Trabalho 400 A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM CLÍNICA DE HEMODIÁLISE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Silva, Marcelo T.1 Silva, Sandra R.L.P.T. 2 Sommer, Ludmila V.3 Na condição de enfermeiro e docente de curso de habilitação para técnico de enfermagem e de capacitação de curso exta curricular, nos deparamos com a complexidade do tratamento dispensado ao cliente portador de insuficiência renal crônica que é submetido ao tratamento de hemodiálise. A hemodiálise é um tipo de tratamento dialítico, em que a circulação do cliente é realizada extracorpórea entre membranas derivadas de celulose, estas atuam como uma membrana semipermeável e se encontram imersas em uma solução eletrolítica com concentração semelhante ao do plasma de um individuo com função renal normal. A diálise ocorre quando as substâncias de um meio passam para outro através de uma membrana permeável que os separa. Este é um processo em que a composição de uma “solução A” é alterada quando exposta a uma segunda “solução B” através desta membrana semipermeável. As moléculas de água e os solutos de baixo peso molecular nas duas soluções podem passar através dos poros da membrana e misturarem-se, porém, solutos maiores como proteinas não conseguem passar através da barreira semipermeável, e as quantidades de soluto de maior peso molecular em ambos os lados da membrana permanecem inalteradas. Todos os tipos de tratamento para substituir a função renal baseiam-se no processo de diálise, ou seja, todos têm os mesmos princípios fisiológicos: difusão, ultrafiltração, ultrafiltração hidrostática, coeficiente de ultrafiltração e ultrafiltração osmótica. A hemodiálise evita a morte dos pacientes com insuficiência renal crônica, embora ela não cure a doença renal e não compense a perda da atividade endócrina ou metabólica dos rins. Os pacientes que recebem hemodiálise devem submeter-se ao tratamento pelo resto da vida ou até se submeterem a um transplante renal bem sucedido, usualmente realizam a diálise três vezes por semana, por um mínimo de 3 a 4 horas por cada sessão. Os pacientes são colocados sob diálise quando necessitam de Graduado Licenciado em Enfermagem, Especialista Enfermagem em Nefrologia e em Educação e Formação em Saúde, [email protected] 1 Graduada e Licenciada em Enfermagem, Especialista em Enfermagem no controle da Dor . Mestranda e membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Administração e Gerenciamento dos Serviços de Enfermagem-GEPAG da Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP. Email: [email protected] 2 Graduada em Enfermagem, Especialista em Educação e Formação em Saúde, [email protected] 3 1722 Trabalho 400 terapia diálitica para a sobrevida e controle dos sintomas urêmicos 1. Durante o tratamento dialítico, a co-morbidade dos pacientes é elevada e está relacionada a doenças cardiovasculares, hipertensão arterial sistêmica, anemia, suscetibilidade à infecção, elevada prevalência de infecção pelo vírus da hepatite tipo B e C, doenças ósseas, desnutrição e outras causas menos definidas. A mortalidade por doença renal crônica é 10 a 20 vezes maior que a da população geral, mesmo quando ajustada para idade, sexo, raça e presença de diabetes, sendo que a doença cardiovascular é a causa mais comum de óbito2. Dentre as doenças relacionadas estão em maior evidência a diabetes e a hipertensão como causa da doença renal crônica, pode-se destacar que pessoas com diabetes possuem uma possibilidade de 20 a 40% de desenvolver doença renal. Sendo a diabetes uma doença crônica degenerativa de caráter hormonal, definida como uma doença que se caracteriza pela insuficiência ou não produção do hormônio Insulina ocasionando o aumento dos níveis de glicose no sangue circulante 3. Mais de 35% de todos os novos pacientes que iniciam diálise são diabéticos. A administração de diálise de manutenção a esse grupo pode ser uma tarefa desafiadora. A morbidade e a mortalidade são substancialmente mais altas em pacientes diabéticos mantidos em diálise do que em pacientes não-diabéticos, sendo a doença cardiovascular e a infecção as principais causas de morte4. A hipertensão, que está associada à aceleração rápida de retinopatia diabética, costuma ser de difícil controle quando o clearence de creatinina cai abaixo de 15 ml/min. Relata-se que os sintomas urêmicos podem se manifestar nos pacientes diabéticos em grau menos avançados de insuficiência renal que nos pacientes não- diabéticos4. Assim se tornam necessárias medidas que dêem maior eficiência para minimizar o impacto que estas doenças degenerativas podem causar no individuo e na sociedade. Para tanto acreditamos que a formação e capacitação de novos profissionais com ênfase na doença renal, seus fatores desencadeantes, a sintomatologia, meios de diagnóstico e tratamento dialítico sejam importantes para proporcionar uma assistência com qualidade frente aos portadores de doença renal crônica. Diante desta explanação e complexidade do problema e tratamento a ele destinado, acreditamos que as grades curriculares podem propiciar ao futuro egresso uma abordagem que possibilite o preparo técnico cientifico de futuros profissionais de Enfermagem, vislumbrando o cenário teórico prático realizando estágios em centros de hemodiálise. Assim objetivamos com este estudo descrever por meio do relato de experiência a importância do estágio supervisionado em clínica de hemodiálise. Para alcançar o objetivo proposto utilizamos a pesquisa exploratória, que permite ao investigador aumentar sua 1723 Trabalho 400 experiência em torno de um determinado problema5, assim buscamos aproximação e familiaridade com o problema de pesquisa “a importância do estágio supervisionado no curso de habilitação profissional técnico de Enfermagem em clínicas de hemodiálise”, para atingirmos o objetivo proposto utilizamos o método relato de caso ou experiência (profissional, comunitária, educacional, etc.) pessoal e/ou grupal com fundamentação bibliográfica. O “relato de experiência” pode enriquecer e fundamentar a estrutura teórica com a própria vivência profissional ou pessoal do autor 6. Partindo destes pressupostos adotamos este desenho de pesquisa visando descrever uma reflexão na formação de novos profissionais de Enfermagem. Consideramos que diante do número elevado de brasileiros que possuem insuficiência renal crônica e frente à estimativa apresentada, os cursos de habilitação técnica em Enfermagem que oferecem em sua matriz curricular aproximadamente 800 horas de estágio supervisionado devam habilitar este futuro egresso em clínicas de hemodiálise, proporciando a este a possibilidade de vislumbrar o conhecimento teórico prático em uma área específica desenvolvendo competências e qualificação para o atendimento e o cuidado sistematizado dos portadores de insuficiência renal crônica que são submetidos ao processo diálitico. Assim acreditamos que este estudo possa contribuir com pertinência frente a problemática descrita na formação de novos profissionais com competência para as necessidades do cliente com a doença renal crônica em tratamento dialítico. Referências 1. Ferni MVR, Manual de Diálise para Enfermagem. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Medsi, 2003. 2. Barbosa DA, Gunji CK, Bittencourt ARC, Belasco AGS, Diccini S, Vattimo F. et al . Co-morbidade e mortalidade de pacientes em início de diálise. Acta paul. enferm. [periódico na Internet]. 2006 Set [citado 2008 Jan 15] ; 19(3): 304309. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. script=sci_arttext&pid=S0103-21002006000300008&lng=pt&nrm=iso. php? doi: 10.1590/S0103-21002006000300008. 3. Smeltzer SC, Bare BG. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 9ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2002. 4. Daugirdas JT, Blake PG, Ing TS. Manual de Diálise. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Madri, 2003. 1724 Trabalho 400 5. Leopardi MT, Beck CLC, Nietsche EA, Gonzales RMB. Metodologia da Pesquisa em Saúde. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC/Pós Graduação em Enfermagem, 2002, Florianópolis, Santa Catarina. Pg 119 6. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/estrutura-de-um-trabalho academico /metodologia-de-artigo-cientifico-2.php, consulta dia 03/04/2011, 22h15. Descritores Enfermagem- Enfermeiro- Educação Área temática 3. Políticas e práticas de Educação e Enfermagem 1725