxalmente, o candidato mais forte segundo as pesquisas de opinião e em recursos
13
materiais e midiáticos. À medida que a disputa ia se tornando mais intensa, Castelo
incorporava o lugar de vitima de “ataques caluniosos” e “invasão de privacidade”, devido
às acusações desferidas principalmente por Clodomir Paz, relativamente a perseguições
de funcionários públicos durante o governo de sua esposa, desrespeito aos direitos
trabalhistas dos seus empregados e incapacidade administrativa que teria levado à
falência de suas próprias empresas, entre outras denúncias. De Flávio Dino, Castelo
retrucava a denúncia considerada injusta de ter agido com violência contra os estudantes
durante o seu governo, em 1979; também se dizia “acusado” de “velho”, argumentando
que a defesa do “novo”, insistentemente colocada pelos seu principal adversário,
baseava-se em idade e, como tal exprimia um preconceito contra as pessoas mais
velhas14.
Interessante aspecto dessa estratégia de vitimização (que supõe um outro, como
algoz) é que as denúncias mais severas raramente são assumidas de modo explícito
pelos concorrentes diretos; em geral, elas aparecem em falas de apoiadores, (supostos)
testemunhas de fatos, personalidades respeitadas (apresentadas como isentas e
desinteressadas na disputa política, como estudiosos do assunto). No limite, as denúncias
são narradas por jornalistas apresentadores dos programas dos candidatos no rádio e TV,
mas nunca sem estes dizerem antes que “fazem isso a contragosto e apenas para
restabelecer a verdade”, vez que o patrono do programa seria “mais interessado em
discutir propostas de governo”. No caso da eleição de São Luís, foi comum que os
comentários mais agressivos dirigidos aos concorrentes aparecessem como se
estivessem fora dos programas dos candidatos e sem autoria clara. Igual estratégia foi
adotada para os impressos apócrifos amplamente distribuídos durante a campanha.
A indicação de adversários principais, também presente no Quadro 3, aponta para
uma dinâmica eleitoral bastante competitiva, revelando-se isso na sinalização de
candidatos mais alvejados como adversários por maior número de concorrentes – caso de
João Castelo, que foi sistematicamente contestado (embora nem sempre de forma
explícita) por Clodomir Paz, Flávio Dino, Gastão Vieira e Raimundo Cutrim. Welbson
Madeira fez críticas generalizadas a todos os concorrentes, enquanto Clodomir Paz e
Paulo Rios elegeram um adversário principal – João Castelo e Flávio Dino,
respectivamente. Também houve candidatos que, não despontando entre os favoritos,
centraram suas campanhas em si mesmos, valendo-se dos recursos midiáticos para
projetar seu próprio nome e trajetória (Cleber Verde, Pedro Fernandes e Waldir
Maranhão).
Ainda no Quadro 3, as informações sobre principais aliados e sobre propostas de
governo apontam que articulações com a política nacional tiveram forte presença e
influência na disputa em São Luís, sendo patentes em três tipos de situações: 1) as
declarações de afinidade ou proximidade de todos (inclusive do candidato pelo PSDB)
com o presidente Lula, numa expectativa de beneficiar-se da grande popularidade do
14
No segundo turno, em debate entre os candidatos promovido pela TV Globo, esta questão adquiriu seu
ponto culminante com a declaração de João Castelo de que “não sabia por que Flávio Dino era contra as
pessoas idosas e criticava os velhos”. Este respondeu que sua crítica nada tinha a ver com idade, mas com
métodos políticos, argumentando que sua oposição era dirigida não às pessoas mais velhas, mas à velha
política do período autoritário.
14
mesmo; 2) a estratégia dos candidatos de oposição a Castelo (principalmente Flávio Dino
e Gastão Vieira) de trazerem para o plano local a principal disputa político-partidária do
país (PT x PSDB), expressas inclusive nos apoios de ministros petistas a Flávio Dino e do
governador Aécio Neves para João Castelo; e, finalmente, 3) a articulação nacional/local,
presente na reafirmação da centralidade dos recursos federais para a política local,
confirmada pelas muitas propostas de governo ancoradas em programas federais.
A disputa pela construção de imagens e de sentidos para a campanha e seus
desdobramentos mobilizou várias técnicas, entre as quais se destacam os comícios, o
“corpo-a-corpo” e o chamado palanque eletrônico, ou seja, a exposição midiática, com
todos os elementos que ela requer (tecnologia, recursos financeiros, maquiagem,
comunicação de slogans, mais do que comunicação e idéias, etc.). Hoje, é cada vez mais
comum encontrarmos na literatura especializada em eleições a afirmação de que a
exposição midiática é decisiva para o êxito de uma candidatura, especialmente em pleitos
majoritários e de eleitorado disperso. Juntando essa tecnologia à consciência da
necessidade de esclarecimento do eleitor quanto ao perfil de candidatos e partidos, existe
no Brasil o horário gratuito de propaganda eleitoral, através do qual todos os candidatos
dispõem de acesso aos canais de rádio e TV em tempo proporcional ao tamanho de suas
bancadas na Câmara Federal. Esses espaços de inserção midiática são bastante
disputados e valorizados quando das composições de chapas e alianças. Nas eleições de
2008, em São Luís, o acesso dos candidatos ao rádio e TV ficou assim distribuído:
Quadro 4
Tempo de acesso dos Candidatos ao Rádio e Televisão
Candidato
Tempo disponível
João Castelo
4’20”
Flávio Dino
4’16”
Clodomir Paz
4’16”
Raimundo Cutrim
3’34’’
Cleber Verde
3’12’’
Gastão Vieira
2’47’’
Welbson Madeira
1’42’’
Pedro Fernandes
1’00’’
Waldir Maranhão
58”
Paulo Rios
54”
Fonte: TRE-MA
15
Os números apontam clara desigualdade no tempo de acesso dos candidatos ao
rádio e TV, com equilíbrio apenas nas situações extremas, tanto os de maior como os de
menor tempo. A Tabela 1, com a associação entre tempo de acesso e resultados
eleitorais (primeiro turno) é ilustrativa da correlação diretamente proporcional entre tempo
de exposição na mídia e desempenho nas urnas.
Tabela 1
% de Tempo de Acesso ao Rádio e TV e % de Votos Obtidos
Candidato
João Castelo
Tempo total de expo- Votação Recebida
sição no rádio e TV
(%)
(%)
16,8
43,12
Flávio Dino
16,6
34,28
Clodomir Paz
16,6
9,46
Raimundo Cutrim
13,4
4,51
Cleber Verde
12,5
3,89
Gastão Vieira
9,9
1,95
Welbson Madeira
5,7
1,05
Pedro Fernandes
4,0
0,82
Waldir Maranhão
2,3
0,54
Paulo Rios
2,2
0,37
Fonte: TRE-MA
Embora a votação de cada candidato tenha obedecido rigorosamente à sua
posição na distribuição de tempo no rádio e TV, essa causalidade não pode ser
interpretada como absoluta, como bem o demonstra o caso do candidato Clodomir Paz,
que, mesmo dispondo de tempo igual ao segundo colocado e praticamente igual ao
primeiro, não obteve um terço da votação recebida pelos demais. Isto significa que a
exposição midiática durante o horário gratuito de propaganda eleitoral é condição
necessária, mas não suficiente para explicar o desempenho eleitoral de um candidato.
Muitos outros fatores interferem nesse resultado.
Um dos principais usos do tempo de propaganda eleitoral destina-se à divulgação
de resultados de pesquisas de opinião, seja para realçá-los, quando são favoráveis ao
candidato, seja para questioná-los ou mitigá-los, quando são desfavoráveis. No pleito de
2008, basicamente dois institutos fizeram acompanhamento sistemático das preferências
do eleitorado ludovicense, o IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública) e a Escutec,
empresa de atuação mais no âmbito da região Nordeste e estado do Amapá. As Tabelas
16
2 e 3 apresentam os resultados dos dois institutos de pesquisa, respectivamente,
acrescentando a cada um a diferença em relação aos resultados oficiais.
Tabela 2
Pesquisas Eleitorais – IBOPE
Candidato
Datas de Realização das Pesquisas
Diferença em
relação aos
resultados
oficiais
13-15/8 23-25/8 14-16/9 01-02/10
João Castelo
47
51
45
46
+2,8
Flávio Dino
4
7
16
24
-13,7
Clodomir Paz
11
8
8
5
-4,4
Raimundo Cutrim
4
5
3
4
-0,51
Cleber Verde
7
4
3
3
-0,89
Gastão Vieira
1
1
3
3
+1,05
Welbson Madeira
1
-
1
2
+0,95
Pedro Fernandes
1
2
1
-
-0,82
Waldir Maranhão
-
-
1
-
-0,54
Paulo Rios
-
1
-
1
+0,23
Fontes: Jornal O Estado do Maranhão, edições de 16/08/2008, 28/08/08, 19/09/2008 e
04/10/2008; TSE / Eleições 2008 / Resultados (www.tse.gov.br)
Tabela 3
Pesquisas Eleitorais Escutec
Candidato
Datas de Realização das
Pesquisas
19-22/8
17-19/8
24-26/9
Diferença em
relação aos
resultados oficiais
João Castelo
49,1
43,6
44,7
+1,58
Flávio Dino
8,1
21,8
27,8
- 6,48
Clodomir Paz
12,4
10,5
7,1
- 2,36
Raimundo Cutrim
4,5
4,1
3,6
- 0,91
Cleber Verde
6,5
3,2
3,7
- 0,19
17
GastãoVieira
1,1
3,5
3,7
+ 1,75
Welbson Madeira
0,8
0,9
0,4
- 0,65
Pedro Fernandes
1,2
2.0
0,9
+ 0,07
Waldir Maranhão
0,1
2,0
0,4
- 0,1
Paulo Rios
0,2
0,4
0,4
+ 0,03
Fontes: 1) Jornal O Estado do Maranhão, edições de 24/08/2008 e 19/09/08; 2) TSE /
Eleições 2008 / Resultados (www.tse.gov.br) e 3) Site do Instituto Escutec
(www.escutec.com.br)
Os números, especialmente os da comparação entre prognósticos e resultados
oficiais, apontam que em ambos os institutos os resultados do último levantamento
aproximam-se dos resultados finais, exceto para o candidato Flávio Dino, cuja força foi
bastante subdimensionada, sobretudo pelo IBOPE, que, no cômputo geral, errou mais
apesar da Escutec ter feito a sua última aferição em tempo mais remoto (24 de setembro),
quando a do IBOPE foi em 02 de outubro.
Ao fim do primeiro turno, a votação obtida por cada candidato foi a seguinte:
Tabela 4
Resultados Oficiais do 1º Turno das Eleições para Prefeito de São Luís, 2008
Votação
Candidato
Nº
%
JOÃO CASTELO
210.629
43,12
FLÁVIO DINO
167.436
34,28
CLODOMIR PAZ
46.199
9,46
RAIMUNDO CUTRIM
22.054
4,51
CLEBER VERDE
19.013
3,89
GASTÃO VIEIRA
9.508
1,95
WELBSON MADEIRA
5.135
1,05
PEDRO FERNANDES
4.020
0,82
WALDIR MARANHAO
2.644
0,54
PAULO RIOS
1.825
0,37
Fonte: TSE
18
Com estes resultados, João Castelo (PSDB) supera a sua histórica faixa de
votação em eleições para o Executivo ludovicense, a qual, em três tentativas anteriores,
não ultrapassara a casa dos 30%. Muitos fatores concorrem para este desempenho,
sendo os mais destacados: a sua popularidade, obtida com os cargos e campanhas
anteriores; o apoio de secretários estaduais lotados em estratégicos cargos do governo,
como a Secretaria das Cidades; o apoio de alguns setores do PDT, apesar deste possuir
candidatura própria; e o uso eficiente do marketing eleitoral, desenvolvido por Duda
Mendonça, um dos mais renomados e bem-sucedidos publicitários do país na área
eleitoral.
O desenrolar da campanha e seus resultados destacam como surpreendente a
performance de Flávio Dino, deputado federal em primeiro mandato, que passou de 4%
das intenções de voto no início da campanha para 34% dos votos, fator decisivo para a
realização de segundo turno. Também chama a atenção o fraquíssimo desempenho dos
quatro candidatos vinculados ao grupo Sarney (Gastão Vieira, Raimundo Cutrim, Waldir
Maranhão e Pedro Fernandes) que, juntos, só obtiveram 7,8% dos votos. Ressalte-se que
ao longo da campanha, a denominação de sarneysta figurava como uma das maiores
ofensas imputáveis a um candidato, rivalizando apenas com a “acusação” de não ser
amigo ou aliado do presidente Lula. A ênfase na referência (negativa) à família Sarney
corrobora a tendência já apontada de plebiscitarização das eleições no Maranhão, ainda
que a disputa se passe entre dois candidatos que se reivindicam como oposicionistas.
Os partidos de extrema esquerda que participaram do pleito de 2008 lançando
candidaturas (PSTU e PSOL) se mantiveram praticamente no mesmo patamar de votos
da última eleição (anterior à formação do PSOL), quando o PSTU obteve 8.031 votos,
enquanto nesta de 2008, totalizaram 6.960.
2º Turno em São Luís: João Castelo (PSDB) X Flávio Dino (PCdoB)
Para esta análise do desempenho dos candidatos que chegaram ao segundo turno
em São Luís, os aspectos preliminarmente selecionados para uma observação mais
atenta foram: a trajetória política e partidária dos candidatos; a força eleitoral de cada um,
particularmente em São Luís; as estratégias de campanha e política de alianças; e,
finalmente, os resultados eleitorais.
Trajetória Político-Partidária e Força Eleitoral dos Candidatos
João Castelo Ribeiro Gonçalves é filho de desembargador, bacharel em Direito e
entrou no mundo político atuando como assistente de gabinete do prefeito de São Luís
(1954-55), mas em 1956 passou a exercer carreira técnica no Banco do Estado da
Amazônia – BASA, no qual chegou a presidente por indicação dos generais-presidentes
Costa e Silva e Médici. Inicia sua carreira política como deputado federal, eleito em 1971
e reeleito em 1974. Em fins de 1978, como candidato da ARENA, é eleito indiretamente
para o cargo de governador, exercido no período de 1979 a 1982. Seu ingresso na
19
política se deu através do senador José Sarney (ARENA), ao qual se manteve ligado até
1985, embora já em 1984, quando ambos já eram do PDS, tenham surgido os primeiros
conflitos significativos, decorrentes de Castelo persistir no apoio à candidatura
presidencial de Paulo Maluf (PDS), enquanto Sarney já articulava a mudança rumo à
criação da Frente Liberal, que apoiaria a candidatura emedebista de Tancredo Neves e a
dele próprio como vice. Em 1985, a ruptura foi consolidada em razão de conflitos
relacionados às eleições em São Luís, quando a esposa de João Castelo, Gardênia
Ribeiro Gonçalves, foi eleita prefeita, contra o candidato do grupo Sarney.
Como governador, Castelo notabilizou-se pela construção de obras de grande
porte concentradas principalmente na capital, programa de distribuição de alimentos a
preços populares, e pela violência com que enfrentou os conflitos sociais, destacando-se
a “Greve da Meia Passagem”, em 1979, e as lutas pela terra deflagradas em numerosas
áreas da zona rural maranhense e periferia de São Luís.
Foi eleito senador em 1982, quando ainda era integrante do grupo Sarney,
permanecendo nesse cargo entre 1983-1991. Em 1999 retorna à Câmara Federal.
Partidariamente, além da ARENA e do PDS, já foi filiado ao PRN (liderado por Fernando
Collor de Mello), PPR/PPB (liderado por Paulo Maluf) e PSDB, seu partido atual. Antes da
candidatura a prefeito, em 2008, estava sem mandato e ocupava, por indicação do
governador Jackson Lago, o cargo de presidente da Empresa Maranhense de
Administração Portuária - EMAP, órgão de grande importância econômica no estado.
Disputou, sem êxito, três campanhas para prefeito de São Luís (1996, 2000 e
2004), mas tem conservado razoável força eleitoral no estado e na capital, como se pode
ver nos dados da última campanha de que participou (deputado federal, 1998) e das
campanhas específicas na capital. A Tabela 5 apresenta os resultados nos seis
municípios onde teve melhor desempenho em 1998, reunindo elementos que possibilitam
ponderar o peso da capital no seu eleitorado. Adicionalmente, a Tabela 6 apresenta
resultados eleitorais das suas campanhas para a Prefeitura de São Luís.
Tabela 5
Votação de João Castelo na Eleição para Deputado Federal de 1998
Município
Nº Votos
Votos do
Município
Votos do
Candidato
São Luís
52.384
16,93 %
54,26 %
Caxias
7.269
17,61 %
7,52 %
Codó
5.427
20,71 %
5,62 %
Coroatá
2.767
21,33 %
2,86 %
Paço do Lumiar
2.490
20,12 %
2,57 %
20
Itapecuru-Mirim
2.428
25,74 %
2,51 %
Fonte: TSE
As informações anteriormente apontadas sobre os cargos eletivos já conquistados
por João Castelo (apesar da eleição para governador ter sido indireta) sinalizam que o
mesmo possui consolidada força eleitoral no estado. Em 1998, ele elegeu-se deputado
federal com a maior votação do estado: 99.535 votos. A Tabela 1 mostra que sua força
eleitoral se concentra majoritariamente na capital (São Luís), embora em outros
municípios (Caxias e Codó) atinja as maiores faixas do total de votos da localidade, como
é o caso de Itapecuru-Mirim, onde Castelo, mesmo obtendo ali apenas 2,5% dos votos
que recebeu, arrebanhou ¼ dos votos válidos de todo o município.
Tabela 6
Desempenho de João Castelo em Eleições para Prefeito de São Luís:
coligações partidárias e votos
Ano / Coligação
Nº Votos
%
Principal
Adversário
2008 (PSDB / PSB / PTC)
271.014
210.629
55,84 (2º turno)
43,12 (1° turno)
Flávio Dino
(PCdoB)
NÃO ELEITO
(44%)
2004 (PSDB / PL / PV)
148.450
33,59
Tadeu Palácio
(PDT)
ELEITO (50,2%)
2000 (PSDB / PL)
111.457
30,56
Jackson Lago
(PDT)
ELEITO (53,2%)
111.311
36,71 (1° turno)
1996 (PPB )
Jackson Lago
(PDT) ELEITO
(57% - 2° turno)
(48% - 1º turno)
Fonte: TSE
Os dados da Tabela 2 apontam, antes de tudo, a firme determinação de João
Castelo em ser prefeito de São Luís, confirmada por quatro candidaturas sucessivas;
além disso, mostram que, nas três disputas, Castelo fora derrotado pelo PDT. Observa-se
que sua votação se mantém dentro de uma faixa que concentra aproximadamente um
terço do eleitorado, independentemente de coligação – aliás, seu melhor desempenho foi
em 1996, quando o seu partido (PPB) saiu sozinho. Neste pleito, contudo, Castelo contou
com dois apoios de grande peso material e simbólico: o apoio da então prefeita
Conceição Andrade (PSB) e a presença de Juarez Medeiros (PSB) em sua chapa, como
candidato a vice-prefeito, ele que é um ex-militante estudantil, integrante do Comando da
Greve pela Meia Passagem, evento no qual o então governador João Castelo é acusado
21
de ter agido com extremada violência e autoritarismo. Sua presença na chapa foi
representada como a pacificação entre Castelo e os estudantes.
Flávio Dino de Castro e Costa (PCdoB) foi o candidato que disputou com João
Castelo o segundo turno das eleições de 2008 em São Luís. Filho de advogado, exdeputado estadual e ex-prefeito, iniciou sua incursão no mundo político participando de
movimentos estudantis e do Partido dos Trabalhadores15. Flávio Dino é advogado, ex-juiz
federal, ex-presidente da ANJUFEE e ex-secretário executivo do Conselho Nacional de
Justiça. Atuou como advogado trabalhista de sindicatos de várias categorias e, com a sua
aprovação, ainda muito jovem, para juiz federal, encerrou a militância partidária, passando
a atuar na Associação Nacional dos Juízes Federais – ANJUFEE, entidade representativa
dos juízes federais a partir da qual conquistou grande visibilidade junto aos seus pares e a
um público mais amplo, envolvido com o debate sobre a reforma do poder judiciário.
Em 2006, após doze anos de magistratura, pediu exoneração do cargo e engajouse em atividades político-partidárias, filiando-se ao PCdoB. Neste mesmo ano,
candidatou-se a deputado federal e, com apoio irrestrito do então governador, José
Reinaldo Tavares e de prefeitos municipais a este ligados, foi eleito com expressiva
votação, obtendo o lugar de 4º mais votado. A Tabela 7 apresenta os resultados da
primeira e única eleição disputada por Flávio Dino, com informações sobre os seis
municípios onde obteve maior número de votos.
Tabela 7
Desempenho de Flávio Dino em Eleição para Deputado Federal, 2006
Município
Nº Votos
Votos do
Município
Votos do
Candidato
São Luís
25.433
5,45 %
20,57%
Caxias
20.825
32,1 %
16,84%
Tuntun
8.801
48,18 %
7,12%
São Domingos
7.006
5,45 %
5,66%
Pindaré
4.646
32,4 %
3,75 %
Santa Luzia do
Paruá
3.812
35,05 %
3,08 %
Fonte: TSE
15
Apesar de, no Brasil, as heranças familiares terem sido decisivas e continuarem sendo importantes para a
construção de carreira política, Flávio Dino não apostou numa tradição política familiar com a qual buscasse
estabelecer laços de continuidade (tipo linha sucessória) ou base de legitimidade. Tal escolha se faz
compreensível, até pelo propósito de escapar à adjetivação de sarneysta comumente impingida ao seu pai
devido às suas relações deveras estreitas com o grupo comandado pela família Sarney. A ambiência política
na própria família tem sido acionada por Flávio Dino de modo muito seletivo e, em geral, para sugerir uma
antiga e reiterada familiaridade com temas políticos e com os problemas/desafios do Maranhão. A esse
respeito ver Barros Filho (2007)
22
Os números apontam votação expressiva nestes seis municípios, sendo a capital
(São Luís) aquele de melhor resultado. Destaca-se, além disso, a magnitude da votação
nos demais municípios, principalmente Tuntun, Santa Luzia do Paruá, Pindaré e Caxias,
onde Flávio Dino recebeu votação, no primeiro caso, de quase metade dos eleitores do
município e, nos demais ultrapassou um terço dos votos. Tratando-se de um candidato
que enfrentava sua primeira disputa eleitoral, sem grande popularidade, era considerado
“de fora” e sem tradições familiares nesses municípios, a explicação para tais resultados
só pode ter bases externas, no caso, o apoio do governador e das redes de apoiadores
locais, comandadas pelos prefeitos municipais, em moldes certamente centralizadores a
julgar pela elevada uniformidade das preferências eleitorais.
Para a análise da força eleitoral de Flávio Dino em São Luís, os números apontam
que em sua estréia obteve o apoio significativo de 5% do eleitorado, num universo de 167
candidatos a deputado federal (embora nem todos fizessem campanha em São Luís). Tal
resultado ganha significado ainda maior por conta de ser esta a sua primeira campanha
eleitoral, não ser oriundo de família com influência sobre o governo ou a política municipal
e até porque, como candidato, fez pouca campanha em São Luís (onde já possuía ao
menos uma inserção junto aos chamados operadores do direito e nos meios sindical e
estudantil), priorizando outros municípios onde não possuía qualquer inserção.
Estratégias de Campanha e Política de Alianças
No segundo turno, a dinâmica da disputa eleitoral tornou-se mais intensa, mas o
debate programático perdeu força, desenvolvendo-se mais uma espécie de gincana em
busca do apoio dos candidatos derrotados no primeiro turno e de seu espólio eleitoral; da
busca de apoiadores ilustres, de militantes e eleitores que haviam abraçado outras
candidaturas no primeiro turno; gincana de quem tem mais “volume de campanha”,
expresso pelo número de bandeiras (fixadas ou carregadas, geralmente por pessoas
contratadas), maiores carreatas, mais adesivos em carros, jingles mais irresistíveis e mais
estruturas de som.
Nesta fase, a campanha, além de mais ostensiva, adquiriu níveis de
especialização ainda maiores, com estratégias e materiais de campanha especiais para
cada segmento (juventude, evangélicos, mulheres, entre outros). Ao lado disso,
recrudesceu a boataria que, clandestinamente, levantava acusações de ordem política,
religiosa, sexual ou familiar sobre os candidatos, sendo Flávio Dino o mais atingido por
esse tipo de intervenção. Entre os apoiadores, pré-conceitos e conceitos sobre os
candidatos já estavam muito consolidados, conforme se dá em cidades pequenas em que
a preferência eleitoral ganha contornos acríticos de adesão, pertencimento (PALMEIRA,
1995); o desafio que se impunha era o de conquistar os 9% de eleitores que votaram em
Clodomir Paz, os 4,5% que votaram em Raimundo Cutrim, os 3,8% de Cleber Verde e de
todos os demais candidatos, assim como dos eleitores que votaram em branco (2,4%), os
que votaram nulo (3,2%) e os que se abstiveram de votar (18%). Esse intento foi
parcialmente realizado em relação aos votos nulos e brancos, que diminuíram no segundo
turno; já o não comparecimento, este aumentou, conforme será discutido adiante.
23
Para atingir a meta de completar os votos que faltavam para a vitória (7% para
Castelo e 16% para Flávio Dino), os candidatos lançaram mão das mais diversas
estratégias, incluindo o uso de pesquisas eleitorais. No curto espaço de quinze dias que
transcorrem entre o primeiro e o segundo turno, o IBOPE realizou uma pesquisa e um
prognóstico16, cujos resultados estão na Tabela 8, juntamente com os resultados finais da
eleição.
Tabela 8
Pesquisa, Prognóstico e Resultados do Segundo Turno das Eleições de São
Luís, 2008
Candidato
João Castelo
Flávio Dino
Brancos /
Nulos
Não
Sabe/Não
Respondeu
IBOPE
1617/10/08
IBOPE
26/10/08
(prognóstico*)
Resultado
Oficial
54%
38%
3%
59%
41%
-
55,84%
44,16%
3,7%
Diferença
(entre o
prognóstico
IBOPE e os
resultados)
+ 3,16%
-3,16%
-
-
-
-
5%
Fontes: Jornal O Estado do Maranhão, edições de 18/10/2008 e 26/10/2008. TSE /
Eleições 2008 / Resultados, disponível em www.tse.gov.br .
Juntamente com o então denominado (e supervalorizado) “volume de campanha”
e a propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV, agora com tempos rigorosamente iguais,
as pesquisas de opinião condicionam a dinâmica da disputa eleitoral com maior força. Os
números da Tabela 8 mostram que, mais uma vez, a preferência do eleitorado, segundo o
IBOPE, foi superdimensionada em relação a João Castelo e subdimensionada em relação
a Flávio Dino, embora com diferenças menores que as verificadas no 1º turno e
compatíveis com a margem de erro.
Os resultados oficiais confirmaram a vitória de João Castelo, e o ponto central para
explicá-la diz respeito ao realinhamento das forças e lideranças políticas, particularmente
os grandes eleitores, ou seja, aqueles que têm capacidade material ou simbólica para
atrair para as suas posições coletivos de eleitores sob sua influência ou controle. No
presente contexto essa categoria é representada principalmente pelos candidatos que
tiveram grande votação no primeiro turno das eleições, caso principal de Clodomir Paz, do
PDT, que obteve quase 10% dos votos.
16
A noção de “prognósticos” é explicitada no próprio jornal que o publicou (O Estado do Maranhão,
26/10/2008, p. 1 e 3) como sendo “estimativas estabelecidas com base na movimentação do
eleitorado e não têm rigor científico”. Não obstante, o mesmo foi registrado no TRE e publicado em
primeira página do jornal de maior circulação na cidade, o que o torna perfeitamente equiparável às
pesquisas, cuja publicação cumpre o papel, antes de tudo, de influenciar as preferências dos
eleitores mediante criação de ambientes favoráveis/desfavoráveis aos candidatos.
24
Como já apontado, o então denominado “volume de campanha” foi uma estratégia
amplamente acionada pelos dois candidatos, mas com resultados de tal modo equilibrado
que não era possível a nenhum dos concorrentes sentir-se, por antecipação, vitorioso,
pois, apesar do favoritismo de Castelo (primeiro colocado tanto no primeiro turno como
nas pesquisas realizadas no segundo turno), Flávio Dino operava com três trunfos
poderosos, que mantinham a incerteza do pleito: o apoio de Lula (agora mais explícito,
inclusive com a vinda da principal ministra, Dilma Rousseff, para o comício de
encerramento da sua campanha); a rejeição a Castelo, muito superior à sua17; e o fato de
que, desde o início da campanha crescera ininterruptamente, passando de 4% das
intenções de votos para 34% de votos no primeiro turno, enquanto seu concorrente, além
de não vencer no primeiro turno, como anunciado, experimentara algumas oscilações na
sua popularidade.
Nesse quadro, o elemento que promoveu o desequilíbrio das forças concorrentes
e possibilitou a vitória de Castelo foi o realinhamento das forças políticas, mais
precisamente o apoio recebido do PDT e do seu candidato, Clodomir Paz (seu crítico
mais ferrenho), que obteve 9,4% dos votos. Cleber Verde, candidato que obteve a quinta
colocação no primeiro turno, com 3,8% dos votos também engajou-se na campanha de
João Castelo. Por outro lado, Flávio Dino recebeu apoio apenas do prefeito de São Luís,
do PDT e principal articulador da campanha de Clodomir Paz, e do candidato colocado
em sexto lugar, Gastão Vieira, que obteve apenas 1,9% dos votos. Tais apoios tiveram
efeitos no mínimo contraditórios, pois a presença do prefeito no palanque de Flávio Dino
arrefecia a crítica que este fazia à situação presente da cidade, retratada como carente de
cuidados e de gestão competente, além da própria impopularidade do prefeito, à época
registrada em pesquisa de opinião18 . Em relação a Gastão Vieira, o efeito colateral
ameaçava ser ainda maior, pois além da sua baixíssima votação no primeiro turno, foi o
candidato mais explicitamente identificado com o grupo Sarney, tendo, inclusive, a
senadora Roseana pedido votos para ele durante o programa eleitoral no rádio e TV.
Embora Gastão Vieira tenha manifestado que sua decisão era pessoal e não tenha
participado dos eventos de campanha de Flávio Dino, sua adesão foi recepcionada pelos
apoiadores do seu concorrente como sendo a confirmação da “acusação” de que Flávio
Dino era vinculado ao grupo Sarney – uma das principais questões do debate político ao
longo da campanha e, de modo mais intenso, à medida em que este candidato ia se
tornando mais competitivo. Mesmo que essa questão tenha sido classificada por Flávio
Dino como um “falso debate”, “por ser inverídica e alheia à gestão da cidade”, esta foi
convertida no principal item da agenda eleitoral do segundo turno, ensejando, inclusive,
ampla gama de publicações apócrifas e denúncias policiais que mostram que uma
campanha se desenvolve para além das regras eleitorais e até da urbanidade. Ilustra isso
o fato de que Flávio Dino iniciou o segundo turno conclamando o seu adversário e a
17
Citando dados de pesquisa do IBOPE, o jornal O Estado do Maranhão, edição de 05/10/2008, p.3, afirma
que: nas últimas semanas, a rejeição dos eleitores ao candidato João Castelo passou de 11% no início de
agosto para 25% no último levantamento [04/10], um aumento de 14 pontos percentuais, enquanto o
candidato Flávio Dino tem o menor índice de rejeição e seu eleitorado crescera em 20 pontos percentuais. A
pesquisa completa está publicada no Jornal O Estado do Maranhão, edição de 04/10/2008, p.3.
18
Em pesquisa de opinião sobre a administração do prefeito Tadeu Palácio, realizada em 18/10/2008, a
maioria dos entrevistados (53,9%) avaliaram como “Ruim” (22,8%) ou “Péssima” (31,1%). Disponível em
www.escutec.combr
25
própria Justiça eleitoral ao estabelecimento de um “pacto por eleições limpas” (Jornal
Pequeno, 07/10/2008)19.
Um aspecto de grande destaque no segundo turno em São Luís foram os números
da chamada alienação eleitoral, referente aos votos brancos, nulos e ao não
comparecimento às seções eleitorais20. Ressalte-se que o uso desta denominação para
referir-se a tais preferências e comportamentos do eleitor tem sido muito questionável,
pois o mesmo não distingue a não participação do que seria uma forma de participar,
negando, afinal, que esses comportamentos tanto podem significar indiferença, como não
se sentir representado pelas alternativas apresentadas e por isso negá-las. Assim, uma
adequada explicação do significado dessas escolhas não pode ser construída “a grosso”,
de modo generalizante, mas apenas mediante estudos específicos. Os números deste
fenômeno nas eleições ludovicenses de 2008, assim como o da última eleição municipal,
estão apresentados na Tabela 9.
Tabela 9
“Alienação” Eleitoral nas Eleições de 2008 e 2004 em São Luís
Eleição
2° Turno 2008
1° Turno 2008
Eleição
Anterior (2004)
Eleitorado
636.914
636.914
568.398
Votos Nulos
1,5%
(9.811)
3,2%
(20.359)
4,0%
Votos em
Branco
0,98%
(6.232)
2,4%
(12.962)
1,5%
Abstenção
21,2%
(135.555)
18,0%
(115.130)
17,6%
Indicadores
Fonte: TSE
A apreciação desses números indica que os votos nulos e brancos não se
configuram como novidade, visto estarem próximos daqueles registrados na última
eleição, havendo, inclusive, certo decréscimo no 2º turno de 2008. Já o não
comparecimento, bastante elevado, foi acima do pleito anterior. Por falta de pesquisas
19
Nesta mesma edição do jornal (p.3), a indignação do candidato Flávio Dino com os rumos da campanha em
São Luís é colocada nos seguintes termos: “Sobre a onda de boatos, [Dino] criticou o fato de integrantes do
grupo adversário ‘plantarem’ matérias em veículos nacionais [Jornal Bom dia Brasil, da TV Globo] como forma
de dar credibilidade a fatos inexistentes. “Chegaram ao absurdo de dizer que o presidente Lula gravou
mensagem para mim para atender a um pedido do ex-presidente Sarney”, exemplificou. Ressalte-se que
também João Castelo se declarou ofendido com o que classificou de “acusações levianas, injustas e
mentirosas”, que sofreu durante a campanha [da parte do candidato Flávio Dino]” (Jornal Pequeno,
27/10/2008, p. 3)
20
A respeito dessa temática, ver Lima Júnior, 1993
26
junto aos eleitores absenteístas, não é possível apontar com rigor as causas deste
comportamento, mas é plausível que, entre estas, apareçam elementos variados, como:
impedimentos pessoais (casos de viagem, hospitalização, etc.); erros no cadastro de
eleitores; comodidade; ceticismo quanto a resultados positivos desta participação;
protesto contra o sistema político de modo geral ou contra o leque de candidatos; a não
obrigatoriedade de voto para alguns (maiores de 70 anos e menores de 18 anos); opção
por um feriado prolongado, visto que a segunda-feira posterior à eleição seria feriado,
entre outros motivos.
Conclusões inconclusas
As eleições de 2008 em São Luís trouxeram à tona, além de uma dinâmica muito
competitiva, candidatos de perfis biográficos e políticos bastante distintos. A eleição
recolocou no palco da capital do estado as polarizações e disputas sarneysmo versus
oposicionismo, ainda que nenhum dos candidatos assumisse tal vinculação ao grupo
político liderado pelo senador do Amapá. Nesse sentido, o fraco desempenho de todos os
candidatos assumidamente vinculados a esse grupo, acabou revitalizando a idéia de ilha
rebelde, atualmente interpretada como anti-Sarney, conforme vem se confirmando pelo
continuado governo do PDT e, agora, de seu principal aliado, o PSDB.
Um elemento perturbador da lógica plebiscitária dos processos eleitorais e da
hegemonia pedetista na capital do Maranhão foi a candidatura de Flávio Dino, que surge
como liderança forte e alternativa até mesmo à aliança em torno da qual se constituiu a
Frente de Libertação do Maranhão, que em 2006 elegeu Jackson Lago governador e em
2008 foi, majoritariamente, favorável a João Castelo.
Outro aspecto de grande destaque nesse processo eleitoral é a combinação de
elementos legais e ilegais, pessoais e institucionais, mercantis e ideológicos se
articulando de formas previsíveis e imprevisíveis na trama político-eleitoral. Embora a
eleição de São Luís se passe numa ilha, o processo aqui desenvolvido é ilustrativo do
crescente processo de profissionalização e mercantilização das disputas eleitorais em
detrimento dos esforços de mobilização ideológica do eleitorado.
Isto significa que as eleições de 2008 seguiram figurino tradicional em relação às
técnicas eleitorais, ao status quo das elites governantes e ao lugar de São Luís nas
disputas políticas estaduais: o de ilha rebelde ao sarneysmo. Por outro lado, estas
eleições trouxeram novos personagens ao primeiro plano da cena política, sendo Flávio
Dino o mais destacado, mas o próprio Castelo também se fortalece na política local, como
prefeito e por ter vencido a sua própria tradição de derrotas em são Luís. Outra novidade
é que essa eleição interrompeu o longo domínio pedetista na capital, embora tenha se
viabilizado com o decisivo apoio desse partido.
27
Bibliografia:
ABREU, Alzira Alves et al. (coord). Dicionário histórico-biográfico brasileiro pós 1930. Rio
de Janeiro: FGV/CPDOC, 2001.
BARROS FILHO, José. A Tradição Engajada: Origens eleitorais no percurso de um
agente. Dissertação de Mestrado, UFMA/ Programa de Pós Graduação em Ciências
Sociais. São Luís, 2007.
BEZERRA, Marcos Otávio. Em Nome das Bases. Relume Dumará: Rio de Janeiro, 1999.
BORGES, Arleth S. PT Maranhão 1980-1982: origens, organização e governos
municipais. São Luís: EDUFMA, 2008.
_______________. “Estudantes e Política: movimento estudantil e greve pela meiapassagem no contexto da redemocratização” in Ciências Humanas em Revista. Vol. 4,
nº1. CCH/ UFMA: EDUFMA, 2006.
_______________. “Oligarquia, Crise Política e Eleições 2004 na cidade de São Luís” in
CORTEZ, H. e Hermanns, K. Nordeste 2004 – o voto das capitais. Fortaleza: Konrad
Adenauer, 2005.
_______________. Conexão Eleitoral e Atuação Parlamentar: representantes e bases
eleitorais no Maranhão. Tese de Doutorado, IUPERJ. Rio de Janeiro, 2005.
BOURDIEU, P. O Poder Simbólico. Lisboa: DIFEL, 1989.
BUZAR, Benedito. Vitorinismo – Lutas Políticas no Maranhão (1945-1965). São Luís:
Lithograf, 2001.
COSTA, Wagner Cabral. Sob o signo da Morte. São Luís: EDUFMA, 2007.
___________________ . Do “Maranhão Novo” ao “Novo Tempo”: a trajetória da
oligarquia Sarney no Maranhão. UFMA. São Luís, 1997, mimeo.
FIGUEIREDO, Argelina Cheibub e LIMONGI, Fernando. Executivo e Legislativo na Nova
Ordem Constitucional. Rio de Janeiro: FGV, 1999.
FIGUEIREDO, Rubens (org.). Marketing político e persuasão eleitoral. São Paulo: Editora
Konrad Adenauer, 2000.
GONÇALVES, Maria de Fátima Costa. A Reinvenção do Maranhão Dinástico. São Luís:
UFMA/PROIN-CS, 2000.
GRILL, Igor G. Processos, condicionantes e bases sociais da especialização política no
Rio Grande do Sul e no Maranhão in ANPOCS /31º Encontro Anual. Caxambu, 2007.
28
KUSHNIR, Karina. O Cotidiano da Política. Rio de Janeiro: Zahar.
KRAUSE, Silvana e SCHMITT, Rogério. (orgs.). Partidos e Coligações Eleitorais no Brasil.
São Paulo: UNESP; Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2005.
LIMA JÚNIOR, Olavo Brasil de Lima de. Democracia e Instituições Políticas no Brasil dos
anos 80. São Paulo: Loyola, 1993.
MANIN, Bernard. “As Metamorfoses do Governo Representativo”, in Revista Brasileira de
Ciências Sociais, nº 29, 1995.
NICOLAU, Jairo Marconi. Sistemas Eleitorais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,
2000.
PALMEIRA, Moacir e Goldman. (orgs.) Antropologia, Voto e Representação Política. Rio
de Janeiro: Contracapa, 1995.
RUBIM, Antonio Albino C. Mídia e Política no Brasil. João Pessoa: Editora Universitária,
1999.
Fontes Digitais:
TSE (www.tse.gov.br)
Folha de São Paulo (www.folhaonline.com.br)
Câmara Federal (www.camara.gov.br)
Escutec (www.escutec.com.br)
IBOPE (www.ibope.gov.br)
Jornais:
Jornal Pequeno. São Luís-MA. Julho a Outubro de 2008.
O Estado do Maranhão. São Luís-MA. Julho a Outubro de 2008.
Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral
São Luís-MA. Períodos: 19 de Agosto a 02 de Outubro de 2008 e 13-24 de Outubro de
2008.
29
ANEXO 1
RELAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS MENCIONADOS NESTE ARTIGO
DEM – DEMOCRATAS
PCB - PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO
PCdoB - PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL
PCO - PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA
PDT - PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA
PHS - PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE
PMDB - PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO
PMN - PARTIDO DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL
PP - PARTIDO PROGRESSISTA
PPS - PARTIDO POPULAR SOCIALISTA
PR - PARTIDO DA REPÚBLICA
PRB - PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO
PRP - PARTIDO REPUBLICANO PROGRESSISTA
PRTB - PARTIDO RENOVADOR TRABALHISTA BRASILEIRO
PSB - PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO
PSC - PARTIDO SOCIAL CRISTÃO
PSD – PARTIDO DEMOCRÁTICO SOCIAL
PSDB - PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA
PSDC - PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA CRISTÃO
PSL - PARTIDO SOCIAL LIBERAL
PSOL - PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE
PSTU - PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO (ANTIGO PRT)
PT - PARTIDO DOS TRABALHADORES
PTB - PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO
PTC - PARTIDO TRABALHISTA CRISTÃO
PTdoB - PARTIDO TRABALHISTA DO BRASIL
PTN - PARTIDO TRABALHISTA NACIONAL
PV - PARTIDO VERDE
30
Download

SÃO LUÍS: ELEIÇÕES 2008 NA CAPITAL MARANHENSE. PEÇAS