DÁRIO DEIVID SILVA DA SILVA JOGO E CRIATIVIDADE: ESTIMULANDO ATOS CRIATIVOS ATRAVÉS DO ESPORTE. UM RELATO DE EXPERIENCIA NO PROJETO SEGUNDO TEMPO NÚCLEO SESI ANANINDEUA - PARÁ. UNIVERSIDADE DE BRASILIA BELÉM 2007 DÁRIO DEIVID SILVA DA SILVA JOGO E CRIATIVIDADE: ESTIMULANDO ATOS CRIATIVOS ATRAVÉS DO ESPORTE. UM RELATO DE EXPERIENCIA NO PROJETO SEGUNDO TEMPO NÚCLEO SESI ANANINDEUA - PARÁ. Trabalho de monografia apresentação ao curso de capacitação continuada em esporte escolar da Universidade Nacional de Brasília, como requisito para a obtenção especialista, do título de orientado pelo professor Dr Divaldo Martins. UNIVERSIDADE DE BRASILIA BELÉM 2007 JOGO E CRIATIVIDADE: ESTIMULANDO ATOS CRIATIVOS ATRAVÉS DO ESPORTE. UM RELATO DE EXPERIENCIA NO PROJETO SEGUNDO TEMPO NÚCLEO SESI ANANINDEUA - PARÁ. por Dário Deivid Silva da Silva Avaliado por: ____________________________ Data _____/______/______ Belém- Pará Universidade de Brasília 2007 Dedicatória Dedico este trabalho a minha família. E a todos os meus alunos do projeto SEGUNDO TEMPO / SESI ANANINDEUA SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................01 CAPITULO 1 A criatividade nas ações do projeto Segundo Tempo: Descrevendo a realidade encontrada........................................................................................................07 1.1 – Conhecendo a realidade...............................................................07 1.2 – Educação física escolar X Projeto Segundo Tempo: Relação encontrada do Jogo, criatividade e inibição do brincar dentro das ações do projeto e nas aulas de educação física.................................................................................................11 CAPITULO 2 A pratica pedagógica do jogo e a estimulação da criatividade NO PROJETO Segundo Tempo / Núcleo SESI Ananindeua....................................................15 2.1 – o jogo enquanto processo educativo............................................15 2.2- Aplicação do jogo na perspectiva da criatividade dentro das aulas de educação física no projeto Segundo Tempo....................................................26 2.2.1- O comprometimento do tema Jogo e criatividade: Pensamento criativo na resolução de dificuldades................................................................26 2.2.2 – Organização das aulas e metodologia aplicadanas ações do projeto Segundo Tempo...................................................................................32 2.2.3 – Tematização das aulas de educação física no projeto Segundo Tempo..............................................................................................................33 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................41 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................43 INTRODUÇÃO O presente trabalho é resultado de um relato de experiência realizado acerca do tema jogo e criatividade dentro das aulas de educação física aplicadas no projeto Segundo Tempo / núcleo SESI Ananindeua, com particularidade nas modalidades esportivas e jogos. Tomando como analise sua implicação para o desenvolvimento da capacidade criativa e autonomia dos alunos envolvidos no projeto Segundo Tempo no núcleo do SESI Ananindeua no Estado do Pará, sendo esta instituição, local de intervenção pratica de uma proposta pedagógica voltada para os valores do esporte e sua importância na formação da cidadania aplicada de forma lúdica, educativa e socializadora. Ao analisar a questão central deste trabalho, tomamos como campo de pesquisa os alunos do projeto na faixa etária de 08 à 11 anos, adotando uma proposta de formação de cidadania através do esporte e jogo, além de trabalhar continuamente com o estimulo de qualidades morais e valores do esporte essenciais para a estruturação da personalidade dos alunos como por exemplo : Solidariedade, honestidade, cooperação, respeito a si e ao próximo, amizade, compaixão e etc. Pensando na proposta de ensino de praticas esportivas com pensamento transformador e inovador, procurou-se disseminar entre os educandos a idéia de valorizar a sua criação e autonomia bem como o estimulo a idéia de fazer da pratica de esporte um hábito para toda sua vida. Diante desta proposta percebe-se como contraste que muitas vezes o sistema educacional de muitas instituições, até hoje priorizam muito o estimulo por atividades cognitivas de fragmentação de conhecimento, ou seja, exercícios que utilizam processos de memorização em demasia, com isto aspectos criativos que refletem toda a imaginação e improviso dos alunos são deixados em segundo plano por conta de avaliações rigorosas e tradicionais. Com esta compreensão durante a execução das atividades esportivas no projeto Segundo Tempo / Núcleo SESI Ananindeua partiu-se da idéia de valorizar a criatividade dos alunos, através de jogos e atividades pré desportivas, partindo do pensamento de que atos criativos são fundamentais para a sobrevivência do ser humano neste mundo competitivo, onde pessoas criativas que sabem utilizar o improviso de forma coerente tornam-se formadoras de opiniões e mais preparadas para enfrentar soluções dificies. Percebe-se atualmente no meio escolar, contrariando este tipo de pensamento que o que existe é uma grande privação daquele aluno criativo, questionador, que a todo o momento tem indagações a fazer, enquanto ao aluno submisso, obediente, disciplinado1, comportado é visto como exemplo e referencia por muitos professores. A atitude destas escolas fomenta nos alunos certo preconceito por aqueles que participam, criticam, questionam, discriminando suas atitudes, passando a serem vistos não como exemplo e sim como bagunceiros e criadores de caso. No entanto percebe-se até mesmo nas aulas de educação física que esta situação não é diferente, basta citarmos que muitas destas partindo de uma concepção pedagógica tradicionalista2 utilizando resquícios de métodos europeus3 deixam de estimular criações coletivas e participação ativa dos alunos nas aulas limitando sua imaginação e criatividade em detrimento de movimentos robotizados e tecnicistas. O que de certa forma observou-se dentro da aplicação dos conteúdos jogo e esporte no inicio das ações do projeto SEGUNDO TEMPO em nossa unidade, com aulas onde muitas vezes o monitor exigia perfeição e que a atividade fosse executada de acordo com seu comando, punindo ou privando aquele aluno que insiste em realizar a atividade de sua maneira. Esta realidade passou a ser repensada a partir da consideração de que atos criativos são rotineiros dentro da área da educação física com descobertas constantes de modalidades esportivas e novos jogos, bem como brincadeiras aparecendo em virtude das necessidades de quem os praticam, com riquezas nas formas e variações. Analisou-se que em vários momentos dentro das atividades fomos surpreendidos com novidades e inovações e tais fatos não poderiam passar sem ser aproveitados com o propósito de estimular as potencialidades de nossos alunos, através de participação, relatos de experiência, proporcionando ao mesmo que ele seja membro criador no processo ensino aprendizagem. Tendo em vista esta situação pensamos no conteúdo jogo e esporte das aulas de educação física como aqueles que podem ser capazes de auxiliar e estimular de forma prazerosa e motivante atos criativos em nossos educandos do projeto Segundo Tempo. Entendendo assim que estes fazem parte integrante da vida da criança e esta por sua vez esta familiarizada com eles, através de seu constante brincar. Partindo destes pontos seguimos com a seguinte questão cientifica norteadora: De que maneira o brincar associado aos esportes, pode contribuir para a estimulação de atos criativos dentro das ações desportivas desenvolvidas pelo projeto Segundo Tempo do SESI Ananindeua? É assim que o presente trabalho procura elucidar esta argumentação através do pensamento criativo na resolução de dificuldades dentro do brincar nas praticas culturais desenvolvidas, com o objetivo de analisar como pode auxiliar no desenvolvimento da capacidade criativa dos educandos, favorecendo também para a formação de cidadãos críticos e participativos e que tenham mais autonomia em suas decisões futuras. Este objetivo é fundamental desde que muitos pensamentos acerca da renovação das aulas de educação física escolar sejam postos em pratica, onde imperam até hoje alguns métodos formais de ensino4, sem, contudo analisar como o brincar é decisivo e benéfico para a estimulação de pensamentos criativos, atitudes inovadoras e construção coletiva em equipe. Desta forma a experiência aqui contada, esta pautada em uma proposta pedagógica para as aulas de educação física dentro do ensino de esportes no projeto Segundo tempo (SESI Ananindeua) de acordo com a metodologia da criatividade5 citada por Taffarel (1985) em sua obra Criatividade nas aulas de educação física, tendo esta pesquisa relação também com a concepção critica superadora6 dos conteúdos da educação física escolar, através da criticidade de analises, valorização da bagagem cultural dos educandos com representação pela obra metodologia de ensino da educação física escolar de Soares et al (1992). E estas sustentam a base desta pesquisa relatando a realidade vivida neste projeto com o intuito de estimular os participantes a pensarem de forma criativa e critica, a fim de que os mesmos possam ter possibilidades futuras de decidirem pelo direito de escolha tanto de forma individual como coletiva. A ação metodológica desta pesquisa transcorre através de um relato de experiência, com crianças na faixa etária de 08 à 11 anos, utilizando o método dialético e tendo como colheita de dados a observação participante, entrevista aberta, relatórios e descrição de atividades. A forma de organização se sucede em três capítulos, os quais explicarei brevemente as particularidades de cada um. O primeiro capitulo tem como título “A criatividade nas ações do Projeto Segundo tempo” descrevendo-se a realidade vivida pela proposta de trabalho ora apresentada e como a criatividade dos educandos era valorizada. Reflete-se também a situação encontrada acerca dos alunos e coordenação do projeto, relatando as inibições do brincar, as aulas de educação física com caráter meramente recreativo e o pouco desenvolvimento nas aulas do potencial criativo dos educandos. O relato aqui exposto visa essencialmente acrescentar e contribuir para que os professores não venham a ser reconhecidos meramente pela formação de talentos esportivos, mas principalmente pela importância de sua intervenção pedagógica, trabalhando os educandos de forma integral e indissociável. O segundo capitulo aborda uma fundamentação teórica do conteúdo jogo para o trabalho com a capacidade criativa, citando pensamentos de alguns autores acerca da intervenção pedagógica do jogo e esporte, que elucidaram dúvidas e indagações que surgiam acerca da temática, tais como? Como trabalhar a criatividade dentro das ações e praticas corporais nas aulas de educação física do projeto Segundo tempo? Como perceber que os educandos estavam utilizando sua capacidade criativa dentro dos conteúdos jogo e esporte? Estas indagações vindo a ser elucidadas com o auxilio e pesquisa de alguns autores, que refletem a importância do conteúdo jogo no desenvolvimento da capacidade de criação dos educandos. A participação pedagógica do jogo e esporte no projeto segundo tempo vem acrescentar o segundo capitulo que retrata a experiência vivida por nós enquanto alunos e educadores do projeto, contendo relatos de alguns alunos, planos de aula executados e construção de alguns jogos e possibilidades de adaptações no esporte, propostos em conjunto. Composição esta com base na participação coletiva e individual, bem como o respeito às necessidades e dificuldades de si mesmo e de seus colegas. Tais fatos com o intuito de formar cidadões críticos. Participativos e que possam ter suas decisões futuras respeitadas. As considerações finais seguem relatando a relevância e resultados qualitativos obtidos no referido projeto através de experiência vivida. No final, destina-se um espaço para as notas bibliográficas, encontrando-se aqueles que contribuíram como fonte de pesquisa além de listar os autores que serviram de base para este trabalho. Enfim, em anexo a proposta formulada de um plano de ação pedagógico do projeto Segundo Tempo. CAPITULO 1 – A CRIATIVIDADE NAS AÇÕES DO PROJETO SEGUNDO TEMPO: DESCREVENDO A REALIDADE 1.1 - CONHECENDO A REALIDADE O PROJETO Segundo tempo é um programa desenvolvido pelo Governo Federal em parceria com instituições de classe, prefeituras, órgãos Estaduais e entidades privadas, atuando em vários municípios do território Federal, dentro da parceria firmada com o SESI, o mesmo é desenvolvido em todo o país, em particular no estado do Pará, a unidade a qual o projeto foi desenvolvido são os centros de atendimento de Castanhal e Ananindeua. No espaço físico do SESI Ananindeua atualmente contamos com 2 campos de futebol de areia, 2 campos de futebol gramado oficial, uma quadra de voleibol de areia, 1 piscina semi olímpica, uma piscina infantil, um salão de eventos, um bosque para atividades diversas, um campo de futebol socyeti, 2 salas de ensino, 5 banheiros , um pátio grande que funciona como estacionamento e uma quadra poliesportiva. A clientela atendida pelo projeto Segundo Tempo na unidade denominada de pólo SESI Ananindeua são alunos das escolas públicas do município de Ananindeua Pará, que residem em áreas de loteamentos invadidos e de grande risco, a faixa etária dos alunos atendidos são crianças e adolescentes de 08 a 11 anos de idade. Nas atividades do projeto os educandos participam de ações de reforço escolar , atendimento social e principalmente no estimulo a prática de atividade física e de uma alimentação mais saudável. As atividades eram desenvolvidas de segunda à sexta Feira no horário de 08h às 12h da manhã, sendo que as sextas era destinado para uma reunião pedagógica com a equipe técnica do projeto, os profissionais que atuavam dentro das ações eram 2 professores de educação física , 1 recreadora, uma assistente social, 1 técnica de enfermagem, uma pedagoga, um merendeiro, e 2 profissionais de serviços gerais, além da equipe de estagiários : 2 estagiários de educação física , 2 estagiários de serviço social e 1 estagiário de pedagogia. Durante as 04 horas que os educandos passavam no local eram oferecidas duas refeições diárias (café da manhã e lanche com sucos e frutas e alguns dia o almoço) e como foco das atividades a pratica esportiva, através de processos de iniciação esportiva, além de atividades de reforço escolar e cidadania. O ponto central deste relato de experiência é a realidade contrastante encontrada, comparando o momento que as crianças passavam no projeto relacionando com sua realidade dentro de casa e no meio na qual estava inserida, refletindo uma realidade de abandono social e marginalidade, com poucas perspectivas dentro de seu futuro. Cabe lembrar que esta realidade é bastante evidenciada na maior parte das periferias de nosso país, retratando o processo de ensino dentro de suas escolas observa-se métodos tradicionais de ensino nas aulas de educação física escolar. Uma situação bastante comum na maior parte das escolas deste município segundo Dias (2000), decorrente do processo histórico cultural da formação profissional, ou seja, a forma com que os alunos recebiam e aplicavam o conhecimento adquirido. Embora sabendo desta realidade muitos educadores pouco estimulam o senso crítico e a criatividade de seus educandos, ocorrendo ainda o distanciamento entre teoria e pratica em particular nas aulas de educação física, observam-se aulas centradas em aspectos lúdicos, porém com raros momentos onde existia uma relação com a proposta educacional da instituição. Então, no âmbito educacional é correto afirmar sem dúvida que a ludicidade se torna fundamental para a transmissão de conhecimento nas aulas de educação física, todavia os aspectos lúdicos devem estar atrelados à aspectos sociais e ao cotidiano do educando, porque resgata sua auto estima e o senso critico da realidade em que vive. Defendo que o lúdico não deve ser “roubado” em nenhum momento da vida das pessoas, e que o professor não deve somente propiciar o brincar pelo brincar e sim o brincar com objetivos pedagógicos. Este brincar com objetivos pedagógicos passou a ser vivenciado nas ações do projeto Segundo Tempo sendo refletido quando o aluno dentro do processo precisa compreender a situação: o que faz e porque faz, para depois escolher caminhos que possam seguir, e assim, a partir de sua escolha executar a melhor ação. Com isso, tem sua escolha respeitada, agindo sob orientação de acordo com seu pensamento e não de outros. Pude observar também em minha vivencia diária no projeto a pouca participação e envolvimento quando eram transmitidos ensinos de algumas modalidades esportivas, retratando uma realidade comum em muitas escolas, fazendo com que os alunos valorizem em demasia o Futebol e queimada em detrimento de outras opções esportivas, isto nos leva a crer a realidade da disciplina educação física que geralmente proporciona aulas empolgantes e atrativas para os mesmos, porém torna-se limitada em virtude desta problemática. Este fato poderia ser justificado em virtude de uma possível postura tradicional adotada pelo professor que preferia inibir e limitar os alunos ao invés de estimular e gerar opiniões, ocasionando assim a limitação da capacidade criativa e autonomia dos educandos. As analises do comportamento dos alunos do projeto e questões inibitórias durante o brincar são apontadas em estudos de Cordeiro (1999) enfatizando que no processo de ensino de uma escola de Belém, onde aquele aluno submisso, obediente , limitado, disciplinado, ou seja , que executa movimentos de acordo com as ordens e comando do professor era valorizado em detrimento daquele aluno afoito, criador, cheio de idéias, questionador era visto como bagunceiro , criador de caso e etc. cabe lembrar que este sistema educacional durante anos através de muitos professores, vem adotando a mesma postura tradicionalista nas aulas de educação física escolar. Desta forma o processo pedagógico critico e inovador seguido e respeitado nas aulas de educação física em particular no ensino dos esportes são pontos fundamentais para estimular os alunos a questionarem, reinvidicarem, exigirem e buscarem maior autonomia, comentado por Soares et al(1992). A busca por esta autonomia no período de execução de um ano do projeto foi pautada em uma proposta pautada na analise critica, no entanto em algumas ações desportivas continuava-se o tecnicismo e tradicionalismo em suas praticas, assim surge a busca pela criatividade em nossas ações para estimular também a capacidade criativa de nossos educandos, que é tema gerador deste trabalho, para tanto é preciso rever no que concerne a disciplina, toda sua metodologia, pois poucos monitores tinham a preocupação de seguir um planejamento, ou até mesmo a idéia de estimulo a criatividade dos alunos,algumas vezes ouvi relatos como: - “É só deixar eles brincarem durante 45 minutos e pronto, ou até mesmo – Dá uma bola que eles se viram”. Estes relatos, enquanto educador recai para analise: o quanto os alunos estavam sendo privados em uma disciplina tão rica e estimuladora de atos criativos. Uma outra situação ocorrida estava com o descaso pela pratica de atividade física pelos alunos, um exemplo típico era a valorização de muitos pais pelas aulas de reforço que estimulam a decorar textos e limitava a cognição dos alunos e a maneira como eram tratados na escola, sendo estes profissionais que trabalhavam como professores e atuam com descaso, negam desta forma a capacidade de escolha, a criação, o senso critico e a autonomia dos educandos. Diante deste panorama, vivenciaram-se diversas situações como estas se tendo que buscar outras perspectivas de ações pedagógicas, ou seja, uma metodologia de ensino refratada na questão da criatividade e envolvimento direto dos educandos, aguçando valores e proporcionando uma relação com a vida diária dos alunos, haja vista que o cotidiano do aluno não era levado em conta dentro das ações das escolas parceiras. 1.2 – EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR X PROJETO SEGUNDO TEMPO: JOGO, CRIATIVIDADE EDUCAÇÃO FÍSICA. E INIBIÇÃDO BRINCAR NAS AULAS DE O jogo dentro das vivencias dos alunos no âmbito escolar, durante algum período era meramente vivenciado como forma recreativa nas aulas de educação física. Analisando-se este brincar dentro do projeto Segundo Tempo no núcleo do SESI Ananindeua, observou-se o quanto às crianças se envolviam durante a atividade, porém o conteúdo não era passado de forma a acrescentar um relacionamento maior com a vida dos alunos, limitando a aquele momento e não ultrapassava as barreiras da escola, ou seja, não era levado ao cotidiano dos alunos. Outro ponto observado, no qual fazia relação direta com as atividades a qual a proposta do Projeto Segundo tempo trazia eram muitas vezes o momento dos educandos de extravasarem suas idéias e brincarem a vontade, que na escola é deixado para o “recreio”, mas para ação pedagógica do projeto Segundo tempo é visto como espaço emancipatório, ou seja, libertador. Onde eram postos em pratica os jogos e brincadeiras do seu cotidiano, no entanto como contraste o que ocorria em algumas instituições de ensino era os alunos muitas vezes punidos por comportem-se mal nas salas de aula com a não liberação para o recreio, assim o pouco tempo livre que tinham para experimentarem os mais diferentes jogos e brincadeiras era privado destes alunos, com isso eles utilizavam as aulas de educação física para liberarem suas manifestações lúdicas, porém o brincar sem orientação não favorecia aspectos voltados a estimulo de autonomia e criatividade. Torna-se importante relacionar este fato haja vista que a proposta educativa do projeto Segundo Tempo é disseminar o esporte e jogos como fonte de inspiração para adoção de bons valores e formação de cidadões críticos e que exerçam sua autonomia, cabe lembrar que o trabalho em conjunto com as escolas as quais estes alunos estão inseridos é fundamental para alcançar os objetivos propostos. No entanto foi comum observar que a relação das praticas culturais da educação física dentro do âmbito escolar não passavam de atividades com a simples intencionalidade de entreter e quebrar rotina. Analisa-se, portanto que os períodos livres de brincadeiras prazerosas e empolgantes para os alunos, podem fazer enorme diferença para alcançar objetivos pedagógicos de forma multidisciplinar, quer seja em atividades de sala de aula ou ensino de modalidades esportivas, tudo isso em virtude de sua descontração e certa intimidade com a situação. Isso nos lembrar, de quando Marcellino (1990) cita em sua obra Pedagogia da animação as implicações causadas pelo furto do componente lúdico das crianças no ambiente escolar, como a falta de linguagem e imaginação de crianças e jovens. O mesmo ressalta que negar a possibilidade de manifestação do lúdico é negar a esperança. Partindo deste pensamento aponto que durante visitas realizadas pela equipe de serviço social do projeto as escolas envolvidas, observou-se que a criança era limitada e privada de situações que possibilitariam a manifestações deste comportamento lúdico. Sob o ponto de vista, professores seguidores de métodos de ensino de educação física tradicionais habituam os alunos a fazer aquilo que lhe é pré-determinado dentro do ensino de esportes e em pequenos e grandes jogos. E assim retorna-se ao autor, o qual defende a chamada cultura da criança e critica o aniquilamento desta. Como ela vem sendo negada em suas manifestações, cada vez mais precocemente, principalmente quando vinculam as atividades lúdicas a coisas não sérias. Quando outrora constante presenciado dentro das ações das escolas parceiras do projeto Segundo Tempo / Núcleo SESI Ananindeua. Seguindo a reflexão, a atividade séria demais é considerada por muitos alunos cansativa e monótona. Com isso educar para a criatividade através do jogo é ajudar alguém a se conscientizar a se libertar, tendo o brincar como uma maneira que possibilita as crianças novas oportunidades de vivencias, criações, construção coletiva e estimulação de seu senso critico através do aguçamento de questionamentos e propostas para melhor aproveitamento do jogo e do esporte. Então como considerar que em uma instituição de ensino parceira de um projeto (Segundo Tempo) que incetiva a pratica esportiva valorizando a questão da criatividade e autonomia dos educandos, as aulas de educação física não conseguirem tirar proveito desta situação? E como superar barreiras, no qual o professor podendo favorecer analises, estimular a criação, propor adaptações, prefere acomodar-se, limitar seus alunos e impor métodos mecânicos de ensino de educação física com movimentos repetitivos e robotizados. Ora essas perguntas são elucidadas quando notamos métodos de ensino que valorizam o cognitivo, considerando a criança desde pequena como um adulto em potencial que deve ser investido, sendo sua única aspiração possível tornase adulta. Esse roubo de manifestações lúdicas das crianças é visto até mesmo em conteúdos que poderiam ser vivenciados ludicamente, como é o caso de jogos e esportes onde ambos eram repassados dentro de muitas escolas e até mesmo no projeto Segundo Tempo em seu inicio visando a performance e rendimento. Portanto as aulas de educação física quer seja nas escolas ou em projetos em virtude de professores desatualizados de uma metodologia renovada e inovadora, acabavam transmitindo os conteúdos da disciplina de forma constante e repetitiva, pouco estimulando sua capacidade de criação e inovação. Estas considerações têm sentido, quando é demonstrada a situação que a disciplina educação física passava nas escolas parceiras do projeto, com profissionais pouco comprometidos com a educação, que colocavam assim em risco todo um planejamento de ação em conjunto, caracterizando-a como mera distração para seus alunos, privando e negando a manifestação lúdica e aniquilando assim como relata Marcellino (ibdem, 1990) a cultura da criança que é repleta de imaginação, criatividade e sonhos. A priori, retem-se alguns processos determinantes que são capazes de inibir a criatividade dos educandos que Sikora apud Taffarel (1985, p.65) considera como inibitórios da capacidade criativa dentro da aprendizagem tais como: estruturas rígidas, imutáveis, fixas, padronizadas, pouco diversificadas dando pouca ou nenhuma liberdade de ação. CAPITULO 2 – A PRÁTICA PEDAGÓGICA O JOGO E A ESTIMULAÇÃO DA CRIATIVIDADE 2.1 – O JOGO ENQUANTO PROCESSO EDUCATIVO O jogo enquanto conteúdo da educação física escolar é fundamental para a realização de um trabalho criativo dentro das escolas conforme nos aponta Taffarel (1985). Vários autores relatam a sua importância e forma autônoma, porém o jogo livre descomprometido e vinculado a momentos simplesmente recreativo deixa espaço para um jogo pedagógico e comprometido com a educação. O jogo livre como uma forma de fomentar a criatividade... a ânsia de criar vai se diluindo a medida em que o ser humano cresce, por que isto se sucede? À medida que crescemos encaramos o lúdico de forma descomprometida e inútil e desvalorizamos nossa ludicidade. (Aza Eugenia Trigo. 1999: 135). Esta citação nos mostra como o jogo livre é um importante instrumento de estimular a ânsia pelo criar, porém a mesma relata que a medida em que o ser humano cresce esta ânsia diminui. Por que isto sucede? Esta atitude pode ser explicada quando notamos adultos cheios de afazeres e sem tempo livre para cuidarem do seu aspecto lúdico, desta maneira percebese que o lúdico é encarado de forma descomprometida e inútil, desvalorizando assim sua ludicidade. Desta forma o jogo livre, na perpesctiva da ação pedagógica oferece várias alternativas enquanto processo metodológico para a estimulação da criatividade, sabendo que a criança está em um constante jogo na sua vida e que brincar é o meio pelo qual ela comunica seus sentimentos e expressões, visto isto fica a indagação: Então como utilizar o jogo, “o brincar” dentro desse processo de desenvolvimento? A pergunta pode ser elucidada quando partimos de uma visão critico observadora, analisando o brincar de forma critica e autônoma para os alunos, lembrando as autoras anteriormente citadas que relatam o jogo como uma importante forma de trabalhar as crianças dentro de sua estruturação de personalidade e também na estimulação de atos criativos, para a mesma o jogar se constitui no cotidiano das crianças, assim sua relação dentro das aulas de educação física deve ser constantemente evidenciada. Diante disso entende-se que o jogo é parte integrante da vida da criança seu desenvolvimento não deve ser de forma alguma privado ou limitado, para que com isso o aluno sinta-se a vontade, podendo criar e realizar suas ações previamente pensadas e desenvolvidas em conjunto. Esta “liberdade” pedagógica, ou seja, emancipação de idéias para a criação, deve ser valorizada para favorecer a formação de um cidadão critico e autônomo na sociedade. Para tanto a autora vem elucidar que o jogo dentro processo educacional favorece na percepção de problemas, perspectivas de soluções e também na ação dos educandos. Estimulando-os a criarem regras, propondo mudanças a partir de suas limitações e tentando agir a partir desta reflexão, o professor em seu objetivo pedagógico deve comprometer-se a abrir as idéias de seus alunos para os desafios da vida conforme nos relata a citação a seguir: “é dever do professor professar o que julga ser verdadeiro, mas não é menos dever seu estimular com seu exemplo os alunos para uma abertura a todas as idéias e especialmente para aqueles que mais desafiam e ameaçam seu próprio juízo” (Macknnon, Donald. A natureza e o cultivo do talento criador) Baseado neste aspecto o jogar dentro do processo de criação, também deve ser transmitido ao aluno de modo que o mesmo utilize sua capacidade reflexiva e superem seus desafios, caracterizando em ações que modifiquem um jogo a fim de adaptá-lo as condições, respeitando as individualidades, com este ato de criação sendo realizado de forma conjunta, permeando as necessidades de todos os participantes. Com estes relatos entendo que jogo tende a se tornar um importante método de estimulação da reflexão, sugestão e ação para que os alunos pensem nos problemas, limitações e surgiram soluções para experimentem a partir do seu pensamento. O jogo na visão de Soares et al (1992) dentro de uma linha de pensamento critico superadora, satisfaz a necessidade de “ação” das crianças, ou seja, dão suporte para tendências e incentivos que a colocam em ação, citando ainda que tal conteúdo é considerado fator determinante de desenvolvimento por estimular a criança no exercício do pensamento e da ação, fazendo-a desta forma agir independentemente do que vê. Este ponto é observado no brincar direcionado a reflexão e abertura de idéias, no qual as crianças realizam ações baseadas no pensamento crítico da situação, com isso os jogos são fundamentais para o aguçamento da análise do aluno para que o mesmo torne-se consciente de suas escolhas e decisões, explorando as capacidades e necessidades afetivas da criança, o seu potencial criativo sendo estimulado através de mudanças de regras e de situações imaginárias o qual os mesmos encarregam-se de criar. O jogo nesta realidade pode ser adaptado, variado, modificado de acordo com a limitação e problemas da turma, com o professor procurando mesclar conhecimentos dos procedimentos, atitudes e conjunto, considerando o contexto e o interesse da turma, assegurando ainda a inclusão de todos e desenvolvendo a consciência critica dos mesmos, tudo isto levando ao trabalho com a capacidade criativa. Isto nos lembra a já citada anteriormente metodologia da criatividade que sugere o jogo precisando ser bem planejado, analisado, contextualizado, explorando a bagagem cultural do aluno, além de tudo é preciso saber porque ensinar cada coisa, levando e consideração as peculiaridades de turma. Já KUNZ (1994) com sua visão emancipatoria de educação física, relata que o jogo é preciso ter compreensão de que o educando é um ser altamente atuante no processo educacional, para que ele venha adotar uma postura critica acerca do que vem a ser esta pratica, instigá-lo a superar o seu limite resolvendo seus problemas através da comunicação, com o aluno sendo favorecido para a estimulação de sua autonomia pedagógica, que vem a ser a capacidade de escolha dos mesmos dentro das aulas de educação física. Em contrapartida AZA, Eugenia Trigo (2000) dentro de uma visão da motricidade humana, cita em sua obra Juegos motores y creatividad que são características constantes de criatividade a fluidez, a flexibilidade, a originalidade, a elaboração mental, a complexidade, a curiosidade e a imaginação. Desta forma notamos a grande diversidade que engloba o tema tornando-se fácil relacionar tais atributos a evolução e a prática pedagógica do conteúdo do jogo nas escolas e também dentro de atividades relacionadas a projetos , desde que este venha seguido de planejamento e orientação por parte do professor e que o educador tenha certo conhecimento acerca da capacidade criativa das pessoas. Baseado nestes aspectos entende-se que o conteúdo da educação física escolar jogo deve ser analisado e passado aos educandos de forma que ele deva oferecer um leque de opções aos participantes, a fim de que os mesmos possam ter seu talento criador e capacidade de escolha aguçada e consigam com isso libertarem-se de estímulos técnicos, de rendimento e repetitivos que estão tomando o rumo das aulas de educação física, desde o inicio de sua história no Brasil. Voltando a visão emancipatoria de Kunz para os conteúdos da educação física escolar, percebe-se que o jogo pode contribuir a libertação de idéias criticas, além de favorecer sua capacidade comunicativa e de questionamentos, tudo isto em conjunto favorecem para um desenvolvimento maior de sua criatividade. Diante desta situação o jogo dentro do aspecto de desenvolvimento da criatividade volta-se para a chamada criação pedagógica, com a estimulação de atos criativos simples e complexos nas aulas de educação física, tendo como objetivo pedagógico auxiliar o aluno a ter autonomia e, conscientemente ser responsável pela sua vida futura. Lembramos ainda de influencia que os métodos europeus deixaram atualmente nas aulas de educação física, com aulas formalizadas de movimentos repetitivos e constantes, tais produtos metodológicos europeus pouco contribuíam ou contribuem até hoje para a estimulação da capacidade criativa, desta forma observamos que o jogo como conteúdo das aulas contribui para a construção coletiva das atividades, analise das dificuldades, pensamentos criativos e criação de soluções para resoluções de problemas encontrados. Pensando na formação de cidadãos críticos e participativos Taffarel (1985) na obra criatividade nas aulas de educação física ressalta o importante valor pedagógico do jogo no que concerne na formação de uma pessoa critica, de autonomia, pois tal conteúdo é altamente familiar dos alunos, principalmente na infância. O brincar é visto como momento prazeroso e constante, com isso este momento sendo bem aproveitado nas aulas de educação física, pode ser utilizado para desenvolvimento de idéias, soluções e novas criações, tudo isto estimulado diz respeito ao desenvolvimento e afloramento da capacidade criativa dos alunos. Contudo cabe a pergunta: Será mesmo que a criatividade enquanto qualidade do ser humano pode ser desenvolvida? Ou tal qualidade é uma capacidade especial ou dom de algumas pessoas? A pergunta é respondida por Torrance & Torrance apud Taffarel (1985, p. 53), com base em uma pesquisa qualitativa, baseadas em aspectos psicológicos de estímulo da criatividade que demonstrou o sucesso alcançado no ensino de crianças estimuladas a pensarem criativamente e agirem de forma pensada e reflexiva. A pesquisa nos mostra como os alunos demonstram sua criação após reuniões com o grupo e analises dos dados, o pesquisador revela a importância de criar novas situações a partir de anseios seus e da turma, com isso segundo estes relatos percebeu-se como os alunos agiam antes e depois da intervenção da metodologia baseada no processo criativo. Este aspecto segundo Taffarel (ibdem, p.57, 1985) reflete que o processo criativo pode ser do ponto de vista de uma pessoa humana, um esforço único em busca do inédito, sendo todas as capacidades de conduta humana. Entende-se então que são nos atos de criação que observamos o que há de verdadeiramente humano no homem. Este ponto de vista parte da linha de pensamento que considera o ser humano com ser indivisível, e que toda a fragmentação o aliena, percebemos a criatividade como fator que vislumbra o conjunto de ações, habilidade cognitivas, afetivas e motoras que entram em conjunto e organizam os elementos. Sendo através desta expressão corporal de forma global que transparece a criatividade. A criatividade desta maneira sendo analisada social e politicamente traduz-se na melhoria da auto estima de um ser social, fazendo-o sentir-se capaz de criar, agir, transformar, mudar e melhorar. Buscando uma educação física que valorize o ser humano, enquanto ser social participativo na sociedade, entende-se e propõe-se o conteúdo jogo como procedimento didático metodológico capaz de elucidar e aguçar processos e atos criativos em nossos alunos. O jogo desta forma segundo Marcelino (2001) em seus estados acerca da ludicidade, facilita para o trabalho em coletivo, com a quebra do formalismo e autoritarismo, além da libertação de idéias e criticas que possibilitem no desenvolvimento de atos criativos e necessidades de adaptação. Lembrando ainda que o mesmo autor cita o jogo como uma manifestação cultural e por isso deve ser respeitado de acordo com as particularidades de cada pessoa, desta forma tem a necessidade não de mudanças de ações com o único sentido de transformar, mas mudá-lo de acordo com a necessidade e anseio de todos, assim a criatividade deve ser trabalhada em nossos alunos através deste conteúdo, para que as mudanças venham não somente no sentido de inovar, mas também para adaptar e promover a participação de todos. Por isso a criatividade e jogo são elucidativos também como processos de transformação e conscientização de que devemos sim mudar, contudo tais mudanças devem ser feitas com criações que pensem no coletivo e não somente no individual. O mesmo autor cita ainda o valor educativo do brincar de faz de conta, onde a criança cria um mundo seu, onde ao mesmo tempo revela sua realidade mostrando sentimentos e afeições. Buscando essa revelação entendo que a criatividade é vista no jogo de criação das crianças, com a imaginação sendo sua ferramenta, pois os alunos criam seus espaços, suas funções, encontram soluções e imaginam o irreal, sem contudo fugir de sua realidade social. Esta procura mostrar que o processo criativo do brincar, dentro das aulas de educação física evidencia que o jogo deve ser observado em todos os momentos das aulas, desde o início quando os alunos sugerirem as atividades até o final, onde todos juntos propõem modificações, mudanças, transformações, adaptações e soluções para o mesmo. O jogo como pratica pedagógica nos trouxe e traz a possibilidade para que os alunos se aventurem, explorem, averigúem, expressem, criem, descubram e provem por si mesmo, estimulando agirem de tal maneira para o resto da vida. A situação vem ser claramente esclarecida quando Taffarel (1985) cita a chamada “pedagogia do conflito” e da divergência, onde os alunos são estimulados a questionarem, buscarem soluções e agirem de acordo com suas necessidades, para que a pratica seja adaptada as possibilidades e limitações da turma através deste conteúdo, com o mesmo estimulando os alunos a perceberem a problemática, definirem sua dificuldade, buscarem idéias para solução, avaliação e realização. Discussões surgem nas aulas com muita naturalidade, porém com o professor assumindo o papel de estimulador do processo, utilizando esta estimulação para traduzir a necessidade do trabalho da criatividade principalmente no inicio da fase de escolarização, sendo estas manifestações lúdicas estando a tona nas escolas não devendo de maneira alguma ser privada de nossos alunos, pois é a partir delas que conseguimos alcançar excelente resultados no que concerne ao desenvolvimento da criatividade. Marcelino (2001) cita em seus estudos acerca do lazer e educação que objetivos pedagógico são conseguidos com mais facilidade através dos jogos e brincadeiras em virtude da desconcentração e sentimento prazerosos que afloram durante as atividades. O autor relata a importância do brincar e da não privação do lúdico nas escolas. Essas privações limitam as pessoas no concerne a questão de sua criatividade para tanta AZA, Eugenia Trigo (2000) em seu estudo sobre a criatividade, relaciona o jogo como sendo conotações, onde a imaginação sugestiva e capacidade criativa se manifesta de forma imprimível em cada pessoa, detectamos assim que o jogo é um rico meio facilitador da criatividade, pois ao mesmo tempo que trata da construção coletiva de atividades e criação a partir das necessidades, investe também em aspectos individuais de desenvolvimento dela, pois a reação de cada aluno com relação ao jogo é sempre uma surpresa, uma inovação, sem privações. Entende-se desta forma que no jogo não se pode simplesmente transmitir conhecimento, se a socialização primaria embutida de valores e afeto importante não está completa, desta forma para se trabalhar a criatividade dentro do jogo é preciso antes estimular a socialização e entrosamento entre os alunos, para assim construírem, criarem em coletivo pensando não só nas suas necessidades como também de todo o grupo. Afirmo, então, que é preciso salientar a compreensão de como as crianças constroem o conhecimento, nas aulas de educação física o professor precisa estar atento durante os jogos e as brincadeiras para a criança criar uma imagem positiva de si e fortalecer sua auto-estima. Com a estimulação para criação de várias situações que levam a sua imaginação, como os jogos de faz de conta, onde a criança recria acontecimento de sua vida e expressa suas emoções, pensamento, desejos e necessidades. Observa-se que existe a necessidade de aguçar a capacidade de construção de conhecimento das crianças, fazendo com o que a criação seja um ponto emergencial, a fim de educar para a transformação de uma imagem criativa, participativa e critica de pessoas, e as mesmas possam vir a ter o habito de renovar, inovar e criar seu cotidiano. Por tanto se percebe sua importância e se pergunta: Quando falamos de um Jogo criativo, seria aquele jogo livre que nos leva a ser criativo? Ou seria àqueles direcionados que nos possibilitam explorar o descobrimento do corpo e da sociedade? Essas argumentações poderiam ser respondidas a partir do momento que percebemos o jogo criativo, sendo um misto de ludicidade e comprometimento, ou seja, o prazer junto com a responsabilidade de participar, opinar, criar situações e resolver dificuldades de forma coletiva. Diante disso AZA, Eugenia Trigo relata em sua obra criatividade e motricidade (1999) que existem interesses lúdicos nas aulas de educação física por etapas evolutivas no caso dos alunos participantes do projeto Segundo Tempo / SESI Ananindeua estariam mais interessados por jogos de regras e são nestes que AZA mostra que a criatividade pode ser trabalhada através de mudanças de regras a partir das necessidades, adaptações no jogo e etc. A mesma autora cita também a importância do trabalho criativo também do professor durante as aulas de educação física em particular no conteúdo jogo, pois a todo o momento deve ser abordado o tema, atos e pensamentos criativos não devem ser passados despercebidos de sua atenção. Considerando o ser humano altamente criativo relacionamos o espírito lúdico criativo como a criatividade primaria, sendo trabalhada nas escolas durante o inicio da escolarização, somente a partir deste trabalho vemos a possibilidade de edificar e construir uma criatividade autônoma e futura que move o ser humano para novos avanços tecnológicos e novas propostas para melhoria da qualidade de vida de nosso povo. 2.2 – APLICAÇÃO DO JOGO NA PERPESCTIVA DA CRIATIVIDADE DENTRO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROJETO SEGUNDO TEMPO 2.2.1 – O COMPROMETIMENTO DO TEMA JOGO E CRIATIVIDADE: PENSAMENTO CRIATIVO NA RESOLUÇÃO DE DIFICULDADES Partindo da concepção de que a reflexão é o ponto de partida para toda e qualquer ação, consideramos o pensamento como fator primordial para a realização de atitudes criativas, segundo estudos feitos por Eugenia Trigo Aza em sua obra criatividade e motricidade (1999), foi detectado que as crianças estimuladas a pensarem criativamente tornam-se mais participativas nas aulas e opinam com mais facilidade possuindo autonomia e liderança em sua turma. Pensando neste ponto de vista adotamos no projeto Segundo tempo uma metodologia que procurasse estimular a reflexão durante os jogos e brincadeiras propostos pelos próprios alunos de forma a resolver algumas dificuldades encontradas. Assim, durante as atividades surgiam sempre momentos em que alguns alunos não conseguiam fazer determinado movimento ou até mesmo participar de um jogo, esporte ou de uma brincadeira, desta forma o professor enquanto mediador e orientador neste processo de criação , atuava de forma a aguçar soluções a partir de pensamentos de criação de adaptações no jogo que satisfizessem as necessidades do grupo em geral. Um exemplo deste tipo de situação nas aulas foi a atividade denominada futebol misto que seria uma espécie de bola reunindo meninos e meninas em uma mesma equipe. No inicio da atividade começavam a surgir as primeiras dificuldades e respectivamente as soluções para estas como nos mostra o quadro a seguir: Atividade proposta: Futebol Misto DIFICULDADES ENCONTRADAS NO POSSÍVEIS JOGO SOLUÇÕES ENCONTRADAS 1. Meninas em virtude da pouca vivencia no jogo 1. Os pouco alunos reuniram-se e propuseram que as meninas de participavam da partida cada time deveriam tocar na bola antes da finalização 2. Meninas reclamavam muito da violência dos meninos 2. Os alunos pensaram e decidiram fazer a marcação de acordo com o sexo, ou seja, meninas só podem tomar a bola de 3. Meninas não faziam gols meninas e meninos de meninos. 3. O grupo reunido decidiu que para cada gol feito por um menino o próximo teria que ser de uma menina 4. Meninos realizavam toques para as meninas poucos 4. A partir da proposta da 1° regra os meninos tinham que fazer o toque para as meninas antes da finalização. Observa-se assim que o desenvolvimento do potencial criativo da criança esta sendo trabalhado , pois dificuldades foram encontradas e através da reflexão novas regras forma criadas, tornando o jogo cada vez mais claro, e preciso à todos. Desta maneira o jogo passou a ser um atrativo tanto para os meninos como para as meninas. A turma foi estimulada a pensar criativamente para solucionar um problema encontrado por eles, trabalhando a auto estima daqueles que pouco participam e também realizando um trabalho de construção coletiva e mudanças de regras a partir do bem estar do conjunto e não somente do individual. Diante disso pode-se analisar que a medida que os alunos criavam novas regras e acrescentavam ao jogo mais atenção era depositada por parte dos alunos para a atividade, em virtude de todos estarem colaborando para a estruturação da brincadeira. Estes pensamentos de criação são muito constantes durante as aulas de educação física, porém é preciso o professor saber identificá-los e aproveita-los para o desenvolvimento da capacidade criativa dos educandos. No projeto, a partir de uma reunião pedagógica onde foi bastante discutida a importância de se estimular a criatividade e autonomia dos educandos, procurou-se nas atividades relacionadas a jogos e esporte estimular a reflexão, o pensamento a partir das limitações encontradas pela turma em todos os processos de desenvolvimento da ação em particular no conteúdo jogo que é temática deste trabalho. O pensamento criativo bastante citado por AZA na obra anteriormente citada, estimulado pelos professores a longo prazo durante jogos e brincadeiras é capaz segundo a mesma de favorecer para a formação de uma personalidade critica, autônoma e altamente participativa, pois é na reflexão que surgem os melhores posicionamentos e idéias. Com isso pensando na problemática de aulas de educação física formalizadas e autoritárias que pouco estimulassem o pensamento critico e criativo, olhando o aluno como máquina copiadora de movimentos e alienada corporalmente, com comportamentos submissos, receosos a fazerem perguntas e opinarem sendo vítimas de uma educação física tradicionalista e com resquícios de modelos europeus outrora dominantes na estrutura das aulas de educação física. Assim pensou-se em relacionar as ações da educação física no projeto com questões do cotidiano que explorassem o potencial lúdico e criativo dos alunos, procurando estimular os educandos a agirem com autonomia e realizarem uma analise critica dos fatos que os rodeiam. Tais experiências práticas serão relatas aqui neste capitulo de acordo com as aulas de educação física no Projeto Segundo tempo no núcleo do SESI Ananindeua, onde foi analisado o brincar durante as atividades propostas de educação física em particular em jogos e modalidades esportivas, afim de que os alunos demonstrassem suas necessidades lúdicas e afetivas e explorassem sua capacidade criativa e senso critico através de jogos e brincadeiras. As atividades relativas a iniciação esportiva foram divididas durante o ano e tratados de forma bimestral, desta maneira o jogo pré desportivo foi trabalhado como processo de aprendizagem para algumas modalidades. Ao longo deste período as aulas seguiam sempre alguma temática voltada para o ensino da criatividade. O conteúdo jogo foi escolhido em virtude de ser um grande atrativo dentro das praticas culturais, por se tratar de um conteúdo extremamente empolgante e socializador. Para os alunos envolvidos no projeto foi fundamental a exploração do jogo enquanto processo educativo, pois estes alunos tinham somente a vivência ludo-recreativa de tal atividade. As aulas procuravam ter uma dinâmica que favorecesse a alteração de regras de acordo com a necessidade da turma, utilização de materiais diferenciados durante os jogos, confecção dos mesmos, adaptações de espaço e situações para favorecer a participação de todos e a transferência do aprendido nas atividades para o seu cotidiano. Estes pontos eram discutidos e apontados pelos participantes, sendo o professor e estagiário atuante no processo como mediador e orientador destas situações. A argumentação teve uma grande relevância durante as ações, pois a participação dos educandos com perguntas, opiniões, questionamentos e sugestões favoreciam para a analise e aprendizagem. O aluno do projeto durante o jogo atuava como agente ativo altamente participativo buscando um processo criativo de transformação. Desta forma o trabalho do jogo e criatividade no projeto procurou explorar aspectos de criação coletiva de atividades bem como os relatos de experiências vividas pelos mesmos no seu cotidiano, favorecendo assim para uma saída dos conteúdos escolares da educação física para a realidade destes. Essa criação coletiva era realizada a partir do ponto onde os alunos detectavam juntamente com o professor alguma dificuldade que precisava ser solucionada durante o jogo, tal dificuldade outrora resolvida unicamente pelo professor passou então a ter como agente transformador os alunos, que através de reuniões durante a aula planejavam e buscavam soluções para a problemática. Com isso procurou-se através deste ponto explorar no projeto Segundo Tempo a bagagem cultural dos educandos, ou seja, os mesmos traziam idéias de atividades de seu cotidiano e procuravam criar adaptações e inovações nas regras para inclui-lás também nas atividades, com isso tais criações também ultrapassavam os muros do projeto e eram praticadas no seu cotidiano. Durante o desenvolvimento de cada modalidade esportiva através do brincar procurou-se sempre estimular a argumentação, analise critica e reflexão acerca de situações que causassem certo desconforto ou privação durante o jogo, desta forma os alunos reuniam-se e planejavam as soluções para tais dificuldades. Baseado nestes aspectos os alunos do projeto foram desenvolvendo sua autonomia, sendo estimulados a pensarem e agirem de acordo com sua reflexão e também sua capacidade criativa, com criação de novas formas e possibilidades de se praticar um jogo ou uma brincadeira. O jogo dentro do projeto se caracterizou por ser praticado pelas crianças de forma autônoma, com elas mesmas criando suas atividades e procurando sempre resolver suas dificuldades em conjunto com quem pratica a brincadeira, o jogar com criatividade ultrapassa as barreiras da escola na medida em que o conteúdo é passado aos alunos envolvendo estas questões com seu cotidiano, com respeito a sua bagagem cultural, suas experiências e seus costumes. Neste capitulo ressaltaremos como e quais medidas foram tomadas para relacionar o conteúdo jogo com a capacidade criativa de educando na faixa etária de 08 a 11 anos do projeto Segundo Tempo / Núcleo SESI Ananindeua, relatando experiências vividas, observações, e exemplificando algumas atividades. 2.2.2 - ORGANIZAÇÃO DAS AULAS E METODOLOGIA APLICADA As atividades foram organizadas no período bimestral, com um total de vinte e cinco ações relacionadas ao conteúdo jogo, sendo executado durante o processo de iniciação esportiva e estimulo a pratica de atividade física, a proposta para que este fosse relacionado com a questão da criatividade surgiu através da leitura da obra de Celli Taffarel anteriormente citada, que trata do processo criativo nas aulas de educação física escolar e foi estudado e pesquisado na universidade federal de Pernambuco. Desta maneira pensou-se na organização de atividades que seguissem uma temática direcionada para a questão da capacidade criativa e autonomia dos alunos, as tematizações da aula favoreceram para um maior envolvimento e atenção da turma durante as atividades. Quanto ao processo de avaliação esta era realizada de forma contínua e analisava a participação, criação e autonomia dos alunos. As ações foram organizadas de forma a proporcionar um clima amistoso e de liberdade, pois o processo criativo dentro da educação física deve sempre vir ligada a movimentos, reação de extrema liberdade, aflorando muito sua capacidade criativa, tal ambiente favoreceu para um maior entrosamento entre turma e professor proporcionando uma liberdade mais clara, longe do autoritarismo constante em muitas aulas de educação física, que emancipou idéias e sugestões essenciais para a questão da criatividade nas aulas de educação física escolar. Partindo de uma tendência pedagógica critico superadora dos conteúdos da educação física escolar os jogos foram organizadas e tematizados buscando explorar o senso crítico e respeitar a bagagem cultural dos educandos. As tematizações das atividades favorecem para direcionar o tempo de execução, fugindo dos planos aulas tradicionais, os temas foram os mais variados possíveis dentre eles destaca-se alguns de maior relevância pois forma nestes que percebeu-se grande aceitação e participação dos alunos: Jogo Popular Como podemos adaptar? Jogo e lados do corpo: criando atividades e percebendo nosso corpo? Jogo e criatividade: Criando soluções para nossas limitações? Jogo e coletividade: respeitando e criando adaptações de acordo com as necessidades da turma. Desta maneira as atividades relacionadas ao esporte com jogos pré desportivos eram ministradas no início do horário com a explicação da temática e tentativa de participação verbal dos alunos, dando sua opinião sobre o assunto, e no prosseguimento os participantes vivenciavam as atividades e com base na dificuldade encontrada no jogo reuniam-se e buscavam soluções para tal. De acordo com as tematizações, as aulas eram dadas com base no processo criativo de alunos e educadores com participação ativa dos educandos e envolvimento completo com a temática abordada. Assim relata-se a seguir as tematizações e os planejamentos de algumas ações relacionadas aos jogos pré desportivos e criatividade, onde todas de alguma forma estimulavam criação de novas situações e novas possibilidades para o brincar. 2.2.3 - TEMATIZAÇÕES DAS AULAS • Jogo popular, Como podemos adaptar? Durante a execução desta atividade foi solicitado aos envolvidos com antecedência que realizassem uma pesquisa pessoal acerca de jogos e brincadeiras tradicionais, ou seja que seus pais e avós praticavam em sua infância e que até hoje fazem parte do cotidiano de seus filhos. Partindo deste ponto os alunos conhecedores de algumas atividades passaram a participar de forma mais atuante na aula. Na tentativa de aguçar a criatividade dos alunos o professor propôs uma atividade bastante praticada e bem vivenciada por todos denominada de amarelinha, que se constitui em pequenos quadrados unidos onde os alunos devem saltar com um ou os dois pés de acordo com o local determinado, lembrando que a mesma estava sendo adaptada para ser utilizada como iniciação da modalidade de salto em distancia do atletismo, partindo primeiramente da prática os alunos experimentaram a atividade e logo após relataram sensações e possibilidades de mudanças para a melhoria do jogo. Um dos alunos citou que ao invés de quadrados fossem feitos círculos e que os espaços entre eles fossem maiores, a turma então se pronunciou a favor e praticaram o jogo com esta primeira modificação, passando todos os alunos a experimentarem, sentaram-se novamente e propuseram novas inovações neste jogo popular, a nova modificação seriam espaços entre os círculos ainda maiores e além de saltos que tinham como apoio somente os pés passaram a utilizar também as mãos como apoio, alternando entre os espaços, desta maneira todos em comum acordo aceitaram as modificações e experimentaram a atividade. Após estas adaptações em um jogo popular tradicional o professor explicou que foi criado um novo jogo a partir do processo de criação coletiva, onde todos tem o poder de opinar, questionar e propor novas situações e enfatizou aos mesmos a relação desta atividade com a modalidade do atletismo citada anteriormente. Nesta mesma aula também foram utilizadas outros jogos tradicionais que seguiram a mesma metodologia de modificação e criação de situações para favorecessem o coletivo, a turma. Desta maneira foi elucidado á turma que um jogo popular pode ser adaptado de acordo com a necessidade de quem os pratica, modificando e criando inovações dentro da atividade, com o sentido de mudar o tradicional por algo novo. • Jogo e lados do corpo: criando situações e percebendo o corpo. Durante esta aula foi explicado aos alunos acerca da importância do trabalho da lateralidade e de como alguns jogos poderiam ajudar no processo de desenvolvimento das funções motoras e sensitivas dos dois hemisférios cerebrais ( direito e esquerdo), além de conscientizar os alunos de que o corpo possui funções motoras que são comandadas pelo cérebro e a importância de desenvolve-las para o nosso cotidiano. Partindo desta temática foi proposto aos alunos que refletissem em situações do seu cotidiano, pelo qual haviam passado que precisassem utilizar um lado do corpo (mão, perna, braço, e etc) que não fosse de seu hábito utilizar. Sendo assim muitos alunos relataram situações e experiências onde perderam temporariamente o outro lado do corpo. Desta maneira os alunos perceberam o quão é importante o trabalho com os dois lados do corpo, trabalhando assim a chamada lateralidade. Com este primeiro momento procurou-se saber o que os participantes conheciam acerca do tema e situações do seu cotidiano que se refletissem na temática. Após tal reflexão os alunos praticaram alguns jogos relacionados com o tema proposto e ao termino destes jogos o grupo reuniu-se e discutiu propostas de criações de novos jogos relacionados com o tema, um exemplo de jogo praticado foi a adaptação da pira maromba, que foi utilizada como iniciação ao handebol, primeiramente consiste em arremessar a bola a fim de acertar o colega, a modificação proposta pela turma para percepção dos lados do corpo foi que primeiramente arremessassem com a mão direita e depois com a mão contrária. Com isso o professor procurou explorar a capacidade criativa dos alunos, através de uma temática direcionando a base de criação, sendo assim os alunos propuseram jogos de arremessos envolvendo a lateralidade, chutes, corridas laterais e etc., que foram analisadas, discutidas e experimentadas pela turma respeitando as individualidades de todos. Os participantes do projeto Segundo tempo – núcleo SESI Ananindeua, outrora desabituadas com o trabalho de criação, em virtude da pouco estimulação em suas escolas com professores acostumando os alunos a fazerem somente aquilo que lhes é solicitado, passaram a criar atividades juntamente com o monitor, atividades estas que respeitem as limitações e possibilidades de cada um e procure integrar toda a turma nas atividades. O trabalho com a lateralidade envolvendo-a com jogos e brincadeiras serviu para um maior envolvimento das crianças, para desta forma as mesmas com suas brincadeiras procurassem criar situações que melhorassem sua atividade, para uma melhor pratica e maior comprometimento da turma. • Jogo e criatividade: criando soluções para nossas limitações No decorrer desta ação, as crianças foram estimulados a criarem atividades que resolvessem suas dificuldades e limitações encontradas no jogo, com isso elas refletiam e agiam de acordo com seus pensamentos, procurando a melhoria da atividade e resolução desta dificuldade. A atividade foi organizada baseada na criação, os alunos praticavam um jogo previamente discutido e proposto, no caso o jogo foi um desporto, com adaptações de regras adequando-se a realidade dos mesmos, o desporto escolhido foi o Futebol amplamente querido pela maior parte dos participantes. O futebol como pratica desportiva favoreceu para uma maior participação, no que diz respeito a criação de propostas, pois este esporte faz parte do cotidiano da maior parte deles. Uma das dificuldades bastante evidenciada no jogo foi a reclusa de algumas meninas, dentre as quais destaco o relato de uma delas Chamada Lidiane que disse que futebol não era um esporte de meninas, pois é muito violento, a resposta enfatizou o preconceito de crianças, que influenciadas por adultos discriminam essas praticas esportivas. O problema então foi discutido pela turma e foram esclarecidos com a ajuda do professor tais tabus que estão envolvidos alguns esportes. Passado a situação os alunos jogaram uma partida de Futebol e assim foi detectada a primeira dificuldade no jogo, as meninas reclamavam que durante o jogo quase nunca tocavam na bola, pois os meninos não lhe davam oportunidade, assim os alunos reuniram-se em grupo e buscavam soluções para estas dificuldades que influenciava no bom andamento da partida, o professor orientando a criação dos alunos solicitou que eles buscassem soluções pensando no grupo. Desta maneira os alunos após algum período encontraram algumas propostas e expuseram a turma suas idéias, a primeira solução foi dada pelo aluno chamado Lucas de 9 anos que propôs que todos os alunos tocassem a bola antes de ser chutada ao gol, os alunos aprovaram a idéia, porem Thaíssa de 10 anos citou a violência dos meninos durante a marcação como outra dificuldade encontrada e propôs que a marcação no jogo fosse realizada de forma separada, ou seja, meninos marcam meninos e meninas marcam meninas, resolvendo assim estas dificuldades com criação de soluções feitas pelos próprios alunos. Partindo desta metodologia ao termino da atividade foi solicitado aos alunos que em casa procurassem criar novas formas de se realizar um jogo, com adaptações de regras, criação de novas atividades e etc. • Jogo e Coletividade: criando adaptações de acordo com a necessidade da turma. A tematização da ação foi abordada de acordo com as necessidades coletivas e não individuais, onde as limitações da turma seriam respeitadas e todos os envolvidos estariam participando da aula independente de gosto ou preferências por atividades. Os participantes primeiramente escolheriam jogos individualmente de acordo com seu gosto, desta maneira o professor iria demonstrar como alguns jogos de nossa preferência poderiam não agradar a todos, desta forma todos deveriam reunir-se para bolar uma atividade em comum para agradar a todos. Assim os envolvidos optaram por uma atividade em comum, denominados de jogo do lenço sendo esta uma atividade pré-desportiva para o atletismo, onde os alunos formarão duas equipes enfileiradas cada uma em frente a outra, sendo que um aluno ficaria com o lenço e chamaria um número correspondente a um aluno de cada fileira que deveria pegar o lenço e correr até o seu campo sem que seu oponente consiga pegá-lo, os alunos praticaram o jogo e logo surgiram as primeiras limitações, alguns reclamavam da pouca velocidade que tinham e sempre saiam derrotados da atividade e também do pouco espaço para correr que dificultava a atividade. Desta forma os alunos reuniram-se e tentaram procurar soluções para tais questões, a primeira proposta seria que ao invés de corrida fosse feito o percurso até o lenço pulando em uma perna só, assim todos experimentaram e aprovaram a mudança, logo após surgiu à proposta de ao invés de pular diretamente ao lenço, os alunos pulariam até a outra equipe e ai sim tentariam pegar o lenço, resolvendo assim o problema do pouco espaço. Após as modificações o professor reuniu a turma e explicou a necessidade de termos criatividade e também como uma atividade pode ser construída com a criação de todos, a fim de alcançar um objetivo comum que consiga reunir toda a turma e que agrade a todos os praticantes. O professor ressalta ainda a importância do trabalho em equipe, elucidando que a coletividade é primordial para um relacionamento com seus semelhantes e também que muitas vezes os interesses coletivos se sobressaem aos interesses individuais. Desta maneira pode-se observar como a criatividade precisa ser pensada nas aulas de educação física de forma a valorizar o educando em seus aspectos sociais e afetivos, expressando sua espontaneidade e comprometimento nas aulas. Logo, o trabalho do jogo deve ser atrelado a questão da analise critica, resolução de dificuldades e criação de novas propostas de pratica-lo, deixando implícitos os valores sociais, de liberdade de expressão entre outros fatores. Assim levando em consideração todo o pressuposto teórico nesta pesquisa, de que é através da liberdade de expressão que podemos chegar a atitudes criativas, observamos por meio de nossa atuação enquanto educadores, que apesar de procurar desenvolver em nossos alunos a expressividade e a criatividade, continuamos ainda em muitas situações, quer seja no jogo ou esporte privando atitudes criativas de nossos alunos, através de tecnicismo que ainda influencia muito nossas aulas, porém este fato é transpassado quando observamos aulas altamente criativas e voltadas para o senso critico de nossos alunos e professores preocupados com esta questão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Frente ao fato da limitação dos alunos em suas atitudes criativas e monitores muitas vezes favorecendo para esta, observa-se que com a realização nas aulas de educação física do projeto Segundo Tempo –Núcleo SESI Ananindeua de um trabalho pautado para estimulação de atos criativos simples e complexos através do brincar, os alunos passaram a agir de forma diferenciada, sendo que outrora demonstravam insegurança em questionar e opinar sobre as atividades. Esta modificação foi bastante caracterizada pela valorização da atividade esportiva pelos alunos e equipe pedagógica do projeto, passando a ser vista não como um mero momento distrativo e sim como ação de caráter lúdicos com intencionalidade pedagógica. A primeira vista notaram-se modificações de atitudes limitadas dos alunos, para uma maior participação, argumentação e a criação de idéias a partir de necessidades individuais e coletivas. Essas modificações tanto de alunos como da forma com que as aulas de educação física eram direcionadas, surtiram efeito positivo para as outras ações do projeto, que passavam a acreditar e acrescentar em suas atividades a estimulação de atitudes criativas. Diante deste ponto e partindo de um planejamento estruturado, os professores demonstraram a partir de então uma maior disponibilidade em conhecer as aulas de educação física e sua forma de trabalho com a criatividade dos educandos. Com isso a equipe técnica pedagógica do projeto, procurou então buscar embasamento teórico para sustentar a teoria proposta e enfatizar o objetivo do projeto que era exercer cidadania através do esporte, com isso o trabalho de estimulação da capacidade criativa dos alunos, e com a execução desta proposta de ensino os professores possam receber de seus alunos mais participação, idéias e motivação. Com esta pesquisa analisou-se o quanto é importante a valorização do momento do brincar para as crianças e como este momento pode ser muito bem utilizado para conseguir objetivos pedagógicos e reflexivos. Através do jogo aplicado nas ações esportivas do projeto pudemos encontrar as turmas mais envolvidas e preocupadas em participar, com isso procurou-se utilizar deste interesse para incluir a criatividade durante o brincar. E importante ressaltar nesta pesquisa as mudanças ocorridas dentro do projeto em geral no núcleo do SESI Ananindeua, enfatizando a dedicação e comprometimento dos estagiários, monitores, professores e técnicos que dedicaram seu tempo para estudos em grupo e discussão acerca desta finalidade, melhorando suas aulas e valorizando e respeitando ainda mais os alunos. Este estudo tem sua relevância centrada num novo pensar no ato político pedagógico, para professores de educação física que se sintam instigados a trabalhar a disciplina de forma mais critica e autônoma, haja vista da necessidade de manifestações de sentimentos, opiniões e questionamentos nesta, afim de que nós professores não venhamos a ser reconhecidos somente pelo treinamento ou performance esportiva e sim por educar para a cidadania plena de nossos alunos. Por isso, não nos limitamos somente a esta pesquisa, ainda estamos em busca de alternativas para superamos os obstáculos surgidos durante o processo de ensino da criatividade não só no conteúdo jogo que foi temática desta pesquisa, mais em todas as instancias da educação física escolar, sendo que a mudança que pretendemos, consideramos ser construída paulatinamente de forma coletiva, por meio da reflexão, exploração e vivencias. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AZA, Eugenia trigo, creatividad y Motricidad , Barcelona, Coleccion Pedagogias corporales, 1999 ________________, Juegos motores y creatividad, Barcelona, Colección Pedagogías corporales, 2000. CORDEIRO, Ana Lúcia, Criatividade e educação pelo esporte, Monografias UEPA, Belém – 1999. DIAS, Maria José , Criação na educação, Monografias UEPA, Belém – 2000 KUNZ, Elenor, Transformações didático pedagógicas do Esporte . Rio de Janeiro: Cortez, 1994 MARCELLINO, Nelson Carvalho: Lazer e Educação. Campinas – Sp: Papirus, 1990 ______________________: Pedagogia da animação. Campinas- Sp: Papirus, 1990 ______________________, Lazer e humanização, 5 ed. , Sp – Coleção Fazer lazer, 2001 SOARES, Carmem et all, Metodologia de ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992 TAFFAREL, Celi Nelza Zilke. Criatividade nas aulas de educação física. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1985 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS BRACHT, Valter. Educação física : a busca da autonomia pedagógica. In: Revista da educação física / UEM, Maringá, v.1, n° 0, pp. 38-42, 1989 DE BONO, Edward , Criatividade levada à sério : como gerar idéias produtivas através do pensamento lateral, São Paulo, Pioneira, 1997 RODRIGUES, Maria Josefina, Comunidade criativa: fazer brincando, Sp – Paulinas 1985 SAVIANI, Demerval: Escola e democracia: Teorias da educação, 30 ed. Campinas – Sp, 1995.